Tribunal Regional Eleitoral do Tocantins – TRE-TO Palmas / TO Brasil SOLUÇÃO DE SOFTWARE LIVRE PARA PÓLO DE TRANSMISSÃO DE BOLETINS DE URNAS ATRAVÉS DE VPN – SWL-PTBUs Este trabalho tem por objetivo apresentar uma iniciativa de sucesso perante a Justiça Eleitoral, cuja finalidade é permitir que a Justiça Eleitoral reduza custos logístico e financeiro, em Projetos de Transmissão de Resultados das Eleições, aproveitando os recursos tecnológicos já existentes nos Locais de Votação (Internet e Microcomputadores), na forma de “compartilhamento de recursos” com as instituições parceiras (as Escolas), além de permitir agilizar o processo de apuração de resultados das Eleições no dia do Pleito. Félix Valois Pereira da Silva - [email protected] Filipe Teixeira – [email protected] Heldemberg Machado – [email protected] Rafael Varanda Carneiro – [email protected] Reinaldo Gil Lima de Carvalho – [email protected] Urias Cruz da Cunha – [email protected] 1. Objetivos Gerais A Solução de Software Livre para Pólo de Transmissão de Boletins de Urnas – SWL-PTBUs é uma solução baseada em Linux embarcada em um pen drive, contendo os Sistemas da Justiça Eleitoral virtualizados para permitir a utilização dos microcomputadores e infra-estrutura de comunicação (internet e telefone) existentes nos locais de votação (escolas) para realizar a transmissão de resultados (Boletins de Urnas) diretamente desses locais, por meio da utilização de uma Rede Virtual Privada (VPN). O principal propósito para o desenvolvimento da SWL-PTBUs foi minimizar os custos financeiro e logístico, uma vez que, antes de sua existência, havia um grande esforço demandado na preparação de microcomputadores e/ou Kits de transmissão, além de um alto custo financeiro na aquisição e/ou locação de infra-estrutura de TI. Com a criação e adoção da SWL-PTBUs em seus projetos de Transmissão Resultados, a Justiça Eleitoral conseguiu aumentar o número de Pontos de Transmissão com o menor custo financeiro e logístico possível, chegando em localidades que antes não eram atendidas, tornando-se uma das soluções mais eficientes utilizadas até o presente momento para essa finalidade. Como exemplo disso, nestas Eleições 2010, a SWL-PTBUs foi utilizada em 07 (sete) Tribunais Regionais Eleitorais, totalizando aproximadamente 529 (quinhentos e vinte e nove) pontos de transmissão de resultados, utilizando conexão segura por meio de Rede Virtual Privada (VPN). 2. Situação-problema ou oportunidade Desde quando foi implantado o processo de informatização das Eleições no Brasil (1996), foram vários os sistemas desenvolvidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com o objetivo de automatizar e agilizar a apuração do resultado das eleições, como é o caso dos sistemas que compõe o grupo de Sistemas de Totalização e de Divulgação. Nas Eleições 2002 o TSE criou diversos pontos de transmissão de resultados no País com o propósito de dar maior rapidez à totalização e a divulgação do resultado das eleições. Seguindo essa mesma linha de raciocínio, nas Eleições 2005 (Referendo) e 2006, o TRE-TO também criou um projeto, denominado “Logística de Transmissão de Dados”, cuja finalidade era ampliar os pontos de transmissão de resultados, nos locais onde dispunha de linha telefônica e equipamentos da Justiça Eleitoral. No total, foram criados 17 (dezessete) pontos de transmissão de resultados em 2005 e 38 (trinta e oito) pontos, em 2006. Deste total, respectivamente, nas Eleições 2005 e 2006, 15 e 16 pontos foram utilizados na capital do Estado, Palmas – TO. Para as Eleições 2008, existia o desejo de Palmas ser uma das primeiras capitais do país a totalizar seus resultados, uma vez que não tinha conseguido tal façanha nos Eleições anteriores. Com o intuito de resolver esse desafio, desenvolveu-se uma estratégia, que dentre outras ações, haveria a ampliação do número de pontos de transmissão de resultados. Porém, esbarrou-se nos seguintes fatores: • • • • A Justiça Eleitoral não dispunha de microcomputadores suficientes para atender a demanda de pontos de transmissão de resultados que se pretendia criar para atender o Cartório da 29ª Zona Eleitoral, sediada em Palmas; Elevado custo para adquirir ou locar microcomputadores, para este fim; Requisitar microcomputadores de instituições públicas era impraticável, por duas razões: a primeira; o custo de logística de preparação desses equipamentos era altíssimo; a segunda; de acordo com resoluções internas da Justiça Eleitoral não permitiam utilizar microcomputadores de Terceiros (equipamentos não-homologados) sem o Subsistema de Instalação e Segurança – SIS, desenvolvido pelo TSE. O custo da logística de transporte dos equipamentos até o ponto de transmissão, seria muito alto, devido ao grande volume de equipamentos transportados. Os problemas e condições mencionadas anteriormente serviram de motivação para buscar novas alternativas e soluções que pudessem utilizar a estrutura existente nos próprios locais de votação, tanto de comunicação quanto de microcomputadores, como “hospedeiro” temporário dos sistemas da Justiça Eleitoral, sem que fosse necessária a sua instalação, de fato, nesses microcomputadores, nem houvesse a necessidade de acesso às informações neles existentes. Com isso, conseguia-se minimizar os custos com aquisição e logística. Foi então que surgiu a idéia de desenvolver uma solução que contivesse as seguintes premissas e requisitos: • • Virtualizar os Sistemas da Justiça Eleitoral, para permitir que se pudesse utilizá-los em qualquer microcomputador, independente de hardware, periférico e/ou dispositivos, evitando-se problema de compatibilidade; Utilizar-se de tecnologias baseadas em software livre, para evitar custos de licença de uso de software. 3. Projeto de Desenvolvimento inicial e Metodologia adotada Ciente das premissas acima mencionadas iniciou-se o projeto de desenvolvimento da solução denominado de Solução de Software Livre para Pólo de Transmissão de Boletins de Urnas – SWL-PTBUs, onde, em 2008, apresentou-se o primeiro protótipo e a visão desta solução ao TSE, sendo homologada e autorizada para utilização nas Eleições 2008. Essa solução originalmente foi desenvolvida baseada na versão 8.04-LTS da Distribuição Linux Ubuntu, cuja finalidade era carregar uma Máquina Virtual com os sistemas da Justiça Eleitoral, a partir de um HD Externo com interface USB, protegida por criptografia, de modo que o acesso à Máquina Virtual somente era possível, mediante a utilização de chave de decritografia armazenada num dispositivo separado. Seu desenvolvimento baseou-se no processo customização/remasterização da distribuição Live-CD original Ubuntu, onde parte dos sistemas e funcionalidades desenvolvidas eram instaladas em um CD-ROM (imagem Live-CD remasterizada) e a outra parte, a Máquina Virtual com os Sistemas da Justiça Eleitoral, eram instalados numa partição criptografada no HD Externo padrão USB. Tinha como pré-requisito de funcionamento: • • • • • • Microcomputador padrão desktop com: a. 512 MB de RAM; b. Drive CD-Rom 32X; c. Drive disquete 3 ½”; d. 02 (duas) portas USBs padrão 2.0 (mínimo); Sistema Linux instalado num CD-Rom com capacidade de 700MB (LiveCD) (Sistema Hospedeiro); Sistemas da Justiça Eleitoral virtualizados e instalados no HD Externo USB; Disquete-Chave de desbloqueio/autorização de acesso ao HD Externo; Modem Externo Serial, padrão RS-232 com cabo conversor de USB/Serial; Linha telefônica. A utilização da SWL-PTBUs nas Eleições 2008 foi bastante benéfica, uma vez que parte dos objetivos que levou ao seu desenvolvimento foi alcançado, como por exemplo: a redução do custo e da logística de preparação dos pontos de transmissão. Restava aprimorá-la para utilização nas Eleições 2010. Com o intuito de divulgá-la entre os demais Tribunais Regionais Eleitorais, a SWL-PTBUs foi apresentada no Segundo Fórum de Tecnologia da Informação da Justiça Eleitoral – II FORTI, outubro/2009, na cidade de Recife-PE. Foi a partir de então que a SWL-PTBUs teve sua aceitação pelos diversos Regionais, onde, naquela ocasião, já nos foi proposto diversas parcerias para a continuidade do desenvolvimento e melhorias, com vistas às Eleições 2010, de modo que pudesse ser compartilhada e utilizada, principalmente pelos Tribunais da Região Norte. Em paralelo, o TRE-TO implantou a tecnologia de Rede Virtual Privada (VPN) para acesso à rede da Justiça Eleitoral, tendo sido apresentada e autorizada pelo TSE, para teste e homologação em locais que já possuíam acesso a internet em substituição às conexões discadas. O uso desta tecnologia foi determinante para o sucesso do Projeto de Coleta Biométrica do Eleitor no Tocantins, tendo sido usado em 04 (quatro) dos 07 (sete) municípios que participaram deste projeto. A partir de 2010, o TRE-TO passou a trabalhar na integração da SWL-PTBUs e a tecnologia VPN, tendo como principal motivação o grande número de locais de votação, em especial escolas, que já possuem infra-estrutura adequada de microcomputadores e acesso a internet. Em Julho/2010, o TRE-AM organizou um encontro, em Manaus-AM, capital do Amazonas, entre os TRE's Tocantins, Pará e Rondônia, com a presença de um representante do TSE, com o intuito de discutir melhorias e apresentar novos rumos para a SWL-PTBUs. Entre os assuntos discutidos e propostos foram: • • • Redução do esforço e custo financeiro operacional na preparação dos pontos de transmissão de dados; Acesso à rede local dos Tribunais Regionais Eleitorais, utilizando-se de Rede Virtual Privada (VPN), através das conexões a redes públicas existentes nos locais de votação; Redução, a médio prazo, dos custos logísticos de transmissão de resultados. Neste sentido, o projeto de aprimoramento da SWL-PTBUs para as Eleições 2010 teve um grande salto, pois, consegui-se agregar diversos recursos e funcionalidades, deixando-a mais funcional e mais barata, permitindo que seja instalada/embarcada em um “pen drive” com capacidade mínima de 4GB, reduzindo o seu custo a um valor aproximado de R$ 70,00 (setenta reais). O projeto de aprimoramento da SWL-PTBUs atualmente incluiu a sua portabilidade para a Distribuição Debian Ertch 5.0, com atualização para a versão do Kernel 2.6.32; Virtualbox 3.02, utilitários de criptografia de disco e partição (Cryptsetup e mcryp); utilitário para criação de Redes Privadas Virtuais do tipo ponto-a-ponto ou Server-to-multclients, através de túneis criptografados entre microcomputadores (OpenVPN), implementações de Shell scripts para: montagem/desmontagem automática de Mídias de Resultados no sistema Host; decriptografia da chave de desbloqueio da partição contendo os Sistemas Eleitorais; Aplicativo de Gerenciamento de Conexões, desenvolvido em Python-Qt, redução do tamanho da imagem do Disco Virtual para 1.5GB, já com as últimas atualizações dos Sistemas da Justiça Eleitoral (SIS 3.20 e Transportador 1.25), versões oficiais utilizadas nas Eleições 2010 – 1º Turno e demais implementações e/ou customizações. Através da SWL-PTBUs, é possível fazer transmissão de resultados a partir de: • • • Microcomputador, Notebooks e Netbooks com acesso à Internet via modem 3G, ADSL e/ou quaisquer outras formas de conexão à Internet, por meio da conexão segura utilizando-se da tecnologia (VPN); Microcomputador desktop via conexão discada, utilizando-se de modens convencionais (serial com ou sem conversor para USB); E até mesmo de microcomputadores de dentro da própria rede da Justiça Eleitoral, tudo isso sem precisar instalar nada nesses microcomputadores, flexibilizando e simplificando o processo de transmissão de resultados. Com isso, a SWL-PTBUs se tornou uma tecnologia inédita, no que tange à Transmissão de Resultados, utilizando-se tecnologia de virtualização, bem como se tornará uma das tecnologias de transmissão de resultados de Eleições mais econômica para toda a Justiça Eleitoral. Além de agregar novas tecnologias advindas da comunidade de Software Livre, que até então não tinham sido utilizadas na Justiça Eleitoral, como é o caso do uso de VPN’s através da Rede Pública (Internet). Seu principal objetivo é o compartilhamento de recursos materiais entre as instituições públicas-parceiras, que são locais de votação. De um lado a Justiça Eleitoral entrando com esta tecnologia, e do outro lado, as escolas públicas e/ou instituições de ensino que possuem em suas instalações infra-estrutura de comunicação (acesso à Internet) e microcomputadores de última geração 4. Resultados Alcançados Nestas Eleições de 2010, foi utilizado, no Primeiro Turno, um total de 161 (cento e sessenta e um) Pontos de Transmissão com a SWL-PTBUs, sendo que deste total, 76 (setenta e seis) pontos foram utilizados em Palmas capital do Estado do Tocantins, permitindo que Palmas fosse a primeira capital do País a totalizar seus resultados, bem como o Município de São Félix do Jalapão – TO, fosse o primeiro município do País a totalizar também seus resultados, colocando o Estado do Tocantins como 6º (sexto) colocado no ranking dos Estados da Federação a fechar sua totalização. Além do Tocantins, a SWL-PTBUs também foi utilizada em mais 06 (seis) Estados: Amazonas (100 pontos), Pará (80 pontos), Rondônia (48 pontos), Paraná (108 pontos), Piauí (20 pontos) e Mato Grosso do Sul (12 pontos), totalizando aproximadamente 529 (quinhentos e vinte nove) Pontos. Fazendo uma análise comparativa, em termos de custo financeiro, entre utilizar a SWL-PTBUs e adquirir ou locar microcomputadores, a Justiça Eleitoral reduzirá os custos diretos em torno de 96,67% (noventa e seis virgula sessenta e sete por cento), conforme pode ser constatado na tabela abaixo. Ou seja, com a SWL-PTBUs a Justiça Eleitoral, consegue ter maior número de pontos de transmissão com menor custo, tornando-a mais eficiente que qualquer outra solução. Portanto, pode-se concluir que só nestas Eleições a Justiça Eleitoral conseguiu reduzir custos diretos na ordem de, aproximadamente, R$ 1.073.870,00 (hum milhão, setenta e três mil e oitocentos e setenta reais), isso somente se tivesse que apenas adquirir ou locar microcomputadores, sem falar nos custos com contratação de serviços de comunicação; custos com logística de preparação, distribuição e instalação de microcomputadores nos diversos locais de transmissão. Tabela 1: Comparativo de Custos Custos c/aquisição de microcomputadores Nº de Pontos 529 Vlr. Unitário (R$) Vlr.Total (R$) ~2.100,00 ~1.110.900,00 Custos com SWL-PBTUs Vlr. Unitário (R$) ~70,00 Vlr.total (R$) Diferença% ~37.030,00 ~96,67 O termo mais adequado para a SWL-PTBUs é: “COMPARTILHAMENTO”; por meio dela é possível: compartilhar recursos, financeiros, tecnológicos e de infraestrutura em geral, de um lado as Instituições parceiras (Escolas, etc.) e do outro lado a Justiça Eleitoral 5. Conclusão Os benefícios advindos com a utilização da SWL-PTBUs são inúmeros, entre os quais, podem-se enumerar: • • • • • • Eficiência: favorece a ampliação de pontos de transmissão de resultados com baixo custo operacional; Portabilidade: pode ser usada em qualquer microcomputador, independente do hardware utilizado; Praticidade: seu funcionamento bastante simples; Agilidade: proporciona maior agilidade no processo de apuração do resultado das Eleições; Segurança: acesso aos sistemas da Justiça Eleitoral protegido por chave criptografada e transmissão dos Boletins de Urnas via VPN; Custos: possibilita redução de custo com aquisição/locação de equipamentos de informática e comunicação. Com todos esses benefícios demonstrados por esta solução, fica clara sua relevância para resolver os problemas mais comuns entre os Tribunais Eleitorais, em matéria de transmissão de resultados das Eleições, os quais já foram bastante delineados ao longo deste texto, principalmente os relacionados à abrangência, logística e custos. Fica evidente que a implantação e a disseminação desta solução dentro da Justiça Eleitoral trarão grandes benefícios para o processo informatizado das Eleições e abrirá inúmeras possibilidades de uso em diversas áreas da Justiça Eleitoral. 6. Referências Bibliográficas [1] AQUINO, Luiz. “Sistema de Arquivos Criptografados”. Disponível em: <http://wiki.ubuntu-br.org/SistemasdeArquivosCriptografados>. Acessado em: 04 out. 2009. Última atualização em 2008. [2] BURTCH, Ken O. “Scripts de Shell Linux com Bash”. 1. ed. Rio de Janeiro: Ed. Ciência Moderna, 2005. [3] CAMPOS, Augusto. “O que é uma distribuição Linux. BR-Linux”. 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