Prefácio
PrefáCio
Desde a década de 1960, o pós-milenarismo tem desfrutado um forte avivamento. No último quarto do século
20, um afluxo de livros com apresentações positivas dessa escatologia otimista inundou o cenário evangélico. Entre eles
estão: Thy Kingdom Come [Venha teu reino] (1970) e God’s
Plan for Victory (1977),1 de Rousas J. Rushdoony; Christ’s
Victorious Kingdom (1986, 1997),2 de John J. Davis; Paradise
Restored [Paraíso restaurado] (1987), de David Chilton; House Divided: The Break-up of Dispensational [Casa dividida: a
cisão do dispensacionalismo] (1989), de Greg L. Bahnsen e
Kenneth Gentry; Perilous Times [Tempos perigosos] (1998) e
He Shall Have Dominion [Ele dominará] (1992), de Kenneth
Gentry; Millennialism and Social Theory [Milenarismo e teoria social] (1990), de Gary North; Last Days Madness [Loucura dos últimos dias] (1991), de Gary DeMar; Governor of the
Nations [Governante das nações] (rep. 1993), de Alexander
McLeod; Postmillennial Primer (1997),3 de Andrew Sandlin;
1
2
3
Publicado em 2008 no Brasil pela Editora Monergismo, com o título O
plano de Deus para a vitória. [N. do T.]
Publicado em 2009 no Brasil pela Editora Monergismo, com o título A
vitória do reino de Cristo. [N. do T.]
Publicado em 2014 no Brasil pela Editora Monergismo, com o título
Pós-milenarismo: um guia introdutório. [N. do T.]
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Kenneth L. Gentry Jr.
Three Views of the Millennium and Beyond (1999; que inclui
meu pós-milenarismo distintamente reconstrucionista),4 de
Darrell L. Bock (editor); Postmillennialism [Pós-milenarismo] (1999), de Keith Mathison; e Victory in Jesus [Vitória em
Jesus] (1999), de Bahnsen.
Como observou Andrew Sandlin:
Ninguém na era moderna é identificado de modo
mais veemente e destacado com o pós-milenarismo que Rousas John Rushdoony. […] Rushdoony e sua Chalcedon Foundation [Fundação
Calcedônia] agitaram a bandeira do pós-milenarismo com mais proeminência. Ele influenciou
profundamente uma geração inteira de jovens
estudantes e escritores, associados de forma direta ou indireta com a Chalcedon, e todos eles são
devedores de Rushdoony principalmente pela escatologia pós-milenarista (e muito mais).5
A exatidão dessa declaração é nítida quando percebemos que vários autores mencionados no parágrafo precedente são discípulos de Rushdoony: Gary North, Greg Bahnsen, Kenneth Gentry, Gary DeMar, Andrew Sandlin e David
Chilton.
Por que estudar escatologia?
Ao lançar esta nova obra, talvez devêssemos justificar
nossa contínua preocupação com o debate escatológico. Em
entrevistas e conferências ouço às vezes questionamentos so4
5
14
Publicado em 2005 no Brasil pela Editora Vida, com o título O milênio:
3 pontos de vista. [N. do T.]
Andrew Sandlin, A Postmillennial Primer (Vallecito, Calif.: Chalcedon,
1997), p. 1.
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bre a legitimidade dos estudos escatológicos. Todavia, essa
doutrina merece pesquisas e aperfeiçoamentos contínuos
pelas seguintes razões, que resumirei com brevidade.
Em primeiro lugar, a escatologia é parte da Bíblia. Independentemente do que se possa dizer sobre a escatologia,
devemos confessar que a Bíblia fala a respeito dela. De fato,
os profetas da economia do antigo pacto desempenharam
um papel importante no reino de Deus, e Deus os chamou
de “meus ungidos” (1Cr 16.22; Sl 105.5) e “meus servos”
(2Rs 9.7; Jr 7.25; Ez 38.17; Zc 1.6). E o mais importante, Paulo nos informa com clareza que “toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa” (2Tm 3.16a). Devemos ignorar
os “servos” de Deus e suas porções inspiradas da Palavra de
Deus detentora de autoridade?
Segundo, a escatologia é uma parte extensa da Bíblia.
Não só se encontram profecias na Palavra de Deus, como
também elas formam uma porção expressiva dessa revelação divina. O Antigo Testamento [AT] contém uma quantidade enorme de revelações proféticas da parte de Deus: nos
três Profetas Maiores (Isaías, Jeremias e Ezequiel), nos doze
Profetas Menores (Oseias a Malaquias), na profecia de Daniel, em vários salmos (o manual litúrgico de Israel), bem
como em várias profecias espalhadas pelo Pentateuco e por
outras partes. No Novo Testamento [NT] muitas parábolas
de Cristo têm caráter escatológico e dois dos cinco discursos
principais de Mateus são profecias (as parábolas do Reino,
no cap. 13, e o discurso do monte das Oliveiras, nos caps. 24
e 25). E não devemos nos esquecer de que duas das cartas
de Paulo discorrem largamente sobre questões escatológicas
(1 e 2Ts), e de que seu famoso capítulo sobre a ressurreição
(1Co 15) lida com a escatologia com muitos detalhes, e de
que todo o Apocalipse de João é profético.
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Kenneth L. Gentry Jr.
Terceiro, a escatologia incorpora a “bendita esperança” (Tt 2.13) do cristão. Assim, devemos aguardar com avidez o retorno de nosso Senhor Jesus dos céus (Fp 3.20). De
fato, essa esperança escatológica nos distingue do incrédulo
quando enfrentamos a morte (1Ts 4.13) — por nos fornecer
“esperança em Cristo” (1Co 15.18,19).
Quarto, a escatologia é uma pedra fundamental da
cosmovisão cristã. O cristianismo apresenta uma perspectiva holística sobre a vida: desde o começo, na criação, até a
conclusão, na consumação. Cristo se chama até mesmo de “o
Alfa e o Ômega”, o princípio e o fim (Ap 21.6; 22.13). De fato,
no AT Deus se distingue dos ídolos sem vida como o objeto
apropriado de adoração, parcialmente porque ele pode (e de
fato faz!) “anunciar o fim desde o princípio” (Is 46.9,10; cp.
v. 1-9). A escatologia é tão importante para o sistema doutrinário cristão que os credos ecumênicos estabeleceram os
componentes escatológicos principais como doutrinas fundamentais. Por exemplo, o Credo apostólico afirma “de onde
há de vir para julgar os vivos e os mortos” e “creio na ressurreição do corpo”. O Credo niceno declara que “ele de novo
há de vir com glória para julgar os vivos e os mortos” e que
“aguardamos a ressurreição dos mortos”.6
Quinto, a confusão de Israel com respeito a escatologia
o destruiu. Quando Cristo “veio para o que era seu”, eles “não
o receberam” (Jo 1.11). Por quê? Porque a despeito do AT,
6
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Rousas John Rushdoony, The Foundations of Social Order: Studies in
the Creeds and Councils of the Early Church (Fairfax, Vir.: Thoburn,
1968). Para o seu significado na escatologia, veja meu artigo “The
Historical Problem of Hyper-Preterism” em Hyper-Preterism: A
Reformed Critique, editado por Keith A. Mathison (P & R Publishing,
2003).
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eles não o reconheceram como o cumprimento da profecia.
Israel foi julgado por não conhecer o tempo de sua “visitação”
(Lc 19.44) escatológica. Ele deveria ter analisado as Escrituras proféticas, e então teria sabido que “elas dão testemunho
de mim”, declarou Cristo (Jo 5.39). Mesmo seus discípulos
eram “tolos que demora[m] a crer no coração em tudo que
os profetas disseram” (Lc 24.25), ainda que mais tarde o Espírito lhes tenha aberto os olhos para ver (Lc 24.31).
Sexto, a escatologia é necessária para a apologética. Albert Schweitzer ensinou que Jesus estava “muito enganado”
quando esperou a ocorrência da segunda vinda ao mundo
na geração dos seus contemporâneos. O famoso filósofo ateu
Bertrand Russell apontou para as declarações escatológicas
de Jesus como imperfeições do seu ensino, indicando que ele
não era Deus. Russell pensava que Jesus tinha ensinado que
retornaria ao mundo “nas nuvens de glória antes da morte
de todas as pessoas que viviam naquele tempo”.7 Se vamos
defender a verdade, devemos estudá-la e entendê-la. Neste
caso, devemos estudar os pronunciamentos escatológicos de
Jesus para que possamos refutar as acusações de erro.
Sétimo, a escatologia é importante para a integridade da fé. Muitas aberrações das seitas se fundamentam em
construções escatológicas falsas. A Igreja Adventista do Sétimo Dia surgiu a partir dos cálculos equivocados do reino de
Cristo em 1843 e 1844. As Testemunhas de Jeová são conhecidas pelo foco no milênio, e até mesmo chamam sua tradução bíblica de “A Tradução do Novo Mundo”. Os mórmons
são chamados “A Igreja de Jesus Cristo, dos Santos dos Últimos Dias”.
7
Para mais informações sobre esta objeção à fé, cf. R. C. Sproul, Os
últimos dias segundo Jesus (São Paulo: Cultura Cristã, 2002).
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Kenneth L. Gentry Jr.
Além disto, como Dwight Wilson documentou com
habilidade no livro Armageddon Now! [Armagedom agora!]
(1977), mesmo os cristãos evangélicos emitiram alertas embaraçosos sobre o fim em todo o século XX. Hal Lindsey, um
dos autores que mais venderam livros no século XX, construiu a escatologia bíblica de forma totalmente errônea, alertando sobre o fim no final da década de 1980 e em 2000. Veja
seus livros: The 1980s: Countdown to Armageddon [A década
de 1980: contagem regressiva para o Armagedom] e Planet
Earth 2000: Will Mankind Survive? [Planeta Terra 2000: a
humanidade sobreviverá?]. O entendimento apropriado da
escatologia é necessário para contra-atacar o cultista herético e corrigir o evangélico ingênuo.8
Oitavo, a escatologia é útil para confrontar os erros
teológicos do evangelicalismo. Em adição aos dois pontos
precedentes, deveríamos estar alerta sobre os erros escatológicos inerentes a Openness Theology [teologia da abertura].9
Clark Pinnock escreveu: “Deus ser onisciente significa que
ele conhece tudo o que qualquer ser poderia conhecer… O
conteúdo do seu conhecimento muda à medida que as cria8
9
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Um exemplo ainda mais surpreendente de ingenuidade escatológica
foi revelado no debate entre mim e Thomas D. Ice, em abril de 2002.
Estávamos debatendo em público a interpretação apropriada de
Mt 24. Quando passei a lhe fazer perguntas, ele declarou que, após
o arrebatamento, milhões de anjos transportarão corporalmente os
judeus de todos os lugares do mundo para Jerusalém. Eu lhe perguntei
se os anjos carregariam as malas dos judeus também. Ele respondeu:
“Sim!”. Cf. Kenneth L. Gentry Jr. e Thomas D. Ice, Matthew 24: Past
or Future?, debate na Van Til Apologetics Conference (Abril, 2002).
Vídeo disponível em www.kennethgentry.com.
Openness Theology [teologia da abertura], Open Theism [teísmo
aberto], teologia relacional, neoteísmo etc. são sinônimos e
representam uma reformulação conceitual que nega, na prática, a
onisciência divina. [N. do R.]
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turas no mundo agem de novas formas… Deus não pode conhecer sempre de antemão o que exatamente acontecerá…
Atos livres futuros, por definição, não podem ser conhecidos
em cada detalhe e com certeza, mesmo por Deus”.10 A maior
parte da evidência que ele apresenta é do campo da escatologia: “A despeito de João o Batista, Jesus não lançou o ímpio
no fogo; contrário a Paulo, a segunda vinda não estava às
portas… a despeito de Jesus, na destruição do templo, algumas pedras foram deixadas sobre as outras”.11 Simplesmente
devemos entender as profecias que enganaram Pinnock, se
haveremos de responder adequadamente a ele, a John Sanders, a Gregory Boyd e a outros nesse movimento teológico
evangélico.12
Nono, a escatologia é um fator do crescimento cristão.
Jesus ora por nossa santificação, e esta requer o conhecimento da verdade da Palavra divina (incluindo-se a escatologia
como aspecto importante): “Santifica-os na verdade; a tua
palavra é a verdade” (Jo 17.17). Devemos “deseja[r] o puro
leite espiritual […] a fim de crescerdes por meio dele para a
salvação” (1Pe 2.2). De fato, a famosa declaração de Paulo em
10 “There Is Room for Us: A Reply to Bruce Ware”, em Journal of the
Evangelical Theological Society 45:2 (June 2002): 216.
11 Most Moved Mover: A Theology of God’s Openness. Grand Rapids:
Baker, 2001, p. 551.
12 Para um debate útil sobre a Teologia da Abertura ou Teísmo Aberto,
veja: Journal of the Evangelical Theological Society, 45:2 (June 2002).
Sobre o tema, estão disponíveis os títulos em português: Eu não sei
mais em quem tenho crido: confrontando a teologia relacional (São
Paulo: Cultura Cristã, 2006, 208p.), de Douglas Wilson et al.; Não há
outro Deus: uma resposta ao teísmo aberto (São Paulo: Cultura Cristã,
2006, 188p.), de John Frame; Teísmo aberto: uma teologia além dos
limites bíblicos (São Paulo: Vida, 2006, 510p.), de John Piper et al.;
Teísmo aberto: a teologia de um deus limitado (São Paulo: Vida Nova,
2010, 144p.), de Bruce Ware. [N. do R.]
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Kenneth L. Gentry Jr.
sua carta a Timóteo enfatiza que “toda a Escritura” (incluindo as seções escatológicas) é “proveitosa” para dar ao homem
de Deus “capacidade e pleno preparo para realizar toda boa
obra” (2Tm 3.16,17).
Décimo, a escatologia nos fornece um motivo importante para o labor. Somos criaturas sempre interessadas no
futuro e com a obrigação vocacional de trabalhar à luz do
futuro. Nossas expectativas em longo prazo são essenciais
para priorizar a vida: Devemos ter filhos neste mundo? Deveríamos investir em longo prazo na educação cristã dos
nossos filhos? Deveríamos treiná-los, e a nós mesmos, para
impactar a sociedade e cultura em longo prazo? Resumindo,
deveríamos ser motivados pelo fato de que, no Senhor, nosso
trabalho “não é inútil” (1Co 15.58)? Nossa perspectiva em
longo prazo necessariamente impactará nossos labores neste
mundo, como Rushdoony (O plano de Deus para a vitória) e
North (Millennialism and Social Theory) argumentaram tão
habilmente.
Por que ler este livro sobre escatologia?
Neste livro de tamanho acessível, fornecemos uma introdução e defesa útil desta escatologia de vitória. O livro
será bastante útil a qualquer pessoa, mesmo à não muito
interessada em entender os sistemas escatológicos. Embora
não apresente a profundidade e amplitude do tratamento encontrado em obras maiores (como meu livro He Shall Have
Dominion [Ele dominará] e o Postmillennialism [Pós-milenarismo] de Mathison), o livro fornecerá material suficiente
para delinear o bê-á-bá do pós-milenarismo e apresentará
uma defesa contra certas objeções comuns (especialmente
da tradição reformada).
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No Capítulo 1, Keith A. Mathison apresenta “Uma defesa concisa do pós-milenarismo”. Ele condensa o material
encontrado no livro mais abrangente (Postmillennialism: An
Eschatology of Hope), e analisa algumas das principais passagens escatológicas do AT e do NT. Traça e explica o desenvolvimento da esperança na vitória temporal começando
na criação, no caminho pelo pacto abraâmico, através dos
Salmos e Profetas e do NT. No NT, passagens importantes
são destacadas, como Mateus 28.18-20 (a grande comissão),
Romanos 9-11 (a questão do futuro de Israel), 1 Coríntios 15
(o grande capítulo sobre a ressurreição) até Apocalipse 20 (o
milênio). Esse único capítulo deverá fornecer ao leitor material bíblico suficiente para persuadi-lo da esperança pós-milenarista.
Seguindo-se à análise introdutória, o Capítulo 2 apresenta ao leitor o “O salmo 110 e a esperança pós-milenarista”,
de William O. Einwechter, uma exposição cuidadosa e profunda do salmo messiânico mais citado no NT. Esta passagem importante serve como pedra fundamental da esperança pós-milenarista. Einwechter não só apresenta a exegese
contextual da passagem, mas traça sua influência em outras
partes da Escritura. A ênfase do NT no salmo 110 demonstra a expectativa repleta de esperança na vitória de Cristo
ao longo da história. Talvez nenhuma outra passagem seja
tão importante quanto o salmo 110 para o entendimento da
escatologia bíblica e para assegurar a confiança segura na vitória escatológica.
No Capítulo 3 se encontra a reimpressão de um dos
escritos escatológicos mais famosos do conhecido teólogo
presbiteriano, Benjamin B. Warfield: “Cristo, a propiciação
pelo mundo”. Este artigo muito negligenciado apresenta um
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Kenneth L. Gentry Jr.
argumento valioso que estabelece não só a esperança (que
transforma o mundo) para o progresso do evangelho, mas
a natureza e o objetivo corporativo da salvação. Em nossos
dias de individualismo, de pregações orientadas às necessidades psicológicas, e de igrejas que procuram ser “sensíveis” às necessidades dos visitantes, a exposição poderosa de
1 João 2.2 de Warfield derrama uma corrente de luz sobre
as expectativas proféticas da Escritura. Adotei e promovo o
argumento de Warfield em meus livros.13 (Como benefício
secundário, o breve capítulo explica também um texto favorito do arminianismo de uma forma totalmente calvinista e
muito habilidosa — uma exposição muito mais satisfatória
que a famosa abordagem de Owen.)
O Capítulo 4, “Agonia, ironia e o pós-milenarista”, de
minha autoria, aceita o desafio amilenarista de apresentar
a justificativa pós-milenarista do chamado bíblico ao sofrimento. O capítulo apareceu originariamente no Westminster
Theological Journal. Ele fornece uma resposta à objeção crescentemente comum ao “triunfalismo” do pós-milenarismo,
pelos teólogos reformados e amilenaristas contemporâneos Richard B. Gaffin Jr., Knox White, Robert B. Strimple,
Cornelis Venema e outros. Neste capítulo demonstro que
os pós-milenaristas podem explicar com facilidade as passagens sobre o sofrimento do NT — mesmo com base na
interpretação amilenarista. Aponto também que os amilenaristas não raro reparam apenas em um aspecto do chamado
ao sofrimento, oferecendo assim uma objeção insuficiente à
esperança pós-milenarista da vitória mundial do evangelho.
13 He Shall Have Dominion: A Postmillennial Eschatology (2 ed.: Tyler,
Tex.,: Institute for Christian Economics, 1998), p. 272-7; The Greatness
of the Great Commission: The Christian Enterprise in a Fallen World
(Tyler, Tex.,: Institute for Christian Economics, 1993), p. 53-5, 103-4.
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O capítulo seguinte (Capítulo 5), “A vitória pertence ao
Senhor”, também de minha autoria, responde particularmente às objeções de Robert B. Strimple, do Westminster’s Theological Seminary, ao pós-milenarismo encontradas no livro O
milênio: três pontos de vista.14 Além disso, respondo às objeções amilenaristas adicionais que surgem do sistema redentivo-histórico de Geerhardus Vos. Algumas vezes o sistema
pós-milenarista é representado de modo tão equivocado que
chega a sugerir a negação pós-milenarista da natureza escatológica da salvação, a divisão da história da redenção em duas
eras, a atualidade do reinado presente de Cristo, a realidade
da vitória presente de Cristo, e o foco apropriado do testemunho cristão. Mostro que esses argumentos não representam
nada além de compreensões errôneas do pós-milenarismo.
Uma acusação comum contra os pós-milenaristas resulta da nossa negação da iminência do retorno de Cristo. No
Capítulo 6, “Ainda não é o fim”, o exegeta presbiteriano do século XIX Joseph A. Alexander rebate o argumento a favor do
retorno iminente de Cristo em sua análise magistral. Essa acusação contra o pós-milenarismo tem uma dimensão exegética
e psicológica. Alexander descarta as duas formas de objeção,
devolvendo os argumentos a que apresenta a objeção. O leitor deveria estudar com cuidado o argumento de Alexander
lembrando-se de todo o reflexo emocional muito frequente
aos comprometimentos em longo prazo do pós-milenarismo.
O Capítulo 7 é intitulado: “O pós-milenarismo na prática”, de Jeffrey Ventrella. Ele apareceu originariamente, em
um formato um pouco diferente, no boletim “Penpoint” do
Southern California Center for Christian Studies [Centro de
14 Darrell L. Bock (org.) São Paulo: Vida, 2005, 327 p.
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Kenneth L. Gentry Jr.
Estudos Cristãos da Califórnia Meridional]. Neste capítulo
o autor destaca a necessidade de viver as implicações das
nossas expectativas escatológicas. De fato, Ventrella desafia
os próprios pós-milenaristas à renovação do compromisso
com o evangelismo, os empreendimentos missionários e outras aplicações práticas da nossa esperança. E ele nos insta ao
engajamento na influência cultural da nossa esperança com
a humildade apropriada, que honre Deus e glorifique Cristo.
Como alguém comprometido com o pós-milenarismo teonômico, Ventrella chama seus companheiros reconstrucionistas à semelhança de Cristo em suas aspirações, observando que com muita frequência nosso grande dever teológico
pode nos levar a um tratamento grosseiro para com outros.
Preciso observar que os artigos mais antigos de Warfield e Alexander foram levemente editados para tornar a
leitura mais fácil. Por exemplo, dividi sentenças um pouco
densas em menores, alterei parágrafos longos para tamanhos
mais manejáveis, adicionei títulos às seções, para que o leitor
possa se situar, e substitui os algarismos romanos nas referências bíblicas.
Agradecimentos especiais
Como editor do livro, gostaria de expressar minha gratidão especial a três pessoas que me ajudaram muito a trazê-lo à existência. Sou grato pelo convite de Mark Rushdoony
para a condução do projeto. Tendo perdido recentemente seu
pai, o fundador infatigável da Chalcedon e campeão vigoroso
do pós-milenarismo, Mark se comprometeu a continuar o
ministério dele. O lançamento deste livro é apenas mais uma
evidência do comprometimento a longo termo com o pós-milenarismo e a influência escatológica contínua de Rousas
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J. Rushdoony. Embora o dr. Rushdoony tenha passado para a
recompensa eterna, sua obra continua no futuro para a glória
de Deus.
Também gostaria de expressar minha sincera apreciação por Susan Burns da Chalcedon, que me assistiu com diligência digitalizando e tornando editáveis os capítulos de
Warfield e Alexander. Eu estava determinado a ver essas importantes contribuições para o debate novamente impressas
e o trabalho de Susan foi muito útil para esse fim. Não só isso,
ela me assistiu ao longo de toda a produção deste livro com
grande habilidade e competência.
Devo agradecer também a meu filho Stephen Gentry.
Embora tenha estado em casa por apenas seis semanas entre
a graduação na Universidade de Tennessee e o trabalho de
contabilidade na Ernst and Young, em Atlanta, ele interrompeu seu bem merecido descanso para digitar minhas muitas
notas editorais para esses artigos. Com minhas novas tarefas
relativas ao estabelecimento do Westminster Classical College em Elkton, Maryland, contava pouco tempo disponível
para escrever. O trabalho entediante de Stephen (e seu olho
afiado para o estilo de escrita) foi benéfico ao extremo para
que eu pudesse completar o projeto em um tempo razoável.
Minha oração agora é que o Senhor use este pequeno
livro para encorajar seus filhos ao engajamento fiel em suas
vocações seculares e trabalhos ministeriais, à adoção e promoção desta escatologia otimista, sabendo que “nele o vosso
trabalho não é inútil” (1Co 15.58).
Kenneth L. Gentry Jr., Th.D.
Westminster Classical College
Elkton, Maryland (EUA)
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