PROJETO UNIVERSIDADE ABERTA 2011 “Trabalhas sem alegria para um mundo caduco” Carlos Drumond de Andrade 1. IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO Realização do 6º ano do Projeto Universidade Aberta, com o título Faces do trabalho: conhecimento, cultura e saúde em razão da pertinência da discussão dos autores com a relevância sócio-cultural. Este projeto será realizado pela USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul. 2. APRESENTAÇÃO CONCEITUAL A proposta do projeto diz respeito a discussão central do trabalho e a emergência de uma cultura gerada pelas mudanças no mundo do trabalho globalizado. Uma nova solução, um novo software ou uma peça inovadora era sinônimo e garantia de vantagem competitiva para o mundo do trabalho. Porém, no instante em que as empresas se deram conta de que inovar não se restringia ao elemento técnico, mas também se relacionava à organização, as relações intra e interpessoais, o conhecimento passou a maximizar a vantagem competitiva do mundo do trabalho e ao mesmo, em que se instalam novos desafios do campo do direito e da saúde advindos das necessidades de repensar as novas relações de trabalho. As inovações tecnológicas pareciam facilmente reproduzíveis, por ser um produto comum a todos, mas, na verdade, não eram algo tão acessível assim, como apregoavam os defensores da sociedade moderna. Tornou-se importante considerar que as novas tecnologias não se reduzem a máquinas, equipamentos e processos, mas incorporam de forma essencial aqueles que as operam – as pessoas envolvidas com o trabalho. Isto significa que o status das empresas em termos competitivos e de valor de mercado é resultado de um conjunto de variáveis, entre elas, o conhecimento como ativo intangível das relações capitalistas. Estas mudanças modificam o protótipo do homem da modernidade, perseguindo objetivos construídos por uma sociedade que valoriza o trabalho como parte indissociável da construção do humano. Estes elementos descortinam um cenário de construção de uma nova ciência formatada na evolução de uma nova economia. Em primeiro lugar, a nova economia deve estar contextualizada pela transição do capitalismo de base industrial para uma forma de capitalismo classificada como “imaterial”, no qual o conhecimento é a principal força produtiva. Os produtos da atividade do trabalho passam a ter como medida a quantidade de conhecimento utilizado para a sua produção. É o conhecimento e não o trabalho que se cristaliza no produto. O valor de troca tem o conhecimento como principal elemento, pois é ele que determina o valor dos produtos. Essa nova versão do capitalismo desloca a produção industrial para a periferia do sistema e coloca em seu lugar o chamado setor de serviços e com ele as relações humanas inerentes das práticas do trabalho. A produção capitalista faz-se presente, mas o trabalho característico desse setor evidencia muito mais um esforço intelectualcognitivo do que propriamente físico. São nestes dois pressupostos que a nova economia vem se moldando e assegurando a manutenção de transferência e ampliação da riqueza mundial. Neste contexto, a saúde do trabalhador, o direito ao trabalho e pelo trabalho retrata esta realidade e com esta proposta devemos pensar as relações sociais que emergem deste contexto universitário e a abertura para a discussão do mundo do trabalho e a preocupação com os novos trabalhadores – jovens – recém escolarizados no ensino médio, bem como no universitário. Dando continuidade ao Programa PROEDUC da Universidade Municipal de São Caetano do Sul, apresenta o projeto “Faces do trabalho: conhecimento, cultura e saúde ", a realizar-se entre os dias 13 a 17 de Setembro de 2011. OS EIXOS TEMÁTICOS A partir da elaboração do tema e de sua abordagem via a temática do trabalho foram considerados alguns olhares; deles todos se chegou a dois, estruturados de forma a contemplar -na medida do possível- as reflexões, os questionamentos e as propostas surgidas no âmbito do Grupo de Trabalho formado por representantes das escolas da USCS. São eles: I – Trabalho, cultura e conhecimento; No primeiro, buscou-se apresentar a cultura do trabalho e sua importância na vida de cada um, seja ele trabalhador empregado ou não, por outro lado a forma complexa e ampla que requer a terminação cultura e o impacto na formação na vida do trabalhador. O ensaísta José Paulo Paes dizia que “Educação é tudo que se ensina e a cultura é tudo que se aprende” a partir desta proposição o eixo é estruturado a refletir os seus desdobramentos e impactos nas relações de trabalho, dentro ou fora do ambiente produtivo. Pensado na pós modernidade que concerne o pós-fordismo, o conhecimento é o aspecto central na produção do valor integrante da Nova Economia. Baseada na evolução tecnológica, a moeda de troca das relações do trabalho não se restringe somente na força de trabalho, mas a sofisticação que a tecnologia proporciona na manutenção da acumulação produtiva que fornece os elementos distributivos e/ou acumulativos das relações de uma economia de mercado. II – Trabalho, direito e saúde “a saúde é direito de todos e dever do Estado [...] o empregado tem direito à redução dos riscos inerentes ao trabalho por meio de normas de saúde higiene e segurança” (Constituição da Republica de 1988) O desafio dessa discussão enfrenta as questões que perpassam nosso cotidiano de forma aguda, ou seja, o trabalho como direito e a sua relação com a qualidade de vida do trabalhador. O trabalho no Brasil passou por diversas fases de desenvolvimento, tanto na execução como no tratamento jurídico. Na sociedade pré-industrial o trabalho era predominantemente escravo, assim como era na sociedade romana, que tinha o escravo como sendo um bem de seu proprietário e não como sujeito de direitos e deveres. Nessa fase, inexistia legislação de proteção a esses trabalhadores, havendo apenas para seus proprietários em relação a eles. Ainda como herança da colonização portuguesa, que deixou o legado do direito romano em nossa legislação, o trabalho rural passou a ser executado em grande parte pelas servidões, que mantinham esses trabalhadores presos às glebas dos donos feudais, continuando sem qualquer proteção legal à saúde, trabalho, lazer e outros. Essa etapa do desenvolvimento do trabalho no Brasil é marcada com o surgimento das corporações de ofício, o trabalhador conquistou certo grau de liberdade, mas ainda com uma relação fortemente autoritária, visando, sobretudo, interesses próprios e não dos trabalhadores que eram divididos em três categorias – mestres, companheiros e aprendizes. A sociedade industrial marca o surgimento do trabalho assalariado e, com isso, a proteção legal ao trabalhador, que decorreu de movimentos operários originados por imigrantes que aqui trabalhavam passando a reivindicar condições justas de trabalho, responsáveis pela constante evolução do direito dos trabalhadores, até se chegar ao reconhecimento constitucional de direito social. A Constituição Federal de 1988, dentre os direitos e garantias fundamentais do cidadão, consagra em seu artigo 6º os direitos à saúde e ao trabalho como direitos sociais, dando status de proteção constitucional a essa relação indissociável, não se limitando apenas a essa proteção. O art. 7º, XXII, garante aos trabalhadores urbanos e rurais a redução de riscos por meio de normas de saúde, higiene e segurança. O direito moderno deve se preocupar não só com eventuais reparações, mas, sobretudo com a prevenção por meio de fiscalização constante com o objetivo de que os danos à saúde do trabalhador não aconteça. Desta maneira tanto a saúde como higiene e segurança, são elementos assegurados por direito, não é de cunho alternativo, mas sim obrigatório e o empregador deve procurar reduzir os riscos nocivos ao empregado e/ou funcionário. Danos morais no trabalho e a saúde mental (depressão, competitividade, assédio, entre outros), são preocupações modernas e não podem deixar de ser levadas em consideração nos diversos ambientes de trabalho para a formação humana do trabalhador saudável e consciente. Nesta proposta, a discussão com os jovens e universitários mostra-se oportuno, pertinente e importante por seu caráter profissional, formador e esclarecedor perante a carreira escolhida. 3. JUSTIFICATIVA DA PROPOSTA A Universidade Municipal de São Caetano do Sul, USCS, por meio do PROEDUC – Programa de Integração Universidade-Educação Básica realizará neste ano de 2011 mais um evento Universidade Aberta, voltado aos estudantes do ensino básico, professores, familiares e comunidade que enfocará os estudos sobre o trabalho e os seus desdobramentos. A proposta surge a partir de determinadas inquietações sobre as mais diversas e distorcidas faces das relações de trabalho. O trabalho é fundamental na construção de cada sujeito em uma perspectiva sócio-histórica e por isso, através dos tempos, tornase fundamental rediscutir as formas de articulação do trabalho com a cultura e o conhecimento e o direito e a saúde na formação dos jovens profissionais. 4. OBJETIVOS 4.1. Objetivo geral Abrir as portas da Universidade Municipal de São Caetano do Sul para os estudantes, professores, familiares e comunidade promovendo e multiplicando o conhecimento científico, cultural e social no Grande ABC por meio da temática do trabalho e suas articulações nas efemérides. 4.2 Objetivos específicos 4.2.1 Identificar as escolas do ensino médio, públicas e privadas, localizadas na Região do Grande ABC e entorno perfiladas ao posicionamento da Universidade para o desenvolvimento, a integração das atividades sócio-culturais na comunidade; 4.2.2 Mapear os substratos para a inovação e a criação do conhecimento por meio de conteúdos e práticas escolares formais e não formais, incentivando junto aos protagonistas educacionais (estudantes, professores, familiares, gestores e comunidade) o exercício da cidadania; 4.2.3 Orientar para o desenvolvimento pessoal (estudantes e demais interessados) e profissional (professores e educadores) por meio dos encontros culturais, palestras, colóquio e oficinas (vide programação para 2011). 4.2.4 Incentivar a integração da comunidade aos diversos programas e atividades oferecidos pela USCS por meio da Pró-reitoria de Extensão e seu entorno.