Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí 22 a 26 de Outubro de 2013 Naviraí/MS - Brasil www.uems.br/navirai Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul - Unidade de Naviraí 85 Biscoitos Elaborados com Diferentes Frações de Farinha de Casca de Maracujá e Banana Verde Eliane F. Souza1, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva2. Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul – Unidade de Naviraí Rua Emílio Mascoli, 275 – Naviraí/MS. CEP 79.950-000. Fone: (67) 3924-4300. 1 [email protected], [email protected] Palavras-chave: Análise Sensorial, Sorvete, Macaúba. INTRODUÇÃO Devido a uma postura mais consciente em relação à saúde tem-se observado uma mudança mundial no perfil do consumidor que está mais atento aos benefícios produzidos por alimentos com teor reduzido de gorduras, açúcares e com adição de fibras e proteínas (Lupatini, 2011). Estudos demonstram a utilidade terapêutica das fibras alimentares na redução da concentração de glicose no sangue e na necessidade de insulina em pacientes diabéticos (VAHOUNY, 1982). Uma das fibras de grande importância pode ser encontrada no extrato seco da casca da banana Passiflora sp. Este tipo de fibra exerce uma ação positiva sobre o controle glicêmico no tratamento do Diabetes mellitus (DM) tipo II, muito provavelmente devido a presença de um alto teor de pectina na casca da fruta. A pectina é uma fibra solúvel e totalmente degradável no organismo que ajuda a diminuir a taxa de glicose e colesterol no sangue (JANEBRO, 2008; RAMOS, 2007). A banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas no mundo e sua farinha é rica em amido resistente, que reduz a carga glicêmica da refeição evitando picos de açúcar no sangue e o aumento da produção de insulina (hormônio que esta associado ao estoque de gordura), além de alimentar as bactérias do bem e o intestino funciona melhor (BOA FORMA, 2013). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. 86 Os biscoitos são bem aceitos e consumidos no Brasil por todas as faixas etárias, principalmente por serem produtos prontos para consumo (ready-to-eat). São bastante estáveis e possuem longo tempo de vida útil se devidamente embalados (GUTKOSKI, 2003). Assim, o objetivo deste trabalho foi elaborar biscoitos com a adição de farinhas de casca de maracujá e de banana verde e realizar análise sensorial e físico-química para certificação da aceitação do produto e características funcionais. MATERIAIS E MÉTODOS Os ingredientes utilizados na elaboração dos biscoitos foram adquiridos no município de Naviraí MS, e transportados para o Laboratório de Processamento de Alimentos da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. As formulações de biscoitos foram elaboradas conforme demonstra a Tabela 1. Os biscoitos foram produzidos seguindo todas as normas de qualidade estabelecidas para produção de alimentos, a temperatura do local foi de 23°C de acordo com a temperatura ambiente. Com o leite, a gema, o açúcar, o suco de maracujá e a gordura foi feito um creme no qual adicionou-se em seguida os ingredientes secos. Os biscoitos elaborados foram levados ao forno elétrico por 30 minutos em temperatura de 180°C e após o resfriamento foi feita a análise sensorial com 50 provadores não treinados. As amostras foram servidas em blocos completos utilizando o teste afetivo com escala hedônica estruturada de nove pontos para a avaliação dos atributos: sabor, textura, aparência, cor e intenção de compra. Os resultados obtidos foram verificados estatisticamente pela média em nível de significância a 5% de probabilidade (teste de Tukey). As análises de umidade e de cinzas foram feitas segundo normas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 1985). Tabela 1. Formulações dos biscoitos adicionados de farinhas de casca maracujá e de banana verde. Ingredientes Farinha de Trigo Amido de Milho Farinha de Casca de Maracujá Farinha de Banana Verde Fermento Químico em pó Açúcar Gordura Gemas Leite Integral Suco de Maracujá Total BFPA 30 20 0,5 15 17 5 10 2,5 100 Formulações (%) BFMB 15 20 7,5 7,5 0,5 15 17 5 10 2,5 100 BFMA 17,5 20 12,5 0,5 15 17 5 10 2,5 100 (BPAD) Biscoito Padrão; (BFMB) Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; (BFMA) Biscoito com farinha de Maracujá. Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. 87 RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos com as análises de cinzas e umidade foram transformados em média e desvio padrão conforme a Tabela 2, os mesmos demonstraram que a formulação padrão obteve melhores resultados quando comparada com as outras duas. Em relação aos resultados de umidade, a formulação padrão (BPAD) e a formulação com as duas farinhas (BFMB) obtiveram os melhores resultados. Os resultados da análise sensorial foram transformados em médias e desvio padrão para os atributos: sabor, textura, aparência e cor (Tabela 3). Os mesmos demonstraram que a formulação padrão obteve o melhor desempenho de todos os atributos avaliados quando comparado com as outras formulações. Tabela 2. Parâmetros estatísticos das análises físico-químicas de cinzas e umidade. Amostra BPAD BFMB BFMA Cinzas 0,63 ± 0,02ª 1,16 ± 0,00 b 1,05 ± 0,05 b Umidade 2,66 ± 0,20ª 2,57 ± 0,03ª ª 3,46 ± 0,04 b b BPAD: Biscoito Padrão; BFMB: Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; BFMA: Biscoito com farinha de Maracujá. Análises Tabela 3: Parâmetros estatísticos da avaliação sensorial das formulações de biscoitos. Amostra Atributos Avaliados BPAD BFMB a 7,58 ± 1,19 BFMA b 7,62 ± 1,39 b Aparência 8,18 ± 1,02 Sabor 8,16 ± 1,03 a 6,82 ± 1,68 b 7,16 ± 1,29 b Textura 8,06 ± 1,03 a 7,18 ± 1,36 b 7,52 ± 1,28 b Cor 8,36 ± 0,96 a 7,14 ± 1,52 b 7,66 ± 1,47 b (a) Médias com letras iguais na mesma linha não diferem significativamente entre si pelo teste de Tukey (p<0,05). BPAD: Biscoito Padrão; BFMB: Biscoito com Farinha de Maracujá e farinha de Banana; BFMA: Biscoito com farinha de Maracujá. Dentre as formulações avaliadas, a formulação padrão (BFPA) foi a que apresentou a maior intenção de compra (94%) conforme figura 2, quando comparada com a formulação acrescida de farinha de casca de maracujá (BFMB 54%) e a formulação com farinha de casca de maracujá (BFMA 68%). Os resultados expressos pelo índice de aceitação (Figura 4), demonstraram que para os quesitos aparência, sabor, textura e cor todas as formulações foram aceitas, pois os valores obtidos superaram o mínimo de 70% requerido como norma para a aceitação segundo Santana & Oliveira (2005). Já a ordem de preferência demonstrou que 78% dos provadores preferem a formulação padrão, 16% a formulação com a farinha da casca do maracujá e somente 6% a formulação com as duas farinhas (Figura 3). Anais da 3ª Jornada Científica da UEMS/Naviraí - Naviraí/MS-Brasil, 22 a 26 de Outubro de 2013 Eliane F. Souza, Maria C. E. Paes, Ryta K. Almino, André R. Silva. Anais 3JCN (2013) pp 85-88. a) b) 88 c) Figura 2. Intenção de compra (a) e ordem de preferência (b) e índice de aceitação das características das formulações de biscoito, conforme Tabela 3. CONCLUSÕES Conclui-se pelos resultados obtidos que a elaboração de biscoitos com adição de farinha de casca de maracujá e farinha de banana verde obteve excelentes resultados perante os julgadores e as análises foram satisfatórias tornando este processo uma alternativa comercial viável de subprodutos mais saudáveis. AGRADECIMENTOS A coordenação do Curso de Tecnologia em Alimentos da UEMS/Naviraí, pelo incentivo e apoio para o desenvolvimento desta pesquisa. REFERÊNCIAS GUTKOSKI, L. C.; NODARI, M. L.; JACOBSEN NETO, R. Avaliação de farinhas de trigos cultivados no Rio Grande do Sul na produção de biscoitos. Ciênc. Tecnol. Aliment., v.23, p.91, 2003. JANEBRO, D. I.; QUEIROZ, M. S. R.; RAMOS, A. T.; SABAA-SRUR, A. U. O.; CUNHA, M. A. A. L.; DINIZ, M. F. F. M. Efeito da farinha da casca do maracujá-amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa Deg.) nos níveis glicêmicos e lipídicos de pacientes diabéticos tipo 2. Rev Bras Farmacogn, v. 18, suppl., p.724–732, 2008. LAUFENBERG, G.; KUNZ, B.; NYSTROEM, M. Transformation of vegetable waste into value added products: (A) the upgrading concept; (B) practical implementations. Bioresour Technol, v. 87, p. 167–198, 2003. LUPATINI, A. L; FUDO, R. M; MESOMO, M. C; CONCEIÇÃO, W. A. S; COUTINHO, M. R. Desenvolvimento de biscoitos com farinha de casca de maracujá-amarelo e okara. Revista Ciências Exatas e Naturais, vol.13, n 3, 2011. RAMOS, A. T.; CUNHA, M. A. L.; SABAA-SRUR, A. U. O.; PIRES, V. C. F.; CARDOSO, A. A.; DINIZ, M. F. M.; MEDEIROS, C. C. M. Uso de Passiflora edulis f. flavicarpa na redução do colesterol. Rev Bras Farmacogn, v.17, n. 4, p. 592–597, 2007. SANTANA, A. F; OLIVEIRA, L. F. Aproveitamento da casca de melancia (Curcubita citrullus, Shrad) na produção artesanal de doces alternativos. Alimentos e Nutrição, v.16, n.4, p.363-368, 2005. VAHOUNY, G. V. Conclusions and recommendations of the symposium on dietary fibers in health and disease. Am J Clin Nutr, v. 35, p. 152–156, 1982. 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