5 A visão atualizada em inovações no setor automóvel Edição 5 / Julho 2015 CLIMATIZAÇÃOA Regulamentação europeia Nesta edição Introdução Impacto ambiental dos gases fluorados 2 3 EureTechFlash é uma publicação da AD International (www.ad-europe.com). Evolução do ar condicionado Componentes principais 4 5 6 Climatização Avarias comuns Notas técnicas 10 15 18 Faça download de todas as edições de EureTechFlash em www.eurecar.org Os sistemas utilizados no automóvel para aumentar ou diminuir a temperatura no habitáculo baseiam-se na transmissão de calor por meio de permutadores térmicos, os quais são atravessados pelo ar exterior ou recirculado, antes de sair para o habitáculo pelas respectivas canalizações. O tempo de reacção de um condutor depende do seu nível de conforto, sendo a temperatura a que se encontra o corpo um dos factores mais influentes neste aspecto. Quando a temperatura exterior for superior à corporal, o corpo não consegue libertar calor; ao invés, se a temperatura for demasiado fria o corpo não consegue gerar a energia suficiente para se manter à sua temperatura normal. Dado que o corpo humano produz sempre energia, a temperatura ambiente ideal será cerca de 15 graus abaixo da temperatura normal do corpo, ou seja, deverá rondar os 21 ou 22 graus. Nos materiais, o seu estado pode variar quando se lhes fornece ou retira energia. Por exemplo, ao aquecer a água contida num recipiente, o líquido converte-se em vapor de água, passando para o estado gasoso. Se arrefecermos o vapor de água, este converte-se outra vez em líquido, e se o arrefecermos ainda mais, converter-se-á em sólido. Regra geral, no automóvel o sistema de ar condicionado funciona segundo o princípio de compressão aplicado em gases fluorados, uma vez que as suas características são adequadas para o rendimento dos sistemas de climatização. O compressor, accionado pelo motor, comprime o agente refrigerante em estado gasoso proveniente do evaporador, elevando-lhe a temperatura e aumentando também a pressão. O gás comprimido e quente é arrefecido no condensador através do fluxo de ar exterior. Devido à transferência de calor, torna-se líquido. Ao passar para o estado líquido, o agente refrigerante proveniente do condensador acumula-se no depósito do filtro secador e neste é extraída a humidade e as impurezas que possam existir. Do filtro secador, o agente refrigerante dirige-se para a válvula de expansão, que vai permitir a passagem do agen2 — www.eurecar.org te arrefecido e liquefeito para o evaporador. Aqui, expande-se e evapora-se. A mudança de estado do agente refrigerante de líquido para gás no evaporador provoca uma extracção do calor do ar exterior, arrefecendo através das palhetas do evaporador. Para fechar o circuito de refrigeração, o agente refrigerante, a baixa pressão e em estado gasoso, é aspirado pelo compressor e, novamente, comprimido. Devido às mudanças de estado do agente refrigerante pelos diferentes componentes do circuito de refrigeração, consegue-se manter uma temperatura adequada no habitáculo pela passagem de ar através do evaporador. Dois dos elementos que o conseguem na atmosfera são o efeito de estufa e a camada de ozono. O efeito de estufa É um processo natural que ocorre na atmosfera, graças ao qual a temperatura média à superfície da Terra em vez de estar a -18º C situa-se a cerca de 15º C, consoante a distância da superfície terrestre relativamente ao Sol, algo imprescindível para o equilíbrio natural. A M B I E N T A L D O S Impacto ambiental dos gases fluorados Para que se verifiquem boas condições de vida na Terra concorrem vários factores. Um dos factores imprescindíveis é a função da atmosfera, pois proporciona o oxigénio necessário à respiração e, simultaneamente, uma temperatura ambiente adequada à vida. I M P A C T O G A S E S F L U O R A D O S Percentagem dos principais gases que contribuem para o efeito de estufa CO² 55% CFC, HFC, HCFC 24% CH4 15% Óxido Nitroso 6% www.eurecar.org —3 A camada de ozono A sua formação natural processa-se graças aos raios ultravioleta, que decompõem as moléculas de oxigénio (O2) em dois átomos, os quais se unirão a outras moléculas de oxigénio sem se dissociar, convertendo-se em moléculas de ozono (O3). Este processo ocorre, especialmente, a cerca de 25 quilómetros da Terra, formando a chamada camada de ozono. Alguns elementos como o cloro são capazes de decompor o ozono de uma forma não natural. As emissões descontroladas de CFCs para a atmosfera provocaram os chamados buracos da camada de ozono. Electrically driven hydraulic pump Regulamentação europeia relativa a gases fluorados Em 2006, para levar a cabo os compromissos do Protocolo de Quioto, a União Europeia publicou o Regulamento (CE) n.º 842/2006, de 17 de Maio, sobre determinados gases fluorados de efeito de estufa, que regula o uso dos HFCs, dos PFCs e do SF6, todos eles com um potencial de aquecimento global (GWP) entre 120 e 22.200 vezes superior ao do dióxido de carbono (CO2). A Directiva 2006/40/CE, de 17 de Maio, relativa a emissões provenientes de sistemas de ar condicionado em veículos a motor, regula do mesmo modo parte do sector automóvel no que se refere a gases fluorados. Também se torna público o Regulamento (CE) 1005/2009, sobre substâncias que esgotam a camada de ozono, que proíbe o uso de CFCs e HCFCs para a recarga, incluindo a reutilização do gás na manutenção de sistemas de climatização que empreguem refrigerantes com CFCs ou HCFCs. 4 — www.eurecar.org Cada país estabelece a sua própria legislação para certificar o pessoal que procede às operações de: • Instalação de sistemas de ar condicionado em veículos que não o trazem de série. • Manutenção e revisão, incluindo o controlo de fugas, a carga e a recuperação de gases fluorados. • Manuseamento de recipientes de gás. A certificação não é exigida à empresa ou oficina, mas o pessoal que efectue estas operações SIM, deverá possuí-la. Apenas as empresas ou oficinas que disponham de pessoal certificado poderão adquirir refrigerantes baseados em gases fluorados. Regulamentação a aplicar Regulamento (CE) 842/2006 Este regulamento tem como objecto reduzir as emissões de HFC, PFC e SF6, por contribuírem para o aquecimento global. Regulamento (CE) 307/2008 Deriva do anterior e estabelece os requisitos mínimos e as condições para o reconhecimento mútuo dos certificados necessários ao pessoal que manuseia gases fluorados em veículos. Regulamento (CE) 1494/2007 Regula a forma e requisitos a respeitar pela rotulagem dos produtos que contenham gases fluorados. Regulamento (CE) 1005/2009 Regula a utilização dos CFC e HCFC. Directiva 2006/40/CE Relativa às emissões provenientes de sistemas de ar condicionado em veículos a motor, e que altera a Directiva 70/156/CEE. Evolução do ar condicionado Apesar de o princípio de funcionamento de um sistema de ar condicionado não ter variado muito desde os seus primeiros tempos houve, de facto, uma evolução no tipo de gás refrigerante e nos componentes utilizados. As primeiras evoluções relacionam-se com os compressores: os de pa- lhetas, que tendem a desaparecer; os de tipo espiral, maioritariamente utilizados em veículos híbridos ou eléctricos, e que viram a sua tecnologia melhorada; e, por último, os de um pistão, que passam a utilizar vários pistões. R E G U L A M E N T A ç ã O E U R O P E I A - Compressor de palhetas Compressor de espiral Compressor de pistões Outra evolução significativa está orientada para o controlo da passagem de calibração antes do evaporador, substituindo os termóstatos pelas válvulas de expansão, de duas ou quatro vias, com o que se melhora a eficácia do sistema. A exigência de gases refrigerantes não contaminantes está a aumentar. Foi substituído o R12 pelo R134a e, recentemente, todos os veículos fabricados desde o ano 2011 têm, por regulamentação, de ter o R1234yf, sendo este último mais respeitador do efeito de estufa. No que se refere aos componentes electrónicos no ar condicionado, a maioria centra-se num controlo mais exaustivo do sistema e, sobretudo, na introdução de compressores de cilindrada variável, a fim de diminuir as cargas do motor, com a consequente redução do consumo de combustível. www.eurecar.org —5 E V O L U ç ã O D O A R C O N D I C I O N A D O Componentes principais do ar condicionado Compressor É o elemento encarregado de comprimir o gás para fazer aumentar a pressão do fluido refrigerante no circuito. Normalmente, é accionado pelo motor térmico por meio de uma correia auxiliar. Nos veículos híbridos ou eléctricos o compressor é accionado por um motor eléctrico. Compressor de pistões É o mais utilizado actualmente; caracteriza-se por dispor internamente de uma série de êmbolos e de um prato oscilante inclinado. O princípio de funcionamento deste compressor é descrito em seguida. O disco inclinado, situado em rotação com o eixo, gera uma translação axial interior dos pistões, que podem provocar as fases de aspiração e compressão. Em ambas as coberturas do compressor encontram-se as placas de válvulas que permitem, automaticamente, seguir as fases de aspiração e descarga em cada cilindro. Compressor em espiral ou Scroll Este compressor é composto, basicamente, por duas espirais; uma fixa e outra móvel, que é accionada pelo eixo de entrada do compressor. 6 — www.eurecar.org C O M P O N E N T E S O seu funcionamento baseia-se na passagem de um volume de gás desde a zona exterior da espiral (onde se encontra a admissão) para o centro desta, verificando-se, gradualmente, uma redução da câmara. Permutadores P R I N C I P A I S Principalmente, o circuito de ar condicionado dispõe de dois permutadores: o condensador e o evaporador, sendo estes os responsáveis pela transmissão da temperatura do fluido que circula internamente. O condensador D O É o permutador situado no habitáculo do motor, normalmente fixado à frente do radiador de refrigeração, com a missão de arrefecer o fluido que circula no seu interior. A R C O N D I C I O N A D O Do ponto de vista do seu fabrico, para produzir os condensadores existem várias soluções, em função da tecnologia utilizada. Os mais comuns são os condensadores de tubos de cobre e aletas de alumínio, os de serpentina de tubo plano reticulado e os de fluxo paralelo. Condensador de serpentina Condensador de fluxo paralelo O evaporador Este encontra-se situado no interior do grupo de climatização. É considerado como o primeiro elemento do circuito de baixa pressão, ao qual o fluido de pressão chega em dois estados, parte em líquido e parte em gás, devido ao facto de a redução de pressão provocar o abaixamento da temperatura do ponto de ebulição. www.eurecar.org —7 Existem evaporadores com três tecnologias diferentes no que se refere à sua construção: Os evaporadores de serpentina, compostos por um tubo plano com múltipla canalização interior. Os evaporadores de tubos, formados por uma série de tubagens posicionadas paralelamente, as quais se situam em várias secções, sendo unidas nas extremidades por meio de cotovelos soldados. Válvula de expansão É um dos componentes que separa a alta da baixa pressão. Situa-se perto do evaporador. A sua missão é a de regular a passagem do fluido em estado líquido do circuito de alta pressão, para que se vaporize no lado da baixa pressão. Em vez da válvula de expansão, pode encontrar-se outro dispositivo denominado estrangulador ou válvula de orifício. Este tipo de válvula não permite regular o caudal, pelo que tem de ser acompanhada por um compressor de cilindrada variável, a fim de realizar a função de regular a passagem do fluido. É formada por um orifício calibrável, o qual permite a passagem de uma determinada percentagem de refrigerante. Isso provoca uma descida da pressão, conseguindo-se a expansão do fluido. 8 — www.eurecar.org Os evaporadores de placas, que são constituídos por uma série de placas situadas em paralelo. C O M P O N E N T E S Filtro desidratante O filtro desidratante está situado no circuito de alta pressão e tem, como principais funções, actuar como depósito de fluido em estado líquido, filtrar impurezas que possam produzir-se no circuito antes da sua chegada à válvula de expansão e eliminar, sempre que possível, a humidade do circuito, pois esta pode ser muito prejudicial. Alguns modelos incluem um visor, que indica, caso ocorram bolhas, a existência de vapor no circuito de alta antes de chegar à válvula de expansão, pelo que ou há pouco gás, existe humidade no circuito ou está a verificar-se uma expansão no próprio filtro. Em algumas instalações de ar condicionado existe outro tipo de filtro desidratante, denominado acumulador ou depósito colector. Este diferencia-se do anterior por estar instalado no circuito de baixa, dado que funciona a uma pressão muito mais reduzida. Por esse motivo não dispõe de visor já que, dada a sua localização, o fluido encontrar-se-á em estado gasoso no interior do filtro. Dispositivos de segurança P R I N C I P A I S D O A R C O N D I C I O N A D O Para além dos elementos para o funcionamento do ar condicionado são instaladas, no circuito do fluido refrigerante, válvulas de segurança e sensores de pressão para a respectiva protecção. Válvula de descarga no compressor É uma válvula de segurança que, ao ser excedida a pressão de 30 bar no circuito de alta, liberta parte do fluido para o exterior, a fim de proteger os diferentes elementos. Normalmente, encontra-se colocada no compressor. Sensores de pressão A função dos sensores de pressão é evitar que, por excesso ou falta de água, se verifiquem avarias nos componentes do circuito e, em especial, no compressor. Podem estar localizados no circuito de alta ou de baixa pressão. O sensor de alta pressão costuma estar instalado, consoante o fabricante do equipamento, antes ou depois do condensador. Por seu turno, o sensor de baixa pressão situa-se no tubo de baixa pressão, entre o evaporador e o compressor. www.eurecar.org —9 Climatização A climatização num veículo encarrega-se de produzir uma sensação térmica de acordo com o desejo dos ocupantes. Tal obtém-se com a condução do caudal para as saídas de arejamento, à temperatura e à percentagem de humidade adequadas em cada momento. obtendo-se em cada zona uma sensação térmica diferente. Existem os denominados bizona, os de três, e até os de quatro zonas. Ao longo do tempo, o método de climatização sofreu uma evolução notável. Antigamente, utilizava-se um climatizador manual, controlando o condutor manualmente a activação do compressor, a regulação da temperatura, a velocidade do ar…, etc. Para melhorar a comodidade dos ocupantes, é introduzido o climatizador de controlo electrónico. Este dispõe de uma unidade de controlo que se encarrega da gestão total do caudal de ar e da temperatura deste. O condutor, simplesmente, intervém para determinar, previamente, a temperatura desejada. A climatização sofisticou-se de tal maneira que há a possibilidade de regular a temperatura independentemente para cada um dos lugares, Gestão electrónica Numa climatização automática, a unidade de controlo é a responsável pela gestão, consoante a solicitação do condutor, dos diferentes accionadores, com base nas informações dos sensores instalados nos diferentes pontos do grupo de climatização. 10 — www.eurecar.org Na sinopse que se segue pode observar-se o princípio de funcionamento de um climatizador automático. C L I M A T I Z A Ç ã O Sensores do sistema de climatização Uma vez que o climatizador se encarrega de uma mistura de temperaturas e da sua distribuição pelas saídas de arejamento, os seus principais informadores são sensores de temperatura, os quais se dispõem, de forma estratégica, para melhorar a sua eficácia. Todos estes sensores são normalmente de tipo NTC, pelo que o seu valor de resistência diminui com o aumento da temperatura. Os mais importantes são o sensor de temperatura do evaporador, o de temperatura exterior, o de temperatura do habitáculo, o de temperatura das canalizações de ar e o de temperatura do motor. Sensor de temperatura do evaporador Situa-se diante das aletas do evaporador, na zona mais fria. A sua informação é essencial para evitar a formação de gelo no evaporador. Sonda de temperatura exterior Pode ser encontrada no pára-choques dianteiro ou num dos retrovisores exteriores. A sua informação é fundamental para a segurança do compressor. Se detetar, no ambiente, uma temperatura inferior a 5º C, é desligado o compressor, para evitar que se avarie. Sonda de temperatura do motor A informação deste sensor é transmitida pela unidade de controlo do motor. Se houver um sobreaquecimento do motor, o compressor do ar condicionado é desligado. www.eurecar.org — 11 Sensor de temperatura do habitáculo Costuma estar localizado na zona do tablier, dispondo de um pequeno ventilador para poder aspirar o ar do habitáculo e fazê-lo circular através do sensor. Mediante esta informação, assegura-se que a unidade mantém, no habitáculo, a temperatura desejada pelos ocupantes. Sensores de temperatura de canalizações de ar São os responsáveis pela medição da temperatura nas diferentes saídas de arejamento. O número e localização dos sensores depende do tipo de climatizador e da sua disposição no veículo. Para climatizações mais completas, incorporam-se os sensores de irradiação solar, os da qualidade do ar e os da humidade. O sensor de irradiação solar Costuma estar situado na parte superior do tablier. Detecta os ganhos de calor solar que entra no habitáculo e informa a unidade de comando climática para que esta ajuste a temperatura na zona afectada. O seu funcionamento baseia-se no uso de um ou vários fotodíodos, os quais permitem uma maior passagem de corrente em função da maior incidência solar. A quantidade destes sensores aumenta nos grupos de climatização mais complexos, como o de duas ou o de quatro zonas, permitindo, assim, maior precisão em cada lado. 12 — www.eurecar.org C L I M A T I Z A Ç ã O O sensor da qualidade do ar Situa-se na entrada da caixa climática. A sua função consiste em detectar se entram, no habitáculo, substâncias nocivas ou gases que possam provir de uma combustão. Se for o caso, é activado o servomotor de recirculação, fechando a comporta de entrada de ar. O sensor de humidade Este sensor mede a humidade relativa do ar e a temperatura directamente no lado interior do pára-brisas, determinando, a partir das mesmas a temperatura do ponto de condensação. Normalmente, localiza-se por trás do espelho retrovisor interior. Devido às condições meteorológicas, a visibilidade na estrada pode piorar devido ao embaciamento do pára-brisas. Com base na informação deste sensor, a unidade de comando gere a impulsão de ar para o pára-brisas, a fim de evitar o embaciamento. Accionadores do sistema de climatização O sistema de climatização tem, como principais accionadores, os diferentes motores eléctricos que accionam as portinholas e a turbina do impulsor de ar. Todos estes elementos se situam no grupo climatizador, o qual costuma estar dividido em duas partes: uma que se encarrega da entrada e do caudal de ar, e a outra que se encarrega da distribuição para as diferentes zonas. www.eurecar.org — 13 Moto-redutores Têm a seu cargo abrir e fechar as comportas no interior da caixa climática, permitindo a introdução de ar fresco ou quente no habitáculo. As comportas motorizadas mais destacadas são a de recirculação, a de caudal e a de mistura de ar. Para movimentar estas portinholas, em alguns modelos, podem ser utilizados motores passo a passo. A central regula a posição destes sem necessidade de sensores de posição. No interior de uma caixa climática, o ar flui por diferentes condutas, consoante a necessidade térmica dos ocupantes. Quando é necessário ar frio, este ar atravessa directamente o evaporador. Caso contrário, o ar passa por um aquecedor adicional por meio de uma portinhola de mistura. Finalmente, o fluxo de ar desejado é repartido pelas diferentes saídas de arejamento. Turbina de impulsão de ar Localiza-se no interior da caixa de climatização. Tem como função impulsionar o ar exterior para o habitáculo, passando primeiro pelas condutas de ventilação. A velocidade de rotação do ventilador pode ser controlada pelo condutor ou, quando funciona em modo automático, pela unidade de comando do climatizador. 14 — www.eurecar.org A V A R I A S Avarias Durante o funcionamento do ar condicionado, diferentes elementos e componentes ficam expostos a diversas cargas, a maioria delas relacionadas com a temperatura e a pressão a que trabalham. Alguns dos componentes envolvidos podem sofrer fugas, gripagens ou roturas. Um dos problemas mais comuns que se verificam na climatização é a existência de maus cheiros na saída de arejamento. Isto ocorre devido à presença de humidade na zona do evaporador provocada pela condensação do ar através das aletas do mesmo. O cheiro piora como consequência do aparecimento de bolor e bactérias. Para solucionar este problema sem necessidade de desmontar o evaporador, utiliza-se um produto de limpeza que é aplicado por meio de um aerossol. Processo de utilização: 1. Secar a superfície do evaporador com ajuda do sistema de aquecimento do veículo. Para isso, deve regular-se para o máximo a temperatura de aquecimento ou o climatizador, com o distribuidor de ar na posição baixa. 2. Deixar o sistema trabalhar cerca de 10 minutos, aproximadamente, com o ventilador no máximo em modo de recirculação 3. Depois de eliminada a humidade, regular o climatizador para uma temperatura baixa sem permitir que se ligue o ar condicionado. 4. Em seguida, aplica-se o spray na entrada de aspiração do ar e nas saídas de arejamento. Deixa-se que o agente de limpeza actue durante 10 minutos e com o climatizador em modo de recirculação. 5. Depois da limpeza, volta a secar-se o evaporador e o interior da caixa climática, do mesmo modo que foi mencionado no primeiro passo. 6. Para terminar, é necessário abrir as portas do veículo e deixar que areje durante cerca de 10 minutos. Outro problema muito habitual é a escassa força de ar nas saídas dos difusores. Em geral, tal deve-se a uma saturação do filtro do pólen, seja por falta de manutenção ou por utilização intensa em zonas muito poeirentas. A solução reside na substituição do filtro. Em seguida, referem-se as avarias mais frequentes que se podem verificar nos componentes principais do ar condicionado. www.eurecar.org — 15 C O M U N S Compressor de pistões • • • • Gripagem ou rotura interna Fugas do agente refrigerante Falta de eficiência do compressor Avaria na embraiagem electromagnética • A gripagem ou rotura interna pode ocorrer por falta de lubrificação ou devido à presença de fluido refrigerante em estado líquido. • Verificar, visualmente, com uma lâmpada especial de luz ultravioleta as zonas do compressor onde se possam verificar as fugas do agente refrigerante. • Com a estação de carga ligada ao circuito, verificar as pressões de alta e baixa. • Verificar se estão corretas a tensão que a bobina tem de receber, a sua resistência e o seu isolamento para a terra. • Em caso de gripagem, ou rotura interna, o compressor deve ser substituído. • Quando o compressor apresenta fugas externas, há que substituir as juntas afectadas, se o fabricante as fornecer. • Se as pressões não forem as correctas, devido ao desgaste de algum componente interno do compressor, a reparação deste é possível se o fabricante fornecer as peças sobresselentes; caso contrário, haverá que substituir o compressor. • Se a bobina estiver cortada ou o seu isolamento derivado para a terra é necessário substituir a embraiagem electromagnética. Condensador Perfurações devidas a possível corrosão na superfície do condensador, aletas obturadas devido à presença de corpos estranhos nas mesmas, ou fugas nos adaptadores de entrada e saída. Verificar o aspecto e a fixação do condensador, e se as tubagens de ar estão livres de agentes externos. Verificar se as soldaduras dos adaptadores não estão deterioradas, assim como o binário de aperto. Em presença de perfurações, é necessário substituir o condensador. Caso este esteja mal fixado, corrige-se a sua posição. Quando o condensador estiver obturado, há que eliminar os corpos estranhos das aletas. Se os adaptadores estiverem soltos, substituem-se as juntas tóricas. Quando os adaptadores apresentam problemas de soldadura, substitui-se o condensador. 16 — www.eurecar.org A V A R I A S Filtro desidratante Filtro saturado e obturação do circuito. C O M U N S Quando o filtro fica obturado não permite a passagem de líquido na quantidade necessária e actua como válvula de expansão. Tocando nos tubos de entrada e saída verifica-se que apresentam temperaturas diferentes, confirmando a avaria. Em caso de obturação, substitui-se o filtro. Válvula de expansão Obstrução interna, bloqueio da válvula em posição aberta ou fechada. Recorrendo a uma estação de carga, verifique as pressões do circuito de alta e baixa pressão, para detectar se a válvula funciona correctamente. Certifique-se da estanqueidade da válvula e dos conectores. Verifique com um termómetro digital de infravermelhos a temperatura dos tubos de entrada e saída da válvula de expansão. Quando houver uma obstrução ou sujidade, há que substituir a válvula de expansão. Se a diferença de temperatura entre a saída e a entrada da válvula de expansão for mínima, isso significa que a válvula está em posição aberta ou que a carga de gás é insuficiente. Nesse caso, há que proceder a uma nova carga para verificar o correcto funcionamento da válvula; se não for o caso, deve ser substituída. Evaporador Perfuração devido à presença de corrosão na superfície do evaporador, aletas obstruídas por sujidade, fugas nos adaptadores de entrada e saída. Maus cheiros no habitáculo devido à presença de bactérias na superfície do evaporador. Confirmar que o evaporador não apresenta nenhuma fuga; observar se há sujidade nas aletas. Verificar se as soldaduras dos adaptadores não estão deterioradas e também o seu binário de aperto. Na presença de perfurações é necessário substituir o evaporador. Caso esteja sujo é necessário limpá-lo. Se os adaptadores estiverem soltos, substituem-se as juntas tóricas. Quando os adaptadores têm problemas de soldadura, substitui-se o evaporador. www.eurecar.org — 17 Notas técnicas Referem-se, em seguida, as avarias mais comuns que ocorrem no sistema de climatização. Em função dos fabricantes e dos seus diferentes modelos, o número de avarias verificadas ao longo dos anos pode ser considerável. Estas avarias foram selecionadas a partir da plataforma on-line: www.einavts.com. Esta plataforma dispõe de uma série de secções onde se indicam: marca, modelo, gama, sistema afetado e subsistema, podendo selecionar-se independentemente, em função do tipo de busca que se queira realizar. GRUPO VAG AUDI, SEAT, SKODA, VW Sintoma 01273 - Interrupção / Curto-circuito para positivo. Avaria mecânica esporádica. Verifica-se que o ar condicionado não funciona. O ventilador de ar frio não funciona. Causa Trata-se de um defeito nas escovas do motor do ventilador. Solução É necessário substituir o ventilador de ar frio. GRUPO VAG AUDI, SEAT, SKODA, VW Sintoma P1672/18080: Dispositivo de activação do ventilador do radiador 1; interrupção/curto-circuito para terra. P0480/16864: Dispositivo de activação do ventilador do radiador 1; avaria eléctrica. Luz de avaria de injecção acesa. Causa Introdução de poeira no ventilador do radiador 2 (ventilador pequeno). Solução Comprovar que ambos os ventiladores se activam e desactivam ao mesmo tempo, por meio de activação através do equipamento de diagnóstico, ligando e desligando o ar condicionado ou aquecendo o motor a, aproximadamente, 90º C. Se apenas se activar um ventilador ou não estiverem sincronizados, verificar a instalação. Substitua o ventilador afectado, caso não encontre avarias na cablagem. FIAT STILO (192) 1.8 16V (192_XC1A) (192 A4.000) Sintoma P1531 – Relé do ar condicionado na central do motor. C1101 – Rede CAN (NCM) Sinal inválido no nó de travões. Aviso de ESP aceso no primeiro arranque ou durante a marcha. NOTA: Esta nota técnica apenas afecta os veículos com número de chassis do 367397 ao 433908 Causa Incompatibilidade com o software da UCE e o sistema de ar condicionado, que dá como não válidos alguns dos sinais que a UCE recebe. Solução Reprogramar a UCE com software actualizado. RENAULT CLIO III (BR0/1, CR0/1), MEGANE II (BM0/1_, CM0/1_), SCENIC II (JM0/1_) Sintoma DF1070: Circuito de frio. O sistema climatizador não arrefece o habitáculo. Causa Conector do compressor danificado. Solução Verificar se a placa do compressor roda livremente com a mão; em caso afirmativo, substituir o conector do compressor da climatização e apagar o DF memorizado. 18 — www.eurecar.org N O T A S TOYOTA AURIS Sintoma B1421 - Circuito aberto ou curto-circuito no sensor solar do lado do passageiro. Do arejador do lado direito sai ar à temperatura ambiente e não pode ser regulado. NOTA: O código B1421 (sensor solar) é armazenado por omissão se for efectuado o diagnóstico do sistema de climatização dentro da oficina. Para ter a certeza de que o sensor não tem nenhum defeito, efectue o diagnóstico fora da oficina, com luz natural. Causa Portinhola de mistura do lado direito dobrada. Solução Substituir a portinhola pela referência 04007-44142. Para mais informação, consulte o seu assistente técnico habitual. Para peças sobresselentes, consulte o seu distribuidor habitual. NOTA: Para este modelo não existem peças separadas do conjunto do clima, pelo que se deve utilizar a referência proporcionada. OPEL ASTRA H Sintoma Entre 1500 e 2000 RPM o compressor do ar condicionado gera ruído. Causa O compressor do ar condicionado é de cilindrada variável, com regulação por meio de uma electroválvula. A regulação de funcionamento do compressor a partir da unidade de controlo de climatização (ECC) é incorrecta, produzindo-se um ruído interno no compressor. Solução Reprogramar a unidade de controlo de climatização (ECC) com software actualizado. Fazer uma recarga de refrigerante no circuito de ar condicionado e verificar o sistema. LAND ROVER RANGE ROVER II (LP) 4.6 (46 D) Sintoma O sistema de climatização/aquecimento arrefece ou aquece demasiado. Causa Avaria no microventilador do sensor de temperatura do habitáculo. Solução Substituir o sensor de temperatura por uma versão melhorada. Consulte o seu distribuidor habitual. www.eurecar.org — 19 T É C N I C A S De olho na tec nolog ia do setor automóve l O boletim informativo Eure!TechFlash é complementar ao programa de formação Eure!Car da ADI, e a sua missão consiste em: fornecer dados técnicos atualizados no que se refere a inovações dentro do setor automóvel. Com a assistência técnica da AD Technical Centre (Espanha), e assistido pelos principais fabricantes de peças, a Eure! TechFlash visa desmistificar novas tecnologias e torná-las transparentes, a fim de estimular os reparadores profissionais a se manterem informados sobre a tecnologia e motivá-los a investir continuamente em ensino técnico. Eure! TechFlash será publicada 3-4 vezes por ano. O nível de competência técnica do mecânico é essencial, e no futuro pode ser decisivo para que a oficina profissional continue a existir. Eure!Car é uma iniciativa da Autodistribution Internacional, com sede em Kortenberg, Bélgica (www.ad-europe.com). O programa Eure!Car contém uma série abrangente de formações técnicas topo de gama para reparadores profissionais, dadas pelas organizações nacionais AD e os seus distribuidores de peças em 32 países. Visite www.eurecar.org para mais informações ou para ver os cursos de formação. Parceiros industriais de apoio Eure!Car o Sistemas de suspensão Nota restrictiva : As informações contidas neste guia não são exaustivas e são fornecidas unicamente a título informativo. Não comportam portanto por parte do autor nenhum tipo de responsabilidade. 20 — www.eurecar.org