TIKVÁ 5 27 27 BOLETIM INFORMATIVO DA COMUNIDADE ISRAELITA DE LISBOA Nº 52 | 6º Ano Março/Abril de 2005 Adar II/Nissan 5765 ANOS A contar a história da CIL E d i ç ã o C o m e m o r a t i v a E D I T O R I A L Tikvá 5 anos de uma bela história! É com enorme alegria que fazemos chegar a todos os nossos correligionários, amigos e simpatizantes espalhados por todo o mundo, esta que é uma edição mais do que especial. Para além do facto de já ser esta a edição de nº 52, o nosso Boletim Tikvá traz mais motivos para partilharmos juntos este sentimento de orgulho e satisfação. São 5 anos contínuos e sistemáticos de publicações, sempre em busca de uma melhor apresentação e conteúdo. Sempre em busca de fazer chegar aos nossos leitores todas as realizações da nossa Comunidade, todas os factos importantes, as pessoas que fazem na história e os acontecimentos do nosso mundo judaico. Mais ainda há mais. O nosso Boletim Tikvá entra no seu 6º ano de publicação de cara nova, rejuvenecido, com um lay-out e com uma apresentação gráfica moderna e adaptada aos dias de hoje, sem perder entretanto o seu carácter institucional e informativo. Mas quando falamos nestes 5 anos de histórias, lembramos de todo o empenho e dedicação das pessoas que fazem e fizeram desta revista uma realidade. Quando lembramos do passado, mesmo que recente, lembramos com carinho e gratidão do casal Joseph e Patricia Lustigman que não mediram esforços para que o Boletim Tikvá chegasse durante quase 2 anos às mãos dos nossos leitores. E quando falamos do presente só podemos agradecer a todos os que colaboraram e seguem a colaborar directa e indirectamente para que sigamos durante muitos outros anos. Para isto contamos com o fundamental apoio de todos. Apoio este que passa pela sempre necessária ajuda financeira através de novos assinantes e anunciantes, o envio de artigos, informações, críticas e opiniões ou simplesmente a vossa atenciosa leitura e carinho quando recebem esta publicação em vossos lares. Esta edição comemorativa chega também numa época de várias celebrações e comemorações do nosso calendário judaico que vai desde a lembrança da nossa saída do Egipto, passando pelos sempre tocantes e emotivos momentos de homenagem do Yom Hashoá e Yom Hazikaron, retomando finalmente a alegria na comemoração do 57º aniversário da nossa querida Medinat Israel! Parabéns Tikvá! Que tenhas uma longa vida! PESSACH SAMEACH UCASHER a todos! Marcos Prist Director Executivo CIL FICHA TÉCNICA Director Esther Mucznik Chefe de Redacção Marcos Prist Colaboradres Diana Ettner, Fany Sechter, Gabriel Steinhardt, Nuno Martins e Samuel Levy Concepção e produção gráfica Raimundo Santos 2 Tikvá 52 • Março/Abril m e n s a g e m d a d i r e c ç ã o Cinco anos a contar a história da CIL... Este foi o título escolhido para a capa do Tikvá neste seu 5º aniversário e não é por acaso. Na realidade, desde o dia em que, por iniciativa de Joseph e Patrícia Lustigman, a Direcção da CIL, na altura presidida por Samuel Levy, resolveu apoiar a publicação de um boletim comunitário, o Tikvá tem sido um reflexo fiel da vida da nossa comunidade. Não temos a pretensão, nem a capacidade, de contar a actualidade nacional e internacional, ou mesmo israelita. Também não pretendemos ser um órgão de estudo e reflexão sobre pensamento e filosofia judaicos. Sobre todos estes temas fundamentais há jornais, revistas, sites que o fazem muito melhor do que o poderíamos fazer. Muito mais modestamente, o nosso papel é ser um veículo de informação da comunidade para a comunidade, um elo de ligação entre a direcção e os seus membros e entre os membros entre si. Um instrumento de comunicação e de dinamização da comunidade. Conseguimo-lo? Ao fazer um rápido balanço destes 5 anos, cremos que, em grande parte, atingimos os nossos objectivos. Cinco anos, numa comunidade que tem perto de dois séculos, é pouco. No entanto, exceptuando o caso do jornal Halapid publicado ao longo de 30 anos pelo Capitão Barros Basto no Porto, nenhum órgão de imprensa judaica atingiu, em Portugal e ao longo do século XX, tanta regularidade e tanta longevidade. Há cinco anos que, ininterruptamente, levamos aos nossos membros e leitores o essencial da informação comunitária, das actividades da comunidade e das suas instituições. Foi através do Tikvá que muitas pessoas se aproximaram ou re-aproximaram da comunidade, nomeadamente jovens casais preocupados com a educação judaica dos seus filhos; é também o Tikvá que permite manter os nossos laços com antigos membros da Comunidade, hoje espalhados pelo mundo. O Tikvá é o nosso cartão de visita , o espelho da nossa comunidade, um meio de atracção de novos membros e de divulgação da nossa actividade. No entanto, muitos dos nossos membros encaram com uma naturalidade indiferente a publicação do Tikvá. Habituaram-se a ele, teriam pena se deixasse de aparecer, criticam-no por vezes, mas não perdem um minuto para pensar no esforço humano e financeiro que representa a sua realização. Nem lhes vem à ideia que a sua colaboração é essencial, mais do que essencial, indispensável: em artigos, em traduções, em apoio financeiro. Reconhecemos que temos de melhorar em numerosos aspectos: neste 5º aniversário alteramos qualitativamente, o aspecto gráfico. Mas não chega. Há que dar maior ênfase à educação judaica, dar mais espaço à reflexão sobre o futuro da CIL e do judaísmo português, promover mais diálogo entre os membros e leitores do Tikvá. Mas para isso a vossa colaboração é indispensável: para que o Tikvá cumpra cada vez melhor o seu papel. Desejamos a todos um Hag Pessach Sameah! Esther Mucznik H O M E N A G E M HOMENAGEM AO PAPA JOÃO PAULO II A SUA EMINÊNCIA, O SENHOR CARDEAL PATRIARCA DE LISBOA, D. JOSÉ POLICARPO A Comunidade Israelita de Lisboa apresenta a Sua Eminência, o Senhor Cardeal Patriarca e a toda a Igreja Católica Portuguesa, os mais sentidos pêsames pelo desaparecimento de Sua Santidade, o Papa João Paulo II. Foi com grande pesar e emoção que soubemos do seu falecimento e inclinamo-nos perante a coragem que demonstrou face à doença que o atingiu dolorosamente nestes últimos anos. João Paulo II foi um exemplo de fé, feita de compaixão e solidariedade com os mais pobres e oprimidos deste mundo, que toca e comove todos os crentes, independentemente da religião professada. Foi também um homem que se ergueu sempre pela liberdade e contra a tirania, e por isso será igualmente lembrado. A Comunidade Israelita de Lisboa saúda a obra de aproximação entre Católicos e Judeus à qual o Papa se consagrou ao longo do seu magistério. Em diversos momentos e em locais e circunstâncias altamente simbólicas, o Papa mostrou a via do diálogo e da reconciliação, em particular, com a sua visita inédita à Sinagoga de Roma em 1986, onde classificou os judeus como os irmãos mais velhos da Igreja e onde manifestou a sua dor profunda perante o horror do Holocausto. Em Março de 2000, a sua visita a Jerusalém constituiu um imenso progresso no diálogo pacificado KAROL JÓZEF WOJTYLA (1920-2005) "Deus dos nossos pais, que escolheste Abraão e os seus descendentes para trazer o Teu nome às nações: estamos profundamente tristes com o comportamento daqueles que, ao longo do curso da história, causaram sofrimento a estes teus filhos e, pedindo o teu perdão, manifestamos o desejo de nos comprometermos a uma irmandade genuína com o povo do convénio." João Paulo II, mensagem deixada entre as pedras do Muro das Lamentações (Kotel), em Jerusalém, a 26 de Março de 2000. entre Católicos e Judeus. João Paulo II deixou na nossa memória essa imagem absolutamente histórica do seu recolhimento perante o Muro Ocidental, vestígio do Templo e local sagrado para os judeus, quando retomou a tradição judaica de aí colocar uma oração escrita. Por todas estas razões, a morte do Papa João Paulo II deixa um grande vazio, mas simultaneamente a esperança de continuidade da sua obra. O Presidente José Oulman Carp A Vice-Presidente Esther Mucznik Tikvá 52 • Março/Abril 3 R O S T O S D A C I L Testemunho de ESTHER ABERLÉ (ARNON) Nascida Mucznik, residente em Israel "Portugal continua a ter um lugar muito importante no nosso coração" M eu pai, Samuel Hirsch Mucznik nasceu em Berdichev na Ucrânia em 1885 e minha mãe, Ethel Weissnicht, em Brodi, na Polónia, em 1878. Na sua juventude o meu pai deixou a casa de seus pais e viajou para Francoforte, na Alemanha para estudar para o Rabinato. Após terminar os estudos foi para a Polónia onde conheceu a minha mãe e aí casaram. Depois do nascimento dos dois primeiros filhos, o meu irmão Salomão e a minha irmã Fanny-Zipora, viajaram para Paris, onde o meu pai foi Hazan na Sinagoga da Rue Cadet. Aí tiveram mais uma filha Georgette (Golda em Yidish) que faleceu de tenra idade, já em Lisboa. 4 Tikvá 52 • Março/Abril Certo dia, apareceu em Paris o Presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, Sr. Salomão Levy Jr., pai do Samuelinho Levy, que se encontrou com o meu pai e, após ter recebido várias cartas de recomendação de entidades religiosas da Europa sobre o meu pai, convidou-o a vir para Lisboa exercer o cargo de Hazan e "Mohel". Estávamos em 1913. Eu já nasci em Lisboa, em 1917, tendo sido a primeira da família que aí nasceu. O sonho do meu pai era ir para Israel, que então era a Palestina. Em fins de 1931, meu pai deixou Portugal e viajou sózinho para a Palestina, onde se radicou. Aí, no seu primeiro Pes- sah, foi convidado pelo então Grão-Rabino, HaRav Kook para dirigir o Seder em casa dele, em Jerusalém. Em Setembro de 1932, a minha mãe e eu fomos também para a Palestina, onde o meu pai nos tinha preparado um belíssimo apartamento no Boulevard Rothshild, em pleno centro de Tel-Aviv. Eu tinha 14 anos e ia frequentemente com o meu pai ao Oneg-Shabat na Sinagoga Ohel-Shem, onde o meu pai era Hazan convidado. Aí conhecemos o grande poeta Haim Nachman Bialik, com quem o meu pai contraiu amizade e a esposa dele, Mania, que se tornou também uma boa amiga da minha mãe. Rev. Samuel Mucznik Entre as muitas pessoas de renome que conhecemos naquela época, estava o célebre Hazan Yosse'le Rosenblatt que se tornou também um bom amigo do meu pai e um frequentador assíduo, com a sua esposa, da nossa casa. Lembro-me de o ter ouvido dizer, na sua última visita - o meu pai estava já muito doente -, que ele e a mulher dariam, cada um, cinco anos de vida para que o meu pai se curasse. Afinal, Yosse'le Rosenblatt faleceu no Mar Morto, duas semanas antes do meu pai que faleceu de doença grave do coração, nas vésperas de RoshHashaná de 1933, com a idade de 48 anos, cerca de dois anos depois de ter vindo para a Palestina. Meu pai está enterrado no cemitério histórico da Rua Trumpeldor, em Tel-Aviv, onde jazem muitos dos primeiros sionistas, entre os quais, Bialik e Dizengoff Ethel Mucznik Casamento de Esther e Ernesto Aberlé na Sinagoga Shaaré Tikvá (antigo "maire" de Tel-Aviv). Passados quatro anos, a minha mãe e eu voltámos para Portugal onde, em 1942, casei com Ernesto Rafael Aberlé, em Lisboa. Tivémos duas filhas, a Lilly, em 1943, que casou e vive hoje em Dusseldorf, na Alemanha, e a Georgette, em 1944, que vive com a sua família em Israel. Tenho 7 netos e 3 bisnetos. Em 1950, fizémos Alyiá definitiva para Israel, o meu marido Ernesto, primeiro em 1949. Depois de nós, veio pouco a pouco o resto da família, os meus irmãos, suas famílias e os meus sobrinhos. Hoje a família Mucznik encontra-se na sua maioria, em Israel, mas Portugal continua a ter um lugar muito importante no nosso coração. Tikvá 52 • Março/Abril 5 C O N T A N D O A N O S S A H I S T Ó R I A SEDER DE PESSAH em Santa Apolónia Lisboa, 4 de Abril de 1947. Que aconteceu em Lisboa nesta data? E ra véspera de Pessah. Os membros da Comunidade faziam os últimos preparativos para o seder tradicional, carne da shehitah, matsot, maror, vinho cacher do senhor Israel, nada fora do habitual. Apenas a história que vou contar nada tem de comum, desconhecida de todos nós. No cais de Santa Apolónia, estava atracado há duas semanas, para reparações, um pequeno navio americano, o "Tradewinds". E já se chamara "Gresham". Em fevereiro de 1947 foi baptizado "Tradewinds" em Miami, na Flórida. Fora adquirido pela Haganah para transportar 1500 sobreviventes dos campos de concentração, que nenhuma nação queria receber e aguardavam em Itália a oportunidade para tentar iludir o boicote britânico e entrar clandestinamente na Palestina. Toda a operação tinha que decorrer no maior segredo, para não chegar ao conhecimento dos agentes ingleses. O comandante não-judeu, contratado para a perigosa missão, esperava em Miami uma tripulação profissional. Quando viu uma dúzia de rapazes novos, que foram chegando de vários pontos dos Estados Unidos e cuja única experiência era, no melhor dos casos, terem servido durante a guerra na Marinha dos Estados Unidos, não queria acreditar no que o destino lhe preparara.Também os voluntários, que iriam constituir a tripulação 6 Tikvá 52 • Março/Abril daquela casca de noz, quando olharam para o casco cinzento, também não acreditaram que "aquilo" fosse capaz de atravessar o Atlântico.Tinham aceitado o desafio, com a promessa de que não receberiam um tostão de salário. Agora era tarde para voltar para trás. Dali foram para Charleston, onde começaram as primeiras avarias e tiveram de perder um dia em repa- rações. Aportaram depois em Baltimore, onde receberam mais alguns voluntários, meteram mantimentos, para a viagem até à Europa e para os refugiados, quando estes embarcassem na Itália e meteramse a caminho. Max, Ketzelleh, Greenie, eram alguns dos nomes. Não eram precisos mais apelidos. O meu amigo Murray Greenfield tinha acabado de regressar da Guerra, para onde fora mobilizado como soldado-marinheiro, quando um amigo, activista sionista, se lhe dirigiu na sinagoga. "Eles andam à procura de um tipo como tu". Depois de se certificar que era mesmo trabalho voluntário, que "eles" não pagavam, aceitou "alistar-se".Tinha um passaporte canadiano, já se chamara Shaike Rabinovitch, Pinky, e saba-se lá que mais. Afinal era Yehoshua Barahav, membro do Kibutz Guinossar, e membro da Haganah. Carpinteiros trabalhavam a bordo, preparando o "Tradewinds" para o transporte de bananas. Prateleiras para o transporte de bananas! Ninguém fez reparo para o facto de que os cachos de bananas se transportam pendurados. Pois não são os americanos uns "atados"? Além do comandante e de um ex-menino de coro irlandês Hugh McDonald - "I was a yeshiva boy in Latin" - apenas o cozinheiro não era judeu. Augustine Labaczewski, mais conhecido por "Duke", polaco e cristão, tinha aprendido a cozinhar numa padaria judaica, e até falava yidish, o que mais tarde seria uma grande vantagem, pois os voluntários judeus não tinham língua comum com a maioria dos refugiados. Naquela sexta-feira, 4 de Abril, "Duke" lembrou-se de que era véspera de Pessah dos judeus, e perguntou-lhes como iriam fazer o "seder". Qual "seder"? O polaco não desistiu. Eles tinham que fazer um "seder", custasse o que custasse. Tinha trabalhado, nos Estados Unidos, na padaria de um judeu. Com ovos em pó ele fez uma imitação de matsá. Para "Gefilte Fish" faltava-lhe tudo. Mas passou o peixe pelo passador e fez almôndegas de peixe - "gehakte fish", então não era? Muitas garrafas de vinho não foi difícil de arranjar. Ao guarda-fiscal, em serviço no portaló, contaram que era o dia dos anos do capitão. Queriam fazer-lhe uma festa de surpresa. Levaram-no para a ponte de comando, puseram-lhe um prato com comida e uma garrafa de vinho e um copo na mão, e foram para o porão fazer a festa. O bom do homem não deu por nada de extraordinário. Murray lembra-se de ter perguntado o Má Nishtaná em Yidish. Mais do que isso ninguém sabia. Agadot não tinham, mas a tradição de contar a saída do Egipto tinha que ser cumprida. O homem da Haganá contou como ajudara os judeus do Iraque a emigrar para Erets Israel. Canções de um disco novo da guerra civil em Espanha (nas barbas de Salazar?) o Hino da Palmach, que estava então em voga, algumas canções de Eretz Yisrael, que sabiam e sobretudo cumpriram a mitzvah de "Arba Cossot". Greenfield tem a certeza de que todos cumpriram, mas não se ficaram pelos quatro copos, talvez quarenta, pois todos ficaram bastante alegres... Poucos dias depois um dos americanos envolveu-se numa querela num bar, e, na continuação, apareceram agentes da PIDE a bordo, "à procura de comunistas e terroristas.". Quiseram saber a razão de terem escolhido Lisboa para os trabalhos de carpintaria. Joshua contou-lhes histórias sobre os negócios de bananas da sua companhia, explicou que em Portugal os trabalhos eram mais baratos e que eles iriam mandar mais navios para serem equipados em Lisboa, ofereceu charutos brasileiros, Mas os agentes insistiram em leva-lo consigo para ser inquirido. Ainda foi a tempo de passar uma ordem, em hebraico, para arrancarem mesmo sem piloto, assim que eles se afastassem, e quan- do estivessem ao largo, mandassem o guarda-fiscal para terra, num salva-vidas. Baharav, porém, era homem de recursos. Na sede, na António Maria Cardoso, retomou a sua história dos negócios de bananas. Ele tinha que voltar para Paris de onde daria ordens para mandarem mais navios para serem equipados em Portugal. Sobretudo, que lhe devolvessem o passaporte, que tinha sido apreendido. Anos mais tarde, quando uma companhia de combustíveis britânica se recusou a abastecer dois outros navios da Aliah Bet, atracados em Lisboa, ele telefonou ao seu "velho amigo" e a troco da promessa de uma propina, este resolveu o problema. Nessa noite o "Tradewinds" atravessou o estreito de Gibraltar e foi atracar a Marselha. Aí estabeleceu contacto com agentes da Haganah e seguiram para a Riviera italiana, onde embarcaram os passageiros. O polaco Labaczewsky, yidishista, foi muito útil no encaminhamento dos refugiados. Para facilitar as comunicações deu como nome "Moishe Schneider". Só os tripulantes continuaram a chama-lo por "Duke". Um avião britânico, que os sobrevoou, reconheceu o barco com imigrantes clandestinos, e deu o sinal para serem cercados no Mediterrâneo por unidades da marin- ha de guerra. "O vosso navio não está em condições de navegar. Entreguem-se pelo menos por razões humanitárias." Não se entregaram.Acabaram por ser interceptados e transferidos para o navio-prisão "Empire Lifeguard". Quando o último dos prisioneiros desembarcou em Haifa e todos entraram nos autocarros, que os levariam ao campo de internamento britânico, ouviuse uma forte explosão no "Empire Lifeguard". Os voluntários tinham conseguido montar uma bomba, com componentes escondidos nas partes mais estranhas dos seus corpos. O navioprisão afundou-se no porto. Os sobreviventes dos campos de concentração foram levados da Terra prometida para uma prisão britânica em Chipre. Alguns conseguiram voltar para lá ao abrigo de uma quota mensal que os ingleses iam concedendo. Os restantes só em 1948, depois da independência, fizeram finalmente a aliah. Muitos dos voluntários acabaram por ficar a viver em Israel. Hoje octogenário, ele foi sempre um homem de iniciativas e de projectos de voluntariado. Foi ele que trouxe os primeiros judeus da Etiópia, jovens que conseguiu inscrever na Universidade de Telavive, para estudarem e mais tarde servirem de líderes da sua comunidade. Contou-me o Murray Greenfield que, apesar de todo o cuidado da tripulação em não serem conhecidos como judeus, ele foi o único que, por acaso, falou com um judeu. Foi o relojeiro ruivo, a quem comprou um Omega. Percebeu que o cliente, "turista americano", era judeu e perguntou-lhe., aceitando a sua versão. Relojoeiro judeu e ruivo, em Lisboa, naquela altura... só podia ser o meu descansado Pai. Inácio Steinhardt Tikvá 52 • Março/Abril 7 A C O N T E C E U N A C I L PURIM 5765 NA CIL Leitura da Meguilá e comemoração na Sinagoga A s comemorações da Festa de Purim na CIL tiveram início com a tradicional leitura da Meguilat Esther na nossa Sinagoga. Dezenas de pessoas, muitos mascarados e no espíri- to da festa estiveram presentes nesta noite e acompanharam com muita atenção a leitura da Meguilá feita pelo nosso Rabino Boaz Pash, com pequenos resumos explicativos lidos em português pelo jovem David Bernfeld. O evento ainda teve tempo para o vinho, música, e muita confraternização entre os presentes, como manda a tradição. Festa de Purim no Dor Chadash A inda no espírito alegre e participativo da Sinagoga, chega a tarde de domingo, no Maccabi Country Club, quando jovens e adultos reuniram-se para a Festa de Purim. Cerca jovens e adultos, mas que teve os adultos como vencedores , com o "apertado" placar final de 8X7. O evento encerrou com um saboroso "kibud" de Purim. de 100 pessoas participaram de forma muita alegre e intensa no tradicional baile e concurso de máscaras, bem como do divertido "Futebol Cultural, jogo de perguntas e respostas alusivas a Purim na dinâmica de memorização. Jogo este muito disputado entre 8 Tikvá 52 • Março/Abril Câmara Municipal de Vila Nova de Paiva adquire edifício de antiga Sinagoga Vila Cova à Coelheira, que hoje pertence à Câmara de Vila Nova de Paiva, foi terra que abrigou muitos judeus e cristãos-novos depois da expulsão e instauração da Inquisição. No Largo do Mosteiro situava-se a antiga Sinagoga, num edifício, hoje em estado de ruína. Agora a Câmara Municipal acaba de adquirir parte desse edifício para ali ser criado um pequeno museu. C ERIMÓNIA DE P IDION H ABEN Após muitos anos, realizou-se recentemente na nossa Sinagoga, a tradicional cerimónia de "Pidion Haben" - "O resgate do filho primogênito". Na ocasião, num momento de grande alegria entre os presentes que a testumunharam Daniel Steinhardt e Mark Robertson foram, "resgatados" em troca dos "selaim" (moedas de prata) entregues a um Cohen (sacerdote) presente. O nosso MAZAL TOV às famílias participantes nesta cerimónia dirigida pelo Rabino Boaz Pash F ESTA DE P URIM NO A LGARVE A Comunidade Israelita do Algarve realizou no passado dia 27 de Março em Portimão. Cerca de 25 pessoas estiveram presentes e comemoraram com muita alegria esta data Azeite Casher lançado em Portugal Produzido em Penamacor pela empresa Penazeites foi recentemente lançado no mercado uma produção de azeite casher, destinada essencialmente ao mercado estrangeiro, nomeadamente americano. O azeite que adoptou o emblemático nome de Ribeiro Sanches, o famoso médico judeu originário de Penamacor, é supervisionado por Elisha Salas, rabino da Comunidade Judaica do Porto. Visita muito especial à nossa Sinagoga Conforme divulgámos na nossa edição passada, a nossa Sinagoga Shaaré Tikvá tem estado a receber inúmeros e diferentes grupos de visitantes semanalmente. Dentre estes destacamos a ilustre visita do Grupo Fact Finders realizada no mês de Março. Trata-se de um selecto grupo composto por várias Embaixatrizes e representantes de embaixadas de vários países de distintas partes do mundo. Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém O Dr. José Benarroch - Director da Divisão de Desenvolvimento e Relações Públicas da Universidade Hebraica de Jerusalem para a América Latina, Espanha e Portugal - esteve em Lisboa no final do mês de Março e num evento realizado na residência do Embaixador de Israel - Sr. Aaron Ram, apresentou a instituição aos presentes e criou oficialmente o grupo de Amigos da Universidade Hebraica de Jerusalém, grupo este existente em muitas outras comunidades judaicas por em todo o mundo. O Presidente da Cil - José Oulman Carp esteve presente no evento. Tikvá 52 • Março/Abril 9 A C O N T E C E U N O M U N D O Albert Einstein com David Ben Gurion, primeiro-ministro de Israel, em Princeton, 1948 ALBERT EINSTEIN (1879-1955) A FÍSICO, JUDEU ALEMÃO 14 de Março de 2005, passaram 126 anos sobre o nascimento de Albert Einstein, um dos mais notáveis personagens da história humana. (...) Sobre o seu judaísmo, Einstein escreveria ainda anos mais tarde: "A busca do conhecimento pelo conhecimento, um quase fanático amor à justiça e o desejo de independência pessoal - estas são as características da tradição judaica que me fazem agradecer às estrelas o facto de eu lhe pertencer." Apesar da sua manifesta oposição a qualquer forma de nacionalismo, Albert Einstein participou activamente no movimento sionista e defendeu abertamente a criação de um estado judaico na Palestina, "uma pátria nacional e cultural para o povo judeu onde os direitos dos árabes sejam também respeitados". Em defesa da 10 Tikvá 52 • Março/Abril criação de Israel, Einstein chegou a depor, em 1946, perante o Comité Anglo-Americano de inquérito sobre a Palestina e quando, dois anos depois, a independência de Israel foi declarada, o cientista saudou-a como a "concretização de um sonho ancestral". Desde muito cedo, décadas antes da formação política de Israel, Einstein participou na recolha de fundos para a criação da Universidade Hebraica de Jerusalém e foi também um dos propulsores da fundação de uma universidade judaica americana, a Brandeis University. Em testamento, Albert Einstein legou todo o seu espólio, bem como os direitos autorais sobre a sua obra e a sua imagem, à Universidade Hebraica de Jerusalém. Em 1952, três anos antes da sua morte, Albert Ein- stein foi convidado pelo primeiro-ministro israelita David Ben Gurion a candidatar-se à presidência de Israel. Doente e frágil, Einstein sentiu-se obrigado a rejeitar o convite numa carta onde manifestava sentir-se "extremamente honrado e comovido" com o desafio de Ben Gurion. Durante todo o ano de 2005, assinalando a passagem do centenário do annus mirabilis de Albert Einstein, durante o qual, com apenas 26 anos, publicou três artigos que mudariam radicalmente o pensamento científico, a comunidade cientifica mundial celebra o Ano Internacional da Física (ver World Year of Physics 2005 e Sociedade Portuguesa de Física). Blogue "A Rua da Judiaria", de Nuno Guerreiro (extractos) Supremo Tribunal de Justiça aprova conversões feitas em países estrangeiros O Knesset reunir-se-à numa sessão especial na próxima semana, na sequência da decisão do Supremo Tribunal de Justiça desta manhã, no sentido de aprovar as conversões em cerimónias reformistas e conservadoras realizadas em países estrangeiros para quinze residentes não israelitas, que pediram para serem reconhecidos como Judeus de acordo com a Lei de Retorno, segundo reportagem do Jerusalem Post. O partido Shas submeteu a assinatura de 25 membros do Knesset esta tarde exigindo a realização de uma sessão. Na sua decisão de 7 contra 4 votos, o tribunal não considerou a questão sobre se não judeus, que se convertem em cerimónias reformistas ou conservadoras no território de Israel, devem ser considerados Judeus. O tribunal decidiu a favor da petição dizendo que, apesar do estabelecimento da Comissão Ne'eman no sentido de encontrar uma solução de meio-termo entre os movimentos Ortodoxo, Reformista e Conservador, continuava a não existir qualquer solução formal do proble- ma, e que o tribunal não podia decidir de acordo com as recomendações da comissão sobre as quais nunca houve acordo. Segundo a decisão do Tribunal: "Aceitamos o facto de que o abuso de conversões doutros países devem ser evitadas, mas porque razão devem excluir-se outros movimentos Judaicos, que o Estado também considera que devem ser tratados de forma igual?" A decisão acrescentou que o reconhecimento de conversões estrangeiras não devem limitar-se sòmente àquelas pes- soas que desejam integrar-se na Comunidade que realizou a conversão, mas que deve igualmente reconhecer as conversões realizadas de acordo com os standards e tradições de uma Comunidade que um indivíduo pretende integrar. O Governo, afirmou-se na decisão, não estava autorizado a decidir que só as conversões realizadas por um grupo seriam reconhecidas pela Lei do Retorno, como sugeriu a Comissão Nee'man. Fonte “Jerusalém Post” VESTÍGIOS HEBRAICOS EM PORTUGAL viagem de uma pintora de LAURA CESANA 2ª edição, bilingue, capa dura, 160 páginas a cores. ISBN 972-97370-0-2 | www.lauracesana.com " belíssimo ensaio de investigação e objecto de arte (...) Um livro fora do comum (...) "URBANO TAVARES RODRIGUES, no JORNAL das LETRAS "an impressive artbook (...)Jewish landmark in Portugal... a very sensitive account of a five year search. "KATHLEEN TELTSCH, retired journalist of THE NEW YORK TIMES PREÇO ESPECIAL para os leitores do Tikva: 35 euros (mais o correio). Envio à cobrança. Pedidos ao Apartado 9970 - Est.Correio OLAIAS - 1911-701 LISBOA Tikvá 52 • Março/Abril 11 I S R A E L E M F O C O UMA EM CADA CINCO CRIANÇAS EM ISRAEL VAI DIARIAMENTE PARA A CAMA SEM JANTAR. RICH MAN, POOR MAN E sta é apenas uma das conclusões dramáticas de uma pesquisa da Segurança Social israeliana recentemente publicada nos meios de comunicação deste país. O alerta para o tema da pobreza em Israel surgiu-me há algum tempo atrás num e-mail da Yad Eliezer, alegadamente a "maior agência israeliana privada na luta contraa-fome" que recebi, por motivos que desconheço, do site do Jerusalem Post na net, de que sou assinante. Devo confessar que, embora me considere relativamente bem informado não só sobre o panorama político mas também económico e social de Israel, os dados que recolhi após a devida investigação são bem mais graves do que eu poderia chegar a pensar. Eventualmente, a essa falta de informação não será alheio o facto de, segundo declarações feitas à Rádio de Israel (citadas pelo diário Haaretz) pelo Prof. Shlomo Yitzhaki, director do Instituto Central de Estatística, os vários governos e Ministérios das Finanças terem publicado muito pouca informação sobre a problemática do bem estar social no país após 1970. 12 Tikvá 52 • Março/Abril Paradoxalmente (e já veremos porquê) o Ministro das Finanças Binyamin Netanyahu afirma estar convencido de que Israel já recuperou da recessão e que se tornará brevemente um dos 10 países do mundo com maior rendimento per capita. As agências de crédito internacionais Moody's, Fitch e Standard and Poor's classificam Israel com notas extremamente positivas, corroborando de algum modo esta previsão. Por fim, como as actividades terroristas palestinianas prejudicam gravemente a economia israeliana, o recente clima de optimismo que se seguiu à eleição de Mahmoud Abbas, deu lugar a previsões favoráveis: o vice primeiro-ministro Shimon Peres já avançou com o número de 6% de crescimento económico após a evacuação dos colonatos de Gaza. Este ano, quase não há lugar nos voos turísticos para Israel em Pessach e é frequente ver-se o novíssimo e ultra moderno terminal 3 do aeroporto Ben Gurion 2000 repleto de israelianos endinheirados a caminho de férias no estrangeiro. De acordo com o relatório anual (2004) do Centro Adva para a Igualdade e a Justiça Social, a situação económica dos 10% mais favorecidos em Israel melhorou consideravelmente na última década, enquanto que a de todas as outras classes, incluindo a classe média, se deteriorou. Parece, assim que se criaram dois países: o dos ricos e… o dos pobres. Dos vários estudos realizados por algumas instituições israelianas e referentes a 2002 e 2003, destacamos algumas (tristes) conclusões: • Em 2003, 22,4% (1,426 milhões de cidadãos) da população viveu abaixo da linha da pobreza (dados de um inquérito da Segurança Social, que alguns afirmam ser em 30% inferiores à realidade). Em comparação com 2002, este grupo integrou mais 119.00 pessoas. • 360.000 famílias foram definidas como "pobres" em 2003. • O grupo dos idosos abaixo da linha da pobreza subiu em 22,8% quando comparado com os números dos idosos que dele faziam parte em 2002. • 14% da população com mais de 20 anos (cerca de 550.000 pessoas) declarou ter tido problemas económicos, pos- tergando a aquisição de alguns alimentos de que necessitava e medicamentos que lhe haviam sido receitados. 46% não conseguiu pagar as suas despesas mensais e 14% viram a electricidade e o telefone "cortados" nas suas casas. Cerca de 1 milhão de pessoas que necessitavam de cuidados dentários não puderam tratar-se. 54% deixaram de comprar roupa e calçado. 59% adiaram reparações necessárias nas suas casas. 39% não acredita que a sua situação económica vá melhorar. • Em 2003, a linha da pobreza atingiu 652.000 crianças, mais 34.000 do que em 2002. Quase 20% das 6.487 crianças questionadas (do 7º ao 12º ano escolar) responderam que não recebem uma refeição completa antes irem dormir e, pelo menos uma vez por semana, não há nada para comer em casa. Para terminar, resta-me dizer, sem que isso sirva de consolação, que a situação nos territórios da Faixa Ocidental e em Gaza é incomparavelmente pior - de acordo com dados do Banco Mundial, 60% dos palestinianos vive numa pobreza indescritível com ingressos de cerca de € 46 por mês. E, lamentavelmente, Portugal é o único país da U.E. em que a situação da pobreza da população é pior do que a de Israel. Se o leitor ficou tão chocado como eu, após a leitura deste artigo, deixo-lhe a sugestão de navegar no site da Yad Eliezer (www.yadeliezer.org) e agir em conformidade com as suas possibilidades e o que a sua consciência lhe ditar. Afinal, se bem me lembro da mini-série americana dos anos 70, o "rich man" e o "poor man" eram irmãos de sangue. Gabriel Steinhardt José Mourinho em Israel A convite do Centro Peres para a Paz, organização fundada por Shimon Peres em 1996, o técnico de futebol português José Mourinho esteve em Israel durante dois dias, nos quais proferiu uma conferência de imprensa e participou num Jogo pela Paz com equipas mistas de crianças israelitas e palestinianas, realizado em Telavive. Organização Médica da Hadassah nomeada para o Prémio Nobel da Paz 2005 Em reconhecimento do trabalho feito pela Organização Médica da Hadassah (OMH) na promoção da cooperação e dos valores humanos entre Judeus e Árabes, a OMH teve a honra de ser nomeada para o Prémio Nobel da Paz 2005. Parafraseando um dos pedidos de nomeação, a OMH é "um exemplo para o mundo de que o ódio e as suspeições podem ser vencidos por pessoas com boa vontade". O vencedor do Prémio Nobel é escolhido por uma comissão de cinco pessoas, designada pelo Parlamento Norueguês. Os nomeadores elogiaram a OMH por gerirem os seus hospitais de acordo com valores humanos que requerem a prestação de alto nível de cuidados de saúde a todas as pessoas independentemente de idade, religião ou origem étnica. A OMH tem trabalhado sempre impecávelmente, ao implementar estes valores durante o período de violência furiosa de terrorismo nos passados quatro anos e meio. Além disso, os nomeadores louvaram a Hadassah por prestarem formação a especialistas palestinos do Hospital Augusta Victoria em Jerusalém Oriental, na área de oncologia infantil. O Prémio Nobel da Paz, o mais respeitado no mundo, homenageia o nome de Alfred Nobel, um industrial e químico Sueco. Em Dezembro os vencedores são convidados para receber o prémio em Oslo. Tikvá 52 • Março/Abril 13 M O M E N T O D E R E F L E X Ã O No novo YAD VASHEM, os números ganham vida ... De visita a Israel, estive em Jerusalém no novo museu do Holocausto, o "Yad Vashem", recentemente inaugurado na presença de numerosos Chefes de Estado e das Nações Unidas. Fui guiada nessa visita por Avraham Milgram, historiador do novo museu e um amigo de anos, que já várias vezes veio a Portugal para diversas investigações. Dotado de uma arrojada arquitectura, com a forma de um extenso triângulo em comprimento, de cuja ponta final se desfruta uma vista única sobre os montes da Judeia, o novo museu conta, tal como o anterior, a história do Holocausto desde o início da escalada nazi até à "solução final". Mas a grande diferença é que este se centra, não na máquina de morte alemã, mas sim nas pessoas, nas vítimas: judeus, principalmente, mas também nos ciganos, homossexuais e deficientes. São os homens, as mulheres, as crianças e os velhos que se vêm e ouvem do principio ao fim da exposição, contando e testemunhando incansavelmente, acompanhando-nos com uma litania de vozes e de imagens, incessante e obsessiva, pontuada pela exposição de objectos triviais, como são "Um povo que não protege a sua história, não merece que a historia o proteja" Visitei hoje - finalmente - o Cemitério da Estrela. Ele conta uma história. A história de uma comunidade que luta pela sua vida. Como hoje. Dá para ver pelas pedras, pelos epitáfios, pelo modo de colocar os túmulos, quais foram as dificuldades na altura. Cada pedra conta a história de uma alma que viveu cá, e todas juntas representam um mosaico de vidas, e da morte também. É uma das coisas mais interessantes que vi na minha vida. É a nossa historia. A historia que devemos contar para nós e para os nossos filhos. Podemos organizar uma excursão educativa para adultos e para jovens.O estado do cemitério não émuito mau. Mas precisa de se melhorar algumas coisas. Há pedras quebradas (ver fotos) muita erva e muita porcaria de todo o tipo. E o 14 Tikvá 52 • Março/Abril em geral os objectos pessoais, um pente, uma velha boneca, uma caixa de pó de arroz, um livro, velhos retratos de tempos felizes... No final, um imenso bloco de cimento em forma de chaminé em espiral forrado de fotografias extraídas das inúmeras "páginas de testemunho" recolhidas no mundo inteiro pelo Yad Vashem (cerca de três milhões até à data), deixa-nos uma imagem final do esfumar dessas vidas. No novo museu, os números ganham vida e um rosto. Ao lado do museu, foi construída uma galeria onde estão expostas numerosas pinturas e desenhos, de grande qualidade, alusivos ao Holocausto. Nos jardins mantém-se a Ala dos Justos onde estão plantadas 20 mil árvores em homenagem aos homens e mulheres que contribuíram para salvar judeus durante a guerra, entre as quais se encontra a árvore plantada em memória de Aristides de Sousa Mendes. Mantém-se também o Memorial das Crianças e o Memorial das comunidades desaparecidas, testemunhos dolorosos de um mundo desaparecido. Mais ainda do que anterior, o novo YAD VASHEM perturba-nos, comove-nos, revolta-nos também. Mas quando chegamos ao fim e olhamos a beleza serena dos montes da Judeia sentimos que se cumpriu a profecia do Hatikvá, o hino de Israel "Lihiot Am Hofshi be Artseinu", ser um povo livre na nossa Terra... Esther Mucznik mais urgente é arranjar o muro que está a caír e danifica as pedras. Temos de seguir o exemplo do cemitério de Faro. Vamos pôr mãos à obra: Organizar os nossos jovens para trabalhar lá na manutenção, organizar jovens de fora para trabalhar lá na manutenção, pedir aos funcionários do Cemitério actual dedicar certo tempo para este cemitério e completar a parte de documentação do cemitério. Recordem o que diz Achad Haam (o grande líder sionista): "um povo que não protege a sua história, não merece que a historia o protega". Rabino Boaz M E N S A G E M D O R A B I N O A minha mensagem neste numero Jubileu do Tikvá será curta e clara. Sem explicações, sem entendimentos aprofundados, sem conceitos Cabalistas. Mas com uma exigência básica, elementar, primitiva e, acima de tudo, essencial. Esta mensagem tem que ser lida - e portanto é assim que a vou escrever - na primeira pessoa, não na segunda, nem na terceira, nem "de modo geral", nem sequer para mim e para mais uns amigos... Não. Sou eu só. Alias, não é o rabino ou qualquer outra pessoa que me envia este mensagem. Fui eu que a enviei, para mim próprio. ••• • Eu devo estar na Sinagoga para Kabalat Shabat. Na entrada do Shabat, o momento inicial deste dia sagrado, o meu lugar é na minha casa espiritual - a Sinagoga. O judaísmo é uma fonte da vida. Tenho de beber desta fonte às vezes. Senão o meu judaísmo secar-se-á. Quem sou eu? Cidadão português da rua? O que me faz merecer este titulo de "Judeu"? É só porque os anti-semitas me odeiam? Quero que os meus filhos continuem a "linhagem" do judaísmo. Qual é o esforço e o tempo que pretendo dedicar a este fim? Três horas semanais? Duas? Uma? - algo tem que ser! No final da semana de trabalho, quando começa o "meu tempo", aquele "cantinho meu" que o meu Boss não domina mais, é o tempo para me dedicar à minha alma judia. Se este tempo é "meu", merece que seja "eu" próprio. Quem sou eu? Uma coisa marcada na agenda semanalmente. Uma coisa que faço regularmente, automaticamente, que estou habituado a fazer. A minha visita semanal à sinagoga. O meu encontro marcado com o meu Deus, com o meu povo. Uma hora significante entre os meus hábitos do dia-a-dia. O esforço é grande, lefum tzara agara. O judaísmo é uma idéia elevada, abstracta, celestial, ideal, divina. Não, o judaísmo não é nada disso. O judaísmo é uma prática banal, real, terrestre, um hábito humano. Não, o judaísmo não é nada disso. O judaísmo é uma "idéia praticada", uma "prática celestial", uma idéia que eu tenho, e realizo, uma prática que sou eu a fazer com que se torne uma idéia. E com um passo muito simples. Rabino Boaz Pash PRODUTOS CASHER LE PESSACH 5765 Caro Correligionário É com imensa satisfação que comunicamos a todos que a Loja Corte Inglês em Lisboa terá novamente a disposição a partir do início do mês de Abril um Stand completo com produtos CASHER LE PESSACH, com a devida supervisão Rabínica. * A CIL não se responsabiliza pela comercialização, distribuição e qualidade destes produtos que são da inteira responsabilidade do seu distribuidor. Tikvá 52 • Março/Abril 15 E S P A Ç O A B E R T O Com pedido de publicação recebemos do Sr. Samuel Levy, a seguinte carta CARTA ABERTA AO DR. SAMUEL RUAH Presidente Honorário da CIL Meu querido Samuel Escrevo-te uma carta aberta por uma razão: li atentamente a tua mensagem publicada neste mesmo Tikvá e penso ser importante esclarecer alguns pontos. E é necessário que estes esclarecimentos sejam do conhecimento dos leitores do Tikvá. Por isso a escolha deste meio. Sabes como te respeito, te admiro e gosto de ti. Por isso mereces que me abra com toda a franqueza, quando algumas opiniões não coincidem. Fui, talvez, dos primeiros a propor a tua eleição para Presidente Honorário da CIL e estou muito contente que isto se tenha realizado. Além das tuas qualidades de investigador, cientista e excelente clínico, aprecio, sobretudo em ti, as tuas qualidades humanas e a forma como assumes o Judaismo, na tua conduta, na Família, no relacionamento com as instituições, com Israel, etc. Abordas as duas vertentes do Judaismo, a religiosa e a comunitária e intelectual. Ora uma sem a outra não tem conteúdo. É árida, num sentido ou noutro. O Judaismo não pode ter uma existência somente social e intelectual ou somente a religiosa. Só o é se for tudo englobado. É certo que cada judeu cumpre as mitsvot que entende incluindo a sua frequência da Sinagoga da maneira que mais lhe agrada. Mas, uma pessoa como tu, não pode desejar submeter os que tem "opiniões minoritárias" e dizer que "perturbam o bem estar de todos os outros membros". Penso ler que essa minoria são aqueles que se batem pela manutenção das nossas tradições e que frequentam a nossa Sinagoga. Alguma vez esta minoria perturbou o bem estar dos outros membros? Não sejamos injustos. Pelo contrário, aqueles que não se preocupam com a salvaguarda do nosso património religioso deviam estar gratos àqueles poucos (cada vez menos e em vias de extinção) que ainda fazem qualquer coisa para esta pequena Comunidade ter serviços religiosos dignos des- 16 Tikvá 52 • Março/Abril se nome e do nosso passado. Não temos aqui "ultra-religiosos, causa de tantas desgraças..." Lembro-me bem que tu, apesar dos teus inúmeros afazeres profissionais, sempre vieste aos ofícios da Arbit de Shabat com os teus filhos, o que foi um extraordinário exemplo e que deixou frutos, pois o teu filho David continua a representar a Família. Honra te seja dada. Eu sei que várias razões impedem muita gente de vir: morar longe, cansaço no fim de semana, peso dos anos, desconhecimento do conteúdo dos ofícios, etc. A tua sugestão de abreviar as orações não resulta. A duração é uma falsa questão. À 6ª feira à noite o ofício dura 1 hora; ao sábado de manhã, 3 horas para quem chega ao princípio. Mas é sabido que ninguem é obrigado a estar lá 3 horas. Tem geometria variável. Vai-se à hora que se quiser e está-se lá o tempo que se quiser. Há para todos os gostos. O Semtob D. Sequerra foi um "carola" que sempre se bateu pela realização dos ofícios diários (onde é que isso já vai...). Já só temos ao sábado. E até há dias de festa em que não há Minian...Onde vamos parar? A uma Sinagoga-museu, sem vida, ("onde os judeus de Lisboa oravam a D'us" ) só para mostrar às visitas, nacionais e estrangeiras ? Para lá se pode estar a caminhar se não se agir. O Sr. Rabino respeita a continuidade das nossas tradições e nesse sentido lhe temos dado todo o nosso apoio para que ele a siga. Peço que os nossos dirigentes compreendam a importância disto e não desmotivem os poucos que ainda se batem pelas tradições judaicas genuinas. Precisamos, sim, de promover a nossa cultura judaica, missão que, em grande parte, compete à Direcção da CIL com o apoio do Sr. Rabino. Obrigado. Conto com o teu precioso apoio: Um abraço sempre amigo do (outro) Samuel Mensagem da Revista Morashá Sâo Paulo - Brasil Ao Diretor Executivo da CIL e Equipe do Tikvá, Gostaríamos de parabenizá-los pelo importante trabalho nesta comunidade. Aproveitamos para ressaltar o excelente conteúdo da edição de nr 51. Morashá Conselho Editorial A S N O S S A S S U G E S T Õ E S Os Judeus em Portugal Está disponível a importante e rara obra de Joaquim Mendes dos Remédios - Edição Fac-Simile em dois volumes: o primeiro de 1825 e o segundo de 1928 ALCALÁ - Apartado 37 - 2534-909 Lourinhã Tel. 261 412 636 / Fax. 2 61 411 555 THE JEWISH WORLD 365, from the collection of The Israel Museum, Jerusalem Edição: Harry N. Abrams, Inc. Custo na Bertrand - 32,95 € Trata-se de um livro com 365 óptimas fotos de peças do Israel Museum de Jerusalem, cada uma alusiva a um dos dias do ano de 2005, com uma explicaçãode cada uma delas (2 x 365 páginas ilustradas). Vale a pena ter para visitar, calmamente, o Museu em sua casa. Introdução ao Judaísmo Nicholas de Lange Prefácio - Editora de Livros e Revistas Lda ISBN 972-8816-01-4 Acabamos de ver, nas livrarias, este livro, recentemente editado. O seu autor é Rabino, Leitor em Estudos Judaicos e Hebraicos da Universidade de Cambridge. Trata-se de um livro muito completo, útil para não judeus e para judeus que queiram aprofundar o conhecimento do Judaismo e do judeus. Recomendamos a todos os nossos leitores a sua leitura. Cobre aspectos históricos, demográficos, teológicos , religiosos, comunitários, literáriose uma perspectiva do futuro. Constitui um manual para consulta. MITZVAH Alain Elkann Cavalo de Ferro Editores Lda (59 pgs) Acaba de sair este opúsculo de um jornalista italiano judeu que exprime os seus estados de alma como judeu. Muito interessante pela sinceridade da sua narração, embora alguns aspectos possam chocar. Descreve muitas vivências que cada um de nós já atravessou no nosso relacionamento, como minoria, face ao meio que nos envolve. Livro a não perder. Pode ler-se em uma hora. O autor já escreveu vários livros entre êles um (Essere Musulmano 2001) em colaboração com o Principe El Hassan bin Talal da Jordânia. LIVROS A FORÇA DA RAZÃO Oriana Fallaci DIFEL, Difusão Editorial SA (300 pgs). Tradução portuguesa publicada em Outubro de 2004. Segue-se a A Raiva e o Orgulho, da mesma autora. Manifesto indignado desta jornalista italiana sobre a “penetração muçulmana na Europa que, numa atitude subserviência concede aos imigrantes desta religião equiparações e benefícios sociais e políticos sem qualquer reciprocidade para os cidadãos europeus e que se tem revelado um veículode penetração ideológica preocupante. Para ler e reflectir.” O QUE PENSA ALÁ DA EUROPA? Chahdortt Djavann Editorial Teorema Lda. (74 pgs) Acaba de aparecer (Março 2005) mais este livro da escritora iraniana que já publicara O Significado do Véu. A autora vive em Paris faz algumas perguntas entre as quais destacamos: Se as palavras D'us, Alá, God, Yahv..designam um único e mesmo D'us, não se poderá perguntar: D'us é judeu, cristão, musulmano ou sem religião? D'us e Alá são antisemitas como alguns daqueles que falam em seu nome? Ou então D'us e Yhav.. são racistas, anti-árabes. islamófobos? Alá é mosógino, exista? Quer pensa Alá do islão político, dos homens que querem governar em nome de Alá? Serigrafias e... na Libreria Italiana (recentemente aberta) na Rua do Salitre 166 b, mesmo um bom sitio para parar a caminho da sinagoga. A exposição permanece até meados de maio e o horário é 2ª a 6ª das 10h30 às 19h00. Quase tudo o exposto tem simbologia hebraica e há também duas gravuras do livro bilingue "Vestigios Hebraicos em Portugal-viagem da pintora" Laura Cesana. Tikvá 52 • Março/Abril 17 L E I D A SABIA A L I B E R D A D E R E L I G I O S A QUE... pós longo período de reinvindicação, a Lei da Liberdade Religiosa consagrou já para 2004 importantes benefícios fiscais, que atribuem às entidades religiosas ajuda no prosseguimento dos seus fins. Porém, a lei foi mais longe e não se esqueceu do contribuinte singular. Os donativos que qualquer cidadão decide atribuir a determinada Igreja vão beneficiá-lo no pagamento do IRS. Mas com uma importante ressalva: essa confissão religiosa tem que estar inscrita junto do registo das pessoas colectivas religiosas. Como consequência da possibilidade de dedução à colecta dos referidos donativos, o contribuinte estará a incentivar os fins religiosos e a diminuir a sua colecta. Ainda assim é conveniente chamar a atenção para os dois limites à dedução: apenas se podem deduzir 25% das importâncias atribuídas e os valores não podem ser superiores a 15% da colecta. Assim, se o contribuinte fizer um donativo de 100, deduzirá 25 e este montante não pode ultrapassar 15% da colecta. Na próxima declaração do IRS, no Anexo H, quadro 8, campo 05, devem ser colocados os valores correspondentes a 25% dos donativos atribuídos à pessoa colectiva religiosa. Para demonstração de que os valores correspondem de facto a donativos atribuídos àquelas entidades, são necessários os devidos recibos de entrega. Caso estes não lhe sejam disponibilizados com a entrega do donativo, não esqueça de os solicitar, de modo a que a sua intenção altruísta cumpra igualmente o efeito fiscal agora previsto na lei. Assim ajudará e sairá a ganhar. Nuno Wahnon Martins Descobriram o assassino! Uma grande brincadeira no Jantar com o Assassino: os participantes foram divididos em grupos e tinham que descobrir quem era o assassino. E toda a história acontece nos anos 40. Foi muito animado e todos participaram activamente. Cultural Arnaldo Grosman, presidente do Maccabi, apresenta o Bastonário da Ordem dos Advogados, Dr. Rogério Alves para a audiência. Ao lado do Dr. Rogério esteve Nuno Wahnon. As "assassinas": Raquel Grosman, Sonia Bernfeld e Yolanda Weisz. Informa Susana Chazan, muito bem caracterizada na personagem Anna Christie. Corais no Oneg Shabat Dia 08 de Abril, 20h30 Oneg Shabat de Confraternização Dia 10 de Abril,16h30 Palestra e debate: Sexo & Judaísmo com o Dr. Samuel Ruah e o Psicólogo Ronald Brodheim. Dia 08 de Maio, 16h30 Palestra: Origens da Inquisição Dia 14 de Maio Os corais Guil Hazaav e Etz Haim, dirigidos pelo Marcos Prist, animaram e emocionaram no Oneg Shabat do Maccabi. As belas estiveram no Maccabi Susana Arié ensinando alguns truques a Vera Goldschmitt Ferreira durante o Chá com Maquilhagem para senhoras realizado no Maccabi. BAILE AZUL&BRANCO Informações Tel.: 21 911 11 88 O Maccabi é a sua casa! Tikvá 52 • Março/Abril 19 A S N O S S A S A C T I V I D A D E S Actividades Sociais e Culturais Grupo Guil Hazaav - Ano III (Idade de Ouro) Não perca mais tempo ! Venha participar connosco ! Actividades Especiais Permanente (música, ginástica, palestras, passeios ...) Para adultos a partir dos 60 anos | Encontros semanais às 4ªs feiras, das 15h30 às 17h00 horas Sede no Monte Olivete | Participação: 5,00 € Movimento Juvenil Dor Chadash de Lisboa - Ano IV A cada semana um novo participante! Mais de 80 jovens já participam. Agora só falta você !! Actividades todos os domingos, das 15h00 às 18h00 no Maccabi Country Club Jovens e crianças a partir de 03 anos | Participação: 5 € por semana Descontos especiais na compra de senhas antecipadas Muitas surpresas em 2005 ! Coral Etz Chaim - Ano III Coral Musical representativo da CIL Para adultos entre os 20 e os 60 anos Encontros semanais - às 3 ª s e 5ªs feiras, das 19:30 às 21:00 - Monte Olivete Participação: 5€ por encontro | Inscreva-se já! UPEJ - União Portuguesa de Estudantes Judeus Super actividades mensais para jovens entre os 18 e 30 anos MACCABI COUNTRY CLUB FAÇA JÁ A SUA INSCRIÇÃO ! 3ª a 6ª Feira - Das 9h00 às 17h00 Tel: 21 9111188 - Tratar com Rosina | [email protected] | www.cilisboa.org/documents/maccabi/FichaMembro PROJECTO ATIDEINU GAN IELADIM Pré - Escola para crianças entre os 2 e 6 ANOS Em breve. Aguarde novas informações !!! Interessados devem contactar a nossa secretaria Educação Judaica e Religião Shiurim - 5765 Dia Domingo Domingo Segunda-feira Segunda-feira Terça-feira Quarta-feira Quarta-feira Sábado Hora 09:00 14:00 19:00 20:30 19:00 12:00 20:00 12:00 - 10:00 15:00 20:30 22:00 20:00 13:00 21:30 13:00 Grupo Aberto De 10 - 14 anos Aberto Aberto Aberto De 10 - 14 anos Aberto De 10 - 14 anos Tema Talmud Bar/Bat Mitzva Judaísmo Ivrit Cabalá e Filosofia Judaica Bar/Bat Mitzva Ivrít (iniciantes) Bar/Bat Mitzva Local Sinagoga MCC Sinagoga Sinagoga Sinagoga Sinagoga Sinagoga Sinagoga Grupo de Estudos sobre a Parashá da semana Todas as 6ªs feiras às 19 horas na Sinagoga. Aberto a todos. Coordenação: Alain Hayat SEUDÁ SHELISHIT Zemirot (canções) e a tradicional refeição de Shabat Todos os Sábados, após o serviço de Minhá Participe nos Serviços Religiosos da nossa Comunidade Venha e traga toda a sua família ! 6ªs feiras às 20h00 / Sábados às 9h00 Mais informações e inscrições através da nossa secretaria !!! Participe nas actividades e eventos da nossa Comunidade, pois a nossa Comunidade é você !! 20 Tikvá 52 • Março/Abril E M A B R I L / M A I O Festa de Lag Baomer Dia 29 de Maio (Domingos) às 16h00 No Maccabi Country Club Venha e traga sua família ! A CIL na TV RTP 2 Programa "A Fé dos Homens": 2 de Maio Tema : Festa de Purim 5765 na CIL Dia 23 de Maio e 20 de Junho Programa Mensal da Comunidade dedicado ao Judaísmo Português Anuncie no Tikvá JÁ SÃO MAIS DE 50 EDIÇÕES PUBLICADAS ! MAIS DE 400 FAMILIAS E ENTIDADES RECEBEM A NOSSA PRINCIPAL PUBLICAÇÃO, QUE ATINGE UM UNIVERSO DE MAIS DE 2 000 LEITORES EM TODO O MUNDO ! TIPO DE ANÚNCIO Nº DE EDIÇÕES TAMANHO COR PREÇO Contra Capa Verso da Capa Verso da Contra Capa Página Inteira 1/2 Página Anúncio Padrão 6 6 6 6 6 6 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 25 cm 17 x 10 cm 16 x 4 cm 4X0 (colorido) 1X0 (preto/branco) 1X0 (preto/branco) 1X0 (preto/branco) 1X0 (preto/branco) 1X0 (preto/branco) 1.250,00 € 1.110,00 € 1.000,00 € 950,00 € 600,00 € 240,00 € VISITE O SITE OFICIAL DA CIL ! JÁ RECEBEMOS MAIS DE 18.000 VISITAS ! www.cilisboa.org Prezados Leitores e Assinantes, comunicamos que a patir desta edição o nosso Boletim Tikvá passará a ser publicado com peridiocidade bimensal Tikvá 52 • Março/Abril 21 Mazal Tov !! H O M E N A G E N S Os nossos parabéns e os votos de muitas felicidades a todos ! ABRIL John Kahn Estrella Assayag Maya Koshét Noy Koshét Lucia Amram Diana Kolinski Ruth Kahana Geyer Moritz Abolnik Ruth Arons Joana Sequerra Amram Robert Sternberg Ana Sofia Joanes Saghi Koshét Miguel Benoliel Kadosch Ben Atzmon Ana Regina Alexandre Paula Holly 04 08 12 12 16 17 17 24 26 27 JUNHO Luisa Pestana Atzmon Rina Korn Vítor Melamed Carolina Fernandes Teruszkin Susana F. Cesana Maissa Marta Mucznik Moisés Broder Roberto Kahn-Heymann Alice Amram Maurício Levy Siegfried Rosenthal Margarida Wirth António Azancot Korn David Arié MAIO Ralph George Bernfeld Mª Teresa Pereira Alves Dias Diana Ettner Nella Maissa Margarida Maria Ribeiro Passos Amália Garcia Stieglitz Howard Tenenbaum Abraham Guerra Ronald Brodheim 18 21 26 27 29 30 31 04 05 05 07 07 15 15 15 18 01 02 03 04 06 07 07 07 08 09 10 10 12 14 Participe nestas homenagens. Actualize os seus registos junto da nossa secretaria através do tel. 21 393 1130 de 2ª a 5ª feira - das 14h00 às 17h00 | [email protected] N A H A L O T NISSAN 7 8 8 8 9 9 9 10 11 11 12 13 13 14 14 14 16 16 16 16 18 19 20 20 20 20 20 22 23 24 24 24 24 24 25 27 28 30 30 IYAR Max Korn 1 Rosica Davidof 2 Jacob José Levy 4 Joana Edith Singer 4 Maria Matilde Del Negro Feist 4 Sábado 14/05 Moisés Aron Nojmark 5 Louis Aberlé 5 Haim Bendelac 7 Rabi Menahem Diesendruck Bar Abraham Salvador Sabah Azancot 8 Ruben Esaguy 8 Esther L. Adrahi 8 Dário Azancot 8 Shemtob Ruah 9 David L. Adrahi 11 Sabado 21/05 Simantob Fresco 12 Sapese Noymark 14 Arão Benarus 14 Ledicia Assayag Drozdzinski 14 Abraham Helazar Ernest Mode Clara Querub Judah Israel Abraham Tangi Luna Chocron Benodis Eduardo Daniel Simy Pinto Ezaguy Sábado 28/05 Salomão Seruya Mosko Teller Samuel Esaguy Helena Buzaglo Abecassis Correia de Barros Ejsel Oleinski Reyna Querub Samuel Hassan Ester Levy Jacob Benodis Moisés Zagury Sábado 04/06 Judah Bentes Ruah Cyrla Blaufuks Jacob Israel Lea Wahnon Carmen Wahnon Moshe Burstyn Dora Levy Bendrão Ayash Sábado 16/04 Leon Sorin Golda Katzan Haim Levy Pacifico Esaguy Asha Marques Deborah Mª de Lurdes Ayash Mercedes Benodis Isaac Holly Elias Azancot Salomé Blumberg Rev. Abraham Castel David Kolinski Isaac José Benoliel Sábado 23/04 Judah Leão Pimenta Samuel Tiano Esther S.Sequerra Josef Friman Alfred Feist Mazaltob Assor Rebeca Benoliel Henry Karro Ellen Nachmann Leonor Benoliel Fritz Loewenthal Siegfried Weinberg Simy Bensusan Castel Leonor Benoliel Sábado 30/04 Salomão Alves Levy José Bentes Ruah Samuel Dreiblatt Sequerra Carlota Arons Simy Cohen Kadosh Rachela Lakeland Ester Droznik Bensimon Liba Goldrajch Mery Azancot Sábado 07/05 Lice Buzaglo Seruya Raquel Ruah Abrahão Sorin 22 Tikvá 52 • Março/Abril 8 14 15 15 16 17 17 18 18 19 20 20 21 21 22 24 24 24 25 26 26 27 27 27 28 28 SIVAN Abraham Tuaty 1 Erma Kahn 3 Sábado 11/06 Margarete Leers Estácio da Silva 4 Aron Blumberg 4 Gimol T. Esaguy 4 Moisés Obadia 6 Henrique Feist 6 Miquelina Esaguy Soares da Fonseca 7 José Esaguy Wartenberg 8 Orovida Amzalak 10 Sábado 18/06 Henna Matlo Segal 11 Else Nachmann 11 Jacob Ruah 13 Raquel Sabah 13 Zeew Wolf Terló 13 Zelik Kit 13 Rafael Esaguy 14 Miriam Martins Noymark 14 José Bensimon 14 Garmano Kahn 15 Israel Cagi Ruah 15 Laja Bekerman 15 Mauricio Goldrajch 15 Rebeca Benoliel 16 Sàbado 25/06 Abrahão Benoliel 18 Simy Levy Sequerra 18 Faduenha Tangi 20 Aixa Luiza Amram 20 Gaston Aberlé Jérome Lucas 21 Moisés Jacob Sequerra 22 Elisa Sultan Icyk 23 Simy Ruah Benoliel 24 TIKVÁ Envie os seus textos e sugestões para TIKVÁ até ao dia 30 de cada mês. Rua do Monte Olivete, 16 r/c. esq. 1200-280 Lisboa | e-mail:tikvá@cilisboa.org A quem se dirigir Horário de funcionamento da Secretaria Segunda a Quinta-feira, das 9h00 às 17h30 Sexta-feira e vésperas de festas judaicas, das 9h00 às 13h00 Horário de almoço das 13h00 às 14h00 Atendimento ao público Segunda a Quinta-feira, das 13h00 às 17h30 Os espaços para reuniões devem ser agendados com aviso prévio, mínimo de 48 horas Tesouraria Maria João Geraldes [email protected] Telf. 213 931 134 Atendimento de Segunda a Quinta-feira, das 10h00 às 13h00 Telf. 213 931 130 | Fax 213 931 139 Director Executivo Marcos Prist [email protected] Movimento Juvenil Dor Chadash [email protected] Rabino Boaz Pash [email protected] [email protected] Secretária Estrella Assayag [email protected] Visite o nosso site: www.cilisboa.org Direcção Presidente Vice-Presidente Vice-Presidente Tesoureiro Secretário Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal efectivo Vogal Suplente Vogal Suplente Jose Oulman Carp Esther Mucznik Ronald Brodheim José Salomão Ruah Eva Ettner Clara K. Cassuto Charles Arie Sonia Hulli Bernfeld Arnaldo Grossman Salomão Kolinski Vera G. Ferreira Assembleia Geral Presidente Moisés Bendrao Ayash Vice-Presidente Mordechai Atsmon 1º Secretário Nuno Wahnon Martins 2º Secretário Diana Ettner Conselho Fiscal Presidente Samuel Tuati Vogal Efectivo David Bentes Ruah Vogal Suplente Guilherme Grossman Presidente Honorário Dr. Samuel Ruah