ISSN 1808-9909 Volume 5, Número 2, 2009 PLANT CELL CULTURE & MICROPROPAGATION Cultura de Células & Micropropagação de Plantas Publicação Científica da Associação Brasileira de Cultura de Tecidos de Plantas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, MG, v. 5, n. 2, p. 71-144, 2009 A revista Plant Cell Culture & Micropropagation , editada semestralmente pela Editora da Universidade Federal de Lavras (Editora UFLA), publica artigos científicos da área de cultura de tecidos de plantas por membros da comunidade científica nacional e internacional. Com uma tiragem de 600 exemplares é distribuída aos membros da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CULTURA DE TECIDOS DE PLANTAS (ABCTP) em dia com a anuidade. Para se associar à ABCTP consulte o site: <www.abctp.ufla.br> PERMUTA A revista Plant Cell Culture & Micropropagation deseja fazer permuta com revistas de áreas afins. ABCTP Universidade Federal de Lavras Departamento de Biologia Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 Lavras MG CEP 37200-000 E-mail: [email protected] FICHA CATALOGRÁFICA Diretoria Presidente Renato Paiva UFLA Secretário Moacir Pasqual UFLA Secretário Adjunto Antônio Carlos Torres EMBRAPA Hortaliças Tesoureiro Guilherme Augusto Canella Gomes Benger do Brasil Comissão Editorial Editor Chefe Renato Paiva UFLA Conselho Editorial Antônio Carlos Torres EMBRAPA Hortaliças Moacir Pasqual UFLA Renato Paiva UFLA Secretaria Daiane Peixoto Vargas UFLA Diogo Pedrosa Corrêa da Silva UFLA Gabriela Ferreira Nogueira UFLA Nomenclatura Científica Manuel Losada Gavilanes UFLA Revisão de Português Rose Mary Chalfoun Bertolucci Revisão de Inglês Renato Paiva UFLA Revisão de Referências Bibliográficas Márcio Barbosa de Assis Editoração Eletrônica Luciana Carvalho Costa Editora UFLA Christyane Aparecida Caetano Editora UFLA Consultoria Científica (v.5, n.2, 2009) Adriano Bortolotti da Silva UNIFENAS Alice Sato UNIRIO Áurea Maria randi UFSC Breno Santos Unifal Claudia Teixeira Guimarães EMBRAPA Cristiane Elizabeth Costa de Macedo UFRN Daiane Peixoto Vargas UFLA Fernanda Carlota Nery UFSJ Fernando Teixieira Nicoloso UFSM João Maurício Cavalcante Alves UFLA José Eduardo Brasil Pereira Pinto UFLA José Magno Queiroz Luz UFU Lenaldo Muniz de Oliveira UEFS Magdi Ahmed Ibrahim Aloufa UFRN Maria Apparecida Esquibel UFRJ Raírys Cravo Nogueira UFPA Rodrigo Kelson Silva Rezende UFGD Soami Fernanda Caio Deccetti Suzana Stefanello UNIPAR Vera Lucia Bobrowski UFpel ISSN 1808-9909 Plant Cell Culture & Micropropagation CONTEÚDO Aspectos do cultivo in vitro do manjericão cv. Maria bonita (Ocimum basilicum L.) Aspects of the in vitro cultivation of sweet basil cv. Maria bonita (Ocimum basilicum L.) Luciana Domiciano Silva Rosado, Jose Eduardo Brasil Pereira Pinto, Priscila Pereira Botrel, Arie Fitzgerald Blank, Suzan Kelly Vilela Bertolucci ......................................................................................... 71 Maize androgenesis: in vitro culture and microspore development in Brazilians genotypes Androgênese em milho: cultura in vitro e desenvolvimento dos micrósporos em genótipos Brasileiros Ana Paula Moraes, Luana Olinda Tacuatiá, Fernanda Bered, Fernando Irajá Felix de Carvalho, Eliane Kalchuk-Santos ............................................................................................................................................ 79 pH, carvão ativado e agentes geleificantes do meio de cultura no crescimento in vitro de Miltonia flavescens Lindl. pH, activated charcoal and gelling agents of the culture medium on the in vitro growth of Miltonia flavescens Lindl. Patrícia Inês Chapla, Jean Carlos Fernando Besson, Lana Karina Oliveira, Jaqueline Manzatti da Silva, Andressa Camilo de Souza Rocha, Suzana Stefanello ................................................................................. 87 Resposta de calos embriogênicos de cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.) a diferentes concentrações de cloreto de sódio Response of sugarcane (Saccharum officinarum L.) embryogenic callus to different concentrations of sodium chloride Isabele Aragão Gomes, Cibelley Vanucia Santana Dantas, Maria Tereza Franco Marques, Cristiane Elizabeth Costa Macedo ............................................................................................................................... 94 Efeito do estiolamento na micropropagação de abacaxi cultivar Imperial Effect of etiolation on the micropropagation of Imperial pineapple cultivar Micaele da Costa Santos, Sarah Brandão Santa Cruz Barboza, Ana da Silva Lédo, Pedro Roberto Almeida Viégas, Luiz Augusto Copati ......................................................................................................... 101 Cinetina, ácido giberélico e BAP na indução de embriões somáticos a partir de anteras de cafeeiro Coffea arabica L. Kinetin, gibberellic acid and BAP in the formation of somatic embrios from coffee tree anthers Coffea arabica L. Leandro de Oliveira Lino, José Magno Queiroz Luz, Israel Vieira Naves, Tatiana Michlovská Rodrigues, Letícia de Araújo Dias, Alcione da Silva Arruda ...................................................................... 111 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas micropropagadas de caroá In vitro rooting and acclimatization of micropropagated caroá Daniela Garcia Silveira, Fernanda Vidigal Duarte Souza, Carlos Alberto da Silva Ledo, Ádila Melo Vidal, José Raniere Ferreira de Santana ....................................................................................................... 118 Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-144, 2009 Micropropagation of Aristolochia gigantea Mart. Et Zucc. (Aristolochiaceae) through nodal segment culture Micropropagação Aristolochia gigantea Mart. Et Zucc. (Aristolochiaceae) através de cultura de segmentos nodais Kelly Araujo Lúcio, Maria Apparecida Esquibel, Alice Sato, Celso Luiz Salgueiro Lage .......................... 129 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Germinação in vitro de sementes de Merremia tomentosa Hallier f.: influência de meios de cultura e GA3 In vitro germination of seeds of Merremia tomentosa Hallier f.: influence of culture medium and GA3 Agda Rabelo Centofante, Evaristo Mauro de Castro, Leticia Caravita Abbade, Renato Paiva, Elias Centofante .................................................................................................................................................... 135 Desinfestação superficial de frutos-sementes de aroeira-do-sertão para germinação in vitro Superficial disinfection of seed-fruit of aroeira-do-sertão for in vitro germination João Paulo Saraiva Morais, Ana Cristina Portugal Pinto de Carvalho, Thiago Lustosa Jucá, Francisco de Assis de Paiva Campos ................................................................................................................................ 140 ASPECTOS DO CULTIVO INcultivo VITRO MANJERICÃO CV. MARIA 71 Aspectos do in vitroDO do manjerição... BONITA (Ocimum basilicum L.) ASPECTS OF THE IN VITRO CULTIVATION OF SWEET BASIL CV. MARIA BONITA (Ocimum basilicum L.) LUCIANA DOMICIANO SILVA ROSADO1, JOSE EDUARDO BRASIL PEREIRAPINTO2, PRISCILA PEREIRA BOTREL3, ARIE FITZGERALD BLANK4, SUZAN KELLY VILELA BERTOLUCCI5 1 Mestranda em Agronomia/Fitotecnia Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 2 Doutor em Fisiologia Vegetal Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000-Lavras, MG - [email protected] 3 Mestranda em Agronomia/Fitotecnia Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 4 Doutor em agronomia/Fitotecnia Departamento de Engenharia Agronômica Universidade Federal de Sergipe Av. Marechal Rondon s/n, Jardim Rosa Elze 49100-000 São Cristóvão, Sergipe [email protected] 5 Mestre em Agroquímica Universidade Federal de Lavras/UFLA Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] RESUMO Com o objetivo de avaliar a influência de reguladores de crescimento na multiplicação in vitro de Ocimum basilicum L. cv. Maria Bonita foram conduzidos dois experimentos. O primeiro, com o objetivo de verificar o efeito dos reguladores de crescimento (BAP e ANA) na propagação in vitro dessa cultivar de manjericão nas seguintes concentrações (0,0; 0,5; 1,0 mg L-1) e o segundo, avaliar as diferentes concentrações de 2,4-D (0,0; 0,5; 1,0; 2,0 mg L-1) na indução de calos em explantes foliares. Os experimentos foram implantados em delineamento inteiramente casualizado, sendo o primeiro composto por 9 tratamentos e o segundo com 4. No primeiro experimento, avaliou-se o comprimento e as biomassas frescas e secas das brotações e as biomassas frescas e secas dos calos. No segundo, avaliaram-se apenas as biomassas frescas e secas dos calos. Observou-se que o comprimento das brotações e biomassas frescas e secas das mesmas foi superior na ausência de regulador de crescimento. Com relação à presença de calos em segmentos nodais, a melhor concentração a ser utilizada foi 0,5 mg L-1 ANA e 0,5 mg L-1 BAP combinados. A maior biomassa fresca (2,10 g) de calos em explantes foliares de manjericão foi obtida com meio MS suplementado com 1,26 mg L-1 do ácido 2,4-D. A maior biomassa seca (1,18g) de calos em explantes foliares foi obtida com 0,31 mg L-1 de 2,4-D. Com o aumento das concentrações de 2,4-D houve uma tendência de decréscimo tanto na biomassa fresca quanto seca. Termos para indexação: Ocimum basilicum, propagação in vitro, reguladores de crescimento. ABSTRACT Two experiments were carried out with the objective to evaluate the influence of growth regulators on in vitro multiplication of sweet basil (Ocimum basilicum L.) cv. Maria Bonita. The first experiment had the objective to verify the effect of different concentrations (0.0; 0.5 and 1.0 mg L-1) of BAP and NAA on sweet basil plantlets formation and the second one was to evaluate callus induced by using different concentrations of 2,4-D (0.0; 0.5; 1.0 and 2.0 mg L-1) on leaf explants. The experiments used a randomized complete design with 9 and 4 treatments in the first and second experiments, respectively. In the first experiment, shoot length, dry and fresh biomass and dry and fresh callus biomass were evaluated. It was observed that shoot length, fresh and dry shoot biomass were better without the growth regulators. In the second experiment, only dry and fresh biomasses were evaluated. It observed that shoot length and fresh and dry biomasses were superior in the absence of growth regulators. Regarding the presence of callus in nodal segment, the best used concentration was the combination of 0.5 mg L-1 NAA and 0.5mg L-1 BAP. Higher leaf callus fresh biomass (2.10g) was obtained in MS supplemented 1.26 mg L-1 2,4-D. Higher leaf dry callus biomass (1.18g) was obtained with 0.31 mg L-1. With the increase of 2,4-D concentration, it was observed a decrease in both fresh and dry biomass. Index terms: Ocimum basilicum, propagation in vitro, growth regulators. INTRODUÇÃO O Ocimum basilicum L. pertencente à família Lamiaceae tem sido alvo de muitas pesquisas em razão das características importantes que incluem a utilização na área alimentar, de fármacos, de cosméticos e perfumaria (RABELO et al., 2003). É um arbusto popularmente conhecido como manjericão ou alfavaca, espécie muito valorizada pela qualidade de óleo essencial e aroma que produz. Segundo Blank et al. (2007) o óleo essencial de manjericão da cultivar Maria Bonita PI 197442 apresenta elevado rendimento de óleo essencial comparado a outras cultivares e possui substâncias de importância econômica, terapêutica e condimentar, como linalol, geraniol e 1,8 cineol. (Recebido em 25 de setembro de 2008 e aprovado em 16 de março de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 72 ROSADO, L. D. S. et al. Apesar da facilidade de se obter muda pelo método convencional por meio de sementes e estacas, os plantios com a espécie precisam ser formados a fim de se obter características de interesse, as quais devem apresentar fuste reto e crescimento uniforme com isso melhorando seu rendimento (REIS et al., 2007). Assim, o desenvolvimento de metodologias de micropropagação é um meio efetivo para multiplicação rápida de espécies nas quais é necessário obter alta uniformidade de progênie. Então há um grande interesse de utilização destas técnicas para ampliar a propagação de plantas medicinais e aromáticas (MANTHELL et al., 1994). A composição do meio de cultura, assim como a concentração dos seus componentes, é fundamental para o desenvolvimento dos tecidos (CALDAS et al., 1998). Os reguladores de crescimento utilizados para induzir à proliferação de brotos são as citocininas. Tanto o tipo de citocinina quanto a concentração do regulador influenciam a resposta in vitro, sendo necessária à avaliação de distintas combinações para a otimização das condições de micropropagação de uma planta (PEREIRA, 2004). Segundo Torres et al. (1998), o acréscimo de reguladores de crescimento ao meio de cultivo é utilizado para suprir possíveis deficiências endógenas e melhorar as características de cultivo in vitro. As concentrações ideais de ANA (ácido naftalenoacético) e BAP (benzilaminopurira) para o estabelecimento de calos variam muito de acordo com o genótipo, explantes e interação com outros fitoreguladores. A formação de raiz, parte aérea e calo em cultura de tecidos é regulada pela disponibilidade e interação dessas duas classes de reguladores de crescimento. Pela importância medicinal e econômica do manjericão, neste presente trabalho, objetivou-se estabelecer as melhores concentrações e combinações de fitorreguladores adicionados ao meio de cultivo in vitro, almejando a obtenção de plântulas com melhores qualidades morfológicas e fisiológicas para posterior aclimatização, bem como avaliar diferentes concentrações de 2,4-D (ácido 2,4 diclofenoxiacético) na indução de calos de manjericão com intenções de induzir embriogênese somática futuramente. MATERIAL E MÉTODOS Experimento 1: Avaliação de diferentes concentrações de ANA e BAP no desenvolvimento in vitro de segmento nodal do manjericão cv. Maria Bonita Este trabalho foi conduzido no Laboratório de Cultura de Tecidos Vegetais e Plantas Medicinais do Departamento de Agricultura (DAG) - da Universidade Federal de Lavras (UFLA), MG. Os explantes utilizados para a instalação do experimento foram obtidos a partir de plântulas oriundas de manjericão cv. Maria Bonita PI 197442 pré-estabelecidas in vitro por 30 dias. Foram utilizados os segmentos nodais da parte mediana com 1 cm de comprimento, sendo inoculados em tubos de ensaio de 25 x 150 mm contendo 12 mL do meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), com 30 g L-1 de sacarose solidificado com 6 g L-1 de ágar e suplementado com os reguladores de crescimento ANA e BAP . Foram avaliadas três concentrações (0,0; 0,5; 1,0 mg -1 L ) de ambos reguladores de crescimento com as seguintes combinações: T1 (0,0 ANA e 0,0 BAP), T2 (0,0 ANA e 0,1 BAP), T3 (0,0 ANA e 0,5 BAP), T4 (0,1 ANA e 0,0 BAP), T5 (0,1 ANA e 0,1 BAP), T6 (0,1 ANA e 0,5 BAP), T7 (0,5 ANA e 0,0 BAP), T8 (0,5 ANA e 0,1 BAP) e T9 (0,5 ANA e 0,5 BAP). O pH foi ajustado para 5,7 ± 0,1 antes da autoclavagem. Os tubos contendo os explantes foram mantidos em sala de crescimento a temperatura de 26 ± 1ºC e fotoperíodo de 16 h, sob intensidade luminosa de 25 µmol m-2 s-1, por um período de 30 dias. O delineamento experimental aplicado foi o inteiramente casualizado (DIC) composto por 9 tratamentos, sendo cada tratamento composto por 5 repetições de 4 tubos cada, totalizando 20 tubos por parcela. Após 30 dias de cultivo, as variáveis analisadas foram comprimento das brotações, biomassa fresca e seca da parte aérea e biomassas fresca e seca de calos. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas pelo teste de Scott-Knott, a 5 % de probabilidade. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 Aspectos do cultivo in vitro do manjerição... Experimento 2: Diferentes doses de 2,4-D na indução de calos de manjericão (Ocimum basilicum)em explantes foliares. Os calos foram obtidos utilizando-se explantes foliares provenientes de plântulas de manjericão cultivar Maria Bonita PI 197442 pré-estabelecidas in vitro com 30 dias de idade em meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962). Os tratamentos testados foram meio MS com 30 g L -1 de sacarose solidificado com 6 g L -1 ágar e suplementado com diferentes concentrações de 2,4-D (0,0; 0,5; 1,0; 2,0 mg L-1). O pH do meio de cultura foi ajustado para 5,7 ± 0,1 antes da autoclavagem. Os explantes foliares com tamanho de 1 cm2 de comprimento foram inoculados em tubos de ensaio (25 x 150mm) contendo 10 mL de meio de cultura. Após esta etapa, os tubos foram mantidos em sala de crescimento com fotoperíodo de 16 h, temperatura de 25 ± 10C e intensidade luminosa de 25 µmol m-2 s-1. A avaliação da biomassa fresca foi realizada aos 30 dias após a inoculação do explante. Já a obtenção da biomassa seca dos calos foi realizada após a permanência dos mesmos em estufa durante 5 dias com a temperatura de ± 500C. O delineamento utilizado foi o inteiramente casualizado (DIC), com 4 tratamentos contendo 5 repetições sendo cada repetição composta por 4 tubos de ensaio contendo um explante por tubo. A análise dos dados foi realizada utilizando-se o software Sisvar (FERREIRA, 2000), sendo realizada a análise de regressão polinomial. RESULTADO E DISCUSSÃO Experimento I: Avaliação de diferentes concentrações de ANA e BAP no desenvolvimento in vitro de segmento nodal do manjericão cv. Maria Bonita. As diferentes combinações de ANA e BAP ao meio de cultura influenciou significativamente (p< 0,05) no desenvolvimento do segmento nodal do manjericão para todas as variáveis analisadas (Tabela 1). Pode-se inferir que a concentração e a combinação dos reguladores de crescimento testados e a sua interação com os níveis 73 endógenos de hormônios presentes no explante são determinantes. Conforme Pérez-Toreno et al. (2000), os efeitos decorridos do balanço entre os diferentes hormônios de crescimento sobre o desenvolvimento in vitro dependem do genótipo testado, tornando necessário o estudo individualizado para cada espécie ou cultivar. Para a variável comprimento das brotações, recomenda-se não utilizar reguladores de crescimento, visto que, brotações com maior comprimento e mais vigorosas foram obtidas em segmentos nodais cultivados em meio MS desprovindos destes. Lima et al. (2007), estudando a influência dos reguladores de crescimento in vitro de partes aérea de Mentha viridis L. constatou que para a comprimento das plantas, as médias mais superiores foram obtidas nos tratamentos contendo 1 mg L- 1 de BAP isolado e 2 mg L-1 de BAP em combinação com 0,5 mg L-1 de ANA. No entanto, estes não diferiram estatisticamente do meio sem suplementação de reguladores de crescimento, sugerindo que para redução de custos, estes podem ser utilizados em baixas concentrações ou até mesmo eliminados do meio de cultura. Observando os resultados com manjericão cultivar Maria Bonita e de Mentha viridis comprova-se a necessidade de estudos específicos para cada espécie. Não foram avaliadas variáveis relacionadas ao sistema radicular, pois o único tratamento que apresentou indução de formação de raízes foi o tratamento sem o acréscimo de regulador de crescimento (Figura 1). Em contrapartida, Stella & Braga (2002) relatam que as auxinas têm efeitos biológicos diferentes no explante, sendo ANA e AIB mais efetivas na indução de raízes, e 2,4-D na indução de calos fato este não observado para o manjericão cv. Maria Bonita. Assim, a utilização de fitorregulador e da concentração a ser escolhida dependerá da espécie, do nível endógeno de auxina no explante e da capacidade do tecido em sintetizar naturalmente a auxina. Segundo Beduhn (2006), na multiplicação de Ocimum basicum L., o melhor meio para o cultivo in vitro desta espécie apresentou apenas ANA como regulador do Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 74 ROSADO, L. D. S. et al. TABELA 1 Média do comprimento das brotações (cm), biomassa aérea fresca e seca (g), biomassa fresca e seca de calos (g), submetidos aos tratamentos com diferentes concentrações de ANA, BAP (mg L-1). Tratamento Tratamento ANA: BAP mg L-1 Comprimento das brotações (cm) Biomassa aérea fresca (g) Biomassa aérea seca (g) Biomassa fresca calos (g) Biomassa seca calos (g) T1 0,0 0,0 2,55a 1,32a 0,10a 0,00a 0,00a T2 0,0 0,1 3,00a 1,20a 0,09a 0,38a 0,04a T3 0,0 0,5 1,36b 1,16a 0,09a 0,35a 0,07a T4 0,1 0,0 1,82b 0,91b 0,08c 0,00a 0,00a T5 0,1 0,1 1,52b 0,85b 0,07c 0,76b 0,04a T6 0,1 0,5 0,70c 0,53c 0,05b 0,95b 0,06a T7 0,5 0,0 1,13c 0,91b 0,07c 0,21a 0,01a T8 0,5 0,1 1,00c 0,37c 0,03d 3,36c 0,23b T9 0,5 0,5 0,62c 0,24c 0,02d 4,11d 0,24b *Medias seguidas da mesma letra nas colunas não diferem significativamente entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Scott- Knott. FIGURA 1 Formação de brotações do manjericão em MS suplementado com os reguladores de crescimento T1 (0,0 ANA e 0,0 BAP); T2 (0,0 ANA e 0,1 BAP); T3 (0,0 ANA e 0,5 BAP); T4 (0,1 ANA e 0,0 BAP); T5 (0,1 ANA e 0,1 BAP); T6 (0,1 ANA e 0,5 BAP); T7 (0,5 ANA e 0,0 BAP); T8 (0,5 ANA e 0,1 BAP) e T9 (0,5 ANA e 0,5 BAP). crescimento, não havendo, portanto, a necessidade de BAP. Em relação à multiplicação da cv. Maria Bonita os melhores resultados foram obtidos na ausência de reguladores de crescimento. Em trabalho realizado por Rubin et al. (2007) sobre multiplicação in vitro de Thymus vulgaris L, concluíram que baixas concentrações de ANA sem a adição de BAP no meio de cultivo foi favorável para a multiplicação in vitro de plantas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 Aspectos do cultivo in vitro do manjerição... de tomilho, proporcionando característica morfológicas e fisiológicas desejáveis para a sua comercialização. Em relação ao efeito das diferentes concentrações de BAP combinadas com ausência de ANA, para biomassa fresca e seca da parte aérea, doses de 0,1 mg L-1 e 0,5 mg L1 não diferiram estatisticamente do tratamento sem os reguladores ANA e BAP obtendo-se maiores valores de biomassa fresca e seca da parte aérea. Para redução de custos e uma boa formação de brotos, esses reguladores, podem ser utilizados em baixas concentrações, ou até mesmo evitados (Tabela 1). Normalmente, os reguladores de crescimento podem induzir uma má formação de brotações e induzir a hiperhidratação das mesmas, fato esse, observado neste experimento. Esse comportamento também foi observado por Dutra et al. (2004) em trabalhos de multiplicação in vitro de oliveira (Olea europaea L.), observaram que a medida em que aumentava a concentração de BAP, houve redução de biomassa fresca da parte aérea. Resultado semelhante foi observado por Silva et al. (2001), relatando que melhores resultados para o peso da matéria fresca da parte aérea foram obtidos com plantas cultivadas na ausência de BAP, concluindo que BAP pode exercer efeitos negativos no crescimento da parte aérea. Em outro trabalho, Rosal et al. ( 2007), estudando micropropagação em plantas de Eremanthus erythropappus (DC.) N.E.F. Macleish concluíram que a proliferação de brotos foi melhor na presença de BAP e 75 ANA, com 1,0 mg L-1, enquanto que a elongação de brotos apicais foi obtida apenas em meio contendo 1,0 mg L-1 de ANA. A elongação de segmentos nodais foi induzida na presença de 2,0 mg L-1 de ANA. Com relação à presença de calos, concentrações de 0,5 mg L-1 de ANA e BAP induziram maior biomassa fresca no manjericão cv. Maria Bonita; com relação à biomassa seca dos calos os tratamentos T8 e T9 (Tabela 1) apresentaram maior biomassa seca, entretanto não diferem estatisticamente entre si, podendo-se utilizar 0,1 mg L-1 ou 0,5 mg L-1 BAP para o desenvolvimento de calos. Experimento II: Diferentes doses de 2,4-D na indução de calos de manjericão (Ocimum basilicum) em explantes foliares. De acordo com análise de variância e teste de regressão, houve diferença significativa entre as concentrações de 2,4-D. Não houve desenvolvimento de calos no tratamento sem suplementação dessa auxina (Figura 2 A), evidenciando, com isso, a importância da utilização do regulador de crescimento para indução da divisão celular e, consequentemente, para formação de calos para a espécie em estudo. Observa-se a indução dos calos nas extremidades e sua proliferação em cima do explante. Os calos apresentaram consistência firme e uma coloração verde clara em todos os tratamentos, não sendo observada oxidação ou necrose. Isso mostra que as células estão viáveis para continuar a repicagem e o processo de multiplicação (Figura 2). FIGURA 2 Indução de calos em folhas de manjericão em MS suplementado com diferentes concentrações do regulador de crescimento (A=0,0; B=0,5; C=1,0 e D=2,0 mg L-1) do ácido 2,4 -D. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 76 ROSADO, L. D. S. et al. O regulador de crescimento 2,4-D aplicado aos explantes foliares de Ocimum basilicum L cv. Maria Bonita propiciou a indução de calos. Pereira et al. (2007) também observaram a necessidade da adição de reguladores de crescimento para a indução de calogênese em explantes foliares de Uncaria guianensis J.F. Gmel. Resultados semelhantes foram obtidos por Gopi & Ponmurumgan (2006) em experimento com explantes foliares de Ocimum basilicum L. observando-se que a dose de 0,5 mg L-1 de 2,4-D e a combinação de 0,5 mg L-1 de 2,4-D + 1,0 mg L-1 de BAP proporcionaram maior porcentagem de indução de calos. Com relação à biomassa fresca dos calos, observou-se um aumento de forma quadrática até o ponto máximo estimado de 2,10 g na concentração de 1,26 mg L-1 de 2,4-D. À partir desse ponto ocorreu uma redução da biomassa fresca (Figura 3 A). Para a biomassa seca, observou-se comportamento semelhante, onde houve um aumento da biomassa seca até o ponto máximo estimado de 0,31g na concentração de 1,18 mg L-1 de 2,4-D (Figura 3 B). A diminuição das biomassas fresca e seca dos calos com a utilização de concentrações elevadas do 2,4-D pode estar relacionada à fitotoxidez causada por este regulador de crescimento. Esse comportamento também foi observado por Santos et al. (2005), estudando a indução de calos friáveis em explantes foliares de Salix (Salyx humboldtiana Willd). no qual observaram que na ausência de reguladores de crescimento não ocorrem a formação de calos friáveis e quando se acrescenta-se 6,0 mg L-1 de ácido 2,4-D ocorre uma produção de 90 % de calos friáveis. Segundo Nogueira et al. (2007), trabalhando com calos de Muri-pequeno (Byrsonima intermedia A. Juss.) obtiveram melhor resultado com o uso de meio MS, acrescido de 1,0 mg L-1de 2,4-D. CONCLUSÕES Recomenda-se utilizar o meio MS (6 g L-1 de ágar + 30 g L-1 de sacarose) sem suplementação hormonal Biomassa fresca (g) (A) 2 y = -1,1055x + 2,7941x + 0,2924 2 3,00 R = 0,8373 2,00 1,00 0,00 0 0,5 1 1,5 2 -1 2,4-D mg L Biomassa seca (g) (B) 2 y = -0,1629x + 0,3858x + 0,0845 2 R = 0,8266 0,40 0,30 0,20 0,10 0,00 0 0,5 1 1,5 2 -1 2,4-D mg L FIGURA 3 2,4-D. Biomassa fresca (A) e seca (B) de calos de manjericão a partir de diferentes concentrações de ácido Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 71-78, 2009 Aspectos do cultivo in vitro do manjerição... para obtenção de plântulas de manjericão cv. Maria bonita in vitro. O uso de reguladores de crescimento induz a formação de calos e reduz o crescimento das brotações. Concentrações entre 1,0 e 1,5 mg L-1 do ácido 2,4-D são ideais para a obtenção de calos em explantes foliares de manjericão Ocimum basilicum L. cv. Maria Bonita. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BEDUHN, F. A. Estabelecimento e propagação in vitro de plantas medicinais da família Lamiaceae. 2006. 58 p. Dissertação (Mestrado em Fisiologia Vegetal) Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2006. BLANK, A. F.; SOUZA, V. M. de; ARRIGONI-BLANK, M. de F.; PAULA, J. W. A. de; ALVES, P. B. Novas cultivares Maria Bonita: cultivar de manjericão tipo linalol. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 42, n. 12, p. 18111813, dez. 2007. CALDAS, L. S.; HARIDASAN, P.; FERREIRA, M. E. A. Cultura de tecidos e meios nutritivos. In: TORRES, C. A.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. Transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-CNPH, 1998. p. 87-132. DUTRA, L. F.; OLIVEIRA, A. F.; FRÁGUAS, C. B.; PASQUAL, M. Comunicação: Multiplicação in vitro de Oliveira (Olea europaea L.). 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Bento Gonçalves, 9500, Prédio 43323, Agronomia 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] 2 Graduanda em Ciência Biológica Universidade Federal do Rio Grande de Sul/UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500, Prédio 43323, Agronomia 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] 3 Dra. em Agronomia, Professora Adjunta Dep. de Genética Universidade Federal do Rio Grande de Sul/UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500, Prédio 43323, Agronomia 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] 4 Dr. em Agronomia Universidade Federal de Pelotas/UFPel Dep. de Fitotecnia Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel Cx. P. 354 96010-900 Porto Alegre, RS [email protected] 5 Dra. em Genética e Biologia Molecular , Professora Adjunta Dep. de Genética Universidade Federal do Rio Grande de Sul/UFRGS Av. Bento Gonçalves, 9500, Prédio 43323, Agronomia 91501-970 Porto Alegre, RS [email protected] RESUMO No presente estudo, a resposta androgenética de vários genótipos brasileiros de milho (Zea Mays L.) foi avaliada, em especial nos aspectos como pré-tratamento, segmentação do micrósporo e presença e importância de grãos de pólen atípicos. A origem dos pró-embriões e estruturas embriogênicas foi analisada citologicamente, visando reconhecer a via de divisão mitótica, e a homozigose do embrião foi confirmada por meio de marcadores SSR. Um forte efeito genotípico foi observado com base nas análises citológicas, contudo os resultados indicam o pré-tratamento a 4 °C por sete dias como o mais benéfico, induzindo a formação de pró-embriões com células organizadas em domínios e estruturas embriogênicas in vitro. Análise dos grãos de pólen maduros mostrou um claro dimorfismo em todos os genótipos, com a maior parte destes classificados como normal e uma pequena parcela classificada como pequeno, fracamente corado e atrasado no desenvolvimento (grãos de pólen atípicos). A freqüência destes grãos de pólen atípicos variou significativamente entre os genótipos, porém não mostrou nenhuma correlação com aumento da indução androgenética. Palavras chaves: Duplo-haplóide, cultura de anteras, embriogênese do micrósporo, pólen P, Zea Mays. ABSTRACT In this study the androgenetic, response of several Brazilian maize (Zea Mays L.) genotypes was analyzed, in special aspects as pretreatments, microspore segmentation and the presence and importance of atypical pollen grains. The origin of pro-embryo and embryo structures was determined by cytological analysis, aiming to understand which mitotic route was used, and the embryo homozygosis was confirmed by SSR markers. A great genotype-dependent response was observed in the cytological analyses, but results indicated the pretreatment at 4 °C for seven days as more beneficial, inducing pro-embryos with cells organized in domains and androgenetic embryo structure in vitro. Analysis of mature pollen grains showed a clear pollen dimorphism in all genotypes, with the most part being normal and just a remainder part classified as small, light stained, and clearly retarded in development (atypical pollen grains). The frequencies of these atypical pollen grains varied significantly among genotypes, but they did not show any correlation with higher androgenetic induction. Index terms: Double-haploid, anther culture, microspore embryogenesis, P pollen grain, Zea Mays. INTRODUCTION Double-haploid is an important tool to develop mapping and breeding populations, allowing to work with smaller population and saving time; as well as in the genetic transformation, enabling a faster generation of virtually fully homozygous lines (AULINGER et al., 2003). Most of the double-haploid populations are obtained by in vitro induction of microspore embryogenesis, or androgenesis, based on the deviation from normal gametophytic development to a sporophytic route (WAN & WIDHOLM, 1992). The frequency of induced androgenetic microspores depends on many biotic and abiotic factors, and varies widely among the grasses; out of them maize has the lowest androgenetic induction rates. Dieu & Beckert (1986) evaluated a few basic factors in 94 genotypes (Recebido em 11 de junho de 2008 e aprovado em 23 de abril de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 79-86, 2009 80 MORAES, A. P. et al. and found a strong genotypic effect in all experiments performed, with only five of these genotypes producing embryos. Cowen et al. (1992) obtained a mean number of 4.5 embryos for each 100 anthers inoculated, but a great variation was observed among the genotypes. A series of stress factors applied in vivo or in vitro have been identified as responsible in the induction of sporophytic process (SMYKAL & PECHAN, 2000). Among them can be cited thermal shock (heat or cold), irradiation, anti-mitotic agents (colchicine), nitrogen and carbohydrates starvation, and incubation in manitol solution (MARDHORST et al., 1997; REYNOLDS, 1997). In maize, cold pretreatment has already proved to be beneficial to androgenesis, raising the number of formed haploid embryos in vitro (OBERT et al., 2000; PESCITELLI et al., 1990). For some species, the in vitro androgenetic response appears to be associated with the presence of a special class of microspores, known as P-pollen grains . Several authors reported the occurrence of this class of microspores in different species (CALIC et al., 2003; GUZMÁN & ARIAS, 2000; KALTCHUK-SANTOS et al., 1993) and they consider that these microspores would be potentially embryogenic, since they are predetermined to follow the androgenetic route. In our study, an extensive experiment was carried out on a range of Brazilian maize genotypes to evaluate their response to anther culture. For this purpose, the androgenetic response to cold thermal shock was evaluated by quantification of the embryogenic structures formed in vitro, as well as by the segmentation of the microspores and the formation of multinucleated/cellular pro-embryos. The relationship between the presence of P-pollen grain and the androgenetic response in vitro was also evaluated. MATERIAL AND METHODS Fifteen Brazilian maize genotypes (Table 1) were grown under field conditions at Faculdade de Agronomia/ UFRGS. The used tassels were selected based on morphological criteria according to Chang & Neuffer (1989). The maize tassels were submitted to two different cold pretreatment: 4 °C for seven days or 10 C for 14 days, in the dark in wet boxes. The tassels were disinfested in NaOCl 0.5%, with a drop of Tween, during 15 minutes and washed three times in sterile distilled water. The excised anthers were selected according to their color (light yellow) and size in relation to the spikelet. The anthers were inoculated in Petri plates with induction medium YP (KU et al., 1978) supplemented with 7.7 mg l-1 of glycine, 0.25 mg l-1 of thiamine-HCl, 0.25 mg l-1 of pirodoxine-HCl, 1.3 mg l-1 of nicotinic acid, 0.25 mg l-1 of pantetonate, 500 mg l-1 of hydrolysed casein, 2.5 g l-1 of phytagel , 2 mg l-1 of 2,4-D, 1.5 mg l-1 of BA, 90 g l-1 of sucrose and 5 g l-1 of activated coal, pH 5.8. Petri dishes were maintained in the darkness in a growth-chamber at 25 °C for four weeks and, afterwards, exposed to a 16 h light photoperiod provided by fluorescent illumination (22.5 molm-2s-1). A total of 5040 anthers were inoculated in this study. The experiment was randomized, with two treatments (five replications per treatment) with the experimental unit consisted of a Petri dish containing 72 anthers. The embryos formed were transferred to regeneration medium constituted by the basal salts of the YP, 2.5% sucrose, 0.25% of phytagel , 1 mg/L de AIA, pH 5.8 (BÜTER et al., 1991). The origin of the formed structures in vitro was analyzed by Simple Sequence Repeats (SSR). The DNA was extracted according to Doyle & Doyle (1990) and submitted to amplification according to Liu et al. (1996), using the microsatellite primer ucm1331. The PCR products were evaluated in 6% polyacrylamide gel stained with silver nitrate. Five anthers from each plate were collected at the time of inoculation, at seven and 14 days, for cytological analysis. The material was fixed at 3:1 (absolute alcohol: glacial acetic acid, v:v) and stored at -20 °C. The anthers were macerated in 6% propionic carmine and the slides were analyzed under a Zeiss Axioplan Universal photomicroscope. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 79-86, 2009 Maize androgenesis: in vitro culture and microspore... Fifteen mature tassels from three adults plants of five maize genotypes (AS 3601, De Kalb 205, De Kalb XL 330, Pioneer 3063, and Pioneer 32R21) were fixed and used to analyze pollen dimorphism. The microspore dimorphism was evaluated by counting the number of normal and atypical pollen grains in a total slide sample. For each plant, 100 normal and 100 atypical pollen grains had their polar diameter measured using measurement eyepieces. The presence of this class of pollen was compared to the in vitro response of the cultivars. Statistical analyses were performed by non-parametrical Kruskal-Wallis test and Dunn test, at a 5% probability level. RESULTS AND DISCUSSION Cytological analyses This study shows an important set of data for the initial design of the anther culture protocol for a group of 81 Brazilian maize genotypes, presenting an unknown androgenetic capacity. At the moment of anther inoculation, 97.58% of the microspores were at initial uninucleated stage, a phase considered ideal for androgenetic induction, ensuring the best results from in vitro culture. The two cold pretreatments used, 4 °C for seven days and 10 °C for 14 days, were evaluated for frequency of asymmetrical x symmetrical first mitotic division and multinuclear/multicelular structures observed on cytological analysis. The symmetrical binucleated pollen grains (Figure 1a) were observed after seven days of in vitro culture in both pretreatments, showing a reduction after 14 days in vitro (Table 1). The greatest frequency of symmetrical binucleated pollen grains occurred in Pioneer 3063 and Pioneer 30F33 genotypes, from material pretreated at 4 °C for seven days, while the De Kalb 205, De Kalb 747, Pioneer FIGURE 1 Cytological analysis of maize androgenesis. (a) Symmetrical pollen grain. (b) Pro-embryo with four nuclei derived from vegetative nuclei. (c) Pro-embryo with four nuclei, two derived from vegetative nuclei and two from generative nuclei. (d) Multinuclear pro-embryo. (e) Multicellular pro-embrioid. (f) Multicellular pro-embryo with domains. (g) Mature pollen grains and two atypical pollen grains. (h) Atypical pollen grain with two asymmetrical nuclei. (i) Atypical pollen grain with two equal nuclei. Arrows in (f) indicated the two formed domains in the pro-embryo. Letters in (c) indicated the derived vegetative nuclei [V] and generative nuclei [G]. Bars = 10 m. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 79-86, 2009 82 MORAES, A. P. et al. TABLE 1 Mean number symmetrical binucleated and multinucleated/cellular pollen grains per genotype per pretreatment. Symmetrical binucleated pollen grains Genotypes 4 C by 7 days 10 C by 14 days Pro-embryo multinuclear/cellular 4 C by 7 days 10 C by 14 days 7 days 14 days 7 days 14 days 7 days 14 days 7 days 14 days AG 1051 0 0 0 0 0 1 0 0 AG 9014 0 0 0 1 2 1 0 2 AS 32 0 0 0 0 0 5 0 0 AS 3601 0 0 0 0 0 0 0 0 C 107 0 0 0 0 0 0 0 0 De Kalb 205 5 4 16 1 4 13 3 1 De Kalb 747 0 1 11 9 0 0 0 1 De Kalb XL 221 0 0 0 0 0 0 0 1 De Kalb XL 330 0 0 0 0 0 0 0 1 Flash 1 0 1 1 10* 25* 0 0 NB 7390 0 0 0 0 0 0 0 0 Pioneer 3063 18 9 4 0 15 17 4 9 Pioneer 30R07 2 0 10 0 9 4 32 1 Pioneer 30F33 18 0 4 0 2 0 2 7 Pioneer 32R21 2 1 0 0 1 9 0 10 * Indicates the presence of pro-embryos multicellular. 30R07 genotypes presented a higher frequency of symmetrical binucleates after pretreatment at 10 °C for 14 days (Table 1). Unfortunately, these higher frequencies of symmetrical pollen grains were concentrated in just one slide in each genotype, without symmetrical pollen grains in the other four slides analyzed. In this way, the increment in the induction rate did not represent a real improvement in all anthers in vitro. Although, the low frequency of symmetrical pollen grains is in agreement with described in the literature were the observation about the androgenetic routes in maize indicates the successive mitosis of vegetative cells, after the first asymmetrical mitosis, as the mainly route to the proembryo formation (PESCITELLI & PETOLINO, 1988). The formation of multinuclear/multicelular structures, called from here as pro-embryo, was restricted to a few genotypes, as detected in the symmetrical pollen grains, with 118 structures formed from material pretreated at 4 °C and 74 structures formed on the second pretreatment. The higher frequency was observed in Flash and Pioneer 30R07 , followed by De Kalb 205 and Pioneer 3063 (Table 1). The data suggested that these structures have risen, preferentially, by successive mitosis of vegetative cells after the first asymmetrical division (Figure 1b), since those genotypes with higher frequencies of symmetricalbinucleate pollen not necessary presented higher proembryos frequencies. In some cases, multinucleated grains were formed by the mitoses of both cells, vegetative and generative (Figure 1c-e). Our data are in agreement to that obtained by other authors (PESCITELLI & PETOLINO, 1988; PETROVA et al., 1992), confirming the asymmetrical division as the preferential microspore segmentation route, with sequential mitosis of the vegetative cell. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 79-86, 2009 Maize androgenesis: in vitro culture and microspore... The importance of low temperature in the in vitro culture could be explained by the instability caused on microspore development, which can lead to the embryos formation (OLESZCZUK et al., 2006). This positive effect of cold pretreatments is believed to be due to the changes in the gene expression of the in vitro microspores. According to Reynolds (1997) the cold pretreatments favor the occurrence of cycle arrest during incubation, causing a reorganization of the cytoplasm and cytoskeleton. In this way, the set of transcribed genes responsible for the gametophytic route is silenced, favoring the sporophytic route and the formation of haploid embryos. Cold treatment has been routinely used, improving the androgenic response of microspores in many cereals (LANTOS et al., 2005). The cytological analysis data was very representative about the androgenetic development of the microspores. The only genotype with embryo formation, Flash , was the only one that presented the multicellular structures with domain formation, i.e. differentiated cells regions inside the multicellular structure (Figure 1e-f). The best results in this genotype were obtained in the pretreated material at 4 °C for seven days. The presence of differentiated regions in these pro-embryos was previously described by Ramírez et al. (2001) and Testillano et al. (2002), both based on histological sections in maize and barley. These authors suggested that those regions, or domains, are associated to the differential expression of genes involved with 83 endosperm and embryo formation, and the beginning of the androgenetic development is characterized by the formation of a multinuclear domain, linked to the endosperm (also multinuclear at the beginning of its development), and a multicellular domain, linked to the embryo properly. Thus, the multicellular structures present homology with the embryo and are probably those whose advances in their development, generating the haploid embryos. Electron microscopy analyses in Capsicum showed that the pro-embryo cells are not identical, presenting smaller external cells with thin cell walls, and a different kind of cells inside, corroborating the hypothesis of differentiated domains (BÁRÁNY et al., 2005). In vitro culture All the macroscopic embryogenic structures were formed from Flash anthers pretreated at 4 °C for seven days (Figure 2a-b), although no embryo reached the seedling phase. The origin of the only well formed embryo was analyzed by SSR, using the primer ucm1331, which amplified two loci and was useful to distinguish homozygote and heterozygote. The donor plant was heterozygote to this locus presenting two bands, while the embryo was homozygote showing just one band, confirming its androgenetic origin (Figure 2c). This approach has been used successfully in many studies to evaluate the origin of embryogenic structures in culture, as described by Aulinger et al. (2003) in maize and Song et al. (2007) in Cucumber. FIGURE 2 In vitro and SSR analyses of maize androgenesis. (a) Anthers in vitro with an embryo. (b) Haploid embryo in vitro. (c) SSR gel. Arrows in (a) show the callus inside the anther, and arrows in (c) show the two SSR alleles (mother plant) and one SSR allele (embryo). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 79-86, 2009 84 MORAES, A. P. et al. Atypical pollen analysis In this study around 580,000 pollen grains were examined to evaluate the occurrence of pollen dimorphism in maize and if they could be classified as P-pollen grain, a kind of pollen grains that stained very lightly, had late development, were smaller and results in an improvement in the androgenetic process. The cytological analysis showed the existence of a class of atypical pollen grains in all represent any improvement to androgenetic process. Petolino et al. (1988) also observed the occurrence of an abnormal microspores class in mature maize anthers which were not related to an in vitro androgenetic response. These atypical pollen grains abserved here should represent inviavel pollen grains, representing a class of abortive pollen grains, explaining why they had a negative influence on the embryogenic development. genotypes analyzed, that was smaller than the normal pollen CONCLUSION grains, with mean diameter of 65.17 and 83.88 m, respectively Although the rates of androgenetic induction obtained in the present study were low, it could be suggested, based on the cytological and in vitro analysis, that pretreatment at 4 °C for seven days was beneficial to the induction of pro-embryos. The cytological data showed that only the material incubated at 4 °C for seven days presents pro-embryos with cells organized in two domains, and not only nuclei, and all embryogenic structures formed in vitro were induced in anther from this pretreatment. The atypical pollen grains found in maize did not presented any androgenetic capacity, as referred in others species, (p<0.05, Figure 1g) and usually divided asymmetrically (Figure 1h), although sometimes symmetrical division was observed, typical of embryogenic pollen (Figure 1i). The frequency of these atypical pollen grains differs among genotypes, with De Kalb 205 presenting the highest frequency, followed by Pioneer 32R21 (Table 2). The presence of these atypical pollen grains was evaluated in relation to the multinuclear/multicellular structures formed, but a negative correlation was found (r=-0.6), suggesting that they are not a P-pollen grain, but an unviable pollen grains harmful to the embryogenic development in vitro. In this way, despite the atypical pollen grains observed here presents all characteristics of a P-pollen grain (lightly stained, late development, and smaller size), they cannot be classified as P-pollen, since they did not TABLE 2 Pollen grain measurements. Frequency and polar diameter in normal and atypical pollen grains in five genotypes analyzed. Genotypes P pollen frequency (%) AS 3601 De Kalb 205 0.98a 1.25a De Kalb XL 330 0.95a Pioneer 3063 0.30b Pioneer 32R21 1.06a *Means followed by the same letter are not significantly different (p<0,05). and could not be classified as P-pollen. In summary, the pretreatment at 4 °C for seven days and the use of genotype Flash seems to give better results, and should be helpful in future studies, aiming to increase the frequency of androgenetic embryos in Brazilian maize genotypes. ACKNOWLEDGMENTS This research was supported by Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico CNPq. REFERENCES AULINGER, I. E.; PETER, S. 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PATRÍCIA INÊS CHAPLA1, JEAN CARLOS FERNANDO BESSON2, LANA KARINA OLIVEIRA3, JAQUELINE MANZATTI DA SILVA4, ANDRESSA CAMILO DE SOUZA ROCHA5, SUZANA STEFANELLO6 1 Bióloga, mestranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Aplicada a Agricultura Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected] 2 Graduando em Ciências Biológicas Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected]; 3 Graduanda em Ciências Biológicas Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected]; 4 Graduanda em Ciências Biológicas Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected]; 5 Graduanda em Ciências Biológicas Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected] 6 Bióloga, D.Sc., Professora Universidade Paranaense Av. Parigot de Souza, 3636 85903-170 Toledo, PR [email protected] RESUMO As orquídeas são plantas muito apreciadas pela beleza de suas flores e pelo seu valor comercial. Muitas espécies brasileiras estão ameaçadas de extinção em razão da devastação de seus habitats naturais e a coleta indiscriminada. Neste trabalho, objetivou-se avaliar o efeito de diferentes concentrações de carvão, níveis de pH e agentes geleificantes no crescimento in vitro de Miltonia flavescens Lind.. Foram realizados dois experimentos. O primeiro, utilizando como explantes protocormos com um ano de idade, obtidos por meio da semeadura in vitro e inoculados em meio de cultura MS/2 suplementado com diferentes concentrações de carvão ativado (0, 1 e 2 g L-1) e pH ajustado para 5,2 e 5,8. O segundo, com plântulas com dois anos de idade obtidas por meio da semeadura in vitro e inoculados em meio de cultura MS/2 suplementado com Ágar e Phytagel®, tendo o pH ajustado para 5,2 e 5,8. As culturas permaneceram por seis meses na sala de crescimento sendo então avaliadas. A adição de 1 e 2 g L-1 de carvão ativado ao meio de cultura apresentou efeito benéfico e significativo sobre a altura da parte aérea, porém maior enraizamento foi obtido na ausência de carvão em pH 5,2. As plântulas de Miltonia flavescens apresentaram maior crescimento in vitro em meio de cultura MS/2 suplementado com Phytagel® e em pH 5,8. of activated charcoal, pH levels and gelling agents on the in vitro growth of Miltonia flavescens. Two experimental assays were carried out. The first assay used one-year-old protocorms as explants. Protocorms derived from in vitro seeding were inoculated into MS/2 medium supplemented with different concentrations of activated charcoal (0, 1 and 2 g L-1), and pH adjusted to 5.2 and 5.8. The second assay used two-year-old seedlings derived from in vitro seeding and inoculated into MS/2 medium supplemented with Agar and Phytagel®, with pH adjusted to 5.2 and 5.8. Cultures were maintained in growth room for six months. Addition of 1 and 2 g L-1 activated charcoal to the medium had significant and beneficial effect on shoot height, with higher rooting obtained in the absence of charcoal at pH 5.2. Miltonia flavescens seedlings showed higher in vitro growth in MS/2 medium supplemented with Phytagel® at pH 5.8. Termos para indexação: Orquídeas, cultura in vitro, meio de cultivo, Miltonia flavescens. beleza de suas flores e pelo seu alto valor comercial. Porém, ABSTRACT Orchids are very appreciated due to the beauty of its flowers and commercial value. In Brazil, many native species including Miltonia flavescens Lind., are threatened with extinction by forest devastation and predatory collection. In this work, we evaluated the effect of different concentrations em razão da devastação de seus habitats naturais e a coleta Index terms: Orchid, in vitro culture, culture medium, Miltonia flavescens. INTRODUÇÃO As orquídeas são plantas muito apreciadas pela muitas espécies brasileiras estão ameaçadas de extinção indiscriminada. Dentre estas espécies encontra-se a Miltonia flavescens Lindl., uma orquídea nativa do sul do Brasil e do Paraguai (IMES, 1997). (Recebido em 24 de dezembro de 2008 e aprovado em 29 de maio de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 87-93, 2009 88 CHAPLA, P. I. et al. A cultura de tecidos tem sido uma ferramenta biotecnológica amplamente utilizada para a propagação de plantas ornamentais, pois apresenta vantagens sobre os métodos convencionais de propagação, como multiplicação rápida e obtenção de grande número de plantas com alta qualidade genética e fitossanitária (PASQUAL et al., 2008), sendo indicada para suprir a demanda do mercado e ainda minimizar as coletas predatórias de orquídeas. O sucesso na aplicação desta técnica depende de uma série de fatores que necessitam ser controlados adequadamente durante o processo (COSTA et al., 2007). Neste sentido, o crescimento e a morfogênese de células e tecidos in vitro são regulados pela interação e pelo balanço entre as substâncias adicionadas ao meio de cultura e por aquelas produzidas de forma endógena nas células. Diante do exposto, a adição de compostos, como carvão ativado ao meio de cultura, tem sido benéfica no cultivo in vitro de algumas espécies de orquídeas (ARAÚJO et al., 2006; FRÁGUAS et al., 2003; SHI et al., 2000). O carvão ativado tem sido utilizado para estimular o enraizamentoem razão da sua alta capacidade de excluir a luz do meio e diminuir a oxidação das culturas pela presença de fenóis produzidos pelos próprios tecidos (GEORGE & RAVISHANKAR, 1997). Da mesma forma, a seleção do agente geleificante também é fundamental no cultivo in vitro, pois o meio de cultura deve ser firme o suficiente para suportar as plantas sem ser rígido demais para inibir a difusão de água e nutrientes (CID, 2001). O Ágar é um tipo de agente geleificante de natureza polissacarídica produzido por algas (Gelidium amansii) que tem sido tradicionalmente empregado na preparação de meios de cultura semi-sólidos (GEORGE, 1993). Um agente geleificante alternativo que vem sendo usado é o Phytagel® (Sigma), um heteropolissacarídeo produzido pela bactéria Pseudomonas elodea (GEORGE, 1993). Seu custo por litro de meio é menor em virtude da menor quantidade utilizada (2,5 g L-1), além de ser mais puro que o Ágar (GEORGE, 1993). Outro importante fator é o pH, que segundo Leifert et al. (1992), seu efeito nos meios nutritivos in vitro tem merecido atenção especial dos pesquisadores por sua atuação direta sobre a disponibilidade de nutrientes nele contidos. Meios de cultura levemente ácidos têm favorecido o desenvolvimento de orquídeas (ARDITTI, 1977). Sendo assim, conduziu-se este trabalho, com o objetivo de avaliar o efeito de diferentes concentrações de carvão ativado, níveis de pH e agentes geleificantes no crescimento in vitro de Miltonia flavescens Lindl. MATERIAL E MÉTODOS Foram realizados dois experimentos, um para verificar o efeito do pH do meio de cultura associado a diferentes concentrações de carvão ativado e outro para avaliar o pH e dois agentes geleificantes no crescimento in vitro. Em ambos os experimentos, as culturas foram mantidas em sala de crescimento a 25 ± 2ºC, com fotoperíodo de 16 horas, sob irradiância de 40 molm-2s-1 fornecida por lâmpadas fluorescentes brancas (20W, Osram, Brazil). Efeito do pH e da concentração de carvão ativado no crescimento in vitro Os protocormos utilizados como explantes para este experimento foram obtidos por semeadura in vitro em meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) com metade da concentração de sais (MS/2), suplementado com sacarose (30 g L-1), vitaminas do MS, ágar (6,5 g L-1), sendo metade deles cultivados no meio de cultura com pH ajustado para 5,2 e outra metade para pH 5,8. Os protocormos, após um ano de cultivo nestas condições e apresentando tamanho aproximado de 0,3 ± 0,1 cm, foram inoculados em frascos de vidro (capacidade 250 mL) contendo 50 mL de meio de cultura MS/2, suplementado com sacarose (30 g L-1), vitaminas do MS, ágar (6,5 g L-1) e três concentrações de carvão ativado (0, 1 e 2 g L-1) combinadas com dois níveis de pH (5,2 e 5,8), totalizando seis tratamentos. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 87-93, 2009 pH, carvão ativado e agentes geleificantes... Os protocormos foram inoculados assepticamente em câmara de fluxo laminar, tomando-se o cuidado de inoculá-los no mesmo pH em que foram germinados. Após a inoculação, os frascos de vidro foram vedados com plástico PVC e então incubados em sala de crescimento. O delineamento experimental utilizado foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial (três concentrações de carvão ativado e dois níveis de pH), com cinco repetições. A unidade experimental consistiu de um frasco com dez explantes, totalizando 50 protocormos por tratamento. As plantas permaneceram durante 6 meses em cultivo, sendo realizado um subcultivo a cada dois meses onde as plantas foram transferidas para um meio de cultura com as mesmas concentrações de carvão e níveis de pH. Após este período, foi efetuada a avaliação das variáveis: altura da parte aérea, número de raízes, comprimento da maior raiz, número de folhas e o peso da matéria fresca. Efeito do pH e de agentes geleificantes no crescimento in vitro Como explantes foram utilizadas plântulas com dois anos de idade e aproximadamente 1,5 ± 0,2 cm obtidas a partir da germinação in vitro em meio de cultura MS/2, acrescido de sacarose (30 g L-1), vitaminas do MS, ágar (6,5 g L-1) e pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem. As plântulas foram inoculadas em frascos contendo 50 mL de meio de cultura MS/2, sacarose (30 g L-1), vitaminas do MS, suplementados com ágar (6,5 g L-1) e Phytagel® (2,6 g L-1) e com pH ajustado para 5,2 e 5,8, totalizando 4 tratamentos. O pH foi ajustado utilizando hidróxido de sódio (NaOH) ou ácido clorídrico (HCl) a 1N, antes da adição dos agentes geleificantes. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial (dois agentes geleificantes e dois níveis de pH), com seis repetições. A unidade experimental consistiu de um frasco contendo oito explantes, totalizando 48 plântulas por tratamento. Após seis meses de crescimento in vitro, com um subcultivo a cada dois meses, procedeu-se a avaliação das seguintes variáveis: altura da parte aérea (cm), número de folhas, 89 número de raízes, comprimento da maior raiz (cm) e peso da matéria fresca (g). Os dados coletados em ambos os experimentos foram submetidos à análise de variância, utilizando o programa estatístico Sisvar (FERREIRA, 1999) e a comparação de médias por meio do teste de Scott-Knott a 5% de significância. RESULTADOS E DISCUSSÃO Efeito do pH e da concentração de carvão ativado no crescimento in vitro Após seis meses de cultivo in vitro, foi verificado efeito significativo das concentrações de carvão ativado sobre a altura da parte aérea e comprimento da maior raiz. Com relação aos níveis de pH empregados foram encontradas diferenças significativas para o número de folhas e número de raízes, em todas as concentrações de carvão ativado testadas. O peso da matéria fresca não foi afetado significativamente pela adição de carvão ativado nem pelos níveis de pH (Tabela 1). Foi observado maior desenvolvimento da parte aérea quando os protocormos foram cultivados em meio de cultura MS/2 suplementado com 1 e 2 g L-1 de carvão ativado, evidenciando o efeito benéfico desse componente. Resultados similares foram obtidos por Morales et al. (2006) que relataram o efeito promotor do carvão ativado (5 g L-1) no desenvolvimento da parte aérea de Catasetum fimbriatum Lindl. & Paxton Faria et al. (2002) também verificaram que a adição de 2 g L-1 de carvão ativado ao meio de cultura foi benéfica para a propagação in vitro de Cattleya walkeriana Gardner. Em trabalho realizado por Murdad et al. (2006) com orquídeas Phalaenopsis gigantea J.J.Sm., a suplementação do meio de cultura com 2,5 g L-1 de carvão ativado mostrou efeito positivo sobre o crescimento e promoveu a formação de novos protocormos sobre os protocormos inicialmente inoculados. De acordo com Grattapaglia & Machado (1998), o carvão ativado em concentrações de 0,1 a 2% pode ser benéfico em alguns casos. Fisicamente, ele simula a condição de escuro, no qual as raízes normalmente se Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 87-93, 2009 90 CHAPLA, P. I. et al. TABELA 1 Valores médios da altura da parte aérea (APA), comprimento da maior raiz (CR), número de raízes (NR) número de folhas (NF) e peso da matéria fresca (PF) de protocormos de M. flavescens após 180 dias de cultivo, em meio de cultura MS/2 com diferentes concentrações de carvão ativado e níveis de pH. Carvão ativado ( g L-1) 0 1 2 pH 5,2 0,27 Ab 0,38 Aa 0,40 Aa pH 5,8 0,21 Ab 0,44 Aa 0,29 Aa pH 5,2 0,24 Aa 0,11 Ab 0,14 Ab pH 5,8 0,16 Aa 0,10 Ab 0,10 Ab pH 5,2 1,24 Aa 1,27 Aa 1,48 Aa pH 5,8 0,80 Ba 0,90 Ba 0,50 Ba pH 5,2 2,80 Aa 3,20 Aa 2,86 Aa pH 5,8 2,05 Ba 2,16 Ba 2,20 Ba 0,0052 Aa 0,0126 Aa 0,0122 Aa APA (cm) CR (cm) NR NF PF (g) pH 5,2 pH 5,8 0,0030 Aa 0,0065 Aa 0,0237 Aa Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de SkottKnott a 5% de probabilidade. desenvolvem melhor. Quimicamente, o carvão ativado tem efeito de adsorção de substâncias inibitórias produzidas pelo explante ou pelo meio e liberação de substâncias naturalmente presentes no carvão que beneficiariam o crescimento das culturas in vitro (PAN & STADEN, 1998). O carvão ativado não é um regulador de crescimento, mas modifica a composição do meio e, por isso, em algumas circunstâncias, melhora ou regula o crescimento da planta in vitro (PASQUAL et al., 1997). Considerando a variável comprimento da maior raiz, o maior valor (0,24 cm) foi obtido na ausência de carvão ativado em pH 5,2. Trabalhos anteriores realizados por Müller et al. (2007) com M. flavescens revelaram que a suplementação do meio de cultura MS/2 com 1,5 e 3 g L-1 de carvão ativado não teve efeito significativo sobre o crescimento das plântulas, nem diferiu do meio isento de carvão ativado. Segundo Grattapaglia & Machado (1998), o tipo do sistema radicular obtido no enraizamento in vitro determina o sucesso do transplante, sendo as raízes mais curtas as mais adequadas, pois apresentam-se em fase de crescimento ativo, facilitando a aclimatização da planta. Quanto ao número de raízes por plântula, não houve diferença significativa entre os tratamentos com carvão (Tabela 1). Esses resultados corroboram com os obtidos por Faria et al. (2002) que também não encontraram diferenças quanto ao número de raízes de Cattleya walkeriana cultivadas por 210 dias em meio de cultura MS/2 com 0, 1 e 2 g L-1 de carvão. Os meios de cultura com pH 5,2 foram significativamente diferentes daqueles com pH 5,8, pois permitiram a formação de maior número de raízes e folhas, independente das concentrações de carvão, as quais não apresentaram diferença significativa (Tabela 1). De modo similar, Teixeira da Silva et al. (2006), estudando orquídeas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 87-93, 2009 pH, carvão ativado e agentes geleificantes... 91 de gênero Cymbidium, verificaram que o pH 5,3 mostrouse superior ao 6,3 no número de folhas e raízes. Segundo Pierik (1987), para um crescimento adequado da maioria das espécies, a faixa de 5 a 6,5 revela o melhor ajuste de pH. A variação de pH no meio de cultura pode ser decorrência da absorção diferencial do amônio e do nitrato (SINGHA et al., 1987). Durante o crescimento das células, o pH do meio de cultura se altera à medida que diferentes íons são absorvidos e os produtos metabólicos são excretados para o meio. O processo de autoclavagem e a estocagem também acidificam os meios de cultura (SKIRVIN et al., 1986). analisadas e os melhores resultados foram obtidos com Efeito do pH e de agentes geleificantes no crescimento in vitro sódio, cálcio e magnésio e está livre de impurezas orgânicas Verificou-se a existência de diferença significativa entre os agentes geleificantes para todas as variáveis O ajuste do pH para 5,2 e 5,8 não interferiu utilização do Phytagel®, cuja presença no meio de cultura promoveu maior crescimento in vitro (Tabela 2). Matos & Droste (2005) também verificaram que o Phytagel® mostrou-se superior ao Ágar levando a um maior número de brotos produzidos por plântula de Vriesea gigantea Mez (Bromeliaceae). Amaral et al. (2007) sugerem a suplementação dos meios de cultura com Phytagel®, pois além de facilitar a difusão dos nutrientes disponíveis às culturas, promove divisões celulares, a morfogênese e o crescimento in vitro. George (1993) relata que o Phytagel® contém quantidades significativas de potássio, encontradas no Ágar. significativamente em nenhuma variável quando o meio TABELA 2 Altura da parte aérea (APA), comprimento da maior raiz (CR), número de raízes (NR) número de folhas (NF) e peso da matéria fresca (PF) de plântulas de M. flavescens após 180 dias de cultivo com diferentes agentes geleificantes e níveis de pH. Agentes geleificantes Ágar Phytagel® pH 5,2 1,79 Ab 3,82 Ba pH 5,8 2,26 Ab 5,10 Aa pH 5,2 1,06 Ab 5,84 Aa pH 5,8 0,68 Ab 4,22 Ba pH 5,2 3,37 Ab 14,42 Aa pH 5,8 2,73 Ab 17,25 Aa pH 5,2 7,95 Aa 7,23 Ba pH 5,8 8,39 Ab 11,66 Aa pH 5,2 0,08 Ab 0,36 Ba pH 5,8 0,13 Ab 0,75 Aa APA (cm) CR (cm) NR NF PF (g) Médias seguidas da mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha não diferem entre si pelo teste de SkottKnott a 5% de probabilidade. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 87-93, 2009 92 CHAPLA, P. I. et al. de cultura foi suplementado com Ágar, porém na presença de Phytagel® não foi detectada diferença significativa apenas para o número de raízes por plântula (Tabela 2). Para as variáveis altura da parte aérea, número de folhas e peso da matéria fresca os maiores valores foram obtidos em pH 5,8. Efeitos negativos da utilização do Phytagel (0,17%) foram relatados por Te-Chato et al. (2005) na formação de brotações de mangostin (Garcinia mangostana L.) cultivadas em meio de cultura MS. Os autores verificaram que o Phytagel estimulou a formação de calos, porém as brotações apresentaram hiperidricidade (vitrificação) e suas folhas possuíam estômatos malformados e diminuição do conteúdo de clorofila. CONCLUSÕES A adição do carvão ativado ao meio de cultura MS/ 2 com pH ajustado para 5,2 influencia positivamente o crescimento de protocormos de Miltonia flavescens. As plântulas de Miltonia flavescens apresentam maior crescimento in vitro em meio de cultura suplementado com Phytagel® e em pH 5,8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AMARAL, C. L. F.; CASALI, V. W. D.; ALMEIDA, O. S.; OTONI, W. C.; BRASILEIRO, B. P.; BRITO, A. C. Indução de organogênese em alfavaca (Ocimum selloi Benth) cultivados in vitro: efeito da posição dos explantes e dos agentes geleificantes do meio. Diálogos & Ciência, Salvador, v. 3, n. 12, p. 125-133, 2007. ARAÚJO, A. G.; PASQUAL, M.; PEREIRA, A. 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A. et al. (Saccharum officinarum L.) A DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE CLORETO DE SÓDIO RESPONSE OF SUGARCANE (Saccharum officinarum L.) EMBRYOGENIC CALLUS TO DIFFERENT CONCENTRATIONS OF SODIUM CHLORIDE ISABELE ARAGÃO GOMES1, CIBELLEY VANUCIA SANTANA DANTAS ², MARIA TEREZA FRANCO MARQUES 3, CRISTIANE ELIZABETH COSTA MACEDO 4 1 Estudantes do curso de Ciência Biológicas Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Centro de Biociências Departamento de Biologia Celular e Genética Campos Universitário, Lagoa Nova, s/n 59072970 Natal, RN [email protected], 2 Estudante do curso de Ciência Biológicas Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Centro de Biociências Departamento de Biologia Celular e Genética Campos Universitário, Lagoa Nova, s/n 59072970 Natal, RN [email protected] 3 Estudantes do curso de Ciência Biológicas Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Centro de Biociências Departamento de Biologia Celular e Genética Campos Universitário, Lagoa Nova, s/n 59072970 Natal, RN 4 Profª. Dra. do Departamento de Biologia Celular e Universidade Federal do Rio Grande do Norte/UFRN Centro de Biociências Departamento de Biologia Celular e Genética Campos Universitário, Lagoa Nova, s/n 59072970 Natal, RN [email protected] RESUMO A salinidade interfere drasticamente no crescimento e na produtividade de espécies glicófitas de grande valor econômico como a cana-de-açúcar (Saccharum officinarum L.). Neste trabalho, objetivou-se determinar a dose resposta ao NaCl de calos embriogênicos de duas variedades (SP 813250 e RB 72454) de cana-de-açúcar. Calos foram inoculados em meio básico, composto pelos macro e micronutrientes do MS, na ausência (controle) e presença de diferentes concentrações (50; 100; 200 mM) de cloreto de sódio (NaCl) durante 15 dias. Após este período, características qualitativas tais como aspecto (compacto ou friável) e coloração (translúcido ou amarelado) dos calos foram avaliadas. Em seguida, os calos foram transferidos para o mesmo meio descrito acima sem adição do NaCl. Após um período de 21 dias, foram computados: a taxa de conversão de calos (% de regeneração) e o número médio de regenerantes por calo regenerado. Os resultados mostram que o sal afeta a formação de calos embriogênicos e sua posterior regeneração e que as variedades estudadas respondem de forma diferenciada. Os calos oriundos da variedade SP 813250 são mais resistentes ao NaCl em comparação aos calos da RB 72454. Termo para indexação: Saccharum officinarum, salinidade in vitro, NaCl, embriogênese somática. ABSTRACT The salinity intervenes drastically in the growth and the productivity of economically important glycophutes as the sugar cane (Saccharum officinarum L.). The purpose of this study was to determine the NaCl dose response in the embryogenic callus of two sugar cane varieties (SP 813250 and 72454 RB). Callus was inoculated in basic medium, composed of MS macro and micronutrients, in the absence (control) and in the presence of different sodium chloride (NaCl) concentrations (50, 100 and 200 mM) for 15 days. After this period, characteristics such as appearance (compact or friable) and color (yellow or translucent) of the callus were evaluated. Calli were transferred to the same medium described above without addition of NaCl. After a period of 21 days, the conversion rate of callus (% of regeneration) and the average number of regenerants per callus regenerate were evaluated. The results show that the salt affects the formation of embryogenic callus and its regeneration and that the varieties showed different response. According to the parameters evaluated, callus from the SP 813250 appeared more tolerant to NaCl than the callus of RB 72454 variety. Index terms: Saccharum officinarum, in vitro salinity, NaCl, somatic embryogeneses. INTRODUÇÃO A salinidade é uma característica comum das regiões áridas e semiáridas que inibe o crescimento e a produtividade das culturas (FLEXAS et al., 2004). Plantas dessas regiões desenvolvem mecanismos para tolerar o baixo potencial hídrico do solo causado tanto pelo excesso de sais, bem como pela seca existente (ASHARAF & FOOLAD, 2006). O estresse salino causa tanto estresse osmótico como iônico. O osmótico ocorre quando há uma alta concentração de sal em torno da raiz, dificultando a absorção de água, e o iônico, quando existe uma concentração elevada de sal no interior da célula (MUNNS & TESTER, 2008). (Recebido em 17 de dezembro de 2008 e aprovado em 2 de agosto de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 94-100, 2009 Resposta de calos embriogênicos de cana-de-acúcar... O Brasil se destaca como maior produtor mundial de cana-de-açúcar, com produção de 571 milhões de toneladas na última safra 2008 (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO - CONAB, 2008). Um milhão de hectares de terra onde se cultiva a cana são afetados pela salinidade ou sodicidade em razão do confinamento desta espécie em áreas tropicais e subtropicais (PATADE et al., 2008). Em razão da sua posição de destaque no agronegócio a cana-de-açúcar está inserida em vários programas de melhoramento genético visando à introdução de características de interesse agronômica dentre elas uma maior resistência à salinidade (CIDADE et al., 2006; ERRABI et al., 2006; FALCO et al., 2000). Técnicas de cultura de tecido vegetal associadas a uma pressão de seleção in vitro têm sido utilizadas visando à produção de células e plantas tolerantes a salinidade em diferentes espécies como o trigo (TRIVEDIA et al., 1991), o arroz (HIEN et al., 2003; LUTTS et al., 1999, 2001) e o girassol (ALVAREZ et al., 2003). O sucesso do cultivo in vitro e da introdução de um determinado genótipo nos programas de melhoramento utilizando a seleção in vitro, depende das condições de cultivo, do meio de cultura (SAHARAM et al., 2003), do estado fisiológico da planta mãe de onde é retirado o explante (DELPORT et al., 2001) e, sobretudo, da capacidade do genótipo doador do explante de induzir calos embriogenicos e de sua posterior regeneração em plantas (GANDONOU et al., 2005b). Adicionalmente, antes de se realizar uma seleção in vitro é necessário conhecer o grau de resistência da espécie estudada face ao fator de estresse, determinando-se as doses do agente estressor a serem adicionados ao meio de cultura. Neste caso, pode-se estudar a resposta em nível celular, utilizando-se assim calos. Neste contexto, conduziu-se este trabalho, com objetivo de determinar a dose resposta ao cloreto de sódio (NaCl), agente estressor utilizado para simular o estresse salino, em calos embriogênicos de duas variedades (SP 813250 e RB 72454) de cana-de-açúcar (Saccharum 95 officinarum L.) selecionando a variedade mais resistente pela ausência ou menor intensidade dos sintomas causados pelo sal. As variedades SP 813250 e RB 72454 foram selecionadas por serem contrastantes quanto a sua resistência ao estresse hídrico na condição de campo (BRITO et al., 2008) e por serem as variedades mais plantadas pela Usina Tavares de Melo que abastece o estado do Rio Grande do Norte em quase 90% com a produção sucro-alcooleira. MATERIAL E MÉTODOS Calos das duas variedade de cana-de-açúcar RB 72454 e SP 813250 com 3 meses foram obtidos de acordo com Brito et al. (2008) e inoculados em meio básico, composto por macro e micronutrientes do MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), vitaminas de White (WHITE, 1951), 0,1 g L-1 de inositol, 30 g L-1 de sacarose na ausência (controle) e presença de diferentes concentrações (50; 100; 200 mM) de cloreto de sódio (NaCl), agente utilizado para simular o estresse salino, durante 15 dias. O meio foi gelificado com 2 g L-1 de fitagel, o pH ajustado para 5,7 ± 0,1 e, em seguida, esterilizado em autoclave durante 20 min sob temperatura de 121º C e pressão igual a 1 atm. Foram distribuídos 20 mL do meio de cultura em placas de petri e inoculados 3 calos por placa. Utilizaramse 15 calos de cada variedade de cana-de-açúcar (SP 813250 e RB 72454) para cada concentração. O experimento foi mantido em sala de crescimento na ausência de luz e a temperatura ambiente 25ºC ± 3. Após 15 dias de estresse, características quantitativas tais como aspecto (compacto ou friável) e coloração (translúcido ou amarelado) dos calos, foram avaliadas. Em seguida, os calos foram transferidos para um meio de regeneração, com a mesma constituição básica sem adição de NaCl. Após um período de 21 dias de regeneração foram computados: a taxa de regeneração (%) e o número médio de brotos por calo. Os dados coletados foram submetidos à análise de variância e as medias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, para efeito de análise estatística, os valores foram transformados em arco seno ( x + 1,0). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 94-100, 2009 96 GOMES, I. A. et al. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na embriogênese somática indireta, características qualitativas tais como aspecto e coloração de calos são fundamentais para sua posterior conversão em plantas (GANDANOU et al., 2005b). Com relação ao aspecto dos calos, observa-se que após o estresse e independente da concentração de NaCl no meio, os calos da variedade SP 813250 apresentaram um bom desenvolvimento (expresso pela taxa de calos friáveis), não existindo assim um efeito do sal (Figura 1). Em todos os tratamentos foi observado uma taxa de friabilidade superior a 70%. A mesma resposta foi observada para a variedade RB 72454 (Figura 2 A-B) Quanto à coloração translúcida ou amarelada, observa-se que 100% dos calos da variedade SP 813250 apresentaram-se translúcidos, independente da concentração de sal utilizada. A mesma observação não pode ser feita para a variedade RB 72454, que apresentou um aumento crescente nas taxas de calos translúcidos em função de maiores concentrações salinas, sendo 100% para a concentração de 200 mM de NaCl. Adicionalmente, calos da variedade RB 72454 expostos a 0; 50 e 100mM de NaCl apresentaram porcentagens menores com relação a coloração translúcida quando comparados a todas as concentrações utilizadas para a variedade SP 813250 e quando utilizou-se 200 mM de NaCl para a variedade RB72454 (Figura 2 C-D). Tais resultados mostram claramente uma diferença de resposta celular entre as duas variedades. Provavelmente, essa diferença de resposta entre as variedades seja constitutiva, relacionada a características genéticas específicas decorrente da capacidade que cada uma tem de suportar a alta concentração de sal no meio. Diferentes trabalhos mostram que tanto a resposta in vitro (SCHWEEN & SCHWENKEL, 2003; ZALE et al., 2004), como a resposta ao sal é espécie dependente e, dentro de uma mesma espécie pode ser variedade dependente (GANDANOU et al., 2005a, 2006). Nos programas de melhoramento in vitro, é imperativo que a seleção ao agente estressor seja seguida da regeneração de plantas. Analisando a capacidade de regeneração dos calos em plântulas após o estresse, observa-se que independente da concentração de NaCl no meio, os calos oriundos da variedade SP 813250 apresentaram maiores taxa de regeneração quando comparados aos da variedade RB 72454, mesmo na ausência FIGURA 1 Calos de cana-de-açúcar da variedade SP 813250 tratados com cloreto de sódio, 0 mM (A), 50 mM (B), 100 mM (C) e 200 mM (D). Calos da variedade RB 72454 tratados com cloreto de sódio 0 mM (E), 50 mM(F), 100 mM (G) e 200 mM (H). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 94-100, 2009 Resposta de calos embriogênicos de cana-de-acúcar... RB 72454 A SP 813250 97 B a 100 100 a a a b b 100 mM 200 mM a 75 (%) 75 (%) b 50 50 25 25 0 0 0 mM 50 mM 100 mM 0 mM 200 mM 50 mM Concentração de NaCl Concentração de NaCl C a a a D a 100 120 a 100 75 b (%) (%) 80 50 c 60 cd 40 25 20 0 0 0 mM 50 mM 100 mM 200 mM 0 mM 50 mM Concentração de NaCl 100 mM 200 mM Concentração de NaCl FIGURA 2 Taxa de friabilidade (aspecto friável) de calos das variedades SP 813250 (A) e SP 72454 (B) e taxa de coloração (aspecto translúcido) de calos SP 813250 (C) e RB 72454 (D) em presença de quatro concentrações de NaCl ( 0, 50, 100 e 200 mM). Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. do estresse (controle). As maiores taxas de regeneração (100%) da variedade SP 813250 foram observadas em presença das concentrações mais elevadas (100 e 200 mM) do sal quando, comparadas às concentrações de 0 e 50 mM. Já nos calos da variedade RB 72454, houve uma redução significativa na taxa de regeneração nas doses de 50 e 200 mM (40 %). Os calos da variedade SP 813250 não foram afetados pelo sal nas maiores concentrações (100 e 200 mM), aparentemente a presença deste no meio de cultura estimulou a conversão dos calos em plântulas (Figura 3 A B). Isso pode indicar que os calos apresentaram uma maior resistência ao sal e/ou que as doses administradas não foram eficientes para induzir um estresse salino e inibir a formação de plântulas nesta variedade. Sabe-se que o estresse, dependendo do tipo e da intensidade, é um fator que desencadeia competência enbriogênica (BRITO et al., 2008; LUTTS et al., 1996). A diferença na resposta das variedades à indução de embriões somáticos e sua posterior conversão em plântulas pode estar relacionada a características genéticas específicas. Em estudos realizados por Brito et al. (2008) foi observada maior formação de radículas nos calos da variedade RB 72 454, indicando assim uma maior propensão dessa variedade a organogênese. Ao contrário, os calos variedade SP 813250 teve maior propensão a embriogênese somática. Desse modo, essas variedades podem responder de modo diferenciado à rota morfogénetica utilizada para a conversão de plantas e, ainda, ao tratamento com NaCl Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 94-100, 2009 98 GOMES, I. A. et al. utilizado para induzir um estresse salino. Trabalhos com cana-de-açúcar (GANDANOU et al., 2005a,b, 2006; GONZALEZ et al., 1995) e outras espécies como o arroz (HOQUE & MANSFIELD, 2004) e trigo (BIRSIN et al., 2004) reforçam a idéia de que tanto a regeneração como a resposta ao sal é cultivar e dose dependente (BASU et al., 2002; GONZÁLES et al., 1995; LUTTS et al., 1996). Para este trabalho, a correlação entre a taxa de regeneração e o aspecto dos calos, reforça que a resposta in vitro e a resposta ao sal é também cultivar e dose dependentes. Para a variedade SP 813250, calos friáveis e translúcidos submetidos a um estresse salino, durante 15 dias de exposição possuem uma maior capacidade de se converter em plântulas, quando comparadas com a variedade RB 72454. SP 813250 b RB 72454 A a 100 Outro indicador utilizado para avaliar a dose resposta de NaCl em calos de cana-de-açúcar foi o número médio de brotos por calo. Em uma seleção in vitro a taxa de regeneração, bem como o número médio de brotos por calo é fundamental na obtenção de um maior número de possíveis variantes somaclonais. Os maiores valores para o número médio de brotos por calo para a variedade SP 813250 foram obtidos em presença de 50 e 100 mM, dando origem a 8,2 e 8,0 brotos, respectivamente. Os calos da variedade RB 72454 apresentaram um número médio de regenerantes que variou entre 2,6 em 0 mM (menor) e 5,6 em 100 mM (maior). Tais resultados mostram claramente diferenças varietais, sugerindo que a resposta ao sal é cultivar e dose dependente (Figura 4 A-B). B a 100 b 75 75 (%) (%) a 50 25 a 50 b b 25 0 0 0 mM 50 mM 100 mM 200 mM 0 mM 50 mM 100 mM 200 mM Concentração de NaCl Concentração de NaCl FIGURA 3 Taxa de regeneração d calos das variedade SP 813250 (A) e RB 72454 (B) submetidos a quatro diferentes concentrações de NaCl ( 0, 50, 100 e 200 mM). Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. D C 10 10 a a b 8 Broto p/ calo Broto p/ calo 8 c 6 4 2 a 6 4 b b c 2 0 0 0 mM 50 mM 100 mM 200 mM 0 mM 50 mM Concentração de NaCl 100 mM 200 mM Concentração de NaCl FIGURA 4 Número médio de brotos por calo das variedades SP 813250 (C) e SP 72454 (B) submetidas a quatro diferentes concentrações de NaCl ( 0, 50, 100 e 200 mM). Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si a 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 94-100, 2009 Resposta de calos embriogênicos de cana-de-acúcar... Os resultados mostram por fim que o sal afeta a formação de calos embriogênicos e sua posterior regeneração e que, as variedades estudada, respondem de forma diferenciada. Aparentemente, e de acordo com os parâmetros avaliados, os calos oriundos da variedade SP 813250 são mais resistentes ao NaCl em comparação aos calos da RB 72454. Com relação à escolha da concentração de NaCl a ser utilizada em programas de melhoramento in vitro, fatores como aptidão in vitro e nível de resistência das variedades serão determinantes. CONCLUSÃO A presença de NaCl no meio de cultura afeta a embriogênese somática indireta em cana-de-açúcar e a resposta ao sal é cultivar e dose dependente. Os calos da variedade SP 813250 são mais resistentes ao NaCl em comparação aos calos da RB 72454. 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Mestranda da Universidade Federal de Sergipe Núcleo de Biotecnologia, Av. Marechal Rondon 49100-000 São Cristóvão, SE [email protected] 2 Eng. Agr. D. Sc. (in memorian) 3 Eng. Agr. D. Sc. Embrapa Tabuleiros Costeiros Cx. P. 44 CEP 49025-040 Aracaju, SE. [email protected] 4 Eng. Agr. D. Sc. Universidade Federal de Sergipe Av. Marechal Rondon 49100-000 São Cristóvão,SE [email protected] 5 Eng. Agr., M.Sc. Universidade Federal de Sergipe Av. Marechal Rondon 49100-000 São Cristóvão,SE [email protected] RESUMO Avaliou-se a eficiência da aplicação do estiolamento na micropropagação do abacaxi Imperial [Ananas comosus (L.) Merr], cultivar resistente a fusariose. O estiolamento in vitro ocorreu em meio MS nos tratamentos: T1- sem fitorregulador; T2- 1,86 mg L-1 de ácido nafataleno acético (ANA); T3- 1,75 mg.L-1 de ácido indol acético (AIA); T4- 2,03 mg L-1 de ácido indolbutírico (AIB); T5- 1,73 mg L-1 e T6- 0,86 mg L-1 de ácido giberélico (GA3) em delineamento inteiramente casualizado com seis tratamentos e quatro repetições. Os explantes foram inoculados em tubos de ensaio envoltos em papel alumínio e mantidos em sala de crescimento com intensidade luminosa de 52 µmol m-2 s-1, temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. A proliferação de brotos ocorreu na presença de luz em meio MS nos tratamentos: T1- sem fitorregulador, T2- 1,0 mg L-1 de BAP; T3- 2,0 mg L-1 de BAP; T4- 1,0 mg L-1 de BAP + 0,93 mg L-1 de ANA; T5- 2,0 mg L-1 de BAP + 1,86 mg L-1 de ANA; T6- 5,4 mg L-1; T7- 7,5 mg L-1 e T8- 9,7 mg L-1 de cinetina (CIN) em delineamento inteiramente casualizado com oito tratamentos e sete repetições. Na ausência de luz, o comprimento dos brotos aumentou em 100% aos 60 dias para todos os tratamentos. Na presença de luz, as taxas de multiplicação foram superiores quando se adicionou BAP isolado ou combinado com ANA. A elevação da concentração de ANA para 1,83 mg L-1 e de BAP para 2,0 mg L-1 proporciona um incremento de 68% na taxa de multiplicação. Termos para indexação: Ananas comosus, cultivo in vitro, taxa de multiplicação, regeneração. ABSTRACT It was evaluated the etiolation for micropropagation of the pineapple [Ananas comosus (L.) Merr] cultivar Imperial resistant to Fusarium rot. In vitro etiolation was induced in MS medium in the following treatments: T1- without phytoregulator (control); T2- 1.86 mg L-1 naphthalene acetic acid (NAA), T31.75 mg L-1 indole acetic acid (IAA), T4 - 2.03 mg L-1 indole butyric acid (IBA), T5- 1.73 and T6- 0.86 mg L-1 gibberellic acid (GA3), respectively, in a completely randomized design with six treatments and four replicates. The explants were inoculated in test tubes wrapped in aluminum foil and maintained in growth room with light intensity of 52 ìmol m-2 s-1, temperature of 25 ± 2º C and photoperiod of 12 hours. Shoot proliferation was induced under light conditions in MS medium in the following treatments: T1- without phytoregulator (control), T2- 1.0 mg L -1 benzylaminopurine (BAP), T3- 2.0 mg L-1 BAP, T4- 1.0 mg L 1 BAP + 0.93 mg L-1 NAA, T5- 2.0 mg L-1 BAP + 1.86 mg L-1 NAA, T6- 5.4 mg L-1, T7- 7.5 mg L-1 and T8- 9.7 mg L-1 kinetin (KIN) in completely randomized design with eight treatments and seven replicates. In the absence of light, shoot length increased 100% at 60 days for all treatments. Under light conditions, multiplication rate were higher when BAP was added isolated or combined with NAA. With the increase of NAA concentration to 1.83 mg L-1 and BAP to 2.0 mg L-1, an increase of 68% was observed in the multiplication rate. Index terms: Ananas comosus, in vitro culture, multiplication rate, regeneration. INTRODUÇÃO O abacaxizeiro, Ananas comosus (L.) Merr, é uma espécie frutífera de grande importância econômica e social cultivada em mais de 70 países de clima tropical e subtropical. O Nordeste do Brasil destaca-se como a principal região produtora de abacaxi, além de apresentar a maior área colhida, com uma produção de 1.353.431 toneladas de frutos em 26.105 hectares (AGRIANUAL, 2008). A fusariose, doença causada pelo fungo Fusarium subglutinans (Wollen & Reinking) P.E. Nelan, que ataca o abacaxizeiro tanto na fase vegetativa quanto produtiva, está presente no Brasil em todas as regiões produtoras, (Recebido em 15 de maio de 2009 e aprovado em 2 de agosto de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 102 SANTOS, M. da C. et al. sendo que as cultivares Pérola e Smooth Cayenne são suscetíveis (CABRAL & MATOS, 2005). A cultivar Imperial é um híbrido resultante do cruzamento do abacaxi Perolera com o Smooth Cayenne que, por ser resistente a fusariose, apresentar frutos de boa qualidade e evidenciar bom desempenho agronômico em três ciclos de avaliação, foi lançado pela Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em 2003 (CABRAL & MATOS, 2005). Além disso, as mudas de abacaxizeiro representam 30% do custo de produção e, sendo assim, assume grande importância à utilização de um método eficiente, seguro e de baixo custo para a produção de mudas micropropagadas (ALBUQUERQUE et al., 2000; GUERRA et al., 1999; REINHARDT, 1998). Nesse sentido, técnicas de cultura de tecidos vegetais estão sendo aplicadas para a propagação clonal de variedades melhoradas. A micropropagação além de disponibilizar maior quantidade de mudas em curto tempo e um alto rendimento por explante permite o controle total das condições ambientais durante a propagação e a preservação de plantas matrizes sem riscos de infecção (BARBOZA & CALDAS, 2001; MOREIRA et al., 2003; PASQUAL et al., 1998, 2001). Na produção de plantas in vitro de abacaxizeiro, tem sido utilizada como metodologia básica a desfolha das mudas, desinfestação do caule com hipoclorito de sódio, retirada de gemas em ambiente asséptico, inoculação em meio nutritivo e crescimento em condições ambientais controladas para que ocorra a indução e multiplicação de brotos (ALMEIDA et al., 2002; MACÊDO et al., 2003; MOREIRA et al., 2003). A manutenção da identidade genotípica é indispensável para a propagação em massa de genótipos selecionados e novas cultivares. A aplicação de métodos alternativos para a propagação rápida de abacaxizeiro, como o alongamento de brotos induzidos in vitro por meio de estiolamento tem sido alvo de estudos (BARBOZA & CALDAS, 2001; DIAS et al., 2008; KISS et al., 1995; MOREIRA et al., 1999, 2003; PRAXEDES et al., 2001). O estiolamento é o desenvolvimento de brotos, ramos ou partes desses em ausência de luz, o que causa o crescimento, geralmente alongado e com coloração amarela ou branca, em razão da ausência de clorofila (HARTMANN & KESTER, 1990). No escuro, os entrenós do talo da plântula do abacaxizeiro se alongam, separando os nós que, normalmente, em presença de luz, permanecem próximos uns aos outros. Para fins de micropropagação, a separação dos nós facilita o desenvolvimento de gemas axilares e a manipulação de plântulas regeneradas (BARBOZA & CALDAS, 2001). Alguns resultados da aplicação do estiolamento para cultivares comerciais de abacaxizeiro são promissores e apontam que esse método tem a vantagem de evitar injúria na zona de regeneração e impedir a formação de calo o que poderia aumentar o aparecimento de variantes. Conduziu-se este trabalho, com objetivo de avaliar a eficiência do estiolamento para a produção de mudas in vitro de abacaxi Imperial . MATERIAL E MÉTODOS Os trabalhos foram desenvolvidos no Laboratório de Cultura de Tecidos de Plantas da Embrapa Tabuleiros Costeiros, em Aracaju, SE, utilizando o abacaxizeiro cultivar Imperial. Para os estudos de estiolamento caulinar, utilizaramse brotações adventícias in vitro desenvolvidas a partir de material vegetal proveniente do Banco Ativo de Germoplasma de abacaxi da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical. O meio de cultura básico usado para todos os experimentos foi o MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) suplementado com sacarose a 30 g L-1 e gelificado com ágar a 7 g L-1. O pH do meio foi ajustado para 5,8 ± 0,1 antes da autoclavagem, que foi realizada a 120ºC, por 15 minutos. O preparo dos explantes e a inoculação no meio de cultura ocorreram em condições assépticas e as culturas mantidas em sala de crescimento com intensidade luminosa de 52 µmol m-2 s-1, temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. Brotações adventícias in vitro, com comprimento médio de 7,0 cm, foram desfolhadas e inoculadas Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 Efeito do estiolamento na micropropagação de abacaxi... individualmente em tubo de ensaio, envoltos em papel alumínio para simular a ausência de luz, contendo 10 mL de meio MS. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com seis tratamentos: T1- sem regulador de crescimento; T2- 1,86 mg L-1 de ácido nafataleno acético (ANA); T3- 1,75 mg L-1 de ácido indol acético (AIA); T42,03 mg L-1 de ácido indolbutírico (AIB); T5- 1,73 mg L-1 e T6- 0,86 mg L-1 de ácido giberélico (GA3), com quatro repetições e três explantes por repetição. Aos 30 e 60 dias após a inoculação foi avaliado o número de brotos estiolados por explante, número de nós por broto estiolado e comprimento de brotos. Para a indução e proliferação de brotos, utilizaramse segmentos nodais estiolados in vitro, dos quais foram retiradas as raízes e o meristema apical e, logo após, foram transferidos dois segmentos nodais por placa de Petri, contendo 25 mL de meio MS. Foram testados oito tratamentos: T1- sem fitorregulador de crescimento, T21,0 mg L-1 de benzilaminopurina (BAP); T3- 2,0 mg L-1 de BAP; T4- 1,0 mg L-1 de BAP + 0,93 mg L-1 de ácido naftaleno acético (ANA); T5- 2,0 mg L-1 de BAP + 1,86 mg L-1 de ANA; T6- 5,4 mg L-1; T7- 7,5 mg L-1 e T8- 9,7 mg L-1 de cinetina (CIN). Esses tratamentos foram definidos, tomando como base resultados obtidos por Barboza & Caldas (2001) acrescidos de novas concentrações e reguladores de crescimento, a fim de se confrontar resultados referentes às respostas genotípicas para esta nova variedade de abacaxi. As culturas foram mantidas em sala de crescimento com intensidade luminosa de 52 µmol m-2 s-1, temperatura de 25 ± 2ºC e fotoperíodo de 12 horas. O delineamento experimental foi inteiramente ao acaso com oito tratamentos e sete repetições, com três brotos estiolados por repetição. Aos 30 e 60 dias após inoculação, foi avaliado o número de nós com proliferação de gemas. A estimativa da taxa de multiplicação foi obtida aos 60 dias após a última avaliação do potencial de nós em proliferar gemas em diferentes tratamentos, quando todo material foi transferido para frascos com capacidade para 250 mL com meio MS sem fitorregulador para alongamento 103 dos brotos. Após 50 dias em meio MS sem regulador de crescimento procedeu-se a individualização dos brotos e avaliação da taxa de multiplicação por nó e por secção estiolada, em cada ciclo de cultivo (estiolamento, proliferação e alongamento de brotos em secções nodais), que ocorreu em um período de seis meses. Tomando por base o número de brotos obtidos em cada tratamento, em dois ciclos de cultivo (estiolamento, proliferação e alongamento de brotos), aos seis e doze meses após inoculação, foi estimado o número total de mudas produzidas por explante inicial (plântula desenvolvida de gema axilar) e por muda do tipo filhote. Para cada muda filhote foram consideradas, em média, 13 gemas axilares. As médias das variáveis foram submetidas à análise de variância e, quando significativas, comparadas pelo teste de Duncan a 5% de probabilidade. RESULTADOS E DISCUSSÃO As diferentes concentrações de auxinas e giberelina não influenciaram, significativamente, a emissão de brotações caulinares estioladas em explantes de abacaxi cv. Imperial , aos 30 e 60 dias de cultivo na ausência de luz (Tabela 1). Houve diferença significativa para número de nós por broto aos 30 dias de inoculação. Na ausência de regulador de crescimento, observou-se maior valor numérico para o rendimento de nós por broto estiolado (2,43). Aos 60 dias de cultivo, apesar de não terem sido detectadas diferenças significativas entre os tratamentos, observou-se maiores valores no número de nós/broto estiolado (Tabela 1) e no comprimento dos brotos (Tabela 2). O incremento no comprimento dos brotos, no intervalo entre os 30 e 60 dias de cultivo, foi superior a 100% em todos os tratamentos mostrando uma relação direta com o número de nós/broto (Tabelas 1 e 2). Tendo em vista que a proliferação de gemas ocorre em nós dos brotos estiolados, esta variável é importante para a fase subsequente deste protocolo de micropropagação, podendo ser correlacionada com aumento da taxa de multiplicação. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 104 SANTOS, M. da C. et al. TABELA 1 Número médio de brotos estiolados/explante e número de nós/broto de abacaxi cv. Imperial em diferentes tratamentos aos 30 e 60 dias de cultivo na ausência de luz. Aos 30 dias Tratamentos Aos 60 dias Brotos estiolados/explante Número de nós/broto Brotos estiolados/explante Número de nós/broto sem fitorregulador 1,80 a 2,43 a 2,20 a 3,51 a -1 1,47 a 2,09 ab 2,00 a 3,76 a -1 2,00 a 1,74 b 1,93 a 3,53 a -1 1,53 a 1,83 b 2,00 a 3,60 a -1 1,21 a 2,00 ab 1,71 a 3,30 a -1 GA3 0,86 mg L 1,23 a 1,75 b 1,54 a 4,00 a CV (%) 36,6 23,6 25,6 28,8 ANA 1,86 mg L AIA 1,75 mg L AIB 2,03 mg L GA3 1,73 mg L Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p 0,05) TABELA 2 Comprimento médio de brotos estiolados de abacaxi cv. Imperial em diferentes tratamentos aos 30 e 60 dias de cultivo na ausência de luz. Comprimento dos brotos estiolados (cm) Tratamento 30 dias 60 dias sem fitorregulador 2,02 a 4,98 a -1 2,27 a 5,85 a -1 2,39 a 4,97 a -1 2,14 a 5,24 a -1 2,82 a 4,67 a -1 GA3 0,86 mg L 2,32 a 5,15 a CV (%) 33,4 34,7 ANA 1,86 mg L AIA 1,75 mg L AIB 2,03 mg L GA3 1,73 mg L Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p Trabalhando com o abacaxi PE x SC - 52, Barboza & Caldas (2001) não observaram efeito significativo para número de brotos estiolados por explante e para o comprimento médio dos brotos estiolados, aos 35 dias após cultivo em ausência de luz. No entanto, o número de nós por broto na presença de 1,86 mg L-1 de ANA e 1,75 mg L1 de AIA (6,7 e 6,2, respectivamente) foi superior ao obtido no presente trabalho. Kiss et al. (1995) alcançaram uma média de 7,0 nós por broto, após 30 a 35 dias de estiolamento, utilizando explantes da cultivar Smooth Cayenne em meio suplementado com 1,86 mg L-1 de ANA. 0,05). Na multiplicação in vitro de Cattleya x mesquitae por estiolamento, Ramos & Carneiro (2007) observaram que para a altura da brotação principal não houve diferença significativa para três concentrações ANA e de BAP testadas. Suzuki (1999) também relata que plantas de Catasetum fimbriatum Rchb. f. apresentavam caules significativamente maiores quando mantidas na ausência de luz, independente da natureza do regulador de crescimento e das concentrações utilizadas. As giberelinas estimulam o crescimento do caule por promover tanto o alongamento quanto a divisão celular Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 Efeito do estiolamento na micropropagação de abacaxi... e fatores ambientais como o fotoperíodo, temperatura, presença de auxina no ápice caulinar e níveis endógenos desse fitorregulador regulam sua própria síntese (TAIZ & ZEIGER, 2004). A adição de giberelinas exógenas em tecidos vegetais leva a um incremento dos níveis endógenos de auxinas e, consequentemente, ao alongamento das hastes em muitas espécies (VALDOVINOS et al., 1967). Neste trabalho não se observaram efeitos significativos da giberelina. Na obtenção de segmentos nodais estiolados do abacaxizeiro híbrido PE x SC - 60, maiores hastes foram obtidas em meio MS suplementado com 1,0 mg L-1 de ANA (9,7 cm), aos 90 dias de cultivo (SOUZA et al., 2007). Os autores também relatam que os tratamentos com GA3 não diferiram da testemunha. Em estudos de estiolamento caulinar in vitro de abacaxi cv. Pérola, Moreira et al. (2003) obtiveram maior taxa de multiplicação em meio MS suplementado com 1,8 mg L-1 de ANA + 2 mg L-1 de BAP, aos 40 dias de cultivo, na ausência de luz. Os autores relatam expressiva presença de calos na base do explante. Na otimização de um protocolo de micropropagação via segmentos nodais é preferida a obtenção de maior número de nós por broto, 105 sem formação de calos, tanto na fase escura quanto na clara. Neste trabalho, o uso de citocinina, para a proliferação de brotos em segmentos nodais estiolados, ocorreu apenas na presença de luz. Os segmentos nodais estiolados in vitro cultivados na presença de diferentes concentrações de reguladores de crescimento apresentaram diferentes potenciais de proliferação de gemas e desenvolvimento de brotos (Tabela 3, Figura 1). Em cada segmento caulinar estiolado, o número de nós que proliferaram gemas variou entre tratamentos e em um mesmo tratamento, aos 30 e 60 dias após inoculação. Segundo Grattapaglia & Machado (1998) gemas axilares podem não apresentar a mesma razão de multiplicação in vitro; enquanto algumas gemas apresentam maior e mais rápido potencial de multiplicação, outras têm potencial de multiplicação mais lento. Na regeneração dos segmentos estiolados em presença de luz, o uso de BAP isolado ou combinado com ANA foi eficiente para indução e proliferação de gemas em segmentos nodais estiolados, independente da concentração utilizada, observando-se melhores resultados para 2 mg L-1 BAP + 1,86 mg L-1 ANA aos 30 e 60 dias. A TABELA 3 Efeito de diferentes tratamentos na proliferação de gemas em segmentos nodais estiolados de abacaxi cv. Imperial aos 30 e 60 dias após inoculação. Número de nós com proliferação de gemas Tratamentos sem fitorregulador -1 BAP 1 mg L -1 BAP 2 mg L Aos 30 dias Aos 60 dias 1,0 d 1,7 c 2,1 bc 2,8 bc 2,6 ab 3,0 b -1 -1 2,6 ab 3,0 b -1 -1 BAP 2 mg L + ANA 1,86 mg L 3,2 a 4,0 a CIN 5,4 mg L-1 1,0 d 1,1 d -1 CIN 7,5 mg L 1,7 c 1,9 c CIN 9,7 mg L-1 1,7 c 2,1 c CV (%) 27 20 BAP 1 mg L + ANA 0,93 mg L Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 0,05). 106 SANTOS, M. da C. et al. A B C D FIGURA 1 Proliferação de brotos em secções nodais estioladas de abacaxi cv. Imperial sob diferentes tratamentos. A - BAP 1 mg L-1; B - BAP 2 mg L-1 + ANA 1,86 mg L-1; C - BAP 2 mg L-1; D - Planta alongada in vitro aos 60 dias após a inoculação. cinetina foi pouco efetiva obtendo-se, aos 60 dias, valores estatisticamente iguais àqueles observados em meio de cultura sem fitorregulador (Tabela 3). A dificuldade em quebrar a dominância apical dos brotos estiolados para indução de gemas foi observada por Moreira et al. (2003) que propõem a individualização de cada nó. As taxas de multiplicação por nó e por segmento estiolado na presença de BAP foram superiores quando comparadas às obtidas em meio com cinetina e sem fitorregulador (Tabela 4), discordando dos resultados obtidos por Barboza & Caldas (2001) para o híbrido PE X SC-52. Os autores obtiveram melhor taxa de multiplicação na presença de BAP, cinetina e ANA + BAP não houve diferença estatística no número de plântulas regeneradas por nó em brotos com cinco ou mais nós por segmento estiolado e o tratamento sem reguladores de crescimento teve a menor regeneração de plântulas por nó. Aos 30, 45 e 60 dias de cultivo, o número de plântulas regeneradas por nó de Ananas comosus var. an an asso id es, n ão d iferiu entre si em d iv ersas co ncen trações de B A P, en tretan to em meio s suplementados com 4,44 e 8,88 µM de BAP observaram-se maiores valores para número de plantas por nó (DIAS et al., 2008). Segundo Rocca & Mroginski (1991), o BAP é uma das citocininas mais utilizadas na indução de brotos, entretanto, a concentração recomendada varia consideravelmente entre os laboratórios que trabalham com a micropropagação do abacaxi. Quando aumentaram as concentrações de BAP e ANA ocorreu à formação de massas de gemas por nó, indicando a formação de gemas adventícias, o que promoveu um incremento nas taxas de multiplicação por nó e por segmento estiolado nestes tratamentos. Em presença de CIN, as taxas de multiplicação foram bastante Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 Efeito do estiolamento na micropropagação de abacaxi... 107 TABELA 4 Taxa de multiplicação média de abacaxi cv. Imperial por nó (TMN) e por segmento nodal estiolado (TMS) em diferentes tratamentos. Tratamentos para Proliferação de Gemas sem fitorregulador Taxa de multiplicação TMN TMS 0,4 de 2,5 de -1 BAP 1 mg L 1,3 c 8,2 cd BAP 2 mg L-1 1,7 c 10,9 c -1 -1 4,1 b 23,0 b -1 -1 6,9 a 34,0 a BAP 1 mg L + ANA 0,93 mg L BAP 2 mg L + ANA 1,86 mg L -1 CIN 5,4 mg L 0,3 e 1,4 e CIN 7,5 mg L-1 0,4 de 2,2 de CIN 9,7 mg L-1 0,4 de 2,2 de CV (%) 36 35 Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p reduzidas, não justificando a utilização das concentrações testadas no presente trabalho para multiplicação da variedade Imperial (Tabela 4). Submetendo dois genótipos de abacaxi, a cultivar Smooth Cayenne e o híbrido PE x SC - 52, a diferentes combinações de fitorreguladores para multiplicação in vitro, utilizando o método de micropropagação convencional, Barboza et al. (2004), obtiveram variação nas taxas de multiplicação dos genótipos, em um mesmo tratamento, sugerindo diferenças genotípicas na resposta à indução morfogenética in vitro. A necessidade de otimização de um protocolo para cada variedade também foi evidenciada em trabalho realizado por Guerra et al. (1999), usando a cultivar Perolera que produziu, em média, um maior número de broto/explante do que a cultivar Primavera, quando submetidas a um mesmo protocolo. Neste trabalho, maior eficiência na multiplicação in vitro, em dois ciclos de cultivo foi obtida quando se utilizaram 2 mg L-1 de BAP + 1,86 mg L-1 de ANA. Aplicando-se as taxas de multiplicação obtidas nos diferentes tratamentos em dois ciclos de estiolamento, proliferação de gemas e alongamento de brotos, verificase que do total de brotos produzidos ao final de 12 meses, em todos os tratamentos, 61% foram 0,05). provenientes do meio de cultura suplementado com 1,86 mg L-1 de ANA + 2 mg L-1 de BAP (Tabela 5). O melhor desempenho das culturas em comprimento de brotos estiolados e o número de nós por broto foram de fundamental importância para a obtenção de melhores taxas de multiplicação. Quando se utilizou 0,93 mg L-1 de ANA combinado com 1 mg L -1 de BAP a taxa de multiplicação e, consequentemente, o número de brotos foi, aproximadamente, três vezes maior que os valores obtidos em presença apenas 2 mg L-1 de BAP (Tabelas 4 e 5). A elevação da concentração de ANA para 1,86 mg L-1 e de BAP para 2 mg L-1 proporcionou um incremento de aproximadamente 68% em relação aos valores obtidos em menor concentração desses fitorreguladores. Na multiplicação in vitro de Cattleya x mesquitae Ramos & Carneiro (2007) relatam um aumento de 75% na produção de novos explantes em meio suplementado com BAP 0,5 mg L -1 comparativamente àquele na ausência de fitorreguladores. A adição de concentrações mais elevadas de BAP e ANA ao meio de cultura determinou maior produção de brotos de abacaxizeiro da variedade Pérola (Macêdo et al., 2003). Respostas similares foram obtidas por Dalvesco et al. (2000) e Guerra et al. (1999) em outras Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 108 SANTOS, M. da C. et al. TABELA 5 Estimativa do número de brotos produzidos por gema axilar e por muda do tipo filhote, em cada tratamento, tomando como base a taxa de multiplicação por segmento nodal estiolado. Rendimento em Brotos (n°) Tratamentos Gema Axilar Muda Filhote Aos 6 meses (primeiro ciclo) sem fitorregulador -1 BAP 1 mg L -1 BAP 2 mg L 5c 65 d 16 b 208 c 22 ab 283 c -1 -1 46 ab 598 b -1 -1 BAP 1 mg L + ANA 0,93 mg L BAP 2 mg L + ANA 1,86 mg L 68 a 884 a -1 CIN 5,4 mg L 3c 36 d CIN 7,5 mg L-1 4c 57 d -1 CIN 9,7 mg L 4c 57d CV (%) 36,5 31,2 Aos 12 meses (segundo ciclo) sem fitorregulador -1 BAP 1 mg L -1 BAP 2 mg L 12 d 162 d 134 c 1.748 c 237 c 3.089 c -1 -1 1.058 a 13.754 b -1 -1 BAP 2 mg L + ANA 1,86 mg L 2.312 a 30.056 a CIN 5,4 mg L-1 4d 51 e -1 10 d 126 d -1 CIN 9,7 mg L 10 d 126 d CV (%) 48,7 42,7 BAP 1 mg L + ANA 0,93 mg L CIN 7,5 mg L Médias seguidas da mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de Duncan (p variedades de abacaxi. Moreira et al. (2003), trabalhando com a cultivar Pérola obtiveram maior taxa de multiplicação, utilizando brotos onde os ápices foram retirados. O uso do meio MS líquido e o seccionamento das brotações contribuíram para o aumento da taxa de multiplicação da cultivar Pérola (Almeida et al., 2002). Segundo os autores, pode-se obter até 161.080 plântulas de abacaxi, no final de oito meses, partindo de uma única planta com oito filhotes e dez gemas axilares/filhote. Para a produção de mudas in vitro, em escala comercial, os acréscimos obtidos na taxa de multiplicação e no rendimento em brotos são fatores de grande 0,05). importância para uma tomada de decisão quanto ao tipo e concentração de citocinina a serem utilizados. CONCLUSÕES 1. A taxa de proliferação de gemas por nó e por segmento nodal estiolado in vitro de abacaxi cv. Imperial varia em função de tipos e concentrações de reguladores de crescimento e apresenta diferentes potenciais de desenvolvimento de brotos. 2. Em meio de cultura MS suplementado com 1,86 mg L-1 de ANA e 2 mg L-1 de BAP obtém-se maior taxa de multiplicação por nó e por segmento estiolado de abacaxi cv. Imperial e maior rendimento na produção de mudas micropropagadas. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 Efeito do estiolamento na micropropagação de abacaxi... AGRADECIMENTOS Ao Sergipe Parque Tecnológico e Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe pela concessão de bolsas de iniciação científica e a Embrapa Tabuleiros Costeiros pelo aporte de recursos financeiros e infraestrutura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIANUAL. Anuário estatístico da agricultura brasileira. São Paulo: Instituto FNP, 2008. ALBUQUERQUE, C. C.; CAMARA, T. R.; MENEZES, M.; WILLADINO, L.; MEUNIER, I.; ULISSES, C. Cultivo in vitro de ápices caulinares de abacaxizeiro para limpeza clonal em relação à fusariose. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 57, n. 2, p. 363-366, abr./jun. 2000. ALMEIDA, W. A. B. de; SANTANA, G. S.; RODRIGUEZ, A. P. M.; COSTA, M. A. P. de C. Optimization of a protocol for the micropropagation of pineapple. 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Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 101-110, 2009 CINETINA, ÁCIDOCinetica, GIBERÉLICO BAP NA deINDUÇÃO DE EMBRIÕES ácido giberélico eEbap na indução embriões... 111 SOMÁTICOS A PARTIR DE ANTERAS DE CAFEEIRO Coffea arabica L. KINETIN, GIBBERELLIC ACID AND BAP IN THE FORMATION OF SOMATIC EMBRIOS FROM COFFEE (Coffea arabica L.) ANTHERS LEANDRO DE OLIVEIRA LINO1, JOSÉ MAGNO QUEIROZ LUZ2, ISRAEL VIEIRA NAVES1, TATIANA MICHLOVSKÁ RODRIGUES3, LETÍCIA DE ARAÚJO DIAS1, ALCIONE DA SILVAARRUDA4 1 Graduando do Curso de Agronomia Universidade Federal de Uberlândia/UFU Campus Umuarama 38400-902 Uberlândia, MG [email protected]. 2 Professor Associado II do Instituto de Ciência Agrárias Universidade Federal de Uberlândia /ICIAG UFU Av. Amazonas s/n Campus Umuarama 38400-902 Uberlândia, MG [email protected] 3 Pós-Doutoranda do Instituto de Ciência Agrárias Universidade Federal de Uberlândia/ICIAG UFU Av. Amazonas SN Campus Umuarama 38400-902 Uberlândia, MG [email protected] 4 Professora do Instituto de Genética e Bioquímica Universidade Federal de Uberlândia/UFU Av. Amazonas SN Campus Umuarama 38.400-902 Uberlândia, MG [email protected] RESUMO Objetivando determinar a influencia de diferentes concentrações de cinetina, GA3 e BAP na formação e regeneração de embriões somáticos de Coffea arabica L., inocularam-se anteras da cultivar Catuaí Vermelho 44 em meio MS suplementando com BAP (0, 1, 2, 4 mg L-1) em combinação com 2,4-D (1; 2 e 4 mg L1 ). Para cultivar Catuaí Vermelho 99 o meio foi acrescido de diferentes concentrações de Cinetina (1, 2, 4 e 8 mg L-1) e GA3 (0,1, 0,2 e 0,4 mg L-1). Calos primários do cultivar Catuaí Vermelho 99 foram transferidos para meio de cultura MS suplementado com 8 mg L-1 de ANA, 1 mg L-1 de AIB, 2 mg L-1 de GA3 e 2 mg L-1 de Cinetina, testando quatro concentrações de BAP (1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 mg L-1). Utilizou-se um delineamento inteiramente casualizado em fatorial (4x3), sendo 4 as concentrações de BAP e 3 de 2,4-D, avaliando porcentagem de calos embriogênicos. Para cultivar Catuaí Vermelho 44 recomenda-se o uso de meio MS acrescido 2,0 mg L-1 de 2,4-D e 2,31 mg L-1 de BAP para formação de calos embriogênicos. Para cultivar Catuaí Vermelho 99, a cinetina e o GA3 apresentaram diferenças na indução e regeneração de embriões, obtendo 73% de calos embriogênicos. Apesar da contribuição dos reguladores de crescimento ao meio de cultura para o desenvolvimento de calos embriogênicos, nas circunstâncias citadas neste trabalho não houve formação de embriões somáticos a partir de anteras de Coffea arabica L. Termos para indexação: Coffea arabica, reguladores de crescimento, androgênese, cultivo in vitro. ABSTRACT With the objective to establish the influence of different concentrations of kinetin, GA3 and BAP on the development and regeneration of Coffea arabica L. somatic embryo, anthers of Catuaí Vermelho 44 cultivar were inoculated in MS supplemented with BAP (0; 1; 2 and 4 mg L-1) combined with 2,4-D (1; 2 and 4 mg L1 ). In order to cultivate Catuaí Vermelho 99, different concentrations of kinetin (1; 2; 4 and 8 mg L-1) and GA3 (0.1; 0.2 and 0.4 mg L-1) were used. Primary callus of Catuaí Vermelho 99 cultivar were transferred to MS supplemented with 8 mg L-1 NAA, 1 mg L-1 AIB, 2 mg L-1 GA3 and 2 mg L-1 kinetin testing four concentrations of BAP (1.0; 1.5; 2.0 and 2.5mg L-1). An entire randomized factorial (4x3) was used with four BAP concentrations and three 2,4-D concentrations, in order to evaluate the percentage of embryogenic callus. For Catuaí Vermelho 44 cultivar, use of MS supplemented with 2.0 mg L-1 2,4-D and 2.31 mg L-1 BAP is recommended to form embryogenic callus. For Catuaí Vermelho 99 cultivar, kinetin and GA3 show some differences on the induction and regeneration of embryos obtaining 73% of embryogenic callus. Despite the contribution of growth regulators for the development of embryogenic callus, in the condition of this study no somatic embryos were formed from Coffea arabica L. anthers. Index terms: Coffea arabica, development regulators, androgenesis, in vitro culture. INTRODUÇÃO O sucesso da cafeicultura deve-se, em parte, aos avanços obtidos nos trabalhos de melhoramento genético, disponibilizando, com os resultados, variedades melhoradas, adaptadas às diferentes regiões e aos sistemas de cultivo, com elevada produtividade de grãos (ALMEIDA et al., 2000). O melhoramento do cafeeiro (Coffea arabica L.) é realizado por meio de hibridações seguidas de seleção de populações segregantes pelo método genealógico, finalizando com a obtenção de linhagens, o que leva aproximadamente trinta anos. No entanto, este tempo pode ser reduzido por meio da obtenção de haplóides em gerações segregantes. (Recebido em 17 de março de 2009 e aprovado em 18 de agosto de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 111-117, 2009 112 LINO, L. de O. et al. Sendo uma espécie perene, de ciclo longo e porte arbustivo, as práticas de melhoramento genético são dificultadas, principalmente, pelo tempo e pela extensão da área experimental necessários ao desenvolvimento das variedades (ALMEIDA et al., 2000). A técnica de culturas de anteras pode facilitar e adiantar o melhoramento genético das culturas, o que leva à rápida produção de plantas homozigóticas por meio da duplicação do número de cromossomos em uma única etapa, substituindo, assim, as várias gerações de autofecundação (PALÚ et al., 2004). Essa técnica já foi empregada para a regeneração de calos e embrióides de plantas em aproximadamente 247 espécies, 88 gêneros e 34 famílias. De acordo com Georg & Sherrington (1984), a técnica consiste em cultivar anteras imaturas em meio de cultura apropriada e sob condições ambientais adequadas, para desviar a rota normal de desenvolvimento dos micrósporos, levando-os a formação de células vegetativas. A indução e regeneração de embriões são determinadas pela composição do meio de cultura e pelos reguladores de crescimento contidos no mesmo. Os reguladores de crescimento são substâncias orgânicas que atuam sobre o desenvolvimento e sobre alguns tipos de organogênese, regulando ainda, o comportamento in vitro da planta (PALÚ et al., 2004), sendo indispensáveis em qualquer técnica de cultura de tecidos. As auxinas e as citocininas representam os dois principais grupos de reguladores. As auxinas são responsáveis pelo crescimento vegetal (podem também inibir o crescimento, dependendo da concentração na qual aparecem no vegetal), e ainda podem ser responsáveis pela abscisão das folhas e pela formação dos frutos. As auxinas mais utilizadas para promover a androgênese são: o 2,4-D (ácido 2,4-diclorofenoxiacético), ANA (ácido nafetalenoacético), AIA (ácido indolil-3-acético) e o AIB (ácido indolil-3-butírico). As citocininas são reguladores vegetais que participam ativamente dos processos de divisão e diferenciação celular, sendo a 6-benzilaminopurina (BAP) umas das mais utilizadas. Ao contrário das citocininas que aumentam a produção de etileno, mas com menor efeito quando comparado com as auxinas, as giberelinas diminuem a produção de etileno (LUZ, 1995). No Brasil, o C. arabica já apresenta alguns resultados com relação à aplicação da cultura de anteras, sendo que estes definiram a calogênese e a indução de embrióides nos estágios iniciais de desenvolvimento, no entanto, necessita-se de maior indução e, principalmente, regeneração de embriões somáticos. A fim de contribuir com os estudos nessa cultura, objetivou-se determinar a influencia de diferentes concentrações de cinetina, GA3 e BAP na formação e regeneração de embriões somáticos a partir de calos provenientes de anteras de Coffea arabica L. MATERIAL E MÉTODOS Os experimentos foram conduzidos no Laboratório de Biotecnologia do Instituto de Ciências Agrárias da Universidade Federal de Uberlândia, MG. Foram utilizados cultivares de cafeeiro Coffea arabica L.: Catuaí Vermelho 44 e Catuaí Vermelho 99, provenientes da Fazenda Experimental do Glória da Universidade Federal de Uberlândia. Os botões florais foram coletados pela manhã e medidos com um paquímetro com tamanho de 4,5 a 6,0 mm que correspondem a anteras contendo micrósporos uninucleados. Os mesmos foram desinfestados em solução de álcool 70% por trinta segundos e solução de hipoclorito de sódio 1% de cloro ativo por quinze minutos, mantidos sob agitação e em fluxo laminar. Após esse procedimento, foram lavados três vezes em água destilada e autoclavada. As anteras foram retiradas com auxílio de pinças finas e bisturi, previamente esterilizados, sob luz de um microscópio estereoscópio em aumento de quarenta vezes. Concentrações de BAP e 2,4-D na indução de calos na cv. Catuaí Vermelho 44 As anteras foram inoculadas em tubos de ensaio contendo o meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 111-117, 2009 Cinetica, ácido giberélico e bap na indução de embriões... suplementado com BAP em diferentes concentrações (0,0; 1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1) em combinação com diferentes concentrações de 2,4-D (1,0; 2,0 e 4,0 mg L-1) e 30,0 g L-1 de sacarose. O meio foi solidificado com 7 g L-1 de ágar e o pH ajustado em 5,7, antes da autoclavagem. A incubação foi realizada em sala de crescimento, sob condição de obscuridade, com temperatura de 26 ± 2°C. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado, em fatorial com 4 concentrações de (BAP) x 3 concentrações de (2,4-D), com quatro repetições por tratamento, sendo cada repetição composta por três tubos de ensaios contendo um explante (antera) por tubo. A avaliação foi realizada aos 90 dias após a inoculação, observando a porcentagem de calos embriogênicos. Concentrações de Cinetina e Ácido Giberélico (GA3) na indução de calos embriogênicos na cultivar Catuaí Vermelho 99. 113 Cada tratamento composto por dez repetições, constituídas de frascos com 30 mL de meio e um explante (calo) por frasco, totalizando 40 frascos que permaneceram em sala de crescimento com temperatura de 26ºC, sob condições de obscuridade, até o fim do experimento. Após 112 dias, foram avaliados o diâmetro e a porcentagem de calo com formação de embriões somáticos. Todos os dados obtidos foram submetidos à análise estatística, com aplicação do teste F a 5% de probabilidade. Para cultivar Catuaí Vermelho 99, utilizou se, para análise, a comparação de médias no programa estatístico Sisvar® (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Concentrações de BAP e 2,4-D na indução de calos na cv. Catuaí Vermelho 44 Foram verificadas diferenças significativas para a As anteras foram inoculadas em meio MS com 1 mg L de BAP e 2 mg L-1 de 2,4-D, o meio foi solidificado com 0,7% de ágar e o pH foi ajustado em 5.7, antes da autoclavagem. Os calos obtidos foram transferidos para os meios MS com diferentes concentrações de cinetina (1, 2, 4 e 8 mg L-1) e GA3 (0,1; 0,2 e 0,4 mg L-1). A incubação foi semelhante ao experimento anterior. As avaliações foram realizadas 80 dias após a instalação do experimento, analisando a porcentagem de calos embriogênicos. O delineamento utilizado foi inteiramente casualizado, em fatorial de 4 concentrações de (CIN) x 3 concentrações (GA3), com quatro repetições, sendo cada repetição composta por três tubos, contendo um explante (antera) por tubo, num total de 180 tubos. indução de calos embriogênicos utilizando BAP e 2,4-D. Concentrações de BAP, ANA, AIB, GA3 e Cinetina, na diferenciação de embriões somáticos para cultivar Catuaí Vermelho 99. cultivar Catuai Vermelho LCH-2077-2-5-44 da espécie Coffea Calos primários, obtidos de anteras em meio MS com 1 mg L-1 BAP e 2 mg L-1 de 2,4-D, foram transferidos para meio de cultura MS suplementado com 30 g L-1 de sacarose, 6 g L-1 de ágar, 8 mg L-1 de ANA, 1 mg L-1 de AIB, 2 mg L-1 de GA3 e 2 mg L-1 de cinetina, e foram testadas quatro concentrações de BAP (1,0; 1,5; 2,0 e 2,5 mg L-1). respondeu melhor formação de calo, embora não diferindo Ocorreu interação significativa entre 2,4-D e BAP -1 apenas para a concentração de 2,0 mg L-1 de 2,4-D, quando, nessa concentração, os tratamentos seguiram uma tendência quadrática, tendo a concentração de 2,31 mg L1 de BAP correspondendo ao ponto máximo da curva, atingindo o máximo de calos em 64,26%, de acordo com a equação derivada. Esse comportamento quadrático indicou que concentrações acima e abaixo de 2,31 mg L-1 tiveram tendência de redução do número de calos embriogênicos formados (Figura 1). Os resultados deste trabalho, quanto à interação auxina e citocinina, corroboram com os dados apresentados por Marques (2006) que trabalhando com anteras de arabica L. constatou que a combinação de auxina com citocinina (2 mg L-1 de 2,4-D + 2 mg L-1 de BAP) foi a que estatisticamente das combinações de 2 mg L-1 de Cinetina + 1 mg L-1 de 2,4-D e 2 mg L-1 de 2,4-D + 0,5 mg L-1 TDZ, porém numericamente foi mais eficiente que as demais. Magalhães et al. (2006), trabalhando com ápices caulinares de batata-doce, verificou que a maior Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 111-117, 2009 114 LINO, L. de O. et al. FIGURA 1 Porcentagem de calo embriogênico de Coffea arabica L. cv. Catuaí Vermelho 44 em diferentes concentrações de BAP mantidos na concentração de 2 mg L-1 de 2,4-D. porcentagem de calos embriogênicos formados foram obtidos em meio com 2 mg L-1 de 2,4-D para as cultivares 92 ; 94 ; 188 ; 449 ; 594 ; White Star ; Jewel favorecendo a maturação dos embriões somáticos. Já para a cultivar Catuaí Vermelho 44 de Coffea arabica L. quando utilizou-se somente 2,4-D, verificou-se baixa porcentagem de calos embriogênicos (4,21%), no entanto, com a adição de BAP houve um acréscimo significativo (64,26%) até a concentração 2,31 mg L-1. Bispo et al. (2007) verificaram que para Avena sativa L. houve a influência do genótipo na frequência de calos embriogênicos onde a cultivar OR3 produziu a mais alta frequência desse tipo de calo (66,7%). Flores et al. (2006) também observaram que a formação de calos em Pfaffia tuberosa (Moq. ex DC.) Hicken foi induzida em 27% dos explantes foliares quando cultivados em meio com 221 mg L-1 de 2,4-D. Influência de diferentes concentrações de Cinetina e Ácido Giberélico (GA3) na indução de calos embriogênicos na cultivar Catuaí Vermelho 99. Avaliando a indução de calos embriogênicos em diferentes concentrações de cinetina e ácido giberélico, observou-se maior porcentagem de calos embriogênicos, aos 80 dias após a inoculação, obtida em meio de cultura com a combinação de (8 mg L-1 de cinetina + 0,2 mg L-1 de GA3), obtendo 73% de calos embriogênicos, seguido do tratamento com (1 mg L-1 de cinetina + 0,1 mg L-1 de GA3) com 47% de calos embriogênicos (Tabela 1). Pereira et al. (2007) trabalhando com embriogênese somática direta em explantes foliares de café (Coffea arabica L.) cultivar Acaiá Cerrado, obtiveram o maior número de embriões somátios utilizando 5,6 mg L-1 de cinetina combinada com 10 mg L-1 de GA3, porém, ao aumentar a concentração de GA3 para 10 mg L-1 e 20 mg L1 e reduzir a concentração de cinetina para 6 mg L-1, verificaram uma redução na formação de embriões. Esses autores concluíram que a formação de embriões somáticos é fornecida pela cinetina. De uma forma geral, a maior concentração de cinetina, 8 mg L-1, associadas com 0,1 mg L-1; 0,2 mg L-1 e 0,4 mg L-1 de GA3 promoveram 30% de calos embriogênicos, enquanto que baixas concentrações de cinetina, 1 mg L-1, associadas com 0,1 mg L-1; 0,2 mg L-1 de GA3 promoveram 47% a 40% de calos embriogênicos, demonstrando a especificidade das interações desses fitoreguladores na embriogênese, não havendo um sinergismo entre doses crescentes, nem antagonismo, tornando-se evidente a importância da cinetina, tanto para a formação de embriogênese somática direta em explantes foliares, quanto para formação de calos embriogênicos a partir de anteras. Quanto à importância das giberelinas (GA3), sabese que são responsáveis pela regulação do crescimento por meio da redução do potencial osmótico e potencial hídrico da célula do embrião, resultando na absorção de água e no aumento do potencial de pressão necessários para o alongamento celular, porém, pouco se sabe sobre sua ação em cultura de calos haplóides (PEREIRA et al., 2007). De acordo com os mesmos autores, a friabilidade dos calos nas fases iniciais de indução é desejada, porém em excesso compromete a qualidade dos calos embriogênicos e, consequentemente, podem até mesmo reduzir o número de embriões somáticos, em razão da ausência de uma massa celular densa e organizada. Calos friáveis são originados de concentrações iguais ou próximas de auxinas e citocininas, no entanto, o fator genético parece ser o mais importante do que até mesmo fatores exógenos, pois a diferenciação dos calos ocorreu concomitantemente ao processo de indução, em Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 111-117, 2009 Cinetica, ácido giberélico e bap na indução de embriões... que anteras provenientes de diversas plantas são inoculadas nas mesmas condições de obscuridade, temperatura, atmosfera e nas mesmas composições do meio de cultura, com respostas diferentes para a friabilidade (MARQUES, 2006). Os demais tratamentos diferiram pouco entre si quanto ao diâmetro médio dos calos, sendo distinguidas diferenças apenas pela análise estatística, não sendo 115 encontrada nenhuma relação entre o diâmetro e a porcentagem de calos embriogênicos e nem com a porcentagem de calos friáveis (Tabela 2). Concentrações de BAP, ANA, AIB, GA3 e cinetina, na diferenciação de embriões somáticos na cultivar Catuaí Vermelho 99. Aos 112 dias após a inoculação, não houve formação de embriões somáticos e os tratamentos TABELA 1 Porcentagem de calos embriogênicos obtidos da interação de cinetina (1, 2, 4, 8 mg L-1) e GA3 (0,1; 0,2; 0,4 mg L-1) em anteras da cultivar Catuaí Vermelho 99 inoculadas em meio de cultura MS, Uberlândia-MG, 2007. Calos Embriogênicos (%) Tratamentos 8mg CIN+0,2mgGA3 73,0 a 1mg CIN+0,1mgGA3 47,0 b 1mg CIN+0,2mgGA3 40,0 c 8mg CIN+0,1mgGA3 33,0 d 8mg CIN+0,4mgGA3 33,0 d 2mg CIN+0,4mgGA3 27,0 e 4mg CIN+0,4mgGA3 27,0 e 2mg CIN+0,2mgGA3 20,0 f 2mg CIN+0,1mgGA3 13,0 g 4mg CIN+0,1mgGA3 13,0 g 4mg CIN+0,2mgGA3 7,0 h 1mg CIN+0,4mgGA3 7,0 h Números seguidos de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. TABELA 2 Diâmetro Médio dos Calos obtidos da interação de cinetina ((1, 2, 4, 8 mg L-1) e GA3 (0,1; 0,2; 0,4 mg L-1) em anteras da cultivar Catuaí Vermelho 99 inoculadas em meio de cultura MS, Uberlândia-MG, 2007. Tratamento Diâmetro Médio dos Calos (mm) 8mg CIN+0,2GA3 5,77 a 8mg CIN+0,1GA3 5,33 b 2mg CIN+0,4GA3 5,20 c 1mg CIN+0,1GA3 5,17 d 4mg CIN+0,2GA3 4,93 e 1mg CIN+0,2GA3 4,80 f 4mg CIN+0,4GA3 4,43 g 1mg CIN+0,4GA3 4,20 h 8mg CIN+0,4GA3 4,20 h 4mg CIN+0,1GA3 4,15 i 2mg CIN+0,2GA3 3,85 j 2mg CIN+0,1GA3 3,73 l Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 111-117, 2009 116 LINO, L. de O. et al. (concentrações de BAP) não diferem estatisticamente entre si. O que pode ser explicado pela perda da capacidade embriogênica comum em embriogênese indireta. Vários estudos têm demonstrado a importância da transferência imediata dos calos, após a sua formação para o meio de regeneração, a fim de evitar ou reduzir aberrações genéticas e maximizar a porcentagem de regeneração (CHEN, 1986; MERQUES, 2006; PEREIRA et al., 2007). Na cultura de anteras, vários são os fatores que afetam a eficiência do processo, determinando, muitas vezes, falta de reprodutibilidade dos resultados, desde genótipos responsivos a fatores fisiológicos e ambientais (SILVA & FERREIRA, 2006). Segundo Uhrig (1985), a capacidade de formar calo ou embrióides é hereditária, e parece que essa resposta é controlada por um número limitado de genes nucleares. Resultados semelhantes, obtidos neste trabalho, foram encontrados por Silva & Ferreira (2003) para anteras de cafeeiro inoculadas em meio de cultura MS suplementado com ANA, cinetina, AIB, GA3 e BAP que verificaram que os tratamentos não diferiram significativamente entre si quanto à característica diâmetro dos calos e obtiveram um baixo índice de respostas à formação de embriões somáticos, ocorrendo em apenas dois tratamentos não mencionados pelo autor e em somente cinco calos. CONCLUSÕES Para cultivar Catuaí Vermelho 44, recomenda-se o uso de meio MS acrescido 2,0 mg L-1 de 2,4-D e 2,31 mg L1 de BAP para formação de calos embriogênicos. Para cultivar Catuaí Vermelho 99, a combinação de -1 8 mg L de cinetina e 0,2 mg L-1 de GA3 favorece a obtenção de 73% calos embriogênicos. Apesar da contribuição dos reguladores de crescimento ao meio, para o desenvolvimento de calos embriogênicos, nas circunstâncias citadas neste trabalho não houve formação de embriões somáticos a partir de anteras de Coffea arabica L. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALMEIDA, J. A. S.; SIMIONI, K. C.; FAZUOLI, L. C.; RAMOS, L. C. S. Indução de calos de explantes foliares de genótipos de café. In: SIMPÓSIO DE PESQUISA DOS CAFÉS DO BRASIL, 1., 2000, Poços de Caldas. Resumos... Poços de Caldas: Embrapa Café, 2000. v. 1, p. 145-147. BISPO, N. B.; GRANDO, M. F.; AUGUSTIN, L.; SUZIN, M. Indução de embriogênese somática em diferentes explantes de aveia (Avena sativa L.). 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MICROPROPAGADAS DE CAROÁ IN VITRO ROOTING AND ACCLIMATIZATION OF MICROPROPAGATED NEOGLAZIOVIA VARIEGATA (ARRUDA) MEZ DANIELA GARCIA SILVEIRA1, FERNANDA VIDIGAL DUARTE SOUZA2, CARLOS ALBERTO DA SILVA LEDO3, ÁDILA MELO VIDAL4, JOSÉ RANIERE FERREIRA DE SANTANA5 1 Professora visitante Departamento de Ciências Biológicas Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS Avenida Universitária, s/n 44031-460 Feira de Santana, BA [email protected] 2 Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical Cx. P. 007 44380-000 Cruz das Almas, BA [email protected] 3 Pesquisador Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical Cx. P. 007 44380-000 Cruz das Almas, BA [email protected] 4 Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Agrárias Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/UFRB 44380-000 Cruz das Almas, BA [email protected] 5 Professor Departamento de Ciências Biológicas Universidade Estadual de Feira de Santana/UEFS Avenida Universitária s/n 44031-460 Feira de Santana, BA [email protected] RESUMO Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez pertence à família das Bromeliáceas e é largamente usada para a extração de fibras na Região Nordeste do Brasil, constituindo-se em atividade econômica importante para famílias da Região pela confecção de produtos artesanais. Atividades antrópicas têm reduzido de forma drástica a população de plantas de caroá. Para otimizar a produção de plantas in vitro, avaliou-se o efeito da interação entre ANA (0,0 µM; 0,5 µM e 5,3 µM) e CIN (0,0 µM, 2,2 µM e 4,4 µM) no meio de cultura MS, visando a estabelecer um protocolo para enraizamento in vitro e, posteriormente, a aclimatização ex vitro das plantas no substrato Plantmax®. Verificou-se que a presença de ANA no meio de cultura MS acelera o processo de enraizamento in vitro de caroá e que a aclimatização das mudas originadas dos meios com a presença da ANA foram as que apresentaram os melhores resultados para a taxa de sobrevivência, número de folhas, altura da parte aérea, comprimento da maior raiz, massa seca da parte aérea e da raiz. rate, leaf number, shoot height, length of the longest root and shoot and dry matter weight. Termos para indexação: Neoglaziovia variegata, Bromeliaceae, cultura de tecidos, extração de fibras. produção organizado reduziram de forma drástica a ABSTRACT Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez belongs to Bromeliaceae family and is wide used for fiber extraction in the Northeast Region of Brazil constituting a very important economical activity for several Northeastern families with the manufacturing of hand made products. Anthropic activity has been caused severe losses in natural plant population of Caroá. To optimize the in vitro plant production of Neoglaziovia variegate, the effect of the interaction between NAA (0.0; 0.5 and 5.3 µM) and KIN (0.0; 2.2 and 4.4 µM) in MS media in order to established an in vitro rooting protocol and the later acclimatization in Plantmax®. The results showed that the use of NAA improved the in vitro rooting process and the produced plants from using this hormone showed the best results for survival sistema reprodutivo preferencialmente alógamo, apesar de Index terms: Neoglaziovia variegata, Bromeliaceae, tissue culture, fiber extraction. INTRODUÇÃO Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez é uma espécie de Bromeliaceae, nativa do estrato baixo da Caatinga e conhecida na Região Nordeste do Brasil como caroá. Suas fibras já foram usadas para produção de linho no século passado e atualmente são usadas na confecção de produtos artesanais, gerando empregos e renda para famílias da Região Nordeste (BARROS, 1941; RIBEIRO, 2007). A coleta predatória e a falta de um sistema de população de plantas de caroá. Essa espécie apresenta um ser propagado principalmente por via vegetativa (SILVEIRA et al., 2009a), porém suas inflorescências são difíceis de serem encontradas, por serem utilizadas como fonte de alimento por animais e pássaros, além de possuir taxa de multiplicação baixa, o que constitui uma limitação para a produção de mudas, e, consequentemente, para o estabelecimento de cultivos racionais. Desde 2005, estudos vêm sendo realizados com vistas ao desenvolvimento de um protocolo de propagação (Recebido em 27 de fevereiro de 2009 e aprovado em 21 de agosto de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas... de caroá que permita a obtenção de mudas sadias, constituindo-se no primeiro passo para o estabelecimento de um sistema de cultivo e produção, a fim de se evitar o extrativismo predatório. A micropropagação do caroá mostrou-se possível, quando a partir de plântulas germinadas in vitro, milhares de plantas foram produzidas (SILVEIRA et al., 2009b). No entanto, dentre as etapas dessa técnica, o enraizamento in vitro e posterior transferência dos brotos enraizados para condições ambientais são as mais críticas. Nesse momento, ocorre a transição do heterotrofismo para o autotrofismo, em condições ex vitro (SCIUTTI & MORINI, 1993), havendo um número expressivo de espécies vegetais micropropagadas que não sobrevive nesse período (HARARIKA, 2003), por possuir um sistema radicular adventício in vitro ser, em geral, pouco ramificado, quebradiço e isento de pêlos radiculares, com raízes pouco funcionais na absorção de água e nutrientes durante a aclimatização (HOFFMANN et al., 2001). Na fase de enraizamento in vitro, diversas auxinas, isoladamente ou em combinação, podem ser utilizadas para a maioria das espécies (BOSA et al., 2003), principalmente em espécies ornamentais, pois as características de interesse comercial são mantidas (TAGLIACOZZO et al., 1998). Contudo, diversas espécies, principalmente as herbáceas, enraízam facilmente in vitro, em meio básico sem reguladores de crescimento ou com baixa concentração de auxinas (ANDERSON, 1984). Além disso, Barboza et al. (2004) e Gupta (1986) referem-se à adição de citocinina como favorável ao enraizamento. Conforme Hartmann & Kester (1990) há necessidade de estudos para determinar o melhor regulador e a concentração ideal, visto que as espécies respondem de forma diferenciada. O caroá, à semelhança de outras plantas da família Bromeliaceae, necessita de um longo período de aclimatização, demandando estudos que possam melhorar o desempenho das plantas nesta etapa e tornar o processo mais eficiente. A indução da rizogênese in vitro pode auxiliar na melhoria desse processo. 119 Em vista do exposto e visando a otimizar a produção de mudas de caroá, objetivou-se avaliar o efeito de reguladores de crescimento que pudessem favorecer o enraizamento in vitro e, posteriormente, a aclimatização de plantas de caroá. MATERIAL E MÉTODOS Para a avaliação do enraizamento in vitro, utilizouse como explantes brotos e plantas de caroá [Neoglaziovia variegata (Arruda) Mez] provenientes do quinto subcultivo dos meios de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) com 0,5 µM de ANA (ácido naftalenoacético) + 4,4 µM de BAP (6-benzilaminopurina), MS com 0,5 µM de ANA + 2,2 µM de CIN (cinetina) e MS com 0,5 µM de ANA + 4,4 µM de CIN (SILVEIRA et al., 2009b). Considerou-se como broto o explante oriundo do tratamento com BAP, pois não havia presença de raízes, e como plantas, o que foi originado dos tratamentos com CIN, que apresentavam um sistema radicular desenvolvido durante a etapa de multiplicação. Contudo, essas raízes foram eliminadas, antes de serem introduzidas nos diferentes meios de cultura. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 3x3x3 (tipos de explantes oriundos de meios de multiplicação x concentrações de ANA x concentrações de CIN) com 25 repetições por tratamento. Foram analisadas todas as combinações entre concentrações de ANA (0,0 µM; 0,5 µM e 5,3 µM) e CIN (0,0 µM, 2,2 µM e 4,4 µM) em meio de cultura MS suplementado com 30 g L-1 de sacarose, solidificado com 2 g L -1 de Phytagel ® , pH 5,8 e esterilizado a 120 °C. Os explantes foram incubados sob condições de temperatura de 27 ± 1 ºC, fotoperíodo de 16 horas e densidade de fluxo de fótons de 22 µE m-2 s-1. Após 60 dias de cultivo, avaliou-se a taxa de enraizamento (TE), o número de folhas (NF), altura (cm) da parte aérea (APA), o número de raízes (NR) e o comprimento (cm) da maior raiz (CMR). Nas variáveis NF, APA e CMR aplicou-se a transformação raiz quadrada e na variável NR utilizou-se Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 120 SILVEIRA, D. G. et al. log (x + 10) a fim de se corrigir desvios na distribuição normal dos dados. Para a etapa de aclimatização, as mudas obtidas do experimento de enraizamento in vitro foram transplantadas em tubetes contendo o substrato Plantmax® e mantidas em estufa sob nebulização durante 210 dias. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema de parcela subdividida no tempo, com 25 repetições. As parcelas foram constituídas pelos tratamentos do experimento anterior e as subparcelas foram formadas por três períodos de avaliação: período 1 (antes da transferência dos explantes para tubetes), período 2 (aos 90 dias de aclimatização) e período 3 (após 210 dias de aclimatização). Essas avaliações foram realizadas nesses períodos visando a obter uma melhor distribuição das leituras para observar o desenvolvimento das mudas. Nos três períodos, avaliou-se o número de folhas (NF) e altura (cm) da parte aérea (APA). As variáveis taxa de sobrevivência (TS), comprimento (cm) da maior raiz (CMR), massa seca (g) da parte aérea (MSPA) e massa seca (g) da raiz (MSR) só foram estudadas no período 3. A variável número de raízes (NR) foi avaliada nos períodos 1 e 3. Nas variáveis APA, MSPA e MSR aplicaram-se a Meios de enraizamento B: ANA (0,5 µM) + BAP (4,4 µM) transformação raiz quadrada, a fim de se corrigir desvios na distribuição normal dos dados. As médias referentes aos tipos de meios foram agrupadas pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e as médias dos explantes e das variáveis avaliadas foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade de erro. RESULTADOS E DISCUSSÃO A resposta rizogênese variou de 80% a 100%, sendo que as plantas oriundas do meio MS com ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 e 4,4 µM) apresentaram taxas de enraizamento mais altas em todos os tratamentos (Figura 1). As menores taxas de enraizamento (84%, 88% e 80%) foram registradas com os brotos nos tratamentos 1 (0,0 µM ANA + 0,0 µM CIN), 2 (0,0 µM ANA + 2,2 µM CIN) e 3 (0,0 µM ANA + 4,4 µ M CIN), respectivamente, que continham somente cinetina no meio de cultura, com exceção do tratamento 1 que constituiu a testemunha, não contendo nenhum regulador de crescimento. Estudos com enraizamento in vitro de brotos de abacaxi provenientes do meio com ANA + BAP realizado por Barboza et al. (2004) obtiveram 12% de enraizamento in vitro, quando cultivados no meio com a presença de cinetina. P: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) P: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) 0 20 40 60 80 100 Enraizamento (%) FIGURA 1 Enraizamento in vitro de brotos e plantas micropropagados de caroá (N. variegata) após 60 dias cultivados em meio MS com as diferentes combinações de ANA e Cinetina. Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P:ANA + CIN (4,4 µM)]. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas... Esses resultados evidenciam a necessidade da presença da auxina no meio de cultura para obtenção de taxas mais elevadas no enraizamento in vitro dos brotos de caroá, corroborando com os resultados que foram encontrados no enraizamento in vitro de explantes de Vriesea cacuminis L.B.Smith (Bromeliaceae) proveniente de meios de cultura com BAP ou GA3 (MENDES et al., 2007). A maior formação de folhas foi observada nos brotos de caroá em relação às plantas (Tabela 1). O maior número de folhas dos brotos (15,88) foi obtido no meio com ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM), apesar desse valor não diferir estatisticamente quando este explante foi cultivado no meio com a mesma concentração de ANA sem a presença da cinetina (14,92). As plantas também apresentaram comportamento semelhante nessa variável, pois as maiores médias foram obtidas na ausência de cinetina no meio de cultura. Na Tabela 1, observa-se que o meio com a maior concentração de ANA (5,3 µM) sem a presença de cinetina foi o mais eficiente para a altura da parte aérea, sendo que a altura mais expressiva (4,16cm) foi verificada nas plantas provenientes do meio de multiplicação ANA + CIN (2,2 µM). Já para a variável número de raízes as melhores respostas foram obtidas nos meios de enraizamento, utilizando a maior concentração de ANA combinado com a presença (2,2 µM) ou ausência de cinetina, porém, os brotos oriundos do meio ANA + BAP (4,4 µM) foram os que apresentaram a maior quantidade de raízes (8,80). Com relação ao comprimento da maior raiz (Tabela 1), o meio sem reguladores de crescimento proporcionou a melhor resposta para brotos e plantas, exceto para as plantas provenientes do meio de multiplicação ANA + CIN (4,4 µM) que apresentaram o maior comprimento na presença de 0,5 µM de ANA. Entretanto, esse tratamento não diferiu estatisticamente do meio de cultura sem reguladores (Testemunha). Observou-se também uma diminuição do comprimento das raízes com o aumento da concentração de ANA no meio de cultura (Tabela 1). Silva et al. (2007) 121 obtiveram resultados semelhantes utilizando a auxina, ácido idol-butírico (IBA), no enraizamento in vitro de Aloe vera L. Salisbury & Ross (1991) relataram que existe necessidade de auxina na fase de indução do sistema radicular, porém o aumento da concentração de ANA ou IBA no meio pode ocasionar a inibição completa do crescimento radicular. Com base nesses resultados, verifica-se que a presença de ANA no meio de cultura MS é de fundamental importância na aceleração do processo de enraizamento in vitro de caroá, tanto para os explantes provenientes dos meios com BAP (brotos), como os de cinetina (plantas). Em estudos com outras espécies de Bromeliáceas, observaram resultados similares com o uso de ANA (BARBOZA et al., 2004; MENDES et al., 2007; MERCIER & KERBAUY, 1993). Em geral, o aumento na concentração de auxinas adicionadas ao meio de cultura, com o propósito de induzir enraizamento, é favorável até uma determinada concentração, a partir do qual o efeito pode se tornar contrário, sendo influenciada pela espécie, pelo tipo de explante e da concentração de auxina endógena que o tecido utilizado possui (MENDES et al., 2007). Sendo assim, a formação de raízes dos explantes de caroá cultivados em meio sem reguladores de crescimento, provavelmente ocorreu em razão do acúmulo de auxinas endógenas provenientes das folhas e principalmente das gemas. Segundo Coll et al. (1988) a parte aérea da planta é fonte de intensa produção de auxina que, ao ser translocada para base, estimula a rizogênese. Na aclimatização das mudas enraizadas in vitro com o substrato Plantmax® observou-se que após 210 dias de aclimatização a taxa de sobrevivência variou de 72 a 100% para as mudas originadas do meio ANA-BAP (4,4 µM) (brotos), sendo que as menores taxas foram obtidas nos tratamentos em que a cinetina estava presente no meio de enraizamento, exceto no tratamento 2. Já para as mudas provenientes dos meios ANA-CIN (2,2 e 4,4 µM) (plantas) a taxa de sobrevivência foi de 80 a 100%, apresentando as maiores taxas nas plantas que foram cultivadas sem ANA e com a menor concentração de cinetina (Figura 2). Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 122 SILVEIRA, D. G. et al. TABELA 1 Valores médios do número de folhas (NF), altura (cm) da parte aérea (APA), número de raízes (NR) e comprimento (cm) da maior raiz (CMR) dos brotos e plantas de caroá (Neoglaziovia variegata) após 60 dias de enraizamento in vitro. CIN (µM) 0 2,2 4,4 CIN (µM) 0 2,2 4,4 CIN (µM) 0 2,2 4,4 CIN (µM) 0 2,2 4,4 NF Explante-Meio de Multiplicação B:ANA + BAP (4,4 µM)* P:ANA + CIN (2,2 µM) ANA (µM) 0 0,5 5,3 0 0,5 5,3 9,32aC** 11,20aB 14,92aA 10,75aA 10,16aA 10,56aA 7,92bB 8,36bB 15,88aA 9,16bA 8,72bA 9,28aA 8,00bB 9,52bA 9,84bA 6,38cB 7,60bA 7,72bA APA Explante-Meio de Multiplicação B:ANA + BAP (4,4 µM) P:ANA + CIN (2,2 µM) ANA (µM) 0 0,5 5,3 0 0,5 5,3 2,78aA 3,08aA 3,08aA 3,26aB 3,50aB 4,16aA 1,96bA 2,29abA 2,12bA 3,14aA 2,60bA 3,16bA 2,32abAB 1,94aB 2,66abA 2,01bB 2,34bAB 2,81bA NR Explante-Meio de Multiplicação B:ANA + BAP (4,4 µM) P:ANA + CIN (2,2 µM) ANA (µM) 0 0,5 5,3 0 0,5 5,3 4,52aB 4,96aB 8,80aA 4,04aB 3,36aB 7,95aA 2,28bB 3,60abB 7,80aA 3,40aB 3,08aB 5,96aA 1,84bB 2,84bB 7,84aA 3,24aA 3,60aA 4,15bA CMR Explante-Meio de Multiplicação B:ANA + BAP (4,4 µM) P:ANA + CIN (2,2 µM) ANA (µM) 0 0,5 5,3 0 0,5 5,3 5,01aA 4,75abA 2,63abB 4,53aA 3,61aB 2,30aC 3,27bB 4,80aA 2,09bC 3,43bA 3,41aA 2,54aB 2,87bB 3,93bA 3,32aAB 2,52cA 3,65aB 2,33aA P:ANA + CIN (4,4 µM) 0 9,12aB 7,68bB 7,60bA 0,5 9,76aB 7,68bB 8,40bA 5,3 10,24aA 9,52abA 8,60bA P:ANA + CIN (4,4 µM) 0 3,34aA 1,99bB 1,96bA 0,5 3,34aA 2,01bB 2,15bA 5,3 3,71aA 3,52bA 2,42bA P:ANA + CIN (4,4 µM) 0 4,08aB 4,00abA 2,56bA 0,5 4,52aB 3,48aB 2,95aAB 5,3 7,52aA 6,64aA 4,32bA P:ANA + CIN (4,4 µM) 0 3,37aA 2,74abA 2,48bA 0,5 3,78aA 2,15bAB 2,69bA 5,3 1,86aB 1,83aB 1,99aA *Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P: ANA + CIN (4,4 µM)]. **Médias seguidas pela mesma letra minúscula dentro das colunas e maiúscula nas linhas em cada tipo de explante oriundo dos meios de multiplicação não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Na Tabela 2, pode-se observar que as maiores médias do número de folhas foram obtidas nos períodos 1 e 2 para todos os tratamentos dos três tipos de explantes provenientes dos meios de multiplicação, ocorrendo uma diminuição dessa variável no período 3. Contudo, as mudas enraizadas no meio ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) (T4) foram as que apresentaram as maiores médias para todos os explantes, após os 210 dias de aclimatização. Essa Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas... B: ANA (0,5 µM) + BAP (4,4 µM) P: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) 123 P: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) Meios de enraizamento T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) 0 20 40 60 80 100 Sobrevivência (%) FIGURA 2 Sobrevivência das mudas de caroá (N. variegata) originadas de diferentes meios de cultura e enraizadas in vitro em diferentes tratamentos após 210 dias de aclimatização. Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P:ANA + CIN (4,4 µM)]. diminuição do número de folhas pode ser decorrente de uma deficiência na disponibilidade e aporte de nutrientes, precisando assim uma adubação foliar para ajudar no desenvolvimento das mudas. A altura da parte aérea (APA) das mudas de caroá apresentou resultados semelhantes para os tipos de explantes (brotos e plantas) provenientes dos diferentes meios de multiplicação (Tabela 2). Aos 210 dias de aclimatização, obtiveram-se as maiores médias para essa variável, sendo que as mudas enraizadas no tratamento 4 foram as que mais se destacaram independentemente do meio de multiplicação utilizado. Ainda que as mudas originadas dos meios ANA + CIN (2,2 e 4,4 µ M) apresentassem a maior média nos tratamentos 7 e 8 respectivamente, não diferiram estatisticamente da média do tratamento 4. Na variável número de raízes os brotos e plantas originados dos meios de multiplicação apresentaram respostas similares, sendo que. no período 1 as maiores médias foram obtidas no meio de enraizamento com ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) (T7) (Tabela 3). Contudo, aos 210 dias observou-se aumento dessa variável nos tratamentos 1 a 6 e uma diminuição nos tratamentos 7 a 9. O maior número de raízes (8,00) foi observado no tratamento 1 para os brotos originados do meio com ANA-BAP, contudo. esse valor não diferiu estatisticamente dos demais tratamentos. Para as mudas provenientes do meio de multiplicação ANA + CIN (2,2 µM) a maior média foi no tratamento 4 (6,20), não tendo diferença também entre os tratamentos. Já as mudas originadas do meio de multiplicação ANA + CIN (4,4 µM) apresentaram os melhores resultados nos tratamentos 4 e 8 com os valores de 5,60 e 6,50, respectivamente. Coll et al. (1988) relataram que o crescimento acelerado das raízes pode retardar o desenvolvimento da parte aérea, em razão do crescimento ativo do sistema radicular necessitar de substâncias orgânicas translocadas da parte aérea para a base, comprometendo, assim, o desenvolvimento do caule e das folhas. As variáveis analisadas somente no terceiro período da avaliação apresentaram diferenças entre os tratamentos e o tipo de explante (Tabela 4). A maior média para o comprimento da maior raiz foi observada nas plantas originadas do meio de multiplicação ANA + CIN (4,4 µM) quando enraizadas no meio T4 (14,470 cm), porém nesse tratamento os explantes (brotos e plantas) não diferiram Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 124 SILVEIRA, D. G. et al. TABELA 2 Valores médios do número de folhas (NF) e altura (cm) da parte aérea (APA) de mudas de caroá (N. variegata) originadas de diferentes meios de cultura e enraizadas in vitro em diferentes tratamentos em três períodos da aclimatização. Meios de enraizamento T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) Meios de enraizamento T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) NF Explante-Meio de Multiplicação B-ANA+BAP (4,4 µM)* P-ANA+CIN (2,2 µM) Períodos de avaliação (dias) 0 90 210 0 90 210 P-ANA+CIN (4,4 µM) 0 90 9,32cB* * 7,92dA 10,61aA 6,83bC 10,75aA 11,33aA 7,60bB 9,12aA 9,68bA 7,08bB 8,00bA 6,50bB 9,16bB 10,24bA 7,36bC 7,68bB 8,88cA 6,24bC 8,0dAB 8,60bA 7,54aB 6,38dB 7,65dA 6,00cB 7,60bA 8,25cA 6,39bB 11,2bA 10,08aB 8,20aC 10,16aA 11,13aA 8,80aB 9,76aB 11,30aA 8,00aC 8,36dB 10,04aA 7,24aB 8,72bA 9,60cA 5,95cB 7,68bB 8,95cA 6,66bB 9,52cA 8,12bB 6,29bC 7,60cB 9,35cA 6,35cC 8,40bB 9,95bA 6,73bC 14,92aA 8,96bB 6,28bC 10,56aA 10,00bA 7,13bB 10,24aA 9,31bA 7,59aB 15,88aA 8,75bB 5,60bC 9,28bA 9,28cA 6,72cB 9,52aB 10,83aA 7,37aC 9,84cA 10,15aA 6,70bB 7,72cB 9,29cA 6,79cB 8,60bA 9,40bA 6,92bB APA Explante-Meio de Multiplicação B-ANA+BAP (4,4 µM) P-ANA+CIN (2,2 µM) Períodos de avaliação (dias) 0 90 210 0 90 210 210 P-ANA+CIN (4,4 µM) 0 90 210 2,78aB 3,27aB 5,43bA 3,26bB 2,75bB 5,88aA 3,34aA 2,56aB 3,92bA 1,96bC 2,83aB 4,62cA 3,14cB 2,63bB 5,24bA 2,00bB 1,96bB 3,55cA 2,32bB 2,46bB 5,11bA 2,01dB 2,11bB 4,45bA 1,96bB 1,57bB 3,18cA 3,08aB 3,06aB 6,16aA 3,50bB 2,91bA 6,35aA 3,34aB 2,97aB 5,47aA 2,29bC 3,03aB 5,69aA 2,60cB 2,64bB 4,53bA 2,01bB 2,01bB 3,72cA 1,94bB 2,14bB 4,55cA 2,34dB 2,69bB 4,50bA 2,15bB 1,97bB 4,35bA 3,08aC 2,36bB 5,25bA 4,16aB 4,13aB 6,92aA 3,71aB 2,71aC 5,29aA 2,12bB 1,75cB 3,72dA 3,16bB 2,60bC 4,82bA 3,52aB 3,03aB 6,20aA 2,66aB 2,93aB 6,04aA 2,81cB 2,62bB 4,57bA 2,42bB 2,26aB 4,17bA *Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P: ANA + CIN (4,4 µM)]. **Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e pela mesma letra maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas... 125 TABELA 3 Valores médios do número de raízes de mudas de caroá (N. variegata) originadas de diferentes meios de cultura e enraizadas in vitro em diferentes tratamentos em dois períodos da aclimatização. B: ANA+BAP (4,4 µM)* Meios de enraizamento Explante-Meio de Multiplicação P: ANA+CIN (2,2 µM) P: ANA+CIN (4,4 µM) Períodos de avaliação (dias) 0 4,52bB** 210 8,00aA 0 4,34cA 210 5,60aA 0 4,08bA 210 2,90bA T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) 2,28cB 6,70aA 3,40cA 5,00aA 4,00bA 3,30bA T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) 1,84cB 5,80aA 3,23cA 4,50aA 2,56cB 4,30bA T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) 4,96bA 6,10aA 3,36cB 6,20aA 4,52bA 5,60aA T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) 3,60bA 5,00aA 3,08cB 5,30aA 3,48cA 3,80bA T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) 2,84cB 4,90aA 4,15cB 4,00aA 2,95cA 4,60bA T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) 8,80aA 5,60aB 7,95aA 4,80aB 7,52aA 4,30bA T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) 7,80aA 5,70aB 5,96bA 4,40aA 6,64aA 6,50aA T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) 7,84aA 6,50aA 3,60cA 3,80aA 4,32bA 4,20bA T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) *Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P: ANA + CIN (4,4 µM)]. **Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e pela mesma letra maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. estatisticamente entre si. No que se refere a massa seca da parte aérea, o melhor resultado foi obtido no meio de enraizamento sem a presença dos reguladores (T1) para os brotos provenientes de ANA-BAP, sendo que esse tratamento não foi diferente estatisticamente do tratamento com a presença de 0,5 µM de ANA na ausência da cinetina (T4). Para a massa seca da raiz as plantas provenientes do meio ANA + CIN (2,2 µM) foram as que apresentaram o maior valor no meio de enraizamento T4 não diferindo dos tratamentos 1 e 7, todos sem a presença de cinetina. Com esses resultados observa-se que cada explante apresentou resposta diferenciada na aclimatização com o substrato Plantmax®, apesar de que a aclimatização dos explantes originados dos meios de enraizamento com a presença de ANA foram os que apresentaram os melhores resultados para as variáveis analisadas neste trabalho. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 CMR 11,690aA 11,690aA 13,330aA 6,780bB 7,900bB 12,040bA 9,620aA 13,230aA 8,300bAB 12,410aA 9,260bA 10,840bA 13,770aA 10,880aAB 12,050aA 12,390aA 12,710aA P: ANA+CIN (2,2 µM) 13,030aA** B:ANA+BAP (4,4 µM)* 9,310cAB 10,940bA 8,840cB 7,180cB 6,640cB 14,470aA 6,980cA 7,080cB 6,570cB P:ANA+CIN (4,4 µM) 0,789bA 0,156cC 0,971bA 0,368cA 0,735bA 1,101aA 0,717bA 0,560bA 1,345aA B:ANA+BAP (4,4 µM) 0,422bA 0,446bB 0,763aA 0,361bA 0,328bB 0,876aAB 0,354bAB 0,502bA 0,471bB P:ANA+CIN (2,2 µM) MSPA 0,387cA 0,865aA 0,500bA 0,320cA 0,222cB 0,516bB 0,156cB 0,186cB 0,234cB P: ANA+CIN (4,4 µM) 0,187aA 0,059bB 0,142aAB 0,057bA 0,083bA 0,083bB 0,056bA 0,092bA 0,159aA B:ANA+BAP (4,4 µM) MSR 0,081bB 0,042bB 0,148aA 0,073ba 0,083bA 0,202aA 0,081bA 0,120bA 0,136aA P:ANA+CIN (2,2 µM) 0,074bB 0,137aA 0,078bB 0,043bA 0,026bB 0,122aAB 0,056bA 0,017bB 0,023bB P: ANA+CIN (4,4 µM) *Brotos [B: ANA + BAP (4,4 µM)] e Plantas [P: ANA + CIN (2,2 µM) e P: ANA + CIN (4,4 µM)]. **Médias seguidas pela mesma letra minúscula nas colunas pertencem ao mesmo grupo pelo teste de Scott-Knott a 5% de probabilidade e pela mesma letra maiúscula nas linhas não diferem estatisticamente entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade. T1: ANA (0,0 µM) + CIN (0,0 µM) T2: ANA (0,0 µM) + CIN (2,2 µM) T3: ANA (0,0 µM) + CIN (4,4 µM) T4: ANA (0,5 µM) + CIN (0,0 µM) T5: ANA (0,5 µM) + CIN (2,2 µM) T6: ANA (0,5 µM) + CIN (4,4 µM) T7: ANA (5,3 µM) + CIN (0,0 µM) T8: ANA (5,3 µM) + CIN (2,2 µM) T9: ANA (5,3 µM) + CIN (4,4 µM) Meios de enraizamento TABELA 4 – Médias de comprimento da maior raiz (CMR) e massa seca da parte aérea (MSPA) e da raiz (MSR) de mudas micropropagados de caroá (N. variegata) enraizadas in vitro em diferentes tratamentos e aclimatizadas em substrato após 210 dias. 126 SILVEIRA, D. G. et al. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 118-128, 2009 Enraizamento in vitro e aclimatização de mudas... CONCLUSÕES 1. Para o enraizamento in vitro de caroá, a presença da auxina aumenta a taxa de enraizamento. 2. A presença de cinetina influencia de forma negativa no alongamento das plantas e no número de raízes. 3. As mudas enraizadas in vitro independentes da origem do explante apresentam sucesso na aclimatização quando se utiliza o substrato Plantmax®. AGRADECIMENTOS Ao Banco do Nordeste, a Cooperativa Regional de Artesãs Fibras do Sertão (COOPERAFIS) e a FABESB pelo financiamento da pesquisa. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDERSON, W. C. A revised tissue culture medium for shoot multiplication of Rhododendron. Journal of the American Society for Horticultural Science, Alexandria v. 109, p. 343-347, 1984. BARBOZA, S. B. S. C.; CALDAS, L. S.; SOUZA, L. A. C. Micropropagation of pineapple hybrid PExSC-52 and cultivar Smooth Cayenne. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v. 39, n. 8, p. 725-733, 2004. BARROS, R. O caroá em Pernambuco e sua ocorrência nos demais estados do Nordeste. Rio de Janeiro: Ministério da Agricultura, 1941. 102 p. BOSA, N.; CALVETE, E. O.; NIENOW, A. A.; SUZIN, M. Enraizamento e aclimatização de plantas micropropagadas de gipsofila. 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Brigadeiro Trompowisk, s/nº 21951-590 Ilha do Fundão Rio de Janeiro, RJ [email protected] 2 Lab. de Fisiologia Vegetal Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Brigadeiro Trompowisk, s/nº 21951-590 Ilha do Fundão Rio de Janeiro, RJ 3 Lab. de Cultura de Tecidos Vegetais Dep. Botânica Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Av. Pasteur, nº 458 22290-240 Urca Rio de Janeiro,RJ [email protected] 4 Lab. de Fisiologia Vegetal Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho Universidade Federal do Rio de Janeiro Av. Brigadeiro Trompowisk, s/nº 21951-590 Ilha do Fundão Rio de Janeiro, RJ [email protected] ABSTRACT Aristolochia gigantea Mart. et Zucc. (Aristolochiaceae) is an ornamental herbaceous plant, also used utilized in folk medicine due to properties antibacterial, anti-inflammatory activity and poison snake. A micropropagation protocol of Aristolochia gigantea was established through nodal segment culture on Murashige and Skoog (MS) medium supplemented with 0.52 µM indole-3-acetic acid (IAA), 0.49 µM indole-3byturic acid (IBA) and 2.32 µM kinetin (Kin). In vitro proliferated buds were multiplied by culture of nodal segments on MS medium, MS with IAA (0.52 µM) and Kin (2.32 µM). The best results for elongation of shoots were obtained with 0.52 µM IAA (3.2 cm).The highest rooting percentage (80%) and number roots (2.4 root/explant) were promoted by 0.52 µM IAA and 0.49 µM IBA. MS supplemented with 0.49 µM IBA and 2.32 µM Kin promoted the induction of callus at the base of the explant in the A. gigantea culture. Plants with well developed roots were transferred to soil and 85% of them survived after 30 days. Index terms: Aristolochia gigantea; growth regulators; in vitro germination; in vitro propagation. RESUMO Aristolochia gigantea Mart. et Zucc. (Aristolochiaceae) é uma trepadeira ornamental, utilizada na medicina popular em razão de suas diversas propriedades antibactericidas, antiinflamatórias, e contra veneno de cobras. Um protocolo de micropropagação foi apresentado, por meio da cultura de segmentos nodais em meio de Murashige e Skoog (MS) suplementado com 0,52 µM ácido indol-3-ácetico (AIA), 0,49 µM ácido indol-3-butírico, (AIB), 2,32 µM cinetina (Cin). A proliferação in vitro de brotos foi obtida em meio MS, MS acrescido de AIA (0,52 µM) e Cin (2,32 µM). O melhor resultado para alongamento dos brotos foi obtido com 0,52 µM AIA (3,2 cm). Taxas eficientes de enraizamento (80%) e desenvolvimento de raízes (2,4 raiz/explante) foram obtidos em 0,52 µM AIA e 0,49 µM de AIB. MS suplementado com 0,49 µM AIB e 2,32 µ M Cin promoveram a indução de calos de base. Plantas regeneradas foram transferidas para o solo e apresentaram taxa de sobrevivência de 85%, após 30 dias. Termos para indexação: Aristolochia gigantea, reguladores de crescimento, germinação in vitro, propagação in vitro. INTRODUCTION Aristolochia gigantea Mart. et Zucc. (Aristolochiaceae) is an ornamental herbaceous plant commonly known in Brazil as jarrinha, papo-de-peru and angelicó . It s distributed through tropical and temperate regions (LORENZI & MATOS, 2002; WETTSTEINS et al., 1944) and it is commonly used in Brazil and other countries in folk medicine as abortifacient, amenagogues and against poison snake (AHUMADA, 1975; LORENZI & MATOS, 2002). Several studies were carried out to investigate therapeutic action described to Aristolochia species. The plants from Aristolochia genus frequently present properties as for instance: antibacterial (GADHI et al., 1999, 2001b; SHAFI et al., 2002), and specifically antiHelicobacter pylori (GADHI et al., 2001a). Alvarez et al. (2001) reported general antimicrobial action of Aristolochia and anti-inflammatory action was also reported (SOSA et al., 2002). This genus may present insecticide properties (BROUSSALIS et al., 1999). However it has been discovered that extracts of plants from Aristolochia genus frequently have mutagenic (BIANUCCI et al., 1993; ROBISCH et al., (Recebido em 24 de dezembro de 2008 e aprovado em 22 de setembro de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 129-134, 2009 130 LÚCIO, K. A. et al. 1983), carcinogenic and nefrotoxic (LORD et al., 1999; NORTIER et al., 2000; NORTIER & VANHERWEGHEM, 2002) and cytotoxic activities (MONGELLI et al., 2000; POPOCA et al., 1998; RUFFA et al., 2002). These properties of the Aristolochia genus have been attributed to the presence of aristolochic acid, which was not detected in A. gigantea (LEITÃO & KAPLAN, 1992), the specie used in this work. The use of an Aristolochia species that does not present the aristolochic acid must be of great interest taking into consider that its extracts may be less toxic than the other species of the same genus. The forest harbors a large number of plant species, but deforestation has been responsible for the rapid loss of many of them, such that several valuable medicinal plants are at risk of extinction. Pharmaceutical companies depend largely on materials procured from naturally occurring stands that are being rapidly depleted (ROUT & SAMANTARAY, 2000). Plant tissue culture is an alternative method to commercial propagation of plant species (GEORGE & SHERRINGTON, 1994), due to rapid multiplication of plants, especially for those presenting medicinal properties. This technique has already been used successfully in Aristolochia species (BRAVO et al., 1999, 2001; MANJULA et al., 1997; REMANSHREE et al., 1994, 1997). This work presents an efficient micropropagation protocol for A. gigantea, through axillary shoots proliferation obtained from in vitro germinated seeds. MATERIAL AND METHODS In vitro germination Seeds of A. gigantea were obtained from green fruit, collected from Rio de Janeiro Botanic Garden (RB 301.112/ section 34). After preliminary selection, they were washed under agitation in 5% neutral detergent for 30 minutes, followed by 3 rinses with distilled water. They were immersed in 70% alcohol for 5 minutes and 30% sodium hypochlorite solution for 5 minutes containing 2-3 drops of Tween 20, rinsed three times in distilled water for 5 minutes. At the laminar flow chamber the seeds were distributed in culture tubes (10.0 x 1.24 cm), with 10 mL of sterile medium containing the basic MS salts (MURASHIGE & SKOOG, 1962), supplemented with 30 g L 1sucrose, 7 g L 1 agar, 4.1 µM nicotinic acid, 1.5 µM thiamine HCl, 0.6 mM myo-inositol, 2.4 µM pyridoxine HCl. The pH was adjusted to 5.8 before autoclaving sterilization at 121 ºC, 1.1 Kgf.cm-2 for 15 minutes. The seeds were maintained at 25 + 2 ºC and a 16 hours photoperiod under cool light of photon flux of 23.4 µmol m-2 s-1. The criterion for germination was the radicle protrusion and the rate of germination was determined utilizing 10 seeds per repetition and all experiments were conducted at least five times. The seeds were analyzed every seven days and after 56 days of the culture the young plants were utilized as source nodal segment to culture establishment. Establishment of culture and effect of growth regulators Culture establishment of A. gigantea from nodal segments (1cm length and 1 or 2 axillary buds) explants were obtained of in vitro seedlings and inoculated in culture cylindrical glass (14.7 x 5.7 cm) containing 40 mL MS medium without growth regulators (MSØ). After 60 days establishment of culture, the explants were subcultivated on MSØ and MS supplemented with different growth regulators (0.49 µM indole-3-butyric acid - IBA, 0.52 µM indole-3-acetic acid IAA and 2.32 µM Kinetin Kin) to shoot and roots development, at the culture conditions as above described. The plant development was evaluated during 60 days of culture taking into account the number of axillary buds, shoots and roots; length of shoots and roots and the occurrence of calli were recorded. The experiment was performed used 7 replicates with flask containing five nodal segment, totalizing four treatment and all data obtained were analyzed using standard ANOVA procedure and the difference between the means were compared using Tukey s test ( =0.05). Statistic analysis were performed by Graph InStat v.3.0 Acclimatization Rooted plantlets were washed running tap water to remove the nutrient medium of roots avoid the fungal attack of the last system. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 129-134, 2009 Micropropagation of Aristolochia gigantea Mart. et Zucc... The plants were transferred individually to seeds pots (66 x 33 cm) containing a soil mix prepared by mixing sand and humus (1:1). Humidity was kept covering plants with a plastic cover at greenhouse. Plants were irrigated with water plus norbixin (30%) during the acclimatization process to avoid the oxidation of the A. gigantea aerial parts - adaptation of the procedure of Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ (2001) at each two days. During the ex vitro process no agrotoxic product was utilized. The percentage of survival and average height of the plants was recorded after 30 days post-transplant. 131 effects on shoot, buds and roots proliferation. The best evaluation parameters; however, for the number of shoots there was not statistical difference between MSØ and MS plus growth regulators, as well as the means were about one shoot per explant for all treatments (Table 1). Remashree et al. (1994) working with A. bracteolata reported a mean of the 0.46 shoots per explant on MS basal supplemented with 8.8 µM BA (6 benzyl adenine) + 0.57 µM IAA + 4.6 µM Kin on a period of the 60 to 70 days in culture. In this work the presence of IAA promoted the best shoot elongation (3.2 cm) if compared to MSØ, IBA and Kin (1.9, 1.4 and 2.7 cm, respectively) with 60 days of culture (Table 1). whereas Remashree et al. (1994) reported shoot length of 7 cm, using association of different concentrations of growth regulators (22.2 µM BA + 5.7 µM IAA + 7.2 µM Kin) on a period of 60 to 70 days in culture. Similar results of A. gigantea were obtained in the culture A. indica (SIDDIQUE et al., 2006), in spite of author utilize both different combination and concentration growth regulators. The number of buds per explant among the media MSØ, MS plus IAA or Kin (6.0, 5.8 and 7.0, respectively) did not present significant differences, while the addition of 0.49 µM IBA reduced bud organogenesis (Table 1). It is known that IBA is an auxin indicated to induce in vitro rooting, but not to produce bud organogenesis (CALDAS et al., 1998). Manjula et al. (1997) demonstrated that on the tissue culture of A. indica is necessary the presence result was obtained in presence of IAA to the most of the of NAA and BA at high concentration (2.69 and 13.31 RESULTS AND DISCUSSION In vitro germination The protocol of disinfection utilized to A. gigantea seeds presented efficiency of 98%. The results of germination showed that of fiftyfour seed distributed in culture tubes, forty-eight germinated representing a percentage of 89%; in contrast to Teixeira & Luca (2002) that reported necessity of pregerminative treatments (sulphuric acid 10 %, to boil a 3 minute and control in nature) to produce Aristolochia seeds germination of 60%. Effect of growth regulators in A. gigantea culture The media MS without growth regulators (MSØ), MS plus IAA, IBA or Kin were tested to evaluate their TABLE 1 Effects of growth regulators on nodal segments development of A. gigantea in vitro culture after 60 days. Conc. (µM) Shoot Number/ Shoot length explant (cm) Buds/ explant Roots/ explant Rooting (%) Root length (cm) Callus (%) 1.0 + 0.0a 1.99 + 0.27c 6.0+ 0.3a 1.3 + 0.1b 55b 1.52 + 0.19a 0 IBA 0.49 1.2 + 0.1a 1.47 + 0.20d 3.9 + 0.2b 2.4 + 0.2a 80a 0.41 + 0.03b 100 IAA 0.52 1.2 + 0.1 a a 5.8 + 0.3 a a a b 1.3 + 0.1 a 7.0 + 0.4 a MSØ Kin 0 2.32 3.20 + 0.26 2.75 + 0.28 b 2.4 + 0.3 - 77 0 c 0.58 + 0.09 - 0 100 *Different letters indicates different statistical level of the p < 0.05 between treatments (n = 30 plants/ treatments); media + standard error. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 129-134, 2009 132 LÚCIO, K. A. et al. µM, respectively) to stimulate the development of the axillary buds (average 4.3 buds/ plant). In vitro plantlets cultivated in MS medium without growth regulators (MSØ) show that only MSØ is not enough to promote efficient rooting (55%). MS plus 0.49 µM IBA and MS plus 0.52 µM IAA, resulted an increase root development (80%). Similar effects were obtained in the culture of A. fimbriata supplemented with different concentrations of IBA, which induced rooting (BRAVO et al., 1999), while MS medium containing 2.32 µM Kin, inhibited the rooting process (Table 1). In contrast with our results, it was observed by Siddique et al. (2006) that Kin alone promoted root formation. However, Bliss et al. (2009) describe that the effect of IBA (0.49 and 4.9 µM) on rooting promotion did not present significant difference in relation to control medium (MS without growth regulation) in the tissue culture of A. fimbriata. Although our results with culture of A. gigantea (average root length of 1.52 cm) are not as satisfactory as those obtained by Remashree et al. (1994) in the culture of A. bracteolate (average root length 3.5 cm), was not necessary the utilization of high concentrations of growth regulators (8.8 µM BA + 4.60 µM Kin + 2.60 µM AIA) as utilized by authors. The nodal segments of A. gigantea formed basal callus in the MS medium containing 0.49 µM IBA or 3.32 µM Kin (Table 1, Figure 1A and 1B). In the work of Remashree et al. (1994) to successful induction of A. bracteolate callus (50-70%) from the entire leave, it was necessary to use combination of the different concentrations of Kin (9.2-23 µM), BA (0.44-35 µM) and IAA (2.6 5.7 µM). The same authors (REMASHREE et al., 1997) reported that to A. indica, MS supplied with BA (4.44 22.19 µM) was required to obtain 50 to 70% of callus induction. Acclimatization FIGURE 1 Aspects of development of A. gigantea. (A) In vitro culture on MS + 0.49 µM IBA, (B) MS+ 2.32 µM Kin. The arrows to indicate on A and B, formation of roots and callus; axillary buds, base callus and roots, respectively. (C) Regenerated plant in the seed pots containing soil, after 30 after days at greenhouse condition. environmental conditions; more than 85% of the plants survived during the acclimatization procedure (Figure 1C). These plants showed 5.4 cm of height, green leaves and more resistant and flexible stems, after 30 days of acclimatization. CONCLUSIONS Rooted plantlets developed via axillary s bud break were successfully acclimatized to the greenhouse In vitro germination was an efficient procedure to initiate the in vitro culture; the disinfection and germination Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 129-134, 2009 Micropropagation of Aristolochia gigantea Mart. et Zucc... rates were almost 100%, and it was a good source of nodal segments for establishment of the tissue culture. The protocols for the successful multiplication of A. gigantea nodal segments under different growth regulators were developed. The best medium for multiplication was basic MS supplemented with 0.52 µM IAA, which induced the shoot elongation, axillary buds and roots development in 60 days of culture. The acclimatization was successfully obtained. ACKNOWLEDGEMENTS The authors are grateful for José Bonifácio Foundation and financial support from CNPq. REFERENCES AHUMADA, L. Z. Aristoloquiáceas: flora ilustrada catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues, 1975. 55 p. ALVAREZ, M. J. I.; ENCARNACIÓN, D. R.; FRANZBLAU, S. G. Antimicrobial and cytotoxic activity of some medicinal plants from Baja California Sur (Mexico). Pharmaceutical Biology, Lisse, v. 39, p. 445-449, 2001. BIANUCCI, M. P.; BILIA, A. R.; NIERI, E.; PISTELLI, L.; MARSILI, A. Mutagenic activity aristolochic acid IV isolated from Aristolochia rigida Duch. Pharmacological Research, Cambridge, v. 27, n. 1, p. 117-118, 1993. BLISS, B. J.; LANDHERR, L.; PAMPHILIPS, C. W.; MA, H.; HU, Y.; MAXIMOVA, S. N. 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Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 129-134, 2009 COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA Germinação in vitro de sementes de Mirremia tomentosa... 135 GERMINAÇÃO IN VITRO DE SEMENTES DE Merremia tomentosa Hallier F.: INFLUÊNCIA DE MEIOS DE CULTURA E GA3 IN VITRO GERMINATION OF Merremia tomentosa Hallier F. SEEDS: INFLUENCE OF CULTURE MEDIUM AND GA3 AGDA RABELO CENTOFANTE¹, EVARISTO MAURO DE CASTRO², LETICIA CARAVITA ABBADE³, RENATO PAIVA4, ELIAS CENTOFANTE5 1 Bióloga, Mestranda em Agronomia/Fisiologia Vegetal Departamento de Biologia/DBI Universidade Federal de Lavras Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 2 Engenheiro Florestal, Doutor, Professor Departamento de Biologia/DBI Universidade Federal de Lavras Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] ³Engenheira Florestal, M.Sc em Fisiologia Vegetal, bolsista de Apoio Técnico Departamento de Biologia/DBI Universidade Federal de Lavras Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 4 Engenheiro Agrônomo, PhD, Professor Departamento de Biologia/DBI Universidade Federal de Lavras Cx. P. 3037 37200-000 Lavras, MG [email protected] 5 Biólogo, Mestrando em Ecologia e Conservação Departamento de Biologia Universidade Estadual de Mato Grosso Cx. P. 08 78690-000 Nova Xavantina, MT [email protected] RESUMO Conduziu-se este trabalho com o objetivo de avaliar a germinação de sementes in vitro de Merremia tomentosa Hallier F., nativa do cerrado e campos rupestres, utilizadas na medicina popular como depurativo do sangue. Para a germinação in vitro, foram utilizados diferentes meios de cultura e no meio MS com redução de 50% de concentração de sais, acrescidos em diferentes concentrações de GA3. Foi realizada a assepsia das sementes em água corrente por 20 minutos, depois foram imersas em álcool 70% (v/v) por 60 segundos e em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) com 50% (v/v) por 20 minutos e, posteriormente, foram lavados por 3 vezes em água destilada e autoclavada e após a inoculação, as sementes foram mantidas em sala de crescimento sob irradiância de fótons de 36 µmol m-2 s-1, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 25 ± 2°C. A avaliação foi realizada diariamente durante 30 dias após inoculação e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, com significância fixada em 5% de probabilidade. Os resultados do experimento com diferentes concentrações de GA3 foram submetidos à análise de variância, sendo analisados pelo teste de regressão no Sisvar. A melhor porcentagem de germinação in vitro foi obtida em meio MS com redução de 50% de concentração salina suplementado com 1 mg L-1 de GA3. Termos para indexação: Convolvulaceae; cultura de tecidos; giberelina; MS; WPM, Merremia tomentosa. ABSTRACT This work was conducted with the objective of evaluating the in vitro germination of seeds of Merremia tomentosa Hallier f., native specie of the cerrado and rupestrian fields, used in folk medicine as a blood depurative. For in vitro germination, it was used different culture media and MS medium with a reduction of 50% its salt concentration, supplemented with different concentrations of GA3. Asepsis of the seeds in running water for 20 minutes was performed. Afterwards, seeds were immersed in 70% alcohol (v/v) for 60 seconds and in solution of 50% sodium hypochlorite (NaOCl) (v/v) for 20 minutes and then washed for three times in distilled and autoclaved water. After inoculation, the seeds were mainatned in a growth room under irradiance of photons of 36 µmol m-2 s1 , photoperiod of 16 hours and temperature of 25±2° C. The evaluation was performed daily for 30 days after inoculation and the average of the treatments were compared by the Tukey test, with the significance set at 5% of probability. The experiment with different concentrations of GA3, the results were submitted to the analysis of variance, they were being analyzed by the regression test in Sisvar. The best percentage of in vitro germination was obtained in MS medium, with a reduction of 50% of salt concentration supplemented with 1.0 mg L-1 GA3. Index terms: Convolvulaceae; tissue culture; gibberelin; MS; WPM, Merremia tomentosa. A cultura de tecidos vegetais é uma técnica de surgimento recente, pois os primeiros passos foram dados já no início do século XX e os maiores avanços foram notados a partir da segunda metade do século (PASCAL, 2001). Segundo Maciel et al. (2000), a propagação in vitro é uma técnica de cultura de tecidos bem sucedida e propicia (Recebido em 24 de julho de 2008 e aprovado em 23 de abril de 2008) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 135-139, 2009 136 CENTOFANTE, A. R. et al. vantagens sobre os métodos convencionais de propagação, permitindo a obtenção de um grande número de plantas de boa qualidade fitossanitária em curto espaço de tempo e em qualquer época do ano. O emprego de técnicas biotecnológicas se constitui em ferramenta bastante útil para a reprodução de exemplares com propriedades desejáveis (FRANÇA, 2001). A taxa de germinação de sementes de algumas espécies pode ser aumentada quando são utilizados métodos de cultura de tecidos, principalmente, quando as sementes apresentam dormência, endosperma reduzido ou grande infestação por microrganismos (PASCAL, 2001). O que acontece muito nessa espécie, onde há predação dos frutos ainda imaturos por larvas, dificultando a coleta dos frutos maduros. Diversas formulações de meios básicos têm sido utilizadas no cultivo in vitro. Não há uma formulação padrão, mas o meio MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), com suas modificações e diluições, tem sido utilizado com sucesso para diversas espécies. Para espécies lenhosas, entretanto, o meio MS não se mostra satisfatório em alguns casos, e composições mais diluídas em macronutrientes apresentam melhor desempenho (GRATTAPLAGLIA & MACHADO, 1998). O meio nutritivo WPM (LLOYD & MCCOWN, 1980), por exemplo, apresenta 25% das concentrações de íons nitrato e amônia do meio MS, além de maior concentração de potássio e de íons sulfato, sendo amplamente utilizado para a micropropagação de espécies lenhosas (PASQUAL, 2001). Não foram encontradas na literatura informações sobre a germinação in vitro de Merremia tomentosa, havendo necessidade de estudos que possam fornecer dados sobre sua germinação, dormência e propagação. Diante do exposto, neste trabalho, objetivou-se estabelecer um protocolo para a germinação de sementes in vitro de Merremia tomentosa Hallier f., e avaliar a germinação in vitro da mesma. O trabalho foi conduzido no Setor de Fisiologia Vegetal do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (UFLA). Os frutos foram coletados no município de Lavras, na Serra do Macaia, com uma altitude aproximada de 850 m à 1.000 m, situado no Sul do Estado de Minas Gerais. As sementes foram retiradas dos frutos imaturos manualmente e lavados em água corrente por 20 minutos e transferidos para câmara de fluxo laminar, no qual foram imersos em álcool 70% (v/v) por 60 segundos e em solução de hipoclorito de sódio (NaOCl) com 50% (v/v) por 20 minutos. Posteriormente, foram lavados por 3 vezes em água destilada e autoclavada para eliminação do excesso de soluções desinfestantes. Após a desinfestação, as sementes foram inoculadas em diferentes meios de cultura. Foram testados os meios de cultura WPM (LLOYD & MCCOWN, 1980), MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962) e MS com 50% de sua concentração de sais, suplementados com 3% de sacarose e solidificados com ágar 0,6%. O pH foi corrigido para 5,8 antes da autoclavagem a 120°C, durante 20 minutos. Após a inoculação, as sementes foram mantidas em sala de crescimento sob irradiância de fótons de 36 µmol m-2 s-1, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 25 ± 2°C. A avaliação foi realizada diariamente, durante 30 dias de inoculação, sendo observada a porcentagem de sementes germinadas em cada tratamento e o índice de velocidade de germinação (IVG). Foi considerada germinada a semente que apresentava a radícula protrundida. O IVG foi determinado registrando-se o número de sementes germinadas por dia até o final do experimento, calculado pela fórmula de Maguire (1962). O delineamento estatístico utilizado foi o delineamento inteiramente casualizado, com dez repetições por tratamento, sendo cada uma composta por cinco tubos de ensaio e cada tubo contendo uma semente. As médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey, com significância fixada em 5% de probabilidade, utilizando o programa estatístico SISVAR (FERREIRA, 2000). O processo de assepsia das sementes foi idêntico ao descrito anteriormente. Foram testados seis Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 135-139, 2009 Germinação in vitro de sementes de Mirremia tomentosa... concentrações de GA3 (0, 1, 2, 3, 4 e 5 mg L-1) no meio de cultura MS com redução de 50% de concentração salina, suplementado com 3% de sacarose e solidificado com ágar 0,6%. O pH foi corrigido para 5,8 antes da autoclavagem. Após a inoculação, as sementes foram mantidas em sala de crescimento sob irradiância de fótons de 36 µmol m-2 s-1, fotoperíodo de 16 horas e temperatura de 25 ± 2°C. A avaliação foi realizada diariamente, durante 30 dias após inoculação, sendo observada a porcentagem de sementes germinadas em cada tratamento e índice de velocidade e germinação (IVG). Foi considerada germinada a semente que apresentava a radícula protrundida. O delineamento estatístico utilizado foi o delineamento inteiramente casualizado. Foram utilizadas cinco repetições por tratamento, sendo cada repetição composta por três tubos de ensaio e cada tubo contendo uma semente. Os resultados foram submetidos à análise de variância, sendo analisados pelo teste de regressão no SISVAR (FERREIRA, 2000). Observa-se na Figura 1, que houve diferença estatística significativa entre os meios de cultura MS, MS com redução de 50% de concentração salina e WPM. Sendo o melhor resultado no meio MS com redução de 50% de concentração salina. Germinação % . 80 a 70 60 a 50 40 30 20 b 10 0 MS MS 50% WPM FIGURA 1 Gráfico de porcentagem de germinação in vitro de sementes de M. tomentosa, em diferentes meios de cultura. Médias seguidas da mesma letra não diferem entre si, pelo teste de Tukey (p<0,05). UFLA, Lavras, MG, 2008. 137 Souza (2003), em estudo com germinação de sementes de arnica (Lychnophora pinaster Mart.), ao testar os meios MS, MS/2 e MS/4, verificou a superioridade do MS/4 (68% de germinação) e a necessidade da utilização de meios de cultura menos concentrados para o estabelecimento de plântulas. Observa-se na tabela 1, que não houve diferença estatística significativa para o IVG, entre os meios de cultura MS, MS com redução de 50% de concentração salina e WPM, porém para a porcentagem de germinação o meio MS 50% , obteve o melhor resultado. TABELA 1 Índice de Velocidade de Germinação (IVG) e Porcentagem de Germinação (% G) de sementes de M. tomentosa in vitro em diferentes meios de cultura. UFLA, Lavras, MG, 2008. Tratamentos IVG %G MS 0,582 56 a MS 50% 0,663 68 a WPM 0,383 10 b * Significativo a nível de 5% de probabilidade, pelo teste de Tukey. Utilizou-se o MS com redução de 50% de concentração salina com diferentes concentrações de GA3, pois, este obteve o melhor IVG e a melhor porcentagem de germinação. Pela análise de regressão (Figura 2), houve diferença estatística entre os tratamentos. Pela análise de regressão, a concentração ideal de GA3 foi de 2,19 mg L-1 com uma porcentagem esperada de 99% de germinação. A maior velocidade de germinação foi observada em sementes mantidas no meio MS com 50% de concentração de sais suplementados com 1mg L-1 de GA3. Melo (1993), avaliando o efeito do ácido giberélico (GA3) sobre a germinação de sementes de araticum (Annona crassiflora Mart.), verificou que não houve efeito do período de embebição sobre a germinação, porém, o Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 135-139, 2009 . 138 CENTOFANTE, A. R. et al. 120 radicular ou estimula o desenvolvimento de uma zona radicular existente. Para a germinação in vitro, o meio MS com redução de 50% de concentrações de sais, suplementado com 3% de sacarose e acrescido de 1mg L-1 de GA3, proporciona maior porcentagem de germinação. Germinação (%) 100 80 60 40 2 y = -4,95x + 21,68x + 75,43 2 R = 72% 20 0 0 1 2 3 4 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS -1 Concentração de GA 3 (mg L ) FIGURA 2 Gráfico de porcentagens de germinação in vitro de sementes de M. tomentosa, em meio de cultura MS com 50% de concentrações de sais e diferentes concentrações de GA3. UFLA, Lavras, MG, 2008. efeito da concentração do ácido giberélico foi significativo, havendo aumento da germinação proporcional ao aumento da concentração do referido ácido. Pela analise de variância (tabela, 2), não houve diferença estatística significativa para o IVG, porém houve diferença significativa entre os tratamentos para a porcentagem de germinação. Melo (1993) aponta que o tratamento de sementes com giberelinas pode promover a germinação. Sendo assim, sementes que possuem uma concentração relativa de giberelina baixa, quando tratadas com ácido giberélico (GA3) na concentração adequada, teriam uma germinação mais homogênea e em maior quantidade. Segundo Kochaba et al. (1974), a presença de ácido giberélico no meio de cultura proporciona a iniciação de uma zona meristemática FERREIRA, D. F. Análises estatísticas por meio do SISVAR para Windows versão 4.0. São Carlos: UFSCAR, 2000. FRANÇA, S. C. de. Abordagens biotecnológicas para a obtenção de substâncias ativas. In: SIMÕES, C. M. O. (Org.). Farmacognosia: da planta ao medicamento. 3. ed. rev. Porto Alegre: UFRGS; Florianópolis: UFSC, 2001. p. 105-124. GRATTAPAGLIA, D.; MACHADO, M. A. Micropropagação. In: TORRES, A. C.; CALDAS, L. S.; BUSO, J. A. (Eds.). Cultura de tecidos e transformação genética de plantas. Brasília: Embrapa-SPI; Embrapa-CNPH, 1998. v. 1, p. 183-260. 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FOR IN VITRO GERMINATION JOÃO PAULO SARAIVA MORAIS1, ANA CRISTINA PORTUGAL PINTO DE CARVALHO2, THIAGO LUSTOSA JUCÁ3, FRANCISCO DE ASSIS DE PAIVA CAMPOS4 1 Mestre em Bioquímica Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra Sara Mesquita, 2270 Planalto do Pici 60511-110 Fortaleza, CE [email protected] 2 Doutora em Genética, Embrapa Agroindústria Tropical; Bioquímica Embrapa Agroindústria Tropical Rua Dra Sara Mesquita, 2270 Planalto do Pici 60511-110 Fortaleza, CE [email protected] 3 Graduado em Biologia, Universidade Federal do Ceará Campus do Pici bloco 907 Fortaleza, CE [email protected] 4 Doutor em Bioquímica, Universidade Federal do Ceará. Universidade Federal do Ceará Campus do Pici bloco 907 Fortaleza, CE [email protected] RESUMO A aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeuva Allem.) é uma árvore da família Anacardiaceae de grande valor madeireiro e medicinal para o Nordeste brasileiro. Encontra-se vulnerável à extinção, principalmente, em razão da sua exploração excessiva. Neste trabalho, objetivou-se determinar o protocolo mais adequado para a desinfestação superficial dos frutos-sementes, visando a posterior inoculação in vitro. A melhor condição testada foi duas imersões em etanol 70% por 2 minutos, seguida de hipoclorito de sódio 2,5% por 10 minutos. resistente ou muito resistente a cupins e fungos (PAES et Termos para indexação: Posição da semente, assepsia, Anacardiaceae, micropropagação, espécie ameaçada de extinção, Myracrodruon urundeuva A extração abusiva da sua madeira e da sua al., 2002), sendo definida por alguns autores como imputrescível (QUEIROZ et al., 2002). Quanto ao seu uso medicinal, na forma de decocto da entrecasca, é utilizada para o tratamento caseiro de afecções cutâneas, problemas genito-urinários, gastro-intestinais e das vias respiratórias (BANDEIRA, 2002; LORENZI & MATOS, 2002). entrecasca levou essa árvore a figurar na lista brasileira de espécies ameaçadas de extinção, como vulnerável ABSTRACT Myracrodruon urundeuva Allem. is an Anardiaceae tree with great wood and medicinal values to Brazilian Northeast. It is vulnerable to endangerment due to excessive exploitation. The objective of this work was to determine the most suitable protocol for superficial washing of fruit-seeds to further in vitro inoculation. The best tested condition is two washings in ethanol 70% per 2 minutes, followed by 2.5% sodium hypochlorite per 10 minutes. (INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE - Index terms: Seed position, asepsis, Anacardiaceae, micropropagation, endangered species, Myracrodruon urundeuva. comercial da espécie, reduzindo a pressão sobre áreas A aroeira-do-sertão (Myracrodruon urundeva Allem.), ou simplesmente aroeira, é uma Anacardiaceae amplamente usada tanto por sua madeira, como por suas aplicações fitoterápicas. Sua madeira é classificada como De acordo com George (1993), a escolha da parte IBAMA, 2006), e na lista vermelha da World Conservation Union (INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE - IUCN, 2006). A cultura de tecidos, nesse contexto, apresenta-se como uma ferramenta alternativa auxiliar na produção de mudas, em programas de reflorestamento ou para plantio nativas, nas quais impera o extrativismo. da planta que fornecerá o explante depende do tipo de cultura a ser iniciada, do propósito da cultura e da espécie vegetal que está sendo usada. Segundo Soares (2003), (Recebido em 25 de setembro de 2008 e aprovado em 13 de maio de 2009) Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 140-144, 2009 Desinfestação superficial de frutos-sementes... quando uma planta tem a idade aumentada, sua capacidade regenerativa é reduzida. O autor cita que tecidos embrionários geralmente demonstram alta totipotencialidade e, assim, embriões e sementes são utilizados frequentemente como material experimental para o cultivo in vitro. Altas taxas de contaminação fúngica ou bacteriana durante a iniciação da cultura inviabilizam o cultivo in vitro. A unidade de semeio da aroeira é o fruto-semente (ANDRADE, 1998), no qual é praticamente impossível separar a semente do fruto. Por meio de experimentos preliminares, constatou-se que esses frutos-sementes apresentavam altos índices de contaminação fúngica, quando inoculados in vitro. Couto et al. (2004), para avaliar o melhor protocolo para desinfestação superficial de sementes de mogno (Swietenia macrophylla King), testou três doses de soluções de hipoclorito de sódio, quatro tempos de contato e duas posições de inoculação. Com base nesses trabalhos, realizaram-se ensaios para a determinação do protocolo de assepsia mais adequado para a desinfestação superficial de frutos-sementes de aroeira, para permitir seu cultivo in vitro com sucesso. O presente trabalho foi dividido em dois testes, realizados na Universidade Federal do Ceará, Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular, usando-se frutossementes da safra de 2003, gentilmente cedidos pelo IBAMA/CE, assim realizados: Teste 1: Efeito do número de imersões em soluções desinfestantes na assepsia e da posição dos frutossementes de M. urundeuva na germinação in vitro e Teste 2: Efeito de diferentes concentrações e tempos de exposição à solução de hipoclorito de sódio na desinfestação superficial dos frutos-sementes de M. urundeuva, visando a germinação in vitro. Quatro amostras de 120 frutos-sementes de M. urundeuva foram dispostos em recipiente de 250 mL de capacidade, contendo 100 mL de solução de detergente comercial diluído a 25% em água destilada sob agitação magnética constante por 10 minutos. A seguir, foram lavados com água destilada até não haver mais traços 141 visíveis de espuma. Foram utilizados 240 explantes por teste. No primeiro teste, os frutos-sementes foram desinfestados em câmara de fluxo laminar, em frascos com capacidade de 220 mL, contendo 100 mL de solução de etanol (EtOH) 70% por 2 minutos e 100 mL de hipoclorito de sódio (NaOCl) a 2,5% por 15 minutos, de acordo com os tratamentos (0, 1, 2 ou 3 imersões em soluções de etanol/ hipoclorito) e finalmente enxaguados em três lavagens, de 30 segundos cada, em água destilada autoclavada. O modelo experimental usado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 4 x 2, tendo como fatores o número de imersões (de 0 a 3), e a posição do hilo (posicionado de forma a ficar em contato com o meio de cultura ou oposto ao meio). Cada tratamento foi constituído de 3 repetições de 10 frutos-sementes, totalizando 240 frutos-sementes, um por tubo de ensaio. No segundo teste, em câmara de fluxo laminar, os frutos-sementes foram desinfestados, com duas imersões, em 100 mL de solução de EtOH 70% por 2 minutos e 100 mL de solução de NaOCl, em frascos de capacidade de 220 mL, de acordo com os tratamentos (2,5% ou 5% de NaOCl, em esquema fatorial com 5, 10, 15 ou 20 minutos de exposição), e enxaguados em três lavagens, de 30 segundos cada, em água destilada autoclavada. O modelo experimental usado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2 x 4, tendo como fatores a concentração de NaOCl (2,5% ou 5%) e o tempo de contato com a solução (5, 10, 15 ou 20 minutos). Cada tratamento foi constituído de 3 repetições de 10 frutossementes, totalizando 240 frutos-sementes, um por tubo de ensaio. Em ambos os testes, os frutos-sementes foram inoculados em tubos de ensaio contendo meio de cultura MS (MURASHIGE & SKOOG, 1962), constituído de metade da concentração de macro e de micronutrientes, concentração normal de vitaminas, 3% de sacarose e 0,7% de ágar, sendo o pH ajustado para 5,8 antes da autoclavagem, com o hilo em contato com o meio de cultura, ou diametralmente oposto a esse. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 140-144, 2009 142 MORAIS, J. P. S. et al. Aos 28 dias após a inoculação, avaliou-se a contaminação, protrusão de radícula, surgimento de cotilédones e de ápices caulinares, e formação de calos nos explantes. Para a análise estatística dos dados, utilizouse o programa SISVAR®, transformando-se as porcentagens calculadas para o arco seno da raiz quadrada. No primeiro teste, verificou-se que houve redução significativa na porcentagem de contaminação dos explantes, à medida que se aumentou o número de imersões, mas não ocorreram diferenças estatisticamente significativas (F < 0,05) entre 2 e 3 imersões (Tabela 1). Como os frutos-sementes encontravam-se em condições de campo, a assepsia é uma condição primordial para não haver contaminação e as plântulas poderem se desenvolver. Durante o teste, não foi verificada nenhuma contaminação bacteriana e, aos 28 dias, somente uma plântula, no tratamento de uma imersão, formou calos na sua base. Os frutos-sementes que não sofreram qualquer tipo de desinfestação apresentaram baixa porcentagem de protusão de radículas e ausência de cotilédones e ápices caulinares, diferindo estatisticamente dos outros tratamentos. Por outro lado, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os tratamentos em que foram feitas uma, duas ou três imersões nas soluções desinfestantes. Não foi verificada diferença estatisticamente significativa na germinação dos frutos-sementes (F < 0,05) de acordo com a posição do hilo, nem interação estatisticamente significativa entre os fatores posição e número de imersões. Entretanto, na germinação de sementes de mogno, Couto et al. (2004) verificaram que aquelas com a concavidade em contato com o meio apresentaram maior índice de germinação. Durante a germinação dos frutossementes de aroeira, verificou-se que a radícula não emerge do hilo, mas sim de ponto na lateral do fruto-semente, entre o hilo e o pólo oposto. Teste 2: No segundo teste, verificou-se que os melhores tratamentos foram, para os parâmetros de germinação avaliados, aproximadamente semelhantes dentre os dois experimentos de germinação in vitro de sementes, indicando a conformidade da taxa de germinação com o trabalho de Silva et al. (2002), obtendo aproximadamente 70% de taxa de germinação, e de Andrade (1998), no qual a taxa de germinação foi por volta de 60%. Os autores usaram como parâmetro de germinação a emissão de radículas. Como em testes preliminares verificou-se que algumas sementes emitiam a radícula, sem desenvolver a plântula inteira, optou-se por avaliar também o surgimento de cotilédones e ápices caulinares, outras fontes de explantes. Após 28 dias de inoculação in vitro, verificou-se que apenas para o tratamento de 10 minutos houve diferença estatisticamente significativa entre as duas concentrações das soluções de NaOCl (F < 0,05), em todas as variáveis, exceto porcentagem de explantes com protusão de radículas. Também se verificou que o TABELA 1 Efeito do número de imersões de frutos-sementes de aroeira em solução de etanol 70% por 2 minutos e de hipoclorito de sódio 2,5% por 15 minutos, sobre a porcentagem de explantes contaminados, com protusão da radícula, surgimento de cotilédones e de ápices caulinares, 28 dias após a inoculação in vitro. Número de imersões Contaminação (%) Protrusão de radículas (%) Surgimento de cotilédones (%) Surgimento de ápices caulinares (%) 0 100,0 a 5,0 b 0,0 b 0,0 b 1 28,3 b 81,7 a 68,3 a 58,3 a 2 5,0 c 81,7 a 63,3 a 51,7 a 3 0,0 c 80,0 a 75,0 a 45,0 a C.V. (%) 27,53 23,34 23,00 25,00 Médias na mesma coluna, seguidas pela mesma letra, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 140-144, 2009 Desinfestação superficial de frutos-sementes... tratamento de 5 minutos sempre diferiu estatisticamente dos demais (Tabela 2). Só foi observado um explante com calogênese na base da plântula, no tratamento de 2,5% de NaOCl por 20 minutos, e somente um explante com contaminação bacteriana, no tratamento de 2,5% de NaOCl por 15 minutos. Nos tratamentos de 5,0% de NaOCl, ocorreu uma diminuição numérica das porcentagens de protrusão de radículas, do surgimento de cotilédones e de ápices caulinares e no tratamento de 2,5% de hipoclorito, ocorreu diminuição numérica somente no surgimento de ápices caulinares. O excesso de NaOCl pode danificar o embrião, prejudicando seu desenvolvimento, após a germinação, conforme exemplificado nos trabalhos citados a seguir. Takasaki (2005), ao variar as concentrações de NaOCl (1, 2, 4 e 8%), na descontaminação de sementes de Zephyra elegans D.Don, verificou que a contaminação foi reduzida à medida que se aumentou a concentração da solução desinfestante, atingindo-se o menor valor a 8% de NaOCl, mas elegendo o tratamento de hipoclorito a 4% como a concentração da solução desinfestante usada na técnica 143 de assepsia para tais sementes, pois na dosagem mais elevada, foram notados sinais de fitotoxicidade e queda na porcentagem de germinação. Yildiz & Er (2002), estudando o efeito de diferentes concentrações de cloro ativo (3%, 4% e 5%), sobre a germinação de sementes de linho (Linum usitatissimum L.), verificaram que as maiores taxas de germinação de sementes, crescimento das plântulas, comprimento de hipocótilo e de radículas ocorreram no tratamento de 3%. Por fim, na germinação de sementes de mogno, variando-se a porcentagem de hipoclorito de sódio (0, 2,5% ou 5,0%) e o tempo (10, 20, 30 ou 40 minutos) de contato com a solução, Couto et al. (2004) verificaram que os melhores tratamentos de hipoclorito foram 2,5% por 30 minutos ou 5,0% por 20 minutos. Para a desinfestação superficial de frutos-sementes de aroeira (Myracroduron urundeuva), recomenda-se lavar cerca de 120 frutos-sementes por 10 minutos, em solução diluída de detergente comercial a 25% e, a seguir, em câmara de fluxo laminar, duas imersões na sequência de soluções de etanol 70% por 2 minutos e hipoclorito de sódio 2,5% por 10 minutos e, finalmente, três enxágues de 30 segundos em água destilada autoclavada. TABELA 2 Efeito de diferentes tempos de imersão de frutos-sementes de Myracrodruon urundeuva em soluções desinfestantes de hipoclorito de sódio, nas concentrações de 2,5% e de 5,0%, sobre a porcentagem de explantes contaminados, com protusão da radícula, com surgimento de cotilédones e de ápices caulinares, 28 dias após a inoculação dos explantes in vitro. Explantes contaminados (%) Concentrações de NaOCl (%) Explantes com protrusão de radículas (%) Explantes com surgimento de cotilédones (%) Explantes com surgimento de apices caulinares (%) 2,5 5,0 2,5 5,0 2,5 5,0 2,5 5,0 5 76,67 aA 86,67 aA 23,33 bA 20,00 bA 23,33 bA 13,33 cA 16,67 bA 13,33 cA 10 20,00 bB 53,33 bA 80,00 aA 76,67 aA 80,00 aA 53,33 bB 73,33 aA 33,33 bcB 15 3,33 bA 0,00 cA 90,00 aA 100,00 aA 80,00 aA 90,00 aA 53,33 aA 70,00 aA 20 13,33 bA 0,00 cA 90,00 aA 80,00 aA 80,00 aA 70,00 abA 53,33 aA 46,67 abA Tempos de imersão (min) C.V. (%) 30,39 21,10 19,05 21,78 Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna, ou maiúscula na linha, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância. Plant Cell Cult. Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 140-144, 2009 144 MORAIS, J. P. S. et al. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, M. W. de. Micropropagação de aroeira (Myracrodruon urundeuva Fr. All.). 1998. 50 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia-Fitotecnia) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 1998. BANDEIRA, M. A. M. Myracrodruon urundeuva Allemão (aroeira-do-sertão): constituintes químicos ativos da planta em desenvolvimento e adulta. 2002. 215 p. Tese (Doutorado em Química Orgânica) Universidade Federal do Ceará, Fortaleza, 2002. COUTO, J. M. F.; OTONI, W. C.; PINHEIRO, A. L.; FONSECA, E. de P. Desinfestação e germinação in vitro de sementes de mogno (Swietenia macrophylla King). Revista Árvore, Viçosa, v. 28, n. 5, p. 633-642, 2004. GEORGE, F. E. Plant propagation by tissue culture: the technology: part 1. 2. ed. Edington: Exegetics, 1993. INSTITUTO BRASILEIRO DE MEIO AMBIENTE. Portaria nº 37-N, de 3 de abril de 1992. Apresenta lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçada de extinção. Brasília, 1992. Disponível em: <http://www.ibama.gov.br/ flora/extincao.htm>. Acesso em: 13 ago. 2006. INTERNATIONAL UNION FOR CONSERVATION OF NATURE. 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Micropropag., Lavras, v.5, n.2, p. 140-144, 2009 NORMAS PARA PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E COMUNICAÇÕES CIENTÍFICAS A revista Plant Cell Culture & Micropropagation é editada semestralmente pela Editora da Universidade Federal de Lavras (Editora UFLA), publica artigos científicos e comunicações científicas da área de cultura de tecidos de plantas, elaborados por membros da comunidade científica nacional e internacional. Não é cobrada taxa para publicação de trabalhos, desde que um dos autores seja sócio e esteja em dia com a ABCTP (Associação de Cultura de Cultura de Tecidos de Plantas). É condição fundamental que os artigos/comunicações submetidos à apreciação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation não foram e nem serão publicados simultaneamente em outro lugar. Com a aceitação do artigo para publicação, os editores adquirem amplos e exclusivos direitos sobre o artigo para todas as línguas e países. A publicação de artigos/comunicações dependerá da observância das Normas Editoriais, dos pareceres do Corpo Editorial e da Comissão ad hoc. Todos os pareceres têm caráter sigiloso e imparcial, e tanto os autores quanto os membros do Corpo Editorial e/ou Comissão ad hoc não obtêm informações identificadoras entre si. Os conceitos e afirmações contidos nos artigos e comunicações serão de inteira responsabilidade do(s) autor(es). 1. SUBMISSÃO: Cada trabalho deverá ter no máximo 14 páginas e junto do mesmo deverá ser encaminhado ofício dirigido ao Editor Chefe da revista, solicitando a publicação do artigo. Esse ofício deverá conter o pedido de apreciação na revista ao editor chefe, a declaração de ser um trabalho original e não ter sido submetido a nenhuma outra revista, ser assinado por todos os autores, constar o endereço completo, telefone e e-mail de todos. Qualquer inclusão, exclusão ou alteração na ordem dos autores, deverá ser notificada mediante ofício assinado por todos os autores (inclusive do autor excluído). Originais: quatro vias impressas e uma via em CDR, com texto e ilustrações e gráficos. Das 4 vias impressas apenas 1 deve conter os nomes completos dos autores e rodapé na primeira página. Processador de texto: Word for Windows (version 98, 2000, XP ou 2003) Redigido em português, inglês ou espanhol Espaçamento do texto: Duplo. Margens: esquerda (3cm), direita (2cm), inferior e superiores (2,5cm). Cabeçalho e Rodapé (2,5cm). Papel: formato A4 Fonte: Times New Roman, tamanho 12 Número de páginas: até 14 páginas, numeradas consecutivamente, incluindo as ilustrações Tabelas: devem fazer parte do corpo do artigo e ser apresentadas no módulo tabela do Word. O título deve ficar acima. Gráficos, Figuras e Fotografias: devem ser apresentados em preto e branco, nítidos e com contraste, escaneados, inseridos no texto após a citação dos mesmos e também em um arquivo à parte, salvos em extensão tif ou jpg , com resolução de 300 dpi. Os gráficos devem vir também em excel, com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito, sem caixa de textos e agrupados, em arquivo à parte. Símbolos e Fórmulas Químicas: deverão ser feitos em processador que possibilite a formatação para o programa Page Maker, sem perda de suas formas originais. 2. ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO 2.1. O artigo científico deve ser apresentado na seguinte seqüência: TÍTULO Suficientemente claro, conciso e completo, evitando-se palavras supérfulas, em letras maiúsculas, centralizado, em negrito, em português e inglês. AUTORES Máximo de 6 autores Nomes completos sem abreviação, com chamada para nota de rodapé da primeira página em apenas 1 das 4 vias do manuscrito Rodapé deve conter: titulação instituição a que o autor está filiado endereço da instituição CEP cidade, estado endereço de e-mail, do respectivo autor. RESUMO Deve condensar, em um único parágrafo, o conteúdo, expondo objetivos, materiais e métodos, os principais resultados e conclusões em não mais do que 250 palavras. De acordo com as normas da NBR6028 Termos para indexação : no mínimo de três e máximo de cinco. Não devem repetir os termos que se acham no título, podem ser constituídas de expressões curtas e não só de palavras e devem ser separadas por vírgula. Se possível, extraídas do vocabulário: Thesagro Thesaurus Agrícola Nacional, desenvolvido pela CENAGRI (indicação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation para evitar o uso de vários sinônimos como termos de indexação) ABSTRACT Além de seguir as recomendações do resumo, não ultrapassando 250 palavras, deve ser uma tradução próxima do resumo. Index terms: representam a tradução das palavras-chave para a língua inglesa. INTRODUÇÃO Deve apresentar uma visão concisa do estado atual do conhecimento sobre o assunto, que o manuscrito aborda e enfatizar a relevância do estudo, sem constituirse em extensa revisão e, na parte final, os objetivos da pesquisa. Deve incluir a revisão de literatura. MATERIAL E MÉTODOS Esta seção pode ser dividida em subtítulos, indicados em negrito. RESULTADOS E DISCUSSÃO Podem ser divididas em subseções, com subtítulos concisos e descritivos, e conter tabelas e figuras. CONCLUSÕES Finalizar com os resultados de acordo com os objetivos do trabalho AGRADECIMENTOS Se for o caso ao fim do texto, e antes das Referências Bibliográficas, a pessoas ou instituições. O estilo, também aqui, deve ser sóbrio e claro, indicando as razões pelas quais se fazem os agradecimentos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Devem seguir as normas para citação no texto e na seção própria. 2.2. A comunicação científica deve ser apresentada na seguinte seqüência: TÍTULO Suficientemente claro, conciso e completo, evitando-se palavras supérfluas, em letras maiúsculas, centralizado, em negrito, em português e inglês. AUTORES Máximo de 6 autores Nomes completos sem abreviação, com chamada para nota de rodapé da primeira página em apenas 1 das 4 vias do manuscrito Rodapé deve conter: titulação instituição a que o autor está filiado endereço da instituição CEP cidade, estado endereço de e-mail, do respectivo autor. RESUMO Deve condensar, em um único parágrafo, o conteúdo, expondo objetivos, materiais e métodos, os principais resultados e conclusões em não mais do que 250 palavras. De acordo com as normas da NBR6028 Termos para indexação : no mínimo de três e máximo de cinco. Não devem repetir os termos que se acham no título, podem ser constituídas de expressões curtas e não só de palavras e devem ser separadas por vírgula. Se possível, extraídas do vocabulário: Thesagro Thesaurus Agrícola Nacional, desenvolvido pela CENAGRI (indicação da revista Plant Cell Culture & Micropropagation para evitar o uso de vários sinônimos como termos de indexação) ABSTRACT Além de seguir as recomendações do resumo, não ultrapassando 250 palavras, deve ser uma tradução próxima do resumo. Index terms: representam a tradução das palavras-chave para a língua inglesa. Texto: sem subdivisão, porém com introdução, material e métodos, resultados e discussão (podendo conter tabelas e gráficos e conclusão subentendidas. AGRADECIMENTOS Se for o caso ao fim do texto, e antes das Referências Bibliográficas, a pessoas ou instituições. O estilo, também aqui, deve ser sóbrio e claro, indicando as razões pelas quais se fazem os agradecimentos. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Devem seguir as normas para citação no texto e na seção própria. 3. CASO O ARTIGO CONTENHA FOTOGRAFIAS, GRÁFICOS, FIGURAS, SÍMBOLOS E FÓRMULAS, ESSAS DEVERÃO OBEDECER ÀS SEGUINTES NORMAS: 3.1. Fotografias deverão ser apresentadas em preto e branco, nítidas e com contraste, inseridas no texto após a citação das mesmas e também em um arquivo à parte, salvas em extensão TIFF ou JPEG com resolução de 300 dpi. 3.2. Figuras deverão ser apresentadas em preto e branco, nítidas e com contraste, inseridas no texto após a citação das mesmas e também em um arquivo à parte, salvas em extensão TIFF ou JPEG com resolução de 300 dpi. As figuras deverão ser elaboradas com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito; sem caixa de textos e agrupadas. 3.3. Gráficos deverão ser inseridos após citação dos mesmos, dentro do próprio texto, elaborado preferencialmente em Excel, com letra Times New Roman, tamanho 10, sem negrito; sem caixa de textos e agrupadas. 3.4. Símbolos e Fórmulas Químicas deverão ser feitas em processador que possibilite a formatação para o programa Page Maker (ex: MathType, Equation), sem perda de suas formas originais. OBS: A formatação correta é parte imprescindível para que o trabalho seja devidamente protocolado. Caso este não esteja nas normas, o mesmo será recusado. 4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: as referências bibliográficas devem ser citadas conforme a NBR6023/2002 da ABNT. A exatidão das referências constantes da listagem e a correta citação no texto são de responsabilidade do(s) autor(es) do artigo. 4.1. Orientações gerais: - Deve-se apresentar todos os autores do documento científico (fonte); - O nome do periódico deve ser descrito por extenso, não deve ser abreviado; - Em todas as referências deve-se apresentar o local de publicação (cidade), a ser descrito no lugar adequado para cada tipo de documento; - As referências devem ser ordenadas alfabeticamente. 4.2. Exemplificação (tipos mais comuns): ARTIGO DE PERIÓDICO: VIEIRA, R. F.; RESENDE, M. A. V. de. Épocas de plantio de ervilha em Patos de Minas, Uberaba e Janaúba, Minas Gerais. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 24, n. 1, p. 7480, jan./mar. 2000. LIVRO: a) livro no todo: STEEL, R. G. D.; TORRIE, J. H. Principles and procedures of statistics. New York: McGraw-Hill Book, l960. 481 p. b) Parte de livro com autoria específica: FLEURY, J. A. Análise ao nível de empresa dos impactos da automação sobre a organização da produção de trabalho. In: SOARES, R. M. S. M. Gestão da empresa. Brasília: IPEA/ IPLAN, 1980. p. 149-159. c) Parte de livro sem autoria específica: MARTIM, L. C. T. Nutrição de bovino de corte em confinamento. In: ______. Confinamento de bovino de corte. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1986. cap. 3, p. 29-89. DISSERTAÇÃO E TESE: GONÇALVES, R. A. Preservação da qualidade tecnológica de trigo (Triticum aestivum L.) e controle de Rhyzopertha dominica (F.) durante o armazenamento em atmosfera controlada com Co2 e N2. 1997. 52 f. Dissertação (Mestrado em Ciência dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 1997. MATIOLI, G. P. Influência do leite proveniente de vacas mastíticas no rendimento de queijo frescal. 2000. 55 p. Dissertação (Mestrado em Ciências dos Alimentos) Universidade Federal de Lavras, Lavras, 2000. Nota: A folha é composta de duas páginas: anverso e verso. Alguns trabalhos, como teses e dissertações são impressos apenas no anverso e, neste caso, indica-se f. (ABNT, NBR6023/2002, p. 18). TRABALHOS DE CONGRESSO E OUTROS EVENTOS: SILVA, J. N. M. Possibilidades de produção sustentada de madeira em floresta densa de terra firme da Amazônia brasileira. In: CONGRESSO FLORESTAL BRASILEIRO, 6., 1990, Campos do Jordão. Anais... Campos do Jordão: SBS/ SBEF, 1990. p. 39-45. DOCUMENTOS ELETRÔNICOS: As obras consultadas online são referenciadas conforme normas específicas para cada tipo de documento (monografia no todo e em parte, trabalho apresentado em evento, artigo de periódico, artigo de jornal, etc.), acrescidas de informações sobre o endereço eletrônico apresentado entre braquetes (< >), precedido da expressão Disponível em: e da data de acesso ao documento, precedida da expressão Acesso em: . Nota: Não se recomenda referenciar material eletrônico de curta duração nas redes (ABNT, NBR6023/2000, p. 4). Segundo padrões internacionais, a divisão de endereço eletrônico, no fim da linha, deve ocorrer sempre após barra (/). Monografia (acesso online): a) livro no todo TAKAHASHI, T. (Coord.). Tecnologia em foco. Brasília: Socinfo/MCT, 2000. 90 p. Disponível em: <http// www.socinfo.org.br>. Acesso em: 22 ago. 2000. b) parte de livro TAKAHASHI, T. Mercado, trabalho e oportunidades. In: ______. Sociedade da informação no Brasil: livro verde. Brasília: Socinfo/MCT, 2000. cap. 2, p. 13-24. Disponível em: <http://www.socinfo.gov.br>. Acesso em: 22 ago. 2000. c) Parte de congresso, seminário, etc. GIESBRECHT, H. O. Avaliação de desempenho de institutos de pesquisa tecnológica: a experiência de projeto excelência na pesquisa tecnológica. In: CONGRESSO ABIPTI, 2000, Fortaleza. Gestão de institutos de pesquisa tecnológica. Fortaleza: Nutec, 2000. Disponível em: <http://www.abipti.org.br>. Acesso em: 01 dez. 2000. d) Tese SILVA, E. M. Arbitrariedade do signo: a língua brasileira de sinais (LIBRAS). 1997. 144 p. Dissertação (Mestrado em Lingüística Aplicada e Estudo de Língua) - Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 1997. Disponível em: <http://www.terra.com.br/virtualbooks/ freebook/port/did/ teses.htm>. Acesso em: 28 nov. 2000. O INFORMARÁ SOBRE SUA PUBLICAÇÃO. OS ARTIGOS QUE NECESSITAREM DE MODIFICAÇÕES SERÃO DEVOLVIDOS AO AUTOR PARA A DEVIDA REVISÃO. Artigo de periódico (acesso online): 7. OS ARTIGOS SERÃO PUBLICADOS EM ORDEM DE APROVAÇÃO. RESENDE, A. M. G. Hipertexto: tramas e trilhas de um conceito contemporâneo. Informação e Sociedade, Recife, v. 10, n. 1, 2000. Seção Educação. Disponível em: <http:// www.informaçãoesociedade.ufpb.br/>. Acesso em: 30 nov. 2000. CITAÇÃO: PELO SISTEMA ALFABÉTICO (AUTORDATA) (conforme ABNT, NBR10520/2002) Dois autores - Steel & Torrie (1960) ou (STEEL & TORRIE, 1960). Três ou mais autores - Valle et al. (l945) ou (VALLE et al., 1945). Obs.: Quando forem citados dois autores de uma mesma obra deve-se separá-los pelo sinal & (comercial). 5. O EDITOR CHEFE NOTIFICARÁ O AUTOR DO RECEBIMENTO DO ORIGINAL E, POSTERIORMENTE, 6. OS ARTIGOS NÃO APROVADOS SERÃO DEVOLVIDOS. 8. O NÃO-CUMPRIMENTO DESSAS NORMAS IMPLICARÁ NA DEVOLUÇÃO DO ARTIGO AO AUTOR. 9. OS CASOS OMISSOS SERÃO RESOLVIDOS PELA COMISSÃO EDITORIAL. 10. O ARTIGO DEVERÁ SER ENVIADO PARA: ABCTP Plant Cell Culture & Micropropagation Universidade Federal de Lavras Departamento de Biologia/Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 CEP 37200-000 Lavras MG INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Plant Cell Culture & Micropropagation , a semestral journal edited by Editora UFLA of the Universidade Federal de Lavras, publishes scientific articles and communications in the area of plant tissue culture, elaborated by researchers of the national and international scientific community. One of the authors must be associated and have paid all charges required by the ABCTP (Plant Tissue Culture Association) in order to be tax free for publication in Plant Cell Culture & Micropropagation. Submission of a manuscript implies that it is neither under consideration for publication elsewhere nor has appeared previously in part or in whole. On acceptance for publication, authors assign to the Editors full copyright of the manuscript in all languages and countries. Publications will depend on editorial rules and on the review of experts and ad hoc commission. Reviewer and editorial opinions will be anonymously communicated to authors. Concepts and affirmations included in articles and communications are of the entire responsibility of the authors. 1. SUBMISSION The manuscript must present a maximum of 14 pages. At the time of submission, a cover letter must be sent with the manuscript copies to the Editor requesting publication of the article. This cover letter must be signed by all authors and also contain the full address, telephone number and e-mail of the authors. Any inclusion, exclusion or alteration in the authors order must be notified and signed by all authors including the one excluded. Original: Four copies and CD with text and illustrations. Only one of the 4 printed copies must contain the full names of the authors and footnote in the first page. Format: Word for Windows (version 98, 2000, XP ou 2003) Spacing of the text: Double. Margin on the left hand side and 2.0 cm margin on the right hand side, 2.5 cm upper and lower margin, 2.5 cm for the heading and 2.,5 cm for the footnote Paper: A4 format Source: Times New Roman, size 12 Number of pages: up to 14 pages, including the illustrations Tables: Tables should be part of the body of the paper and they must be presented in Word or Excel. The title should be above and be presented in the language in which the article was written and in English. The vertical lines separating the columns should not appear. Graphs/Figures/Photographs: must be presented in black and white, clear and with contrast, scanned, inserted in the text after citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension tif or jpg , with resolution of 300 dpi. The title should be below and presented in the language in which the article was written and in English. Symbols and Chemical Formula: must be presented using a word processor that permits a format Page Maker. 2. STRUCTURE AND ORGANIZATION 2.1. The article should be presented in the following sequence: TITLE In English language, containing no more than 15 words in capital letters and bold. AUTHORS Maximum of 6 authors Full names, with call for baseboard note with the following information on first page only 1 copys.They should come in the footnote of the first page in only one of the four printed copies. : Footnote: titulation name of the institution to which the authors belong address of institution ZIP CODE city, state mail address. ABSTRACT should be informative and condensed and should explain the objectives, material and methods, results and conclusion of the work in a maximum of 250 words all written in one paragraph. For articles written in English the abstract should also be presented in Portuguese. Key words: minimum of three and maximum of five. They should not repeat words that are already in the title. These may include phrases as well as individual words and should be separate by commas. For articles written in English the key-words should also be presented in Portuguese. INTRODUCTION Should present a concise vision of the current level of knowledge that has been achieved within the subject area that the paper will discuss. It should neither give an extensive review nor should it include details about the results and discussion. It should clearly indicate the objectives of the research that was carried out. MATERIALAND METHODS This section can contain subdivisions, with subtitles in bold print. RESULTS AND DISCUSSION This section can have subsection which begins with concise, descriptive titles in bold print. CONCLUSIONS Finishing agree of objectives of work ACKNOWLEDGEMENTS If applicable BIBLIOGRAPHICAL REFERENCES They should follow citation norms both in the text and in the appropriated section. 2.2 The Communication should be presented in the following sequence TITLE Sufficiently clear, conspicuous and complete, without superfluous words. It is recommended to initiate with the term that represent the most important aspect, with other terms in decreasing of importance TITLE IN PORTUGUESE; FULL NAME(S) OF THE AUTHOR(S) Maximum of 6 authors Full names, with call for baseboard note with the following information on first page only 1 copys.They should come in the footnote of the first page in only one of the four printed copies. Footnote: titulation name of the institution to which the authors belong address of institution ZIP CODE city, state mail address. ABSTRACT Written continuously without paragraph. It must not exceed 250 words. Index terms must be enclosed after the abstract using terms different from those used in the title and separated by comma. Index terms: (3 to 5) must be described in capital and small letters, and express the content of the article ABSTRACT AND INDEX TERMS IN PORTUGUESE Text: with no division but must include introduction, material and methods, results and discussion and conclusion (it may include tables and figures) ACKNOWLEDGEMENTS If applicable BIBLIOGRAPHICAL REFERENCES They should follow citation norms both in the text and in the appropriated section. 3. PHOTOGRAPHS, GRAPHS, FIGURES, SYMBOLS OR FORMULA CONTAINED IN THE ARTICLE SHOULD OBEY THE FOLLOWING RULES: 3.1. Photographs must be presented in black and white, clear and with contrast, inserted in the text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension TIFF or JPEG with resolution of 300 dpi. 3.2. Figures must be presented in black and white, clear and with contrast, inserted in the text after their citation and also in a separate file (on the same diskette as the article) saved in extension TIFF or JPEG with resolution of 300 dpi. They must be elaborated using Times New Roman font, size 10, without bold, without text box and arranged. 3.3. Graphs must be inserted in the text after their citation, elaborated preferentially in Excel, using Times New Roman font, size 10, without bold. 3.4. Symbols and Chemical Formula must be presented using a word processor that permits a format for Page Maker (ex: MathType, Equation) without loss of its original form. 4. REFERENCES: references must be cited according to NBR6023/2002 of ABNT. All references and their correct citation in the text are of the entire responsibility of the author(s). 5. THE BRAZILIAN ASSOCIATION OF PLANT TISSUE CULTURE (ABCTP) WILL INFORM THE AUTHOR THE RECEIPT OF THE ORIGINAL MANUSCRIPT AND EVENTUALLY IT WILLALSO SEND INFORMATION REGARDING ITS PUBLICATION. MANUSCRIPTS THAT REQUIRE MODIFICATIONS WILL BE RETURNED TO THE AUTHOR FOR THE RESPECTIVE REVISION ANDCORRECTIONS. 6. MANUSCRIPTS NOT APPROVED WON T BE RETURNED TO THE AUTHOR. 7. ARTICLES WILL BE PUBLISHED ACCORDING TO THE ORDER OF RECEIPTAND APPROVAL. 8. IFANY OFTHESE RULES ARE NOTATTENDED THE MANUSCRIPTWILL BE RETURNED TO THE AUTHOR. 9. THE NEGLECTFUL CASES WILL BE SOLVED BY THE EDITORIAL COMMITTEE. 10. MANUSCRIPTS SHOULD BE SENT TO THE FOLLOWINGADDRESS: ABCTP Plant Cell Culture & Micropropagation Universidade Federal de Lavras Depto. de Biologia - Setor de Fisiologia Vegetal Caixa Postal: 3037 37200-000 Lavras MG BRAZIL