1
AS DIFERENTES CARACTERÍSTICAS DAS CONEXÕES DO SISTEMA
CONE MORSE.
Thayse Bernardes de PAIVA1
1
Cirurgiã-dentista; Aluna do curso de especialização em Prótese Dentária da Escola
de Aperfeiçoamento Profissional (EAP-GO), Goiânia, GO, Brasil.
Endereço para correspondência:
Dra. Thayse Bernardes de Paiva
Rua T38, n.721, Setor Bueno
Goiânia - GO – Brasil. CEP: 74223-040
e-mail: [email protected]
Tel.: +55-62-35416532.
Fax: +55-62-99680474.
2
AS DIFERENTES CARACTERÍSTICAS DAS CONEXÕES DO SISTEMA
CONE MORSE.
RESUMO
Dentre os vários tipos de conexões disponíveis para implantes, a conexão tipo Cone
Morse (CM) foi idealizada na intenção de apresentar benefícios mecânicos como maior
facilidade de engate, maior capacidade de carga, maior precisão de posicionamento e de
giro. Neste sentido vários modelos, de várias empresas, têm sido desenvolvidos. O objetivo
deste trabalho é a apresentar os principais sistemas CM para implantes dentários,
descrevendo e comparando suas características e indicações. Diversos fatores que estão
ligados ao desempenho de cada sistema disponível no mercado são abordados. Todos os
parâmetros relacionados aos implantes e intermediários são mostrados para cada sistema e
discutidos posteriormente em conjunto. O conhecimento dos diferentes sistemas é
importante para que as situações clínicas possam ser melhor planejadas resultando em
maiores taxas de sucesso dos tratamentos com implantes dentários por conexão CM.
Unitermos: implante dentário; osseointegração; estudo comparativo.
3
INTRODUÇÃO
A introdução dos implantes osseointegrados na Odontologia surgiu a partir do
trabalho de Branemark em 1981, um estudo longitudinal de 15 anos, no qual foram
instalados implantes em mandíbulas edentadas, e a reabilitação realizada com prótese total
metaloplástica parafusada sobre estes implantes. O sistema de conexão então utilizado foi o
Hexágono Externo, sobre intermediários denominados Standard.1,8,9
Devido aos excelentes resultados obtidos nas reabilitações implanto-suportadas,
desde este advento da osseointegração, buscou-se outras alternativas protéticas para
pacientes parcialmente edêntulos. Espaços protéticos menores, ou mesmo perda de dentes
unitários, começaram a ser reabilitados por meio de implantes, e a aplicação de cerâmicas
sobre as próteses também foi sendo desenvolvida. Além disso, tornou-se constante a
exigência com o resultado estético obtido.2
Sendo assim, foi necessário o uso de sistemas de conexões mais eficientes e com
melhor desempenho mecânico e estético que o Hexágono Externo. Uma das alternativas
buscadas foi o sistema Cone Morse (CM).5
A conexão Cone Morse foi inventada por Stephen A. Morse em 1864. Estas
conexões foram desenvolvidas juntamente com máquinas e ferramentas para transmissão de
força e potência. Em comparação com as conexões convencionais (flange, parafuso, por
pressão de embutimento, roscado, chaveta, pinos, etc.) apresenta maior facilidade de engate
(engate rápido), maior capacidade de carga, maior precisão de posicionamento e de giro
(concentricidade).3,5
Por estes motivos o modelo CM é o tipo de conexão predominante em máquinas e
ferramentas mais modernas, que aliam altas velocidades de rotação, grande precisão
dimensional e alta potência.5
Desde a sua invenção, as características iniciais foram ampliadas para acomodar
tamanhos maiores e menores, e foi adotado como padrão por várias organizações incluindo
ISO ( ISSO 296: 1991 machine Tools – Self Holding Topers for Tools Shanks) e DIN (
DIN 228 – 1 : 1987 – 05 Morse tapers and metric tapers; taper shanks), ou seja, foram
criadas séries normatizadas de conexões cônicas, com oito tamanhos diferentes
identificados pelos números de 0 a 7.3
4
Pode-se dizer que CM designa um mecanismo de encaixe, no qual dois elementos
desenvolvem uma ação resultante em contato íntimo com fricção, quando um elemento
“macho” cônico é instalado numa “fêmea”, também cônica.4,5,7
O ângulo da conicidade é determinado de acordo com as propriedades mecânicas de
cada material, existindo uma relação entre os valores do ângulo e o atrito, entre duas peças.
Esse é um mecanismo de encaixe bicônico.5
Baseados nos conceitos do sistema CM, seu uso foi expandido a diversas áreas,
dentre elas a odontológica. Esse sistema foi adaptado e introduzido na linha de implantes
dentários para aprimorar a biomecânica das conexões implantes/intermediários.2,3,4,5
A conexão CM para implantes dentários apresenta um design interno cônico
preciso. Durante a instalação do abutment junto ao implante há uma íntima adaptação entre
as superfícies sobrepostas, gerando uma resistência mecânica semelhante a uma peça
única. Nenhum microgap (folga entre o abutment e o implante) existe entre os dois
componentes, o que confere ao abutment maior resistência aos movimentos rotacionais e
movimentos da mastigação. Há uma diminuição dos pontos de tensão, especialmente sobre
o parafuso de retenção, evitando o seu afrouxamento.6,7
A alta resistência mecânica apresentada pelo sistema CM permite reproduzir, de
uma maneira mais próxima possível, as características naturais inerentes a anatomia e a
oclusão de um dente natural.10,12
Vários modelos têm sido desenvolvidos pela indústria. Este trabalho se propôs a
apresentar os principais sistemas CM para implantes dentários, descrevendo e comparando
suas características e indicações.
Os Tipos de conexão Cone Morse
Desde que se desenvolveu o sistema CM para implantes dentários, várias empresas
desenvolveram seus próprios sistemas, com características individuais e designs próprios.
De acordo com essas peculiaridades, foram determinando as melhores indicações para cada
situação clínica. A cada tipo de conexão CM foi dado um nome diferente, de acordo com a
empresa que o desenvolveu. Serão descritos a seguir, a partir de informações fornecidas
pelos próprios fabricantes.
5
Ankylos Plus® (Ankylos®)
O sistema CM Ankylos Plus® (Figura 1) foi desenvolvido pelos professores Dr. G.
H. Nentwing e o Dr. W. Morser em 1985, em um trabalho pioneiro, buscando reproduzir ao
máximo as caracteristicas do dente natural. Foi desenvolvido um novo sistema de implante
com uma estrutura que utiliza condições fisiológicas no osso alveolar para transmissão de
cargas oclusais durante a carga funcional dos implantes.7
De acordo com o fabricante, o sistema CM Ankylos Plus®, é composto por implante
de titânio puro com tratamento superficial friadent plus e colar cervical microrrugoso,
passo de rosca progressivo, que melhora a ancoragem inicial em osso esponjoso,
aumentando a estabilidade primária e reduzindo o tempo de osteointegração. A conexão
interna é cônica, e proporciona a estabilidade mecânica necessária, para o travamento do
pilar implante. A ausência de fenda entre o pilar e o implante evita a proliferação
microbiana, estabilizando os tecidos perimplantares e gengivais. O componente protético
entra em contato com implante através da sua interface, não existindo uma área de
assentamento protética, sobre a parte superior da região cervical do implante (Figura 1).
Consequentemente, observamos uma plataforma switching o que favorece uma melhor
osteointegração.7,11 Os Intermediários(Figura 2) utilizados por este implante são os :
Pilares Cercon Balance Anterior . É uma solução para terapia de implantes
estéticos. Possui uma forma anatômica, nas cores branca e dentina, ombro circunferencial,
em versões retas e pré anguladas em 15°, e estabilidade superior do óxido de zircônio,
segundo a ISO 13356. Torque do parafuso recomendado é de 15 Ncm, chave 1.0mm
sextavada. São indicados para prótese cimentada e possuem parafuso passante.
Pilares Balance Anterior. São desenhados anatomicamente, apresentando um
ombro circunferencial de 1.0mm de largura e estão disponíveis nas versões reto e pré
angulado de 15°. O parafusamento da supra estrutura é lateral, e possui parafuso passante.
O torque deve ser de 15N, e a chave sextavada de 1.0mm.
Pilares Balance Posterior. Possuem um ombro circunferencial de 1.0mm de
largura, exceto o de altura de sulco 0.0. O parafusamento da supra estrutura é feito pela
parte lateral, possui parafuso passante. Estão disponíveis nas versões reto e angulado.
Dependendo da altura do sulco peri-implantar, tem diferentes angulações dos componentes.
6
Pilares Balance Base. Apresentam ângulo cônico de 15°, indicados para casos de
implantes com angulação convergente com um grau de direcionamento do eixo. A supra
estrutura é sempre parafusada a oclusal. Os pilares não possuem nenhum parafuso central
de travamento, são fabricados em peça única, e colocados com chave de inserção especial
com hexágono de 1.8mm. Torque recomendado de 25 Ncm. Transmucoso nas medidas de
0.75, 1.5, 3.0 e 4.5.
Pilares Syncone. É um conceito inovador de tratamento para carga imediata. Os
componentes são pré-fabricados, e possuem parafuso passante. O tratamento invasivo
mínimo permite a instalação da prótese ainda durante a fase de anestesia. Possui altura de
transmucoso 1.5, 3.0 e 4.5. Podem ser retos ou angulados de 4° ou 15°.
Pilares Standard. Podem ser retos ou pré-angulados. Retos: parafusamento da supra
estrutura é por oclusal. Altura da parte coronária pode ser de 4.0 e 6.0mm, com altura de
transmucoso 1.5, 3.0, 4.5 e 6.0 mm. Possui corpo único. Pré angulados: são parafusados
pelo parafuso de fixação central em 15° com fixação de 15N. O parafusamento de supra
estrutura é possivel graças a uma rosca lateral. A altura de transmucoso é de 1.5 ou 3.0 mm
e a parte coronária de 4.0 ou 6.0 mm.
Titamax®; Alvim®(Neodent®)
Estes implantes CM da Neodent (Figura 3 e 4) apresentam detalhes interessantes
com compatibilidade muito próxima com o implante CM da Ankylos® (Dentisplay) Ankylos
Plus®. Apresenta roscas até a região próxima ao topo do implante, o que torna o diâmetro
do corpo do implante igual em todo o comprimento, não havendo necessidade de brocas
counter sink, para acomodar a cabeça do implante.
O componente protético entra em contato com implante através de sua interface, não
existindo uma área de assentamento protética sobre a parte superior da região cervical do
implante. Este fato possibilitou a idealização de componentes protéticos de mesmo desenho
para todos os diâmetros de implantes, pois o diâmetro do orifício central é o mesmo para
implantes da linha regular. Este modelo de CM apresenta altura do cone interno de
3.5mm, diâmetro de 2.5mm na altura da plataforma e de 1.8mm no final do cone (o que
gerou o uso do parafuso passante para alguns modelos de intermediários). O ângulo do
cone interno é 11.5° e não possui hexágono interno. Os intermediários deste modelo não
7
apresentam o parafuso e o componente separados em duas peças, estão sempre juntos.
Porém podem ser vistos em dois tipos intermediários, de peça única ou com parafuso
passante. Mesmo nesse segundo tipo, o parafuso passante fica preso no componente, não
existindo a possibilidade de o dentista retirá-lo. Os componentes podem ser para prótese
cimentada ou parafusada. Para prótese cimentada os tipos de intermediários são munhão
universal e munhão universal de parafuso passante. São apresentados em duas versões,
sólido ou com parafuso passante. O munhão universal sólido é um componente de
peça única, indicado em situações de implantes bem posicionados. O profissional
deverá escolher a altura da cinta, o tamanho e diâmetro da porção coronária, e a angulação
do implante. O munhão universal de parafuso passante apresenta a opção de preparos em
todo o contorno, podendo ser adaptado em casos de inclinações de implantes ou em relação
ao contorno cervical, onde se deseja personalizações de áreas proximais. Apresentam
opções de altura de transmucoso nas medidas de 1.5, 2.5 e 3.5mm. Estes componentes são
oferecidos em duas opções de diâmetro (3.3 e 4.5mm) e duas opções de comprimento da
parte coronária.
Também são disponíveis opções angulados, de 17° e 30°, para implantes angulados.
Lembrando que intermediários angulados e personalizáveis sempre terão parafusos
passantes. Para prótese parafusada com interface CM os intemediários podem ser divididos
em dois grupos, prótese unitária ou múltipla.
Para reabilitações unitárias parafusadas, o profissional utilizará o pilar CM sobre o
implante dentário instalando-o diretamente em boca. Indicação para prótese unitária
posterior onde estética não é primordial, em áreas com pouca altura inter oclusal ou
distância
mesio-oclusal grandes onde se coloca em risco uma prótese unitária
cimentada. Esse pilar não apresenta opções anguladas. É um pilar com maior diâmetro, o
antirrotacional está no desenho interno do cilindro. O parafuso protético tem diâmetro
maior, o que lhe confere maior resistência. Para próteses múltiplas, a opção do
intermediário é o minipilar cônico. É oferecido em cintas de 0.8, 1.5, 2.5, 3.5, 4.5, 5.5 e
6.5mm e angulações de 17° e 30°, estes com cinta de 1.5, 2.5 e 3.5mm.
Nobel Active® (Nobel Biocare®)
8
O sistema Nobel Active® (Figura 5) possui elevada estabilidade inicial, propriedades
de condensação óssea, capacidade de redirecionamento para colocação ideal, plataforma
shifting (mudança na plataforma) incorporada e conexão protética de dupla função com o
cone morse associado ao Hexágono interno ocasionando um reposicionamento seguro dos
componentes protéticos.
O implante é revestido por óxido de titânio enriquecido com fósforo e altamente
cristalino, exclusivo da Nobel Biocare® denominado TiUnite®. Documentado para
melhorar a osteointegração e aumentar a previsibilidade do tratamento com implantes.15
Junto com o TiUnite®, o Groovy™, que é a combinação exclusiva de sulcos macroscópicos
da Nobel Biocare
®
o que favorece a formação mais rápida de osso dentro de sulcos em
comparação com implantes sem sulcos.16 Possui cinta reduzida de 0.5 mm e rosca na região
cervical.
Os Intermediários possuem conexões associadas do cone com Hexágono interno
ocasionando um reposicionamento seguro dos componentes protéticos. Apresentam
plataforma Shifting, concebido para melhora a Soft Tissue Integration (integração de
tecidos moles). A conexão protética possui dupla função, permite flexibilidade protética e
pontes ao nível do implante. Tipos de intermediários:
Quick Temp Abutment Conical. Para prótese parafusada, e apresenta com corpo
único ou duas peças.
Immediate Temporary Abutment. Indicado para restaurações unitárias.
Temporary abutment. Componente e parafuso separados para provisórios.
Gold adapt. Pilar de ouro ,tipo munhão,com componente e parafuso separados para
prótese cimentadas.
Snappy Abutmant .Tendo a sua indicação como elemento isolado e prótese
cimentada.
Multi-Unit Abutment . . Para prótese parafusada e elementos múltiplos, e apresenta
com duas peças.
Revolution Morse® (SIN®)
Este tipo de implante Revolution Morse® (SIN®) (Figura 6 e 7) apresenta no seu
design cinta lisa reduzida de 0.5 mm, a qual nos implantes convencionais variam de 1.8 a
9
2.8 mm. Aumentando a área de superfície tratada no implante e a área de contato com o
osso, melhorando a osseointegraçao e reduzindo o nível de reabsorção óssea.
O perfil da plataforma protética foi projetada em forma de bisel, proporcionando ao
tecido mole uma base de assentamento, o qual permite ao profissonal trabalhar com esse
tecido na busca de um melhor condicionamento gengival . A geometria interna do implante
é constituída por um cone Morse associado ao hexágono, que possui a função de transmitir
o torque de inserção ao implante, tendo uma conicidade de 16º. Esse sistema de torque
interno evita a utilização de montador, eliminando a necessidade de fabricação de sulcos
transversais na plataforma do implante.
Os Intermediários são componentes que propiciam ao cirurgião dentista e ao
protético opções de correção da altura e dos desvios angulares, relativos aos implantes.
Neste caso dividimos em duas categorias, prótese parafusada, formada por componentes
rotacionais para elementos múltipos (mini abutment) e antirrotacionais para elementos
isolados (abutment cônico).
Este sistema de conexão traz como diferencial o componente ucla que consiste de
uma prótese direta sobre o implante, formada por componentes antirrotacionais e fixadas
diretamente sobre o implante. Este componente também tem a característica de
personalização da prótese, através de preparo prévio pode ser modificado em munhão para
cimentação da prótese sobre este componente, principalmente em casos clínicos o implante
colocado ficou numa posição e inclinação desfavorável.
Mini Abutment. O Mini Abutment liga o implante a prótese, corrigindo a diferença
de altura. Por se tratar de componente rotacional está indicado para prótese múltiplas
parafusadas, metalocerâmica ou metaloplástica tipo protocolo. Apresenta-se com o corpo
único (parafuso e mini abutment juntos) aumentando assim a sua resistência mecânica. Por
ser um componente rotacional, não gera dificuldade no posicionamento de prótese. São
selecionados de acordo com sua altura protética, podendo variar de 1 a 4 mm de
comprimento, ou seja, temos 4 tamanhos de cinta 1,2,3 e 4 mm. O torque máximo para
aperto do intermediário de 20 Ncm. Possui um modelo angulado de 17°, formado por duas
peças.
Abutment Cônico. Tem a função de ligar o implante a prótese corrigindo a
diferença de altura. Possui um componente antirrotacional, o qual lhe proporciona precisão
10
no posicionamento da prótese. Está indicado para prótese unitárias ou múltiplas. Possui
duas configurações, um com o corpo único (parafuso e abutment juntos) e outro com duas
peças (parafuso e abutment). Ambos apresentam a mesma função. Possuem cinta de 1,2,3 e
4 mm. O torque máximo para aperto do intermediário de 20Ncm.
Abutment cimentado.Os Abutment cimentado para implantes, com conexão interna
do tipo CM, são fabricados geralmente em corpo único. Nesse modelo o componente é
parafusado sobre o implante até o seu ponto de travamento (cone-cone). Dessa forma, após
o torque recomendado, o abutment não pode ser mais retirado. Nesse sistema o abutment
não pode ser personalizado. Existe outro modelo o qual é fabricado em duas peças,
mantendo a possibilidade da personalização de componente, de acordo com a necessidade
do profissional. Adicionou-se um elemento antirrotacional, que garante a posição da
prótese e possibilita a transferência direta sobre o implante. Este abutment adapta-se ao
implante através do hexágono e do cone interno. O intermediário é parafusado com o
torque de 20N. Com essa configuração e possível a fabricação de abutment cimentado
angulado com 17º.
Ucla. Este componente permite que a prótese seja parafusada diretamente sobre o
implante. É composto por duas peças separadas, intermediário e parafuso. Possui uma parte
calcinável, a qual o torna versátil podendo ser personalizado de acordo com a necessidade
do cirurgião dentista. Adapta-se ao implante através do hexágono e do cone interno quando
é antirrotacional, e somente do cone interno quando é rotacional. Lembrando que são partes
pré-fabricadas. Outro detalhe interessante, é que pode ser feito um preparo prévio
modificando-o em munhão, para cimentação direta da prótese sobre o componente.
SynOcta® (Straumann)
Implantes Standard e Standard plus RN
Implantes Standard e Standard plus WN
Implantes Tapered Effect WN e RN
Em 1999, foi apresentado mundialmente o conceito synOcta® (Figura 8) que
consistia na inserção de um octágono na parte Morse Taper do pilar e do implante. Daí a
designação synOcta®, que resulta da sinergia entre dois octágonos. A conexão interna
desses implantes possui um cone com angulação de 8° e um octágono interno, no qual será
11
inserido o Morse Taper.4 No sistema de implantes synOcta®, os modelos são Standard e
Standard plus regular neck (RN),de ombro Ø 4.8 mm, e também Standard Standard plus
wide neck (WN), de ombro Ø 6.5 mm. Os implantes possuem plataforma protética com
ombro de 45° em todo contorno. Os modelos Standard possuem cinta de 2.8 mm de
largura, e o Standard plus de 1.8 mm de largura.
Os Intermediários existentes constituem de cinco pilares para ombro de implante de
diâmetro 4.8mm RN.
O primeiro é o RN synOcta® 1.5 Aparafusado, o qual é indicado para coroas e
pontes de retenção com parafuso transoclusal.
RN synOcta® Cimentado, para coroas e pontes cimentadas. Caso haja necessidade,
o pilar pode ser cortado 2 mm, no máximo.
RN synOcta® Angulado (15° e 20°) tipos A e B, utilizados para coroa e pontes
cimentadas ou com parafuso transoclusal. Os pilares angulados existem em dois tipos por
ângulo (A + B). Daí resulta a possibilidade de corrigir o eixo em 16 diferentes direções (em
passos de 22,5°). Os pilares encontram se disponíveis em versão curta e longa.
RN synOcta® Transversal (TS) é indicado para coroas e pontes de retenção com
parafusos transversal RN synOcta®, e possui duas aberturas transversais. Uma abertura esta
alinhada com a face e a outra com a aresta do octágono. Daí resulta a possibilidade de
adaptar o parafuso transversal em 16 diferentes posições (em passos de 22,5°).
RN synOcta® pilar de ouro, indicado para coroas com aparafusamento transoclusal
ou para elaborar uma mesoestrutura para coroa cimentadas. O pilar de ouro é uma
combinação de coping e pilar.
Para os intermediários com ombro de implante com Ø 6,5 mm WN, existem três
tipos, o primeiro é o WN synOcta® 1.5 Aparafusado, indicados para coroas e pontes com
parafusos transoclusal..O outro é o WN synOcta® Cimentado, indicado para coroas e pontes
cimentadas. Se necessário o pilar pode ser encurtado, no máximo, em 2 mm. O último é
WN synOcta® Angulado (15°) tipo A e B, disponível em dois tipos (A e B), com essa
flexibilidade o profissional tem a possibilidade de corrigir o eixo em 16 sentidos diferentes,
em passos de 22,5°.
DISCUSSÃO
12
Não há na literatura trabalhos que avaliem comparativamente os diferentes designs
de intermediários do sistema CM, no entanto existem limitações e complicações em todos
os sistemas das diferentes marcas existentes. Sabemos que as conexões internas são mais
estáveis, fisicamente mais fortes, mais fáceis de restaurar, com excelente estética.17
As principais vantagens relatadas da conexão CM em relação às outras conexões
são: maior superfície de contato entre implante e intermediário, resultando em maior
capacidade de suportar cargas horizontais;13 justaposição das superfícies proporcionando
ausência de espaço entre os componentes (microgap),6,7,14 maior retenção friccional; maior
resistência aos movimentos rotacionais,7 e diminuição dos pontos de tensão (principalmente
com relação ao parafuso de retenção).5
Essas vantagens estão presentes em todos os tipos de conexões CM relatadas neste
trabalho, no entanto quando comparadas entre si apresentam diferentes desempenhos.
Fatores como: design do intermediário, uso de parafuso passante, existência de plataforma
protética, e posicionamento infra-ósseo do implante, influenciam nos resultados obtidos
pelo uso destes sistemas. Além disso, alguns deles apresentam limitações, por inexistência
de componentes que possibilitem ampla variedade de soluções protéticas, e exigem
rigorosamente que sejam bem posicionados no leito ósseo.
Com relação à superfície de contato entre implante e intermediário, a comparação
entre conexões interna e externa sugere que as primeiras apresentam melhores resultados,
devido maior superfície de contato.5 Sugere se também que sistemas que apresentam cone
com maior comprimento ou maior diâmetro resultam em maior superfície de contato, e,
portanto, apresentariam melhor resultado. Não há trabalhos que avaliem se a variação no
tamanho do cone interfere nos resultados mecânicos. As empresas Ankylos e Neodent
apresentam maiores superfícies cônicas para proporcionar o efeito CM. As empresas Nobel,
Sin, e Strauman apresentam conexões associadas, com porção cônica do componente
reduzida, porém são acrescidas de um encaixe interno (hexagonal ou octagonal)
favorecendo resistência ao sistema.
Tem-se observado que o diâmetro e comprimento da superfície cônica
estão relacionados ao diâmetro do implante e resistência dos componentes, portanto,
implantes para o sistema CM devem ter um diâmetro mínimo para que não diminuam o
diâmetro interno a ponto de fragilizar os componentes protéticos. As empresas Nobel e Sin
13
apresentam implantes com superfície cônica interna de diâmetro maior (menor conicidade),
o que possibilita também parafusos de diâmetro maior, mantendo sua resistência, mas
impossibilita implantes de diâmetro menor que 3,8mm. As empresas Ankylos e Neodent
apresentam implantes com cone interno de menor diâmetro (conicidade maior), e devido a
isso, nos componentes que necessitam de parafuso, o parafuso não é separado do
compontente, ou seja, é denominado parafuso passante, porque sofre solda de sua porção
rosqueável abaixo da superfície cônica do componente protético. Os parafusos passantes da
Ankylos apresentam 32 pontos de solda, enquanto o da Neodent apresentam 3 pontos de
solda. Isso resulta em menor risco de soltura da rosca do parafuso para os intermediários da
Ankylos do que para os da Neodent.
Com relação a distribuição de tensões nos intermediários, a conexão CM
proporciona melhor distribuição de tensões sobre a superfície cônica, diminuindo as tensões
sobre o parafuso,7 isso para todos os tipos de sistemas. Isso significa que o fato de o
intermediário ser em peça única ou com parafuso separado, não interfere no risco de
desaperto ou soltura do parafuso. No entanto, há diferença com relação ao parafuso
passante da empresa Neodent, isso porque esse sistema limita o torque sobre seu parafuso a
15N podendo ocorrer fratura deste parafuso passante.
Em trabalho recente foi observado que para que exista o efeito CM, o ângulo de
conicidade deva variar entre 3º a 8º em cada parede.5 De acordo com os dados fornecidos
pelas empresas, todas se enquadram nesse quesito, já que variam a angulação entre 11,5º a
16º, considerando o ângulo entre as paredes opostas.
Com relação a existência de plataforma protética, os trabalhos mais recentes tem
sugerido que plataformas protéticas reduzidas desempenham importante papel na redução
da perda óssea marginal dos implantes. Sistemas CM com ausência de plataforma protética
(Ankylos, Neodent), ou seja, conectando internamente ao implante, resultam em efeito
semelhante ao que se tem denominado “plataforma switching” e, de acordo com alguns
autores,11,12 resultam em diminuição da perda óssea periimplantar. Apesar de apresentar
plataforma protética, o sistema da Nobel apresenta plataforma shifting (possui
características da plataforma switching).
Com relação às possibilidades de resolução protética, em geral espera-se que os
implantes sejam bem posicionados, o que significa pouca ou nenhuma inclinação em
14
relação ao eixo de inserção da prótese. Para os sistemas CM isso ainda é mais relevante,
já que algumas das empresas não fabricam componentes calcináveis ou com variação de
angulação para permitir solução protética para os casos em que os implantes estão
inclinados. Nos componentes onde o intermediário e parafuso formam um corpo único,
não é possível determinar a posição final do intermediário antes que ele seja totalmente
aparafusado, e por isso só permite componentes retos, e não possibilita a confecção de
provisórios diretamente sobre o implante. Quando os componentes são em duas peças, mas
as peças não se separam (parafuso passante – Ankylos e Neodent), não há a fabricação de
componentes calcináveis com base metálica diretamente sobre o implante (UCLA) , o que
limita a solução protética no caso de implantes angulados, e também não existem
componentes provisórios sobre implantes. Apenas nos sistemas nos quais o parafuso é
separado do intermediário (Nobel, Sin e Straumam), é possível a fabricação de
componentes calcináveis com base metálica diretamente sobre o implante (UCLA), além do
uso
de
componentes
provisórios
diretamente
sobre
o
implante.
CONCLUSÕES
Diferentes sistemas têm sido desenvolvidos para aumentar a aplicabilidade do
sistema CM para implantes dentários. A cada dia as empresas desenvolvem dentro de seus
sistemas específicos um número maior de componentes protéticos para atender todas as
situações clínicas e solucioná-las da melhor maneira possível. Não devemos, de maneira
nenhuma, delegar a segundo plano, maiores
informações aos profissionais cirurgiões
dentistas que coloquem os implantes nas posições e inclinações corretas , em número e
comprimentos suficientes para que as Reabilitações Orais reestabeleçam o perfeito sistema
estomatognático.
15
THE CHARACTERISTICS OF DIFFERENT CONE MORSE IMPLANT
CONNECTIONS.
Abstract
Among the several types of implant connections, the Cone Morse (CM) was
designed to present some mechanical benefits related to easier adaptation, greater load
application support, better positioning, better precision and spin. Then, several models,
from different manufacturers, have been developed. The aim of this work is to present the
principal CM systems, together with the description of their characteristics and indications.
Different factors related to the performance of each system are presented. All the implant
parameters are shown for each system and discussed in conjunction. The knowledge of
different systems is important to better planning of clinical situations, resulting in greater
success rates when dealing with CM implant connections.
Key words: dental implantation; osseointegration; comparative study.
16
Referências
1.
Adell R, Lekholm U, Rockler B, Brånemark PI. A 15-year study of
osseointegrated implants in the treatment of the edentulous jaw. Int J Oral Surg 1981;10(6):
387-416;
2.
Merz BR, Hunenbart S, Belser UC. Mechanics of the abutment connection:
an 8-Degree Taper compared to a butt joint connection. Int J Oral Maxillofac Implants
2000;15(4):519-26.
3.
Soares MAD, Lenharo A, Filho AJ, Ciuccio RL, Evangeslista N. Implante
cone morse ultra rosqueante de torque interno – parte I: desenvolvimento do produto. Innov
Implant J, Biomater Esthet 2006;1(1): 63-9.
4.
Perriard J, Wiskott WA, Mellal A, Scherrer SS, Botsis J, Belser UC. Fatigue
resistance of ITI implant-abutment connectors - a comparison of the standard cone with a
novel internally keyed design. Clin Oral Implants Res 2002;13(5):542–49.
5.
Bozkaya D, Müftü S. Mechanics of the tapered interface fit in dental
implants. J Biomech 2003;36(11):1649-58.
6.
Arita CA. Prótese sobre implantes no segmento posterior. Implant News
2006;3(4):336-43.
7.
Weigl P. New prosthetic restorative features of the Ankylos implant system.
J Oral Implantol 2004;30(3):178-88;
8.
Brånemark PI, Adell R, Breine U, Hansson BO, Lindstrom J, Ohlsson A.
Intra-osseous anchorage of dental prosthesis. Experimental studies. Scan J Plast Reconstr
Surg 1969; 3(2): 81-100.
9.
Brånemark PI. Osseointegration and its experimental background. J Prosthet
Dent 1983; 50(3): 399-410.
10.
Mangano C, Bartolucci EG. Single tooth replacement by morse taper
connection implants: a retrospective study of 80 implants. Int J Oral Maxillofac Implants
2001;16(5):675-80.
11.
da Silva FD, Valiat R, Pfeiffer AB. Implicações da perda óssea em área
estética. Innov Implant J, Biomater Esthet 2008;3(5):47-51.
12.
Novaes AB Jr, Oliveira RR, Muglia VA, Papalexiou V, Taba M. The effects
of interimplant distances on papilla formation and crestal resorption in implants with a
17
morse cone connection and a platform switch: a histomorphometric study in dogs. J
Periodontol 2006; 77(11):1839-49.
13.
Möllersten L, Lockowandt P, Lindén LA. Comparison of strength and failure
mode of seven implant systems: an in vitro test. J Prosthet Dent 1997;78(6):582-91.
14.
Morris HF, Ochi S, Crum P, Orenstein IH, Winkler S. AICRG, Part 1: a 6-
year multicentered, multidisciplinary clinical study of a new innovative implant design. J
Oral Implantol 2004;30(3):125-33.
15.
Glauser R, Zembic A, Ruhstaller P, Windish S. Five year results of implants
with an oxidized surface placed predominantly in soft quality bone subjected to immediate
oclusal loading. J Prosthet Dent 2007; 97(6-suppl):S59-S68.
16.
Hall J, Miranda-Burgos P, Sennerby L. Stimulation of directed bone growth
at oxidized titanuim implants by macroscopic grooves: an in vivo study Clin Implant Dent
Relat Res 2005;7(Suppl 1):S76-82.
17.
Binon PP. Implants and components: entering the new millennium. Int J Oral
Maxillofac Implants 2000;15(1):76-94.
Download

as diferentes características das conexões do sistema cone morse