Valores eternos. TD Recuperação MATÉRIA ANO/TURMA SEMESTRE DATA Leitura 9º 2º Dez/2013 ALUNO(A) PROFESSOR(A) Verônica Rodrigues TOTAL DE ESCORES ESCORES OBTIDOS NOTA VISTO DOS PAIS/RESPONSÁVEIS DOM CASMURRO Capítulo CXXIII: Olhos de ressaca. Machado de Assis Enfim, chegou a hora da encomendação e da partida. Sancha quis despedir-se do marido, e o desespero daquele lance consternou a todos. Muitos homens choravam também, as mulheres todas. Só Capitu, amparando a viúva, parecia vencer-se a si mesma. Consolava a outra, queria arrancá-la dali. A confusão era geral. No meio dela, Capitu olhou alguns instantes para o cadáver tão fixa, tão apaixonadamente fixa, que não admira lhe saltassem algumas lágrimas poucas e caladas... As minhas cessaram logo. Fiquei a ver as dela; Capitu enxugou-as depressa, olhando a furto para a gente que estava na sala. Redobrou de carícias para a amiga, e quis levá-la; mas o cadáver parece que a retinha também. Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva, sem o pranto nem palavras desta, mas grandes e abertos, como a vaga do mar lá fora como se quisesse tragar também o nadador da manhã. 1. O capítulo acima retrata o cenário do velório de Escobar, amigo de Bentinho, que havia morrido afogado. Sobre isso, responda: a) Desde as perspectiva do narrador, quais as diferenças entre o comportamento da viúva e o de Capitu? b) Como o narrador compreendeu o comportamento de Capitu? A que sentimentos ele o atribuiu? 2. O narrador conta que parou de chorar: a) b) c) d) 3. O título do capítulo justifica-se: a) b) c) d) 4. quando viu Capitu chorando. porque Capitu o observou durante o velório. assim que todos começaram a chorar. para não chamar atenção dos presentes. pela forma como Capitu olhava para o defunto. pelo abatimento apresentado no semblante da viúva. pelo olhar que o narrador mantinha sobre Capitu. pelo fato de o defunto ser um nadador. “Momento houve em que os olhos de Capitu fitaram o defunto, quais os da viúva”, o termo em destaque foi utilizado para expressar: a) b) c) d) um questionamento. uma comparação. uma oposição. uma causa. 5. A narração dos acontecimentos com que o leitor se defronta no romance Dom Casmurro, de Machado de Assis, se faz em primeira pessoa, portanto, do ponto de vista da personagem Bentinho. Que consequências o fato de o narrador da história ser o próprio Bentinho traz para a forma como Capitu é apresentada na obra? Releia o fragmento abaixo e responda. DOM CASMURRO Machado de Assis CAPÍTULO I: Do Título. Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho Novo, encontrei no trem da Central um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de chapéu. Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem era curta, e os versos pode ser que não fossem inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes; tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e metesse os versos no bolso. – Continue, disse eu acordando. – Já acabei, murmurou ele. – São muito bonitos. Vi-lhe fazer um gesto para tirá-los outra vez do bolso, mas não passou do gesto; estava amuado. No dia seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei. Contei a anedota aos amigos da cidade, e eles, por graça, chamam-me assim, alguns em bilhetes: “Dom Casmurro, domingo vou jantar com você.” – “Vou para Petrópolis, Dom Casmurro; a casa é a mesma da Renânia; vê se deixas essa caverna do Engenho Novo, e vai lá passar uns quinze dias comigo.” – “Meu caro Dom Casmurro, não cuide que o dispenso do teatro amanhã; venha e dormirá aqui na cidade; dou-lhe camarote, dou-lhe chá, dou-lhe cama; só não lhe dou moça.” Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de homem calado e metido consigo. Dom veio por ironia, para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar cochilando! Também não achei melhor título para a minha narração; se não tiver outro daqui até o fim do livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno esforço, sendo o título seu, poderá cuidar que a obra é sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores; alguns nem tanto. 6. Com relação ao título dado à obra: Dom Casmurro, o narrador diz: Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no sentido que eles lhe dão...” Justifique a escolha do título a partir do que é possível inferir do conteúdo narrado no primeiro capítulo. DOM CASMURRO Machado de Assis CAPÍTULO I: Do Livro. Agora que expliquei o título, passo a escrever o livro. Antes disso, porém, digamos os motivos que me põem a pena na mão. Vivo só, com um criado. A casa em que moro é própria; fi-la construir de propósito, levado de um desejo tão particular que me vexa imprimi-lo, mas vá lá. Um dia, há bastantes anos, lembrou-me reproduzir no Engenho Novo a casa em que me criei na antiga Rua de Matacavalos, dando-lhe o mesmo aspecto e economia daquela outra, que desapareceu. Construtor e pintor entenderam bem as indicações que lhes fiz: é o mesmo prédio assobradado, três janelas de frente, varanda ao fundo, as mesmas alcovas e salas. Na principal destas, a pintura do teto e das paredes é mais ou menos igual, umas grinaldas de flores miúdas e grandes pássaros que as tomam nos bicos, de espaço a espaço. Nos quatro cantos do teto as figuras das estações, e ao centro das paredes os medalhões de César, Augusto, Nero e Massinissa, com os nomes por baixo... Não alcanço a razão de tais personagens. Quando fomos para a casa de Matacavalos, já ela estava assim decorada; vinha do decênio anterior. Naturalmente era gosto do tempo meter sabor clássico e figuras antigas em pinturas americanas. O mais é também análogo e parecido. Tenho chacarinha, flores, legume, uma casuarina, um poço e lavadouro. Uso louça velha e mobília velha. Enfim, agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é pacata, com a exterior, que é ruidosa. O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui. Em tudo, se o rosto é igual, a fisionomia é diferente. Se só me faltassem os outros, vá; um homem consola-se mais ou menos das pessoas que perde; mas falto eu mesmo, e esta lacuna é tudo. O que aqui está é, mal comparando, semelhante à pintura que se põe na barba e nos cabelos, e que apenas conserva o hábito externo, como se diz nas autópsias; o interno não aguenta tinta. Uma certidão que me desse vinte anos de idade poderia enganar os estranhos, como todos os documentos falsos, mas não a mim. Os amigos que me restam são de data recente; todos os antigos foram estudar a geologia dos campos santos. Quanto às amigas, algumas datam de quinze anos, outras de menos, e quase todas creem na mocidade. Duas ou três fariam crer nela aos outros, mas a língua que falam obriga muita vez a consultar os dicionários, e tal frequência é cansativa. Entretanto, vida diferente não quer dizer vida pior; é outra coisa. A certos respeitos, aquela vida antiga aparece-me despida de muitos encantos que lhe achei; mas é também exato que perdeu muito espinho que a fez molesta, e, de memória, conservo alguma recordação doce e feiticeira. Em verdade, pouco apareço e menos falo. Distrações raras. O mais do tempo é gasto em hortar, jardinar e ler; como bem e não durmo mal. Ora, como tudo cansa, esta monotonia acabou por exaurir-me também. Quis variar, e lembrou-me escrever um livro. Jurisprudência, filosofia e política acudiram-me, mas não me acudiram as forças necessárias. Depois, pensei em fazer uma História dos Subúrbios, menos seca que as memórias do Padre Luís Gonçalves dos Santos, relativas à cidade; era obra modesta, mas exigia documentos e datas, como preliminares, tudo árido e longo. Foi então que os bustos pintados nas paredes entraram a falar-me e a dizer-me que, uma vez que eles não alcançavam reconstituir-me os tempos idos, pegasse da pena e contasse alguns. Talvez a narração me desse a ilusão, e as sombras viessem perpassar ligeiras, como ao poeta, não o do trem, mas o do Fausto: Aí vindes outra vez, inquietas sombras...? Fiquei tão alegre com esta ideia, que ainda agora me treme a pena na mão. Sim, Nero, Augusto, Massinissa, e tu, grande César, que me incitas a fazer os meus comentários, agradeço-vos o conselho, e vou deitar ao papel as reminiscências que me vierem vindo. Deste modo, viverei o que vivi, e assentarei a mão para alguma obra de maior tomo. Eia, comecemos a evocação por uma célebre tarde de novembro, que nunca me esqueceu. Tive outras muitas, melhores, e piores, mas aquela nunca se me apagou do espírito. É o que vais entender, lendo. 7. Ao reproduzir a casa em que passou a infância, Bentinho busca reviver, na velhice, os sentimentos da juventude. Indique a frase do texto que justifica essa afirmação. 8. A definição de melancolia é imprecisa, porém há um consenso, desde os estudiosos antigos, quanto a algumas de suas características: vazio interior, sensação de profundo desânimo em relação à vida, em reação à possível perda de um objeto que, a partir de Freud, passa a ser identificado como sendo, talvez, o próprio eu: a falta de noção de si mesmo. Por que se pode afirmar que Bentinho é melancólico? Explique com elementos do texto. 9. “O meu fim evidente era atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência. Pois, senhor, não consegui recompor o que foi nem o que fui.” É o que diz o narrador no segundo capítulo do romance Dom Casmurro. Afinal por que não teria ele alcançado o seu intento? a) b) c) d) Pelas dificuldades inerentes à estrutura do romance, na recuperação de outros tempos. Pelo receio de confessar suas fraquezas e a traição sofrida. Porque era impossível recuperar o sentido daquele período, pois ele já não era a mesma pessoa. Pela falta de bom senso e de clareza na apreensão das lembranças. 10. Machado de Assis, em Dom Casmurro, mostra Capitu como personagem de maior destaque. Bentinho nutria, em relação a ela, sentimentos de: a) b) c) d) profunda admiração e respeito. verdadeira veneração de ordem espiritual. ciúme exacerbado. nenhuma admiração ou respeito. Oração sem nome O autor desse poema, quem o sabe? Foi encontrado em pleno campo de batalha, no bolso de um soldado americano desconhecido; do rapaz estraçalhado por uma granada, restava apenas intacta esta folha de papel. Escuta, Deus: jamais falei contigo. Hoje quero saudar-te. Bom dia! Como vais? Sabes? Disseram-me que tu não existes, e eu, tolo, acreditei que era verdade. Nunca havia reparado a tua obra. Ontem à noite, da trincheira rasgada por granadas, vi teu céu estrelado e compreendi então que me enganaram. Não sei se apertarás a minha mão. Vou te explicar e hás de compreender. É engraçado: neste inferno hediondo achei a luz para enxergar o teu rosto. Dito isto, já não tenho muita coisa a te contar: só que... que... tenho muito prazer em conhecer-te. Faremos um ataque à meia-noite. Não sinto medo. Deus, sei que tu velas... Há! É o clarim! Bom Deus, devo ir embora. Gostei de ti... vou ter saudade... Quero dizer: será cruenta a luta, bem o sabes, e esta noite pode ser que eu vá bater-te à porta! Muito amigos não fomos, é verdade. Mas... sim, estou chorando! Vês, Deus, penso que já não sou tão mau. Bem, Deus, tenho de ir. Sorte é coisa bem rara. Juro, porém: já não receio a morte. (Rose Marie Muraro e Frei Raimundo Cintra, As mais belas orações de todos os tempos) Após ler, cuidadosamente, os dois texto, responda às perguntas abaixo: 11. Antes da guerra, para o jovem, Deus simplesmente: a) b) c) d) Estava afastado. Não era considerado um amigo. Não existia. Não atendia às suas orações. 12. A descoberta de Deus pelo soldado americano veio através: a) b) c) d) Da luta cruenta. Do soar do clarim. Da trincheira rasgada por granadas. Do céu estrelado. 13. A expressão que melhor traduz o ambiente de guerra é: a) b) c) d) “Achei a luz...” “...será cruenta a luta” “... inferno hediondo” “Deus, sei que tu velas...” 14. A frase que revela a comoção e o arrependimento do jovem é: a) b) c) d) “Bom dia!” “Gostei de ti...” “Mas... sim, estou chorando!” “...vou ter saudade” 15. A alternativa INCORRETA a respeito do texto é: a) O soldado anônimo, em sua análise existencial, confronta conceitos que antes julgava estarem certos. b) Por se tratar de um texto poético, há o emprego da linguagem conotativa, como no uso da expressão inferno hediondo, para se referir ao cenário da guerra. c) A palavra oração, presente no título, justifica-se devido ao diálogo proposto pelo jovem com Deus. d) Caso fosse suprimida a introdução precedente ao poema, a interpretação não seria prejudicada, uma vez que inexistem informações importantes no trecho. Uma das mais importantes obras da literatura brasileira, Memórias póstumas de Brás Cubas é um marco e ainda hoje um enigma para diversos críticos. Partindo de um diálogo com toda a tradição da literatura ocidental, Machado de Assis consegue nos fornecer uma interpretação original do Brasil, bem como uma obra que se sobressai em relação aos demais romances de seu tempo, em virtude de sua inventividade formal e temática. Desenvolva os principais pontos da obra respondendo às perguntas que seguem. 16. Em que sentido podemos dizer que Memórias póstumas de Brás Cubas é uma obra diferente, inovadora? 17. Quais as principais características de Brás Cubas? 18. Sobre a vida de Bras Cubas, mencione pelo menos dois aspectos ou acontecimentos marcantes de: a) Sua infância. b) Sua juventude. c) Sua velhice. 19. Em que circunstâncias ocorre a morte de Brás Cubas? Qual a principal ironia presente nesse fato em relação à sua grande invenção, a do emplasto? 20. Como Machado de Assis se posiciona em relação aos ideais do Relativismo e Positivismo apresentados, através da personagem de Quincas Borba, na obra?