IX ENCONTRO NACIONAL DA ECOECO Outubro de 2011 Brasília - DF - Brasil INDICADORES E POLÍTICAS AMBIENTAIS EM PAÍSES DO BRICS: UMA ANÁLISE COMPARATIVA Irina Mikhailova (UFSM) - [email protected] Professora Adjunta do Departamento de Ciências Econômicas - UFSM Indicadores e políticas ambientais em países do BRICS: uma análise comparativa Seção: E - Crescimento e Meio Ambiente. Subseção: Indicadores Ambientais Resumo: Neste trabalho, pretende-se analisar alguns índices e indicadores ambientais para os países do grupo BRICS visando avaliar o seu desempenho em relação às metas específicas de políticas ambientais. Enfatizam-se as políticas nacionais a respeito da poluição atmosférica e, mais especificamente, da mitigação das mudanças climáticas. Efetua-se uma comparação de alguns indicadores e do Índice de Performance Ambiental para os países do grupo, destacando suas vantagens e os pontos fracos no desempenho das políticas ambientais. Conclui-se que, apesar de esses países apresentarem disparidades grandes em seus perfis, eles têm interesses comuns e há uma perspectiva de cooperação maior na área de projetos ambientais, juntando seus esforços no caminho do desenvolvimento sustentável. Palavras chave: indicadores ambientais; políticas ambientais; países do BRICS Abstract: This work aims to analyze the environmental indexes and indicators for the BRICS group countries and to evaluate their performance in relation to the specific goals of environmental policies. The national policies of each country for air pollution and, especially, for climate change mitigation, have been investigated. The comparison of indicators and the Environmental Performance Index for the group countries has been done. It highlights their advantages and disadvantages of the environmental policy goals achievement. We conclude that, despite of great disparities in the countries profiles, they have the common environmental interests in the project cooperation through the jointed efforts towards the sustainable development. Key words: environmental indicators, environmental policies, BRICS countries 1. Introdução Os países do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) destacaram-se no cenário mundial pelo rápido crescimento das suas economias em desenvolvimento. Em 2001, o economista Jim O’Neill, do banco Goldman Sachs, elaborou um estudo no qual previa que Brasil, Rússia, Índia e China teriam, até 2050, maior peso econômico que o grupo dos países mais desenvolvidos de hoje e usou, primeira vez, o acrônimo BRIC para estes países. Desde que fizeram a projeção para os BRIC, em 2001, eles têm tido um crescimento econômico até um pouco melhor. O Goldman Sachs não argumenta que os BRIC se organizam em um bloco econômico ou uma associação de comércio formal, como no caso da União Européia. No entanto, os países BRIC têm procurado converter seu crescente poder econômico em uma maior influência geopolítica. Em junho de 2009, os líderes dos países BRIC realizaram sua primeira reunião, em Ekaterinburgo, Rússia, e emitiram uma declaração apelando para o estabelecimento de uma ordem mundial multipolar. Recentemente, em 2011, o Goldman Sachs reclassificou os quatro países que deixaram o status de economias emergentes e passaram a ser chamados mercados de crescimento nos relatórios da consultoria. Em abril de 2011, houve o ingresso formal da África do Sul (South Africa) no BRIC, o qual passou a ser cunhado como BRICS. Os quatro países (sem África do Sul), em conjunto, representam atualmente mais de um quarto da área terrestre do planeta e mais de 40% da população mundial. A contribuição dos países BRIC para a economia mundial é aproximadamente 15% e, para o comércio mundial, é 12%. Estima-se que atualmente esses países são responsáveis por volta de 50% do crescimento econômico mundial (Artemev, 2010). No entanto, junto com o crescente poder econômico vem aumentado o impacto negativo desses países sobre o meio ambiente. As preocupações principais são emissões de gases causadores de efeito estufa (GEE), degradação do solo resultante do agronegócio e perda da diversidade biológica. Em 2009, a China foi responsável por 16,0%, a Rússia, por 6,0%, a Índia, por 5,0%, e o Brasil, por 1,2% das emissões mundiais totais de CO2, provenientes só do setor energético (World Bank, 2009). O objetivo deste artigo é apresentar as políticas nacionais e analisar alguns índices e indicadores ambientais nos países BRICS, fazendo um comparativo e visando compreender se há uma possibilidade de integração maior dentro desse grupo de países. O questionamento é o seguinte: se o grupo, que atualmente parece apresentar poucos interesses comuns na área ambiental e disparidades grandes em seus perfis, tem a possibilidade de maior cooperação em projetos ambientais e a capacidade de juntar seus esforços no caminho ao desenvolvimento sustentável. 2. Indicadores e políticas ambientais na área da poluição atmosférica Nas últimas duas décadas, o crescimento econômico nos países BRIC foi acompanhado pelo crescente impacto negativo sobre a atmosfera. No período de 1990 a 2007, esses quatro países, juntamente, aumentaram em 1,7 vezes as emissões totais de dióxido de carbono e em 4,7 vezes as emissões de outros GEF. Em 2009, a China tornou-se o maior emissor mundial de GEE (chegando a 24% do total mundial), levando em conta todas as fontes e setores de emissões (United Nations Framework Convention on Climate Change, 2011). No período de 1990 a 2007, como se pode ver na Tabela 1, a China aumentou significativamente sua participação negativa nas emissões totais do grupo BRIC, sendo atualmente responsável por quase dois terços das emissões de CO2 e por quase mesma porcentagem das emissões de outros GEF dentro do grupo. Apesar de o Brasil e a Índia apresentarem um aumento nas emissões em números absolutos no período, suas participações nas emissões de outros GEF reduziram-se notavelmente: de 12,8 a 4,0% e 19,4 a 4,9% do total do grupo, correspondentemente. As tendências da Rússia estavam na direção oposta às da China. As emissões de dióxido de carbono diminuíram no período em números absolutos e reduziram a sua participação no total do BRIC de 35,9 até 15,3 % em 2007. Toda a redução de emissões ocorreu na Rússia na década de 90 devido à crise profunda na economia de transição e às quedas drásticas na produção industrial. No entanto, as emissões de outros GEF aumentaram na Rússia (eles quase triplicaram no período de 1990 a 2007), o que foi resultado de não preocupação dos políticos com esse tipo de emissões. A Rússia continua mantendo uma parcela significativa (quase 30%) nas emissões de outros GEF. A menor contribuição nas emissões totais do grupo BRIC é a do Brasil, dada, principalmente, a sua favorável composição da matriz energética, que conta com elevada participação (mais do que 45%) das fontes de energia renovável (hidroelétrica, energia nuclear e biocombustível). Tabela 1 - A contribuição dos países BRIC para emissões de CO2 e outros gases efeitos estufa (GEF) em 1990 e em 2007, em % * Indicadores Países BRIC total 100,0 Brasil China Índia Rússia 3,8 46,7 13,6 35,9 3,7 65,0 16,0 15,3 100,0 12,8 20,9 19,4 46,9 100,0 4,0 61,8 4,9 29,3 100,0 Emissões de CO2 em 1990 Emissões de CO2 em 2007 Emissões de outros GEE em1990 Emissões de outros GEE em 2007 * Fonte: elaboração própria a partir de dados do World Bank Devido à grande contribuição negativa dos países BRIC para as mudanças climáticas, as políticas voltadas à mitigação dos impactos negativos da poluição atmosférica vêm sendo anunciadas como prioritárias no nível nacional de todos os países do grupo, no período recente. Mas enfoques destas políticas, metas previstas e primeiros resultados estão bem distintos conforme a breve revisão exposta a seguir. Brasil. Dois terços dos GEEs emitidos pelo Brasil decorrem do desmatamento de florestas. Na esfera global, o país é responsável por metade dos 20% de GEEs emitidos por desmatamento. Várias iniciativas no combate ao desmatamento já foram anunciadas: a moratória da soja, o acordo entre supermercados e frigoríficos, a certificação da madeira, entre outros. Em setembro de 2008, o Brasil lançou o Plano Nacional sobre Mudança do Clima, cuja prioridade é a preservação da Amazônia, notadamente o aumento da fiscalização na região. Já em 2009, houve uma redução de 55% na taxa de desmatamento, cumprindo a meta do Plano, que é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA). Em 2009, o governo aprovou a Lei, que visa à regularização de propriedades na Amazônia e elaborou as propostas de alteração do Código Florestal Brasileiro. Por outro lado, o país é atualmente um dos poucos com parcela representativa (quase 46%) de fontes de energia renováveis em sua matriz energética. O etanol respondeu, em 2009, por 15,9%. As políticas de promoção contínua à produção e ao consumo de biocombustíveis, fontes energéticas renováveis consideradas limpas em termos de emissão de dióxido de carbono, têm resultados muito positivos para o Brasil. A questão energética também foi abordada pelo Plano Nacional sobre Mudança do Clima. Além de definir uma meta de aumento da participação de fontes renováveis e de energias limpas na matriz energética brasileira, ele estabelece compromissos de redução de emissões de 36,1% a 38,9% até 2020, tendo 2005 como ano de referência. No que tange à eficiência energética, destaca-se a meta de substituir dez milhões de geladeiras antigas por novos modelos até 2019. Foi proposta a criação de um fundo para a administração de recursos para empreendimentos que auxiliem na mitigação e adaptação às mudanças climáticas (ver Laloe, 2009). China. As principais fontes da poluição atmosférica são exploração de carvão e petróleo, pois 70% da energia é obtida mediante a combustão de carvão, segundo estudo da Sociedade Chinesa de Pesquisa em Energia. O país mais populoso já é o maior emissor de GEF e possui sete das dez cidades mais poluídas do mundo. Com vistas a tratar desta questão, o setor energético constituiu-se objeto de várias regulamentações nacionais. A Lei de Energia Renovável adotado em 2005 determinou metas de consumo de fontes energéticas para 2020; o 11º Plano Quinquenal de Energia visou à redução, até 2010, do consumo de energia no país em 20%, comparativamente ao nível de 2005. O país também empreendeu esforços na criação de padrões e certificações sobre veículos e edifícios, bem como de impostos sobre veículos intensivos em consumo de energia. Em 2007 foi implementado o Programa Nacional de Mudanças Climáticas (ver Cheng, 2009). No entanto, este apenas apresentou as diretrizes gerais. O 12ª Plano Quinquenal, anunciado em 2011, estabelece novas metas para a proteção ambiental e coloca a eficiência energética no centro da estratégia de desenvolvimento nacional da China. O Plano destinará US$ 600 bilhões a iniciativas de crescimento verde. As indústrias relacionadas a energia alternativa, biotecnologia, nova geração de tecnologia da informação, combustíveis alternativos para transporte e tecnologias de economia de energia são elementos apresentados como prioridade na destinação dos investimentos previstos. O novo plano também define uma meta ambiciosa de, até 2015, reduzir em 16-17% o consumo de energia e a intensidade de carbono – medida que associa emissões de carbono a desempenho econômico. Além disso, o plano visa à redução de 40-45% no consumo de energia por unidade do Produto Interno Bruto (PIB) em relação aos números registrados em 2005 (Jiabao, 2011). Também é prevista, no referido Plano, a expansão da geração de energia por meio de fontes limpas, tais como energia nuclear, hídrica, eólica e solar, assim como o aumento da produção e do acesso ao gás natural e petróleo. Se forem concretizadas todas as metas previstas da política ambiental, a China pode avançar muito no desempenho ambiental provando que o seu crescimento acelerado pode ocorrer sem prejudicar mais o meio ambiente Índia. Embora o índice de emissão per capita de CO2 na Índia é mais baixo comparativamente aos outros BRICs - 1,4 toneladas versus 1,9 no Brasil; 5,0 na China e 10,8 na Rússia (dados de 2007, World Bank) – em números absolutos suas emissões são compatíveis com as da Rússia. Por volta de 70 % do consumo de energia vêm das fontes não renováveis. Em vista disso, a Índia tem promovido projetos de reflorestamento – estratégia de “seqüestro de carbono” – e a diversificação das fontes que compõem sua matriz energética. Na última década, foram aprovadas a Lei de Conservação de Energia (2001), segundo a qual indústrias intensivas em consumo de energia devem sofrer auditoria e ser submetidas ao programa de rotulagem energética: e a Lei de Eletricidade (2003), que determina um patamar de consumo de fontes energéticas renováveis para indústrias e estabelecimentos comerciais. O Plano Nacional de Mudança do Clima, lançado em junho de 2008, acrescenta outras ações nos esforços planejamento estratégico sobre mudanças climáticas, entre os quais estão utilização da energia solar; aumento da eficiência energética; tratamento de água e agricultura sustentável. O Plano representou um avanço significativo, na medida em que constitui o primeiro esforço sistemático do governo indiano no sentido de elaborar uma estrutura política abrangente. Dada a natureza do contexto indiano, há dificuldades em estipular metas específicas para todas as áreas. No entanto, o Plano definiu metas de adaptação em algumas destas, como energia solar e reflorestamento. Ele estabeleceu o aumento da produção de energia fotovoltaica para 1.000 MW por ano e o fornecimento da mesma quantidade de energia solar. Tais objetivos dependem fortemente do apoio estrangeiro recebido. Caso tais recursos sejam insuficientes, a Índia pode considerar a alteração das metas. O Plano fixa também uma meta de reflorestamento de 6 milhões de hectares de mata degradada, bem como de expansão da cobertura vegetal de 23% para 33% do território do país. Para tal, será necessário oferecer benefícios significativos às populações locais sem que afetem a produção agrícola do país. Assim, a Índia constitui um dos poucos países em desenvolvimento que lograram reverter a tendência de desmatamento até 2020 (Nanda, 2009). Rússia. A fonte principal das emissões de GEF na Rússia é o setor energético, que representa 37% de emissões totais, e as indústrias da extração do carvão mineral, gás e petróleo (16% de totais emissões). Cabe notar a baixíssima participação (menos que 1%) da energia renovável na matriz energética nacional e baixa eficiência energética, ou seja, alto nível de consumo de energia por valor do PIB. Atualmente, este indicador supera a média mundial em 2,3 vezes e a média da União Europeia em 3,2 vezes. Dada essa situação desfavorável, a maior preocupação da política ambiental recente é com a eficiência energética. O Programa Nacional da Eficiência Energética, que foi adotado em dezembro de 2010, contem as metas da redução do consumo de energia por valor do PIB em 13,5 % até a ano de 2020 por conta das novas tecnologias mais ecológicas e um aumento gradativo, neste período, da parcela das fontes renováveis - de 1% a 4,5% - na sua matriz energética. Os 15 primeiros projetos do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo previsto no protocolo de Kioto foram aprovados só em 2010 (Programa Nacional da Eficiência Energética, em russo, Национальная программа энергетической эффективности, 2010). Em comparação com outros países BRIC essas metas parecem bem modestas. Na década passada, na Rússia foram elaboradas a Doutrina Ecológica (lançado em agosto de 2002 na véspera da Cúpula Mindial Rio+10) e a Doutrina Climática (lançada em 17 de dezembro de 2010, um dia antes do discurso do presidente russo no Encontro de Copenhague sobre Mudanças Climáticas). No entanto, os dois documentos tiveram baixo estatuto jurídico, declarações comuns e fraca relação com recursos administrativos e materiais que são necessários para a sua realização. Cabe mencionar também as pressões da elite política e econômica sobre muitas decisões e regulamentações ecológicas, a existência de conflito permanente entre o Ministério da Economia e o Ministério dos Recursos Naturais. Devido a isso, a década de 2000, na Rússia, for denominada por alguns estudiosos como década de antiambientalismo, uma década perdida no sentido do desempenho ambiental (Mastushkin, 2010). Uma nova etapa na construção do modelo de desenvolvimento sustentável e na maior inserção do país em processos e acordos internacionais pode ser marcada a partir da implementação dos Fundamentos da Política Ambiental no período até 2030. Esse documento está quase pronto para ser lançado em 2011. Espera-se que ele possuia mais alto estatuto jurídico e administrativo (Fundamentos da Política Ambiental, em russo Основы государственной экологической политики Российской Федерации, 2010). 3. Análise de outros indicadores ambientais Os países BRIC têm alto índice de apropriação de ecossistemas pela atividade humana. Por exemplo, a maior parte do território terrestre já está ocupada pela agricultura e pecuária: em 2007, esta parcela ficou por volta de 60 % na China (inclusive 42,9% representada pelas áreas de pastagens permanentes), 57% na Índia (predominantemente, ocupação pelas áreas cultivadas) e 31% no Brasil. Só na Rússia, devido as condições climáticas rigorosas, esse indicador ficou em nível baixo - 13,1% (ver dados da Tabela 2). Tabela 2 – Indicadores ambientais referentes a uso da terra dos países BRIC Indicadores Áreas protegidas (em % do total território nacional) * Áreas cultivadas (em % da área total) * Áreas de pastagens permanentes (em % da área total) * Uso de fertilizantes (kg por um há das áreas cultivadas) ** Brasil 28,9 China 14,3 Índia 4,6 Rússia 8,8 7,9 16,4 57,0 7,5 23,3 42,9 3,5 5,6 190,1 331,1 142,1 14,1 * fonte: Países at one clique. IBGE; dados ref. 2008. ** fonte: World Bank Indicators, dados ref. 2009 Note-se o alto nível de consumo de fertilizantes em todos os países (menos a Rússia), que, geralmente, leva à degradação do solo. A China aparece com o indicador 331 kg por um hectare das áreas cultivadas, que é bem mais alto do que em países desenvolvidos com forte apresentação do setor agrícola (por exemplo, os Estados Unidos têm o nível deste indicador de 171). O nível do uso de fertilizantes no Brasil é comparável com o nível de muitos países desenvolvidos, no entanto, ele supera em 3,5 vezes o nível do país vizinho: o indicador da Argentina é 55,2 kg/ha (Word Bank Indicators, 2009). O uso muito baixo de fertilizantes na Rússia deve-se às consequências da abrupta queda da sua produção resultante da reestruturação industrial. Como se visualiza na Tabela 2, o Brasil também se destaca dentro do grupo pela sua grande parcela de áreas protegidas – quase um terço de todo o território nacional, enquanto a Índia perde nesse sentido, apresentando parcela muito pequena (4,6%) das áreas protegidas devido à falta de legislação correspondente e ausência de zoneamento ambiental. Tabela 3– Indicadores ambientais referentes a biodiversidade dos países BRIC * Indicadores Número de animais mamíferos ameaçados por extinção Número de espécies de plantas superiores ameaçados por extinção GEF Índice de Benefício da Proteção da Biodiversidade Brasil 82 China 74 Índia 86 Rússia 33 382 446 246 7 100,0 66,6 39,9 34,1 * fonte: World Bank Indicators, dados ref. 2008 Na Tabela 3, mostram-se alguns indicadores referentes à biodiversidade dos países BRIC. Todos os países (menos a Rússia) têm os números preocupantes da possível perda da diversidade biológica. Entretanto, a proteção da mesma poderia trazer grandes vantagens para os países. Vale considerar o GEF (Global Environment Facility, em inglês) índice apresentado na Tabela 3, que mede o potencial de cada país em gerar o beneficio ambiental resultante da preservação da biodiversidade. O índice varia de 0 a 100 (sendo 0 nenhum potencial e 100 - o máximo potencial). Neste índice são englobados três aspectos do potencial: da própria biodiversidade disponível, do processo da sua perda e o potencial da diversidade de habitat. Todos os países BRIC estão entre as maiores biopotências do planeta. O Brasil é o único país do mundo que foi avaliado com Índice 100 devido à riquíssima diversidade biológica e aos enormes benefícios potenciais decorrentes da sua preservação. A China está na sétima posição entre todos os países do mundo, a Índia, mesmo com menor índice - 39,9, fica entre as treze maiores potências na biodiversidade do mundo e a Rússia ocupa o 15º lugar no ranking de países conforme ao Índice em questão (World Bank, 2009). 4. Índices de Performance Ambiental em países BRICS como uma das medidas de desenvolvimento sustentável Em vários estudos recentes, tentou-se revisar e sintetizar índices de desenvolvimento sustentável elaborados no mundo inteiro. O projeto “Compêndio para a Sustentabilidade” apoiado pela Fundação Getúlio Vargas, Instituto ETHOS, entre outras instituições brasileiras, traz como conteúdo 25 índices e indicadores que se encontram em processo de aplicação no exterior e no Brasil para “tentar derrubar a velha e insustentável economia, amparada pela trágica ilusão das métricas do PIB” (Compêndio de indicadores de sustentabilidade de Nações, 2008). Estes indicadores expressam as várias definições da sustentabilidade, muito vezes em sentidos amplos demais, pois levam em conta aspectos psicológicos, éticos, culturais, entre outros. De acordo com a revisão mais rígida e estreita feita por C. Bohringer e P. Jochem (2007), destacam-se 11 índices de desenvolvimento sustentável, os quais vêm sendo utilizados no debate atual em torno das políticas ambientais. Esses são o Índice do Planeta Vivo, o Índice “Pegada Ecológica”, o Índice de Desenvolvimento Humano, o Índice de Sustentabilidade Ambiental, o Índice de Performance Ambiental, o Índice de Bem Estar Sustentável, o Índice Poupança Verde, entre alguns outros. Os mesmos vêm sendo discutidos na literatura, no entanto, poucos deles foram oficializados e concretizados pelas estatísticas nacionais para que possam auxiliar os tomadores de políticas públicas. Nesta seção, apresenta-se a análise comparativa de um índice – Índice de Performance Ambiental (Environmental Performance Index - EPI) para os países BRICS (inclusive do membro recente - África do Sul - devido à disponibilidade de dados atualizados). A escolha deste índice é justificada pela sua maior apropriação (em comparação com outros índices) para avaliação das metas de políticas ambientais. O EPI é inspirado no projeto de Environmental Sustainable Index (ESI) que foi elaborado pelos pesquisadores das universidades Yale e Columbia e apresentado no Fórum Econômico Mundial. Em 2000, surgiu o ESI Piloto e, desde então, foram lançadas mais três edições - ESI 2001, ESI 2002, ESI 2005. Este índice englobou cinco dimensões, as quais foram muito dispares. A partir de 2006, dentro do mesmo projeto, vêm sendo elaborados os Índices de Performance Ambiental (Environmental Performance Index – EPI). O EPI já é o índice mais homogêneo com somente duas dimensões. Ele mede o desempenho (performance) ambiental de um país (mais especificamente, o grau de atingimento das metas de políticas ambientais) em relação à performance ideal correspondente aos padrões internacionais ou visões de consenso científico. Foram lançados o EPI Piloto 2006, o EPI 2008 e o EPI 2010. O EPI apresenta uma nova tentativa de avaliar os países em relação às metas específicas de políticas ambientais, ou seja, medir em que grau cada país está se aproximando de dois objetivos, a seguir: redução do impacto ambiental sobre a saúde humana e redução do estresse ambiental sobre os ecossistemas. Assim, tem-se dois componentes (dimensões): Impacto sobre a Saúde Humano e Vitalidade dos Ecossistemas (Impacto sobre os ecossistemas) com peso de 50% de cada dimensão. Na primeira dimensão são englobados os indicadores que medem o efeito da água e da poluição atmosférica sobre a saúde humana e a perda da qualidade de vida resultante das doenças causadas pelos fatores ambientais. Na segunda dimensão, entram os indicadores referentes às alterações climáticas, ao impacto sobre os recursos naturais produtivos e a perda da biodiversidade. O EPI varia de 0 a 100: o valor 100 corresponde à situação em que todas as metas são totalmente atingidas. Em 2010, o Índice foi gerado através de duas dimensões, 10 indicadores (componentes das dimensões) e 25 variáveis (componentes dos indicadores) para 163 países. Tabela 4– Índice de Performance Ambiental (EPI) conforme as dimensões e valor do Produto Interno Bruto per capita em 2010 para os países BRICS Dimensões EPI total: I. Impacto sobre a saúde humana II. Vitalidade dos ecossistemas Ranking do país (de 1 a 163) PIB/capita em US$ PPC África do Sul 50,8 Brasil China Índia Rússia 63,4 49,0 48,3 61,2 59,0 71,6 58,7 41,6 68,6 42,6 55,9 39,3 55,0 53,8 115 62 121 123 69 8.862 8.745 4.524 2.416 12.797 Fonte: ENVIRONMENTAL PERFORMANCE INDEX – EPI 2010 Na Tabela 4, pode-se conferir que, conforme os índices EPI, as metas de políticas ambientais dos países BRICS estão longe de serem atingidas. A melhor situação é do Brasil, o qual, junto com a Rússia, está na primeira metade da lista de 163 países. No entanto, a Índia e a China estão muito mais para baixo desta lista, ocupando 123° e 121° posição, respectivamente. A Índia tem o menor PIB per capita e o pior desempenho ambiental entre os países BRICS. Vale destacar também que a sua nota do EPI - 48,3 é menor do que a média para o grupo de países com a mesma faixa do PIB/capita e do que a média de países da mesma região geográfica. A contribuição negativa para o EPI da Índia deve-se à dimensão “Impacto sobre a saúde humana” (o pior desempenho no grupo). A China tem a menor nota de todos os países BRICS na dimensão “Vitalidade de ecossistemas”. A China e a África do Sul também apresentam as notas do EPI (49,0 e 50,8, correspondentemente) muito menores do que a média de seus grupos, enquanto os países com EPI mais altas, Brasil e Rússia, estão próximos ao desempenho médio dos seus grupos. Em seguida, analisam-se as dimensões do Índice. Na Tabela 5, visualiza-se que a ordem das posições dos países conforme as notas da dimensão “Impacto sobre a saúde humano” é a mesma do que a posição conforme o EPI total. A dimensão agrega três indicadores. A Índia tem as piores notas de dois destes indicadores, as quais medem o grau da aproximação às metas referentes aos impactos da qualidade da água e do ar sobre a população. Estas metas são as seguintes: a primeira é 100% da população com acesso a saneamento básico e água potável e a segunda meta refere-se à concentração de poluentes no ar, que não deve superar uma normativa estabelecida. A Rússia apresenta o melhor desempenho a respeito dessas duas metas. E o terceiro indicador, “incapacidade humana causada por fatores ambientais”, expressa a meta da minimização do tempo durante o qual as pessoas estão doentes devido às causas ambientais. As notas mais baixas são apresentadas pela África do Sul e Índia, o que reflete a elevada ocorrência de doenças e indisposições humanas relacionadas aos fatores ambientais. Tabela 5– Notas da dimensão “Impacto sobre a saúde humana” do EPI 2010 para países BRICS conforme aos componentes Componentes (indicadores) Impacto sobre saúde humana: 1. Acesso à água potável e saneamento básico 2. Impacto da poluição do ar 3. Incapacidade causada por fatores ambientais África do Sul 59,0 Brasil China Índia Rússia 71,6 58,7 41,6 68,6 71,0 79,3 70,0 50,1 90,1 90,0 90,1 40,0 37,5 95,9 37,4 58,5 62,3 39,4 44,1 Fonte: ENVIRONMENTAL PERFORMANCE INDEX – EPI 2010 A situação dos países BRICS no cumprimento das metas referentes aos impactos sobre os ecossistemas (dimensão “Vitalidade de ecossistemas) é visualizada na Tabela 6. As notas desta dimensão são menores do que as dimensão “Impacto sobre a saúde humana”, ou seja, as metas das políticas ambientais referentes à vitalidade dos ecossistemas estão ainda mais longe de serem atingidas. O Brasil, mais uma vez, lidera na nota dessa dimensão e na maioria de seus componentes. Especialmente, o país destaca-se no componente referente à agricultura (sua nota é 90,7). Neste componente, são abrangidas três seguintes variáveis. A primeira é a intensidade do uso de água na agricultura, e nesta variável o Brasil atingiu a nota 100, ou seja, cumpriu a meta estabelecida. A segunda variável expressa o nível do valor de subsídios concedidos para a agricultura (no caso do Brasil, a nota é 84, sendo que a nota 100 corresponde ao valor zero de subsídios). E a terceira variável reflete a existência de regulamentação adequada no que tange ao uso de pesticidas (a nota do Brasil é também alta - 91). As baixas notas da Índia e da Rússia, referentes à agricultura, foram devido à regulamentação insuficiente do uso de pesticidas e ao alto nível de subsídios para o setor agrícola. O pior desempenho do Brasil no componente “poluição do ar” (nota 39,3) deveu-se a uma das variáveis deste componente – preservação da camada de ozônio, a qual recebeu nota zero, ou seja, apresentou situação péssima em termos de impacto sobre a vitalidade de ecossistemas. Os indicadores referentes a recursos hídricos e florestais tiveram as notas mais altas ou até máximas possíveis para todos os países BRICS (ver Tabela 6). Tabela 6– Notas da dimensão “Vitalidade de ecossistemas” do EPI 2010 para os países BRICS conforme os componentes Componentes (indicadores) Vitalidade de ecossistemas Mudanças climáticas Recursos florestais Pescas África do Sul 42,6 Brasil China Índia Rússia 55,2 39,3 55,1 53,8 39,5 46,4 40,2 60,2 45,3 100,0 82,4 100,0 100,0 100,0 80,1 89,7 56,5 86,0 91,9 Agricultura 64,2 90,7 69,0 35,7 35,6 Poluição do ar 30,4 39,3 30,2 37,1 54,6 Recursos hídricos Biodiversidade e Habitat 68,1 85,6 66,0 68,4 84,5 62,4 61,3 57,2 38,7 80,3 Fonte: ENVIRONMENTAL PERFORMANCE INDEX – EPI 2010 O indicador (componente) “Mudanças climáticas” tem grande peso na dimensão “Vitalidade de ecossistemas” – 50%, ou seja, 25% no total do Índice de Performance Ambiental. Este peso foi dado ao indicador devido à importância das políticas de mitigação das mudanças climáticas no contexto geral das políticas ambientais, o que já foi destacado na seção anterior. Por isso as variáveis que compõem esse indicador merecem uma análise mais detalhada a fim de compreender as diferenças entre países no desempenho ambiental. As notas das variáveis são apresentadas na Tabela 7. Tabela 7– Notas das variáveis do componente “Mudanças climáticas” do EPI 2010 para países BRICS Variáveis Mudanças climáticas Emissões de GEE per capita Emissões de CO2 por kWh da energia produzida Emissões de GEE por PIB industrial África do Sul 39,5 Brasil China Índia Rússia 46,4 40,2 60,2 45,3 58,6 30,4 75,7 100,0 43,8 2,0 56,1 4,4 0,0 23,3 38,6 68,8 4,8 41,0 70,3 Fonte: ENVIRONMENTAL PERFORMANCE INDEX – EPI 2010 Pela primeira vez na análise, a Índia aparece (conforme os dados da Tabela 7) com nota mais alta do indicador “Mudanças Climáticas” (60,2) entre todos os países BRICS. No entanto, se se observar as variáveis deste indicador, poder-se-á ver que elas têm notas muito distantes. Assim, as emissões de GEE per capita na Índia não superam o valor normativo, por isso a variável correspondente ganhou a nota máxima – 100. Ao mesmo tempo, as emissões de CO2 por kWh da energia produzida ficam num nível muito mais alto do que o estabelecido como meta, e isso resultou na nota zero da variável correspondente. Nesta última variável, destaca-se, de novo, o Brasil (nota 56,1 é altíssima em comparação com os outros paises BRICS) devido à sua matriz energética favorável. Mas as emissões de GEE per capita no Brasil estão longe das metas das políticas ambientais, pois a maioria de GEE emitidos pelo Brasil decorre do desmatamento de florestas, conforme destacado na seção anterior. No caso da China, também percebe-se muita discrepância entre as três variáveis do indicador “Mudanças climáticas”: o país apresenta péssima imagem no que tange ao setor industrial e à produção de energia (notas 4,8 e 4,4 respectivamente), mas possui boa nota correspondente às metas das emissões de GEE per capita, o que pode ser explicado, na maior parte, pela sua enorme população. Em geral, as diferenças entre países, conforme o índice EPI, refletem as suas disparidades em perfis ambientais e, ao mesmo tempo, justificam a necessidade de esforços conjuntos para atingirem as metas das políticas ambientais. 5. Conclusão Os países BRICS, no ano de 2011, foram reclassificados como economias de mercados de crescimento nos relatórios do Goldman Sachs, deixando o status de economias emergentes. Todos os países do grupo estão entre as maiores biopotências do planeta. Eles vêm apresentando crescente poder econômico e, ao mesmo tempo, aumentado o impacto negativo sobre o meio ambiente. Tem-se a visão de que os países BRICS atualmente apresentam poucos interesses comuns devido às grandes disparidades em seus perfis. No entanto, a pesquisa efetuada revelou a preocupação crescente desses países com as políticas ambientais e a existência de alguns interesses comuns nesta área, especialmente, no que tange à poluição atmosférica e à mitigação das mudanças climáticas. Os países BRICS ultimamente vêm lançando programas e planos nacionais sobre eficiência energética e mudanças climáticas, os quais têm em comum os objetivos principais. Mas as metas estabelecidas nestes documentos são muito distintas para cada país em função das diferenças em suas matrizes energéticas e nas fontes de poluição atmosférica. Projetos ambientais multinacionais poderiam acelerar o atingimento destas metas. A análise do Índice de Performance Ambiental permitiu avaliar os países em relação às metas específicas (mas unificadas através de padrões internacionais) de políticas ambientais e medir em que grau cada país está se aproximando de dois objetivos: a redução de impacto ambiental sobre a saúde humana e a redução de estresse ambiental sobre os ecossistemas. O Brasil obteve o melhor desempenho geral no grupo BRICS no Índice geral e em seus componentes. As vantagens do país estão no grande potencial de gerar benefícios da preservação da diversidade biológica; nas fontes predominantemente renováveis da energia, na redução do impacto ambiental sobre a saúde humana e na maior sustentabilidade ambiental do setor agrícola em comparação com outros países. Em vista disso, o Brasil poderia incentivar a elaboração de alguns projetos em conjunto nestas áreas, trazendo benefícios para todos os paises BRICS. Afirma-se, geralmente, que um bom desempenho no nível de desenvolvimento socioeconômico não garante o mesmo nível da sustentabilidade e performance ambiental. No entanto, os países BRICS demonstraram certa relação positiva entre índices e indicadores ambientais e o PIB per capita, o que provou a maior importância dos fatores socioeconômicos para a eficiência das políticas ambientais em países em desenvolvimento, comparando-se com os países desenvolvidos. Concluindo a análise, acredita-se que a cooperação multilateral dos países BRICS em vários projetos ambientais, aproveitando as vantagens de cada país do grupo, tem perspectivas de se fortalecer se for colocada entre as prioridades das políticas nacionais. Referências bibliográficas ARTEMEV, M. Cooperação de países BRIC: a importância para Rússia. (em russo: Сотрудничество со странами БРИК жизненно важно для нашей страны). Em: Política Nova. Abril, 2010. Disponível em: < http://www.novopol.ru>. Acesso em 19 de março de 2011. 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