XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Crescimento de palma forrageira em função da cura de segmentos dos cladódios1
Cactus forage growth in function of the cladodes segments cure
Anderson Barbosa Cavalcante2, Juliana de Souza Pereira2, Deivid Araújo Melo3, Thiago Alfredo de
Freitas Bezerra3, José Raliuson Inácio Silva3, Maurício Luiz de Mello Vieira Leite4
1
Parte da monografia do primeiro autor
Graduando(a) do Curso de Bacharelado em Zootecnia, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO, Serra Talhada- PE, Brasil. e-mail: [email protected]
3
Graduando do Curso de Bacharelado em Agronomia, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE
PERNAMBUCO, Serra Talhada- PE
4
Professor adjunto, UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO, Serra Talhada- PE
2
Resumo: Objetivou-se avaliar o crescimento em campo de mudas de palma forrageira clone Orelha de
Elefante Mexicana (Opuntia sp.) obtidas através do fracionamento de cladódios. Os tratamentos foram
constituídos da combinação de cura e ausência de cura dos cladódios e cura e ausência de cura dos
segmentos, totalizando quatro tratamentos, sendo analisados: número de plantas vivas, cladódios por
planta e por ordem, e mensuração da altura de planta, do comprimento, largura e espessura dos cladódios.
Os processos de cura dos cladódios e dos segmentos não influenciaram no crescimento das mudas de
palma forrageira. Vale ressaltar que o experimento foi realizado em um período de escassez de chuvas,
com baixa umidade relativa do ar. Isso facilitou o crescimento das frações, sem problemas fitossanitários,
já que não ficaram expostas a excessos de água e consequentemente diminuindo as chances das frações
apodrecerem devido à proliferação de fungos e microrganismos. Dessa forma é indicada a realização de
mais experimentos principalmente em período de chuvas para assim chegar a uma melhor conclusão. O
método de fracionamento de cladódios pode ser recomendado na propagação de palma forrageira clone
Orelha de Elefante Mexicana sem o processo de cura.
Palavras–chave: forragem, fracionamento de cladódio, Opuntia, semiárido
Abstract: The objective was to evaluate the growth in field of forage cactus seedlings Orelha de Elefante
Mexicana variety (Opuntia sp.) obtained by fractionation of cladodes. The treatments consisted of the
combination of cure and the absence cure of cladodes and segments, totaling four treatments, being
analyzed: number of live plants, cladodes per plant and per order, and measurement of plant height,
length, width and thickness of the cladodes. Healing processes of cladodes and segments did not influence
the growth of cactus forage seedlings. Note that the experiment was conducted in a period of drought, and
low relative humidity. This facilitated the growth of fractions, without phytosanitary problems since they
were not exposed to water excesses and consequently decreasing the chances of fractions rot due to the
proliferation of fungi and microorganisms. Thus it is important to perform more experiments mainly in
the rainy season so as to reach a better conclusion. The cladodes fractionation method can be
recommended in the propagation of Orelha de Elefante Mexicana variety without the healing process.
Keywords: cladode fractionation, forage, Opuntia, semi-arid
Introdução
Dentre as plantas forrageiras mais importantes para o Semiárido brasileiro, a palma é uma das
mais estudadas e utilizadas atualmente, e isso se dá devido ao seu alto potencial de produção de
fitomassa, persistência à seca e alto valor energético, além de apresentar uma elevada quantidade de água,
capaz de contornar os problemas de falta de água nos períodos de seca. Com essas características essa
forrageira viabiliza a produção animal nessa região, sendo um alimento estratégico para os ruminantes
(Leite et al., 2014).
Diversos insetos ocorrem sobre a palma forrageira, dentre eles a cochonilha-do-carmim
(Dactylopius opuntiae Cockerell), considerada a principal praga dessa cactácea no Nordeste do Brasil.
Dessa maneira, a utilização de clones de palma resistentes a essa praga pode ser uma alternativa de
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cultivo em regiões de ocorrência do inseto, bem como nas áreas onde a presença do mesmo ainda não foi
observada, visando à prevenção dos ataques (Vasconcelos et al., 2009).
O maior entrave para a produção em grande escala desses clones resistentes é a baixa quantidade
de material vegetativo para distribuição entre os produtores rurais. Desse modo, a utilização de segmentos
(frações) do cladódio de palma forrageira visando acelerar sua multiplicação pode vir a ser uma
alternativa à escassez de material propagativo.
Assim, objetivou-se avaliar o crescimento em campo de mudas obtidas através do fracionamento
de cladódios de palma forrageira resistente a cochonilha-do-carmim.
Material e Métodos
O ensaio está sendo conduzido na Unidade Acadêmica de Serra Talhada (UAST) da Universidade
Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), situada no município de Serra Talhada, Microrregião do Sertão
do Pajeú, Mesorregião do Sertão Pernambucano, Semiárido brasileiro.
Segundo Köppen, o clima local é do tipo BSwh’. A precipitação pluvial média anual fica em torno
632 mm, com o período mais chuvoso concentrado nos meses de janeiro a abril e é responsável por 65%
das chuvas anuais. As temperaturas do ar médias mensais oscilam entre 23,6 e 27,7°C e as temperaturas
mínimas entre 18,4 e 21,6°C (SECTMA, 2006).
Foram utilizadas 128 mudas de palma forrageira (Opuntia stricta Haw.), clone Orelha de Elefante
Mexicana, resistente à cochonilha-do-carmim. As mudas foram obtidas através do fracionamento de
cladódios em formato retangular na dimensão 5,0 x 2,0 cm, mantidas em viveiro por 206 dias. Em
outubro de 2013, as mudas foram transplantadas para o campo, em covas de, aproximadamente, 20 cm de
profundidade, no espaçamento de 1,5 m x 1,0 m. Não foi realizada nenhuma adubação ou utilização de
produto químico para controle de possíveis pragas ou doenças.
O delineamento utilizado foi o de blocos casualizados, em arranjo fatorial 2 x 2, com quatro
repetições. Os tratamentos foram constituídos da combinação de cura e ausência de cura dos cladódios e
cura e ausência de cura dos segmentos. O período de cura foi de dez dias, tanto para os cladódios quanto
para os segmentos, não sendo utilizada nenhuma substância fungicida ou bactericida no plantio nem
durante o período que as mudas permaneceram no viveiro.
A avaliação foi realizada aos 120 dias após o transplantio (DAT), através de contagem do número
de plantas vivas, cladódios por planta e por ordem, e mensuração da altura de planta, do comprimento,
largura e espessura dos cladódios, utilizando paquímetro e trena.
Os dados de altura de planta, número de cladódio por planta, comprimento, largura, espessura e
mortalidade foram submetidos à análise de variância e teste de comparação de médias (Tukey a 5% de
probabilidade).
Resultados e Discussão
Não houve diferença significativa (P>0,05) entre os tratamentos, em relação ao crescimento
inicial, em condições de campo, dos segmentos de palma forrageira, clone Orelha de Elefante Mexicana
(Tabela 1).
Tabela 1 – Crescimento e mortalidade de palma forrageira, clone Orelha de Elefante Mexicana, aos 120
dias após o transplantio. Serra Talhada, PE
Número
de
Largura Espessura
Altura
Comprimento
cladódio
de
de
Mortalidade
TRATAMENTO
de planta
de cladódio
por
cladódio cladódio
(%)
(cm)
(cm)
planta
(cm)
(cm)
cladódios com cura e
frações sem cura
40,09
4,00
16,60
12,58
1,28
6,25
cladódios sem cura e
frações sem cura
38,61
3,48
17,35
12,69
1,28
9,37
cladódios com cura e
frações com cura
37,58
3,68
17,00
12,73
1,21
6,25
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cladódios sem cura e
frações com cura
40,23
3,59
17,12
12,95
1,25
0,0
MÉDIA
39,17
3,69
17,02
12,74
1,26
5,47
CV (%)a
16,81
33,06
14,89
15,91
18,87
-
a
CV – coeficiente de variação.
Os processos de cura dos cladódios e dos segmentos não influenciaram no crescimento das mudas
de palma forrageira. Aos 120 DAT todos os tratamentos apresentaram resultados semelhantes em relação
à altura de planta, número de cladódios, comprimento, largura e espessura de cladódio.
A inexistência de diferença quanto à mortalidade e características de crescimento nos distintos
tratamentos dos segmentos do cladódio é um fato interessante, principalmente, por ter sido avaliada nas
condições de campo e sem nenhum tratamento pré-plantio ou pós-transplantio.
A taxa de sobrevivência das plantas, após o tranplantio, foi superior a 90% em todos os
tratamentos testados, evidenciando a eficiência do método de fracionamento de cladódios na propagação
de palma forrageira desse clone.
Ressalta-se que essa pesquisa foi realizada em um período de escassez de chuvas, com baixa
umidade relativa do ar e altas temperaturas do ar. Isso facilitou o crescimento das frações, sem problemas
fitossanitários, já que não ficaram expostas a excessos de água e consequentemente diminuindo as
chances das frações apodrecerem devido à proliferação de fungos ou outros patógenos. Em um período
chuvoso os resultados poderiam ser diferentes, já que a palma não tolera excessos de água no solo,
ocasionando apodrecimentos. Segundo Reis et al.(2005), processos patogênicos dependem de uma série
de fatores ambientais, tais como: temperatura do ar, umidade relativa do ar, exposição à radiação solar
direta, principalmente aos raios ultravioletas, saturação de água e fatores fungistáticos.
Os resultados dessa pesquisa também poderiam ser distintos caso fosse aplicado um tempo maior
de cura tanto para cladódios como para fração. Um período mais longo poderia resultar em uma melhor
cura, consequentemente em uma menor mortalidade.
Diante da necessidade atual de propagação de clones de palma resistentes à cochonilha do carmim,
o fracionamento de cladódio mostra-se promissor, levando em consideração a redução do custo de
implantação da cultura, notadamente com menor dispêndio no transporte do material de plantio. Contudo,
avaliações durante períodos mais longos, assim como avaliações da produtividade de fitomassa da palma
obtida por fracionamento são necessárias.
Conclusões
O método de fracionamento de cladódios pode ser recomendado na propagação de palma
forrageira clone Orelha de Elefante Mexicana.
Os segmentos de cladódios de palma forrageira clone Orelha de Elefante Mexicana podem ser
plantados sem o processo de cura.
Literatura citada
LEITE, M.L.M.V.; SILVA, D.S.S.; ANDRADE, A.P.; PEREIRA, W.E. Caracterização da produção de
palma forrageira no Cariri paraibano. Revista Caatinga, Mossoró, v. 27, n. 2, p. 192 – 200, abr. – jun.,
2014.
REIS, R. C. S.; MELO, D. R.; PERINOTTO, W. M. S.; BITTENCOURT, V. R. E. P. Patogenicidade in
vitro de formulações fúngicas sobre ninfas e adultos de Rhipicephalus sanguineus (Latreile, 1806) (Acari:
Ixodidae). Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, São Paulo, v. 14, n. 3, p. 101-105, 2005.
SECTMA Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente. Atlas de bacias hidrográficas de
Pernambuco. 1.ed. Recife: Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, 2006. 104p.
VASCONCELOS, A. G. V.; LIRA. M. A.; CAVALCANTI, V. L. B.; SANTOS, M. V. F.;
WILLADINO, L. Seleção de clones de palma forrageira resistentes à cochonilha-do-carmim (Dactylopius
sp.). Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 5, p. 827-831, 2009.
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