UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
CAMPUS I - CAMPINA GRANDE
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS: uma análise dos 30 maiores bancos listados pelo
Banco Central do Brasil na última década
Rosimere Soares Silva
Campina Grande – PB
2014
ROSIMERE SOARES SILVA
COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS: uma análise dos 30 maiores bancos listados pelo
Banco Central do Brasil na última década
Trabalho de Conclusão de Curso – TCC
apresentado ao Departamento do Curso de
Ciências Contábeis, da Universidade
Estadual da Paraíba, como requisito parcial
à obtenção do grau de bacharel em Ciências
Contábeis.
Campina Grande – PB
2014
É expressamente proibida a comercialização deste documento, tanto na forma impressa como eletrônica.
Sua reprodução total ou parcial é permitida exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, desde que na
reprodução figure a identificação do autor, título, instituição e ano da dissertação.
S586c
Silva, Rosimere Soares
Combinação de negócios [manuscrito]: uma análise dos 30
maiores bancos listados pelo Banco Central do Brasil na última
década / Rosimere Soares Silva. - 2014.
20 p.
Digitado.
Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências
Contábeis) - Universidade Estadual da Paraíba, Centro de Ciências
Sociais Aplicadas, 2014.
"Orientação: Profa. Ma. Karla Roberta Castro Pinheiro Alves,
Departamento de Contabilidade".
1. Combinação de negócios 2. Transações bancárias. 3.
Globalização. 4. Instituições bancárias. I. Título.
21. ed. CDD 332.1
3
RESUMO
SILVA, Rosimere Soares. COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS: uma análise dos 30
maiores bancos listados pelo Banco Central do Brasil na última década. 2014. 20
páginas. Trabalho de conclusão de curso – Curso de Ciências Contábeis, Universidade
Estadual da Paraíba, Campina Grande, 2014.
O cenário econômico mundial passou por um processo de globalização intenso e tem
exigido das empresas estratégias para conseguirem se manter nas diversas estruturas de
mercado que coexistem. A combinação de negócios se tornou um fenômeno natural de
reação das empresas, já que essas transações almejam consolidar a carteira de negócios
e aumentar o poder de competição. O setor bancário seguiu a mesma tendência. Assim,
essa pesquisa procura verificar quais instituições financeiras bancárias realizaram e
divulgaram a Combinação de Negócios na última década. Trata-se de uma pesquisa
exploratória, de natureza quanti-quali, tomando como base de dados os relatórios
financeiros divulgados pelos 30 maiores bancos listados pelo Banco Central do Brasil,
em suas páginas eletrônicas no período pesquisado. A pesquisa revelou que 61% do
total, realizaram e divulgaram a Combinação de Negócios. O exercício com maior
concentração de transações foi o exercício 2011, com o total de 14 transações nas
instituições bancárias. A instituição com maior volume de transações foi o Banco do
Brasil. Os dados encontrados se confirmam através de pesquisas realizadas por
empresas de auditoria, como PWC e KPMG.
Palavras-chave: Combinação de negócios. Globalização. Instituições bancárias
1INTRODUÇÃO
No atual espaço econômico, onde a globalização possibilita diversas formas de
atuação, a competitividade se tornou fator vital para a sobrevivência. A abertura dos
mercados, possibilitou as entidades oferecerem suas ações e fez com que estas busquem
cada vez mais aperfeiçoar suas atividades, para terem poder de competição.
Conforme explica Nakayama (2012), a combinação de negócios parece ser um
fenômeno natural de reação das empresas para sobreviver no contexto dessa elevada
concorrência. Essas operações normalmente buscam solidificar a carteira de negócios e
conter gastos. Essas operações não são recentes. Nos Estados Unidos, remontam desde
os anos 1890. No século passado, a década de 80 ficou considerada como merger mania
(merger = fusão) pela grande quantidade de combinação de negócios identificadas nos
EUA.
4
No Brasil, observadas as devidas proporções, as operações de combinação de
negócios também não são recentes. Na década de 70 do século passado, já
encontrávamos indícios de estudos nesse sentido. Em 1971, a então Federação
Brasileira dos Bancos, realizou um simpósio para discutir os incentivos que o governo
federal dispensaria as empresas para possibilitar a abertura do capital e a incorporação e
fusão de empresas, buscando aumentar sua eficiência produtiva.
Os anos 90revelaram uma quantidade acentuada de operações do tipo, em
decorrênciado programa governamental de desestatização, onde empresas de controle
do Estado foram alienadas (a iniciativa privada). Posteriormente, o controle da inflação,
a abertura econômica e o crescimento do mercado interno estabeleceram condições
propícias as fusões e incorporações, motivando o aquecimento dessas operações entre
2003 e 2007 (NAKAYAMA, 2012).
Assim, visto que a Combinação de Negócios é um tema recorrente do mercado
atual e tem sido bastante transacionado pelas empresas, especialmente as instituições
financeiras, esta pesquisa traz o seguinte questionamento: quais instituições financeiras
realizaram e divulgaram combinação de negócios, nos últimos dez anos?
O objetivo principalda pesquisa é verificar quais instituições financeiras
realizaram e divulgaram combinação de negócios, nos últimos dezanos.
A pesquisa se justifica pela exploração de um tema relevante para os diversos
usuários das informações contábeis (stakeholders), já que afeta o patrimônio das
empresas e influencia nas decisões de investidores, refletindo nos trabalhadores e
governo.
2 COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS
Atualmente, diversas estruturas de mercado coexistem no cenário econômico
mundial, devido ao processo de globalização e as grandes mudanças provocadas na
economia. A evolução tecnológica, a internacionalização dos negócios e a busca de
novas estratégias para conquistar novos mercados são fatores determinantes no
desempenho das empresas.
Milhares de novas empresas surgem todos os dias, outras fecham e outras se
juntam, formando empresas maiores, mais sólidas. Conforme Araújo et. al. (2007),
“com a abertura dos mercados nacionais, os países tem incluído dentro dos seus
5
instrumentos a desregulamentação e flexibilização do setor financeiro, processos estes
que tem gerado aumento da concorrência e redução dos preços dos serviços prestados”.
Estrategicamente, as empresas utilizam as fusões e aquisições para ganhar escala
e participação nos mercados. Aqui, trataremos essas transações como Combinações de
Negócios (Business Combination), termo introduzido pelos pronunciamentos contábeis,
em 2010 .Essas operações são realizadas pelas empresas, objetivando maximizar seus
lucros e consolidar sua permanência no mercado, revelando aumento significativo nos
últimos tempos. Normalmente, o objetivo maior é propiciar a expansão ou o
desenvolvimento de empreendimentos, beneficiando ambas as partes.
Para Meloet al. (2011)apudAssis (2013), essas operações são uma das formas
mais relevantes de transformação organizacional e possuem as seguintes características:
a) Obtenção de controle de uma investidora sobre a(s) sociedade(s)
investida(s);
b) Efetiva junção de dois grupos independentes.
No Brasil, o mercado de capitais evoluiu nos últimos anos e, consequentemente,
provocou aumento dessas transações, comumente denominadas de fusões e aquisições
(F&A). Segundo Rosseti (2001) apudVieira & Nunes (2008), essas operações foram
impulsionadas a partir de mudanças na orientação estratégica da economia nacional. No
final dos anos 1980, o Brasil passou por um amplo processo de mudanças, consolidando
novos propósitos estratégicos para a economia.
Rosseti (2001) apud Vieira& Nunes (2008) aponta ainda que a nova postura
estratégica do país apoiou reestruturação no modelo empresarial brasileiro e deu início
ao ciclo de reengenharia de negócios, no qual predominariam as operações de F&A. Os
principais fatores que possibilitaram o surgimento e consolidação desse novo ciclo
seriam:
a) a globalização de mercados reais;
b) a intensificação dos fluxos mundiais de investimentos estrangeiros diretos;
c) a redução de mecanismos tradicionais de proteção;
d) a remoção de barreiras ao ingresso de capitais estrangeiros, para investimentos
diretos no país;
e) as privatizações; e
f) os processos sucessórios em empresas familiares.
6
2.1 Fusões e aquisições no setor bancário
O setor bancário nos anos 1990, passou por um processo de reestruturação
bancária. A desregulamentação dos serviços financeiros em nível nacional, a abertura
do setor bancário á competição internacional, os desenvolvimentos tecnológicos em
telecomunicações e informática impactando o processamento das informações e os
canais alternativos de entrega dos serviços (caixas eletrônicos, internet, banco
eletrônico, etc) e as mudanças nas estratégias gerenciais das instituições financeiras tem
impulsionado essa consolidação (IPEA, 2006).
Os bancos tem procurado diversificar seus negócios e investido nas combinações
de negócios com outras instituições bancárias e não bancárias, aproveitando economias
de escala e diversificando os riscos. Num sentido mais amplo, há a formação de grandes
conglomerados financeiros. A redução da quantidade de instituições bancárias, a
diminuição da quantidade de trabalhadores, devido aos avanços tecnológicos e as
F&As, maior participação das receitas bancárias, declínio das margens líquidas de juros,
devido a competição, são resultados dessa consolidação.
A consolidação bancária no Brasil inicialmente surgiu como resposta a
estruturas bancárias frágeis, sendo resultado de inciativas tomadas pelo governo
brasileiro. Posteriormente, seguiu a mesma tendência internacional, conduzido também
pelo mercado. O principal fator da reestruturação bancária nacional foi uma reação a
entrada dos bancos estrangeiros, realizando grandes incorporações inicialmente e depois
comandando o processo (IPEA,2006).
A implantação do Plano Real, em 1994, provocou mudanças bruscas que
impactaram a realidade bancária nacional e impulsionou os bancos a realizarem fusões e
aquisições, resultando na consolidação bancária ocorrida entre o final da década de
1990 e os anos 2000. Segundo dados do Instituto Ludwig von Mises, a quantidade de
instituições bancárias caiu de 248 para 133 em 2007.
2.2NormatizaçãoContábil da Combinação de Negócios
A norma brasileira que trata o assunto atualmente é o CPC 15 – Combinação de
Negócios, que foi emitido em 31 de julho de 2010 e baseia-se na IFRS 3 – Business
Combination, sendo a primeira norma brasileira que aborda o assunto.
7
Antes dessa normatização, as combinações de negócios eram mais comumente
denominadas de fusão, cisão, incorporação e aquisição. Hoje esses conceitos ainda são
utilizados para diferenciação de cada transação. Conforme ensina Iudícibuset al (2010,
p. 406), esses conceitos tem as seguintes denominações:
Fusão: é a operação pela qual se unem duas ou maissociedades
para formar sociedade nova, que lhes sucederá em todos os
direitos e obrigações (art.228 da Lei nº6.404/76).
Cisão: éa operação pela qual a companhia transfere parcelas do
seu patrimônio para uma ou mais sociedades, constituídas para
esse fim, ou jáexistentes, extinguindo-se a companhia cindida,
se houver versão de todo a seu patrimônio, e dividindo-se oseu
capital, se parcial a versão (art. 229,Lei nº6.404/76).
Incorporação: é a operação pela qual uma ou mais sociedades
são absorvidas por outra, que lhe sucede emtodos asdireitos e
obrigações. (art. 227 da Lei nº6.404/76)
De acordo com o disposto no §3º do art. 226 da Lei 6.404/76 compete a Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) estabelecer as normas especiais de avaliação e contabilização
dessas operações, quando realizadas por companhias abertas. No aspecto contábil, a norma
aplicável é a Deliberação CVM nº 580/09 que dá corpo ao CPC 15.
O CPC 15 _ R1 apresenta o seguinte conceito:
Combinação de negócios é uma operação ou outro evento por
meio do qual um adquirente obtém o controle de um ou mais
negócios, independentemente da forma jurídica da operação.
Neste Pronunciamento, o termo abrange também as fusões que
se dão entre partes independentes (inclusive as conhecidas por
true mergers ou merger of equals).
A norma trata das combinações de negócios e seus efeitos. A entidade deve
identificar uma Combinação de Negócios quando os ativos adquiridos ou os passivos
assumidos se constituam um negócio.Segundo apresenta o CPC 15 _ R1, umNegócio é
um conjunto integrado de atividades e ativos capaz de ser conduzido e gerenciado para
gerar retorno, na forma de dividendos, redução de custos ou outros benefícios
econômicos, diretamente a seus investidores ou outros proprietários, membros ou
participantes. O Pronunciamento define ainda que Controle é o poder para governar a
política financeira e operacional da empresa de forma que obtenha benefícios de suas
atividades.
Na prática, uma combinação de negócios é a junção de entidades ou de
8
atividades empresarias, resultando em uma unica entidade de reporte para apresentação
das demonstrações financeiras, que deve consolidar a adquirida. Normalmente essa
operação é seguida de reestruturação societária. Tanto o IASB quanto o CPC definiram
Combinação de Negócios abrangendo todas as transações que resultem em uma
concentração de entidades ou negócios individuais em uma única entidade de reporte,
independente da forma de transação.
O CPC 15 não engloba a formação de empreendimentos controlados em
conjunto (joint ventures), aquisição de ativos que não constituam um negócio nos
termos do pronunciamento, nem a combinação de entidades ou negócios sob controle
em comum. Ainda de acordo com a norma, o método de contabilização deve ser o
método de compra ou aquisição (purchase method), que envolve os seguintes passos:
1. Identificar uma adquirente;
2. Determinar a data de aquisição;
3. Reconhecer e mensurar os ativos identificáveis adquiridos, os passivos
assumidos e as participações societárias de não controladores na adquirida;
4. Reconhecer e mensurar o goodwill (ágio por expectativa de rentabilidade
futura)
Conforme Padovezeet al. (2012), as operações que envolvem combinações de
negócios são muito complexas e apresentam aspectos contábeis e fiscais que devem ser
observados. Um desses aspectos é o ágio (ou deságio), que pode se tornar subjetivo, já
que nem sempre o valor contábil patrimonial das empresas reflete os interesses dos
compradores e vendedores de ações. Por isso, diversos fatores devem ser considerados
na mensuração do “valor justo” das adquiridas.
2.3 Contabilidade das Instituições Financeiras
As normas gerais de contabilidade e estatística que devem ser observadas
pelasinstituições financeiras são reguladas pela Lei 4595, de 31 de dezembro de 1964,
aqual cria o Conselho Monetário Nacional e lhe dá o poder de expedir tais
normas(art.4º, inciso XII). Assim, através da Carta Circular 1273, divulgada em 1987,
foiinstituído o PLANO CONTÁBIL DAS
INSTITUIÇÕES DO SISTEMA
FINANCEIRO NACIONAL – COSIF, onde se estabelece (Cap. 1, Seção 22 –
Elaboração e Publicação das Demonstrações Financeiras), o conjunto básico das
demonstrações que devem ser apresentadas, objetivando fornecer um elenco de
9
informações que, representando a síntese de normas e procedimentos de Contabilidade,
busquem dar uniformidadeà obtenção e divulgação de informações economicofinanceiras atualizadas, de modo que se atenda ao maior número possível de
interessados no desempenho das atividades sociais do sistema financeiro.
No Capítulo 1, Seção 2, o COSIF, além de outros aspectos, determina:
[...]d) as Notas Explicativas, além dos esclarecimentos exigidos
pela legislação em vigor, devem conter ainda: I- menção a
incorporação, fusão, ou cisão ocorrida no período com
indicação das sociedades envolvidas e data da AGE de
incorporação, fusão ou aquisição[...]
Atualmente, além das exigências do Banco Central e do CMN, divulgar essas
informações financeiras tornou-se imprescindível àquelas instituições que tem suas
ações negociadas na Bolsa de Valores e precisam prover seus investidores de dados que
os auxiliem a tomar sua decisão.
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Caracterização da Pesquisa
Quanto aos objetivos, portanto, essa pesquisa se caracteriza por uma pesquisa
descritiva eexploratória. Os relatórios financeiros dos bancos serão analisados e
explorados a fim de oferecer informações acerca do tema combinação de negócios.
Segundo Ponte (2007), a pesquisa descritiva objetiva a descrição de determinada
população ou fenômeno, utilizando técnicas padronizadas de coleta de dados. Assim,
quando essa pesquisa tem como objetivo geral verificar quais instituições bancárias
realizaram combinações de negócios, descreve e explora o tema.
Quanto ao delineamento, classifica-se como uma pesquisa do tipo bibliográfica,
pois se utiliza de fontes secundárias e o pesquisador tem contato direto com os
relatórios financeiros divulgados pelas instituições bancárias.Conforme Gil (2010 p.
27), “a pesquisa bibliográfica é elaborada com base em material já publicado. [...]em
virtude da disseminação de novos formatos de informação, estas pesquisas passaram a
incluir outros tipos de fontes, como discos, fitas magnéticas, CD’s, bem como o
material disponibilizado na internet”.
10
Quanto à natureza, a pesquisa é qualitativa e quantitativa ao mesmo tempo, ou
quanti-quali, já que utiliza o enfoque na análise dos dados e, também, de ferramentas
estatísticas para o tratamento dos dados. Os dados retirados dos relatórios serão,
inicialmente, quantificados e depois utilizados para definir uma realidade acerca de
determinado tema. A verificação será realizada através do Microsoft Excel 2007,
através do uso de tabelas.
3.2 Amostra da pesquisa e Período de tempo abordado
Para desenvolvimento do proposto no objetivo, foram observados os 30 maiores
bancos, de acordo com o relatório divulgado pelo Banco Central do Brasil(BACEN) que
traz dados atualizados até Dezembro de 2013. Para essa classificação, o Bacen utilizou
como critério a soma do Ativo Total de cada da instituição. Ao final do trabalho, consta
o Apêndice 01, contendo a lista de instituições utilizadas como base para a busca dos
dados.
A pesquisa aborda os últimos 10 exercícios, do ano 2004 ao ano 2013, e leva em
consideração os dados encontrados nas Demonstrações divulgadas nos sítios eletrônicos
de cada instituição.
3.3 Coleta de Dados
A coleta dos dados foi realizada principalmente através do SÍTIO
ELETRÔNICO de cada instituição. Foram acessadas as páginas eletrônicas de cada
Banco para extração dos relatórios, utilizando em grande parte delas a aba disponível
como Relação com Investidores (RI). Para cada instituição, foram observados os
últimos 10 exercícios e extraído, quando disponível, as Notas Explicativasàs
Demonstrações Contábeis. Nos exercícios mais antigos, e que não era obrigatório a
divulgação dessas notas, ou quando a instituição não divulgou, foram extraídos os
relatórios anuais disponíveis com as Demonstrações, já que continham maiores
informações acerca das possíveis de transações relacionadas ao tema.
Em um segundo momento, foram observados nas Notas Explicativas ou
relatórios encontrados, utilizando recursos de informática, quais apresentam as
seguintes palavras: Combinação de Negócios, Fusão, Cisão, Incorporação, Associação e
Aquisição.
11
Quando encontradas algumas das palavras supracitadas, foi analisado o contexto
para observar se realmente se tratava de uma combinação de negócios, já que algumas
vezes as entidades citam as normas adotadas, não necessariamente havendo fatos
inerentes.
4. APRESENTAÇÃO DOS DADOS E ANÁLISE DOS RESULTADOS
No momento da obtenção da base de dados da pesquisa, foram dispensadas duas
instituições: o Banco JP Morgan Chaise por que apresentou suas demonstrações em
língua inglesa e poderia permitir equívocos na verificação. E o Banco CreditSuisse por
não fornecer as demonstrações financeiras em seu sítio eletrônico. Assim, a amostra se
reduziu a 28 instituições.
Conforme demonstrado na Tabela 1, algumas instituições não puderam ser
analisadas em todos os exercícios por não terem divulgado suas demonstrações nas
páginas eletrônicas.
Tabela 1: Disponibilidade das Demonstrações Financeiras
Exercício
2004 2005 2006 2007 2008 2009
2010
2011
2012
2013
TOTAL
28
Instituições
Financeiras
10
3
0
7
1
3
3
1
0
0
%
36%
11%
0%
25%
4%
11%
11%
4%
0%
0%
Fonte: Elaboração do autor, 2014
Apenas 36%, no total de 10 instituições, puderam ser analisadas em todos os
exercícios, disponibilizando os dados desde o exercício 2004, tomado como exercício
de corte em relação a pesquisa.Observa-se que 25% das instituições começaram a
disponibilizar suas Demonstrações financeiras a partir de 2007 e em 2010, um total de
11% iniciaram suas publicações nas páginas eletrônicas. O Banco Bic só disponibilizou
os dados apartir do exercício 2011. O Banco Itaú só disponibilizou suas Demonstrações
Financeiras a partir do exercício 2008.
12
Tabela 2: Quantidade de Instituições que realizaram Combinação de Negócios
OCORRÊNCIA
QUANTIDADE
%
REALIZARAM
17
61%
NÃO REALIZARAM
11
39%
TOTAL
Fonte: Elaboração do autor, 2014
28
100%
Na Tabela 2, demonstra-se que 17, ou 61% das instituições, realizaram
combinações de negócios no período pesquisado. Algumas delas realizaram mais de
uma operação em cada exercício, segundo os dados apresentados nas Demonstrações
Financeiras. A divulgação dos dados referentes a essas operações estão previstas no
COSIF. Do total, 39% dessas instituições não realizaram combinações de negócios,
entre os quais estão Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste do Brasil, Banco
Safra, Banco Sicredi, entre outros.
A seguir, apresenta-se a Tabela 3, demonstrando a quantidade de operações
realizadas pelas instituições em cada exercício:
Tabela 3: Quantidade de operações realizadas pelas instituições em cada exercício
INSTITUIÇÃO
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
TOTAL
BANCO BIC
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
BANCO DO BRASIL
-
-
-
-
2
2
1
1
1
1
8
BANCOOB
-
-
-
-
-
-
-
1
-
-
1
BANESTES
-
2
-
-
-
-
-
2
-
-
4
BMG
-
-
-
-
-
-
-
5
-
-
5
BNP PARIBAS
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
BRADESCO
2
-
-
1
-
2
-
1
-
-
6
BTG PACTUAL
-
-
-
2
-
-
2
1
1
1
7
VOTORANTIM
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
1
CITIBANK
-
-
2
-
-
-
1
1
-
-
4
DAYCOVAL
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
HSBC
-
1
1
-
-
-
-
1
-
-
3
ITAÚ
-
-
-
-
3
-
-
-
-
-
3
MERCANTIL DO BRASIL
1
-
-
-
-
-
-
-
-
-
1
PANAMERICANO
-
-
-
-
-
-
-
-
1
-
1
SANTANDER
-
-
-
3
-
4
-
-
-
-
7
SOCIÉTE GENERALE
-
-
-
1
-
-
-
-
-
-
1
TOTAL
3
3
3
8
5
8
4
14
3
4
55
Fonte: Elaboração do autor, 2014
Os dados apresentados revelam que o exercício 2011 foi o exercício com maior
número de operações do tipo Combinação de Negócios, representando 25% do total de
13
operações divulgadas pelas instituições financeiras. O Banco BTG Pactual realizou
algumas aquisições indiretas de suas controladas, neste exercício, contudo não foram
consideradas nesta pesquisa, por que se tratavam de empresas em controle comum e as
avaliações foram feitas pelo valor patrimonial, não gerando mudanças no Capital Social
do Banco.
Ainda de acordo com a Tabela 3, notamos que em segunda colocação
apresentam-se os exercícios de 2007 e 2009, com total de 8 operações, ou 15% do total.
Segundo a PWC, o exercício de 2007 foi referência nacional e internacional de
atividades econômicas, explicando a quantidadede operações encontradas.
Em relação a quantidade de operações por Banco, o Banco do Brasil é o
destaque, com 15% do total, seguido do BTG Pactual e do Bradesco. A colocação do
Banco do Brasil é aparente, já que encontra-se na primeira posição do ranking dos 30
maiores bancos listados pelo BACEN, possuindo capacidade financeira que suporta o
alto volume dessas transações (vide Apêndice I). Cabe ressaltar que o Banco Itaú só
pode ser analisado a partir do exercício 2008 e, considerando sua capacidade financeira
e sua classificação no rol dos 30 maiores bancos (2º), esse número de 03 operações,
revelado pela pesquisa, pode ter sofrido algum desvio.
Os dados encontrados nesta pesquisa se confirmam por pesquisa divulgada pela
PricewaterhouseCoopers (PWC), em dezembro/2011, demonstrando que o Setor
Financeiro foi o terceiro maior em divulgações de operações do tipo combinações de
negócios, excluindo-se os acordos. Conforme divulgou, também, a KPMG, em pesquisa
realizada no exercício 2013, o setor das instituições financeiras é o quarto em operações
de combinações de negócios. Os dados quantificados levam em consideração as
empresas que divulgaram essas operações. A figura 1 demonstra um recorte dessa
pesquisa:
14
Figura 1: Recorte da pesquisa divulgada pela KPMG em 2013
Fonte: KPMG - 2013
Os dados apresentados pela KPMG apresentam o volume de transações
acumulado por setor, desde o Plano Real. Assim, podemos inferir que o setor das
instituições financeiras divulgou 35 operações em 2011, das quais 14 se incluem no rol
dos 30 maiores bancos, conforme demonstrou a Tabela 3.
Tabela 4: Frequência do tipo de operações
TERMO
FREQUÊNCIA
FUSÃO
3
INCORPORAÇÃO
7
AQUISIÇÃO
8
CISÃO
1
ASSOCIAÇÃO
1
COMBINAÇÃO DE NEGÓCIOS
5
Fonte: Elaboração do autor, 2014
Conforme a fundamentação teórica, as operações de Combinação de Negócios
utilizavam outros termos até o exercício 2010: fusão, cisão, incorporação, aquisição.
Contudo, a partir da divulgação do CPC 15 – Combinação de Negócios, essas operações
começaram a utilizar este termo, utilizando aqueles apenas para diferenciação do tipo de
15
operação. Conforme a Tabela 4, a operação mais citada e certamente a mais realizada
também, foi a operação de Aquisição, seguida da Incorporação e Combinação de
Negócios, que começou a ser difundido a partir de 2010. Apenas o Banco Itaú utilizou o
termo Associação.
5.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo principal verificar quais instituições
financeiras realizaram e divulgaram Combinação de Negócios nos últimos 10 anos.
Assim, o objetivo foi atingido e o problema de pesquisa respondido.
Pode-se dizer que as instituições financeiras realizaram combinações de
negócios, inclusive em quantidades representativas, em relação aos totais de cada setor.
Esses dados foram divulgados, obedecendo primeiramente ao COSIF, que determina no
Capítulo 1, Seção 2, que as entidades devem divulgar as informações referentes às
operações de fusão, cisão ou incorporação ocorridas. Além disso, obedecendo aos
princípios e normas contábeis, essas informações devem ser divulgadas, a fim de
informar os chamadosstakeholders.
A pesquisa revelou que 61% do total das instituições analisadas realizaram e
divulgaram combinação de negócios. O exercício com maior quantidade de operações
do tipo combinação de negócios foi 2011, com 14 operações das 55 encontradas. A
instituição com maior volume de transações foi o Banco do Brasil, com total de 08
operações. O fator mais característico desse tipo de operações são as reestruturações
societárias, onde normalmente as controladoras adquirem as controladas.
A pesquisa teve como limitações a não divulgação, muitas vezes, dos
demonstrativos financeiros pelas instituições financeiras. Assim, alguns dados
informados podem ter algum desvio pelo fato de não poderem ser analisados todos os
exercícios abrangidos pela pesquisa.
Para futuras pesquisas, sugere-se a utilização de amostra de maior tamanho e
análise do retorno do capital investido na Combinação de Negócios, observando se a
operação trouxe benefícios para a adquirente. Outra sugestão é utilizar dados fornecidos
por essa pesquisa e realizar uma análise temporal das instituições de maior destaque,
utilizando um período mais amplo e outras fontes de dados, como Jornais de grande
circulação.
16
ABSTRACT
The global economic scenario has undergone an intense process of globalization and has
required the companies strategies to manage to keep the various market structures that
coexist. The business combination became a natural phenomenon of reaction of firms,
since these transactions aims to consolidate the business portfolio and increase the
competitive power. The banking sector followed the same trend. Thus, this research
seeks to determine which bank financial institutions performed and reported the
Business Combination in the last decade. This is an exploratory research, quantitative
and qualitative in nature, based on data from the financial reports released by the 30
largest listed banks by the Central Bank of Brazil, on their web pages in the period
surveyed. The survey revealed that 61% of the total issued and held the Business
Combination. The year with the highest number of transactions was the year 2011, with
a total of 14 transactions in banking institutions. The institution with the highest volume
of transactions was the Bank of Brazil. The data obtained are confirmed by research
conducted by audit firms, such as KPMG and PWC.
Keywords: Business Combinations. Globalization. Banks
6.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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18
APÊNDICE I – 30 MAIORES BANCOS
DATA-BASE: DEZEMBRO/2013
Instituições
BB
ITAU
CAIXA ECONOMICA FEDERAL
BRADESCO
SANTANDER
HSBC
SAFRA
BTG PACTUAL
VOTORANTIM
CITIBANK
BANRISUL
BCO DO NORDESTE DO BRASIL S.A.
CREDIT SUISSE
JP MORGAN CHASE
BMG
BCO COOPERATIVO SICREDI S.A.
DEUTSCHE
PANAMERICANO
BNP PARIBAS
BANCOOB
ABC-BRASIL
BIC
BCO RABOBANK INTL BRASIL S.A.
BCO DAYCOVAL S.A
BANESTES
ALFA
MERCANTIL DO BRASIL
SOCIETE GENERALE
MERRILL LYNCH
BCO DA AMAZONIA S.A.
Data
UF
Balancete
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
201312
DF
SP
DF
SP
SP
PR
SP
RJ
SP
SP
RS
CE
SP
SP
SP
RS
SP
SP
SP
DF
SP
SP
SP
SP
ES
SP
MG
SP
SP
PA
Ativo
Total
1.218.525.361
1.027.324.008
858.475.356
776.724.294
495.443.913
159.948.239
130.111.584
115.901.631
106.975.088
54.297.355
53.114.488
33.817.503
32.393.809
29.953.776
28.140.779
23.812.778
22.207.579
21.725.860
20.932.555
18.119.803
17.267.769
15.606.886
15.323.393
14.940.278
14.007.244
13.839.988
13.510.309
12.639.668
12.282.941
11.330.107
Fonte: Adaptado de 50 Maiores Bancos e o Consolidado do Sistema Financeiro Nacional
BACEN, 2013
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Rosimere Soares Silva