G.7.12 – Ensino Superior Identidades profissionais em construção: o caso dos professores da Universidade do Estado de Minas Gerais 1 2 Fábio Machado Ruza , Santuza Amorim da Silva , Karla Cunha Pádua 3 1. Mestre em Educação pela Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) e doutorando em Educação pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR); * [email protected] 2. Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) 3. Doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professora da Faculdade de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG) Palavras Chave: Educação superior, Professor universitário, Identidade profissional Introdução A identidade é um processo que se constitui a partir da dialética entre a pessoa (dimensão individual) e a sociedade (dimensão social). Em face dela se encontrar nesta simbiose entre o “eu” e o “outrem”, a sua construção inevitavelmente se torna complexa, múltipla e dinâmica, pois a cada nova experiência ela se “desestabiliza” parcialmente, fomentando processos de desconstruções e reconstruções identitárias (DUBAR, 2005). Pensando nas identidades profissionais, o primeiro aspecto a se destacar é que ela não se dissocia das identidades pessoais, mas é, também, constituída mediante socializações secundárias como, por exemplo, a trajetória acadêmica e profissional. Em face disto, esta pesquisa tem o objetivo de analisar os elementos que constituem o processo de construção das identidades profissionais dos professores da Faculdade de Educação, Campus Belo Horizonte, da Universidade do Estado de Minas Gerais (FaE/CBH/UEMG). Resultados e Discussão Esta pesquisa foi desenvolvida no âmbito acadêmico do mestrado em Educação da UEMG e metodologicamente consistiu em um estudo de caso cujos instrumentos de coleta de dados centraram-se na análise de documentos, de 59 questionários (53,6% da amostra) e de quatro entrevistas desenvolvidas na modalidade narrativa. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Mater Dei sob o registro de número 419.258 e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), do qual foi resguardado o anonimato e a possibilidade de desistirem de participar da pesquisa a qualquer momento. Como principais resultados enfatiza-se que as identidades profissionais dos docentes foram construídas levando-se em conta uma multiplicidade de elementos. A história de vida do professor (família, filhos, escolhas profissionais, etc.) e o tipo de carreira são elementos importantes, pois tendem a criar uma heterogeneidade de perfis profissionais, visto que alguns seguem uma trajetória mais acadêmica do que outros ao investirem na formação pósgraduada, em pesquisas e publicações. As atividades do magistério superior, também, são importantes na constituição identitária. O ensino e pesquisa são aglutinadores de maior identificação face a sua valorização social e a sua dimensão intelectual e criativa que permite a canalização de energia pulsional (SILVA, 2013). A extensão, ainda que seja uma atividade intelectual e relevante, foi pouco apontada pelo corpo docente como mobilizadora de investimentos, já as atividades administrativas, embora, gerem insatisfação profissional tendem a ser consideradas importantes, pois a UEMG requer, a todo instante, o envolvimento dos professores na construção dos espaços de funcionamento da instituição. As identidades são, também, construídas em meio à relação dialética entre a insatisfação profissional frente à precariedade das condições de trabalho na universidade (contratos de trabalhos temporários e baseados em horasaula, baixa remuneração, infraestrutura física precária e adaptada ao funcionamento da universidade) e a satisfação profissional frente ao bom relacionamento interpessoal e a autonomia profissional. Por fim, todas estas dimensões das identidades são construídas a partir de uma trajetória individual e coletiva. A primeira pela ressignificação das experiências se darem individualmente pelo professor. A segunda pelas experiências serem coletivizadas e inscritas em determinado contexto social marcado pela aproximação da universidade à lógica gerencial, mercantil e produtivista (SGUISSARDI; SILVA JÚNIOR, 2009), mas que são ressignificadas pelas especificidades institucionais: histórica tradição no ensino, heterogeneidade de perfis profissionais, precariedade das condições de trabalho e a cultura institucional que enfrenta criticamente as formas heterônomas de avaliação do trabalho. A partir disto, a inserção da FaE/CBH/UEMG neste ideário produtivista e competitivo ocorre de forma mais amenizada, permitindo ao professor maior autonomia profissional, menores pressões e a construção de relações sociais mais solidárias do que ocorre na maioria dass universidades. Conclusões As identidades profissionais dos professores da FaE/CBH/UEG são construídas levando-se em conta a multiplicidade de identidades profissionais, a heterogeneidade de perfis do corpo docente e o fato de sua construção ocorrer em meio a relações dialéticas entre satisfação e insatisfação profissional. Por fim, reitera-se o caráter transitório destas identidades que no futuro poderão ser transformadas face ao dinamismo do ensino superior, da instituição analisada e de novas vivencias de cada docente. Agradecimentos A pesquisa foi financiada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). ____________________ DUBAR, Claude. A socialização: construção das identidades sociais e profissionais. Tradução de Andréa Stahel M. da Silva. São Paulo: Martins Fontes, 2005. SGUISSARDI, Valdemar; SILVA JÚNIOR, João dos Reis. Trabalho intensificado nas federais: pós-graduação e produtivismo acadêmico. São Paulo: Xamã, 2009. SILVA, Eduardo Pinto e. Sofrimento psíquico no trabalho do professor da universidade pública. In: FREITAS, Lêda Gonçalves de. (Org.). Prazer e sofrimento no trabalho docente. 1ed. Curitiba: Juruá, 2013, p. 71-92. 67ª Reunião Anual da SBPC