COQUETEL USADO EM BALADAS Monique Aparecida de Alvarenga Um coquetel, formado por três substâncias, está sendo utilizado em festas particulares e baladas. Esse é composto por ecstasy, qualquer um dos anti-retrovirais e um fármaco contra impotência. Cada um deles tem seus riscos quando usados separadamente, mas a associação gera potencialização dos efeitos e conseqüentemente dos riscos, podendo levar ao óbito. 1 Jovens estão utilizando esse kit já prevendo que irão perder o controle e ter relações sexuais sem o uso de preservativo, e acreditam que com tal prática estarão protegidos de uma infecção pelo vírus HIV. O que eles não sabem é que o anti-retroviral não é totalmente eficaz, nem quando em prescrições médicas na profilaxia, em que a droga é usada por 30 dias e, muito menos pelo uso por um só dia. Além de não prevenir contra o HIV, o risco de infecções como sífilis, hepatite B e C e outras patologias sexualmente transmissíveis continuam. 2 Os avanços farmacológicos não deveriam dar à população a sensação de que tomar anti-retrovirais é a cura, pois os infectados irão usar esses medicamentos por toda a vida. Esses apresentam efeitos colaterais graves, como diabetes, aumento do colesterol, triglicerídeos, aumento de seis vezes o risco de doenças cardíacas, alterações na distribuição da gordura no corpo, podendo ocasionar lipodistrofia. 2 Segundo Artur Timerman, infectologista do Hospital Albert Einstein, em São Paulo, a mistura usada nas baladas tem grande prejuízo para o coração e muitos efeitos colaterais que não foram mensurados ainda. Além disso, o uso do anti-retroviral acarreta resistência prejudicando não só quem o ingeriu, mas também a população em geral, o primeiro pelo medicamento não fazer efeito caso ele precise, e o segundo pelo surgimento de cepas cada vez mais resistentes, gerando um problema de saúde pública. O mesmo infectologista diz também que a juventude não está preocupada com a infecção pelo HIV, pois não presenciaram as suas drásticas consequências da AIDS na década de 80. 2,3,4 É de grande importância ressaltar que não há nada que substitua o preservativo, que é o método mais eficaz e seguro existente. Além da discussão em relação aos anti-retrovirais, o ecstasy que é um derivado da anfetamina tem alta toxicidade podendo gerar disritmia, miocardiopatia, hipertensão, miocardite viral, prolongamento da onda QT, diaforese, midríase, perturbação psicomotora, broncoespasmos agudos, reações alérgicas, hipertermia maligna, convulsões, coagulação intravascular disseminada, rabdomiólise e insuficiência renal aguda ou hepatotoxicidade e morte por overdose. 2,5 Outro sintoma importante do ecstasy, em especial usado no coquetel, é a hipertermia que é acarretada pela associação da droga com exercícios físicos excessivos, ingestão inadequada de líquidos e os efeitos euforizantes que aumentam com músicas repetitivas e aglomeração de pessoas. A hipertermia pode levar ao aparecimento rabdomiólise, coagulação intravascular disseminada e falência múltipla de órgãos. Como o sistema nervoso central é o alvo principal dessa droga, os usuários geralmente desenvolvem reações de pânico e ansiedade.5 O terceiro componente do coquetel, fármaco conta impotência, geralmente é o Viagra e este possui efeitos colaterais como dores de cabeça, rubor facial, dor de estômago e congestão nasal, isso em pessoas com disfunção erétil, sendo que esse fármaco não é indicado para quem não possui tal patologia, sendo os efeitos colaterais podendo ser mais severos nesse caso. 6 Em 2008, realizou-se um trabalho em São Francisco – Estados Unidos com o objetivo de tentar mapear o uso da mistura. Houve coleta de dados em proximidades de bares e em clínicas. Os resultados demonstram que 18% dos entrevistados já tinham ouvido falar no coquetel, valor que caiu para 2% quando a pergunta era se uma pessoa conhecida já havia utilizado. Somente 0,12% dos entrevistados admitiram ter usado. 4 BIBLIOGRAFIA 1. SOUZA, Cláudio Santos. Nova combinação de drogas ganha as baladas brasileiras. 24/jul/2009. Disponível em: http://www.soropositivo.org/noticias-doano-de-2009/4510-nova-combinacao-de-drogas-ganha-as-baladasbrasileiras.html. Acesso em 6/11/2009. 2. Kit pré-exposição é uma ameaça grave, alerta o infectologista Juvencio Furtado sobre uso de anti-retrovirais para evitar infecção do HIV. Disponível em: http://www.aids.org.br/default.asp?site_Acao=mostraPagina&paginaId=56&mN oti_Acao=mostraNoticia¬iciaId=206. Acesso em 6/11/2009. 3. SOCEDADE BRASILEIRA DE INFECTOLOGIA. Anti-retrovirais estão sendo usados para evitar a infecção pelo HIV após relações desprotegidas. 26/FEV/2008. Disponível em: http://www.infectologia.org.br/default.asp?site_Acao=MostraPagina&paginaId=1 34&mNoti_Acao=mostraNoticia¬iciaId=1229. Acesso em 6/11/2009. 4. A balada do coquetel. Revista da Semana. Editora Abril. 03/mar/2008. Disponível em: http://revistadasemana.abril.com.br/edicoes/26/saude/materia_saude_271709.s html. Acesso em 6/11/2009. 5. XAVIER, Caroline Addison Carvalho et al . Êxtase (MDMA): efeitos farmacológicos e tóxicos, mecanismo de ação e abordagem clínica. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, v. 35, n. 3, 2008 . 6. VIAGRA. Disponível em: http://saude.hsw.uol.com.br/viagra5.htm. Acesso em : 12/09/2009.