COMPORTAMENTO TÉRMICO DE CRISTAIS DE POLI(TEREFTALATO DE ETILENO) Lys Sirelli 1* Marcos L. Dias 1 Romeu A. Pereira 2 Carlos A. C. Perez3 1* Instituto de Macromoléculas da UFRJ [email protected] Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano UFRJ Centro de tecnologia - Bloco J Caixa postal 68525; 21945-970 1 [email protected]; 2 Faculdade de Filosofia Ciências e Letras Santa Marcelina [email protected].; 3 Núcleo de Catálise - coppe [email protected] Thermal Behavior of Poly (ethylene terephthalate) crystals Changes in the crystalline structure and degree of crystallinity of bottle grade PET with increasing temperature were investigated be WAXS crystalline. PET was obtained by thermal trataments at 1200 and 2000C for 24 h. The WAXS curves were taken in intervals of 200C until a temperature near Tm. A significant increase of the cristallinity and the arranje symmetric rearrangment of crystals were observed even when the PET samples were annealed at the very high temperature (200 0C). cristalizado em duas temperaturas diferentes, quando é aquecido até temperaturas próximas a fusão cristalina. Introdução Podendo apresentar um alto grau de orientação e excepcional resistência mecânica, o PET classifica-se como a mais importante resina entre os poliésteres, e juntamente com as poliamidas dominam o mundo das fibras. Este poliéster e muito utilizado em aplicações tais como fibras têxteis, filmes para fotografias, embalagens, em componentes automotivos, sendo atualmente sua principal aplicação em recipientes para bebidas carbonatadas. O PET é um poliéster aromático cuja estrutura molecular origina-se de unidades derivadas de ácido tereftálico ou tereftalato de dimetila, que formam o segmento rígido, e etileno glicol, que constitui o segmento flexível da unidade repetitiva do polímero, sendo estas unidades dispostas em estruturas planar, praticamente estendidas. O PET é um polímero semi-cristalino com baixa velocidade de cristalização, podendo apresentar-se amorfo a temperatura ambiente quando resfriado bruscamente a partir do estado fundido, ou cristalino quando cristalizado por estiramento e/ou tratamento térmico. As propriedades físicas características de um polímero semi-cristalino são influenciadas pela sua morfologia. No caso do PET, poucos dados sobre o efeito da temperatura na modificação de cristais já formados foi publicada. Neste trabalho, são apresentados informações sobre as mudanças na estrutura cristalina de PET grau garrafa 596 Experimental Para obtenção dos corpos de prova foi utilizado PET em péletes de procedência Rhodia Ster (S80), o qual foi seco em estufa a 1500C por 16 h, antes do processamento . Após a moldagem por compressão, as placas obtidas foram imediatamente resfriadas por imersão em banho de áqua, a temperatura ambiente, por um intervalo de 2 minutos. As placas foram submetidas a tratamentos térmicos (annealing ) de 1200 e 2000C, respectivamente, por um período de 24h. Essas amostras foram submetidas à análises de espalhamento de raios-x a altos ângulos (WAXS). As curvas de WAXS foram obtidas em difrâtometro Rigaku, modelo DMAX 2200 com tubo de cobre e monocromador de grafite no feixe secundário no modo por reflexão, com uma tensão e corrente no tubo de 40 Kv e 40 mA, respectivamente. No sistema de colimação a fenda de divergência horizontal opera com 10, a fenda vertical com 10mm, a fenda de espalhamento 10 e a fenda do detector de 0,3mm (0,050). Os dados foram adquiridos no modo passo a passo com amplitude de passo em 2θ igual a 0,050 e com tempo de contagem por passo iqual a 1s . A resolução das reflexões presentes nos padrões de difração para obtenção das posições angulares, das intensidades e das larguras à meia-altura foi feita por Anais do 7o Congresso Brasileiro de Polímeros ajustes a funções de perfis de linhas Gaussianas, através do programa Origin 5.0. Os parâmetros de rede foram calculados a partir das posições angulares em 2θ no programa Celref, para refinamento da célula unitária. cristalito e grau de cristalinidade. Verifica-se também o aumento do grau de cristalinidade de amostras de PET submetidas a tratamento térmico, mesmo quando o annealing é realizado por longo tempo e altas temperaturas Conclusões No presente trabalho, medidas de porcentagens amorfas e grau de cristalinidade foram feitas através de análises de WAXS. Constatou-se que tratamento térmico a baixa temperatura (abaixo de 180 0C) produz material com baixo teor de estruturas cristalinas. O aquecimento da amostra até temperaturas próximas a Tm promove significativo aumento do tamanho de -103 -1-13 0-11 4000 c 3500 3000 2500 Y Axis Title As amostras foram analisadas por WAXS, sendo observado o aumento do grau de cristalinidade com o aumento da temperatura de annealing. A Figura 1 mostra as curvas de WAXS de amostras submetidas a annealing a 1200C(a) e 2000C (b). Os principais planos são assinalados. Os tamanhos de cristalitos em dadas direções cristalográficas a e b também aumentaram e os picos tornaram-se mais simétricos e afunilados, indicando o aumento de cristalinidade do material. À medida que a temperatura de annealing aumenta, alguns planos cristalográficos, como (0 1 0) e (1 0 0), tornam-se mais intensos e simétricos e se deslocam para ângulos maiores, diminuindo as distâncias interplanares. Como conseqüência tem-se diminuição da fração amorfa do material analisado. Verifica-se ainda um aumento considerável na intensidade do plano (-1 0 3) com aumento da temperatura do tratamento térmico. Mesmo tendo o material sofrido um tratamento térmico a quase 400C acima da Tg, a curva da amostra tratada termicamente a 1200C apresentou padrão característico de material com baixa cristalinidade. Quando esta amostra foi aquecida de 200C a 230 0C e curvas de WAXS foram obtidas em cada temperatura em incrementos de 200C, observou-se uma redução no grau de cristalinidade , e um aumento da ordem cristalina dos cristais presentes na amostra, como mostra a Figura 1c. O grau de cristalinidade variou de 34 % (200C)a 29 % (2300C). A amostra amorfa tratada à 2000C por 24 h também mostrou o mesmo comportamento, isto é, as curvas obtidas a 2300C têm grau de cristalinidade ligeiramente menor que o calculado pela curva obtida a temperatura ambiente. Tal comportamento é atribuído aos processos de fusão de cristais que haviam sido formados nas temperaturas mais baixas de annealing. 010 -111 -110 100 Resultados e Discussão b 2000 1500 1000 500 a 0 0 10 20 30 40 50 60 2 Theta (graus) Figura 1 – Curvas de WAXS para PET grau garrafa a) Temperatura ambiente (Annealing a 120 0 C ); b) Temperatura ambiente (Annealing a 200 0 ) c) 230 0 C (Annealing a 120 0C); Agradecimentos CNPq, FAPERJ, Petrobrás Referências Bibliográficas 1. R. A. Pereira, Tese de doutorado, Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1997. 2. M. S. dos Santos, Tese de Mestrado, Instituto de Macromoléculas Professora Eloísa Mano Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2002. 3. M.Kakudo and N.Kasai.- “X-Ray Diffraction by Polymer” kodansha Scientific Books, New York 1972. 4. Leroy E.Alexander; “X-Ray Diffraction Methods in Polymer Science” Robert e Krieger Publishing Company Huntington, New York; 1979. 5. N. S. Murthy and H. Minor; Polymer, 1990, 31, 1931. Anais do 7o Congresso Brasileiro de Polímeros 597