Insuficiência respiratória aguda e
Ventilação mecânica invasiva: modos,
modalidades e indicação
Eduardo Rodrigues Martins Lima
Residente de Clínica Médica
Insuficiência respiratória aguda
 Definição:
IRpA é a incapacidade do
sistema respiratório de atender às
demandas metabólicas de oxigênio do
organismo ou de eliminação do gás
carbônico, de instalação aguda;
 Pode
ser:
 IRpA tipo I ou hipoxêmica: PaO2 ˂ 60 mmHg;
 IRpA tipo II ou hipercápnica: PaCO2 ˃ 50 mmHg
Insuficiência respiratória aguda
 FISIOLOGIA
 Inspiração: geração de pressão pleural
“negativa”, processo ativo, aumento do
retorno venoso e volume sistólico do VD;
 Expiração: pressão pleural “zera”
novamente, processo passivo – forças
elásticas pulmonares, reduz retorno
venoso.
Insuficiência respiratória aguda
 VENTILAÇÃO
MECÂNICA
 Uso de pressão positiva na inspiração →
inversão dos eventos circulatórios;
 Quando modalidade invasiva, perda do
mecanismo de válvula das cordas vocais e
necessidade de PEEP (Positive End
Expiratory Pressure)
Insuficiência respiratória aguda
 Etiologias
de hipoxemia:
 Distúrbios V/Q;
 Alteração da capacidade difusional do O2 pela
membrana alvéolo-capilar;
 Elevadas altitudes;
 Hipoventilação alveolar
Insuficiência respiratória aguda
 Etiologias
de hipercapnia:
 Redução da FR;
 Redução do volume corrente;
 Aumento do espaço morto fisiológico
Etiologia da IRpA
Etiologia da IRpA
Tabela retirada do livro Pronto – Socorro: Diagnóstico e Tratamento em Emergências – 2ª ed.
Insuficiência respiratória aguda
 Sempre
que houver hipercapnia +
hipoxemia, calcular P(A-a)O2:
 Se ˂ 20 (em adultos): hipoxemia se deve apenas
à hipercapnia;
 Se ˃ 20: investigar causa superajuntada
•
•
PAO2 = FiO2(PB – 47) – 1,25 PaCO2
P(A-a)O2 = 130 - (PaO2+PaCO2), em
São Paulo, em ar ambiente.
Insuficiência respiratória aguda
 Quadro
clínico:
 Alteração do nível de consciência (agitação ou
sonolência);
 Uso de musculatura acessória, taquipnéia,
respiração paradoxal
 Cianose, taquicardia, hipertensão arterial
Insuficiência respiratória aguda

Diagnóstico: suspeitado clinicamente, mas deve
ser sempre confirmado por oximetria de pulso e
gasometria arterial;

A oximetria de pulso tem boa acurácia até uma
SpO2 de 70% aproximadamente;

Fatores que interferem na fidedignidade da
oximetria de pulso: má perfusão periférica,
anemia, arritmias cardíacas, artefato de
movimentação e esmalte na unha.
Insuficiência respiratória aguda
 Oxigenioterapia
suplementar
 Cateter nasal: hipoxemia leve ou necessidade de
baixos fluxos de O2 (DPOC, por exemplo). Cada
litro aumenta a FiO2 em 3%, em média. Fornece,
no máximo, 36% de FiO2;
 Máscaras faciais: podem chegar a 100% de FiO2
(Venturi, máscara com reservatório)
Algoritmo para manejo inicial da IRpA
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - Definição
 Ventilação
com pressão positiva nas vias
aéreas tendo como interface, entre a
máquina (ventilador) e o paciente, um
tubo naso/orotraqueal ou uma cânula de
traqueostomia.
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - Objetivos

Manutenção das trocas gasosas, ou seja, correção da
hipoxemia e da acidose respiratória associada à
hipercapnia;

Aliviar o trabalho da musculatura respiratória que, em
situações agudas de alta demanda metabólica, está
elevado;

Reverter ou evitar a fadiga da musculatura respiratória;

Diminuir o consumo de oxigênio, dessa forma reduzindo
o desconforto respiratório;

Permitir a aplicação de terapêuticas específicas
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - Indicações

Quando há iminente risco de vida, a impressão clínica é o
ponto mais importante na indicação de VM;

Reanimação devido à parada cardiorrespiratória;

Hipoventilação e apnéia com acidose respiratória grave;

Insuficiência respiratória hipoxêmica grave;

Falência mecânica do aparelho respiratório: fraqueza
muscular / doenças neuromusculares / comando
respiratório instável (trauma craniano, acidente vascular
cerebral, intoxicação exógena e abuso de drogas);
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - Indicações

Prevenção de complicações respiratórias:
Restabelecimento no pós-operatório de cirurgia
de abdome superior, torácica de grande porte,
deformidade torácica e obesidade mórbida /
Parede torácica instável;

Redução ou prevenção do trabalho muscular
respiratório e fadiga muscular.
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA - Indicações
Tabela do III Consenso Brasileiro de VM
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA – Ciclo ventilatório
1)
Fase inspiratória: ventilador realiza a insuflação pulmonar,
conforme as propriedades elásticas e resistivas - válvula
inspiratória aberta;
2) Mudança de fase (ciclagem): transição entre a fase
inspiratória e a fase expiratória;
3) Fase expiratória: fechamento da válvula inspiratória e
abertura da válvula expiratória;
4) Mudança da fase expiratória para a fase inspiratória
(disparo): Fase em que termina a expiração e ocorre o
disparo (abertura da válvula inspiratória).
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA – Ciclo ventilatório
Gráfico do III Consenso Brasileiro de VM
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Fluxo

Medido por sensores de pressão diferencial situados entre a cânula
endotraqueal e o “Y” do circuito do ventilador;

Início do fluxo:



Nos modos controlados
por intervalo de tempo (depende da f ou
da relação inspiração:expiração - TI/TE);
Nos modos assistidos ou espontâneos
ao alcançar um limite de
sensibilidade (trigger ou disparo) pré-estabelecido: por queda de
pressão alveolar ou por geração de fluxo. Após o início do ciclo
(disparo), o fluxo aumenta até atingir um valor pré-fixado, chamado de
pico de fluxo inspiratório. Pode ser mantido constante ou ter valor
decrescente no tempo;
O fluxo inspiratório encerra-se conforme o modo de ciclagem
estabelecido, ou seja, fecha-se a válvula inspiratória e abre-se a
válvula expiratória do aparelho, começando então o fluxo
expiratório.
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Formas de curva de fluxo
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Análise gráfica – Curvas de fluxo
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Pressão

Medida por transdutor posicionado no “Y” do circuito do
ventilador;

Diferenças na dinâmica da Pressão intratorácica:
ventilação espontânea, modos assistidos e controlados.
E a PEEP?

Componentes da pressão inspiratória: à medida que o
fluxo de ar adentra o sistema respiratório, a pressão
inspiratória vai se elevando (ver gráfico) para vencer
dois componentes: o resistivo - Pres (devido à
resistência ao fluxo de ar passando pelas vias aéreas) e
outro elástico - Pel (decorrente da distensão dos
pulmões e da parede torácica) (ver gráfico de
componentes da Pi).
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Curvas de pressão
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Gráfico: Componentes da Pins
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Disparo do ventilador (trigger)

Modo controlado: a variável é o tempo e independe do esforço do
paciente;

Ciclos assistidos e espontâneos: o disparo pode ser por nível de
pressão (pressão negativa abaixo da PEEP) ou geração de fluxo
pré-determinados (sensibilidade);

O disparo a fluxo envolve o uso de um fluxo inspiratório basal
contínuo (bias flow ou continuous flow). Quando a diferença entre o
fluxo inspiratório e o fluxo expiratório alcançar um determinado
limite de sensibilidade, abre-se a válvula ins e um novo ciclo
ventilatório começa.

Tempo de resposta do ventilador: depende da sensibilidade da
válvula inspiratória e da capacidade do ventilador em gerar o fluxo
(ver gráfico).
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Disparo do ventilador - Gráficos
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Disparo do ventilador - Gráficos
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Curva de volume
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA
Associação de curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
1. Ventilação mandatória contínua

Todos os ciclos ventilatórios são disparados e/ou
ciclados pelo ventilador (ciclos mandatórios). Quando
o disparo ocorre pelo tempo, o modo é apenas
controlado. Quando o disparo ocorre de acordo com
pressão negativa ou fluxo positivo realizados pelo
paciente, chamamos o modo de assistido/controlado;

Nos ventiladores mecânicos mais modernos, a
ventilação mandatória contínua pode ocorrer com
volume controlado (os ciclos mandatórios têm como
variável de controle o volume, são limitados a fluxo e
ciclados a volume) ou com pressão controlada (os
ciclos mandatórios têm como variável de controle a
pressão, são limitados a pressão e ciclados a tempo).
Modalidades ventilatórias convencionais
1.1.1 Ventilação mandatória contínua com volume controlado –
modo controlado

São fixados: FR, VC e o fluxo ins. O disparo ocorre de
acordo com a FR fixada (por exemplo, se a FR for de
12 ipm, o disparo ocorrerá a cada 5 s). O disparo
ocorre exclusivamente por tempo, ficando o comando
sensibilidade desativado (ver gráfico);

A transição entre a inspiração e a expiração (ciclagem)
ocorre após a liberação do volume corrente préestabelecido em velocidade determinada pelo fluxo.
Modalidades ventilatórias convencionais
1.1.1 Ventilação mandatória contínua com volume controlado –
modo controlado – Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
1.1.2 Ventilação mandatória contínua com volume controlado –
modo assistido - controlado

Nesta situação, a FR pode variar de acordo com o
disparo decorrente do esforço inspiratório do paciente,
porém mantêm-se fixos tanto o volume corrente como o
fluxo. Caso o paciente não atinja o valor prédeterminado de sensibilidade para disparar o aparelho,
este manterá ciclos ventilatórios de acordo com a
freqüência respiratória mínima indicada pelo operador
(ver gráfico).
Modalidades ventilatórias convencionais
1.1.2 Ventilação mandatória contínua com volume controlado –
modo assistido – controlado - Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
1.2.1 Ventilação mandatória contínua com pressão controlada –
modo controlado

São fixados: FR, o tempo inspiratório ou a relação
inspiração:expiração (relação TI/TE) e o limite de
pressão inspiratória. O disparo ocorre de acordo com a
freqüência respiratória indicada, porém a ciclagem agora
acontece de acordo com o tempo inspiratório ou com a
relação TI/TE (ver gráfico). O volume corrente passa a
depender da pressão inspiratória pré-estabelecida, das
condições de impedância do sistema respiratório e do
tempo inspiratório selecionado pelo operador.
Modalidades ventilatórias convencionais
1.2.1 Ventilação mandatória contínua com pressão controlada –
modo controlado - Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
1.2.2 Ventilação mandatória contínua com pressão controlada –
modo assistido - controlado

No modo assistido-controlado, os ciclos ocorrem
conforme o esforço do paciente ultrapasse a
sensibilidade. O volume corrente obtido passa a
depender também desse esforço (ver gráfico).
Modalidades ventilatórias convencionais
1.2.2 Ventilação mandatória contínua com pressão controlada –
modo assistido – controlado - Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
2. Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV)

O ventilador oferece ciclos mandatórios a uma
freqüência pré-determinada, porém permite que ciclos
espontâneos (ciclos ventilatórios disparados e ciclados
pelo paciente) ocorram entre eles. Quando o ventilador
permite que o disparo dos ciclos mandatórios ocorra em
sincronia com pressão negativa ou fluxo positivo
realizado pelo paciente, chamamos este modo de
ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV synchronized intermittent mandatory ventilation);
Modalidades ventilatórias convencionais
2. Ventilação mandatória intermitente sincronizada (SIMV)

Nos ventiladores mais modernos, pode ocorrer com
volume controlado (os ciclos mandatórios têm como
variável de controle o volume, são limitados a fluxo e
ciclados a volume) ou com pressão controlada (os ciclos
mandatórios têm como variável de controle a pressão,
são limitados a pressão e ciclados a tempo).
Modalidades ventilatórias convencionais
2.1 SIMV com volume controlado

São fixados a FR, o VC e o fluxo inspiratório, além do
critério de sensibilidade para a ocorrência do disparo do
ventilador pelo paciente. Permite que o ventilador
aplique os ciclos mandatórios pré-determinados em
sincronia com o esforço inspiratório do paciente. Os
ciclos mandatórios ocorrem na janela de tempo prédeterminada (de acordo com a freqüência respiratória
ajustada), porém sincronizados com o disparo do
paciente. Se houver uma apnéia, o próximo ciclo será
disparado por tempo até que retornem as incursões
inspiratórias do paciente (ver próximo gráfico);
Modalidades ventilatórias convencionais
2.1 SIMV com volume controlado - Curva
Modalidades ventilatórias convencionais
2.1 SIMV com volume controlado - Curva

No gráfico abaixo, ocorrem três ciclos ventilatórios no período de
um minuto, porém, após um período de apnéia no final do segundo
ciclo, ocorre um ciclo disparado a tempo (terceiro ciclo).
Modalidades ventilatórias convencionais
2.2 SIMV com pressão controlada

Semelhante ao modo anterior, com a diferença que os
parâmetros definidos pelo operador passam a ser a FR,
o tempo inspiratório ou a relação inspiração:expiração
(relação TI:TE), e o limite de pressão inspiratória, além
do critério de sensibilidade para a ocorrência do disparo
do ventilador pelo paciente.
Modalidades ventilatórias convencionais
2.3 SIMV (com pressão controlada ou volume
controlado) + ventilação com pressão de suporte (PSV)

Combinação das ventilações mandatórias sincronizadas
com ventilações espontâneas assistidas através de
pressão inspiratória pré-estabelecida (pressão de
suporte – ver gráfico).
Modalidades ventilatórias convencionais
2.3 SIMV (com pressão controlada ou volume controlado) +
ventilação com pressão de suporte (PSV) - Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
3. Ventilação espontânea contínua

Todos os ciclos ventilatórios são espontâneos, ou seja,
disparados e ciclados pelo paciente;

Pode ser assistida pelo ventilador (o ventilador busca
alcançar pressões pré-determinadas durante a
inspiração - ventilação com pressão de suporte - PSV)
ou não assistida pelo ventilador (o ventilador mantém
uma pressão positiva durante todo o ciclo respiratório,
tanto da inspiração como na expiração - pressão
positiva contínua nas vias aéreas - CPAP).
Modalidades ventilatórias convencionais
3.1 Ventilação com pressão de suporte (PSV)

Modo de ventilação mecânica espontânea;

O ventilador assiste à ventilação através da manutenção de
uma pressão positiva pré-determinada (PS) durante a
inspiração até que o fluxo inspiratório do paciente reduza-se
a um nível crítico, normalmente 25% do pico de fluxo
inspiratório atingido (ciclagem a fluxo);

Isto permite que o paciente controle a FR e o tempo
inspiratório e, dessa forma, o volume de ar inspirado;

Assim, o VC depende do esforço inspiratório, da PS préestabelecida e da mecânica do sistema respiratório;

Desvantagem: funciona apenas quando o paciente apresenta
drive respiratório (ver gráfico).
Modalidades ventilatórias convencionais
3.1 Ventilação com pressão de suporte (PSV) - Curvas
Modalidades ventilatórias convencionais
3.2 Ventilação com pressão positiva contínua
nas vias aéreas (CPAP)

Permite que o paciente ventile espontaneamente, porém
fornece uma pressurização contínua tanto na inspiração
quanto na expiração;

É um modo de ventilação espontânea não assistida pelo
ventilador;

O VC depende do esforço inspiratório do paciente e das
condições da mecânica respiratória do pulmão e da
parede torácica.
Modalidades ventilatórias convencionais
3.2 Ventilação com pressão positiva contínua
nas vias aéreas (CPAP) - Curvas
VENTILAÇÃO MECÂNICA INVASIVA – Modos ventilatórios
Monitorização da mecânica
respiratória e alarmes do
ventilador
Quais os principais parâmetros de mecânica
respiratória que devem ser monitorados na
ventilação mecânica?





Pico de pressão inspiratória (pressão de pico);
Pressão de platô;
Complacência do sistema respiratório;
Resistência de vias aéreas;
Auto-PEEP ou PEEP-intrínseca (PEEPi)
Como medir as pressões de pico e de platô?

Devem ser feitas com o paciente em ventilação
volume-controlado, com fluxo quadrado, sem
interação do mesmo com o respirador. A interpretação
dessas pressões pode ser entendida através da
análise da equação do movimento do ar através do
sistema respiratório:
Como medir as pressões de pico e de platô?

A pressão de pico é a pressão máxima gerada no sistema
respiratório, ao final da inspiração. Ela é diretamente
proporcional à resistência, ao fluxo, ao volume corrente e à
PEEP, e inversamente proporcional à complacência;

A pressão de platô é aquela gerada ao final de uma pausa
inspiratória, representando a pressão gerada quando todo o
volume corrente é acomodado dentro do sistema respiratório.
Como é medida com fluxo zero, não sofre influência da
resistência, sendo diretamente proporcional ao volume corrente
e à PEEP, sendo inversamente proporcional à complacência.
Gráfico das pressões
A pressão de pico é a pressão máxima,
alcançada ao final da inspiração, quando
todo o volume corrente foi ofertado.
Ajustando-se uma pausa inspiratória
(condição de fluxo zero em que o volume
corrente é mantido dentro dos pulmões),
há uma redução da pressão de pico, em
função de não haver mais componente
resistivo e por acomodação do volume em
diferentes unidades alveolares. Este novo
nível é denominado pressão de platô. Ao
final da exalação, pode-se manter uma
pressão positiva, ou seja, supraatmosférica, denominada PEEP.
Interpretação básica da monitoração das
pressões de pico e platô
Como calcular e interpretar a
complacência do sistema respiratório?

A fórmula é:

A complacência reduzida indica que altas pressões estão sendo
geradas dentro do sistema respiratório, quando este recebe o volume
corrente, o que pode significar:




(valor normal é de 50-80 ml/cmH2O);
Doenças do parênquima pulmonar (ex: SDRA, EAP, pneumonia,
doenças intersticiais, atelectasias);
Compressão dos pulmões por derrame pleural ou pneumotórax;
Hiperinsuflação pulmonar;
Compressão dos pulmões pela parede torácica (ex: grandes
ascites, diálise peritoneal, deformidades da coluna vertebral).
Como calcular e interpretar a resistência
do sistema respiratório?

As vias aéreas podem ser analisadas como um sistema de tubos por
onde o ar passa. Assim, a resistência à passagem do ar através de um
tubo pode ser definida como a diferença de pressão necessária para a
passagem de um certo fluxo de ar pelo mesmo. No sistema
respiratório, a resistência das vias aéreas (cânula traqueal + vias
aéreas do paciente) pode ser calculada pela fórmula abaixo:

Seu valor normal é de 4-6 cmH2O/l.s-1
Como calcular e interpretar a resistência
do sistema respiratório?

Assim, quanto maior a diferença entre Ppico e Ppausa, maior a
pressão resistiva. Normalmente, com um fluxo de 60 l/min (=1l/s), a
diferença entre a Pmax e a Ppausa é de 4 a 6cmH2O, que é a Rva
normalmente encontrada num paciente intubado com cânula 8 a 9 mm
de diâmetro interno;

Quando a resistência está aumentada, devemos nos atentar para as
seguintes possibilidades:
1) Obstrução da cânula traqueal (por rolha, acotovelamento ou
mordedura)
2) Obstrução das vias aéreas (broncoespasmo, secreção nas vias
aéreas)
O que é auto-PEEP?

.
É a pressão positiva presente no interior dos alvéolos
ao final da expiração em função da não exalação
completa do volume corrente. Nessa condição, o
pulmão não chega a se esvaziar até a sua capacidade
residual funcional, ou devido a obstrução ao fluxo
expiratório ou em função da ventilação com altas FR
(baixo Texp) e/ou altos VC. A auto-PEEP também é
denominada de PEEP-oculta ou PEEP-intrínseca.
Como identificar e medir a auto-PEEP?

Clinicamente a presença de auto-PEEP deve ser
suspeitada em todos os pacientes com obstrução das vias
aéreas, principalmente naqueles com freqüência
respiratória e/ou volume corrente altos, naqueles com
sibilos até o final da expiração e naqueles com fluxo
expiratório ainda presente quando do início da próxima
inspiração;

A presença da auto-PEEP pode ser detectada quando,
analisando a curva do fluxo ao longo do tempo,
observamos que o fluxo expiratório, antes de retornar a
zero, é interrompido por uma nova inspiração (ver gráfico);
Como identificar e medir a auto-PEEP?
Curva de fluxo ao longo do tempo. A seta mostra que o fluxo expiratório
não retorna à linha de base ao final da expiração, ou seja, quando um
novo ciclo se inicia ainda está havendo exalação, o que caracteriza a
presença de auto-PEEP.
.
Como identificar e medir a auto-PEEP?

A forma mais difundida de se medir a auto-PEEP consiste
em ocluir a válvula expiratória imediatamente antes do
início da inspiração e observar a elevação da PEEP. O
valor dessa elevação é o valor da auto-PEEP. Os
respiradores mais modernos possuem uma tecla que
deflagra essa manobra, mostrando o valor da auto-PEEP.
O paciente não pode interagir com o respirador durante
essa manobra, havendo muitas vezes necessidade de
sua sedação ou até mesmo curarização (ver figura);
Como identificar e medir a auto-PEEP?
À esquerda o manômetro não mostra a auto-PEEP, pois ele
mede a pressão no nível das conexões do ventilador, abertas
para a atmosfera. Quando se oclui a válvula expiratória (à
direita), há um equilíbrio entre as pressões alveolar e de vias
aéreas, com leitura pelo manômetro.
Como identificar e medir a auto-PEEP?

Outra medida prática de se pesquisar a autoPEEP consiste em medir a pressão de platô do
paciente, promover uma pausa expiratória longa
(30 segundos) e repetir a medida da pressão de
platô. A diferença entre as duas medidas é o valor
da auto-PEEP (novamente o paciente não pode
interagir com a ventilação).
Como ajustar os principais alarmes da
ventilação mecânica?

Pressão inspiratória máxima
Tem como objetivo proteger o paciente ventilado na
modalidade ciclada a volume de barotrauma. Deve ser
ajustado entre 40 e 45 cmH2O, valores que seguramente
evitarão o barotrauma. Esses alarmes identificarão tanto
problemas relacionados com aumento da resistência das vias
aéreas (ex: obstrução ou acotovelamentos da cânula ou
circuitos, presença de secreção nas vias aéreas,
broncoespasmo) ou diminuição da complacência do sistema
respiratório (ex: piora do comprometimento pulmonar na lesão
pulmonar aguda e na SARA, pneumotórax hipertensivo);
Como ajustar os principais alarmes da
ventilação mecânica?

Pressão mínima
Tem como objetivo identificar situações que diminuem a
pressurização do circuito na inspiração, ou seja, desconexões
ou vazamentos ao longo do circuito, desinsuflação do balonete
da cânula, extubação acidental. Deve ser ajustado em um nível
de pressão entre a PEEP e a pressão de platô (uma boa
conduta é ajustá-lo 2cmH2O acima da PEEP);
Como ajustar os principais alarmes da
ventilação mecânica?

Volume minuto máximo
Tem como objetivo identificar a hiperventilação realizada pelo
paciente (através de ciclos assistidos e/ou espontâneos),
denotando uma condição de assincronia entre ele e a
ventilação instituída. Deve ser ajustado em um valor 20%
acima do volume minuto estabelecido como meta para o
paciente;
Como ajustar os principais alarmes da
ventilação mecânica?

Volume minuto mínimo
Deve ser ajustado nos pacientes submetidos a ventilação em
que se espera a presença de ciclos assistidos e/ou
espontâneos para completar a ventilação. Ele tem como
objetivo identificar o paciente que não está completando a
ventilação com esses tipos de ciclos. Deve ser ajustado,
portanto, no nível de ventilação que se deseja para o paciente.
OBRIGADO !
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Insuficiência respiratória aguda e Ventilação mecânica: modos