À frente da advb, daniel santoro fala sobre a importância do marketing nas empresas BENS&SERVIÇOS Fecomércio-RS Entrevista Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul – Número 70 / FEVEReiro 2011 guia de gestão A comunicação e a classe C infraestrutura de que forma esta carência afeta o desenvolvimento? Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – Centro CEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – Brasil Fone: (51) 3284.2184 – Fax: (51) 3286.5677 www.fecomercio-rs.org.br – [email protected] www.revista.fecomercio-rs.org.br EXPEDIENTE Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul Presidente: Zildo De Marchi Vice-presidentes: Luiz Carlos Bohn, Ronaldo Netto Sielichow, Levino Luiz Crestani, Luiz Antônio Baptistella, Jorge Ludwig Wagner, Antônio Trevisan, André Luiz Roncatto, Arno Gleisner, Cezar Augusto Gehm, Flávio José Gomes, Francisco José Franceschi, Itamar Tadeu Barboza da Silva, Ivanir Antônio Gasparin, Joel Vieira Dadda, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, Luiz Caldas Milano, Moacyr Schukster, Nelson Lídio Nunes, Olmar João Pletsch, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria, Julio Ricardo Andriguetto Mottin, Alécio Lângaro Ughini, Ibrahim Muhd Ahmad Mahmud, Renzo Antonioli, João Oscar Aurélio, Maria Cecília Pozza, Manuel Suarez Cacheiro, Joarez Miguel Venço, Ivo José Zaffari, João Francisco Micelli Vieira Diretores: Adair Umberto Mussoi, Ary Costa de Souza, Carlos Cezar Schneider, Celso Canísio Müller, Cladir Olimpio Bono, Darci Alves Pereira, Edgar Christian Tardio Serrano, Edson Luis da Cunha, Edison Elyr dos Santos, Élvio Renato Ranzi, Francisco Squeff Nora, Gabriel de Oliveira Souto Jr., Gerson Nunes Lopes, Gerson Jacques Müller, Hélio Berneira, Henrique José Gerhardt, Isabel Cristina Vidal Ineu, Jaime Gründler Sobrinho, Jamel Younes, Joel Carlos Köbe, Jorge Salvador, José Nivaldo da Rosa, Jovino Antônio Demari, Liones Oliveira Bitencourt, Luís Alberto Ribeiro de Castro, Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Henrique Hartmann, Marco Aurélio Ferreira, Marcos André Mallmann, Marice Fronchetti Guidugli, Milton Gomes Ribeiro, Paulo Roberto Kopschina, Paulo Renato Beck, Rogério Fonseca, Rui Antônio dos Santos, Sérgio José Abreu Neves, Sueli Lurdes Morandini Marini, Tien Fu Liu, Túlio Luis Barbosa de Souza, Walter Seewald, Zalmir Francisco Fava. Diretores Suplentes: Airton Floriani, Alexandre Carvalho Acosta, André Luis Kaercher Piccoli, Antonio Clóvis Kappaun, Arlindo Marcos Barizon, Carmen Zoleike Flores Inácio, Clobes Zucolotto, Daniel Miguelito de Lima, Dinah Knack, Eduardo Vilela Neves, Eider Vieira Silveira, Ernesto Alberto Kochhann, Everton Barth dos Santos, Francisco Amaral, Gilberto José Cremonese, Gilmar Tadeu Bazanella, Hildo Luiz Cossio, Janaína Kalata das Neves, Jair Luiz Guadagnin, Jarbas Luff Knorr, João Antonio Harb Gobbo, Jorge Alfredo Dockhorn, José Joaquim Godinho Cordenonsi, José Vilásio Figueiredo, José Vagner Martins Nunes, Juares dos Santos Martins, Jurema Pesente e Silva, Ladir Nicheli, Luiz Alberto Rigo, Luiz Carlos Brum, Marcus Luis Rocha Farias, Miguel Francisco Cieslik, Paulo Ganzer, Ramão Duarte de Souza Pereira, Régis Luiz Feldmann, Ricardo Pedro Klein, Romeu Maurício Benetti, Silvio Henrique Frohlich, Susana Gladys Coward Fogliatto, Valdir Appelt. Conselho Fiscal Titulares: Rudolfo José Müssnich, Erselino Achylles Zottis, Fábio Norberto Emmel. Suplentes: Luiz Roque Schwertner, Nelson Keiber Faleiro, Gilda Lúcia Zandoná. Delegados Representantes CNC: Titulares: Zildo De Marchi, Moacyr Schukster. Suplentes: Luiz Carlos Bohn e Ivo José Zaffari. Conselho Editorial: Derly Cunha Fialho, Ivo José Zaffari, Luiz Antônio Baptistella, Luiz Carlos Bohn e Zildo De Marchi. Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth, Caroline Santos, Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, Graciele Garcia, Liziane de Castro e Simone Barañano. Coordenação Editorial: Simone Barañano Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) sumário agenda palavra do presidente notícias & negócios sustentabilidade guia de gestão opinião entrevista literatura infraestrutura saiba mais na estrada cartões trabalho sesc senac comportamento Reportagem: Luísa Kalil e Patrícia Campello visão econômica Colaboração: Caroline Corso, Edgar Vasques, Luiz Fernando Reginato, Priscilla Ávila e Renato Romeo glossário Revisão: Flávio Dotti Cesa Edição de Arte: Silvio Ribeiro fotos de capa: Arquivo DNIT, Caio Coronel/Itaipu Binacional, Inês Arigoni/Ventos do Sul, João Paulo Ceglisk Tiragem: 25,5 mil exemplares Impressão: Pallotti É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte. Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo. visão política mais & menos negócios 06 07 08 12 14 17 18 24 26 32 34 36 39 40 42 44 46 47 48 49 50 & BENS SERVIÇOS Infraestrutura 26 Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 um elo para o futuro Saiba de que forma a carência de infraestrutura afeta diferentes setores no país e quais são as reformas mais urgentes no Estado comunicar bem não custa nada Ao ganhar destaque no mercado de consumo nova forma de diálogo guia de gestão 14 brasileiro, a classe C desperta nas empresas uma um profissional do futuro Daniel Santoro fala sobre diferentes conceitos de marketing, entrevista 18 transformações nas demandas do consumidor comportamento 44 a importância das vendas e a necessidade de acompanhar as aprendendo a exercitar a mente em alta, as academias cerebrais revelam-se como uma diferente fonte de renovação 05 Para lutar contra o estresse e manter a criatividade A G E N D A fevereiro / março De 6 a 19/02 De 12 a 27/02 De 22/02 a 25/03 Festival Internacional Em Pelotas, acontece o Festival Internacional Sesc de Música, reunindo alunos e músicos de reconhecimento nacional e internacional. Ao todo, serão 38 espetáculos musicais gratuitos e mais de 30 oficinas. Mais informações pelo site www.sesc-rs.com.br/festival. Sesc Música no litoral O projeto Arte Sesc - Cultura por toda parte promove apresentações de Renato Borghetti, com entrada franca, nas cidades de Tramandaí (12/02), Imbé (13/02), Cidreira (26/02) e Pinhal (27/02). Informações no site www.sesc-rs.com.br/artesesc. Sesc saúde No período, ocorrem atendimentos gratuitos da Unidade Sesc de Saúde Preventiva na cidade de Santo Augusto. Informações no site www.sesc-rs.com.br/saudesesc. 9 a 11/02 Jogos de verão Data da segunda edição dos Jogos de Verão Sesc da Terceira Idade, que será realizado em Porto Alegre. Mais informações junto às unidades do Sesc. De 09/02 a 02/03 Ciclo de Palestra O Senac Comunidade oferece Palestras para Dependente Químico e Familiares, no CAPS Vila Nova, em Porto Alegre. Telefone para contato: (51) 3211-3579. De 17/02 a 23/02 Liderança Eficaz Acontece o curso de verão Liderança Eficaz, no Senac Canoas. Telefone para contato: (51) 3476-7222. De 17/02 a 01/03 Estratégias de negociação A Fatec Passo Fundo promove o workshop Estratégias de negociação em cobrança. Telefone para contato: (54) 3313-4599. Divulgação/senac-rs 18/02 Formatura Tecnólogo Data da formatura do tecnólogo Análise e Desenvolvimento de Sistemas, em Passo Fundo. Telefone para contato: (54) 3313-4599. Até 19/02 15/02 formatura Senac 06 Jovem Aprendiz realiza formatura de 134 alunos em Canoas. Local: Tênis Clube Canoas Horário: 19h Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Carreta Promovido pelo Senac Tramandaí, a carreta fica na Avenida Beira Mar, junto a estação Sesc Verão, em frente ao prédio Quebra Mar Tramandaí. Mais informações pelo telefone (51) 3661-5674. 22/02 Técnico em Marketing Primeiro dia de aula do Técnico em Marketing do Senac, do turno da manhã, em Lajeado. Telefone para contato: (51) 3748-4644. 23/02 Formatura PSG Ocorre a formatura dos alunos do Programa Senac de Gratuidade (PSG), em Canoas. Telefone para contato: (51) 3476-7222. Até 27/02 Estação Verão Estação Verão Sesc leva atividades de lazer, recreação, saúde, esporte e cultura a Capão da Canoa, Cassino, Cidreira, Laranjal, Pinhal, São Lourenço do Sul, Tramandaí e Torres. Até 27/02 Circuito de esportes Etapas municipais do Circuito Verão Sesc de Esportes, com competições de futebol de areia, vôlei de duplas, basquete de areia, futevôlei e handebol de areia. Informações junto às unidades do Sesc. Divulgação/Fecomércio-RS Palavra do Presidente Zildo De Marchi Presidente do Sistema Fecomércio-RS I nvestindo no progresso Para crescermos como referência no turismo nacional precisamos que rodovias, portos e aeroportos apresentem uma logística eficiente para impressionar não apenas quem vem de fora, mas os próprios habitantes dos 496 municípios do Rio Grande do Sul. Para que os projetos aconteçam, é necessário haver comunicação entre as partes interessadas, lembrando que o maior beneficiado desse investimento é a sociedade como um todo. É pensando no Este é um ano de novos mandatos, e com eles chegam novas esperanças. Entre as mudanças que 2011 ainda está por trazer existe uma certeza: para crescer mais, para seguirmos em frente, temos que investir na infraestrutura. Basta apenas termos esta mensagem clara, e chegaremos lá. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Por isso, quando falamos em infraestrutura, estamos debatendo um assunto que diz respeito a todas as áreas do mercado. No caso do comércio de bens e de serviços, assim como o turismo, a infraestrutura está ligada a todas as vias de acesso ao progresso desses cenários. Para transportarmos as mercadorias produzidas em nosso Estado, precisamos de estradas, por exemplo, que correspondam à nossa qualidade de produção. bem-estar dos gaúchos que podemos proporcionar um ambiente de futuro, que pensa à frente. É através da troca de ideias e do estabelecimento de prioridades que podemos chegar a um consenso, e evitar o prolongamento de situações indesejáveis. 07 Desenvolvimento é um tema constante nos projetos que concernem à Fecomércio-RS. Estar alerta sobre as transformações e necessidades referentes ao setor em que atuamos é mais do que uma prioridade: é nosso dever. & Í C I A S Edgar Vasques N O T 08 Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Para continuarem a se beneficiar dos créditos do ICMS dos bens pertencentes ao ativo imobilizado, as empresas precisarão preencher o controle de forma eletrônica, no Bloco G da Escrituração Fiscal Digital. A entrega do controle deve ser realizada no dia 25 de cada mês, sendo a primeira prevista para o dia 25 de fevereiro. Feiras e negócios O setor de eventos movimenta toda a cadeia econômica do país, refletindo no faturamento de hotéis, restaurantes e demais atividades do varejo e de prestadores de serviços. A boa notícia é que 2011 promete ser aquecido. Neste ano, estão previstas 176 grandes feiras de negócios em 24 cidades brasileiras, que deverão atrair 4,65 milhões de profissionais. Lotus Head/Stock.xchng Crédito de ICMS Mais cartões no mercado No país, em 2010, a base do chamado “dinheiro de plástico” aumentou 11%, conforme a Associação Brasileira de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs). Atualmente, há cerca de 628 milhões de cartões em uso no Brasil. Deste montante, 153,3 milhões da modalidade crédito, outros 249,2 do tipo débito e mais 225,3 milhões emitidos por grandes redes varejistas ou lojas (private label), mantidos em uma categoria à parte. O faturamento da indústria do segmento alcançou o valor de R$ 538 bilhões até dezembro, representando um incremento de 21% sobre o total faturado em 2009. & N E G Ó C I O S Senac-RS inicia inscrições para cursos de Pós-Graduação As faculdades do Senac-RS e a escola Senac EAD estão com as inscrições abertas para 21 cursos de pós-graduação. Na capital gaúcha, são disponibilizadas seis alternativas de especializações: Segurança da Informação, Gestão de Finanças, Gestão, Planejamento e Organização de Eventos, Moda, Mídia e Inovação e Gerenciamento de Projetos e Comunicação Estratégica de Marketing. O Senac EAD, por sua vez, oferece cursos em Artes Visuais: Cultura e Criação, Educação Ambiental, Especialização em Educação a Distância, Gestão da Segurança de Alimentos, Gestão do Varejo e Governança de TI. No interior do Estado também há opções de qualificação. Em Passo Fundo, estão programados dois cursos: Gestão de Recursos Humanos e Modelagem e Desenvolvimento de Aplicações Web com Java. Já a Faculdade de Pelotas terá, no primeiro semestre de 2011, sete pós-graduações. Os candidatos poderão escolher entre Gerenciamento de Projetos, Banco de Dados, Gestão de Eventos e Hotelaria, Gestão Estratégica em Comunicação Mercadológica, Controladoria e Finanças e Docência na Educação Profissional – Formação Pedagógica. A novidade desta edição fica por conta da especialização Logística Aplicada, em Rio Grande. As aulas têm início previsto para abril de 2011 e as matrículas podem ser feitas no site www.senacrs.com.br/pos. Mais informações diretamente nas faculdades. Para quem passou dos 60 anos, viajar é uma ótima alternativa para tocar a vida com qualidade. Este entusiasmo “juvenil” pode ser observado na demanda turística para atender o segmento. O programa Viaja Mais Melhor Idade, do Ministério do Turismo em parceria com a Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), vendeu mais de 210 mil pacotes em 2010. Os destinos mais visitados foram Natal (RN), Fortaleza (CE), Lins (SP), Caldas Novas (GO), Serra Gaúcha (RS) e Salvador (BA). A meta para 2011 é ousada. O objetivo, conforme Enzo Arns, gerente nacional do programa, consiste em ultrapassar a marca dos 300 mil pacotes vendidos. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Terceira idade de malas prontas O balanço do setor de automóveis sinalizou para resultados positivos. As vendas tiveram um aumento de 10,63% no ano passado, quando comparado a 2009. A Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotivos (Fenabrave) constatou que no decorrer de 2010 foram comercializadas 3.329.179 unidades. Só em dezembro, a alta chegou a 16%, com 361.197 veículos, ante 311.410 em novembro. Para 2011, a entidade estima um aumento de 4,2% nos negócios que envolvem automóveis e veículos de uso misto. Este boom de mercado teve o respaldo dos sistemas de consórcios, que, nas últimas cinco décadas, responderam pela aquisição de milhões de automotores novos e usados. Nos 11 primeiros meses de 2010, por exemplo, foram mais de 800 mil contemplados, calcula a Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios (Abac). De acordo com a pesquisa do IPEA, a expectativa para o futuro é de crescimento da motorização da população em razão da política de incentivos e da consequente ausência de investimentos em infraestrutura de mobilidade. “Esse cenário nos leva a projetar um crescimento importante para os automotores, visto que o brasileiro tem utilizado o consórcio como forma de poupança programada para tais realizações”, diz Paulo Roberto Rossi, presidente executivo da Abac. 09 Kym McLeod/Stock.xchng Vendas aceleradas Í C I A S Divulgação/Fecomércio-rs N O T & Sistema Fecomércio-RS lança campanhas institucional 10 Curso de Aprendizagem Comercial em EAD Setor de serviços de telecomunicações cresceu 27% O Senac-RS abre as inscrições para o primeiro curso de Aprendizagem Comercial a distância do Estado. A atividade, aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, objetiva estabelecer parceria com empresas que pretendem investir no crescimento profissional de jovens na faixa etária de 16 a 24 anos. O conteúdo programático será executado dentro de uma carga horária de 400 horas, os alunos aprenderão sobre relações interpessoais, mundo do trabalho, comunicação e expressão, informática, matemática comercial e financeira, controle de estoque, formação no preço de venda e técnicas e negociação em vendas. As aulas ocorrerão em um ambiente virtual de aprendizagem. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone (51) 3284-1990. O setor de prestação de serviços de telecomunicações fechou 2010 com um incremento positivo de 27% sobre 2009, revelou o Sindicato Nacional de Prestadoras de Serviços de Telecomunicações (Sinstal). “Esperamos chegar a um número semelhante neste ano em virtude do acelerado crescimento brasileiro, de investimentos em banda larga e ampliação da rede”, diz Vivien Suruagy, presidente do Sinstal. Hoje, no Brasil, há 18 milhões de conexões de banda larga. Na soma de telefonia, internet e vídeo, são mais de 255 milhões de consumidores. Até 2014, se os investimentos governamentais e privados forem concretizados, o país terá mais de 40 milhões de casas utilizando serviços de alta velocidade com preços baixos. Jakub Krechowicz/Stock.xchng Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Divulgação/senac-RS Pela primeira vez o Sistema Fecomércio-RS apresenta ao público gaúcho, por meio de peças publicitárias, a sua força no contexto regional. A campanha traz como mote a expressão Com você, a gente faz a economia girar, cujo objetivo é ressaltar a importância da entidade como impulsionadora das atividades econômicas do Estado, destacando os papéis do Senac – na educação profissional – e do Sesc, na promoção da qualidade de vida dos trabalhadores do setor terciário. “Esta campanha mostra toda a pujança de uma entidade que representa o setor que mais emprega no Rio Grande do Sul e no Brasil”, diz o presidente do Sistema Fecomércio-RS/Sesc/Senac, Zildo De Marchi. Além das inserções em rádios e TVs, jornais, internet e revistas, a campanha está disponível para acesso no endereço: http://portal. senacrs.com.br/campanha/index.html. N E G Ó C I O S João Alves/sesc-rs Ações gratuitas no litoral gaúcho O projeto Estação Verão Sesc leva informações de prevenção e testes de saúde aos veranistas do litoral do Rio Grande do Sul. A iniciativa realizada pelo Sistema Fecomércio-RS, por meio do programa Saúde Sesc – Uma vida melhor, contempla gaúchos de diferentes praias do Estado. Entre os parceiros destas atividades estão a Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre e Grupo Brasileiro do Melanoma (GBM), Universidade Feevale, Grupo RBS, Conselho Regional de Odontologia (CRO-RS), e as faculdades de odontologia da Pucrs, Ufrgs e Ufpel. A intensa programação compreende análises gratuitas de glicose, colesterol, triglicerídeos, medição da pressão arterial, avaliações e orientações preventivas de melanoma, nutrição, quiropraxia e saúde bucal. Mais informações pelo www.sesc-rs.com.br. Cadastro positivo nas mãos do Executivo No último dia de mandato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou o projeto de lei que dispõe sobre a formação de Cadastro Positivo nos sistemas de proteção ao crédito. No entanto, a matéria, que havia sido aprovada pelas duas Casas do Congresso Nacional no início do mês de dezembro, passou a ser regulada no final do mês por Medida Provisória (MP 518/10), que determina que caberá ao Executivo a regulamentção do acesso, guarda e compartilhamento das informações dos consumidores recebidas pelos bancos e instituições de crédito. O texto propunha a criação de uma lista de bons pagadores, o que poderia facilitar a análise de risco e permitir a redução de juros. Isso porque os bancos teriam acesso a detalhes do histórico do cliente que paga as contas em dia, prática comum, hoje, somente aos inadimplentes. De acordo com o autor da proposição, senador Rodolpho Tourinho, “o bom funcionamento do mercado de crédito depende da existência de mecanismos cadastrais abrangentes e confiáveis”. Cerco ao cigarro A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) colocou em consulta pública uma resolução que proíbe a exposição de embalagens de cigarros em pontos de vendas, exceto tabacarias. O texto estará aberto a críticas e sugestões até o dia 31 de março (consulte o site http://portal.anvisa.gov.br). Além dos novos limites para a exibição dos itens no varejo, a proposta ainda sugere alterações nas embalagens, reforçando as frases de advertência. A cidade de Pelotas sediará a primeira edição do Festival Internacional Sesc de Música. O evento, promovido pelo Sistema Fecomércio-RS/ Sesc/ Senac, acontece entre 6 e 19 de fevereiro, tendo como objetivo difundir a música de concerto, instrumental e jazz e contribuir com o desenvolvimento cultural, econômico e turístico do Rio Grande do Sul. Alunos e profissionais de reconhecimento nacional e internacional se reunirão, durante 14 dias, para um intercâmbio de experiências, aprendizado, apresentações artísticas para a comunidade e ações sociais. Estarão presentes professores de música de sete países. A programação contará com 38 espetáculos, divididos em recitais, música de câmara, concertos e apresentações de música instrumental, além de mais de 30 oficinas de instrumentos e canto. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Pelotas recebe o Festival Internacional Sesc de Música 11 & S ustentabilidade Logística reversa (e correta) Nova lei que institui o ciclo do produto desde a compra até o descarte final apresenta um novo papel para o comércio. O decreto reforça o alerta sobre a importância da sustentabilidade nas empresas e traz mais informação ao consumidor U Gilmar Gomes/ Divulgação Arvy m contrato com a sociedade. Esta é uma das definições que podem ser atribuídas à nova lei que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS). Sancionada em agosto de 2010 e regulamentada pelo Decreto Federal nº 7404/2010 no dia 23 de dezembro do ano passado, a lei propõe um compromisso não apenas entre o consumidor e o meio ambiente – estabelece um papel crucial para o comércio. 12 Para Marli, o consumidor está disposto a colaborar Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 A partir do decreto, os consumidores passam a ter o dever de descartar adequadamente os resíduos reutilizáveis e recicláveis, sempre que houver o sistema de logística reversa ou coleta seletiva implantada pelos municípios. A logística reversa impõe aos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de determinados produtos a implementação de sistemas que possibilitem o recolhimento dos artigos utilizados e devolvidos pelos consumidores. Então, cabe aos fornecedores a destinação final adequada desses mesmos produtos, independentemente do sistema público de coleta de resíduos. De acordo com o advogado especialista em Direito Ambiental e consultor de sustentabilidade Marcino Fernandes Rodrigues Júnior, através da PNRS, o comércio assume papel de interlocutor com o consumidor final. “O setor terá o compromisso operacional de fazer voltar para a indústria o produto para reciclagem ou descarte.” Ele explica que, desta forma, o comér- cio tem a oportunidade de ser uma solução para a indústria, no processo de vida útil do produto. “Julgo essa lei um novo compromisso social, e temos que dar destaque para a aliança entre comércio e indústria.” Até o momento, os segmentos de pilhas, baterias, pneus, óleos lubrificantes (e suas embalagens), lâmpadas fluorescentes e produtos eletroeletrônicos, além de agrotóxicos, são alguns dos setores que já estão sob a obrigatoriedade da adaptação ao sistema de logística reversa. No entanto, a previsão é de que, dentro de dois anos, todas as empresas apresentem seu plano de gerenciamento ambiental, pois ele estará vinculado às licenças de operação das mesmas. “O governo da gestão ambiental tem que entrar na agenda empresarial como tema estratégico. Temos aí um desafio muito grande pela frente”, destaca Júnior. O especialista também alerta sobre a necessidade de fortalecer a educação ambiental nas empresas da mesma forma como já vem sendo trabalhada Lucia Simon possam atender a nova lei. “Nos próximos meses lançaremos alguns produtos que tenham a cadeia de reciclagem”, adianta. O empresário lembra ainda que as empresas certificadas com a ISO 14001, relativa ao meio ambiente, serão as primeiras a cumprir a lei, enquanto as demais devem avaliar o que estão comprando e cuidar do resíduo gerado por esta mercadoria. A força do comércio Pelo dever de apoiar Segundo o coordenador do Conselho de Sustentabilidade da Fecomér- cio-RS, Juarez Miguel Venço, a lei é uma ferramenta importante para que o consumidor esteja cada vez mais consciente e exigente em relação aos produtos adquiridos. Ele explica que, no momento, o retorno do setor empresarial mediante o regulamento ainda é pequeno, mas que a melhoria acontece pelo acompanhamento de toda a cadeia. “O cliente cobra do comércio, o comércio cobra da indústria, beneficiando a implementação de melhores controles sobre resíduos.” Venço afirma que o papel de entidades como a Fecomércio-RS é apoiar políticas e campanhas de resíduos que Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 13 por escolas de todo o país. “O consumidor está avançando na exigência com relação à sustentabilidade, e a pressão que parte dele será cada vez maior. No entanto, a educação corporativa é fundamental.” Por isso, o advogado recomenda uma visão de longo prazo: “Quem está fazendo um investimento como empreendedor tem que ter uma perspectiva sobre a sustentabilidade do negócio. Tenho que pensar: ‘Quero atuar por cinco ou 100 anos?’”. Fundada em 2001, em Bento Gonçalves, a Arvy Móveis inclui a sustentabilidade em todos os seus processos, desde o design de produtos até os meios de produção. Não é à toa que a empresa foi a terceira do setor moveleiro nacional a conquistar a certificação ISO 14001. A respeito da logística reversa, a diretora Marli Mazzola Lazzarotto acredita que o começo está na força que pode ser gerada pelas assessorias ambientais e órgãos certificados, além do próprio governo e fornecedores de matéria-prima, para montar um projeto junto às empresas e entidades representantes dos respectivos setores. “Não há questionamento sobre a importância deste tema, e o próximo passo é estudar a comunicação tanto com o cliente quanto com o fornecedor”, prevê. Marli aposta na disseminação do conhecimento: “Por que não fazer uma campanha em âmbito nacional, para uma maior conscientização?”, questiona. Com relação ao consumidor, ela afirma que este tem muito interesse em participar. “A nova geração já está sendo preparada para isso desde a escola. Estamos todos sensíveis à questão ambiental”, conclui. G uia de Gestão Comunicar bem não custa nada A nova classe média brasileira está dando o que falar. Hoje ela é considerada o grande filão de negócios para o varejo e empresas prestadoras de diferentes serviços. Saiba como se comunicar com esse público, respeitando seus valores e desvendando seus sonhos 14 uídos na comunicação podem gerar perdas de faturamento. Por quê? A resposta é simples: a venda só é possível se houver um entendimento entre as duas partes que compõem a relação de consumo. Tal prerrogativa sinaliza para a importância de conhecer o shopper, bem como seus costumes e anseios. Na era dos novos consumidores, afinar o discurso se tornou imprescindível. A classe C que o diga. O segmento emergiu com tudo e atua na condição de protagonista entre varejistas e prestadores de serviço. Interpretála consiste em um passo inicial rumo a um comunicar eficiente. Seus conceitos devem ser levados em consideração para se traçarem estratégias que não pequem pelo excesso, faltas ou falhas. O boom do segmento, com renda total familiar entre R$ 3.060 e R$ 7.650 (considerando domicílio com quatro Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 pessoas), conforme classificação do IBGE, despertou a atenção de agências, consultorias e pesquisas que procuram fazer uma radiografia desse público peculiar. E dígitos generosos colocam a respectiva casta no centro das atenções. No Brasil, estudos da Data Popular apontam para um contingente de 37 milhões de famílias situadas no patamar intermediLúcia Simon R Guimarães: a classe C quer ser bem tratada ário da pirâmide social, correspondendo a R$ 430 bilhões da receita anual da população. Na região Sul, a proporção ainda é maior do que em outras áreas do território nacional. São 15 milhões de habitantes dispondo de um perfil diferenciado, que se destaca pelo hábito de ler jornais e pelo maior grau de instrução do que o restante do país. Seu desejo, uma ordem As informações são preciosas para se estabelecer um planejamento de comunicação que acerte o alvo. Para potencializar o consumo, velhas táticas precisam ser revistas. Argumentos relativos ao que supostamente a população de baixa renda deseja adquirir, por exemplo, foram exaustivamente explorados pelas mídias, mas hoje já não fascinam mais. Cenários bonitos e artistas conhecidos nem sempre alcançam os Valores indissolúveis Meirelles: a linguagem tem que ser clara e eficiente Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 15 até R$ 88 mil. “Atendemos pessoas que dispõem de carteira assinada e uma renda agregada informal e que, agora, passaram a ter uma cultura de compra. Isso porque aumentaram os rendimentos e se beneficiaram de programas do governo federal, como o Minha Casa, Minha Vida”, afirma Eduardo Guimarães, superintendente de Operações da Pop. No rol de medidas concebidas para fomentar as vendas, destacam-se iniciativas simpáticas focadas no estabelecimento de um clima de parceria e cordialidade. O consumidor popular, enfatiza Guimarães, gosta de ser bem tratado e de se sentir parte realmente do negócio: “Recentemente, promovemos um coquetel simples e foi incrível o retorno. Às vezes, brindes como uma singela caneta surtem efeito e comunicam muito bem aquela ideia de que o indivíduo é alguém com quem gostaríamos de fechar um contrato”. Patrícia Stavis ditos emergentes. É um equívoco pensar que existe uma busca eterna por identificação com as celebridades da mídia e a necessidade de transformar a vida em um show. Aí está o segredo de operar com êxito. O consumidor da classe C não quer se sentir uma pessoa diferente, mas incluída. “Por muito tempo, ele ficou à margem do mercado e hoje, em função do aumento de poder aquisitivo, há condições de consumir e realizar sonhos”, elucida André Torretta, sócio-diretor da Ponte Estratégia. Justamente neste quesito é que reside o grande mote para o processo de fidelização: empreender com vistas a suprir desejos. Foi dentro desta ótica que a Imóveis Pop, empresa responsável por comercializar produtos de construtoras de porte, desenvolveu um plano de ação para diminuir a distância até o segmento econômico, ou seja, clientes que procuram aquisições imobiliárias A decisão por um produto ou serviço leva em conta experiências pessoais, questões culturais e anseios subjetivos – um mix de sentimentos que precisam ser traduzidos pelas agências de publicidade, assim como pela indústria e comércio. Percepções importantes no momento de desenhar um projeto de mídia ou marketing. O mercado emergente, por exemplo, não calca as suas escolhas nos mesmos valores das classes altas. Enquanto o brasileiro abastado garimpa exclusividade, os populares, a inserção. Por isso, compram bons artigos e selecionam marcas famosas com o propósito de acompanhar as tendências mercadológicas e evitar desperdícios financeiros. Renato Meirelles, sóciodiretor do Data Popular, enfatiza que falar a mesma linguagem, de forma clara, e valorizar o que é motivo de orgulho para o shopper torna a comunicação G uia de Gestão Informação em massa Emoção, anseios e um enorme potencial de consumo. Mas como atingir esse público? Qual o melhor veículo de comunicação? Para a Picorrucho, do segmento de moda infantil, o marketing de massa fez a diferença, contribuindo para a expansão do empreendimento que iniciou com uma loja em Porto Alegre e atualmente contabiliza 14 unidades, sendo quatro na Capital e as demais em Alvorada, Gravataí,Viamão, Novo Hamburgo, São Leopoldo, Sapucaia do Sul, Caxias do Sul, Pelotas, Santa Maria e Rio Grande. O “pulo do gato”, recorda Jorge Gilberto do Moraes, diretor da empresa, foi a divulgação na Rádio Farroupilha e por meio de comerciais de televisão no horário das novelas. “Não nos detemos nos encartes O outro lado da moeda 16 Se a classe C cresceu, de 2002 a 2010, 6,8 vezes, praticamente se igualando às despesas do topo da pirâmide, como está o grupo A e B? Os consumidores com poder aquisitivo acima de R$ 7,65 mil, que há oito anos respondiam por 58,1% dos gastos no Brasil, agora somam 41,35%. Apesar da queda percentual, os dispêndios nesta faixa social triplicaram. Em 2010, desembolsaram nada menos que R$ 909 bilhões. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Sem ruído Para atender a essa demanda, que no ano passado mobilizou sozinha R$ 864 bilhões no país, vale se ater em alguns detalhes: Varejistas e prestadores de serviços precisam analisar se o portfólio de produtos dialoga ou não com o consumidor popular Vale desenvolver iniciativas que aproximem e façam o cliente se sentir amparado Produto baratinho não é tudo. A baixa renda não compra mais só pelo preço. Ela quer experiência de compra e custo benefício A nova classe média brasileira tem uma linguagem própria e busca a inclusão De nada adianta definir um plano de comunicação com um artista que não se identifique com o mundo deste consumidor Por não ser tão escolarizado quanto o topo da pirâmide, é importante não primar por textos longos e palavras complexas Ele gosta de uma comunicação mais colorida, porque as referências culturais e os padrões estéticos são outros. É alegre, extravagante e farto. Diferente dos tons pastel de que a classe A gosta tanto com foco em preço. Optamos também por veicular propagandas televisivas e radiofônicas. O resultado surpreendeu”, complementa. Não menos impactante são as divulgações via web. O segmento popular clica tanto quanto internautas mais afortunados, um movimento que alterou o perfil de compras do brasileiro na rede. Estudos da consultoria E-bit revelam que no primeiro semestre de 2010, o número de pessoas que usaram o e-commerce chegou a 20 milhões. Do montante, 30% integram a nova classe média, que, em geral, faz dois acessos anuais para viabilizar suas aquisições a partir da tecnologia WWW. A adesão ao mundo virtual é um elemento a ser ponderado. Os sites com cores fortes, vocabulário acessível e educativo conseguem dizer muito. A página eletrônica da Imóveis Pop aju- da a alavancar a comercialização de unidades. Eduardo Guimarães acredita que a eficácia é indiscutível: “São muitos acessos, pedindo esclarecimento de dúvidas e para conhecer o que há disponível. Sem dúvida, o site figura como um recurso para maximizar as vendas”. Arquivo Pessoal eficiente. “Além disso, eles consideram mais a opinião de amigos do que a propaganda. A indicação de uma pessoa de confiança tem muito peso.” Moraes: marketing de massa alavancou a empresa Opinião Arquivo pessoal Luiz Fernando Reginato Mestre em Sociologia, Sócio-diretor da RGM - Educação & Marketing “Entre os principais objetivos da governança corporativa estão a ampliação do valor do negócio e a garantia da perenidade das organizações.” do salários, destinando bônus e participações nos resultados. Além de inflacionarem os custos, estas práticas são reveladoras da miopia e do grau de conformismo impregnado na gestão. A questão dos talentos merece um espaço estratégico. É preciso compreender que o valor real do capital humano não é traduzido pela quantidade de profissionais existentes, nem pelo acervo de competências disponíveis na organização. Seu efetivo valor é resultante do ‘quantum’ de inteligência estes talentos – nos diferentes estágios de seu desenvolvimento – estão aplicando no desempenho do negócio. Apropriar este valor significa reconhecer o mérito e as motivações humanas de forma integrada, o racional e o emocional juntos, o econômico e o social imbricados. A boa notícia é que isto já está ao alcance das empresas. Em síntese, rentabilizar o capital humano é ser capaz de, simultaneamente, realizá-lo. É ter a ousadia de adotar um novo modelo de relacionamento, uma nova atitude de liderar. Um processo de “destruição criativa”, como já apontado por Joseph Schumpeter, economista austríaco, arauto da inovação e do empreendedorismo. Uma boa sugestão de pauta para a próxima reunião do conselho. 17 O que levaria a governança corporativa a se interessar pela realização do capital humano – também conhecido como ativo intangível – quando a atenção empresarial tem se voltado predominantemente para assuntos econômicos? De fato, os conselhos de administração e diretorias tem se ocupado com investimentos, redução dos riscos empresariais, aporte de recursos e tecnologias, fusões e aquisições e outros temas ditos estratégicos. Enquanto isto, as questões de natureza social, onde se inserem os recursos humanos e o conhecimento, são tratadas em plano secundário. Um grande abismo separa a compreensão conceitual de sua efetividade, o discurso da prática. Por que isso ocorre? É difícil acreditar que as organizações não tenham aprendido as duras lições vividas pela sociedade globalizada ao conceder autonomia plena ao mercado e conceber o mundo em apenas uma dimensão: a econômica. Relembrando, entre os principais objetivos da governança corporativa estão a ampliação do valor do negócio e a garantia da perenidade das organizações. Acredito que isto seja alcançado no momento em que as empresas transformem o seu capital humano em seu ativo mais valioso. Entretanto, algumas lideranças ainda acreditam resolver esta questão administrando cargos, elevan- Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 G overnança do capital humano? Daniel Santoro FOTOS: Tânia Meinerz/divulgação E N T R E V I S T A Um profissional do futuro À frente da Associação dos Dirigentes de Marketing e Vendas do Brasil (ADVB-RS), Daniel Santoro é um empresário atento às transformações do mercado. Mais do que simplesmente alertar para o marketing como importante ferramenta de gestão, ele aponta a urgência em atender um consumidor cada vez mais exigente Daniel A ADVB do Rio Grande do Sul tem como missão desenvolver a cultura do marketing no nosso Estado. É uma entidade prestes a completar 50 anos e que vem desenvolvendo ao longo desse tempo estratégias para ampliar a competitividade gaúcha. Nós acreditamos que podemos desenvolver um mercado empresarial nas principais práticas e conceitos de marketing e ampliar a competitividade, e é a isso que temos nos dedicado. Entre os inúmeros conceitos de marketing, qual o mais apropriado para o universo empreendedor hoje? Daniel O conceito de marketing é muito amplo, e acredito ser muito interessante considerarmos que os conceitos e as práticas de marketing se aplicam ao primeiro, segundo e terceiro setores. Nós entendemos como fundamental ampliar o conceito que hoje é presente no mercado. O marketing não é apenas restrito ou a vendas de alto impacto ou a publicidade, ele é muito mais do que isso. É quando começamos a olhar a cadeia de valor de qualquer organização, não importa o setor em que a mesma atue, a partir do ponto de vista do cliente. É necessário se perguntar: Qual a minha missão, como organização? Qual o valor que eu apresento ao mercado, à sociedade? Em segundo lugar, preciso saber quem é o meu cliente, quem é a pessoa a quem atendo. Depois, o marketing precisa responder qual é o valor que meu cliente enxerga neste produto ou serviço. A partir daí é preciso adequar toda a cadeia de valor a este valor que ele percebe. Então, a pergunta passa a Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 19 Qual é a atuação e abrangência da ADVB no Estado? Entrevista ser: Quais são os meus resultados, quais são as minhas metas? O que eu almejo? A partir disso, a próxima pergunta é: Qual o plano a ser desenvolvido? Então, posteriormente, desenvolvemos o plano de marketing que poderá compor a estratégia de venda, de comunicação, de publicidade e propaganda, mas como ferramentas que atendam a este conceito fundamental de alinhar a minha organização à minha missão, ao meu cliente e à proposta de valor que o meu cliente percebe. O marketing está diretamente ligado ao departamento de vendas nas empresas? O que distingue os profissionais de ambas as áreas? Daniel Gosto muito de utilizar uma fala do Philip Kotler: “Quando eu penso primeiro no produto e depois nas vendas, estou falando em vendas. Quando penso primeiro no cliente e qual o produto eu irei vender a ele, estou falando em marketing”. Em muitas organizações o marketing ainda está vinculado a vendas, porque elas tangibilizam o contato direto com o cliente e o resultado da empresa perante o mesmo. Ao nosso ver, o marketing precisa se reposicionar dentro das organizações para que possa trabalhar lado a lado nas vendas, no sentido de fornecer para as vendas informações necessárias de cenário, de adequação de clientes, de desenvolvimento de novos mercados e trabalhar em conjunto com “A competição global está presente mesmo que o pequeno empresário não consiga perceber.” as vendas, e não necessariamente de forma subordinada ou acima. Quais as maiores adversidades e desafios dessas áreas nas empresas gaúchas? Daniel Não acredito que exista uma restrição específica para as empresas gaúchas, percebe-se que as dificuldades que encontramos no Rio Grande do Sul são semelhantes às que encontramos no Brasil e no mundo também. Em termos de vendas, um mercado cada vez mais competitivo, sem barreiras regionais, resulta numa dificuldade mercadológica muito grande. Em termos de marketing, o que percebemos é a mudança de comportamento da sociedade, seja por intermédio da fragmentação de mídias, seja por intermédio da mudança de comportamento do consumidor e mudanças radicais de tecnologia que estão aparecendo, e que certamente mudarão a perspectiva de consumo dos próximos anos. Acredito que a principal dificuldade para o marketing é conseguir desenhar cenários de futuro. Em um mercado cuja velocidade da concorrência aumenta diariamente, como o empresário pode/deve fazer para se fortalecer e manter sua clientela fidelizada? Ainda é possível fidelizar clientes nos tempos atuais? 20 Daniel Como empresário, minha resposta é sim, é possível. É lógico que a cada dia você precisa revisitar todos os seus valores e propostas de valores, para estar adequado, vinculado ao seu cliente, porque, como o comportamento dele Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 muda, você não pode ficar estagnado. Quem está estagnado, está andando para trás. Então, tem que questionar permanentemente qual é a proposta de valor que o cliente deseja, o que ele está necessitando, desejando? E ter atenção para quem já tem sucesso, de que o sucesso de ontem não garante o de hoje. Eu preciso sim, estar atento a essa velocidade de mudança. Aqueles que ainda não alcançaram uma posição de sucesso, é uma grande oportunidade, pois se eles se anteciparem a este movimento mercadológico, com certeza conseguirão ir ao encontro do desejo dos clientes e, assim, alcançar o seu sucesso. Qual a melhor forma de pequenos e médios empresários trabalharem o marketing de sua empresa? “O fato de um consumidor ter mais informações que um vendedor é uma dificuldade presente no mercado atual.” De que forma um bom trabalho de marketing contribui para o desenvolvimento e consolidação de uma empresa? Daniel Do meu ponto de vista, ele é fundamental. Como entidade, na ADVB nós temos muito claro que a nossa missão é desenvolver a cultura de marketing do Rio Grande do Sul. Por isso procuramos as principais lideranças empresariais no Estado, que teoricamente dominam a maior parte das informações e da tecnologia de marketing regionalmente. Queremos saber como eles estão percebendo o marketing em suas organizações. Por isso, fomos ao encontro do nosso cliente, ao encontro do mercado, e avaliando e analisando as respostas para então realizar um plano de ação e poder propor algo novo. Tenho que olhar para o meu cliente e entender o que ele está precisando, e posteriormente desenvolver uma proposta de valor, um produto ou serviço, que possa ser diferenciado da concorrência e possa ter retorno deste cliente. Uma empresa do setor alimentício, por exemplo, o que eu posso oferecer no mercado que o mesmo irá entender como adequado? E aí partimos para as técnicas de marketing, como a formação do preço de venda e do ponto de venda. Porém, antes de utilizar essas e outras ferramentas, eu tenho que perguntar para o mercado, para o cliente, o que Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 21 Daniel O raciocínio segue tanto para as grandes empresas quanto para as pequenas. Muitas vezes, encontramos os conceitos de marketing mais estabelecidos em empreendimentos de pequeno porte que nas grandes organizações. Isso acontece porque esse empreendedor (o pequeno) nasce do seu negócio sempre com o olhar e atuação muito próximo do seu cliente, compreendendo exatamente o que este deseja, percebe. O que podemos agregar a este pequeno empreendedor? Há três disciplinas fundamentais para o marketing: gestão do produto, gestão do cliente em si e gestão de marca. Acreditamos que é fundamental direcionar todas as ações de uma organização para que construa a sua marca, que acaba tangibilizando todo o valor agregado desta cadeia de marketing. Entrevista ele valoriza e como eu consigo analisar e interpretar estas necessidades. Ferramentas como redes sociais são uma boa alternativa de marketing e publicidade de um negócio? Como aproveitá-las? Daniel Não tenho dúvidas de que é fundamental que hoje as organizações migrem e aprendam com estas ferramentas. No meu ponto de vista, mais importante que fazer publicidade nessas redes é utilizar as mesmas como fonte de informação para poder desenvolver o produto. Vem se falando em “co-criação”, e essas ferramentas permitem que nós, como empresários e executivos, venhamos a desenvolver produtos e serviços junto ao mercado consumidor, por intermédio destas redes. É bárbaro poder colocar a ideia de um produto, de um serviço, à disposição de um grupo via Facebook ou Twitter, e ter um feedback deste produto antes mesmo de concluí-lo. Isso ajuda a potencializar a ideia, pois quando o produto for lançado estará completamente adequado à necessidade, ao desejo do mercado. Penso que esta tecnologia, se por um lado dificulta o trabalho do profissional, por outro é uma grande fonte de recursos, e vai se diferenciar o profissional ou empresa que conseguir extrair maior valor desta oportunidade. Ao montar uma equipe, a que os dirigentes de marketing e vendas precisam estar mais atentos? Quais as características necessárias aos profissionais destas áreas? Daniel As características de marketing e vendas são complementares. O profissional do marketing tem que ter “A principal dificuldade para o marketing é conseguir desenhar cenários de futuro.” uma inquietação e uma capacidade de fazer perguntas, muitas vezes, diferentes do comum, do mainstream, para verificar tendências e se antecipar a movimentos. Enquanto isso, a característica do profissional de vendas é mais realizadora, que consegue entregar, tangilibilizar os resultados de forma direta nas suas vendas. Ambos precisam das duas características. Se eu fosse montar uma equipe de marketing e vendas, procuraria mesclar essas duas características: inquietação para a área de marketing, de buscar sempre o novo e, na parte de vendas, buscar a realização, a efetivação da relação com o cliente. Em que aspectos o consumidor se tornou mais exigente e por quê? Daniel Hoje, como consumidores, quando procuramos algum produto, com a internet podemos entrar na loja e fazer uma pesquisa de preço ou informações técnicas de um item a partir da nossa própria casa. É provável que o consumidor chegue na loja com mais informações que o próprio vendedor, pois ele tem que comercializar um número x de produtos, enquanto o consumidor pode acessar a raiz do desenvolvimento do produto que pelo qual busca especificamente. O fato de um consumidor ter mais informações que um vendedor é uma dificuldade presente no mercado atual. Como superar as expectativas do consumidor? 22 Daniel O que fica evidente é que o que era apenas discurso até pouco atrás, Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 hoje obrigatoriamente tem que virar prática: o consumidor não compra mais produtos, ele compra experiência. Então, a experiência se traduz em todos os instantes de contato do consumidor com o serviço, com a empresa que ele está interagindo, seja por intermédio de um site ou na loja. Em qualquer momento de prestação de serviço, o profissional e a organização precisam estar atendendo àquilo que se chama “a hora da verdade”, que é todo e qualquer contato que a organização tem com o cliente. E ao se preocupar com a experiência do consumidor, com certeza conseguiremos atender a este perfil mais exigente. Daniel A competição global está presente mesmo que o pequeno empresário não consiga perceber. Nos últimos anos, o Brasil vem se reposicionando como um grande player global, e essa conjuntura internacional catapultou o país a uma posição de absoluto destaque no comércio internacional. Ainda assim, temos pouca tecnologia para analisar essa interação do Brasil com os mercados externos, e hoje, se olharmos para o nosso segmento no Rio Grande do Sul, o calçado gaúcho, por exemplo, está sendo fortemente impactado pela exportação da China. E diria mais: não só da China. O comércio internacional é uma via de mão dupla. Sem dúvida que é um problema para nós quando um país invade nosso mercado, mas também conseguimos nos posicionar externamente, basta ver através de cases como a Gerdau e a Tramontina. E é isso que o marketing “O consumidor não compra mais produtos, ele compra experiência.” trabalha também: conseguir oportunidade. Há um estudo que comprova que a China está consumindo marcas de outros países. Se a China está competindo conosco com baixo preço, por que não podemos competir com alto valor agregado em alguns produtos, com eles? E é isso que o profissional de marketing tem que entender por este aspecto de economia global. Numa época em que os países emergentes estão ganhando mais visibilidade, de que forma o Brasil é visto como um mercado de oportunidades? Daniel No Brasil, apesar de estarmos nessa ascendência, os nossos principais produtos exportadores ainda são fundamentalmente minério e agropecuária. E os dois constituem práticas de capital intensivo, de economia extensiva e de pouco valor agregado de marca. Acredito que temos competência no Brasil, e muita no Rio Grande do Sul, inclusive, para desenvolver produtos que possam, além de exportar essas grandes potencialidades geográficas que nós temos, exportar nossas marcas. Outro grande case é a Havaianas, que teoricamente seria uma commodity, mas que conseguiu agregar valor de marca e nos posicionar no mundo todo. O tênis Olympikus, que é uma marca gaúcha, globalizada, e que consegue competir com os grandes players globais, exporta uma marca que é daqui. São estes cases que temos que destacar e utilizar como referência para construir outros, e identificar novas oportunidades. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 23 Na sua opinião, o que é a competição global e de que forma ela se aplica regionalmente? L iteratura Empreendedorismo em muitas páginas e capítulos Arejar, descansar e ler. Uma boa pedida para o período de férias em que agregar a literatura à programação resulta em aprendizado e oportunidades de se inteirar das teorias, práticas e filosofias que tangenciam a arte de administrar e gerir um negócio Q ue tal férias com sol, praia, chinelos nos pés, Philip Kotler e Tom Peters? Quem são? Autores de livros da área de Gestão que despontam no pó- dio dos mais vendidos. Estes e outros gurus do empreendedorismo podem ser excelentes companheiros de viagem. Folga não precisa ser sinônimo de ócio. Título: Marketing 3.0 – As forças que estão defi- É possível (e aconselhável) destinar umas horinhas para colocar a leitura em dia e, também, se reciclar. Une-se o útil ao agradável sem comprometer Título: Como as gigantes caem Autor: Jim Collins Editora: Elsevier Temática: Resultado de anos de pesquisa 24 nindo o novo marketing centrado no ser humano Autor: Philip Kotler Editora: Campus e estudos, este livro revela como grandes Temática: O livro mostra porque o futuro corporações falham e quais são os estágios desse do marketing está em criar produtos, serviços declínio, trazendo elementos importantes para e empresas que inspirem, incluam e reflitam os valores de seus consumidores-alvo. Saiba também reflexão. O autor aponta que, mesmo que bemsucedida, uma empresa sempre pode cair ou mesmo desaparecer por porque a maioria dos profissionais desta área está presa ao passado. completo. Saiba como evitar este tipo de situação. Título: Empreender em 100 lições Título: A sacada Autor: Jonathan Yates Autor: Norm Brodsky Editora: Editora Gente Editora: Best Business Temática: A publicação traz dicas e informações Temática: O autor defende que não há de renomados empreendedores, resultado de seu fórmulas totalmente eficazes para tornar-se conhecimento e experiência, sobre assuntos como bem-sucedido nos negócios. O fator decisivo oportunidades, motivação, novas perspectivas, é ter “a sacada”, ou seja, uma maneira instintiva desafios, dinheiro, estratégia, marketing, vendas e de pensar e agir inspirada em situações comuns sucesso. Textos sucintos e inspiradores traduzem-se em 100 lições a todos que conquistaram uma carreira prestigiada. que abrangem os principais aspectos da gestão. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Título: Uma dupla que faz acontecer Autor: José Carlos Assis Dornelas Editora: Campus Temática: A obra aborda os conceitos-chave do empreendedorismo e dos negócios por meio da história de dois jovens empreendedores que se conhecem no início do curso de graduação e decidem abrir sua própria empresa depois de uma curta experiência profissional juntos. O conteúdo traz lições de como abrir e gerir uma empresa, incluindo situações encontradas por jovens empreendedores, especialmente aqueles sem experiência anterior em negócios. Uma dupla que faz acontecer. A indicação de Getúlio Gasparotto Dadald, vendedor da seção de técnicos da Livraria Cultura do Bourbon Country, de Porto Alegre, figura como um guia de quadrinhos interessante para trabalhar com público jovem ou iniciantes no mundo dos negócios. “É ótimo como conteúdo introdutório. Sugiro sem receio!”, diz o profissional. Aprendizado contínuo E, assim, há milhares de opções. Segundo a Câmara Brasileira do Livro (CBL), cerca de 36 mil títulos são editados anualmente. Uma diversidade que permite aos empresários (veteranos ou “calouros”) viajar pelo universo das letras, decifrar e transpor para o dia a dia da empresa o pen- samento de autores clássicos e gurus contemporâneos. Eles servem como suporte para o aprendizado contínuo, que vai além dos bancos acadêmicos. É uma lição de casa tão importante para o gestor quanto frequentar cursos, workshops e feiras. O que escolher Na hora de escolher qual publicação levar para casa (ou para as férias), não vale cair nos modismos. É fato que o marketing de muitos escritores e editoras, às vezes, acaba vendendo uma ideia que não corresponde à realidade. A leitura obrigatória é aquela que realmente vai funcionar como um catalisador de aprendizado. Algo que o empreendedor poderá compartilhar com a equipe ao retornar ao trabalho! Título: A cauda longa – Do mercado de massa para o mercado de nicho Autor: Chris Anderson Editora: Campus Temática: Editor-chefe da revista Wired, o autor explorou pela primeira vez o fenômeno da Cauda Longa em um artigo que se tornou um dos mais influentes ensaios sobre negócios de nosso tempo. Usando o mundo dos filmes, dos livros e das músicas, mostrou que a internet deu origem a um novo universo. Então, cunhou o termo cauda longa, o qual, desde então, tem sido citado com destaque pela alta gerência das empresas e pelos meios de comunicação em todo o mundo. Título: Assim nasce uma empresa Autor: Vicente Sevilla Junior Editora: Brasport Temática: Neste livro, o autor apresenta a história de três pessoas que se veem diante da oportunidade de abrir sua própria empresa e, no desenrolar da trama, apresenta as pesquisas que fizeram para basear a decisão que tomarão. A obra passeia de maneira leve e descontraída por temas como: pesquisas e providências prévias, procedimento para a abertura da empresa, registros necessários para a empresa iniciar suas atividades, tributos, encargos e outros pontos importantes. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 25 os momentos de repouso. E literatura interessante não falta. Basta passar em uma livraria, escolher a melhor alternativa e arrumar um cantinho na mala para acomodar bons livros. Além de ser relaxante, ler consiste em uma fonte de alimento para a mente, já que amplia os horizontes e contribui para o desenvolvimento criativo e cognitivo. Trocando em miúdos, trata-se de um hábito vital para desbravar campos de conhecimento, com um variado cardápio de temas que permeiam inúmeros caminhos. Com didáticas estratégicas, as publicações buscam prender a atenção do leitor, apresentando informações qualificadas e design diferenciados. O setor livreiro disponibiliza inúmeras propostas inovadoras, a exemplo do livro I N F R A E S T R U T U R A Texto: Luísa Kalil Um elo PARA O FUTURO O desenvolvimento de uma região ou país é composto por diferentes etapas. Para que ele seja constante, é necessário estar atento a um 27 E stradas, portos, energia. Estes são alguns dos elementos básicos que compõem o termo infraestrutura. Na economia de um país, a infraestrutura é o elo que representa o desenvolvimento e o progresso de cada região, pois os investimentos nesse setor significam, em sua maioria, obras de custo elevado, porém fundamentais para avançar no que diz respeito à modernidade e qualidade de vida de cada cidadão. No Brasil e no Rio Grande do Sul, inúmeros são os gargalos existentes em função da carência de infraestrutura. Apesar da posse de novos representantes tanto no governo estadual quanto federal, a questão da infraestrutura vai além do início de novas gestões: é um tema em permanente discussão. No âmbito nacional, ele perpassa os ministérios de Minas e Energia, da Comunicação e do Transporte, que integram a área de infraestrutura do governo. No que diz respeito ao cenário gaúcho, a falta de infraestrutura é um tema urgente no Estado: assim como nas demais regiões brasileiras, os problemas enfrentados nas estradas e portos, por exemplo, acumulam obstáculos para setores indiretamente envolvidos, como o turismo e o comércio de bens e serviços. De acordo com o economista e consultor da Fecomércio-RS, Marcelo Portugal, a carência de infraestrutura afeta mercados como o do comércio, pois representa um gargalo para a expansão da economia regional. “O comércio se movimenta a partir do funcionamento de outros setores”, enfatiza. Para o especialista, o transporte é o setor onde essa insuficiência é sentida com mais força, e que engloba três pontos cruciais que Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 ingrediente muito importante na receita de investimentos: a infraestrutura I nfraestrutura exigem prioridade no que diz respeito ao assunto: portos, estradas e aeroportos. “Não adianta as empresas produzirem mais se não conseguem transportar sua mercadoria no tempo em que precisam”, alega. Por isso, Portugal diz que a situação é similar a um funil, pois limita a quantidade de produção que as empresas podem oferecer e, por consequência, o desenvolvimento da economia. “Estamos na ponta do país. Para nós, a falta de infraestrutura é pior que para regiões como Minas Gerais, São Paulo ou Paraná. Temos que atravessar dois estados para chegar a São Paulo, por exemplo. É uma questão muito custosa, mas isso significa que há oportunidades. Temos que ter uma atitude pragmática”, recomenda. Como solução, ele propõe uma fórmula que rendeu bons resultados nas áreas de coDudu Leal “A infraestrutura é o fator fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável de qualquer região.” Marco Antônio Kappel 28 Diretor-técnico do Sebrae-RS Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 municação e geração de energia: a associação com empresas privadas. “Isso não significa privatizar tudo”, comenta o economista. Dessa forma, a parceria públicoprivada, também conhecida como PPPs, seria o primeiro passo na aceleração do investimento em infraestrutura. Feita a associação, a próxima etapa é discutir as maneiras de concretizar os projetos. O lado do empreendedorismo Porque está vinculada (in)diretamente a diversos outros braços que compõem o desenvolvimento de uma região, a infraestrutura resulta em oportunidades quando há investimento. Entidades como a Fecomércio-RS, em parceria com órgãos regionais, estaduais e nacionais, contam com um conjunto de propostas de curto e longo prazos. As prioridades ainda estão sendo revistas, mas o acompanhamento das propostas e a captação de recursos são elementos cruciais para dar continuidade aos projetos. De acordo com o diretor-técnico do Sebrae-RS, Marco Antônio Kappel, a infraestrutura é “o fator fundamental para garantir o desenvolvimento sustentável de qualquer região”. Entre os exemplos mais lembrados, ele cita telefonia eficiente, suprimento adequado de energia elétrica, boas estradas e sistemas eficientes de transporte de cargas. “Se de um lado o desenvolvimento de uma região é fator indutor de pequenas e médias empresas, por outro, as próprias cadeias mencionadas oportunizam o concurso de pequenas e médias empresas como fornecedoras ou subcontratadas.” Ele afirma que os investimentos nesse setor são importantes para garantir um cenário econômico mais fa- vorável, em que os empreendedores possam imaginar uma “empreitada” com menores riscos. “A maioria das iniciativas na área de infraestrutura normalmente são desencadeadas por ações de governo, seja através de investimentos diretos ou de articulações ‘pesadas’ com o setor privado, como fontes de financiamento subsidiado ou tarifas reguladas.” Kappel explica que isso acontece principalmente em função do volume de investimentos envolvidos. Neste caso, o que o setor empresarial pode fazer, sugere ele, é arcar com maiores riscos na participação dessas iniciativas, o que nem sempre é possível em função da natureza intrínseca da atividade privada. nômica mais intensa, isso acaba determinando a necessidade de um Sebrae mais ativo e atuante nas suas responsabilidades frente às pequenas e micro empresas envolvidas no processo”, aponta. Desenvolvimento e competitividade A Secretaria de Desenvolvimento e Atração de Investimentos coordena o novo Sistema de Desenvolvimento do Estado, que engloba a CaixaRS, o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), o Banrisul e a Agência Gaúcha de Desenvolvimento e Promoção do Investimento (AGDI), res- O papel do Estado Para o secretário estadual de Infraestrutura e Logística, Beto Albuquerque, a infraestrutura é uma área que dialoga com o progresso ou atraso de um estado. “Isso acontece porque o crescimento econômico, quando ele acontece – e é pelo que nós lutamos –, Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 29 arquivo infraero “Se houver maiores riscos, é possível que possam existir maiores perdas numa situação de insucesso, o que, no caso, é arcado unicamente pelos acionistas da organização”, relata. O diretor-técnico lembra que uma das finalidades do Sebrae é promover o empreendedorismo, e tem como principal ferramenta a capacitação em gestão, aliada às iniciativas em inovação e desenvolvimento de mercados. “Por outro lado, os recursos que são alocados à entidade estão na relação direta do desenvolvimento do país. Neste caso, se investimentos em infraestrutura desencadeiam um desenvolvimento sustentável, traduzido então por uma atividade eco- ponsável pela articulação dos projetos de infraestrutura, sempre que relacionados à competitividade e desenvolvimento da indústria gaúcha. Por isso, tem importante papel na interação com a Secretaria da Infraestrutura do governo. De acordo com o presidente indicado da agência, Marcus Coester, as prioridades da AGDI na área de infraestrutura ainda não estão definidas, mas estarão ligadas a empreendimentos industriais, novos ou existentes. “No âmbito da indústria, um foco já definido são as novas economias como petróleo e gás, semicondutores e energias renováveis”, propõe. Para Coester, a coordenação entre diversas secretarias e órgãos governamentais é ingrediente fundamental para o fortalecimento dos investimentos em infraestrutura. “Além disso, evidentemente, recursos públicos ou privados para investimentos e uma lógica econômica que os torne viáveis”, acrescenta. À parte das lacunas nesse setor, o Rio Grande do Sul ainda encontra espaço de destaque em relação aos demais estados. “Temos vantagens naturais como na região portuária de Rio Grande e a estrutura fluvial do Estado, que pode ser aproveitada para a indústria de petróleo e naval. Também temos uma base industrial e de Recursos Humanos distinta para a estruturação de cadeias produtivas em diversos setores da indústria.” I nfraestrutura exige, evidentemente, que a logística, a infraestrutura, possa suportar esse crescimento”, diz. Albuquerque enfatiza que o Estado ainda tem muitos gargalos, a exemplo do modal rodoviário. “Temos 12 mil km de rodovias e apenas 396 são duplicados, ou seja, somos um dos estados com a menor malha rodoviária duplicada. E duplicar uma rodovia não é uma tarefa simples, nem custa pouco. Exige um grande esforço”, relata, lembrando que, apesar da cobrança dos pedágios, os gaúchos continuam a conviver com as pistas simples. Entretanto, o secretário afirma que esses mesmos gargalos já foram diagnosticados pelo governo do Estado. “Já apresentamos cartas-consulta ao BNDES, ao Banco Mundial (Bird), ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para prospectar recursos, financiabilidade, para execução de divulgação “Este é um governo determinado a enfrentar esses dilemas nos próximos quatro anos.” Beto Albuquerque 30 Secretário estadual de Infraestrutura e Logística Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 pelo menos quatro duplicações que a nosso juízo são bastante urgentes” (confira quadro na página ao lado). Dos 496 municípios gaúchos, 103 não têm acesso asfáltico. “Isso significa que, para chegar ou sair da cidade, o cidadão respira poeira ou pisa no barro. É um déficit muito grande”, lamenta Beto Albuquerque. Além do modal rodoviário, outro setor que precisa de atenção é a rede hidroviária. “Qualquer país do mundo que tivesse uma rede como a nossa estaria usando-a a pleno, e nós não estamos”, aponta o secretário, ao mencionar um projeto que será retomado: “Iremos tomar o calado da hidrovia para 20 pés e balizar a hidrovia desde Porto Alegre até Rio Grande para a navegação noturna. Essas duas medidas significam a possibilidade de o Polo Petroquímico e a Petrobras, que são os dois principiais usuários da hidrovia, duplicarem o seu volume de carga e diminuirem pela metade o tempo de viagem. Um ganho em grande escala, que tornará a hidrovia competitiva do ponto de vista econômico”. Beto Albuquerque enfatiza ainda a necessidade de melhorar a qualidade e segurança dos aeroportos regionais. No momento, apenas dois funcionam com linha regular para São Paulo: Caxias do Sul e Passo Fundo. Em função do bom desenvolvimento da indústria naval, Rio Grande é um forte candidato a realizar a conexão com o centro do país. Já os municípios de Erechim, Santa Rosa e Santo Ângelo entram na lista como importantes potenciais da aviação regional. Além disso, a secretaria está defendendo a criação de um plano de incentivo à aviação regional, que inclui a redução do ICMS do combustível de aviação no interior do Estado como forma de atrair novas empresas e estabelecer competição de voos regionais no interior. No que diz respeito aos portos, o secretário não hesita: “Precisamos dinamizar e tornar o porto da capital um porto competitivo, por isso a questão hidroviária está associada. Nenhum porto funciona se a navegação não é competitiva”. A hidrovia é um dos encargos da Copa do Mundo, pois há o objetivo de atrair navios de turismo internacional em Porto Alegre. Entre os projetos também está a dinamização do porto de Pelotas e o contínuo apoio à expansão do porto de Rio Grande, um dos 15 maiores do mundo. No setor de energia, até o final de janeiro os gaúchos haviam batido o recorde no histórico de consumo de energia no Estado: quase 5.500 Mw. “Nesse momento, podemos dizer que estamos tranquilos quanto à oferta de energia, mas a nossa tranquilidade não pode cruzar os braços.” O alerta se dá em função da fácil possibilidade de se atingirem os 6 mil Mw de consumo, seja em razão do aumento industrial ou mesmo da capacidade de mais pessoas adquirirem aparelhos como ar-condicionado. “Temos que aumentar nossa capacidade de geração, integrando os interesses da CEEE, da Companhia Riograndense de Mineração (CRM), da própria Sulgás, para aumentarmos a oferta, seja com recurso próprio ou associando-se a privados, a cooperativas de eletrificação.” O estímulo de novas políticas de biomassa e de produção de energia limpa é um trabalho que já está sendo feito pela secretaria. Arquivo dnit Atenção às estradas Saiba quais são os quatro principais trechos diagnosticados no plano de financiamento do governo: RS-118: Na região metropolitana, a grande dificuldade é diminuir a fluidez do tráfego. Outro problema grave é de caráter habitacional: cerca de 1.500 famílias moram praticamente sobre o pedaço da rodovia que liga os municípios de Sapucaia do Sul e Gravataí. Para que a duplicação seja possível, é necessário realocá-las para áreas dignas. RS-453: Trecho que liga Bento Gonçalves e Farroupilha, na serra gaúcha, é uma zona de alta intensidade industrial. RS-324: Rodovia que ultrapassa os municípios de Passo Fundo, Marau e Casca, é conhecida como “rodovia da morte”. A região agrega intensa produção agrícola, além de ser uma área industrial. RS-342: Estrada que interliga as cidades de Cruz Alta e Ijuí, tem destaque no roteiro da produção gaúcha. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 31 No caminho da solução, o secretário alerta para a agilidade na decisão. “Se ficar pensando ou debatendo muito, se perde um tempo extremamente importante.” Assim como Marcelo Portugal, ele confia nas PPs, contanto que a parceria seja exitosa para as três partes diretamente envolvidas: o poder público, a sociedade e o empreendedor. “Na nossa área, estamos de portas abertas para esse tipo de discussão. Este é um governo determinado a enfrentar esses dilemas nos próximos quatro anos e responder de forma concreta, com a duplicação de trechos muito significativos de estradas.” S aiba mais Negócios Brasil na rota das fusões O Brasil figurou como o país mais procurado para acordos de fusões e aquisições em 2010, ano em que o volume de negócios do gênero no mundo totalizou US$ 2,82 trilhões, uma alta de quase 25% em comparação com 2009. Os dados são da Dealogic, fornecedora de serviços para bancos de investimento. A mola propulsora da atividade foram as negociações envolvendo mercados de rápido crescimento e aqueles patrocinados por empresas financeiras. imagina só! gestão Consumidor mais consciente Mão no copo e outra no guidon 32 Divulgação/PedalPub Para os americanos Eric Olson e Al Boyce, só pedalar não basta. O andar de bicicleta pode agregar um item a mais: o chope. Pensando nisso, os dois empreendedores lançaram um pub sobre rodas no qual os clientes usam o veículo movido a pedais e bebem ao mesmo tempo. O negócio já circula pelas cidades de Houston, Austin, Nashville, Lawrence e Milwaukee. A expectativa é de que em 2011 vire franquia. O capital inicial investido foi de US$ 60 mil para a compra de uma carreta, um reboque, materiais de divulgação e marketing, e um seguro. A contratação do PedalPub deve ser agendada previamente pelos clientes, atendendo principalmente festas de aniversário e eventos corporativos. A engenhoca possui dez lugares (barman e motorista) e custa ao ciclista de US$ 160 a US$ 190 por hora. Só não dá para perder os freios! Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 Os assuntos referentes à sustentabilidade permeiam as relações de consumo. Uma pesquisa lançada pelos institutos Ethos e Akatu retratou a percepção que o consumidor brasileiro tem a respeito da sua responsabilidade junto ao meio ambiente. O estudo demonstra que um em cada três entrevistados é considerado “mais consciente”. Ainda se observaram variações entre classes sociais e níveis de escolaridade. O cenário geral traz o perfil de um shopper que é predominantemente da classe C, com idade entre 16 e 44 anos, e escolaridade que vai até o nível médio. Conectados ou não [ A pesquisa da Ethos e Akatu detectou os seguintes consumidores: Desconectados (49%): não veem importância no tema. Informados (33%): participam do debate sobre responsabilidade social empresarial e já mudaram algum tipo de comportamento em relação ao consumo. Interessados (11%): conhecem algo sobre o tema, mas ainda não se dispõem a mobilizar esforços para agir de acordo com o seu grau informação. Influenciadores (7%): são reconhecidos pelos outros como referência no debate. em tempo Griszka Niewiadomski/Stock.xchng Segundo estudo da MITI Inteligência, empresas de telefonia e lojas virtuais lideram as reclamações de consumidores na internet. Foram monitoradas mais de 17 mil interações, entre os dias 30 de dezembro e 3 de janeiro. Entre as principais “broncas”, destacam-se atraso nas entregas e falta de qualidade no atendimento. Em comparação aos meios tradicionais, como as páginas online do Procon e da Anatel, os sites na linha do ReclameAqui e Denuncio são menos burocráticos. “É fundamental que as empresas monitorem essas reclamações de consumidores, tanto nos canais específicos quanto nas redes sociais. Com qualificação e quantificação das informações obtidas, é possível aplicar ações de melhorias e sentir como o planejamento está se refletindo no consumidor”, afirma Elizangela Grigoletti, gerente de Inteligência e Marketing da MITI. Consumidor A vez da classe C Recente estudo da consultoria Data Popular apontou que a classe C gasta mais em moda. Segundo a pesquisa, as jovens brasileiras do respectivo nicho são vaidosas e mais independentes do que mulheres na mesma idade e de outras castas sociais. Dos ganhos mensais, 71% das entrevistadas gastam com roupas e acessórios. No segmento D e E, o percentual cai para 57%, aponta o levantamento. No Rio Grande do Sul, o movimento não é diferente. A chamada “nova classe média” do Estado, no ano passado, representou 42,28% das aquisições totais de bens de serviços, um crescimento de seis vezes se comparado com 2002, onde significava apenas 25,06%. O topo da pirâmide, ou seja, os estratos A e B, que participavam de 63,24% do mercado de consumo oito anos atrás, hoje detém 43,46% desta fatia. Nada significativo se comparado com a classe C, que cresceu praticamente seis vezes. Em 2010, todas as classes juntas consumiram R$ 147,8 bilhões. Comportamento Otimismo brasileiro A edição 2011 do International Business Report (IBR) da Grant Thornton revelou que os níveis de confiança sobre o desempenho econômico são mais altos na América Latina do que em qualquer outro lugar do mundo. A região, ressalta a pesquisa, é líder no quesito otimismo empresarial. Entre os proprietários de empresas do setor privado entrevistados, 75% se declararam otimistas quanto ao que o ano reserva. O Brasil ocupou o quinto posto em âmbito mundial, com 79%, só superado pelo Chile (com 95%), e acima da Argentina (70%) e do México (64%). A informalidade perdeu espaço para um grupo de 737.822 trabalhadores por conta própria somente em 2010 – uma resposta dos brasileiros à nova legislação que criou a figura jurídica do Empreendedor Individual e entrou em vigor em julho de 2009. Para 2011, o Sebrae Nacional espera formalizar outros 500 mil trabalhadores. “O ambiente dos pequenos negócios melhorou muito nos últimos anos, e o Empreendedor Individual é um programa importante no sentido de conferir cidadania aos trabalhadores por conta própria”, diz o presidente do Sebrae, Paulo Okamotto. Com a empresa legalizada, o empresário passa a contar com diversos benefícios, pagando, no máximo, R$ 62,10 por mês. O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) viabiliza a abertura de conta bancária e acesso a crédito com juros mais baratos, além de poder emitir nota fiscal na hora de vender para outras empresas e governo. Atualmente, há cerca de 10,3 milhões de trabalhadores que sobrevivem na economia informal no Brasil, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Desde o início da vigência da lei, os estados que mais formalizaram foram São Paulo (162 mil), Rio de Janeiro (106 mil), Minas Gerais (76 mil), Bahia (76 mil) e Rio Grande do Sul (44 mil). Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 33 Lojas virtuais lideram reclamações Mais de 800 mil EI regularizados Mais informações na edição 66 da B&S Online N a estrada Sustento às margens das rodovias gaúchas Os negócios de estrada agregam ao momento da viagem uma parada agradável, em ambientes com boa infraestrutura e produtos de qualidade. Por isso, empreender longe dos centros urbanos requer energia e profissionalismo A 34 s rodovias podem ser o caminho para o sucesso. Muitos empresários desembarcam nas chamadas BRs e RSs a fim de atender um público que não abre mão de fazer um pit-stop durante as viagens de lazer ou profissionais. E os negócios à beira da estrada estão sempre de portas abertas. Apostar neste tipo de iniciativa exige coragem para enfrentar os prós e contras, bem como peculiaridades ligadas ao posicionamento geográfico e a sazonalidade. Entretanto, para quem não tem medo de empreender, as dificuldades se transformam em oportunidades de crescer e alcançar o êxito em projetos ambientados a quilômetros dos centros urbanos. Próximo ao trecho de acesso a Cachoeira do Sul, na BR-290, o Restaurante Papagaio funciona junto ao Posto Muller. Tradicional na região, o estabelecimento é resultado da experiência de uma família que desde 1972 investe em pontos periféricos de rodovias. Clarice Schaeffer e Arthur Pedreiro conduzem Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 o restaurante, que hoje contabiliza 54 colaboradores. A clientela diversificada abrange pessoas que param com objetivo de fazer algum tipo de refeição, do café da manhã ao jantar. E aí está um dos segredos para obter êxito: disponibilizar uma gastronomia que supra as demandas do consumidor ávido por comer um simples sanduíche ou algo mais elaborado. “Oferecemos um mix de produtos que soma cerca de 50 tipos de lanche. Além da variedade, primamos pela qualidade e limpeza do ambiente”, diz Clarice. Movimento constante O vai e vem nas estradas é o aliado de peso dos comerciantes que atuam fora do âmbito municipal. Clarice ressalta que o desembarque de passageiros de ônibus e carros de passeio que atravessam a malha viária da BR é o que gera receita no Papagaio. O tráfego constante, na opinião da empresária, seria a principal vantagem. Até porque o próprio Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) determina que coletivos de longa distância parem de 15 a 30 minutos em locais predeterminados para os seus ocupantes descansarem. “Estamos a duas horas de Porto Alegre e São Gabriel. Isso acaba tornado o nosso ponto estratégico.” Jornada puxada Nem tão ao céu, nem tão ao inferno. Se por um lado existe o bônus, por outro há o ônus. Sem dúvida, movimento é bom para fazer o caixa tilintar. Contudo, no caso daqueles que optaram pelas rodovias como reduto empresarial, a muvuca acontece, principalmente, nos finais de semana e feriadões. Dias de descanso substituídos por uma intensa jornada. “Período de veraneio, por exemplo, é o mais puxado, especificamente nos sábados e domingos, em que o trabalho aumenta”, conta Giovani Teretto, sócio-proprietário da Doces Maquiné, com duas unidades na RS-030 (km 87 e km 89), próximo a Osório, e outra na BR-101 (km 91,5). A empresa, com 45 Equipe comprometida Levar para o balcão colaboradores comprometidos e com disponibilidade de tempo deve ser encarado como quesito vital na hora de realizar a seleção do corpo funcional da empresa. Afinal, enfrentar turnos que adentram a madrugada e fazer o deslocamento diário para fora da cidade requer profissionais que vistam a camiseta. “Geralmente recrutamos fun- Lúcia Simon cionários que moram na região”, enfatiza Clóvis Luís Maurer, sócio da Casa das Cucas, empresa com duas lojas na RS240, na altura da cidade de Portão. O Restaurante Papagaio, em função dos três turnos, possui transporte próprio para facilitar o ir e vir dos integrantes da equipe. “Ficamos a 30 quilômetros de Cachoeira do Sul. Contratamos pessoas do município mesmo. Para viabilizar a logísticas, precisamos investir. É uma despesa complementar, mas necessária, já que mantemos as portas abertas 24 horas”, conclui Clarice Schaeffer. Flores e espinhos Como qualquer negócio, aqueles estabelecidos na estrada apresentam pontos positivos e negativos. Confira o que o Restaurante Papagaio, a Doces Maquiné e a Casa das Cucas identificam como positivo e negativo deste tipo de empreitada. Pontos a favor Grande fluxo de pessoas. Pode-se aproveitar o movimento de turistas e passageiros tanto de ônibus quanto de carro de passeio Clientes dispostos a gastar Dá para aproveitar a exigência legal: os ônibus de longa distância precisam fazer uma parada de no mínimo 15 minutos para o passageiro descansar e realizar um lanche Em função do alto giro das mercadorias, o gestor não precisa se preocupar em perder produtos por questão de prazo de validade Pontos contra Trabalho direto nos finais de semana e feriadões, período em que há maior movimento Por estar longe dos centros urbanos, o risco de assaltos é maior e o acesso à Brigada Militar mais difícil Nem sempre é fácil dispor de infraestrutura como internet, em função dos locais serem mais retirados e com dificuldades de conexão Gasto com transporte de funcionários do centro urbano até a loja na estrada Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 35 anos de mercado, é especializada em artigos coloniais. Os pães, cucas, bolos, biscoitos e rapaduras são referência no Estado. Quem chega à loja não restringe as compras a lanches rápidos. O consumidor da Maquiné não economiza e leva produtos a mais para o seu destino final. “O fato de produzirmos alimentos artesanais conquistou o público, que aproveita para adquirir mercadorias caseiras, com um toque interiorano.” Segundo Teretto, a maior parte dos seus clientes vem das classes A e B, sendo 90% da Grande Porto Alegre. “O verão aquece o faturamento. Entretanto, posso afirmar que todas as estações são lucrativas. Basta primar pela excelência e a rapidez das operações”, complementa. C artões O consumidor diz sim ao private label Lúcia Simon Cartões que levam a bandeira da loja ou de uma operadora de crédito chegaram ao mercado para ficar. Ávido por formas facilitadas de pagamento, o cliente considera o dinheiro de plástico um diferencial na hora de decidir em qual loja efetivar suas compras O 36 dinheiro de plástico arregimentou brasileiros de diferentes segmentos sociais, figurando como um dos meios de pagamento mais interessantes para quem vende e compra. Com os Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 olhos voltados a esse nicho lucrativo, empresas do Brasil apostam no chamado private label (puro ou híbrido) para conquistar novos clientes. O mesmo pode ter uma bandeira genérica, como Visa e Mastercard, por exemplo, ou levar o nome da loja. O alcance de aplicação difere um do outro. Enquanto o primeiro funciona em todos os locais cobertos pela rede operadora, inclusive em âmbito internacional, o segundo restringe o uso às aquisições realizadas junto ao varejo detentor da marca. A variante, neste caso, é mais uma questão de abrangência do que de funcionamento. Segundo pesquisa da Partner Consultoria, atualmente uma população de 69 milhões de cartões peregrinam pelo país, movimentando cerca de R$ 17 bilhões por ano. As cifras revelam a força do pagamento eletrônico no território nacional. Sem dúvida é uma tendência que veio para ficar, considerada elemento catalisador da economia pelo fato de se sustentar no tripé conveniência, segurança e facilidade de uso no ponto de venda – três valores percebidos por lojistas e consumidores. Fora isso, a grande vantagem do private label está na sua capacidade de exer- cer o papel de agente de fidelização. Álvaro Musa, sócio-diretor da Partner Conhecimento, destaca que a adoção dessa estratégia possibilita ao comércio o domínio do cadastro de clientes, bem como viabilizar promoções, descontos e um tratamento especial à clientela. “O empreendedor tem a chance de conhecer melhor o seu público”, afirma. A senha, por favor Depois de operar a transação eletrônica, a senha é o indicativo de negócio fechado. E não são poucas as vezes em que a Quero-Quero coloca o seu sistema de TEF para funcionar. A empresa contabiliza resultados exitosos com a proposta de disponibilizar o cartão que carrega o seu nome. A companhia já possui uma carteira de clientes com quase 2 milhões de portadores da respectiva moeda, afiliando cerca de 30 mil lojistas à bandeira Verdecard. A adesão massiva evidencia a expressividade desse recurso mercadológico contemporâneo, que representa aproximadamente 60% do volume de vendas efetivadas nas lojas da própria rede e mais da metade do montante de comercialização em outros pontos varejistas da concor- Da caderneta ao cartão O private label também exerce um papel de democratização do dinheiro de plástico entre consumidores não bancarizados, sendo para muitos a primeira oportunidade de colocar um cartão no bolso. O potencial deste tipo de crédito no nicho popular cresce, inclusive preenchendo uma lacuna antes ocupada pelos velhos carnês. Em 2010, os brasileiros pertencentes à base da pirâmide social foram os que mais procuraram crédito, conforme estudo da Serasa Experian. Na faixa de renda de até R$ 500, por exemplo, a demanda subiu 46,3%, e entre R$ 500 a R$ 1 mil apresentou avanço de 15,7%. Percentuais que mostram a força dos meios eletrônicos nesse braço importante do mercado de consumo. C artões Santos, diretor administrativo, financeiro e de Relações com Investidores da Lojas Renner. Passe o cartão, ganhe qualidade Os benefícios contabilizados pela Quero Quero e pela Renner vão ao encontro do que a conjuntura endossa: o consumidor anseia por condições facilitadas para pagar suas contas. Tal argumento elucida a preferência do brasileiro por empresas que apostam nessa iniciativa. O varejo gaúcho já se adaptou à febre do dinheiro de plástico no país quando a abertura do mercado de adquirência influenciou na expansão das bandeiras regionais. Entretanto, táticas de financiamento e parcelamentos a longo prazo precisam acompanhar um bom atendimento e um mix de produ- Por um lado, o private label é bom porque... Moraes: cartão de crédito para o consumo diário tos qualificado. Paulo de Tarso Pires de Moraes, da Verde, chama a atenção para a relevância de disponibilizar cartões sem sacrificar a excelência do serviço: “O comprador quer ser bem tratado e contar com mercadorias que supram suas necessidades a preços competitivos, com acesso ao crédito”. Contribui com o processo de fidelização de clientes O futuro do plástico Otimiza o momento de pagamento das compras Apesar da pulverização por todos os lados, na opinião de especialistas do ramo, o futuro reserva menos variedades de bandeiras e mais portadores. Marino Finger, diretor da Praticard, bandeira do grupo Paquetá, acredita que os private ficarão mais restritos. “Hoje, para desenvolver um cartão próprio só convém se for um grande volume. Caso contrário, o retorno não compensa o investimento”, afirma. O executivo avalia que, para pequenas e médias empresas, o ideal é aceitar aqueles que já circulam pelo país ou Estado. “Se houver muita concentração de cartões, o consumidor vai selecionar o de maior diferencial”, complementa Finger. Oportuniza conhecer hábitos do público consumidor É uma mola propulsora de vendas É um meio de pagamento que diminui a inadimplência Inclui aqueles clientes que não têm acesso ao cartão de crédito tradicional ... por outro... Requer um investimento alto no lançamento do cartão A sua operacionalização gera custos (até 5% sobre extrato) O lojista precisa formar uma equipe qualificada para a administração e emissão de cartão A empresa precisa organizar uma infraestrutura com equipamentos do tipo PDV com Transferência Eletrônica de Fundos (TEF) e terminal com internet ou intranet 38 Arquivo Lojas Quero-Quero rência. “Criamos um cartão completo, estendendo a sua aplicação de crédito para o consumo em supermercados, farmácias, postos de combustíveis e confecções, entre outros”, observa Paulo de Tarso Pires de Moraes, diretor adjunto da Verde – Administradora de Cartões de Crédito, uma ramificação do grupo Quero Quero. No balanço da Renner, o private label também implicou saldos ascendentes, fomentando os negócios. Só no terceiro trimestre de 2010, ele foi responsável por 57% das comercializações da companhia, com um ticket médio de R$ 125,67. “Além de fluir como um importante mecanismo para fidelizar, ainda é a porta de entrada para negociações de serviços financeiros, como seguros, títulos de capitalização e empréstimos”, ressalta Adalberto Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 T rabalho Uma agenda focada na equidade social Parte da ONU, a Organização Internacional do Trabalho abre espaço para que representantes de governos, empregadores e trabalhadores participem em pé de igualdade da sua estrutura. Há mais de 50 anos a instituição tem escritório no Brasil Governo e sociedade Todos os lados são ouvidos. A organização proporciona assistência técnica e serviços aos mandantes de sua estrutura tripartite: governos, empresários e trabalhadores. Os empregadores participam por meio de seus representantes (nomeados de acordo com as entidades nacionais mais representativas) nas várias reuniões realizadas com o fim de aprovar diferentes temas. Entre os principais fóruns, destaca-se a Confederação Internacional do Trabalho. No respectivo encontro, cada país envia uma delegação constituída por membros do segmento governamental e da sociedade civil, bem como os seus conselheiros. No Brasil, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) cuida da conformação deste grupo brasileiro, inscrevendo-o junto à OIT pelos meios oficiais. Por aqui A instituição mantém representação no Brasil desde 1950. Por aqui, as ações focam quatro objetivos estratégicos, contando com o respaldo dos demais escritórios, especialmente o regional (Lima) e o central (Genebra). O braço brasileiro da OIT oferece cooperação técnica a iniciativas importantes, como o Plano Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, Fome Zero, Primeiro Emprego e diversos projetos governamentais e não governamentais de erradicação e prevenção do trabalho infantil, de combate à exploração sexual de menores e de promoção de igualdade de gênero e raça para a redução da pobreza, entre outros. Objetivos estratégicos da OIT Promover os princípios fundamentais e direitos no trabalho através de um sistema de supervisão e de aplicação de normas Fomentar melhores oportunidades de emprego e renda para mulheres e homens em condições de livre escolha, sem discriminação e com dignidade Aumentar a abrangência e a eficácia da proteção social Fortalecer o tripartismo e o diálogo social Fonte: www.oit.org.br/inst/fund/objetivos Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 39 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) pode ser encarada como uma voz a mais que ecoa em favor de uma agenda que “viabilize a continuidade do processo de globalização através de um equilíbrio entre objetivos de eficiência econômica e de equidade social”. Criada pela Conferência da Paz, após a Primeira Guerra Mundial, ela consiste em uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), cuja atribuição compreende a formulação de normas internacionais destinadas a orientar a política e a legislação dos estados membros, incluindo o Brasil. Sob os efeitos da Grande Depressão e da Segunda Guerra Mundial, no ano de 1944, a instituição adotou a Declaração da Filadélfia como anexo da sua Constituição, que serviu de modelo para a Carta das Nações Unidas e para a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Bem mais tarde, em 1998, a OIT publicou um manifesto referente aos princípios e direitos fundamentais no trabalho, reafirmando a obrigação dos seus membros em respeitá-los e torná-los realidade. S esc O esporte como ferramenta de trabalho Manter uma rotina saudável, que inclua a prática de exercícios e uma alimentação equilibrada, pode ser a chave para colher bons resultados no ambiente profissional, sem se render ao cansaço e estresse O estar geral, o que significa evitar altas doses de stress e cansaço. Para contrapor uma rotina cada vez agitada e, não raro, de intensa ansiedade, reservar um espaço para momentos de lazer, incluindo o esporte, é essencial para manter o equilíbrio na vida profissional. A coordenadora de saúde preventiva do Sesc-RS, Rosemary de Oliveira Petkowicz, afirma que a maneira de organização e logística de cada indivíduo é o primeiro passo para uma vida saudável; “Temos a tendência de permanecer na Arquivo Pessoal verão é um período que favorece a prática de esportes. Os dias mais longos e a temperatura mais amena convidam para uma partida de futebol, vôlei ou mesmo uma caminhada ao ar livre. E isso vale tanto para quem está de férias quanto para quem segue normalmente sua rotina de trabalho. No entanto, exercitar-se regularmente deve ser regra para o ano todo, não importa a estação. Isso porque a prática de exercícios contribui não apenas para manter a saúde, mas como para o bem 40 Handebol de areia é uma das modalidades que integram o Circuito Verão Sesc de Esportes Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 inércia. Por isso, é bom começar devagar, com um plano de doses pequenas, para o corpo se acostumar à rotina”, explica. Segundo Rosemary, depois de criar o hábito da prática de exercícios na rotina, fica mais fácil estar consciente sobre a importância dos mesmos para a saúde. A vantagem do verão é o fato de ele proporcionar mais motivação que nos meses de inverno, período que geralmente desanima as pessoas em função das baixas temperaturas e, assim, fica mais difícil começar. A dica é encarar a “rotina” de exercícios como um momento de lazer, algo que contribua para distrair o pensamento constantemente ligado ao trabalho e ajude a proporcionar uma boa noite de sono. “Não adianta ir à academia, por exemplo, com preocupações na mente”, salienta Rosemary. Ainda assim, ela lembra que tem de haver um mínimo de disciplina. “O exercício precisa de dia e horário para acontecer, assim o indivíduo protege esse horário também”. (CHCC), o incentivo ao esporte por parte de entidades como o Sesc é muito importante, e precisa ser prestigiado. “Incentivamos a participação de todos. A equipe é formada por atletas amadores, mas que treinam o ano todo”, comenta, lembrando que a procura de moradores e veranistas pelos benefícios do esporte tem aumentado consideravelmente. “As pessoas estão vendo que a atividade física faz bem, e a prática de exercícios é algo que promove o encontro entre amigos, o que tem valorizado muito o esporte”, salienta Cabral. Amadores profissionais Equipe Força Jovem, de Torres Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 41 As equipes que participam do Circuito Verão Sesc de Esportes são compostas por trabalhadores do comércio de bens, serviços e turismo, moradores de todas as regiões do Estado, além de veranistas que aproveitam as férias para praticar esportes. Não é necessário ser atleta profissio- João Alves/sesc-rs nal, basta apenas vontade de participar. Quem pode comprovar este fato foi Valdes Matos dos Santos, treinador da equipe Força Jovem, campeã na modalidade de futebol de areia masculino. “Procuramos manter o incentivo da equipe através de amigos e familiares, que acompanham os jogos também. Não queremos apenas um time de futebol, mas sim, que cada indivíduo retorne a sua rotina de trabalho descansado”, explica o treinador. De acordo com Gerson Cabral, treinador da equipe de handebol feminino Clube Handebol Capão da Canoa Adriano Daka/ Sectur Torres Como forma de incentivar a prática de esportes, o Sesc-RS promove anualmente o Circuito Verão Sesc de Esportes. A competição percorre o interior do Estado nos meses de janeiro e fevereiro, e a final acontece na Praia Grande, em Torres. Este ano, a última etapa está prevista para os dias 12 e 13 de março. Em 2010, mais de 2,6 mil atletas, representando 94 municípios do Rio Grande do Sul, participaram das finais do evento, que inclui modalidades como handebol de areia, vôlei de duplas, futebol de areia, futevôlei e basquete de areia. A competição é considerada uma das mais tradicionais voltadas ao esporte amador praticado na areia no Estado. S enac É o momento das capacitações técnicas A educação profissionalizante veio para ficar, ocupando uma posição alternativa para quem busca qualificação. O Senac-RS acompanha esta tendência (já consolidada) com ofertas de cursos técnicos em áreas de reconhecimento no mercado brasileiro A Lúcia Simon graduação em universidades federais e públicas por muito tempo se destacou como a vedete das opções de quem buscava alavancar a carreira. Entretanto, nos últimos anos, os cursos técnicos conquistaram espaço e despontaram como uma via alternativa para acelerar a entrada no mundo do trabalho. O custo/benefício, somado à quali- 42 Arthur Vargas pretende atuar como investidor Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 dade, atrai um público pulverizado composto por pessoas de diferentes idades e poder aquisitivo. O mercado agradece e contribui com inúmeras oportunidades. Levantamentos mostram que a educação profissionalizante caiu no gosto dos acadêmicos. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dentre os 6,5 milhões de estudantes que em 2007 ou anteriormente frequentaram cursos técnicos, a rede pública responde pela oferta de 42,4% dos mesmos. Paralelamente, o setor privado atende por 44,9% e o Sistema S, por 12,2%. Desse total, 65% dos inquiridos trabalharam na área de formação, e 59,6% consideram o conteúdo programático fundamental para a obtenção do emprego. Esta facilidade de colocação é ratificada pela coordenadora técnica do Núcleo de Educação Profissional do SenacRS, Aline Felhane Pinto. Conforme a executiva, estudos da própria entidade mostraram que 84% dos seus egressos, após um ano de diploma na mão, conseguiram se inserir no mercado. “A estrutura curricular permite qualificações técnicas intermediárias reconhecidas pelas empresas”, explica. Fôlego de sobra O percentual evidencia que não há déficit na relação demanda/oferta. A valorização por parte dos empregadores garante este sucesso ascendente e chama a atenção inclusive daqueles que já possuem uma profissão consolidada. “Entre os educandos, há uma parcela que ainda cursa o ensino médio e outra que já concluiu, inclusive com formação universitária”, enfatiza Aline. Caso do porto-alegrense Arthur Pedreira Vargas. Aos 52 anos, o engenheiro civil resolveu investir no Técnico em Transações Imobiliárias do Senac-RS e agregar outros conhecimentos às suas três décadas de experiência no ramo da engenharia. “Na verdade, o trabalho Projetos à vista O acordar para a potencialidade desta formação que une prática e teoria levou o próprio MEC a elaborar um projeto capaz de abrir mais possibilidades neste campo. O respectivo plano de ação objetiva ampliar o tempo em sala de aula, acoplando o Ensino Técnico ao Médio. Tal iniciativa cumpriria o propósito de oferecer uma profissão a quem não chega à faculdade. O aluno, por sua vez, se ocuparia de ambas as atividades em turnos inversos. As duas modalidades poderiam ser cursadas no mesmo colégio ou em instituições diferentes. Além das escolas técnicas federais, a ideia é que 500 escolas do Sistema S (Senac, Sesc e Snai) participem da empreitada. Qualidade em destaque A proposta do MEC ainda não saiu do papel. Mas o Senac-RS já está preparado para contribuir com este processo de profissionalização. A tradição em disponibilizar atividades de capacitação nos mais distintos segmentos torna a entidade uma referência; palavra de quem a conhece de perto. “Concluo o Técnico em Transação Imobiliária no mês de março. Posso fazer um balanço positivo e afirmar que a qualidade das aulas, da equipe de docentes e do conteúdo ministrado no Senac-RS é indiscutível”, afirma Arthur Pedreira Vargas. Opções oferecidas no Senac-RS O Senac-RS está com inscrições abertas para 14 opções para técnicos nas áreas de saúde, gestão, moda, comércio e informática (confira no quadro), em diferentes cidades do Rio Grande do Sul. Para 2011, são esperados 2.000 novos alunos, em cursos com uma metodologia que explora a prática e oportuniza a vivência e a problematização de casos reais. Sempre à frente das tendências, o Senac-RS já dispõe da capacitação de Transações Imobiliárias – EAD, primeiro técnico da modalidade a distância do Brasil, bem como a especialização técnica em Petróleo e Gás no Senac Rio Grande. “Esta era uma demanda daquela região, que detectamos por meio de pesquisas, pois se trata de uma atividade econômica que cresce continuamente no país”, diz Aline Pinto. Para fazer a inscrição, basta entrar em contato diretamente com a escola de interesse. Mais detalhes sobre a programação de cursos no site www.senacrs.com.br/tecnicos. Curso Técnico em Comércio Exterior Técnico em Transações Imobiliárias Técnico em Recursos Humanos Técnico em Informática Escola do Senac-RS Uruguaiana Pelotas Faculdade de Tecnologia Senac-RS (Porto Alegre) Lajeado Camaquã, Erechim, Cachoeira do Sul, Ijuí, Lajeado, Uruguaiana e Santa Maria Bento Gonçalves Ijuí e Santa Maria Técnico em Produção de Moda Canoas Técnico em Transações Imobiliárias (EAD) Técnico em Marketing Técnico Administração Especialização Técnica em Enfermagem Rio Grande e unidade Passo D’Areia do Trabalho (Porto Alegre) Especialização Técnica em Petróleo e Gás Rio Grande Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre), Técnico em Enfermagem Passo Fundo, Pelotas, Rio Grande, Uruguaiana e Bagé Técnico em Óptica Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre) Técnico em Podologia Unidade Passo D’Areia (Porto Alegre) Técnico em Segurança do Trabalho Rio Grande, Bagé e Gravataí Faculdade de Tecnologia Senac-RS Técnico em Guia de Turismo (Porto Alegre, Bento Gonçalves, Cachoeira do Sul, Lajeado e Pelotas Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 43 como corretor será esporádico. Pretendo, sim, atuar como investidor e, para entrar em um negócio, precisamos conhecer as regras”, ressalta. O perfil de Vargas retrata o rumo que habilitações do gênero tomaram e, hoje, também figuram como um caminho complementar para aqueles que desejam incrementar o currículo. “Muitos dos nossos alunos estão bem colocados, mas confiam na excelência dos cursos e especializações técnicas e decidem por eles para voltar a estudar ou dar continuidade ao aprendizado acadêmico”, assinala Aline Pinto. C omportamento Aprendendo a exercitar a mente A intensidade da rotina tem exigido cada vez mais dos profissionais a capacidade de manter a motivação e a criatividade em alta. Por isso, é importante saber buscar alternativas que contribuam para não se deixar abater, e uma delas é a ginástica para o cérebro B A psicóloga e coordenadora de Recursos Humanos Andressa Giongo afirma que, dentro de uma empresa, o aspecto da liderança está vinculado à motivação que cada gerente tem com sua equipe. “É essencial ter um trabalho próximo com cada indivíduo, mostrar que a empresa está atenta a cada um, ao seu plano de carreira, por exemplo.” Manter um ambiente aberto, em que os colaboradores Divulgação Supera uscar a motivação é um exercício constante para quem deseja trilhar um caminho de sucesso – tanto na vida profissional como na pessoal. No ambiente de trabalho, os segmentos mais diversos estão sendo submetidos aos efeitos colaterais de um fator comum: o estresse. O resultado são indíviduos pressionados pela ansiedade, o que dificulta o momento de descanso e lazer. 44 Academia cerebral ensina crianças e adultos a exercitar a mente Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 sintam que há espaço para o diálogo, é um desafio constante. “Proporcionar às pessoas a chance de serem elas mesmas e terem um ambiente flexível torna o trabalho menos ‘doloroso’ e com mais aspecto de diversão”, salienta a psicóloga. No entanto, Andressa alerta: esta é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo em que gerentes e coordenadores devem mostrar cuidado e atenção, também parte do colaborador expressar franqueza e transparência. “São ingredientes essenciais”, enfatiza. Isso significa que é importante buscar oportunidades em empresas ou organizações que tenham a ver com o perfil de cada um, no intuito de facilitar as atividades que irão compor a rotina desse ambiente. “Em uma entrevista, não só a empresa tem que saber se aquele candidato tem a ver com os valores da instituição, como também o próprio indivíduo tem que se identificar com a proposta. Desta forma, fica mais fácil fazer com que ele se sinta em casa.” Lúcia Simon pelo engenheiro aeronáutico Antonio Carlos Guarini Perpétuo, o Supera – que conta hoje com 45 unidades no país, porém ainda não chegou ao RS – possui metodologia própria, que trabalha com a inteligência cognitiva. “Já se comprovou que, com o desenvolvimento da Neurociência, para se estimular o cérebro é necessário tirá-lo da zona de conforto com três práticas: novidades, variedade e Confira algumas dicas do diretor-presidente do Supera, Antonio Carlos Guarini Perpétuo, para exercitar o cérebro: “Fazer palavras cruzadas, ler e mudar a rotina. Um exemplo de neuróbica que qualquer um pode fazer é mudar o relógio do pulso em que costuma usar para o outro, alternar o caminho que faz para o trabalho. Desta forma, você sai do ‘piloto automático’ e faz com que seu cérebro exercite estimulando a formação de novas redes de neurônios. Já se sabe que a exigência por profissionais hoje não é somente por aqueles que têm diploma e vários cursos, e sim, por aqueles que conseguem dominar sua inteligência da melhor maneira possível para solucionar problemas, ver as melhores soluções, se adequar às diferentes situações e ter qualidade de vida e bem-estar.” Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 45 Como forma de manter a motivação e o bem-estar tanto em horário de trabalho quanto nos momentos de lazer, Andressa recomenda uma alimentação equilibrada e a busca por atividades que proporcionem a diversão. Além disso, um ingrediente importante: a busca pelo autoconhecimento. “Seja através de terapia, leituras, ou também de atividades esportivas, qualquer forma de autoconhecimento contribui para o crescimento como profissional”, ressalta. Entre as alternativas de terapia, existe uma modalidade que vem crescendo em diferentes regiões do país: a ginástica cerebral. Assim como todos os outros, o cérebro também é um órgão que precisa de estímulos para que possa continuar respondendo às demandas de cada pessoa. O Supera – Ginástica para o cérebro é a primeira escola de curso livre da América Latina com a proposta de desenvolver o cérebro. Fundada em 2005 grau de dificuldade contínuo”, explica o diretor-presidente. A ginástica cerebral pode ser praticada por todas as faixas etárias: desde crianças de 4 anos até a terceira idade. Segundo Perpétuo, a procura pelo exercício se dá por diferentes motivos: “Os pais buscam para as crianças obterem melhor concentração e desenvolvimento escolar. Adolescentes, na época do vestibular, procuram para ter mais disciplina e agilidade de raciocínio. Adultos, para ter mais liderança e para concursos; e a terceira idade, para prevenir doenças típicas da idade e melhorar a autoestima”, comenta. O curso tem duração de 18 meses, mas cada aluno tem um tempo diferente. Os exercícios incluem neuróbica – aeróbica para o cérebro –, ábaco, que ensina como efetuar cálculos matemáticos utilizando apenas a mente, dinâmicas em grupo e jogos, entre outros. “É como desenvolver os músculos dos atletas para todas as competições futuras. É fortalecer o cérebro para que tenha maior velocidade e capacidade de aprendizado, tanto em matérias que exijam raciocínio lógico quanto nas que exijam memorização”, ressalta o diretor-presidente. Rosi Boninsegna/Fecomércio-RS Visão Econômica Marcelo Portugal Consultor econômico da Fecomércio-RS “O saneamento das finanças públicas gaúchas será um trabalho de vários governos e envolve ajustes de fluxos e estoques.” F inanças públicas equilibradas: 46 Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 mito ou realidade Um das realizações mais divulgadas durante o governo Yeda foi o ajuste das contas públicas estaduais. Depois de cerca de 30 anos com déficits públicos crônicos, a ex-governadora conseguiu eliminar o déficit público estadual a partir do seu segundo ano de mandato. Depois da mudança de comando no Estado, esse ajuste fiscal começou a ser questionado publicamente pelo novo governo. O argumento central é de que há um déficit de R$ 4,6 bilhões no caixa único do RS. Segundo essa linha de raciocínio, o déficit zero não seria uma realidade. Para que o importante debate sobre as finanças públicas estaduais avance, é preciso ficar atento à realidade dos fatos e deixar a disputa política em segundo plano. Em primeiro lugar, é importante diferenciar fluxos de estoques. Em segundo, cabe lembrar que, embora distintos, fluxos e estoques são relacionados. O estoque é apenas o resultado da variação dos fluxos. No caso das finanças públicas, o estoque de dívida pública aumenta ou diminui dependendo do fluxo das contas públicas. Durante o governo Yeda, o déficit público foi efetivamente zerado a partir de 2008. Isso implica que não houve necessidade adicional de elevar o endividamento público, mas o ta- manho da dívida pública não foi reduzido. Uma redução de dívida só poderia ser atingida com a obtenção de superávits fiscais. Em seu primeiro ano de mandato, a ex-governadora continuou a se endividar junto ao caixa único para cobrir o déficit público. Ela assumiu com um déficit de R$ 3,2 bilhões no caixa único e elevou esse saldo para R$ 4,6 bi. Nos três anos seguintes o saldo do caixa único ficou constante. Esse foi um passo importante na administração das finanças públicas estaduais, mas foi apenas o primeiro. O Estado ainda deve R$ 4,6 bilhões no caixa único e outros R$ 40 bi oriundos do resíduo da renegociação da dívida estadual realizada em 1995 com a União. Há ainda a dívida representada pelo nosso passivo previdenciário, que terá de ser paga por muitos anos. O saneamento das finanças públicas gaúchas será um trabalho de vários governos e envolve ajustes de fluxos e estoques. Ele avançou muito no governo Yeda com a obtenção do déficit zero, pois a dívida no caixa único parou de crescer. Que essa conquista seja mantida e ampliada pelo governo atual e todos aqueles que o sucederem. O próximo passo nesse processo de melhoria da situação das finanças públicas estaduais é a contenção do passivo previdenciário. G lossário Preocupação eficiente (e diversificada) O futuro de uma empresa depende muito do envolvimento e interesse de seus integrantes. É aí que entram em cena os stakeholders, expressão que representa os integrantes preocupados com as ações que definem o rumo de uma corporação a lista dos estrangeirismos que compõem o dicionário empresarial, o termo stakeholder chama a atenção pelo seu significado: quer dizer “a parte interessada”. Isso significa que o stakeholder pode existir na figura de um indivíduo, grupo ou entidade com interesse nas ações e no desempenho de uma determinada empresa, na qual as decisões e atuações possam comprometer direta ou indiretamente essa ou outras esferas organizacionais. De modo geral, o grupo de stakeholders de uma corporação inclui colaboradores, gestores, proprietários, fornecedores, clientes, credores, governo, sindicatos e diversas outras pessoas ou instituições que se relacionam com a empresa. Para que um empreendimento obtenha sucesso é indispensável a participação das “partes preocupadas” e, por isso, torna-se importante assegurar que as expectativas e necessidades das mesmas sejam consideradas e entendidas pelos gestores. Essas perspectivas geralmente envolvem a satisfação de necessidades, compensação financeira e conduta ética, pois cada integrante ou grupo representa um tipo de interesse no processo. Os stakeholders têm desvelo legítimo no funcionamento da empresa pelos mais variados motivos. Cada domínio defenderá seus interesses a partir das ações que cada empresa desempenha, como, por exemplo, membros de sindicatos que defendem o interesse de uma determinada classe ou ONGs ambientais na luta pelo uso de recursos naturais adequados, entre outros. As empresas devem estar conscientes de que, atualmente, a velocidade dos meios de comunicação contribui para que esses “preocupados” monitorem as atitudes das empresas e assim possam fazer reivindicações. O termo stakeholders ainda inclui diversas classificações. Para citar algumas, os “adormecidos” têm poder para impor sua vontade na organização, porém não possuem legitimidade ou urgência e assim seu poder fica em desuso, tendo ele pouca ou nenhuma interação com a empresa. Os “dependentes” são aqueles que possuem alegações com urgência e legitimidade, no entanto dependem do poder de outro stakeholder para verem suas reivindicações sendo levadas em consideração. Há também o “dominante”, que tem sua influência na empresa assegurada pelo poder e pela legitimidade, e por isso não só espera como recebe muita atenção da empresa. Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 47 N arquivo/Fecomércio-RS Visão Política Rodrigo Giacomet Cientista político do Sistema Fecomércio-RS “Ao início dos novos governos, podemos estabelecer parâmetros que ajudam a melhor compreendê-los.” 48 Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 P rimeiras impressões A primeira tarefa de um novo governante é garantir a impressão de uma marca, na forma de um plano de ação ou programa, que mostre a determinação de um governo em perseguir um certo objetivo, pelo qual espera alcançar e ser reconhecido. Foi assim com a estabilidade monetária em FHC, com o combate à pobreza no primeiro governo Lula, ou com a busca do equilíbrio financeiro das contas gaúchas, apenas para citar exemplos recentes. Mas, observando as entrelinhas do processo que compreende o período de transição, de montagem do novo governo e seus primeiros atos percebemos qual é o seu verdadeiro modus operandi, ou, em outras palavras, seu modelo de gestão. E nesse ponto, ao início dos novos governos, podemos estabelecer parâmetros que ajudam a melhor compreendê-los. No cenário nacional, Dilma Roussef diminuiu expressivamente as aparições públicas presidenciais a que estavam acostumados os brasileiros, e que transformavam o noticiário em campanha permanente. A nova presidente demonstra ocupar seu tempo com reuniões ministeriais, decisões gerenciais, e privilegia aparições de ordem técnica, não política. Diga-se de passagem, acerta quando procura fazer de sua principal diferença, com relação a Lula, um ponto positivo e uma marca pessoal. O governador Tarso Genro, que, diferentemente de Dilma, não está continuando uma gestão, também já impôs seu estilo. Atento às características peculiares da política gaúcha, que exigem esforço extra para composições, montou um secretariado de perfil predominantemente político, baseado na coalizão que se formou na Assembleia, e, ao exemplo de Lula, promoveu a criação de um conselho auxiliar para a tomada de decisão. Convidou integrantes do governo antecessor para a inauguração de obras já iniciadas, e dialoga com a oposição. Seus atos demonstram distanciamento de disputas políticas habituais, e um modelo de gestão compartilhada de decisões e responsabilidades. Isso se torna possível devido ao fato de que os dois modelos possuem alto grau de confiança na reeleição. Ambos contam com o crescimento econômico projetado para o país nos próximos anos, que elevará a renda dos brasileiros e reforçará os cofres públicos. Somando-se a esses fatos a inoperância das oposições, é possível afirmar que as condições de governabilidade são ótimas nos dois casos. Um cenário de oportunidades, não só para os eleitos, mas também para setores que demandam a formulação de políticas públicas. & Menos Bilhões em exportações O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) anunciou a meta das exportações para 2011: US$ 228 bilhões, uma previsão 13% acima do valor alcançado no ano passado Menos despesas A prefeitura de Porto Alegre economizou R$ 31 milhões na compra de materiais e contratação de serviços com a realização de pregão eletrônico Gramado em alta Leonid Streliaev Mais A Secretaria de Turismo de Gramado divulgou que a cidade gaúcha recebeu 3,4 milhões de visitantes no ano passado – aumento de 12% em relação a 2009 –, sendo 400 mil só em dezembro Falências em recuo Natal online As micro e pequenas empresas foram as que apresentaram o maior recuo de falências em 2010, na relação com 2009, contabilizando R$ 2,2 bilhões 653 em vendas de bens de consumo foi o que o e-commerce brasileiro faturou entre 15 de novembro e 24 de dezembro, de acordo com a empresa E-bit decretos, segundo a Serasa Experian O leão sorriu Em 2010, a Receita Federal arrecadou R$ 90 bilhões, valor que figura como um novo recorde histórico de recolhimento de impostos e contribuições Fora de cena ânimo econômico O FGTS injetou na economia do país R$ 74,64 bilhões, entre janeiro e novembro de 2010, conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) A iniciativa Saco é um saco, do Ministério do Meio Ambiente, soma resultados positivos, influenciando para que 5 bilhões de sacolas saíssem de cena em um ano e meio de campanha 75% do total, ou 460 mil, e o Rio Grande do Sul foi a quarta região do Brasil a concentrar aplicadores Kamil Dratwa/Stock.xchng O varejo na frente O comércio varejista foi o que mais abriu vagas com carteira assinada até novembro de 2010, com a geração de aproximadamente 412 mil novos postos, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 49 No ano passado, os homens foram a maioria dos investidores na Bovespa, com Altarriba/Stock.xchng Aposta masculina Mônica Zanon Negócios Renato Romeo Sócio-Diretor da SaleSolution e autor do livro Vendas B2B: Como negociar e vender em mercados complexos e competitivos “A falta de uma visão voltada a resultados se traduz no fracasso de muitos empreendimentos.” 50 Bens & Serviços / Fevereiro 2011 / Edição 70 S em vendas não há empresa Há uns 12 anos, quando abri minha empresa, meu irmão, que trabalhou na controladoria de grandes empresas multinacionais, me deu de presente um livro-caixa, dizendo que era para que eu controlasse as despesas e receitas da empresa. Peguei o livro, coloquei-o de lado e respondi que não iria precisar dele: se eu tivesse clientes, teria lucros. Obviamente, esta é uma postura simplista, mas a falta de uma visão voltada a resultados se traduz no fracasso de muitos empreendimentos. Se olharmos para trás, veremos que as teorias e práticas administrativas já circundaram por várias esferas, indo da qualidade ao custo e passando diversas vezes pelo marketing. Entretanto, a área de vendas sempre foi deixada em segundo plano, pensamento respaldado por mitos tais como “vender é um dom natural”, “é função apenas da experiência” ou, no caso do Brasil, depende da ginga e da capacidade de improvisação. Não concordo com isso, e em todos esses anos que venho ajudando organizações a terem um melhor desempenho em vendas, tenho provado que vendas pode ser visto como um processo, trazendo aumentos de resultados pela correção de problemas comuns que ocorrem diariamente nas empresas: descontos concedidos desnecessariamente, falta de proatividade na prospecção de novos negócios, inabilidades no gerenciamento de clientes-chave, ciclos de vendas longos demais, entre outros. Se pensarmos no aumento de lucro de uma empresa meramente pela redução dos custos, logo percebemos que o espaço para a melhoria é finito, dado que, no limite, a empresa de custo zero não existe. Contudo, quando olhamos para o componente de receitas da equação de lucros, percebemos que a estrada para a lucratividade é bem maior e os investimentos feitos neste sentido geram retornos quase que imediatos. Note que a receita de uma organização depende de algumas variáveis básicas: tamanho de cada oportunidade de vendas, taxa de sucesso no fechamento destes negócios, número de oportunidades sendo trabalhadas, taxa e frequência de descontos concedidos e também a duração do ciclo de cada venda. Se apenas as três primeiras variáveis melhorarem, digamos, em 10%, teremos um aumento mínimo de até 33% nas receitas. Parece simples, e é. Se um empreendedor tem um excelente produto, mas não tem clientes, não há empresa. Porém, se alguém tem apenas uma ideia, mas há clientes que apostam nela, teremos aí uma empresa! Pense nisso e olhe com carinho os investimentos feitos na forma que sua empresa vende.