EDUARDO SALEK TEIXEIRA
SEGURANÇA NUCLEAR:
prevenção contra atos terroristas
Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia
apresentada ao Departamento de Estudos da
Escola Superior de Guerra como requisito à
obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos
de Política e Estratégia.
Orientador:Adv.Marcelo
Oliveira.
Rio de Janeiro
2014
Tadeu
Domingues
de
C2014 ESG
Este trabalho, nos termos de legislação
que resguarda os direitos autorais, é
considerado propriedade da ESCOLA
SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É
permitido a transcrição parcial de textos
do trabalho, ou mencioná-los, para
comentários e citações, desde que sem
propósitos comerciais e que seja feita a
referência bibliográfica completa.
Os conceitos expressos neste trabalho
são de responsabilidade do autor e não
expressam
qualquer
orientação
institucional da ESG
_________________________________
Assinatura do autor
Biblioteca General Cordeiro de Farias
Teixeira, Eduardo Salek.
Segurança nuclear: prevenção contra atos terroristas / Advogado
Eduardo Salek Teixeira.- Rio de Janeiro: ESG, 2014.
78 f.: il.
Orientador: Advogado Marcelo Tadeu Domingues de Oliveira.
Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentadaao
Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como
requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de
Política e Estratégia (CAEPE), 2014.
1. Terrorismo nuclear. 2. Segurança nuclear. 3. Acidentes
nucleares. I.Título.
A todos da família que durante o meu
período
de
formação
contribuíram
com
ensinamentos e incentivos.
A minha gratidão, em especial à minha
esposa Aline Santos B. Salek Teixeira, pelo
incentivo e compreensão, como resposta aos
momentos de minhas ausências e omissões, em
dedicação às atividades da ESG, a meus pais
que sempre me incentivaram em tudo e estão
sempre ao meu lado e aos meus filhos Thiago e
Giullia, pela paciência por minha ausência parcial
das atividades paternas .
AGRADECIMENTOS
Aos meus maiores professores da vida, meus pais, por terem sido
responsáveis por parte considerável da minha formação e do meu aprendizado.
Aos estagiários da melhor Turma do CAEPE pelo convívio harmonioso e
contagiante de todas as horas.
Ao meu orientador, amigo e Mestre, Marcelo Tadeu Domingues de Oliveira,
pelo carinho, amizade, ensinamentos e orientações que me fizeram refletir, cada vez
mais, sobre a importância de se estudar o Brasil com a responsabilidade implícita de
ter que melhorar e disseminar o conhecimento.
Ao Oficial de Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear,
Josélio S. Monteiro Filho, pelas horas perdidas no empenho e dedicação em ajudar
este trabalho a ganhar forma e autenticidade, e que sem esta contribuição nada
disto seria possível.
Ao Engenheiro Simon Rosental, pela contribuição técnica, oportuna e de
imensa sabedoria na revisão deste trabalho.
Ao Capitão do Exército Brasileiro Edson Andrade, meus agradecimentos
pela ajuda com o envio de vasto material.
Aos amigos das Indústrias Nucleares do Brasil S/A., em especial ao Físico
Cesar Gustavo Silveira da Costa pela ajuda na obtenção de material de pesquisa, ao
Diretor de Produção do Combustível Nuclear Renato Vieira da Costa pelo apoio à
indicação de meu nome para participar do processo seletivo do CAEPE 2014 e ao
Presidente Aquilino Senra Martinez por ter chancelado minha indicação, e permitido
ampliar minha visão acerca do Brasil.
“Por vezes as pessoas não querem
ouvir a verdade, porque não desejam
que suas ilusões sejam destruídas.”
Friedrich Nietzsche
RESUMO
Esta monografia aborda um assunto de alta relevância não só para o nosso país em
função da necessidade de se evitar os riscos de um tráfico ilegal de materiais
nucleares e radioativos, como para comunidade internacional, cada vez mais atenta
e obstinada pela adoção de medidas rigorosas com intuito de impedir o uso incorreto
dos citados materiais. Comentará sobre a atual política de Estado de prevenção de
acidentes nucleares e sua legislação sobre a responsabilidade civil por danos
nucleares e a responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades
nucleares. Analisará os riscos de segurança que protejam o meio ambiente, a saúde
e a integridade física da população. Os casos que ocorreram no Brasil e em outros
países podem salientar que, dificilmente podemos mensurar os possíveis estragos
oriundos de um acidente nuclear. O aprendizado deixado pelo acidente provocado
pela exposição ao césio 137, em Goiânia, teve consequências psicossociais e
econômicas sem precedentes. No Brasil foi criada uma estrutura responsável pelas
questões de segurança das atividades nucleares, através da implantação do
“Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro” – SIPRON, abrangendo,
entre outros, a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, a Eletronuclear, a
Defesa Civil, o Ministério da Defesa e a Agência Brasileira de Inteligência. Após
compulsarmos os dados que serão apresentados, nossa preocupação recairá sobre
a estratégia de defesa no que tange ao tráfico ilícito de material nuclear e/ou
radioativo. Relativamente ao aspecto temporal, vale dizer que foi realizada uma
pesquisa minuciosa, e, quanto ao espaço, falou-se sobre alguns caso de desvio de
fontes radioativas e suas consequências. A metodologia adotada comportou uma
pesquisa bibliográfica e documental, a partir de levantamento de casos, leis e
normas que regulam o tema em debate. O referencial teórico da pesquisa foi o Lei nº
6.453, de 17 de outubro de 1977.
Palavras chave: Terrorismo nuclear. Segurança nuclear. Acidentes nucleares.
ABSTRACT
This work confronts an issue of great importance, not only for our country in avoiding
the risk of illicit trafficking of nuclear and radioactive materials, but also for the
international community, who is increasingly adopting stringent measures to prevent
the misuse of these materials. In describing the current State policy concerning the
prevention of nuclear accidents, this study reviews the legislation on civil liability for
nuclear damages and, moreover, the criminal liability for nuclear materials-related
activity. In addition, it examines the security risks in protecting the environment and
the population’s health and physical integrity. Previous cases in Brazil and other
countries point out that society is challenged in identifying the possible damages that
can arise from a nuclear accident. Citing lessons learned during the accident in
Goiânia, the study details the serious psycho-social and economic consequences
caused by the exposure of cesium-137. In response, Brazil created a nuclear
activities structure responsible for security matters, the Protection System to Brazilian
Nuclear Program (SIPRON). This agency includes members from the National
Nuclear Energy Commission (CNEN), Eletronuclear, the Civil Defense, the Defense
Ministry and the Brazilian Intelligence Agency. Finally, the study discusses the
defensive and security strategy regarding situations of illicit trafficking in nuclear
and/or radioactive materials, and continues with a review of cases of misuse of
radioactive sources and their resulting consequences. Due to limitations of the study,
this research uses sources that were readily available. The methodology involved a
comprehensive review of literature and documents, of which were based on a survey
of cases, laws and regulations governing the subject under discussion, including
theoretical research conducted on Brazilian Law No. 6,453, October 17, 1977.
Keywords:Nuclear terrorism. Nuclear safety.Nuclear accidents.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1
Trifólio ................................................................................................ 18
FIGURA2
Detector Pessoal de Radiação ........................................................... 19
FIGURA 3
Equipamento para identificação de radioisótopos .............................. 19
FIGURA 4
Detector Pessoal de Radiação ........................................................... 19
FIGURA 5
Detector por cintilação - Cintilômetro ................................................. 20
FIGURA 6
Detector Geiger-Muller ....................................................................... 20
FIGURA 7
Mochila para detecções em áreas ..................................................... 20
FIGURA 8
Teletector (para detecções em áreas) ............................................... 20
FIGURA 9
Detector portátil Mini RAD-D .............................................................. 21
FIGURA 10
Detectores portáteis ICS-4000 ........................................................... 21
FIGURA11
Portal Detector em rodovia................................................................. 21
FIGURA12
Portal detector móvel ......................................................................... 21
FIGURA 13
Filme dosímetro ................................................................................. 22
FIGURA14
Dosímetro de extremidade-anel ......................................................... 22
FIGURA 15
Dosímetros pessoal ........................................................................... 22
FIGURA 16
Bomba Atômica .................................................................................. 35
FIGURA 17
Cogumelo Atômico ............................................................................. 36
FIGURA 18
Área Afetada pela Bomba Atômica .................................................... 36
FIGURA 19
Submarinos Nucleares Abandonados ................................................ 37
FIGURA 20
Farol Marítimo Russo ......................................................................... 38
FIGURA 21
Fonte Termo Elétrica .......................................................................... 38
FIGURA 22
Trabalhador Rural Atingido na Georgia .............................................. 38
FIGURA 23
Caminhão Condutor de Fonte ............................................................ 39
FIGURA 24
Fonte para Irradiação de Grãos ......................................................... 39
FIGURA 25
Rascunho com Projeto de Bomba Suja ............................................. 45
FIGURA 26
Protótipo de Bomba Suja ................................................................... 48
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
AIEA
Agência Internacional de Energia Atômica
CNEN
Comissão Nacional de Energia Nuclear
CRFB
Constituição da República Federativa Brasileira
DU
Depleted Uranium – Urânio empobrecido
ENV
Evento Não Usual
EUA
Estado Unidos da América
FARC
Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia
IBAMA
Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
INB
Indústrias Nucleares do Brasil
IRS
Ionizing Radiation Source
MCTI
Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MD
Ministério da Defesa
MN
Material Nuclear
MR
Material Radioativo
RDD
Radiological Dispersion Device
SIPRON Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro
SUMÁRIO
1
INTRODUÇÃO ........................................................................................... 10
2
ENERGIA NUCLEAR ................................................................................. 14
2.1
RADIAÇÃO ................................................................................................. 14
2.2
TIPOS DE RADIAÇÃO ............................................................................... 15
2.3
EFEITOS DA RADIAÇÃO........................................................................... 16
2.3.1
Classificação da exposição à radiação .................................................. 16
2.4
FONTES DE RADIAÇÃO ........................................................................... 17
2.4.1
Periculosidade e Categorização.............................................................. 17
2.4.2
Simbologia Internacional ......................................................................... 18
2.5
DETECÇÃO DE RADIAÇÃO ...................................................................... 18
2.5.1
Equipamentos para detecção de radiação ............................................. 19
2.6
PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA RADIOLÓGICA....................... 23
2.6.1
Conceitos .................................................................................................. 23
3
TERRORISMO ........................................................................................... 25
3.1
ACIDENTE EM GOIÂNIA COM CÉSIO 137 ............................................... 29
3.2
TRÁFICO ILÍCITO DE MATERIAL NUCLEAR E/OU RADIOATIVO ........... 32
3.2.1
Prevenção, Detecção e Resposta a Atos Malévolos ............................. 34
3.2.2
Aspectos Relevantes Sobre a Bomba Suja ............................................ 47
4
LEGISLAÇÕES SOBRE O TEMA ............................................................. 53
5
CONCLUSÃO. ........................................................................................... 56
REFERÊNCIAS .......................................................................................... 58
ANEXO A – EXEMPLOS DE FONTES ...................................................... 60
10
1 INTRODUÇÃO
Após o acidente com o césio 137, pouco mudou no Brasil quando o correto
seria tratar a área nuclear com maior responsabilidade jurídica. A cada dia que
passa a questão se torna mais polêmica. Há quem diga que o desenvolvimento
tecnológico da energia nuclear deve acabar, mas a verdade é que ela é essencial
como fonte de energia alternativa ou mesmo como matriz por se tratar,
principalmente, de fonte de energia limpa. Vale ressaltar que o baixo fator de
capacidade com o atual estágio tecnológico, só permite a utilização das fontes
alternativas como energia complementar, e não como base. O Brasil como dono de
uma das 7 (sete) maiores reservas de urânio do mundo, com 25% a 30% do território
nacional prospectados (o urânio aparece muito associado a outros minerais),
apresenta um delicado quadro na área nuclear, com deficiente segurança de
materiais radioativos, em especial os destinados ao uso hospitalar, agrícola e
industrial. Faltam de leis específicas abordando o tema e há permissividade dos
governantes ao inserir pessoas estranhas à área, em cargos de confiança, sem perfil
e sem fiscalização da gestão, em nada acrescentando ao desenvolvimento do País.
No entanto, cabe indagar: Porque o Brasil trata a questão sem dar o devido grau de
importância? Este assunto vem sendo debatido pela Agência Internacional de
Energia Atômica com membros dos respectivos órgãos de vários países,
principalmente depois do fatídico dia 11 de setembro com o atentado terrorista às
torres gêmeas em New York. A segurança dos materiais nucleares e/ou radioativos
e a proteção das instalações são motivos de preocupação para a comunidade
internacional e empecilhos para continuidade do Programa Nuclear Brasileiro e de
outros países. A aquisição, posse, processamento e transferência ilícita de material
nuclear e/ou radioativo aumentam os riscos potenciais de realização de atos mal
intencionados ou ações criminais, com consequente impacto negativo sobre a
sociedade civil. É notório que o tráfico ilícito de material nuclear e/ou radioativo
poderá ser prevenido por meio de:
a) um efetivo controle nacional sobre o material nuclear;
b) um rígido sistema de segurança das instalações (que a CNEN faz de
forma exemplar);
c) pontos de controle fronteiriços efetivo através das forças armadas e da
polícia federal; e
11
d) legislação específica com tipificação de crimes e penalidades próprias.
No âmbito do Mercosul foi criado, no quadro do Plano Geral de Cooperação
e Coordenação Recíproca, umgrupo de trabalho especializado sobre tráfico ilícito de
material nuclear e/ou radioativo (GTETIMNR). O grupo estuda a elaboração de
propostas de ações operacionais e de coordenação para a prevenção da ocorrência
de delitos nesta área. Concomitantemente, baseado na legislação brasileira, seria
imprescindível uma atenção maior com assuntos relacionados ao tema, seja relativo
à segurança, ou pertinente à saúde física e psíquica do trabalhador em áreas com
atividade nuclear relevante.
O projeto proposto busca analisar o caso em tela sob o ponto de vista
jurídico, de forma a delinear políticas estratégicas a partir do exame da literatura e
artigos disponíveis e recentes.
O que o Brasil pode fazer para minimizar os riscos de furto de materiais
nucleares e/ou radioativos e, de forma estratégica, evitar possíveis acidentes ou
atentados terroristas?
Identificar todas as fontes radioativas existentes em território nacional, ou
seja, com urânio associado a outros minerais e aumentar o quadro do órgão
controlador de forma a possibilitar um controle mais assíduo, com a implementação
de leis específicas certamente traria retorno.
Faz-se necessário orientar a população sobre o que é a energia nuclear,
através de campanhas organizadas por ONG’s, escolas, mídia e pelo próprio
governo, além da realização de visitas às instalações, de forma a desmistificar o
assunto e facilitar a adesão da população.
Até que ponto o Brasil possui interesse de implementar um programa de
governo na área nuclear visando sua correta estruturação, levando em conta a
descontinuidade administrativa?
As questões propostas são fundamentais em função de alguns argumentos.
O primeiro diz respeito à experiência do autor na área nuclear. Além disso, participar
do CAEPE em 2014 possibilita ampliar o conhecimento e exercer a cidadania,
traduzindo-se na forma de um trabalho. O segundo argumento é a visão prospectiva,
sob ponto de vista de defesa. O terceiro refere-se à fatos ocorridos no Brasil e em
outros países, decorrentes do furto de material radioativo, em alguns casos com
intenção da prática de atos criminosos. No entanto, a Comissão Nacional de Energia
12
Nuclear, Autarquia Federal, criada em 27 de agosto de 1962, pela Lei N.º 4.118,
através de seus funcionários de carreira, exercem um efetivo e importante papel com
busca incansável pela normatização e fiscalização das fontes radioativas e
instalações nucleares, sempre atentos a minimizar e prevenir eventuais não
conformidades. Neste aspecto, novos estudos permitiriam aprofundamento e
detalhamento que o assunto merece.
A interpretação que serve para esclarecer a questão principal (e secundária),
alude ao campo da legislação brasileira, bem como de sua política de Estado em
considerar o crime de desvio de material nuclear e/ou radioativo como crime
“comum”. Como o Brasil é um país pacífico, em tese, não haveria risco de tráfico de
materiais nucleares com fins escusos. A urgência de uma política pública específica
para a área, com legislação atualizada e rigorosa,é ponto de destaque. Neste debate
inclui-se o Estado como ator global e estratégico. A fim de dar conta e reconstruir
esse debate, poderiam ser revistos conceitos como energia nuclear, enriquecimento
de urânio, fissão nuclear, radiação, fontes de radiação, detecção de radiação,
princípios básicos de segurança radiológica, consequências potenciais do terrorismo
nuclear/radioativo e bomba suja, por exemplo. Existe um risco real de terroristas
adquirirem e utilizarem este tipo de material. Devemos lembrar que os criminosos
não respeitam as fronteiras, podendo negociar e adentrar o território nacional com
muita facilidade, o que representa um grande risco mundial, e particularmente para a
nação.
Com algumas adequações pontuais, o Brasil passaria a integrar um grupo
de países que realmente valoriza a segurança nuclear, aumentando sua visibilidade
e prestígio internacional.
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de cunho qualitativo sobre as
questões delimitadas já apresentadas, à luz das experiências com acontecimentos
internacionais, das falhas de segurança e riscos iminentes. A Agência Internacional
de Energia Atômica tem divulgado bastante o tema, e requerido bastante ação dos
países, no tocante aos cuidados de extravio de materiais nucleares e/ou radioativos.
O tráfico dos citados materiais traz risco não só para o povo brasileiro como para
outros países e os grandes eventos como a Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas, nos faz pensar que a preparação para prevenção de acidentes tem que
contemplar a possibilidade de uso de material nuclear, como bem fez a África do Sul
em sua preparação para a Copa do Mundo de 2010.
13
O projeto encontra-se estruturado em várias seções, sendo a introduçãoa
etapa que descreve o problema e suas consequências, as principais finalidades da
pesquisa, sua justificativa e as opções teórico-metodológicas empregadas. O
desenvolvimento explica todas as questões pertinentes ao caso em tela, abordando
os tópicos essenciais ao fiel cumprimento.
A conclusão reúne os principais argumentos e recomendações discorridos
no trabalho, enfatizando a necessidade do Brasil efetivar políticas públicas visando
sua implementação e objetivando sempre o bem comum, e as estratégias
respectivas.
14
2 ENERGIA NUCLEAR
Preliminarmente, podemos dizer que a energia nuclear provém da fissão
nuclear do urânio, do tório, plutônio ou da fusão nuclear do hidrogênio.
O uso racional da radioatividade está cada vez mais desenvolvido em todo o
mundo. O urânio encontrado na natureza apresenta uma mistura de três isótopos. O
U235 não vira plutônio. Somente o U238 que vira, pois é um isótopo fértil por
absorção de um nêutron no núcleo.
2.1 RADIAÇÃO
A radioatividade foi descoberta pelo físico francês Henri Becquerel ao
verificar que sais de urânio emitiam radiação parecida com a dos raios-x. Tudo na
natureza é formado por átomos, que são formados por três partículas como elétrons,
prótons e nêutrons. Em alguns átomos essas partículas são emitidas dando origem
às radiações. Este tema será abordado de forma mais explicada nos conceitos
teóricos. Vale salientar que essa radiação faz parte de nossas vidas e, existem duas
classes: ionizante e não-ionizante. As radiações são de duas origens: radiação
natural e radiação artificial.
A característica importante das radiações ionizantes é a liberação de
grandes quantidades de energia capazes de provocar alterações importantes na
estrutura de um átomo. Por exemplo, na área médica a utilização ionizante seguindo
as boas práticas, traz benefícios no tratamento de doenças graves como o câncer.
Entretanto, se a exposição à radiação for feita de forma indevida ou sem controle,
pode causar efeitos nocivos à saúde. Como exemplo pode-se citar: altas energias e
efeitos em nível atômico, podendo ser potencialmente nociva ou benéfica ao homem
(natural seria a cósmica e artificial a radiação gama de equipamentos médicos e raio
X).
As radiações não ionizantes são de natureza eletromagnética e diferenciamse das ionizantes por não terem energia suficiente para alterar a estrutura dos
átomos, mas apenas excitá-los, fazendo com que a energia interna aumente. Podese destacar como exemplo: baixas energias e efeito em nível molecular (natural
seria a luz ultravioleta e luz sensível e a radiação não ionizante artificial o
infravermelho, micro-ondas e radio).
15
2.2 TIPOS DE RADIAÇÃO
Podem ser eletromagnéticas, que são pacotes de energia e não possuem
massa nem carga elétrica. As formas mais comuns são os Raio X e os Raios Gama.
Esses dois tipos de raios, na verdade, são iguais do ponto de vista de suas
propriedades físicas. A designação X ou Gama reflete simplesmente a forma pela
qual são originados.
Raios X são transmitidos na forma de ondas, resultantes de transformações
na eletrosfera, quando elétrons dos átomos mudam de órbita. Têm alto poder de
penetração nos materiais que interagem. O equipamento de raios X não possui
qualquer fonte radioativa no seu interior, sendo que sua radiação é induzida por
eletricidade. Uma vez desconectado da energia, está extinta a possibilidade de
existência de radiação, mesmo que o equipamento seja violado.
Raios Gama são transmitidos na forma de ondas, resultantes de
transformações nos núcleos dos átomos. Têm alto poder de penetração nos
materiais com os quais interagem e são emitidos constantemente pelas fontes
radioativas. Por exemplo, são usados na medicina para tratamento de câncer.
As radiações com massa são originadas durante a transformação do núcleo
do átomo. Estas radiações são partículas alfa, beta e nêutrons. Possuem grande
capacidade de causar dano à matéria e seres vivos.
As partículas alfa são constituídas por dois nêutrons e dois prótrons, têm
carga positiva +2 e alto poder de ionização (qualidade de arrancar elétrons das
moléculas da matéria que interagem).Devido ao seu alto peso e tamanho, possuem
pouca penetração na matéria, não conseguem penetrar mais de 0,1mm na pele; no
entanto sua ingestão ou inalação pode ser muito nociva. São facilmente absorvidas
por poucos centímetros de ar, de 2 a 8 cm.
Partículas Beta são elétrons emitidos pelo núcleo na busca da estabilidade
nuclear, quando um nêutron se transforma em próton e elétron. Seu poder de
penetração é maior que a das partículas alfa, dependendo da energia de emissão.
Geralmente seus efeitos são superficiais, mas quando se manipula fontes beta é
necessário utilizar proteção ocular.
Nêutrons são partículas sem carga, mas com alto peso relativo, se
comparado ao do elétron e grande poder de penetração em diversos meios. Em
função da velocidade de suas energias, podem ser classificados como nêutrons
16
rápidos, intermediários e térmicos, cada um interagindo de uma forma diferente com
a matéria.
2.3 EFEITOS DA RADIAÇÃO
Os efeitos da radiação dependem da dose, que é a quantidade de energia
cedida à matéria ou organismo pelas radiações por unidade de massa. A dose
absorvida é a quantidade de energia depositada na matéria por unidade de massa
(Unidade antiga: RAD e Unidade atual: GRAY (GY)). A dose equivalente é a dose
absorvida no corpo humano, considerando efeito biológico (Unidade antiga: REM e
unidade atual: SIEVERT (SV)).
A radiação existe na atmosfera e há radiações cósmicas com origem no
espaço exterior. O nível do mar apresenta um nível de 0,03 microsieverts/hora, o
Himalaya que está a 6,7 km no nível do mar 1microsieverts/hora, um avião voando a
10km de altitude apresenta nível de 5 microsieverts/hora e um avião que voa a 15km
de altitude 10 microsieverts/hora. As doses naturais vinda dos raios cósmicos (0.3
mSv), da alimentação (0.4 mSv – Nos alimentos podem ser encontrados Chumbo
210 e Potássio 40), do ar que respiramos (2mSv de radônio) e terrestre (0.3 mSv)
nos dá uma contribuição média de 3 mSv por ano. As doses eventuais vinda dos
procedimentos médicos (0.5 mSv – No equipamento de radioterapia temos o Cobalto
60), 5000km viajados (0.05 mSv por viagem) e das usinas (0.05 mSv), gera uma
contribuição média de 0,6 mSv por ano.
2.3.1 Classificação da exposição à radiação
A exposição médica ocorre quando há um tratamento ou diagnóstico. Não
existe limite de dose, pois a determinação é médica, porém recomenda-se o uso de
níveis de referência segundo as boas práticas. A exposição ocupacional ocorre no
ambiente de trabalho, podendo ser em instalação radioativa ou nuclear, ou ainda em
instalação com minerais radioativos associados. As exposições do público são todas
as outras.
As atividades que envolvem a exposição podem ser definidas como: prática,
que é qualquer atividade humana que possa resultar em exposição à radiação e
intervenção, que é qualquer atividade humana que possa reduzir a exposição total.
17
2.4 FONTES DE RADIAÇÃO
Fonte de radiação é um aparelho ou material que é capaz de emitir radiação
ionizante.
Fonte selada é a fonte radioativa encerrada hermeticamente numa cápsula
de forma que não possa haver dispersão do material radioativo em condições
normais e severas de uso.
Fonte não selada é a fonte radioativa não encerrada hermeticamente numa
cápsula permitindo dispersão do material radioativo.
Fontes sob controle do órgão regulador são fontes cuja importação,
exportação, uso, transporte e armazenamento são realizadas de acordo com normas
e procedimentos regulatórios para garantir a sua segurança radiológica e física.
Fontes órfãs são fontes que se encontram fora do controle do órgão
regulador. Nesta situação ficam mais fáceis para serem utilizadas de forma incorreta
ou em atos malévolos.
2.4.1 Periculosidade e Categorização
Mister se faz diferenciar acidente de incidente, sendo o primeiro um desastre
com consequências graves, e o segundo um episódio sem consequências trágicas.
A periculosidade de uma fonte é baseada no potencial que elas têm de
causar dano à saúde.
A categoria 1 é uma fonte extremamente perigosa. O material radioativo
que pode causar lesões permanentes em exposições com duração de alguns
segundos. Pode levar ao óbito em exposições pelo período de minutos a uma hora.
A categoria 2 é uma fonte muito perigosa. O material radiativo pode causar
lesões permanentes em exposições com duração de alguns minutos. Pode levar ao
óbito em exposições pelo período de horas, até dias.
A categoria 3 é uma fonte perigosa. O material radioativo pode causar
lesões permanentes em exposições com duração de algumas horas. Embora pouco
provável, pode levar ao óbito em exposições pelo período de dias até semanas.
A categoria 4 é uma fonte improvavelmente perigosa. É muito pouco
provável que alguém possa sofrer uma lesão permanente manipulando este material
18
radioativo. É possível a ocorrência de algum efeito temporário para exposições com
a duração de algumas semanas.
A categoria 5 é uma fonte muito improvavelmente perigosa. Nenhuma lesão
permanente é esperada devido à manipulação desse material radioativo.
2.4.2 Simbologia Internacional
As fontes e os equipamentos radioativos, e as embalagens para seu
transporte variam em tamanho, forma, peso e aparência, dependendo da aplicação
para qual serão utilizados. O método primário para seu reconhecimento é por meio
de um selo de identificação denominado TRIFÓLIO, símbolo da radiação ionizante.
O selo Vermelho com amarelo é padronizado internacionalmente e os outros são
variações de simbologia:
Figura 1: Trifólio.
Fonte: O autor (2014).
Todas as fontes seladas devem ser marcadas com o trifólio e as palavras
radioatividade ou radioativo. A identificação visual é importante no contexto de
detecção de fontes. As fontes e as suas embalagens para transporte têm
características muito particulares, que permitem identificação visual. A seguir podese ver exemplos que servem como base para ajudar nesta identificação de fontes
radioativas.
2.5 DETECÇÃO DE RADIAÇÃO
Na hipótese de uso ou transporte não autorizado de material nuclear e/ou
radioativo, principalmente com intenção malévola, provavelmente sua identificação
visual não será possível.
Os sentidos humanos não percebem a radiação. Para isso é imprescindível o
uso de equipamentos específicos, denominados detectores. Existem diferentes tipos
de detectores apropriados para os diferentes tipos de radiação e condições de uso.
19
2.5.1 Equipamentos para detecção de radiação
Na hipótese de uso ou transporte não autorizado de material nuclear e/ou
radioativo, principalmente com intenção malévola, provavelmente sua identificação
visual não será possível.
Existem diferentes tipos de detectores apropriados para os diferentes tipos
de radiação e condições de uso, senão vejamos:
Figura 2: Detector Pessoal de Radiação.
Fonte: O autor (2014).
FIGURA 3: Equipamento para identificação de radioisótopos.
Fonte: O autor (2014).
Figura 4: Detector Pessoal de Radiação.
Fonte: O autor (2014).
20
Figura 5: Detector por cintilação – Cintilômetro.
Fonte: O autor (2014).
Figura 6: Detector Geiger-Muller.
Fonte: O autor (2014).
Figura 7: Mochila para detecções em áreas.
Fonte: O autor (2014).
Figura 8: Teletector (para detecções em áreas).
Fonte: O autor (2014).
21
Figura 9: Detector portátil Mini RAD-D.
Fonte: O autor (2014).
Figura 10: Detectores portáteis ICS-4000.
Fonte: O autor (2014).
Figura 11: Portal Detector em rodovia.
Fonte: O autor (2014).
Figura 12: Portal detector móvel.
Fonte: O autor (2014).
22
Os equipamentos a seguir são usados para medição de dose de radiação
(falta foto das canetas dosimétricas que são muito importantes):
Figura 13: Filme dosímetro
Fonte: O autor (2014).
Figura 14: Dosímetro de extremidade-anel.
Fonte: O autor (2014).
Figura 15: Dosímetros pessoal.
Fonte: O autor (2014).
23
2.6 PRINCÍPIOS BÁSICOS DE SEGURANÇA RADIOLÓGICA
Após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos da América,
vários tipos de terrorismo passaram a ser considerados. Levando em consideração o
número de fontes radioativas em circulação, a bomba suja, cuja explicação veremos
a seguir na página 47, torna-se uma realidade. Com isso, a divulgação de princípios
básicos de segurança radiológica torna-se de extrema importância.
2.6.1 Conceitos
Quanto maior for o tempo de exposição à radiação, maiores serão as
chances de efeitos prejudiciais à saúde. Quanto maior a distância entre a pessoa e a
fonte de radiação menor será a exposição à radiação e vice-versa.
A espessura e o material de blindagem necessário dependem do tipo de
radiação, da fonte emissora e da taxa de dose que se deseja obter externamente à
blindagem para garantir um máximo de segurança radiológica. Para raio alfa pode
ser usado papel, para raio beta usa-se a blindagem de alumínio, para raio x e gama
a blindagem aplicada é a de chumbo e para nêutrons, concreto.
É importante diferenciar exposição de contaminação. A exposição pode
ocorrer com ou sem contato com o material radioativo. No caso de não ocorrer
contato, mas apenas irradiação, o indivíduo não se torna radioativo. No entanto,
dependendo da dose recebida, essa exposição pode gerar algum efeito nocivo à
saúde. A contaminação interna ocorre quando há contato com o material radioativo
em forma de pó, líquido ou gás, com inalação, incorporação transcutânea ou
ingestão. A contaminação externa ocorre quando existe contato com o material
radioativo em forma de pó, líquido ou gás, sem inalação ou ingestão.
As substâncias são formadas por moléculas. Estas são formadas por
átomos, que são constituídos por um núcleo e uma eletrosfera. O núcleo é formado
por prótons (partículas de carga positiva) e nêutrons (partículas sem carga). Na
eletrosfera giram os elétrons em órbitas concêntricas e a quantidade de elétrons é
igual ao número de prótons contidos no núcleo. As cargas positivas dos prótons são
neutralizadas pelas cargas negativas dos elétrons e a relação entre as cargas
resulta na estrutura eletricamente estável do átomo.
24
Na
natureza
existem
elementos
instáveis.
Seus
átomos
sofrem
transformações nucleares espontâneas e esta instabilidade nuclear está diretamente
relacionada com a razão entre o número de prótons e o número de nêutrons de cada
elemento radioativo.
A tendência dos núcleos atômicos é atingir a estabilidade. Se um átomo
estiver numa configuração instável, com muita energia ou com muitos nêutrons,
haverá emissão de radiação, procurando atingir um estado estável.
Os elementos que sofrem essas transformações são denominados
radioativos e o processo de transformação é chamado decaimento radioativo. Essas
alterações se caracterizam pela emissão de três tipos principais de radiação: alfa,
beta e gama. A partícula alfa é constituída por 2 prótons e 2 nêutrons, é emitida por
elementos pesados, é partícula de alta energia e possui pequeno poder de
penetração na matéria (podem ser blindadas por uma folha de papel, conforme foi
dito acima). A partícula beta pode ser de dois tipos: negativa (resultado da
desintegração de um nêutron) e positiva (resultado da desintegração de um próton).
Os raios gama são ondas eletromagnéticas (fótons) de mesma natureza que a luz
visível, porém muito mais energéticas e originadas no núcleo do átomo.
25
3 TERRORISMO
O
terrorismo
internacional
ganhou
destaque
depois
dos
últimos
acontecimentos significativos como: o ataque ao World Trade Center em 1993, o
ataque à Embaixada de Israel em Buenos Aires/Argentina em 1992, o ataque ao
Edifício Federal Alfred Murrah, em Oklahoma City/Estados Unidos da América em
1995, o ataque simultâneo às embaixadas dos EUA em Nairóbi/Quênia e Dar es
Salaam/Tanzânia em 1998, ataques de 11 de setembro de 2001 nos EUA, 12 de
outubro de 2001 na Indonésia, 11 de março de 2004 na Espanha, 7 de julho de 2005
no Reino Unido, e, recentemente, em 22 de julho de 2011, em Oslo na Noruega.
O Brasil possui dimensões continentais, extensas e com fronteiras
vulneráveis, demandando um grande esforço no que tange à sua segurança. Sua
vulnerabilidade aumenta quando consideramos que há grandes áreas desabitadas,
contando com a presença de organizações criminosas, traficantes e quem sabe de
grupos terroristas.
Sabendo que o Brasil tem sediado grandes eventos e ainda tem outros por
vir, torna-se ainda mais preocupante a fragilidade apresentada na segurança e
defesa nacional em casos extremos não esperados. Acresce-se ainda o fato de não
haver tipificação penal específica para essa modalidade criminosa.
Buzanelli (2010) elencou dez situações que poderiam envolver o Brasil na
questão do terrorismo:
atentado no exterior atingindo circunstancialmente nacionais ou interesses
brasileiros, como no caso do diplomata Sérgio Vieira de Mello, morto em
Bagdá; atentado no exterior contra nacionais, representações oficiais ou
empresas brasileiras, em função do maior protagonismo do país na cena
internacional; atentado no Brasil contra alvos tradicionais do terrorismo;
atentado no Brasil por ocasião de mega eventos; atentado no Brasil contra
autoridades estrangeiras em visita; atentado no Brasil contra autoridades
nacionais, no caso da busca pelo autor de notoriedade súbita; atentado ou
sabotagem contra infraestrutura crítica e recursos essenciais, incluso o
terrorismo cibernético; atentado contra instalações e meios de transporte,
abastecimento ou lazer; utilização do território nacional como área de
homizio, trânsito, recrutamento e captação de recursos; e reflexos das
medidas antiterroristas adotadas pelos países centrais. (BUZANELLI, 2010,
p. 44).
De acordo com o manual escolar Vocabulário da ECEME, terrorismo
significa:
26
Uma forma de ação que consiste na realização de atos ou ameaças de atos
de violência, destinados a criar um estado de medo, com o intuito de coagir
um governo, uma autoridade, um indivíduo, um grupo ou mesmo toda a
população a adotar um determinado comportamento. (ECEME, 2002, p.236)
A causa do terrorismo tem várias raízes, como: insatisfação do povo com a
política, em virtude de divergências religiosas ou étnicas, disputa de poder,
resistência à ocupação estrangeira em áreas conflagradas, uso desproporcional de
força por parte do Estado contra grupos rebeldes, divergências ideológicas e outros.
Além dos já mencionados, não podemos deixar de considerar a ocorrência de
terrorismo, baseado em descontentamento popular, em virtude dos inúmeros crimes
de corrupção, aliado às cobranças de tributos absurdos e achacamento da classe
média levando-os à pobreza. O desleixo do Estado com crimes praticados contra a
sociedade de bem, deixando de punir com seriedade da forma como deveria fazer,
causa, não apenas um descontentamento, mas uma sensação de impunidade,
levando o povo a se rebelar contra o sistema vigente. Por isso, devemos levar em
consideração que, dentre os objetivos dos terroristas, podemos encontrar a
derrubada de governos, a eliminação ou intimidação de adversários políticos, a
instauração de um clima de instabilidade ou comoção social e política favorável aos
interesses de grupos extremistas, a purificação da sociedade através de eventos
apocalípticos, a reinvindicação de supostos direitos e o surgimento do clima de
insegurança, de forma a permitir a eclosão de desenvolvimento de processo
revolucionário.
Segundo Luiz Eduardo Garcia de Mesquita, em seu trabalho de conclusão
de curso, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) surgiu em 1964,
em virtude da exclusão social, a baixa presença do Estado e a violência política
existente à época, assim como o Sendero Luminoso, na República do Peru em 1960.
“...o Brasil não considera as FARC e o Sendero Luminoso como grupos
terroristas, pois acompanha as resoluções da ONU que estabelecem
apenas a Al-Qaeda e o Taliban.”
De acordo com Woloszyn (2010),os objetivos dos atos e ações terroristas:
São de criar um clima de insegurança e temor generalizado para
demonstrar inconformismo contra um sistema político, econômico, social,
étnico ou religioso e facilitar o desenvolvimento de um processo de
mudanças pretendidas. (WOLOSZYN, 2010, p.56, grifo nosso).
27
Segundo Woloszyn (2010), os especialistas europeus entendem que os atos
terroristas possuem 4 características básicas. A primeira é a sua natureza
indiscriminada, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada um alvo potencial e,
ao atingi-los aleatoriamente, o efeito psicológico será muito maior pelo temor de
outras pessoas serem igualmente atingidas. A segunda é a imprevisibilidade e a
arbitrariedade, ou seja, as ações violentas ocorrem sem aviso nenhum, ocasionando
terror e sensação de vulnerabilidade. A terceira é em função da gravidade de seus
atos e consequências, que são pânico, violência e destruição e um grande número
de mortos e feridos de forma cruel. A quarta é o seu caráter amoral, pois há
desprezo pelos valores morais da sociedade tais como a religião, sociais, éticos e
humanitários. (WOLOSZYN, 2010, p. 60)
Existem indícios da presença de partidários do Hesbollah no Brasil envolvido
em ações ilícitas, como o contrabando e narcotráfico, particularmente na região
conhecida como tríplice fronteira do Brasil com o Paraguai e o Uruguai. Pode-se
constatar estatisticamente um aumento no número de imigrantes de origem árabepalestina em diversos estados brasileiros. Segundo a Polícia Federal em São Paulo
vivem cerca de 1,5 milhão de imigrantes, seguido do Paraná, especificamente em
Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, com 15 mil pessoas, Rio Grande do Sul com sete
mil, e Pará com uma colônia de cerca de 300 pessoas.
Segundo Mesquita (2012) o Hesbollah (ou Hisbollah), ou Partido de Deus,
não é considerado grupo terrorista pelo Brasil. É um grupo Libanês Xiita, próiraniano, criado em 1982 pela coalisão de vários grupos denominado Jihad Islâmica,
como resposta à invasão israelense e que tem por maior objetivo eliminar toda
influência não islâmica em seu país.
Woloszyn destaca que o Hesbollah:
atua principalmente ao sul de Beirute e no Vale do Bekaa. Luta contra a
ocupação israelense na faixa de segurança e objetiva criar um Estado
islâmico no país. A partir se sua criação passou a praticar diversos
atentados terroristas contra cidadãos americanos, ingleses e franceses. [...]
Foi o precursor na utilização de “homens-bomba” ou atentados
suicidas. (WOLOSZYN, 2010, p.49, grifo nosso).
De acordo, com Alfredo Filho (2009) as principais ações terroristas deste
grupo foram: sequestros de ocidentais no Líbano, incluindo vários norte-americanos,
na década de 1980; atentados suicidas contra a força multinacional de interposição
28
no Líbano, em 23 de Outubro de 1983, matando 248 americanos e 58 franceses;em
14 de junho de 1985, o vôo 847 da TWA foi sequestrado enquanto fazia a rota de
Atenas, Grécia, a Roma, Itália. O mergulhador da Marinha americana Robert
Stethem foi brutalmente torturado e assassinado durante o sequestro e seu corpo foi
jogado na pista do Aeroporto Internacional de Beirute;ataques contra alvos judaicos
na Argentina, o bombardeio contra a Embaixada de Israel, em 1992, matando 29
pessoas; os bombardeios contra o centro da comunidade judaica, em 1994,
matando 86 pessoas; e, o sequestro de militares israelenses e o lançamento de
foguetes contra localidades e posições militares na faixa de fronteira norte, que
desencadearam uma campanha militar israelense contra o Líbano em 2006.
(SANTOS FILHO, 2009, p. 79).
O Hamas também não foi considerado grupo terrorista para o Estado
Brasileiro. Esse grupo paramilitar surgiu em 1987, sendo também um partido sunita
palestino que mantém a maioria dos assentos no conselho legislativo da Autoridade
Nacional Palestina, disputando com o Fatah o comando da ANP. Ele ganhou
visibilidade após a realização de ataques suicidas contra forças armadas israelenses
e civis. Seu objetivo principal é a luta sem trégua contra Israel, visando a libertação
da Palestina e, consequentemente a extinção do Estado judeu. O braço armado do
Hamas, conhecido como as Brigadas de Izzad-Dinal-Qassam, encontra-se
classificado como organização terrorista por diversos países em função de seus
indiscriminados ataques suicidas.
De acordo com Haikel (2010), há indícios:
[...] que membros da comunidade muçulmana, em Foz do Iguaçu, no Estado
do Paraná, promovam suporte financeiro ao Hamas, o que chamou a
atenção das autoridades norte-americanas, responsáveis pelo rastreamento
das fontes de recursos dos grupos terroristas que atuam mundo afora.
(HAIKEL, 2010, p. 43, grifo nosso).
Embora o Brasil, acompanhando as resoluções da ONU, não considere as
FARC como grupo terrorista, suas ações merecem cerrado acompanhamento em
função da extensa faixa de fronteira com a Colômbia, em região de selva amazônica
e de fraca densidade demográfica. Faz-se necessário a criação de mais alguns
Pelotões Especiais de Fronteira.
O atual governo brasileiro age de forma tolerante frente à diversidade
religiosa, racial e cultural, não se intrometendo em assuntos de outros países e
29
exercitando uma política pacífica, mas levando em consideração que os países alvos
adotam medidas extremamente rigorosas pertinentes à sua segurança, a alternativa
de realizar ataques em outros locais cuja segurança seja mais fraca torna-se
palpável, e nada melhor do que num evento como as Olimpíadas onde vários países
estarão presentes.
3.1 ACIDENTE EM GOIÂNIA COM CÉSIO 137
Após o acidente em Chernobyl ocorrido em 1986, a sociedade brasileira
ficou aterrorizada com as consequências de um possível acidente nuclear. Mas o
governo, à época, vinha investindo na área nuclear e já vislumbrava a construção de
um submarino com motor a propulsão nuclear. O povo brasileiro ainda guardava
recordações do susto oriundo de um desabamento de um laboratório em Angra, em
1985, onde havia seis cápsulas de Césio 137 e que felizmente a consequência não
foi grave. Como sempre em nosso país as coisas precisam acontecer para que
algumas medidas sejam tomadas.Dois anos depois ocorreu o maior desastre
radiológico da nossa história, pegando todos desprevenidos e trazendo graves
consequências psicossociais. O acidente deixou exposta a fragilidade com que o
país aborda tema tão importante, trazendo ainda uma sensação coletiva de
insegurança.
O aparelho de radiografia que causou o desastre foi comprado por um órgão
do Governo de Goiás e funcionava no Instituto Goiano de Radiologia. O
equipamento funcionou até 1980 e em 1984 o órgão do governo iniciou a demolição
do prédio onde estava o aparelho, que continuou no mesmo local junto aos
escombros.
Dois catadores adentraram o local e furtaram a fonte de Césio-137 para
vender a peça para o ferro-velho e ocasionar, em 1987, o acidente gravíssimo que
conhecemos.
Conforme consta no livro Césio-137 Consequências Psicossociais do
Acidente de Goiânia:
[...] foram identificadas 249 pessoas com diversos graus de contaminação,
dentre as quais cerca de 120 foram descontaminadas no próprio local de
monitoração (Estádio Olímpico de Goiânia) e imediatamente liberadas. As
129 pessoas restantes foram distribuídas em três diferentes locais para
serem tratadas de acordo com os seus níveis de comprometimento. As 22
30
pessoas mais seriamente comprometidas, radiolesadas e internamente
contaminadas, com quadro clínico agravado, forma internadas no Hospital
Geral de Goiânia. Dentre estas, algumas foram enviadas ao Hospital Naval
Marcílio Dias, no Rio de Janeiro, incluindo-se as quatro vítimas fatais do
acidente.
Formar a equipe de saúde para atuar na emergência do acidente
radiológico foi a primeira grande dificuldade atrelada ao evento. Poucos
profissionais estavam disponíveis para o enfrentamento do “perigo” que
espreitava a cidade. A carência de informações adequadas dava asas à
imaginação e fomentava o medo do desconhecido.
A radiação, particularmente, é considerada um evento que não se apaga
rapidamente após sua ocorrência. Uma equipe de trabalho de Chernobyl
observou que as preocupações das vítimas do acidente pareciam aumentar
com o tempo. Em ThreeMileIsland, embora muitos dos perigos aparentes
associados ao acidente da usina nuclear já houvessem desaparecido,
muitos residentes próximo às áreas contaminadas acreditavam ter sido
expostos à radiação e encontravam-se apreensivos quanto aos futuros
efeitos da exposição.
Após a venda da peça, ela foi aberta grosseiramente e várias pessoas
tiveram contato. Uma mulher já exposta à radiação compareceu à vigilância sanitária
e entregou a cápsula alegando que aquilo podia estar fazendo mal a ela. Note-se
que naquele momento aumentou seriamente o número de expostos à radiação.
Após este acidente, mudanças drásticas com legislações específicas,
fortalecimento de instituições de proteção ambiental, educação, assistência social,
fiscalização intensa e contínua, bem como um regramento diferenciado para todas
as empresas que lidam com a radioatividade não foram identificados.
No livro de Fernando Gabeira, Goiânia, Rua 57 – O Nuclear na terra do Sol,
mencionou que. “A bomba de Césio-137, produzida na Itália, pesava mais de 600kg
e não havia indícios de tração no lugar de onde foi retirada.” Na verdade não era
uma bomba, e sim uma fonte radioativa, que foi produzida pelo laboratório Nacional
de Oak Ridge, nos Estados Unidos da América, para ser inserida no equipamento
italiano de radioterapia modelo Cesapam F-3000.
Segundo Ricardo Santos,
“O material radioativo contido na cápsula totalizava 0,093 kg e a sua
radioatividade era, à época do acidente de 50,9 terabecquerels (TBq) ou
1375 Ci.”
“Houve onze mortes e 600 pessoas foram contaminadas, mas muitos
alegam ser impossível medir em números o tamanho de uma catástrofe
nuclear.”
[...] a cápsula de césio foi aberta para o reaproveitamento do chumbo. O
dono do ferro-velho expôs ao ambiente 19,26g de cloreto de césio-137
(CsCI), um sal muito parecido com o sal de cozinha (NaCI), mas que emite
um brilho azulado quando em local desprovido de luz. Devair ficou
31
encantado com o pó que emitia um brilho azul no escuro.” “Pelo fato de
esse sal ser higróscópico, ou seja,absorver a umidade do ar, ele
facilmenteadere à roupa, pele e utensílios, podendo contaminar os
alimentos e o organismo internamente.
Em 2004, em associação com a HBO films, a BBC (British Broadcasting
Corporation) lançou um filme chamado Guerra Suja (Dirty War), um suspense/drama
sobre um ataque terrorista no centro de Londres. Foi escrito por Lizzie Mickery e
Daniel Percival e foi ao ar na BBC One em 24 de setembro de 2004 e na HBO em 24
de janeiro de 2005 e, pela primeira vez no programa de televisão americano PBS no
dia 23 de fevereiro de 2005, onde ganhou o prêmio BAFTA de melhor diretor
estreante (Daniel Percival). O filme inicia com a entrada de material radiativo em
Londres, escondido em conteiners de óleo vegetal vindo de Habiller, Turquia, que é
210 quilômetros a oeste de Istambul, através de Sofia, Bulgária, partindo para
Deptford, até chegar a uma casa alugada em Willesden, onde o material radioativo e
outros componentes foram montados em uma bomba suja. Foi dito que apenas 20%
da carga era vistoriada por completo com dosímetros e tudo chegou em
carregamento de navio. Faziam parte do material partículas Alfa e Gama em pó.
Terroristas aprenderam como manipular o pó para poder concluir o serviço sem
morrer antes. Manipularam os materiais radioativos com poucos utensílios
específicos para a atividade. Quando a bomba explodiu no centro de Londres, ao
lado da entrada da estação de metrô de Liverpool, os planos de serviços de
emergência inadequados foram colocados a teste de imediato, causando resultados
perturbadores para uma população mal preparada para compreender e obedecer as
ordens de anti contaminação e quarentena. Estouraram em local com bastante
movimentação (mais ou menos um milhão de pessoas). Como a quantidade de
radioatividade era superior ao tolerado pelo ser humano, mesmo com trajes
específicos, o corpo de bombeiro não podia ir ao local. No filme, uma pequena
equipe com 4 pessoas do corpo de bombeiros que conseguiu o material adequado
foi ao local, mas foi solicitada a volta. Ficou claro que a quantidade de equipamentos
de proteção e pessoal era ínfimo para formar um cordão de isolamento para que a
população não passasse dos locais de isolamento e consequentemente não
contaminasse mais pessoas. A cidade não estava preparada para esta modalidade
de ataque eo vento contribuiu para que o pó fosse espalhado, aumentando a área
de contaminação.
32
É interessante ver que no momento em que o evento ocorre várias ordens
são emanadas pelas autoridades, que perdidas e sem conhecimento suficiente para
tomar as medidas corretas, acabam por complicar e procrastinar uma solução
plausível e correta para a situação.
Como podemos ver, é necessário estar preparado para casos que
simplesmente tem alguma, mesmo pequena, chance de acontecer. O treinamento de
funcionários e quaisquer trabalhadores devem atender a critérios rigorosos.
Os efeitos do acidente em Goiânia são bem conhecidos e difíceis de serem
contabilizados. Antes do acidente, Goiás era o Estado que mais crescia no Brasil,
porém, após o ocorrido, ele passou 14 anos sem crescer, embora o acidente tenha
sido pequeno.
3.2 TRÁFICO ILÍCITO DE MATERIAL NUCLEAR E/OU RADIOATIVO
As ações terroristas, a partir de pequenas células autossuficientes e
independentes, como vimos no filme Guerra Suja, com vínculos de difícil detecção,
nos mostra que nenhum país está livre desta terrível ameaça, com consequências
extremamente catastróficas.
Uma vulnerabilidade importante e que tem que ser considerada é a falta de
integração regular, constante e contínua entre os órgãos de segurança pública das
esferas municipais, estaduais e federais, atuando sem sincronismo e de forma
descentralizada, favorecendo o aparecimento de casos de corrupção, desperdício de
tempo e de recursos tecnológicos. Tudo isso favorece o tráfico ilícito de material
nuclear e/ou radioativo.
Conforme citado por Buzanelli (2010):
Um estudo de situação, mesmo sumário, indica que existem facilidades para
atuação do terrorismo no Brasil: território amplo; rios de penetração;
fronteiras permeáveis; dificuldades para o exercício de fiscalização e
controle; ausência de antecedentes históricos; falta de compreensão do
fenômeno terrorista; e dificuldade de percebê-lo como uma ameaça real
(mesmo dentro do próprio Estado). (BUZANELLI, 2010, p. 49).
Segundo o Professor Anselmo Páschoa, no tópico Medidas Preventivas e de
Combate ao Terrorismo Implementadas nos Fóruns Internacionais e Possíveis
33
Implicações para o Brasil, do Encontro de Estudos Terrorismo, Brasília, 2006,
Presidência da República, Gabinete de Segurança Institucional, p.66:
No que se refere às consequências desses ataques, estas são amplas e
complexas e os danos podem ser físicos, imediatos, econômicos,
financeiros, psicológicos, políticos etc. Já as modalidades de ataques
podem ser de diversos tipos: artefato ou dispositivo nuclear, material
nuclear, instalações nucleares que podem se transformar, elas mesmas, no
grande objeto. Há ainda os dispositivos de dispersão radiológica ou DDR,
também chamado de bomba suja. Os dispositivos ou artefatos podem ser
derivados de roubo dos materiais nucleares para fabricação de uma bomba,
ataque nuclear ao reator, ao transporte ou a uma instalação importante, e
também a bomba suja, o artefato mais provável, porém, com consequências
menos danosas.
Entre 1989 e 1999, ocorreram 235 ameaças, falsos alarmes e pequenas
sabotagens em instalações nucleares americanas. Estas ocorrências estão
bem registradas. Se houvesse alguma liberação de radioatividade, os
efeitos agudos ocorreriam apenas na direção da pluma radioativa,
essencialmente com efeito local. Dependendo dos meios de dispersão e
padrões de posições, pessoas que vivessem nas imediações sofreriam dois
tipos de efeito de longo prazo, os estocásticos ou os imediatos.
Em se tratando dos impactos econômicos e políticos do terror, estes são
danos nacionais. E internacionais, em alguns casos. Um ataque bem
sucedido tem a capacidade de enfraquecer a indústria nuclear de uma
forma global. Segundo a Agência Internacional de Energia Atômica, existem
cerca de 440 usinas nucleares, 671 reatores de pesquisa, e 284 em nível
operacional. Todas essas instalações são alvos potenciais de ataques de
terror nuclear, além dos transportes de um lado para outro e,
principalmente, dos combustíveis usados. Após o 11 de setembro, houve
um grande número de petições solicitando o fechamento de reatores
nucleares próximos às áreas de alta intensidade populacional.
Vale lembrar que as atividades de manutenção e monitoramento de
instalações e equipamentos contendo MN/MR sempre será necessário, e, portanto,
medidas devem ser tomadas imediatamente de forma a evitar uma possível
catástrofe.
O Professor Anselmo informou que:
No caso nuclear, segundo o palestrante, a autoridade nacional competente
é a Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN, e dentro da CNEN, a
Diretoria de Radioproteção, Segurança Nuclear e Salvaguardas detém a
responsabilidade de fiscalizar as atividades que envolvam materiais
nucleares. À Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN) também cabe
a responsabilidade de controlar a entrada e saída de material nuclear em
todo o território nacional. O desenvolvimento de postos operacionais seria
fundamentado nas condições reais, existentes ou permanentes, nas
diversas regiões do país. Podemos exemplificar este fato quando
verificamos que as condições do Nordeste sugerem um desenvolvimento de
portos operacionais que diferem completamente da região da tríplice
fronteira. A região da Cabeça do Cachorro deve ser objeto de hipóteses
bem específicas para aquele local, e assim por diante. Dessa maneira, esta
Comissão deve estar, permanentemente, discutindo estas questões, pois
34
não pode ser surpreendida por algo no qual não havia pensado antes.
(Grifos Nossos)
No que se refere às faixas de ameaças, atores internos e externos, como
narcotraficantes, por exemplo, podem ameaçar, potencialmente, instalações
nucleares; e, atores internos podem ser sabotadores, terroristas, criminosos
com ligações internacionais ou ainda indivíduos mentalmente perturbados,
como o que queria jogar um avião no Palácio do Planalto, há alguns anos.
No grupo dos atores internos podem ser incluídos trabalhadores
desempregados e empregados demitidos e inconformados, ou membros de
movimentos políticos radicais.
Como se pode notar na observação feita pelo Professor, a região conhecida
como “cabeça do cachorro”, São Gabriel da Cachoeira, é uma área de muito
complicada ocupação e, por isso mesmo, se nosso país quer melhorar a
vulnerabilidade suas fronteiras, tem que rever a quantidade de PEF existentes.
3.2.1 Prevenção, Detecção e Resposta a Atos Malévolos
Os materiais radioativos/nucleares adequados para uso em um dispositivo
de dispersão radiológica podem ser encontrados, roubados ou adquiridos
legalmente. Os MR com maior probabilidade de causar um grande dano, com base
apenas nas suas propriedades físicas, são também os que têm aplicações
comerciais significativos e estão amplamente disponíveis. Eles são empregados em
milhares de configurações diferentes, sejam elas médicas, acadêmicas, agrícolas e
industriais ao redor do mundo, incluindo a irradiação de alimentos, detectores de
fumaça, dispositivos de comunicação, balizas de navegação, terapia médica e
também óleo de registro. Isso faz com que seja extremamente difícil, não só garantir,
mas também regular essas fontes. A prevalência dessas fontes de domínio público,
juntamente com controle inadequado e mecanismos de monitoramento, representa
uma ameaça significativa para a saúde e segurança, não só do possível uso
terrorista de materiais radioativos, mas também de acidentes.
Vale dizer que pelo que se pode notar, as fontes mais complicadas de serem
monitoradas são àquelas usadas na engenharia civil (em medidores de fluxo e para
testar a umidade do solo e da espessura do material / integridade para construção),
em engenharia de petróleo (no registro de poços para exploração de petróleo), no
setor aéreo (em medidores de combustível que verifique soldas e integridade
estrutural), na medicina (tratamento de câncer, marcapasso e diagnóstico), em
residências (detectores de fumaça-radioatividade mínima), e para gerar eletricidade
35
(em geradores radiothermal ou RTGs, que geram energia em áreas remotas que
variam de faróis para o espaço).
Como se pode notar nem tudo nesta área é sinônimo de problema. As
diversas aplicações da energia nuclear, sem sombra de dúvida, tornam nossa vida
mais segura e confortável.
As usinas nucleares são a aplicação mais conhecida e polêmica. É uma
energia limpa e concentrada. Temos também as aplicações com materiais
radioativos, que são isótopos instáveis que tem sua energia instável aproveitada em
diversos usos, como Cobalto, Césio, Samário, Tecnécio, Iodo entre outros. Todos
são radioativos, mas faz-se uma distinção. A definição jargão seria “materiais
nucleares e outros materiais radioativos”.
Não obstante os benefícios há também a possibilidade da ocorrência de
problemas. Qualquer opção por uma tecnologia apresenta riscos e benefícios. Com
a energia nuclear não poderia ser diferente. A energia nuclear começou mal,
levando em consideração que seu primeiro uso foi para causar destruição (1945 –
Bombas Atômicas em Hiroshima e Nagasaki). Ninguém construiu pela primeira vez
uma represa para alagar seu inimigo, ou um automóvel para ser usado como carro
bomba. Desta forma, concluímos que o cartão de visita da energia nuclear, em
primeiro plano foi péssimo até os primeiros vinte anos de seu uso, sempre associado
à guerra fria, arsenais atômicos e à visão do apocalipse nuclear.
Figura 16: Bomba Atômica.
Fonte: O autor (2014).
36
Figura 17: Cogumelo Atômico.
Fonte: O autor (2014).
Figura 18:Área Afetada pela Bomba Atômica.
Fonte: O autor (2014).
Associada a esta visão inicial não muito inspiradora que criou sempre a
polêmica em torno de sua utilização, e por se tratar de uma forma de energia
concentrada e perigosa, sua aplicação deve seguir critérios extremamente rígidos de
engenharia e de garantia da qualidade, de forma a garantir plenamente a segurança
tecnológica de seu uso (de forma a não causar danos ao meio ambiente e à
população). Estes critérios são comparáveis e, em alguns casos mais rigorosos aos
utilizados na indústria aeronáutica. De qualquer forma há sempre algum risco
fazendo com que os aviões caiam, por erros técnicos ou humanos, e as instalações
nucleares/radioativas tenham seus problemas.
Sem minimizar outros acidentes tão ou mais sérios, mas não tão midiáticos
quanto os nucleares, quando estes acontecem, a dimensão é enorme. Conforme
relatado anteriormente, o primeiro acidente foi o de Three Mile Island, em que houve
uma fusão do núcleo, porém sem liberação para o meio ambiente, mas a central foi
perdida. Depois, veio o que deve ser o pior de todos os tempos, o acidente de
Chernobil.
Registros de contaminação foram obtidos em toda a rede mundial, a
milhares de quilômetros do local. Pensou-se que algum país tinha feito testes com
bomba atômica (os testes foram banidos, por tratado internacional). A URSS (atual
37
Ucrânia) demorou para informar à comunidade mundial sobre o acidente e uma
rápida resposta não foi possível. Foi uma tragédia ambiental e várias vidas foram
perdidas (direta e indiretamente).
Não menos importantes que os acidentes nucleares há os acidentes
radiológicos, causados pelo mau uso de fontes radioativas: perda de controle,
abandono de fontes, erro nas técnicas de utilização, por exemplo. Na Tailândia
houve caso de roubo de fonte para retirada e venda do chumbo de blindagem, muito
similar ao que foi furtado de um galpão abandonado em Goiânia, só que tratava-se
de Cobalto. Estes acidentes ocupam seu espaço na mídia, mas não tanto quanto os
acidentes com centrais nucleares. Além de se trabalhar com rígidas condições de
contorno de segurança técnica com material nuclear e material radioativo, assim
mesmo existem problemas.
A partir da década de 90, com o fim da guerra fria, a falência da União
Soviética, a Rússia e países satélites, que exerciam um controle rígido sobre seus
MN e MR (por interesse bélico antes de tudo), abandonaram qualquer tipo de
controle por total falta de recursos para isso. Na realidade, foi perdido o controle
sobre estes materiais e as instalações que os continham. Isso aumentou em muito a
probabilidade de ocorrerem mais acidentes.
Figura 19: Submarinos Nucleares Abandonados.
Fonte: O autor (2014).
Por exemplo, a frota de submarinos nucleares foi totalmente abandonada
(um submarino nuclear é um reator nuclear, só que de dimensões reduzidas).
A seguir podemos ver um exemplo de abandono de fontes com Estrôncio 90
que foram abandonadas em dezenas de faróis marítimos russos.
38
Figura 20: Farol Marítimo Russo.
Fonte: O autor (2014).
Figura 21: Fonte Termo Elétrica.
Fonte: O autor (2014).
Estas fontes forneciam energia elétrica para funcionamento autônomo
destes faróis. São extremamente radioativas e também eram usadas em território
russo para produção de energia.
A seguir podemos ver os efeitos causados em trabalhadores rurais na
Geórgia, em 2002, quando, no inverno, se aqueceram em fontes abandonadas em
uma instalação militar também abandonada e as providências complexas para
recuperação que seria primeiro localizar, depois estabelecer sequencia de ações e
tempo máximo que alguém pode trabalhar.
Figura 22: Trabalhador Rural Atingido na Georgia.
Fonte: O autor (2014).
39
Outro exemplo de abandono são as fontes de Césio para irradiação de grãos
(conservação de alimentos), instaladas em caminhões. É fácil imaginar o tamanho
do problema.
Figura 23: Caminhão Condutor de Fonte,
Fonte: O autor (2014).
Figura 24: Fonte para Irradiação de Grãos.
Fonte: O autor (2014).
A comunidade internacional capitaneada pelos EUA, tem gasto bilhões de
dólares para localizar e recolher estes materiais para lugares seguros tanto
tecnológica quanto fisicamente.
Com o atentado de 11 de setembro de 2001, em que os EUA foram
atacados no seu próprio território, em uma ação nunca vista, caracterizando um
novo tipo de ameaça (as instalações nucleares dos países alvo preferenciais não
estariam livres de atentados) e pela facilidade de obtenção dos MN e MR, trouxeram
à discussão a ameaça terrorista com o uso de MN/MR e instalações.
Tudo que os terroristas fazem normalmente e passaram a fazer mais, e de
outra forma após o atentado do dia 11 de setembro, foi ampliado pela possibilidade
de inclusão de MN/MR e instalações.
Atos que são de natureza criminal e podem incluir algumas ou todas as
seguintes características são: uso de explosivos; violência extrema; hora/local
inesperados e imprevisíveis; descaso pela vida (mulheres e crianças); preferência
40
por alvos de fácil acesso e grande fragilidade e intenção de causar medo, dor
emocional, confusão e incerteza. Assim, chegamos basicamente ao que os
terroristas poderiam fazer uso para efetivar um atentado terrorista com MN/MR e
instalações.
Cenários terroristas com utilização de material nuclear/radioativo:
(1) Roubo de MN/MR
- artefato nuclear (MN);
- dispersão de material nuclear/radioativo de forma violenta (bomba
suja/RDD) ou não violenta; e
- dispositivo de exposição radiológica (RED).
(2) Sabotagem (acessíveis – dano significativo)
- Instalações;
- Transporte;
- adquirir/roubar MN em grau de bomba ou adquirir/roubar a própria
bomba pronta;
- adquirir/roubar MN/MR para dispersar este material;
- adquirir/roubar MN/MR para colocar este material parado em algum
lugar causando exposição de pessoas; e
- sabotar instalações ou transportes de MN/MR (transporte é uma
instalação móvel).
Há duas fases para que ocorra um ato terrorista com MN/MR, sendo a fase
da crise (ocorre em primeiro lugar a avaliação, busca, identificação e neutralização)
e a fase das consequências (ocorre em primeiro lugar a avaliação, resgate,
recuperação e restauração). Normalmente só lembramos o depois do ato, mas é
importantíssima a fase pré-ato, pois é quando podemos tentar evitar que ele ocorra.
E
para
evitar
que
ele
ocorra
é
fundamental
um
serviço
de
informações/inteligência eficiente e conectado, trabalhando em conjunto com seus
pares pelo mundo todo, um sistema de resposta (polícia, setor nuclear, alfândega,
forças armadas, entre outros) também integrado e seriedade na área, evitando a
politização dos cargos de gestão, mas com fiscalização constante dos órgãos de
controle para se analisar o trato com os funcionários da empresa da área nuclear, ou
41
que tenham qualquer envolvimento com MN/MR. Isso vale para detecção já em uma
instalação.
Como fatores de sucesso na resposta de tentativa de terrorismo
nuclear/radioativo, temos a coordenação/integração de todas as organizações
responsáveis pela resposta, ondedeve-se comunicar países vizinhos e obter
ajuda/cooperação internacional.
A Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN é o órgão regulador e
fiscalizador de toda atividade nuclear/radioativa no país, atuando em reatores
nucleares, no ciclo do combustível, na pesquisa e desenvolvimento e na medicina e
indústria. Entre suas ações estão a prevenção, detecção e resposta. Em referência à
prevenção e detecção, cita-se:
1) Licenciamento/Regulação – Critérios e requisitos obrigatórios – Norma
CNEN e Recomendações Internacionais (proteção física, proteção
radiológica, controle e contabilidade de MN/MR, engenharia entre
outros);
2) Inspeções regulatórias – inspeções de conformidade nas instalações
/transportes;
3) Siscomex (CNEN/Receita Federal); e
4) Integração de instituições e Organizações Nacionais e Internacionais.
A CNEN efetua regulação e fiscalização em proteção física conforme a
norma CNEN 2.01, que é o plano de proteção física.
Como exemplo das ações é possível citar:
1) Acidente de Goiânia (resposta e recuperação);
2) XV Jogos Pan Americanos e III Jogos Para Pan americanos RIO-2007
(prevenção, detecção e resposta); e
3) Tráfico Ilícito de materiais nucleares e radioativos no MERCOSUL.
Em que pese não haver registro de intenção de uso de MN/MR para atos
terroristas no Brasil, deve haver planejamento para prevenção, detecção, definição
das ameaças críveis, capacidade dos adversários (conhecimento e meios) e
motivação. Qualquer planejamento resposta tem que haver a integração de todas as
organizações e responsáveis.
42
Segundo a IAEA, INFCIRC/225/REVISION 5:
A possibilidade de que material radioativo nuclear ou outra poderia ser
usada para fins maliciosos não pode ser descartada da situação mundial
atual. Membros responderam a este risco através da contratação de um
compromisso coletivo para fortalecer a proteção e controle de tal material e
para responder eficazmente aos eventos de segurança nuclear. Membros
se comprometem a fortalecer os instrumentos existentes e estabeleceram
novos instrumentos jurídicos internacionais para melhorar a segurança
nuclear em todo o mundo. A segurança nuclear é fundamental na gestão de
tecnologias nucleares e em aplicações onde o material radioativo nuclear ou
outro é usado ou transportado. Através do programa de energianuclear, a
IAEA apoia Estados para estabelecer, manter e sustentar um regime eficaz
de segurança nuclear. A IAEA adotou uma abordagem global da segurança
nuclear. Este reconhece que um regime nacional eficaz de segurança
nuclear baseia-se: a implementação dos instrumentos jurídicos
internacionais pertinentes; proteção das informações; proteção física;
contabilidade e controle de materiais; detecção e resposta ao tráfico de tal
material; planos nacionais de resposta; e medidas de contingência. Com a
sua Série de Segurança Nuclear, a IAEA tem como objetivo auxiliar os
Estados na implementação e manutenção de um tal regime, de forma
coerente e integrada. A Série de Segurança Nuclear da IAEA compreende
Fundamentos de Segurança Nuclear, que incluem objetivos e elementos
essenciais do regime de segurança nuclear de um Estado; recomendações;
a implementação de Guias; e orientação técnica. Cada Estado exerce a
plena responsabilidade pela segurança nuclear. Especificamente, para
proporcionar a segurança de material radioativo nuclear e outros e
instalações e atividades associadas; para garantir a segurança deste tipo de
material em uso, o armazenamento ou durante o transporte; para combater
o tráfico ilícito e o movimento acidental de tal material; e estar preparado
para responder a um evento de segurança nuclear. A proteção física contra
a remoção não autorizada de material nuclear e contra a sabotagem de
instalações ou meios de transporte nucleares tem sido um motivo de
preocupação e de cooperação nacional e internacional. A comunidade
internacional se comprometeu a fortalecer a Convenção sobre a Proteção
Física de Material Nuclear, e cooperou com a IAEA a estabelecer
orientações de segurança nuclear.
Os destaques feitos abaixo foram retirados do livro U.S.-Russian
Collaboration in Combating, da Academia Nacional de Ciências Washington D.D.
Vale citar exemplos de ataques terroristas:
1) Metro de Tóquio, Gás Sarin, Culto de Aum Shinrikyo 12mortos 1000
feridos;
2) Em 1995, Cidade de Oklahoma, bomba em um caminhão, 168 mortos;
3) Em 1998, Quênia & Tanzânia, Embaixadas de EUA, bombas
simultâneas em carros, 257 mortos, 4000 feridos;
4) Em 1998 Omagh, Irlanda do Norte, carro bomba, 29 mortos;
5) Em 2001,Iêmen, ataque suicida no Barco da Marina dos EUA USS Cole,
17 mortos;
43
6) Em 2001, em Nova York, Washington, 9/11 ataque suicida com aviões,
3000 mortos; e
7) Bali, Indonésia, ataque suicida com carro bomba, 202 mortos, 209
feridos;
Casos de utilização incorreta de fontes radioativas:
1) Novembro de 1985: Moscou Rússia. Rebeldes Chechenos compram um
recipiente com Césio 137 em um parque da cidade;
2) Março de 1998: Greensboro, EUA. 19 tubos pequenos de Césio 137 são
roubados de um hospital. Nunca foram recuperados.
3) Junho de 2002: Chicago, EUA. JoséPadilhaé preso por suspeitade
planejara detonaçãoumabomba suja.
Abaixo veremos 3 relatos envolvendo fonte radioativa ionizante na Rússia:
INCIDENTE1
Em fevereiro de 2000, vários casos de sintomas de saúde incomuns foram
relatados em Grozny, na Chechênia, incluindo vermelhidão da pele, edema e os
olhos avermelhados. O maior número de casos foi na região Zavodsky, que não
estava sob o controle do Exército no momento. Uma equipe do Serviço de
Inteligência foi enviada para Grozny para investigar. A primeira tentativa da equipe
para localizar a fonte de radiação falhou, porque os combates começaram enquanto
a equipe estava realizando a medição da radiação na área. Dois supostos
insurgentes
ligados
ao
lider
da
oposição
Khakimov
foram
apreendidos
posteriormente em Grozny. Eles deixaram cair um cilindro enquanto tentavam
escapar (o conteúdo e dispositivo do cilindro não foram achados). Inteligência
indicou que Khakimov estava planejando um ataque terrorista na maior cidade da
Rússia. Khakimov pensava ser capaz de perpetrar um ataque radiológico, e que
fosse, particularmente, em um subúrbio de Moscou. A busca por fonte de radiação
ionizante roubada começou em um subúrbios. Uma IRS foi descoberta em um trailer
abandonado que apresentou uma leitura anormalmente elevada de radiação. Foi
recuperada usando robôs.
44
INCIDENTE 2
Em Grozny, a equipe do Serviço de Inteligência ganhou acesso à região de
Zavodsky novamente. A equipe observou um pedaço de terra, onde a neve derreteu
e a vegetação tinha morrido. Uma IRS do tamanho de um lápis foi encontrado,
emitindo radiação que em 20 minutos constituía uma "exposição mortal." A fonte foi
recuperada com robôs e levada em um transporte de contêineres à prova de
radiação de 2 toneladas.
INCIDENTE 3
Um insurgente se entregou no gabinete do comandante em Grozny. Ele
testemunhou que tinha assistido Khakimov na Organização,no roubo de IRSs de
uma planta química inativa na região de Zavodsky. A planta inicialmente teve nove
fontes para uso na polimerização de borracha não vulcanizada. As IRSs foram
armazenadas no local em uma câmara especial onde permaneceram mesmo depois
que da planta não estar mais em operação.
O caminho para a planta foi ocultado, e a câmara que mantinha as fontes foi
selada por uma porta de aço de correr. Os insurgentes tinham acessado a câmara
através de uma escotilha no quarto andar do edifício. Os níveis de radiação dentro e
em torno da escotilha eram altos, e a escotilha era protegida com um sarcófago de
concreto.
A porta de aço de correr para a câmara foi destruída, e os robôs foram
enviados com câmeras para investigar o recipiente de IRS, que tinha sido aberto. O
primeiro robô falhou devido a condições extremas e altas temperaturas na câmara.
Um segundo robô removeu o primeiro robô e continuou a operação. As câmeras do
segundo robô revelaram que o recipiente tinha sido aberto de maneira imprópria e
sete fontes haviam caído sob o recipiente.
A descoberta das sete IRSs sob o recipiente totalizaram nove IRSs da
fábrica de produtos químicos, uma vez que duas haviam sido coletadas
anteriormente em Moscou e Grozny (Ver incidentes 1 e 2, acima). As IRSs foram
colocadas em um recipiente especial e levadas de caminhão para Mozdok. Pessoal
de Radon encontrou o caminhão lá e o recipiente foi carregado para o comboio.
(KUZMIN, 2003).
45
Recortes feitos sobre o tema:
1) 1987. Iraque ensaiou explodir uma RDD;
2) 1995. Se descobriu uma RDD em um parque público de Moscou;
3) 1998. Chechenia: achada uma mina explosiva recheada com material
radioativo;
4) 2002. Se descobriu que José Padilha teria planos acerca de RDD;
5) 2003. Al Qaeda planejava no Afeganistão; e
6) 2004. Uma grande quantidade de Amerício 241 foi encontrado em
Londres.
Figura 25: Rascunho com Projeto de Bomba Suja.
Fonte: O autor (2014).
O urânio empobrecido (UE) pode ser entendido como lixo nuclear e também
como subproduto (matéria prima) para elementos combustíveis em reatores rápidos
(Fast Breeder). Os elementos combustíveis do reator são de plutônio no centro do
núcleo. Os demais elementos combustíveis são de U238, elemento fértil que vai se
transformando em plutônio durante a reação em cadeia. O UE ocorre naturalmente
como três isótopos diferentes: U234, U235 e U238. Isótopos são átomos do mesmo
elemento que têm números diferentes de nêutrons, mas o mesmo número de
prótons. Isto significa que eles comportam-se da mesma maneira quimicamente,
mas diferentes isótopos libertam diferentes quantidades e tipos de radiação.
As propriedades radioativas do UE, cujo principal é o urânio 238, diferem
das de urânio 235. Ao contrário de U238, U235 é físsil e extremamente instável. Esta
é a base de armas nucleares e energia nuclear. No entanto, antes do U235 ser
usado, ele tem de ser concentrado, uma vez que só se faz uma pequena proporção
de urânio que ocorre naturalmente, em torno de 0,7%. U238 faz mais de 99% do
urânio natural e é menos radioativo. Depois de urânio natural ter a maior parte do
46
U235 removida dele, ele é chamado de "urânio empobrecido" (fértil), ou seja, o
urânio empobrecido no isótopo U235.
O urânio empobrecido é utilizado em munições contra blindados por causa
da sua elevada densidade. É 1,7 vezes mais denso do que o chumbo, tendo armas
de urânio empobrecido maior alcance e poder de penetração. Eles pertencem a uma
classe de armas chamada penetradores de energia cinética. A parte da arma que é
feita de DU (depleted uranium – Urânio empobrecido) é chamado um penetrador:
este é um longo dardo com peso superior a quatro quilogramas. O penetrador é
usualmente uma liga de DU e uma pequena quantidade de um outro metal tal como
o titânio e molibdénio.
A poeira do óxido de DU produzido quando usado em munições é tóxica e
radioativa e composta de dois óxidos: um insolúvel, o outro fracamente solúvel. A
distribuição de tamanhos de partículas inclui partículas de retenção que são
facilmente inaladas e acumuladas pelos pulmões. Alvos atingidos são cercados por
essa poeira e as pesquisas sugerem que ele pode viajar muitos quilômetros quando
re- suspenso, como é provável em climas áridos. O pó pode ser inalado ou ingerido
por civis e militares da mesma forma.
A radiação alfa, quando inalada ou ingerida, é a forma mais prejudicial de
radiação ionizante (urânio 238). Dentro do corpo esta radiação é perturbadora e
estima-se que o dano cromossômico de partículas alfa é aproximadamente 100
vezes maior do que a causada por uma quantidade equivalente de outra radiação.
As partículas pesadas, altamente carregadas podem perfurar buracos no DNA e
deixar um rastro de radicais livres ionizados, interrompendo processos celulares. A
radiação ionizante é um agente cancerígeno em humanos em todos os níveis de
dose, e não apenas em doses elevadas. Não existe uma dose limite e qualquer
partícula alfa pode causar alterações genéticas irreparáveis.
Uma pesquisa detalhada sobre atoxicidade química do urânio começou na
década de 1940, e, desde então, tornou-se claro que, como muitos outros metais
pesados, como chumbo, cromo, níquel e mercúrio, a exposição ao urânio podem ser
prejudiciais à saúde.
Segundo a matéria publicada na revista Defense Horizons (A publication of
the Center for Technology and National Security Policy), de janeiro de 2004, número
38, página 1, Existem diferentes tipos de materiais radioativos que emitem diferentes
tipos de radiação:
47
1) Raio Gama pode viajar longas distâncias sem ar e pode passar através
do corpo expondo órgãos internos; é também uma preocupação se o
raio gama for ingerido ou inalado;
2) Radiação Beta pode viajar a poucos metros do ar e em quantidades
suficientes pode causar danos na pele; beta-emissor de um material é
perigo interno se ingerido ou inalado; e
3) A radiação alfa viaja apenas uma ou duas polegadas no ar e não pode
mesmo penetrar na pele; materiais emissores alfa é um perigo se for
ingerido ou inalado.
Nove isótopos são de interesse para a bomba suja: Amerício-241 (Am-241);
Californium-252 (CF-252); Césio-137 (Cs-137); Cobalto-60 (CO-60); Iridium-192 (Ir192); Plutônio-238 (Pu-238); Polônio-210 (Po-210); Radium-226 (Ra-226) e
Estrôncio-90 (Sr-90). O rádio-226 e uma pequena quantidade de polônio-210 existe
na natureza, mas o resto é fabricado pelo homem.
Três desses nove isótopos citados acima são fortes emissores de raios
gama: Cs-137 (partir de Ba-137), Co-60 e Ir-192. Estes três podem representar um
perigo externo para os indivíduos que lidam com eles. O Sr-90 emite partículas beta
e os demais, Am-241, CF-252, Po-210, Pu-238 e Ra-226 são emissores de
partículas alfa.
Vale dizer que como cobalto, irídio e polônio existem como sólidos não seria
facilmente dispersável. O amerício, californium e plutônio são tipicamente óxidos e
podem existir na forma de pó. O césio é normalmente encontrado como cloreto de
césio, o qual é também um pó e bastante solúvel em água. Radium e estrôncio são
usados em várias formas, sendo que o estrôncio fluoreto, em certas fontes seladas é
condensado de forma que seja insolúvel.
3.2.2 Aspectos relevantes sobre a bomba suja
Não se pode deixar de falar sobre terrorismo nuclear sem citar
especificamente a grande vedete que é a bomba suja (RDD). A construção é
simples, pois seu preparo é rudimentar (fundo de quintal) e sem as proteções
devidas e até porque, em geral terroristas não estão preocupados com suas próprias
vidas. São empregados materiais radioativos de fácil obtenção (exemplo: hospitais,
48
produtosagrícolas e gamagrafia industrial). Vale dizer que a preparação é feita com
altas taxas de exposição. É uma mistura de explosivos, como a dinamite com o pó
radioativo.
A bomba suja funciona completamente diferente de uma bomba atômica e
não pode criar uma explosão atômica, porém, como usa explosivos ela espalha a
poeira radioativa ou fumaça a fim de causar a contaminação.
Segue a foto de um protótipo de bomba suja (RDD- Radiological Dispersion
Device):
Figura 26: Protótipo de Bomba Suja.
Fonte: O autor (2014).
É importante indagar quais seriam os alvos preferenciais de um dispositivo
de dispersão (bomba suja) ou de exposição (aquele em que a fonte fica parada
fazendo seu estrago). Destaco os espaços contidos, as multidões, as instalações e
áreas críticas/vitais e grandes eventos públicos.
Se o terrorismo tradicional já causa danos irreparáveis, não é difícil imaginar
se associado a MN/MR. As consequências, de certa forma são as mesmas, mas a
intensidade fica muito maior como: biológicas, psicológicas, ambientais, econômicas,
sociais e políticas.
A maioria das bombas sujas e outras RDDS têm efeitos muito localizados,
variando de menos de um quarteirão da cidade a vários quilômetros quadrados. A
área sobre a qual materiais radioativos seriam dispersos depende de fatores tais
quais: quantidade e tipo de material radioativo disperso; meios de dispersão (por
exemplo, explosão, pulverização, incêndio); forma física e química do material
radioativo. Por exemplo, se o material é disperso como partículas finas, que pode ser
transportado pelo vento sobre uma área relativamente grande; topografia local,
localização dos edifícios, e outras características da paisagem e condições
49
meteorológicas locais.Algumas formas de isótopos podem ser dissolvidas em
solventes e amplamente pulverizadas e outras ainda podem ser queimadas ou
vaporizadas.
Se o material radioativo libera partículas finas, a pluma se espalharia mais
ou menos com a velocidade e direção do vento. Como uma pluma radioativa
estende-se por uma área maior, aumentando a quantidade de expostos, por outro
lado, a radioatividade torna-se menos concentrada. Em Goiânia acredita-se que
gatos selvagens, espalharam o MR além da área monitorada conduzindo-o em sua
pele.
Modelos atmosféricos podem ser utilizados para estimar a localização e
movimento de uma pluma radioativa. A maioria das lesões de uma bomba suja
provavelmente ocorreria a partir do calor, detritos, poeira radiológica, e força da
explosão convencional utilizado para dispersar a material radioativo, afetando
somente as pessoas próximas ao local da explosão.
Nos níveis baixos de radiação esperados de um RDD, os efeitos imediatos
da exposição à radiação para saúde provavelmente seria mínimo. Os efeitos da
exposição à radiação na saúde são determinados pela: quantidade de radiação
absorvida pelo corpo; tipo de radiação; meios de exposição de externo ou interno
(absorvido pela pele, inalados, ou ingeridos) e período de tempo exposto. Uma das
principais consequências de uma bomba suja são os efeitos psicológicos do medo
de ser exposto, por isso faz-se necessário que existam sempre fontes confiáveis
para disseminar informações atualizadas e corretas.
Após a explosão radiológica, as pessoas devem: minimizar o tempo que
estão expostosaos materiais de radiação da bomba suja; maximizar a sua distância
da fonte saindo de perto da cena do acidente e proteger-se da exposição externa e
inalação de material radioativo.
Se as pessoas estão perto do local de uma bomba suja ou de liberação de
material radioativo, devem: ficar longe de qualquer pluma, poeira ou nuvem; cobrir a
boca e o nariz com um lenço de papel, filtro ou pano úmido para evitar a inalação e
ingestão do MR;caminhar dentro de um edifício com portas e janelas fechadas, o
mais rapidamente pode ser feito de forma ordenada concomitantemente com ter
atenção às informações prestadas pelos socorristas e autoridades de emergência;
remover as roupas contaminadas incluindo o pano que se usou para cobrir o rosto
até chegar ao edifício o mais rápido possível, bem como colocá-las em um saco
50
plástico e lacrar, pois as roupas podem ser usadas mais tarde de forma a medir a
quantidade de radiação à que a pessoa foi exposta, lavar suavemente a pele para
remover possível contaminação, devendo as pessoas ter cuidado para o MR não
entrar na boca ou ser transferido para área do corpo onde poderia ser facilmente
deslocado para a boca e ingeridos, ou seja, fica claro que não se deve comer, beber
ou fumar também e se certificar se o local onde está é lacrado com janelas bem
fechadas de forma a impedir que a poeira entre.Não se deve comer ou beber nada
que esteja destampado, porém, ainda que os alimentos estejam tampados e
lacrados, os recipientes em que estão devem ter seu exterior lavado antes do uso.
Não existem antídotos confiáveis uma vez que o MR é inalado ou ingerido,
no entanto, sintomas podem ser tratados. Existem alguns produtos químicos que
ajudam a limpar o corpo de MR específico. Foi dito em um texto do United States
Nuclear Regulatory Commission, vindo do Office of Public Affairs, que o corante azul
da Prússia têm se mostrado eficaz para a ingestão de césio-137 e é vendido sob o
nome comercial Radiogardase por Heyl Pharmaceuticals, na Alemanha e foi muito
eficaz quando usado nos contaminados em Goiânia.Seria imprescindível que o
Brasil passasse a fabricar ou importar este remédio para tratar pelo menos mil
vítimas de cada vez, por pelo menos um mês.O iodeto de potássio (KI) em
comprimido é recomendado apenas para a exposição ao iodo-131 (I-131), um
elemento radioativo de curta duração produzido em usinas nucleares, além de só
proteger a glândula tireoide. Como não tem como saber se o iodo radioativo foi
usado na bomba, não é recomendada sua ingestão, pois o mesmo pode até mesmo
fazer mal à algumas pessoas. Nos dias e semanas seguintes ao acidente com uma
RDD, socorristas podem: estabelecer um plano de monitoramento e avaliação das
áreas afetadas; impor quarentenas como necessárias para evitar novas exposições
e remover a contaminação de áreas onde as pessoas possam continuar sendo
expostas. Um programa de vigilância médica a longo prazo pode ser estabelecido
para as vítimas de um ataque radiológico significativo para monitorar potenciais
efeitos na saúde.
A maioria dos hospitais, no entanto, não têm clínicas especializadas para o
tratamento de lesões de radiação ou pacientes contaminados. A preparação prévia
deve incluir a construção de instalações para a descontaminação das vítimas e
formação de pessoal médico e paramédico a ponto de reconhecer queimaduras
agudas de doenças de radiação. Eliminação da contaminação externa pode ser feito
51
simplesmente por lavagem completa, com atenção especial dada à remoção de
material radioativo agarrado aos cabelos. Exposição interna, por outro lado, ainda
apresenta os maiores perigos para a vítima, cujos tecidos estão a ser continuamente
irradiados a partir do interior.
Todas as cargas que entram no país ou saem devem ser analisadas,
principalmente as que contenham metais pesados como o chumbo, que pode ser
usado para proteger fontes de monitores de radiação. Essa é uma triagem que
complicaria o contrabando.
Levando em consideração a facilidade na aquisição de bananas de dinamite,
a qual tem-se registrado na imprensa, fica mais fácil a feitura de bombas sujas.
Apesar da fiscalização exemplar do Exército nas mais de mil empresas autorizadas
a armazenar, usar, produzir ou comercializar produtos controlados, ainda assim não
se consegue evitar o desvio de explosivos. Enquanto a legislação não punir o
comprador como passível de crime de terrorismo, que deverá ser tipificado com
pena de prisão perpétua (a CRFB deve ser alterada), nada mudará.
Temos alguns casos de tráfico ilícito de torianita, como a matéria sobre
venda de material radioativo obtido ilegalmente bem mostra, no site da Federação
Nacional dos Policiais Federais, em 05 de outubro de 2009:“Teve uma época aí que
eu estava negociando com o pessoal do Iraque, os árabes. A única informação que
eu tinha é que ia para o Iraque”, diz um traficante.
Igualmente importante foi a matéria sobre O contrabando do urânio
brasileiro, na revista Isto é, em 17 de maio de 2006, dizendo:
No rastreamento da teia de relações mantidas pelos traficantes, a polícia
chegouao nome de Haytham Abdul RahmanKhalaf, libanês apontado como
o elo com o grupo extremista islâmico Hamas”. Na ponta brasileira da trama,
até agora a Polícia Federal já identificou três grupos especializados no
tráfico de urânio. Todos com base em Macapá.
A rota a seguir é variada. O minério segue de carro para Macapá ou do
garimpo é levado de barco até o Oiapoque, na ponta norte do Estado.
Depois, vai para a Guiana Francesa, de onde é despachado para outros
países. Rússia, Coréia do Norte e países do continente africano são alguns
dos destinos sob investigação.
Em primeiro lugar podemos perceber que a matéria acima é 2006, 4 anos
antes da matéria citada anteriormente, que era de 2010, ou seja, depois de todo
esse tempo o problema persiste mostrando a falta de seriedade do país no tocante
52
ao controle de suas fronteiras e de garimpos ilegais. Fica clara a falta de efetivo das
Forças Armadas e Polícia Federal.
Nota-se que há muita facilidade na extração e saída do minério do país,
ficando mais do que claro a vulnerabilidade do Brasil.
Supõe-se que o tráfico de torianita seria em função do urânio, porém, seria
extremamente caro fazer a separação por ser de aluvião. A torianita tem 75% de
tório, 8% de Urânio, 11% de chumbo e 1,2% de terras raras. O chumbo (Pb208) é
usado em reatores nucleares rápidos para resfriamento do núcleo e, em virtude de
seu preço no mercado, poderia ser uma das razões pelo interesse no minério.
53
4 LEGISLAÇÕES SOBRE O TEMA
No Direito Penal Brasileiro inexiste tipo penal para o crime de terrorismo.
Nos dispositivos legais existentes sobre o tema, não há a descrição da conduta
típica punível para o crime de terrorismo, portanto, seguindo o princípio estipulado
em nosso Código, “não há crime sem lei anterior que o defina”.
A indefinição consensual sobre o que vem a ser terrorismo e a inexistência
de tipificação penal para o mesmo, indica que o seu combate poderá ser prejudicado
caso ocorra um ato terrorista em território nacional. A Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 traz como preceito fundamental o repúdio ao terrorismo
e ao racismo (artigo 4º, inciso VIII), complementado pelo artigo 5°, inciso XLIII, que
declara:
“A lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a
prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os
mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se
omitirem.(BRASIL, 2011, p. 9).
Segundo Messeder (2011),
[...] a Constituição determina que o repúdio ao terrorismo é um dos
princípios fundamentais que regem as relações internacionais do Brasil e
estabelece, ao tratar dos direitos e deveres individuais e coletivos, que a lei
considera o terrorismo crime inafiançável e insuscetível de graça. Esses
preceitos constitucionais antiterroristas da Constituição do Brasil constituem
cláusulas pétreas, insuscetíveis, dessa forma, de alteração por meio de
emenda constitucional. A par das considerações supracitadas, ainda assim
existem muitas discussões jurídicas com relação ao crime de terrorismo e
sua inserção na legislação Penal Brasileira, notadamente quanto às normas
jurídico-penais que tratam da questão, a Lei nº 7.170/83 que define os
Crimes contra a Segurança Nacional e a Lei nº 8.072/90, que dispõe sobre
Crimes Hediondos. Nestas duas leis brasileiras, o terrorismo não obteve
normas de direito e processo penal específicos. Após um ano de estudos,
em 2007, o Brasil acabou desistindo do projeto de tipificar o terrorismo como
crime especial, limitando-se apenas a repudiá-lo. (MESSEDER, 2011,
p.118, grifo nosso).
Acresce-se que o inciso XLIV do art. 5º da Constituição informa que constitui
crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares,
contra a ordem constitucional e o Estado democrático.
No que tange à aprovação de lei antiterror vale dizer que esta poderia ter
influência direta nos movimentos sociais em ações como invasões de barragens e
54
hidrelétricas, terras da união, prédios públicos e bloqueios de estrada. Há também,
de certa forma, um temor quanto a um possível cerceamento de liberdade
semelhante ao que aconteceu nos EUA, com restrições individuais e interceptações
telefônicas, referentes às ações de combate ao terrorismo.
A exemplo da Lei de Segurança Nacional, não há a descrição da conduta
em norma incriminadora ferindo, desta forma, o princípio da legalidade que prevê a
definição de uma conduta típica punível. Assim, os gravames previstos na Lei de
Crimes Hediondos são inócuos no que se refere ao crime de terrorismo, pois apenas
oferece uma incriminação vaga e indeterminada. (WOLOSZYN, 2010, p.81).
O processo penal brasileiro demorado, bem como a demora nas mudanças
via processo legislativo, criou um imobilismo policial no Brasil, aumentando o risco
com a manutenção da segurança. Essa morosidade na aprovação de leis
específicas sobre o terrorismo torna inviável que se materializem antes das
olimpíadas. Hoje em dia vemos muitos estudos, encontros e seminários, mas nada
de efetivo e célere.
O fato de o Brasil estar resistindo à implantação de uma lei antiterrorismo,
pelo que se pode notar até o presente momento, tem suas próprias razões e são um
ponto de vista a se considerar. Tais medidas de restrição de liberdade poderiam
antagonizar grupos que hoje não têm desejo de atacar o Brasil.
A Lei n.º6.453/77, que estabelece a “responsabilidade civil por danos
nucleares e a responsabilidade criminal por danos nucleares (...)”, não foi
recepcionada pela Constituição Federal de 1988. O art. 8º da referida Lei, preceitua
o que segue: “O operador não responde pela reparação do dano resultante de
acidente nuclear causado diretamente por conflito armado, hostilidades, guerra civil,
insurreição ou excepcional fato da natureza”.
De nenhuma forma se pode estabelecer limites indenizatórios para a
hipótese de danos decorrentes de acidente nuclear, responsabilidade essa que em
face da Lei Magna de 1988, é do Estado ou de Empresas prestadoras de serviços
públicos. No entanto, atualmente nem mesmo as conhecidas excludentes de
responsabilidade como o caso fortuito e a força maior, poderão, ser invocadas pelo
Estado para se eximir de qualquer responsabilidade.
No art. 21, inciso XXIII, alínea d, podemos ver que a responsabilidade é
objetiva para seu causador, pois é fundada no risco integral haja visto a dimensão
55
dos riscos envolvendo a exploração desta atividade. O fato desta responsabilidade
civil independer da existência de culpa reforça os argumentos citados.
Existe uma discussão sobre qual das teorias estariam embasando a
responsabilidade do Estado, se a Teoria do Risco Administrativo, a qual aceita
excludentes de responsabilidade, ou se a Teoria do Risco Integral, que é quase uma
modalidade extremada que justifica o dever de indenizar até mesmo quando não
existe nexo de causalidade. Vê-se, todavia, que, hodiernamente, a teoria adotada é
a da Responsabilidade Objetiva, ou mais tecnicamente falando, a Teoria do Risco
Administrativo.
A responsabilidade objetiva apresenta-se como a obrigação de reparar
determinados danos causados a outrem, independentemente de qualquer atuação
dolosa ou culposa de responsável, sendo necessário que estas tenham acontecido
durante atividades realizadas no interesse ou sob o controle do Ente Público ou
empresa responsável também prestadora de serviço público.
É necessário a criação de diversas leis específicas para regular o assunto,
como: leis que possam compelir os donos de fontes de hospitais a adquirir controle
radiológico nas entradas e saídas do hospital, disponibilizando um segurança só
para a área onde está localizada a fonte; leis que tipifiquem o crime de terrorismo e
penalizando com a prisão perpétua (mudanças devem ser feitas na CRFB); leis que
obriguem as seguradoras a indenizar inclusive em caso de acidentes radiológicos de
forma a evitar a falência dos micro empresários e o aumento do desemprego (nos
EUA as seguradoras parecem excluir danos de radiação). A adoção de cartilhas de
forma a alertar a população também se faz necessária.
56
5 CONCLUSÃO
O Brasil possui vulnerabilidades estruturais e conjunturais face ao
terrorismo. Dentre as estruturais, destaca-se a grande extensão de fronteiras
terrestres e marítimas [o Brasil possui 15.791 Km (quinze mil setecentos e noventa e
um quilômetros) de fronteiras terrestres com nove tríplices fronteiras e 7.367 Km
(sete mil trezentos e sessenta e sete quilômetros) de fronteiras marítimas.
Recentemente foi dito em uma palestra na Escola Superior de Guerra, sobre
inteligência, que empresas que atuem com materiais perigosos, precisam saber
contratar, manter e demitir seus funcionários, para que estejam sempre motivados
de forma a jamais pensar em retaliação e, com isso, ajudar a formar um “exército” de
colaboradores como fontes de informação e não uma legião de descontentes.
Em se tratando de política de Governo, nosso País deve: criar um serviço de
informações/inteligência eficiente e conectado, trabalhando em conjunto com seus
semelhantes de seu país e de outros países; criar um sistema de resposta (polícia,
setor nuclear, alfândega, forças armadas, entre outros) também integrado, evitando
a politização dos cargos de gestão; iniciar fabricação do corante Azul da Prússia e
manter estoque razoável; implantar lei anti-terrorismo; criarleis específicas que
possam compelir os donos de fontes de hospitais a adquirir controle radiológico nas
entradas e saídas do hospital, leis que tipifiquem o crime de terrorismo e
penalizando com a prisão perpétua, leis que obriguem as seguradoras a indenizar
inclusive em caso de acidentes radiológicos de forma a evitar a falência dos micro
empresários e o aumento do desemprego e agir imediatamente para adquirir vários
portais de controle radiológico de fronteira, e evitar não só a saída de minerais
radioativos, mas a entrada também e para isso deve investir imediatamente em
aumento de efetivo das forças armadas.
Devem ser usadas estratégias de governo como: melhorar a vulnerabilidade
de fronteiras; adoção de cartilhas de forma a alertar a população dos riscos da
bomba suja; realizar planejamento para prevenção, detecção, definição das
ameaças críveis, capacidade dos adversários (conhecimento e meios) e motivação e
criar um número bem maior de Pelotões Especiais de Fronteira, bem como o efetivo
da Polícia Federal, de forma a equalizar os riscos presentes. As organizações do
Estado tem que estar preparadas para realizar a implantação de bancos de dados
específicos; acompanhamento e identificação de organizações, grupos ou pessoas
57
relacionados à atividade terrorista; ampliar o controle de entrada, de saída e de
trânsito de suspeitos no País; realizar o controle das comunicações, dentro do
previsto na Lei; realizar o acompanhamento, pelas vias legais, de pronunciamentos,
publicações, mensagens, meios de comunicação vinculados ou que apóiam
organização terrorista e/ou suspeita; realizar o estudo de organizações terroristas;
realizar o estudo e acompanhamento do seu histórico, motivações, objetivos,
lideranças, estrutura, apoio financeiro e logístico, modus operandi; aprimorar a
ligação com organismos de inteligência estrangeiros e de investigação policiais
internacionais, visando ao intercâmbio de dados informações sobre elementos,
grupos e organizações terroristas; ampliar as parcerias multilaterais estratégicas, no
âmbito da comunidade internacional, como a União Sul-Americana (UNASUL), entre
outras; realizar o acompanhamento, detecção e neutralização de ameaças efetivas
ou potenciais representadas pelo terrorismo e redes criminosas transnacionais.
Conforme já foi dito anteriormente, o Brasil tem sido cenário de tráfico de
minério radioativo como a torianita e com fácil deslocamento para fora do país desde
2004, pelo que foi noticiado, expondo sua face frágil, sem controle e seriedade que o
assunto requer. De nada adianta todo sacrifício para organização de grandes
eventos como a Copa do Mundo de 2014, com um trabalho que poderia muito
facilmente ter terminado de forma catastrófica se uma bomba suja fosse disparada
perto da concentração de uma seleção ou em locais distantes da área onde estariam
fazendo um monitoramento radiológico. Além do mais quantas roupas especiais
contra um ataque radiológico estavam à disposição, sabendo que na praia de
Copacabana, no evento da FIFA, haviam mais de hum milhão de pessoas? No filme
Guerra Suja haviam menos de 10 para uso imediato e mais 200 para chegada
posterior, com atraso, para controlar uma explosão com aproximadamente hum
milhão de contaminados, e ainda assim era pouco.
Os anos passam e o Brasil fica apenas nas discussões e estudos, atuando
com amadorismo absoluto e esquecendo de colocar em prática de forma objetiva e
rápida, os assuntos pertinentes a esta área extremamente importante, que pode
abalar a economia do país inteiro.
58
REFERÊNCIAS
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securityRecommendationson physical protectionof nuclear materialand nuclear
facilities (INFCIRC/225/REVISION 5), Vienna. 2011. Disponível em:<http://wwwpub.iaea.org/MTCD/publications/PDF/Pub1481_web.pdf>. Acesso em: 12 jul. 2014
BRASIL. Lei n.º4.118, de 27 de agosto de 1962. Brasília, DF. Disponível
em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L4118.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.
______. Lei n.º 6.453, de 17 de outubro de 1977.Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6453.htm>. Acesso em: 20 maio 2014.
______. Decreto nº 911, de 3 de setembro de 1993. Brasília, DF. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0911.htm>. Acesso em: 20
maio 2014.
BUZANELLI, Márcio Paulo. Palestra inaugural e debate. In: WORKSHOP
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DF. [Texto apresentado...]. Brasília, DF: Presidência da República, Gabinete de
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DepartmentofHealth andHuman Services. 2003, July.Disponível em:
http://www.bt.cdc.gov/radiation/pdf/dirtybombs.pdf. Acesso em:feb. 2005
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Gabinete de Segurança Institucional, Secretaria de Acompanhamento e Estudos
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ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (Brasil). Manual para elaboração do Trabalho
de Conclusão de Curso: monografia. Rio de Janeiro, 2012.
ESTADOS UNIDOS. Nuclear Regulatory Commission.Dirty Bombs, factsheet, Office
of Public Affairs, Washington, DC, March. 2003. Disponível em:
<http://www.nrc.gov/reading-rm/doc-collections/fact-sheets/dirtybombs.html>. Acesso
em: feb. 2005.
GABEIRA, Fernando. Goiânia, rua 57:onuclear na terra do sol. 2. ed. São Paulo:
Editora Guanabara, 1987.
HAIKEL, José Ricardo. O terrorismo e os Riscos à Estabilidade Nacional. 2010.
91 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Política, Estratégia e Alta
Administração do Exército) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio
de Janeiro, 2010.
59
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Goiânia. Goiânia: Editora da UFG, 1995, p. 6-8.
MESQUITA, Luiz Eduardo Garcia de. O terrorismo e a sua probabilidade de
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MESSESER, Marcus Vinicius Mansur. O terrorismo contemporâneo e seus
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(Curso de Comando e Estado-Maior do Exército) – Escola de Comando e EstadoMaior do Exército, Rio de Janeiro, 2011.
NATIONAL Research Council.U.S. Russian Collaboration in Combating Radiological
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<http://www.istoe.com.br/resportagens/21854_O+CONTRABANDO+DO+URANIO+B
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OLIVEIRA, Ricardo Santos de. Acidentes Nucleares: estratégia de defesa.
Trabalho de Conclusão de Curso: monografia (Curso de Altos Estudos de Política e
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SANTOS FILHO, Alfredo Ferreira dos.Terrorismo Internacional: um estudo sobre a
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(Mestrado em Ciências Militares) – Escola de Comando e Estado-Maior do Exército,
Rio de Janeiro, 2009.
SARAIVA, Gerardo José de Pontes. Energia nuclear no Brasil: fatores internos e
pressões externas. Caderno de Estudos Estratégicos, ago. 2007.
TRAFICANTES vendem material radioativo obtido ilegalmente. Amapá, 2009.
Disponível em: <http://www.fenapef.org.br/fenapef/noticia/index/24500>. Acesso em:
14 jul. 2014.
WOLOSZYN, André Luís. Terrorismo global: aspectos gerais e criminais. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército, 2010. 164p. (Coleção General Benício, v. 467, n.
837).
60
ANEXO A - EXEMPLOS DE FONTES
Dispositivos que emitem radiação.
Seguem exemplos de dispositivos que emitem radiação:
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Unidade Moderna de Teleterapia.
(foto: MDS Nordion)
Unidade de Teleterapia.
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Unidade de Teleterapia.
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Cabeçotes danificados de Cobalto 60 e
Césio 137 de Unidades de Teleterapia.
Unidade de Teleterapia.
(foto: BRIT)
Cabeçotes danificados de Cobalto 60 de
Unidades de Teleterapia.
61
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Irradiador para sangue.
(foto: MDS Nordion)
Embalagem para transporte de
Irradiadorpara sangue.
(foto: MDS Nordion)
Fonte Categoria 1:Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Irradiadores para sangue.
(foto: BRIT)
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Máquina de Teleterapia de Multirradiação
gama.
(foto: Elekta)
Sistema de recarga da máquina de teleterapia de multiradiação gama.
(foto: Elekta)
62
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Fonte de cobalto 60 para teleterapia dentro
de um recipiente de tungstênio.
(foto: Oak Ridge Associated Universities)
Variedade de fontes de cobalto60 para
teleterapia.
(foto: REVISS Services (UK) Ltd)
Cápsula de uma fonte gama.
(foto Elekta)
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Esterilização industrial e pesquisas de irradiação.
Fontes de Cobalto 60 para esterilização
Fontes de Cobalto 60 para irradiação Gama.
industrial por radiação gama.
(foto: REVISS)
(foto: REVISS)
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Pesquisa e irradiação de materiais.
Irradiador de amostras em pequena Escala.
(foto: BRIT)
Irradiador de amostras em pequena escala.
Geralmente utilizam uma ou mais fontes de
Cobalto 60.
63
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Pesquisa e irradiação de materiais.
Irradiador de amostras em pequena escala típico de estabelecimento educacionais.
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Agricultura – Irradiação de plantas.
Geralmente Utilizam fontes de Césio 137 ou
Cobalto 60 Irradiadores móveis. Utilizam
como fonte Césio 137.
Detalhe de Irradiador de sementes.
Fonte Categoria 1: Extremamente perigosa.
Aplicação: Geração de eletricidade.
Geradores termoelétricos de radioisótopos. Utilizam geralmente fonte de plutônio 238 ou
Estrôncio 90.
64
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Máquinas para braquiterapia. Fonte Irídio 192.
(foto: Nucletron)
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Máquina para braquiterapia com cateteres
para transporte de fontes. Fonte Césio 137.
Contêiner para troca de fonte da máquina
para braquiterapia. Fonte Irídio192.
(foto: Nucletron)
65
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Contêiner para armazenamento etransporte
de fontes de Césio 137 para braquiterapia.
(foto: Seedos/Bebig)
Fontes de Césio 137, Irídio 192 e Cobalto 60
para braquiterapia em altas doses de
radiação.
(foto: Seedos/Bebig)
Máquina para braquiterapia. Fonte Césio 137.
(foto: Seedos/Bebig)
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.
Medidores gama geofísicos de densidade. Utilizam geralmente fonte de Césio 137.
(fotos: Schlumberger).
66
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.
Medidores de nível de hidrogênio por nêutron. Utilizam geralmente fonte de Amerício
241/Berílio.
Fonte Categoria 2: Muito perigosa.
Aplicação: Industrial, exploração e produção de petróleo.
Medidores de nível de hidrogênio por nêutrons. Utilizam
fontes de Plutônio 238/Berílio.
Contêineres para transporte e estocagem de medidores de nível de hidrogênio.
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
A maioria desses equipamentos utilizam como fonte Irídio 192. Também são usados Selênio 75,
Ytérbio 169, Cobalto 60 e Césio 137.
Aparelhos portáteis de gamagrafia.
(fotos: QSAGLOBAL)
67
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Aparelhos portáteis de gamagrafia (foto: MDS Nordion).
Fonte Selênio 75
Fonte Categoria2: Muito perigosa.
Aplicação: Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Aparelho portátil de gamagrafia (foto: BRIT).
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Aparelhos portáteis de gamagrafia (fotos: NE-Seibersdorf).
Fonte de Cobalto 60
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Contêiner para troca de fonte de aparelhos portáteis de gamagrafia.
68
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Aparelho de gamagrafia com controle da
Aparelho de gamagrafia com cabo de
exposição de fonte manual.
controle de exposição da fonte.
(foto: NE-Seibersdorf).
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em fábricas e construções.
Aparelhos de gamagrafia semi-portáteis que utilizam Cobalto 60 como fonte.
(foto:MDSNordion)
(foto: QSA-GLOBAL)
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em tubulações.
A maioria desses dispositivos utilizam como fonte Irídio 192. Também é usado Selênio 75.
Dispositivo de gamagrafia de tubulação
Dispositivo de gamagrafia “crawler” sendo
denominado “crawler”.
colocado dentro de uma tubulação.
(foto: MDS Nordion)
(foto: MDS-Nordion).
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação:Radiografia industrial móvel em tubulações.
Fonte para gamagrafia em tubulação para dispositivo denominado
“crawler”, com contêiner de transporte.
(foto: MDS-Nordion)
69
Fonte Categoria 2: muito perigosa.
Aplicação: Radiografia industrial.
Exemplos de fonte Irídio 192 e Cobalto 60. Utilizados em equipamento de gamagrafia.
Fonte antiga denominada “rabo de porco” para
Fonte moderna denominada “rabo de
gamagrafia.
porco” para gamagrafia.
(foto: Ridge Associated Universities)
(foto: QSA-Global)
Compartimento para encapsular fonte denominada “rabo
de porco” para gamagrafia.
(foto: MAYAK P.A.)
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).
A maioria desses dispositivos utilizam como fonte Césio 137 e Cobalto 60.
Dispositivo de medição – fonte Césio 137.
Dispositivo de medição – fonte Cobalto 60.
(foto: Endress+Hauser).
(foto: Endress+Hauser).
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).
Contêineres fora de uso de fontes de
Contêiner de fontes de medidor por radiação
medidores por radiação gama.
gama.
70
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).
Dispositivo de medição de densidade por
Transmissor compacto de medição por raios
raios gama instalado em uma seção de
gama instalado na seção de um Tubo.
um tubo.
(foto: Endress+Hauser)
Típico contêiner para fontes de medidores por raios gama.
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e densidade).
Dispositivos de medição por raios gama
Contêineres lineares de fontes de raios gama
posicionados em tubos.
utilizadas em medidores.
71
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura e nível).
Dispositivo para medição de densidade instalado em uma
seção de um tubo. Fonte Amerício 241.
Medidor de nível instalado em linha de produção. Fonte
Amerício 241.
(foto: NRC)
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de umidade).
Medidor de umidade instalado em um silo.
Dispositivo medidor de umidade.
(foto: Berthold Technologies)
(foto: Berthold Technologies)
72
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de espessura, densidade e nível).
Fontes de raios gama de alta energia
Fonte de Rádio 226 (raios gama) e seu
para calibração industrial.
compartimento de armazenamento.
(foto: QSA-Global)
Fonte de Cobalto 60 – raios gama.
(foto: MAYAK P.A.)
Fonte de Césio 137 – raios gama.
(foto: MAYAK P.A.)
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de umidade).
Fonte de Amerício 241 – emissão de nêutrons.
(foto: MAYAK P.A.)
Fonte Categoria 3: perigosa.
Aplicação: Exploração e produção de petróleo.
Fontes de Amerício 241 (emissão de Nêutrons) e
fontes Césio 137 – raios gama.
(foto: NRC)
Fonte de Amerício 241 – emissão de
nêutrons.
(foto: NRC)
73
Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa.
Aplicação: Controle de processos industriais (medidor de densidade e espessura).
Medidor por radiação Beta instalado
Detalhe de um medidor por radiação beta em
Máquina têxtil.
máquina têxtil.
(foto: Betarem)
(foto: Betarem)
Medidor por radiação beta instalado em máquina têxtil.
(foto: NRC)
Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa.
Aplicação: Engenharia civil, construção de estradas e agricultura (medidor de densidade e umidade
de solo).
Medidor de densidade e umidade de solo.
Medidor de densidade e umidade de solo.
(foto: TroxlerLabs)
(foto: CPN Internacional)
Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa.
Aplicação: Calibração industrial (medidor de espessura, densidade e nível).
Fonte de Estrôncio 90 – radiação beta.
Fonte de Kriptônio 85 – radiação beta. (foto:
(foto: QSA-Global)
QSA-Global)
Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa.
Aplicação: Calibração industrial (medidor de espessura, densidade e nível).
Fonte de Kriptônio 85 – radiação beta. Fonte de Amerício 241 – raios gama de baixa energia.
(foto: QSA-Global)
(foto: QSA-Global)
74
Fonte Categoria 4: improvavelmente perigosa.
Aplicação: Processos industriais (eliminação de eletricidade estática).
A fonte utilizada nestes dispositivos é Polônio 210.
Barra eliminadora de eletricidade estática.
Revólver eliminador de eletricidade estática.
(foto: OakRidge Associated Universities)
(foto: OakRidgeAssociated Universities)
Barras eliminadoras de eletricidade estática.
(foto: NRC)
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Análise Industrial (determinação de composição de material).
Dispositivo portátil de raio X para análises.
Analisador por raio X.
(foto: Spectro)
Dispositivo portátil de raio X para análises.
(foto: Thermo)
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Pára-raios.
Pára-raios radioativos.
Analisado por raio X.
75
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Letreiros auto-iluminados.
Letreiro auto-iluminado.
Construção de letreiro auto-iluminado.
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Detecção de fumaça.
Detector de fumaça – Vista posterior.
Vista Frontal.
Câmara de um detector de fumaça doméstico
contendo componente radioativo.
(foto: QSA-Global)
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Implantes permanentes para braquiterapia com baixas doses. Utilizam como fontes Iodo 125 e
Paládio 103.
Implantes denominados “semente” de
Implantes de Iodo 125 denominados “semente”.
Iodo 125.
(foto: Seedos/BebigGmbh)
(foto: Seedos/BebigGmbh)
Dispersor de implantes denominados “semente” de Iodo 125.
(foto: Seedos/BebigGmbh)
76
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Terapia médica.
Placa para implante nos olhos.
Fonte Rutênio 106.
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Medição industrial.
Fontes de raios gama de baixa energia, usadas em instrumentos e dispositivos analíticos em
laboratórios e em processamento de materiais. Geralmente utilizam como fontes Amérício 241, Cúrio
244 e Cádmio 109.
(fotos: QSA-Global)
(foto: QSA-Global)
(foto: IPL)
Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Instrumento de calibração.
Estas fontes são geralmente de baixa atividade e usadas na calibração de instrumentos medidores de
radiação para várias aplicações.
Fontes de calilbração de detectores com
Manta de calibração para detector gama natural
várias geometrias.
para exploração de petróleo.
(foto: QSA-Global)
(foto: Schlumberger)
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Fonte Categoria 5: Muito improvavelmente perigosa.
Aplicação: Instrumento de calibração.
Fonte de referência de Césio 137.
(foto: Schlumberger)
Fonte de referência com diversas
dimensões de área.
(foto: QSA-Global)
Fonte de referência médica.
(foto: QSA- Global)
Maleta para transporte de fonte de calibração
(gadolíneo 153).
(foto: QSA-Global)
A título de curiosidade, segue abaixo tipos de embalagens para transporte de material radiativo.
Fonte de categoria 1: Extremamente perigosa.
Embalagens típicas para o acondicionamento de fontes de Cobalto 60 e Césio 137.
Embalagem para fontes de raios gama de
Embalagem para fontes gama de alta atividade.
alta atividade.
Embalado para evitar contato.
(foto: REVISS)
(foto: REVISS)
Fonte de categoria 1: Extremamente perigosa.
Medição de taxa de dose de radiação na
superfície de um embalado para o transporte
de fontes de raios gama de alta atividade.
(foto: MDS Nordion)
Configuração de blindagem para o
transporte de fontes de raios gama de alta
atividade.
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Fonte de categoria 2: Muito perigosa.
Estes contêineres são utilizados para troca de fontes para radiografia industrial. Isótopos típicos: Irídio
192, Selênio 75, Ytérbio 169, Cobalto 60 e Césio 137.
Fonte pronta para ser conectada ao dispositivo
Fonte em configuração de transporte.
de radiografia.
(foto:QSA)
(foto: QSA)
Fonte pronta para ser conectada a
dispositivo de radiografia.
(foto: MDS Nordion)
Fontes múltiplas prontas para transporte e
serem conectadas a dispositivo de radiografia.
(foto: MDS Nordion).
Fonte de categoria 3: Perigosa.
Estes contêineres são utilizados para transporte de fontes que emitem radiação gama com alta
energia e baixa atividade. Isótopos típicos: Irídio 192, Cobalto 60 e Césio 137.
Embalagens para o transporte de fontes que emitem radiação gama com alta energia (foto: MAYAK P.A.)
Proteção externa Proteção interna
Proteção externa
Proteção interna
Fonte de categoria 3: Perigosa.
Estas embalagens são utilizadas para transporte de fontes que emitem radiação gama com alta
energia e baixa atividade. Isótopos típicos: Irídio 192, Cobalto 60 e Césio 137. (fotos: MAYAK P.A.)
Proteção externa Proteção interna
Proteção externa
Proteção interna
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TEIXEIRA, Eduardo Salek. Segurança nuclear