1 Caracterização da Variação de Parâmetros de Diodos e Transistores em Função da Temperatura Daniel Álvaro Dutra, Igor Barros Mayrinck, Marcos Eduardo Costa Jr., Robinson Percy Holder, Rodrigo da Silva Conhalato, Sandro Elisson da Silveira Trabalho da Disciplina Teoria de Materiais, 1o Semestre de 2000, Prof. Jaime Arturo Ramírez Abstract—These report shows the influence of the temperature in semicondutor devices, as transistors and diodes. It is also shows experimental values for these devices as temperature is increased. I. INTRODUÇÃO temperatura é uma variável de extrema importância a ser considerada no projeto ou análise de circuitos eletrônicos. Direta ou indiretamente ela afeta todas as características de um dispositivo semicondutor, como seu desempenho e confiabilidade. Para entendermos a influência da temperatura nesses materiais, daremos um tratamento microscópico. Como o diodo e o transistor são construídos a partir de materiais semicondutores que sofrem influência da temperatura, eles também terão alterações nas suas propriedades. Um semicondutor é um material que possui um nível de condutividade em algum ponto entre os extremos de um isolante (baixa condutividade) e um condutor (alta condutividade). Atualmente existem vários materiais semicondutores, mas o germânio e o silício são os dois materiais que têm recebido a maior parcela de interesse no desenvolvimento de dispositivos a semicondutor. Nos últimos anos as pesquisas têm-se intensificado cada vez mais em relação ao silício e diminuído em relação ao germânio, embora ainda haja uma pequena produção de germânio. Há várias razões para se terem escolhido esses materiais, sendo que uma delas é que podemos obtê-los com níveis de pureza muito altos. Além disso, os átomos desses materiais formam um modelo muito definido, que se repete por natureza. A partir desses materiais, com a inserção de impurezas (conhecido como processo de dopagem), obtemos junções do tipo n e p. As junções do tipo n são obtidas com elementos de impureza pentavalentes, enquanto as junções do tipo p são obtidas a partir de elementos trivalentes. Componentes como A Trabalho feito em 27 junho de 2000 da disciplina teoria dos materiais do curso de graduação em engenharia elétrica ministrada pelo professor Jaime Arturo Ramirez pelos componentes descritos abaixo: Daniel Alvaro Dutra. Email: [email protected] Igor Barros Mayrinck Email: [email protected] Marcos Eduardo Costa Jr. Email: [email protected] Robinson Percy Holder. Email: [email protected] Rodrigo da Silva Conhalato Email: [email protected]. Sandro Elisson da Silveira .Email: [email protected] o diodo são constituídos de junções p-n, enquanto transistores são constituídos de junções p-n-p ou n-p-n. Uma ênfase maior sobre as junções será dada nas páginas seguintes. Altos níveis de corrente através de qualquer dispositivo semicondutor resultarão em altas temperaturas da junção. Apesar do silício suportar altas temperaturas, as mudanças das características com a temperatura podem resultar em um sistema instável. Para o germânio, a temperatura máxima de operação varia entre 85 a 100°C, enquanto para o silício ela varia entre 150 a 200°C (um dos motivos de se preferir o silício). O dispositivo utilizando semicondutor mais importante é sem dúvida nenhuma o transistor. Ele foi inventado pelos norte-americanos membros do Laboratório Bell, John Bardeen, Walter Brattain e Wiliian Shckley, em dezembro de 1947. A seguir se encontra uma gravura com as anotações desses cientistas, que possibilitaram a invenção do transistor: Com a descoberta das diversas potencialidades do transistor, eles levaram o prêmio Nobel de Física, em 1956. O primeiro uso do componente foi em equipamentos telefônicos, por volta de 1950, amplificando o som e possibilitando melhor qualidade na comunicação por fio. Nesta mesma época, o dispositivo começou a ganhar os lares dos cidadãos comuns, com a venda do primeiro rádio a base de transistor. Em 1959, os físicos já agrupavam vários transistores num circuito integrado em pastilhas de silício, formando o que conhecemos hoje por chip. Este é o cérebro do computador moderno. Agora, microprocessadores agregam milhões de transistores, num quadrado eletrônico cada vez mais compacto. Um 2 popular PC, por exemplo, possui cerca de 3,5 milhões destes dispositivos. II. PRINCÍPIO DE FUNCIONAMENTO E FORMULAÇÃO TEÓRICA A junção PN, na qual o diodo semicondutor é basicamente construído, consiste de um material semicondutor como o silício, dopado com materiais que possuem átomos trivalentes. Como o silício possui quatro elétrons na última camada e tem uma tendência maior a receber elétrons que um átomo trivalente, ele receberá estes três elétrons e ficará aguardando receber um elétron para se tornar estável. Por ter esta tendência a atrair elétrons, esta ligação terá carga equivalente positiva. Este semicondutor dopado com átomos trivalentes forma a região tipo-p da junção, região esta com maior número de cargas positivas. A outra região da junção possui um semicondutor, como o silício dopado, com materiais que possuem átomos pentavelentes. Os átomos pentavelentes atrairão os elétrons da última camada do silício por terem uma tendência maior a receber elétrons que o silício. Desta forma, os átomos pentavelentes atrairão três elétrons do silício e ficarão estáveis. No entanto, o silício terá ainda que doar um elétron para ficar estável e por ter tendência a doar elétrons, esta ligação terá carga equivalente negativa. Este semicondutor dopado com átomos pentavalentes forma a região tipo-n da junção, região esta com maior número de cargas negativas. Os semicondutores tais como Si e Ge, assim como as junções formadas por estes materiais apresentam redução da resistência com o aumento da temperatura, pois uma mudança na temperatura de um material semicondutor pode aumentar consideravelmente o número de elétrons livres. Conforme a temperatura aumenta em relação ao zero absoluto (0K), um número crescente de elétrons de valência absorve energia térmica suficiente para quebrar a ligação covalente e contribuir para o aumento de portadores livres. O aumento do número de portadores aumentará o índice de condutividade, resultando numa resistência mais baixa. Estes materiais são considerados materiais com coeficiente de temperatura negativo. Ao contrário do que acontece com os condutores, que possuem um coeficiente de temperatura positivo, ou seja, a sua resistência aumenta com o aumento da temperatura. Associados ao aumento de temperatura encontram-se, em geral, dois efeitos: o aumento da energia cinética dos elétrons, que eleva a densidade de elétrons livres disponíveis para suportar o fenômeno da condução elétrica, e o aumento da agitação térmica dos átomos, que, pelo contrário, reduz a mobilidade das cargas elétricas. É a preponderância de um ou outro que conduz à diferença de comportamentos manifestada pelos materiais isolantes, semicondutores e condutores. O que ocorre nos materiais isolantes e semicondutores é que a sua resistividade diminui com o aumento da temperatura, devido à predominância do aumento do número de cargas livres sobre a degradação da mobilidade. Um exemplo da diminuição da resistividade das junções com o aumento da temperatura será dado abaixo através da junção base-emissor do transistor. No transistor, a tensão na junção base-emissor decresce 2mV para cada aumento de 1°C na temperatura. A corrente no emissor varia de acordo com a seguinte fórmula: VBE nV iE = K * e T onde K é uma propriedade do transistor que depende de Is (corrente de saturação), VBE é a tensão base-emissor e VT é conhecido como tensão térmica e é dado por: VT = kT q onde k é a constante de Boltzmann e q a carga eletrônica. A tensão base-emissor será dada então por: iC VBE = nVT ln K Como K é proporcional ao número de portadores, e esse número aumenta com o aumento da temperatura dos semicondutores, pois K=Is : IS = AEqDNni 2 NA W Onde ni é a densidade de portadores intrínseco, NA é a concentração de dopagem da base, Ae é a área da seção transversal da junção base-emissor, Dn é a difusividade do elétron na base e W é a largura efetiva da base. Logo VBE diminuirá. Observe que VT também aumenta, porém a função logarítmica faz com que ln(ic/K) decresça mais assintosamente. III. PARTE EXPERIMENTAL A junção PN é formada dentro de um único cristal de silício através da criação de regiões de dopagens diferentes. A junção PN é também o elemento básico para os transistores de junção bipolar (BJTs) e desempenham um papel importante na operação dos transistores de efeito de campo (FETs). Foi comprovado que Is (um parâmetro da junção) varia de 8%/°C e 11%/°C para o germânio. O desempenho de diodos comerciais é aproximadamente consistente com esses resultados. A razão para tal discrepância é que num diodo real existe uma componente de saturação reversa devido à dispersão sobre a superfície que não foi tomado em consideração na determinação dos parâmetros acima. De resultados experimentais temos que a corrente de saturação reversa aumenta cerca de 7%/°C para tanto o silício como para o germânio. Assim como se pode demonstrar a corrente de saturação reversa dobra para a cada aumento de 10° C na temperatura. 3 Segue-se um breve comentário sobre algumas aplicações citadas acima: Experimentos feitos em laboratório comprovam que a variação na temperatura afeta as curvas características dos componentes feitos de material semicondutor. A figura acima mostra a influência de temperatura na região de condução. Nela observa-se que com o aumento da temperatura a tensão de polarização diminui numa faixa de 2 mV para cada grau centígrado. Numa análise mais profunda, temos que a temperatura afeta também no efeito avalanche, como pode ser observado na figura abaixo sendo que para este caso não se tem uma relação coerente como na região de condução. Circuitos Retificadores : O circuito retificador utilizando diodos forma uma parte essencial na construção de fontes de alimentação de tensão DC; ele converte o sinal senoidal de entrada em um sinal de saída unipolar, com uma componente média contínua não nula . Existem vários tipos de retificadores : Retificador de onda inteira, de meia onda, pontes retificadoras e retificadores de pico . Regulador de tensão : O circuito do regulador de tensão tem por objetivo prover uma tensão contínua de saída independente ao máximo da variação da carga aplicada . Um diodo polarizado diretamente pode realizar a função de um simples regulador de tensão por exemplo. Um outro exemplo é o uso do Diodo Zener funcionando como um regulador Shunt. Circuitos limitadores: Limitadores são frequentemente referidos como “Clippers”, e encontram aplicações numa variedade de sistemas de processamento de sinais . Uma das mais simples aplicações é na limitação da tensão nos terminais de entrada do AMP-OP para um valor menor que a tensão de “Breakdown” dos transistores que constituem o estágio de entrada do circuito do AMP-OP . Diodos podem ser combinados com resistores para formar simples circuitos que realizam a função de limitadores. Fotodiodos : São usados para converter sinais de luz em sinais elétricos. Fotodiodos sem polarização reversa funcionam como células solares onde energia luminosa do sol é transformada em energia elétrica . LEDs : Light-emitting Diode , tem o funcionamento contrário ao fotodiodo , convertendo corrente direta em luz . Encontram aplicações em numerosos tipos de displays. Combinando um LED com um fotodiodonum mesmo pacote, produz-se o que se chama de optoisoladores . TRANSISTORES : IV. APLICAÇÕES DE DIODOS E TRANSISTORES DIODOS : Das muitas aplicações do diodo , o seu uso no design de circuitos retificadores é o mais comum. Entretanto existem outras aplicações tais como a implementação de portas lógicas executando funções booleanas, na regulação de tensão onde usa-se diodos Zener polarizados diretamente, chaveamento de sinais, circuitos limitadores, restauradores, duplicadores de tensão, fotodiodos, LEDs e por fim optoisoladores . Dispositivos semicondutores de três terminais ; assim defini-se os transistores ; são mais usados que os diodos que possuem 2 terminais e encontram aplicação desde amplificação de sinais até o design de lógica digital e circuitos de memória . Com base no princípio de funcionamento do transistor, controlar a corrente de um terminal através da diferença de tensão dos outros dois terminais ; pode-se construir uma fonte controladora que por sua vez é a base de um amplificador. Também com base neste princípio de funcionamento pode-se usar o transistor para realizar o chaveamento de um circuito, que é a base para a realização do inversor lógico que é o elemento fundamental de circuitos digitais . 4 Para a utilização do transistor como amplificador deve-se usá-lo no modo ativo . Para aplicações de chaveamento , utiliza-se os outros dois modos do transistor , de saturação e corte. Com os transistores MOSFET (Metal-Oxide Semiconductor Fiel Efect transistor) pode-se implementar lógica digital e funções de memória (exemplo: microprocessadores e chips de memória) . A tecnologia dos transistores MOS também é utilizada no design de circuitos integrados analógicos e em circuitos integrados que combinam circuitos analógicos e digitais . grande pesquisa e investimento nessa área, o que, infelizmente, não se observa em todos os países. Referências [1] [2] [3] V. INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA NAS APLICAÇÕES Poderia se pensar que o problema de temperatura é facilmente contornável, bastando retirar o aparelho que contenha semicondutores da região que se tem uma temperatura diferente da sua temperatura de operação. É viável fazer isto, por exemplo, em uma siderúrgica. Um aparelho de medição de temperatura eletrônico pode ficar a dezenas de metros de distância de um alto-forno que opera a altas temperaturas somente recebendo os sinais de um sensor, sem que a alta temperatura do alto-forno o afete. Mas há situações que isto se torna inviável. A NASA não tem como mandar um robô para Marte, onde a temperatura é mais baixa que na Terra, e deixar os semicondutores que fazem parte de seu circuito eletrônico aqui na terra. Outro exemplo são robôs que são usados em perfuração submarina: a temperatura a quilômetros de distância da superfície é muito baixa. Nestes dois casos citados acima, a variação de temperatura deve ser levada em conta nos cálculos do projeto para que os dispositivos que contenham semicondutores funcionem normalmente. Os dois exemplos citados acima são casos extremos, mas a influência da temperatura no comportamento dos semicondutores afeta o dia-a-dia das pessoas. Aparelhos eletrônicos operam de forma tal que a mudança de milésimos de volts em um de seus milhares de transistores muda completamente o funcionamento do mesmo. Desta forma, um celular produzido para funcionar em um país nórdico como a Finlândia não funcionará em países tropicais como o Brasil. Entre estes países observa-se uma variação de temperatura média 30°C o que ocasionaria uma variação de tensão de 60mV, uma variação de tensão desta magnitude comprometeria gravemente o funcionamento do aparelho. Este fato faz com que as empresas não apenas adaptem seus aparelhos ao clima em que o mesmo será utilizado, como também no caso de aparelhos de alta precisão produzam estes aparelhos na região em que o mesmo será utilizado. VI. CONCLUSÕES E OBSERVAÇÕES Criar condições para reduzir os efeitos da temperatura em semicondutores é motivo de estudo em grandes centros acadêmicos e científicos. Tal redução ampliará ainda mais a já impressionante utilidade deste material e proporcionará grandes avanços tecnológicos. Isto só será possível se houver [4] S. M. Sze, "Physics Semicondutor Devices" Phil. Trans. Roy. Soc. London, vol. A247, pp. 529-551, Apr. 1955. Adel. S. Sedra and K. C. Smith, "Microelectronic Circuits,", vol. 4, Eds. Oxford University Press, 1998, pp. 137-332. M. Jacob, and C. H. Christos, "Integrated Electronics - Analog and Digital Circuits and Systems", 1972, pp. 60-61; . Sites da internet