II SIMPÓSIO SOBRE A BIODIVERSIDADE DA MATA ATLÂNTICA. 2013
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Anatomia Foliar de Pachystachys spicata (Ruiz & Pav.) Wassh. (Acanthaceae)
Elisa Mitsuko Aoyama1 & Alexandre Indriunas2
1
Departamento de Ciências Agrárias e Biológicas, Centro Universitário Norte do Espírito
Santo, Universidade Federal do Espírito Santo, CEP 29932-540, São Mateus, ES. E-mail:
[email protected]
2Núcleo Curadoria do Herbário, Instituto de Botânica - São Paulo, CEP 04045-972, São
Paulo, SP.
Introdução
A família Acanthaceae abrange cerca de 3500 espécies compreendidas em,
aproximadamente, 200 gêneros, que se encontram distribuídas predominantemente nos
trópicos, com algumas espécies também encontradas nas regiões temperadas (Cronquist,
1981; Scotland & Vollesen, 2000). O Sudeste Asiático, Malásia, Índia, Madagascar, África
Tropical, América Central, México, Andes e Brasil são as regiões de maior concentração
de espécies (Daniel, 2000). No Brasil ocorrem 41 gêneros com 432 espécies (Profice et al.,
2010), embora este número esteja subestimado.
Pachystachys Nees é um gênero neotropical com 12 espécies, com origem nas
Índias Ocidentais, Peru, Bolívia, Guiana Francesa e Amazônia brasileira. As plantas do
gênero são amplamente cultivadas como ornamentais devido a suas vistosas flores e
inflorescências. Dentre as espécies destaca-se P. spicata (Ruiz & Pav.) Wassh., que ocorre
das Índias Ocidentais ao Amazonas, Rondônia, Acre e Pará (Wasshausen, 1986).
Estudos sobre a morfoanatomia foliar podem fornecer dados adicionais às
características morfológicas externas auxiliando em problemas taxonômicos (Metcalfe &
Chalk, 1983).
O trabalho teve como objetivo realizar um estudo sobre a anatomia foliar de
Pachystachys spicata (Ruiz & Pav.) Wassh.
Material e Métodos
As folhas foram coletadas de espécimes em cultivo nos jardins do prédio do Polo
do Centro Universitário Norte do Espírito Santo - UFES, no município de São Mateus, ES.
Foram utilizadas folhas adultas, retiradas do 2º. ao 4º. nós, sendo selecionadas amostras do
terço médio da lâmina foliar e do pecíolo.
As folhas foram fixadas em FAA (formaldeído:ácido acético:álcool etílico 50%,
2:1:18, v/v), de acordo com Johansen (1940), mantidas por 48 horas e posteriormente
transferidas para etanol 70%. Amostras da porção mediana das folhas (pecíolo e limbo)
foram seccionadas transversalmente, à mão livre, com auxílio de lâmina de barbear e
isopor, posteriormente clarificadas com solução de hipoclorito de sódio a 25%, coradas
com azul de Astra 1% e safranina 1% (Bukatsch, 1972), e montadas em lâminas
semipermanentes com gelatina glicerinada.
Para os estudos das superfícies foliares, secções paradérmicas foram obtidas de
ambas as faces e preparadas de acordo com a metodologia já descrita.
As descrições e classificação dos estômatos foram feitas de acordo com Inamdar
(1970) e Inamdar et al. (1983), dos tricomas de acordo com Ahmad (1978) e Patil & Patil
(2009) e dos cistólitos conforme Patil & Patil (2011).
As lâminas foram analisadas ao microscópio fotônico e as imagens obtidas em
fotomicroscópio, com projeção de escalas micrométricas.
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SARNAGLIA JUNIOR ET AL: PIPER L. EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA
Resultados e Discussão
Foram observadas que as folhas da espécie estudada apresentam epiderme
uniestratificada, as células epidérmicas são quadrangulares sendo as da face abaxial
menores. As folhas são hipoestomáticas e os estômatos encontram-se um pouco acima do
nível das demais células epidérmicas. Essa característica é comum em espécies de
Acanthaceae (Metcalfe & Chalk, 1983; Inamdar et al.,1983; Tavares & Neves, 1993;
Larcher & Boeger, 2006). Em vista frontal, as células epidérmicas da face adaxial
apresentam paredes celulares sinuosas (Figuras 1 e 2), os litocistos são alongados e na face
abaxial os estômatos são diacíticos (Figura 3).
Apresenta tricomas tectores unicelulares (Figura 2) e glandulares subsésseis
(Figuras 1, 2, 3 e 6). Os tricomas tectores unicelulares são abundantes na região da nervura
central (Figura 4) e no pecíolo (Figura 6). Em trabalhos com espécies de Justicia (Aoyama
& Indriunas, 2012a; Aoyama & Indriunas, 2012 b) e Ruellia (Monteiro & Aoyama, 2012)
não foram observados estes tipos de tricomas. Os tricomas glandulares subsséseis são
constituídos por 4 a 5 células apicais (Figura 2). A presença de tricomas glandulares é
comum nas espécies da família, em relação aos tectores, a variação do formato, número de
células, ornamentação e espessura da parede celular pode ser empregada para a
identificação (Ahmad, 1978).
Quando observados em vista transversal, os litocistos estão dispostos nas células
epidérmicas (Figura 5) em ambas as faces. Os cistólitos são estruturas restritas a poucas
famílias como Moraceae, Urticaceae e Acanthaceae (Metcalfe & Chalk, 1983) podendo
variar nas Acanthaceae, sendo os cistólitos solitários os mais comuns (Inamdar et al.,
1990).
A nervura mediana se apresenta biconvexa (Figura 4), ao nível do terço médio, em
secção transversal. As células epidérmicas têm diâmetro reduzido, apresentam tricomas
tectores unicelulares com a parede celular ornamentada. Sob a epiderme ocorre colênquima
angular com cerca de 3 a 5 camadas na face adaxial e 3 a 4 na abaxial (Figura 5).
Envolvendo o sistema vascular há parênquima fundamental com células isodiamétricas e
de paredes delgadas, com discretos espaços intercelulares (Figura 5). O sistema vascular
está disposto na forma de um arco central, de cujas extremidades são liberados dois
pequenos feixes (Figura 4).
O mesofilo é dorsiventral disposto em um único estrato de parênquima paliçádico e
4 a 6 camadas de parênquima lacunoso (Figura 6), este tipo de mesofilo é comum em
várias espécies da família (Metcalfe & Chalk, 1983; Tavares & Neves, 1993; Larcher &
Boeger, 2006). O sistema vascular apresenta organização colateral em todas as nervuras
das folhas.
O pecíolo possui em secção transversal forma plano-convexa (Figura 7), como o
observado para espécies de Justicia (Aoyama & Indriunas, 2012a; Aoyama & Indriunas,
2012b). A epiderme é uniestratificada, com tricomas tectores unicelulares e tricomas
glandulares subsésseis (Figuras 8 e 9). Os litocistos contendo cistólitos tem posição
subepidérmica ou entre as células do colênquima (Figuras 8 e 9). Em posição
subepidérmica ocorre uma bainha constituída por cerca de 4 a 8 camadas de colênquima
angular (Figuras 8 e 9). O parênquima subjacente é do tipo clorofiliano propriamente dito
com 2 a 4 camadas (Figura 7), constituído de células isodiamétricas, em seguida ocorre o
parênquima fundamental. O sistema vascular está organizado na forma de um arco central
(Figura 7), apresenta dois pequenos feixes laterais nas extremidades.
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Conclusões
A espécie estudada apresenta características semelhantes a outras da família,
porém, principalmente os tricomas tectores são distintos quando comparadas com os
estudos com Justicia e Ruellia. Tal fato evidencia a necessidade de pesquisas com as
demais espécies do gênero, a fim de determinar se tal característica pode contribuir para a
delimitação do gênero e das relações com outros gêneros da família.
Referências
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SARNAGLIA JUNIOR ET AL: PIPER L. EM UM FRAGMENTO DE FLORESTA
Profice, S. R., Kameyama, C., Cortês, A. L. A., Braz, D. M., Indriunas, A., Vilar, T.,
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Figuras 1-9 – Secções de folhas de Pachystachys spicata (Ruiz & Pav.) Wassh. 1-3 –
Secções paradérmicas. 4-9 – Secções transversais. 1 – Face adaxial mostrando tricoma
glandular e litocisto. 2 – Tricomas glandular e tector unicelular. 3 – Face abaxial
evidenciando estômatos, tricoma glandular. 4 – Vista geral da região da nervura central. 5
– Detalhe do colênquima angular. 6 – Região do terço mediano do limbo. 7 – Vista geral
do pecíolo. 8 – Detalhe dos litocistos e colênquima angular. 9 – Detalhe do tricomas
glandular e tectores unicelulares.
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3.2. Anatomia foliar de Pachystachys spicata Aoyama e Indriunas