Indutância Aula 2 2 de agosto de 2011 1 Resumo da aula anterior armazenada no elemento indutivo: 1 Na aula anterior estudamos o circuito RL e viUB = Li2 (4) 2 mos que a corrente no circuito, quando a fem Vimos que resulta natural definir a densidade externa está ligada está dada por de energia magnética está dada por ) ( R E (1) i(t) = − 1 − e− L t UB B2 R = (5) V ol 2µ0 A diferença de potencial através da indutância é ∆V = −E e− L t R 2 Propriedades magnéticas (2) da matéria O sinal negativo reflete o fato de que a corrente experimenta uma queda no potencial quando Conforme foi estudado no curso de Física III, a passa pelo indutor. Definimos a constante origem do magnetismo em ultima instancia são de tempo indutiva do circuito como: as correntes elétricas, então pq. há matérias magnéticos se por eles não circula uma corL τL = rente elétrica. Na verdade sim há correntes R elétricas associadas a todos os materiais, DeQuando a bateria se desliga e se coloca o vemos lembrar que todo átomo é constituído circuito em curto, a corrente está dada por por uma serie de elétrons que se movem em E R torno do núcleo, consequentemente há uma i(t) = e− L t (3) R corrente elétrica associada a esse movimento de carga e assim um momento magnético. Além A diferença de potencial, por sua vez é dessa corrente, cada elétron tem associado uma R outra corrente vinculada à um movimento pro∆V = −E e− L t priedade da partícula que não tem analogia O sinal positivo confirma o razonamento ante- clássica (alguns gostam de associar ao giro do rior que levou a esperar um aumento do poten- elétron no seu eixo), essa propriedade é concial através da indutância em nessa condições, hecida como spin. Agora, porque alguns mateparecido ao associado a uma bateria. riais são magnéticos, outros são não magnétiTambém vimos como quantificar a energia cos e até há alguns que podem ser convertidos 1 Figura 1: Corrente superficial resultado da soma de todas as correntes internas. Figura 2: Material com forma toroidal magnetizado uniformemente. em magnéticos, se todos eles tem elétrons? A resposta é que o magnetismo macroscópico está associado a uma luta de dois efeitos competitivos, o campos aplicados exteriormente ou os campos de origem atômicos que tendem a alinhar os dipolos magnéticos e a agitação térmica que provoca movimentos ao azar das partículas, produzindo uma distribuição completamente aleatória de momentos magnéticos correspondente a um momento neto igual a zero1 . essa corrente superficial é resultado da superposição de uma “plano” específicos de átomos, por tanto, esperamos ter inúmero planos similares ao longo do corpo. Observe que podemos considerar que cada cela (que supomos contem uma corrente fundamental, como um átomo) possui um pequeno momento magnético: ∆µm = im ∆A onde ∆A é a área de cada cela. Vamos definir uma grandeza que mede o momento magnético associado a um dados volume Assim, para entender a origem do magnetismo em um material magnético ou magnetizável devemos considerar as correntes atômicas existentes no material. Consideremos que temos um material onde todos os dipolos estão alinhados (lembremos que o momento dipolar magnético de uma espira se define como ~ onde A ~ é a o vetor área que tem di~µ = iA, reção dada pela regra da mão direita), dessa forma as corrente todas giram no mesmo sentido. Como se pode observar na figura 1 o resultado dessa configuração é uma corrente elétrica superficial im , assim podemos considerar esta corrente como a fonte do magnetismo do material, assim o momento magnético associado a essa corrente é ~ = lim ∆~µm = d~µm M ∆V →0 ∆V dV (7) essa grandeza recebe o nome de magnetização associada ao elemento de volume. É evidente que, o momento dipolar total, independente da configuração atômica, é igual a ˚ ~µm = ~ dV M A fim de encontrar uma relação entre im e M (M pode ser medido em lab. “facilmente”) consideremos uma bobina toroidal de N voltas, construída sobre um núcleo feito de µm = im A (6) um material que pode adquirir uma magnetização (isto é, os campos internos vencem a onde A é a área transversal. Vale lembrar que agitação térmica). Pelos fios da bobina circula uma corrente i, e pela superfície do material 1 O primeiro a supor que o magnetismo tem origem em correntes internas dentro do material foi Ampère. magnetizável temos a corrente de magnetiza2 ção atômica im devido aos dipolos magnéti- dando um caráter vetorial obtemos e colocando cos. No interior do toro teremos dois campo, o M dentro da integral (o M independe do camcampo B e o campo M . A partir da equação inho de integração nesse exemplo) 6 e 7 podemos encontrar uma relação entre im ˛ e M . Para isso vamos considera um elemento ~ · d~s im = M do toro, como mostra a figura 2 c M= dµm Adim dim = = dV A (rdθ) rdθ Agora, aplicando a lei de Ampère a todo o toro ˛ ~ · d~s = µo it B A quantidade de corrente2 distribuída sobre a C superfície depende da quantidade de momenonde it é a corrente total dentro do contorno tos que contribuem e essa quantidade está direampereana de integração, evidentemente tamente relacionado com a largura do elemento do toro. Si em todo o toro temos uma corrente it = i + im im então num elemento ds = rdθ teremos assim dθ rdθ im = im dim = 2πr 2π ˛ ~ · d~s = µo it B dessa forma M= 1 rdθ ( dθ im 2π ˛ ) = ~ B · d~s = N i + im C µ0 ˛ ˛ ~ B ~ · d~s · d~s = N i + M µ 0 c C im 2πr ou onde im = 2πrM C (8) ) ˛ (~ B ~ · d~s = N i −M µ 0 C ~ são paralelos, da Observe que de 7 ~µ e M ~ são paralelos, conse- se definimos a campo magnetizante (ou intenfigura 2 observamos ~µ e B ~ eB ~ são paralelos, de fato eles sidade magnética) como quentemente M sempre são paralelos. Observando a equação 8 ~ ~ ≡ B −M ~ percebemos que ela é o produto de um campo H µ0 vezes o comprimento do toro: podemos escrever im = M (2πr) ˛ ˛ ~ · d~s = ic H (9) = M ds C c onde ic é a corrente com origem nas cargas moveis encerrada no contorno ampereana de ~ , a unidade de integração. Similarmente à M ~ é A/m. Ainda que esse resultado tenha sido H obtido para o caso do toroide, ele é completamente geral. 2 Quantidade significa o número de “loop” que existem nessa seção fina do toroide. Ao longo de todo ele esperamos que exista um número infinito desse “loops”. Isso é muito similar ao que acontece com a diferença entre o campo gerado por um solenoide, B = 1/2 (N /l) µ0 i, enquanto que para uma espira é B = 1/2µ0 i/R, isto é, no caso da espira temos que ele aumenta com N . 3 ~ tem uma Assim vemos que o campo H origem física totalmente diferente de o campo ~ O campo H ~ é produto das correntes reB. sultantes do movimento das cargas (“correntes verdadeiras”) em um meio condutor, enquanto ~ o campo B Tabela 1: Susceptividades magnéticas Substancia χm Alumínio 2, 3 × 10−5 Bismuto −1, 7 × 10−4 Cobre −1, 0 × 10−5 Ouro −3, 6 × 10−5 Chumbo −1, 7 × 10−5 Magnésio 1, 2 × 10−5 Platina 2, 9 × 10−4 Prata −2, 6 × 10−5 Agua −0, 88 × 10−5 CrK(SO4 )2 · 12H2 O 2, 32 × 10−5 Cu(SO4 ) · 5H2 O 1, 43 × 10−4 Gd2 (SO4 )3 · 58HO 2, 21 × 10−4 M nF2 4, 59 × 10−4 CoCl2 3, 38 × 10−4 F eCl2 3, 10 × 10−4 F eCl3 2, 40 × 10−4 N iCl2 1, 71 × 10−4 Ferro (doce) ≈ 5000 ( ) ~ = µ0 H ~ +M ~ B resulta da contribuição das correntes verdadeiras e as correntes atômicas. Uma forma de entender está diferença é dizendo que o ~ é um campo de origem externa aplicampo H ~ é o campo cada ao material, enquanto que B ~ é o campo medido no material, entanto que M próprio do material. É importante ter claro que a lei de Ampère ~ · d~s em torno de 9 só garante que a integral H uma trajetória fechada será somente determinada pelas corrente verdadeiras que estão den~ afete tro da corrente contudo, é possível que M ~ mas não a integral H ~ · d~s. Por exo vetor H emplo, num ímã permanente não há nenhuma ampereana que englobe uma corrente real e ~ mesmo assim há campo H. É razoável supor que deve existir alguma re~ e M ~ . Sabemos que o número lação entre H de momentos magnéticos atômicos dependem ~ aplicado. A forma da intensidade do campo H mais simple que podemos supor para essa relação é um comportamento linear ~ ~ = χm H M ais a relação linear que define a susceptibilidade magnética deixa de ser válida se o campo ~ é muito intenso. Mas existem materiais H como o o Ferro, Níquel, Cobalto onde não é valida a relação 10, nem mesmo para valores pouco intenso de campo, mas desses materiais cuidaremos mas à frente. Agora suporemos que temos materiais magneticamente lineares, nessa situação ( ) ~ = µ0 H ~ +M ~ B ~ = µ0 (1 + χm ) H ~ = µH (10) onde a constante De fato, experimentalmente se observa que para uma ampla faixa de condições e para diµ = (1 + χm ) µ0 versos materiais essa relação é válida. A constante χm é uma grandeza que carateriza o se conhece como permeabilidade magmaterial e recebe o nome de susceptividade nética (absoluta) do material. As vezes remagnética do material. Para alguns materi- sulta útil também falar da permeabilidade rel4 ton num orbita circular de raio r = 0, 528 × 10−10 m com velocidade angular constante ω. A atração eletrostática entre o elétron e o próton é proporcional à força centrípeta necessária para reter o elétron na sua orbita circular. Utilizando conceitos clássicos de que o momento magnético é o produto da corrente pela área dentro da circunferência percorrida pelo elétron, determine o momento magnético orbital do átomo de hidrogênio. Qual é a relação entre o momento magnético à quantidade de movimento angular do elétron? ativa do material Km = µ 1 + χm µ0 Esses resultados explicam o porque quando temos um solenoide de ar (µ = µ0 ) o campo é menor do que quando colocamos dentro do solenoide um núcleo magnetizável onde µ = (1 + χm ) µ0 . Contudo, em geral a susceptividade magnética é pequena na maioria dos materiais, uma excepção é o ferro que ainda que não se comporte de forma linear, a susceptividade efetiva é muito maior do que qualquer material (ver tabela 1). A razão deste comportamento tão díspar observado para o ferro e outros materiais ferromagnéticos é que os dipolos magnéticos atômicos tendem a se alinhar uns com outros quando sujeitos a um campo externo. Exemplo 2 Uma bobina toroidal fina, tem raio médio de 10 cm e uma área transversal de 3, 0 cm2 , com 3142 voltas de fio condutor (50 voltas/cm ao longo da circunferência média). Suponha que a bobina está enrolada sobre a superfície de um núcleo paramagnético toroidal de susceptibilidade χm = 4, 59 × 10−4 . Se faz fluir uma corrente constante de 3, 5 A nas espiras. Encontre (a) a intensidade magnética H dentro da bobina, (b) a magnetização M,(c) a indução magnética B dentro da bobina e (d) a corrente superficial total de magnetização im . Qual seria a indução B si não tivesse o núcleo paramagnético?. Suponha agora um núcleo ferromagnético com permeabilidade relativa de 1200 com comportamento linear. Há outras substancias com susceptividade magnética positiva pequena e independente da intensidade magnética aplicada (para campos pequenos). Em tais materiais os dipolos se alinham ao campo externo aplicado porém não se influenciam mutuamente de forma significativa como no caso dos ferroelétricos. Essa substancias recebem o nome de materiais paramagnéticas. Da tabela 1 observamos que há substancia com susceptividade negativa. Nesse materiais, de foma similar ao que acontece nos materiais paramagnéticos, os momentos são independente entre si, a tendencia dos momentos magnéticos é de se alinhar na direção oposta. Esse materiais recebem o nome de materiais diamagnéticos. Exemplo 1 Em um átomo de hidrogênio se pode considera que um elétron gira na volta de um pró5