Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Faculdade de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias FAVIANO RICELLI DA COSTA E MOREIRA DETERMINAÇÃO DE UM TEMPO DE EQUILÍBRIO E GRADIENTE DE TEMPERATURA NO BENEFICIAMENTO DO SÊMEN SUÍNO Fortaleza, Ceará Dezembro de 2002 Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Faculdade de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias FAVIANO RICELLI DA COSTA E MOREIRA DETERMINAÇÃO DE UM TEMPO DE EQUILÍBRIO E GRADIENTE DE TEMPERATURA NO BENEFICIAMENTO DO SÊMEN SUÍNO Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias da Universidade Estadual do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Veterinárias. Área de concentração: Reprodução e Sanidade animal Orientador: Dr. Ricardo Toniolli Fortaleza, Ceará Dezembro de 2002 Universidade Estadual do Ceará Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Faculdade de Veterinária Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias DETERMINAÇÃO DE UM TEMPO DE EQUILÍBRIO E GRADIENTE DE TEMPERATURA NO BENEFICIAMENTO DO SÊMEN SUÍNO FAVIANO RICELLI DA COSTA E MOREIRA Aprovada em 06/ 12/ 2002 Banca Examinadora: ___________________________ Prof. Dr. Ricardo Toniolli Orientador ___________________________________ Profa. Dra. Lúcia Daniel Machado da Silva Co-orientadora/Examinadora _______________________________ Profa. Dra. Edna Kotzias-Bandeira Examinadora Fortaleza, Ceará Dezembro de 2002 DEDICATÓRIA Aos meu pais, Fábio e Vilani, por me darem o apoio e serem exemplos de vida para que pudesse alcançar mais esta vitória. À minha namorada Paula Vivianne pelas palavras de incentivo e companheirismo. AGRADECIMENTOS A Deus, por ter me concedido a existência, razão e a serenidade suficiente para cumprir mais esta etapa na minha vida profissional. Aos meus pais, Fábio e Vilani Moreira, por serem os meus maiores incentivadores, sempre me orientado e indicando o melhor caminho a seguir. Ao meu irmão, Fábio Jr., e demais familiares pelo apoio incondicional. À Paula Vivianne, pela paciência, amizade e companheirismo em todos os momentos. Ao meu orientador e hoje amigo Ricardo Toniolli pela confiança e incentivos recebidos. Aos meus amigos, hoje Mestres, Ana Beatriz Graça Duarte e Jorge Luiz Ferreira pelos conselhos e apoio. À toda equipe do Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia do Sêmen: em especial à Roberta Nogueira Chaves pelas horas e dias ajudando-me no trabalho e Michelle Costa e Silva, sempre alegrando o ambiente. Sem esquecer de Rodrigo Morais Fabrício Pessoa, Elton Vasconcelos, Paola Capibaribe, Cristina Vidal, Fabrícia Vasconcelos, Fernanda Ribeiro, Mayrá Lobato, Daniel Barros, Camila Oliveira, Gabriela Quieroga, Idsadora Machado e Dennis Diderot sempre postos ajudar. Aos meus amigos Aníbal Ballarotti e José Luiz Castro Aguiar Filho pela convivência harmoniosa, onde sempre que precisei pude contar com eles. Ao departamento de Medicina Veterinária da Escola Superior de Agricultura de Mossoró pelas inúmeras liberações para que pudesse concluir este mestrado. Aos meus colegas do mestrado, em especial a Sâmia Nogueira, Ana Paula Moreira, Jociery Vergara e Kenio Patrício sem esquecer de Isaac Neto, Rosa Patrícia Salles, Ana Lourdes Vasconcelos, Regiane Rodrigues, Annira Aquino e Annice Aquino sempre solícitos. Aos amigos e colegas que consegui fazer em Fortaleza, por me ensinarem o valor do companheirismo e da gratidão. Aos funcionários do setor de suinocultura da UECE (Sra. Rocilda, Sr. Tabosa, Sr. Raimundo, Alíssio e Dinho) pela disposição sempre em ajudar. Por fim, aos animais, razão maior da nossa profissão, sempre nos ensinando o verdadeiro valor e sentido da vida. Muito obrigado. RESUMO O avanço tecnológico vivenciado pela suinocultura reflete-se no desenvolvimento de técnicas de melhoramento das condições de criação dos animais, através da otimização de variáveis produtivas e reprodutivas. Neste sentido, o presente trabalho buscou dentro da biotécnica da inseminação artificial desenvolver uma tecnologia de conservação do sêmen suíno, refrigerado a 17 ºC, a fim de manter a qualidade seminal do espermatozóide. Para tanto, foram desenvolvidos três diferentes protocolos experimentais, com o intuito de haver uma continuidade, buscou-se trabalhar com a incubação do sêmen após a diluição (Artigos 1 e 2) e antes da diluição (Artigo 3). Os parâmetros qualitativos de análise foram o vigor (0-5), a motilidade (0-100%) e as alterações acrossomais (0-100%) dos espermatozóides. Os dados foram analisados através dos testes Mann-Whitney, para o vigor e a motilidade; e o teste “t” de student, para as alterações morfológicas, todos ao nível de significância de 5%. Nos trabalhos com incubação pós-diluição, evidenciou-se que a incubação do sêmen diluído não aumentou o tempo de viabilidade dos espermatozóides. Porém, se o sêmen for utilizado no dia de coleta, a incubação preserva um maior número de células com índices de vigor e motilidade. Outra observação importante foi a determinação do momento da diluição como o ponto crítico durante o processamento do sêmen suíno. No trabalho com o sêmen in natura, evidenciaram-se resultados estatisticamente significativos da influência positiva que a incubação dos espermatozóides no seu próprio plasma seminal traz sobre a qualidade do ejaculado. Neste experimento, encontrou-se como melhor resultado a incubação do sêmen puro no seu próprio plasma seminal a 25 ºC por 1 hora. Os resultados obtidos nestes experimentos abrem como perspectivas a necessidade de se delimitar com exatidão as modificações pelas quais os espermatozóides passam durante o processo de incubação, principalmente com o sêmen in natura, a fim de que se possa aumentar o tempo de conservação das doses inseminantes e difundir a biotécnica de inseminação artificial no nordeste brasileiro. Palavras-chave: Sêmen, in natura, suíno, incubação, refrigeração. ABSTRACT The growing advanced technology within pig raising reflects on the developing techniques of improving the animal breeding conditions through the various improving productions and reproductions. Therefore, this work searched in the biotechnique of artificial insemination the development of a technology to preserve the swine semen cooled at 17 ºC to maintain the seminal quality of the spermatozoa. Therefore, three different registered experiments were made with the aim to have a continuity wich made the work with the incubation of the semen after a dilution (Articles 1 and 2) and before the dilution (Article 3). The qualitative parameters of analysis were the vigour (0-5), the motility (0100%) and the acrossome alterations (0-100%) of spermatozoa. The results were analyzed through Mann-Whitney test (5%), for the vigor and the motility and the student test t about the morphology alterations, all important level of 5%. When worked with incubation after the dilution which showed that incubation of the diluted semen did not increase the time of spermatozoa viability. However, if the semen is used on the day of collection, the incubation preserve a larger numbers of cells with vigour and motility. Another important observation was the determination of the dilution moment, which was the critical point during the swine semen process. Working with the in natura semen, showed important statistic results and positive influence that the quality of this semen incubation in its own seminal plasma improved. This experiment, showed the best incubation of pure semen in its own seminal fluid, at 25 ºC in one hour. The obtained results from these experiments open perspectives and necessity, to label with precision, the modifications which the spermatozoa pass during the incubation process, specialy, with the in natura semen, to increase the preservation time of the inseminated doses, and spread the biotechnical knowledge of artificial insemination to the northeastern brazilian. Keywords: Semen, in natura,swine, incubation, cooling. SUMÁRIO Introdução 01 Revisão de literatura 03 1) Importância da inseminação artificial na cadeia produtiva suinícola 03 2) Estágio atual da inseminação artificial suína 03 3) Alterações da membrana plasmática espermática durante o resfriamento 05 4) A influência do resfriamento gradual sobre a qualidade espermática suína 08 5) A importância do plasma seminal no processo de incubação 11 Justificativa 13 Objetivos 14 Objetivo geral 14 Objetivos específicos 14 Experimentos realizados Artigo 1 15 Artigo 2 23 Artigo 3 44 Conclusões 58 Perspectivas 59 Referências bibliográficas 60 Anexos 66 INTRODUÇÃO A suinocultura brasileira apresenta potencial para um crescimento bastante significativo, quando comparado a outros países, os quais não possuem o tamanho territorial, o clima tropical e a aptidão natural ao desenvolvimento da agropecuária. Isto se evidencia pelo fato da carne suína ser a mais consumida no mundo (DESCHAMPS et al., 2000). A suinocultura moderna dispõe de várias maneiras para otimizar a criação de animais baseados em fatores e padrões produtivos e reprodutivos. Atualmente, as principais tecnologias de produção são baseadas na moderna genética, nutrição separada por sexo e por fase de crescimento, desmame precoce, controle informatizado da produção e a inseminação artificial, onde esta última já é uma biotécnica reprodutiva bem estabelecida e aplicada nas criações (SOBESTIANISKY et al., 1998). Tal biotécnica está atualmente difundida em muitos países como uma ferramenta de aplicação comercial, amplamente utilizada na suinocultura (BORTOLOZZO & WENTZ, 2002). Pequenos, médios e grandes produtores recorrem a esta prática como técnica usual de manejo reprodutivo, buscando elevar a eficiência do rebanho e otimizar o retorno econômico da atividade pecuária, através da introdução de material genético de alto valor, além de diminuir o risco de transmissão de doenças, reduzir os espaços e custos pela diminuição do número de reprodutores (SOLTI & WEKERLE, 1995 e SCHEID, 1997), aumentando a eficiência reprodutiva e diminuindo os custos por cobertura/fêmea (DESCHAMPS et al., 2000). Atualmente, 24,1 milhões de matrizes são inseminadas no mundo, o que representa 48 % das fêmeas alojadas (WEITZE, 2000). A viabilidade do sêmen suíno é inferior àquela encontrada em outras espécies animais (BWANGA et al., 1992). Isto se deve à sua sensibilidade, tanto ao envelhecimento quanto ao choque térmico, devido à fragilidade do seu acrossomo (PURSEL et al., 1972 e MIES FILHO, 1987). Vários trabalhos foram desenvolvidos no sentido da obtenção de um diluidor e um método que viabilize e preserve o sêmen por um período superior a três dias (WEITZE, 1990 a e b), mantendo ainda as suas condições qualitativas (vigor, motilidade e morfologia) necessárias para a inseminação, bem como, taxas aceitáveis de fertilidade. Dentre estas pesquisas para se aumentar o tempo de conservação da dose de sêmen, está a incubação e a taxa de refrigeração do ejaculado, onde, diminuir-se-ia a sensibilidade do espermatozóide ao choque térmico (frio - KOTZIAS-BANDEIRA, 1999), através de um abaixamento lento da temperatura entre os patamares de 35 e 17 °C, fornecendo ao espermatozóide uma maior resistência de quando diluídos e refrigerados de maneira direta (WATSON & PLUMMER, 1990). A utilização deste abaixamento lento já é realizada em protocolos de congelação do sêmen suína (PAQUIGNON et al., 1987), no entanto, com relação ao sêmen refrigerado à temperatura de 17 °C, a utilização de um abaixamento lento ainda não foi definida entre os pesquisadores. A partir de agora será realizada uma breve revisão de literatura, onde serão levantados pontos de interesse para um embasamento das discussões sobre o trabalho. REVISÃO DE LITERATURA 1) IMPORTÂNCIA DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL NA CADEIA PRODUTIVA SUINÍCOLA Com o crescimento econômico, a necessidade de geração de maiores riquezas fez com que o mundo inteiro se desenvolvesse. Na tentativa de reduzir os custos envolvidos na cadeia produtiva, aumentar o padrão genético e a qualidade do produto, foi introduzida a inseminação artificial (IA) na suinocultura (CASTAGNA et al., 2001). No Brasil, a IA em escala comercial foi introduzida somente a partir de 1975, principalmente na região sul do país, devido a uma forte concentração de criadores com alto nível de tecnificação e taxas elevadas de produtividade (SCHEID, 1992). No país, o uso desta biotécnica em grande escala é relativamente recente, sendo que aproximadamente 50% das fêmeas alojadas em granjas tecnificadas são inseminadas artificialmente (WENTZ et al., 2000). O crescente aumento do uso da IA, particularmente desde 1990, deve-se ao fato de que o maior domínio da técnica propicia uma maior demanda por suínos de alta qualidade genética, fazendo com que estes animais possam ter uma maior produtividade, principalmente, no beneficiamento de suas carcaças com índices cada vez menores de gordura (Suíno Light) (JOHNSON et al., 2000). A utilização da IA promove uma série de vantagens quando comparada com a monta natural. Dentre estas vantagens, os ganhos advindos da melhoria genética são os que possuem a maior importância. Como exemplo desta melhoria, é possível citar o maior rendimento de carne e, conseqüente aumento na bonificação da carcaça, melhoria na eficiência alimentar, maior ganho de peso e otimização de instalações (CASTAGNA et al., 2001). 2) ESTÁGIO ATUAL DA INSEMINAÇÃO ARTIFICIAL SUÍNA A qualidade espermática é essencial para o sucesso da IA, sendo também influenciada por vários parâmetros genéticos e ambientais, tais como: idade, individualidade, luminosidade (sêmen), temperatura (coleta e conservação), manejo, nutrição, frequência de coleta e diluidores utilizados. O cuidado com estes parâmetros está correlacionado com a presença de uma ou mais anormalidades no ejaculado (BONET et al., 1993). Atualmente, o diluidor mais rotineiramente utilizado na preservação do sêmen suíno, e que apresenta os melhores resultados de vigor, motilidade e morfologia, além de uma melhor relação custo-benefício é o diluidor de Beltsville (BTS - PAQUIGNON et al., 1987; BLICHFELD et al., 1988; JOHNSON et al., 2000). Ele fornece um ambiente nutritivo e adequado (acidez e osmolaridade), podendo o sêmen com ele diluído ser utilizado por até 3 (três) dias após a coleta, quando conservado em temperaturas entre 15-18 ºC (ALTHOUSE et al., 1998). Apesar das inúmeras vantagens apresentadas sobre a IA, dentre as espécies de interesse comercial, provavelmente, os suínos são os que apresentam as maiores dificuldades quanto ao uso desta biotécnica (CASTAGNA et al., 2001). As principais limitações enfrentadas para o uso da IA (quando comparadas às demais espécies domésticas) podem ser resumidas em: a) O sêmen suíno é sensível a baixas temperaturas, fazendo com que o armazenamento da dose seja comprometido; b) Devido à temperatura de armazenamento e aos componentes habituais dos diluentes de sêmen, a dose inseminante pode se tornar fonte de crescimento bacteriano; c) Baixo rendimento de doses inseminantes e fêmeas servidas por ejaculado; d) A meia vida espermática dentro do trato genital feminino é inferior a um dia; e) A variabilidade da duração do estro podendo ser de 12 a mais de 96 horas, inviabiliza uma única inseminação; f) Existe uma grande variação no momento da ovulação, sendo que esta ocorre normalmente dentro do estro, impossibilitando, no atual estágio de conhecimento, a utilização de somente uma inseminação por cio. 3) ALTERAÇÕES DA MEMBRANA PLASMÁTICA ESPERMÁTICA DURANTE O RESFRIAMENTO Como com outras espécies animais, nas quais a conservação do sêmen é rotineiramente realizada, a refrigeração do sêmen contribui na preservação da sua longevidade pela diminuição da atividade metabólica da célula espermática, a qual leva a uma significativa redução do consumo de energia (ALTHOUSE et al., 1998). O espermatozóide suíno é particularmente sensível à refrigeração, com menor tolerância à queda de temperatura do que é observado nos espermatozóides de outras espécies domésticas, como o garanhão ou o touro. Esta sensibilidade ao choque térmico é caracterizada por uma irreversível perda da permeabilidade seletiva e integridade da membrana plasmática, levando a uma perturbação do metabolismo espermático e conseqüente morte da célula (ALTHOUSE et al., 1998). No choque térmico, o principal dano se dá na membrana plasmática, a qual sofre alterações, resultando no extravasamento do conteúdo celular de forma irreversível. Esta é a explicação para o fato do espermatozóide bovino ser menos sensível ao choque térmico que o suíno, ou seja, a organização e composição da sua membrana celular externa torna a sua membrana plasmática mais consistente (JOHNSON et al., 2000). Outras organelas como as mitocôndrias e o acrossomo são afetados também pelo choque térmico (WATSON & PLUMMER , 1990). Vale salientar que ao se reportar aos efeitos do choque térmico sobre a organização da membrana, entenda-se resfriamento e reaquecimento, os quais, comprometem as associações lipídio-lipídio e lipídio-proteína, interferindo na função e integridade da mesma (PARKS & GRAHAM, 1992). A comunicação entre a célula e o meio externo é mediada pela membrana plasmática. O modelo proposto do mosaico fluido demonstra que a comunicação poderia ser afetada pela habilidade das moléculas dentro da membrana de interagir com cada outra e com o citoplasma e/ou meio extracelular (CAVIN & BUHR, 1989). A membrana plasmática é essencial para a célula, ela a envolve, define seus limites, mantendo as diferenças entre o citosol e o meio extracelular. As propriedades biológicas e biofísicas das membranas, incluindo a dos espermatozóides, são determinadas pela sua composição molecular. A membrana plasmática é de especial interesse nas ciências clínica e animal por causa da fusão de suas membranas durante o resfriamento e o congelamento (PARKS & GRAHAM, 1992). Admite-se que as membranas dos espermatozóides ajustamse ao modelo do mosaico fluido, com proteínas integrais dispersas através de uma bicamada de lipídios polares (SINGER & NICHOLSON, 1972; PARKS & GRAHAM, 1992). Por serem estruturas dinâmicas e fluidas, a maior parte das moléculas da membrana plasmática são capazes de mover-se no plano da mesma, com as moléculas lipídicas dispostas como uma dupla camada contínua. Essa bicamada lipídica fornece a estrutura básica da membrana e atua como barreira impermeável à passagem da maioria das moléculas hidrossolúveis. As moléculas de proteínas dissolvidas na bicamada lipídica intermediam a maioria das outras funções da membrana. As membranas celulares são assimétricas, ou seja, a composição de lipídios e proteínas das faces externa e interna são diferentes umas das outras (ALBERTS et al., 1997 apud NASCIMENTO et al., 1998). A composição lipídica da membrana, quando sofre os efeitos do choque térmico, é afetada através da alteração de sua fluidez. Com a temperatura baixa, há a restrição do movimento lateral dos fosfolipídeos de membrana resultando numa transição da fase fluida para a de gel (BUHR et al., 1994; WATSON, 1996 apud JOHNSON et al., 2000). Devido às diferenças de temperatura de transição para os diferentes lipídeos de membrana, separações de fase podem ocorrer, onde as proteínas tornar-se-iam agrupadas irreversivelmente (DE LEEUW et al., 1990). A partir do relato das pesquisas, têm-se como premissa que a resposta particular de cada membrana celular à baixa temperatura está intrinsecamente relacionada com a composição da membrana de cada célula (JOHNSON et al., 2000), já que existe mudança lipídica na membrana espermática durante o trânsito epididimário e em eventos pré-fertilização. Por esta razão é que estas mudanças lipídicas estão associadas com a sensibilidade do espermatozóide ao choque térmico (BUHR et al., 1994), nas diversas espécies animais (JOHNSON et al., 2000). Outro fator que influencia o comportamento termotrópico da membrana é a percentagem de colesterol. A taxa de colesterol/fosfolipídios no espermatozóide suíno é muito baixa, sendo ainda o colesterol distribuído de forma assimétrica, estando mais presente na camada externa que na interna da membrana. Esta combinação poderia render, especialmente na camada interna, uma maior vulnerabilidade ao choque térmico. A reorganização da célula pós-choque interfere no aumento da permeabilidade (extravasamento de cátions e enzimas), redução na atividade enzimática e difusão controlada dos processos da membrana e mudanças no movimento lateral nos canais iônicos (DE LEEUW et al., 1990). As moléculas de colesterol aumentam as propriedades de barreira da membrana plasmática, diminuindo a mobilidade de fosfolipídios, conseqüentemente a bicamada lipídica fica menos deformável. Desse modo, o colesterol inibe possíveis transições de fase (DARIN-BENNET & WHITE, 1978). Um modelo de ação do colesterol é citado por CROSS (1998), onde, com a sua ausência, ocorre a exposição de um receptor para manose na superfície espermática. Foi proposto que o receptor funciona em uma interação com a zona pelúcida do óvulo. Isto, devido ao fato de se saber que: 1) manose e proteínas manosiladas interferem com a união do espermatozóide com a zona pelúcida, induzindo à reação acrossomal, e 2) a zona pelúcida contém manose. Ainda que os ácidos graxos e os fosfolipídios da membrana determinem o comportamento da mesma, as diferenças mais marcantes estão no tipo de fosfolipídios encontrados entre os espermatozóides do varrão e o touro, onde, no suíno encontra-se uma baixa percentagem de fosfatidilcolina e altas percentagens de fosfatidiletanolamina e esfingomielina (JOHNSON et al., 2000). Em conseqüência do choque térmico, lesões irreversíveis são observadas especialmente no acrossomo com desprendimento e perda de conteúdo (PURSEL et al., 1972; NASCIMENTO, 2001). Quanto maior o desconforto, maior a percentagem de células lesadas, especialmente quando se usa diluidores salinos como o BTS e o KIEW. O choque térmico causa perda de proteínas, redução de motilidade e do metabolismo e aumento de permeabilidade da membrana plasmática, acarretando desequilíbrio iônico, com maior concentração dos íons Ca++, Na++ e Zn++ intracelularmente e uma perda de K++ e Mg++ (WATSON, 1996 apud NASCIMENTO, 2001; HUO et al., 2002). A membrana plasmática da cabeça do espermatozóide suíno recém ejaculado mostra mudanças únicas na sua fluidez, que são dependentes do Ca++ e da temperatura, onde, processos como a criopreservação alteram esta característica (BUHR et al., 1994). Segundo DE LEEUW et al. (1990), as principais alterações na célula espermática devido ao resfriamento são: 1) Alterações morfológicas a) Rompimento da membrana plasmática b) Degeneração do acrossomo c) Danos mitocondriais 2) Alterações bioquímicas a) Perda da permeabilidade seletiva da membrana a.1) Retenção intracelular de íons sódio e cálcio a.2) Perdas de íons magnésio e potássio a.3) Liberação de enzimas a.4) Liberação de fosfolipídios b) Decréscimo da atividade respiratória e da glicólise b.1) Redução dos níveis de ATP b.2) Perda da motilidade c) Degeneração do DNA Por outro lado, a viabilidade das células após o resfriamento e o reaquecimento é determinada pela: a) Taxa de resfriamento; b) Duração da incubação durante a queda de temperatura; c) A temperatura final atingida; d) Aditivos; e) Maturação espermática. 4) A INFLUÊNCIA DO RESFRIAMENTO GRADUAL SOBRE A QUALIDADE ESPERMÁTICA SUÍNA O sêmen suíno é caracterizado pela baixa viabilidade quando armazenado por um período superior a cinco dias (JOHNSON et al., 2000; YOSHIDA, 2000). Neste sentido, várias são as tentativas de se aumentar este tempo de conservação, entre as quais, pode-se citar: a composição dos diluidores (FLOWERS, 1992; TONIOLLI, et al., 1996; KUSTER & ALTHOUSE, 1999; MOREIRA et al., 2000), a temperatura de conservação (POLGE, 1956; PURSEL et al.,1973a), a taxa de diluição (PEREZ-MARCOS et al., 1991) e diferentes curvas de abaixamento de temperatura empregadas entre a coleta e a conservação do sêmen (BUHR et al., 1994; MOREIRA et al., 2001a). As quedas rápidas e diretas (sem incubação em temperaturas intermediárias) da temperatura (35 à 17 ºC) causam perdas à qualidade dos espermatozóides, enquanto que o abaixamento lento (com incubação em temperaturas intermediárias) fornece resistência à célula espermática (WATSON & PLUMMER, 1990). A determinação da taxa de resfriamento para os espermatozóides de diversas espécies é assunto importante para a sobrevivência espermática no sêmen diluído e resfriado. O sêmen suíno diluído e mantido por várias horas a 37 ºC ou à temperatura ambiente pode mostrar problemas que comprometem a sua fertilidade (NASCIMENTO et al., 1998). Segundo SILVA FILHO (1994) apud NASCIMENTO et al. (1998), o choque térmico caracteriza-se pela presença de espermatozóides com movimentação atípica, perda prematura de motilidade e energia, maior permeabilidade de membranas e perda de moléculas e íons intracelulares. A diferença entre espécies quanto à susceptibilidade já é fator conhecido. Além disso, existem também diferenças entre indivíduos da mesma espécie, bem como entre ejaculados do mesmo animal (PURSEL et al., 1973a) O fato do espermatozóide suíno ser muito sensível ao choque térmico é bastante conhecido, isto ocorre quando o ejaculado fresco é rápida e diretamente resfriado até a temperatura de conservação (15 ºC), a qual resulta em perda da viabilidade de um número maior de espermatozóides (JOHNSON et al., 2000). Os danos celulares resultantes da rápida refrigeração são comuns, onde o sinal mais óbvio verificado no espermatozóide é uma irreversível perda da sua motilidade (WATSON & PLUMMER, 1990). No sêmen suíno, esta perda ou diminuição da motilidade é manifestada imediatamente após a ejaculação, onde as células tornam-se progressivamente menos sensíveis ao choque térmico por um período de poucas horas (PURSEL et al., 1972; WATSON, 2000). O sêmen suíno incubado à temperatura ambiente no seu próprio plasma seminal torna-se resistente ao choque térmico por até 16 horas pós-ejaculação (TAMULI & WATSON, 1994 apud WATSON, 2000). POLGE (1956) relata que o espermatozóide da fração rica do sêmen tolera uma refrigeração lenta e é mais resistente ao choque térmico do que os espermatozóides no ejaculado total. O desenvolvimento da resistência durante a incubação é influenciado pelo pH, diluição e composição do diluidor (BWANGA, 1991). Segundo NASCIMENTO (2001), o dano ocasionado pelo choque térmico é mais perceptível nos espermatozóides recém ejaculados, os quais são mais sensíveis ao choque térrmico do que aqueles incubados a 30 ºC por um período de 4 a 7 horas. PURSEL et al. (1972), também estudando o efeito do abaixamento gradual da temperatura, observaram que os espermatozóides suínos incubados de 25 à 30 ºC por 12-14 horas tornam-se muito mais resistentes a baixas temperaturas. Assim como a resistência ao choque térmico, observou-se que a percentagem de espermatozóides móveis e com integridade acrossômica foram maiores, nos ejaculados que sofreram um resfriamento gradual em relação ao rápido (WEBER, 1989 apud WATSON & PLUMMER, 1990). Neste mesmo raciocínio, WATSON & PLUMMER (1990) mostraram que a proporção de células mostrando alterações morfológicas (membrana plasmática, acrossomo) foi maior nos ejaculados que foram submetidos a um choque térmico mais intenso. Pelos dados dos presentes autores, a partir de 30 ºC (temperatura de diluição), o sêmen foi mantido a 24, 16, 8, 4 e 0 ºC, e nestas temperaturas a percentagem de membrana plasmática intacta foi de 86; 73,5; 11; 0 e 0%, respectivamente, mostrando que no choque térmico (rápido) há o decréscimo na qualidade seminal dos varrões. É possível minimizar os efeitos do choque térmico, incubando o sêmen na diluição de 1: 1 por 24 horas e a 15 ºC. Porém, deve-se levar em consideração que na incubação por longo período há o envelhecimento dos espermatozóides e o aumento da atividade metabólica que podem comprometer o poder fecundante do espermatozóide (NASCIMENTO, 2001). Portanto, o abaixamento gradual da temperatura até a faixa final de estabilização (15-17 ºC) é uma situação que pode minimizar os malefícios provocados pelo choque térmico. Segundo WEBER (1989) apud NASCIMENTO (2001), um rápido abaixamento da temperatura do sêmen diluído, de 35 para 15 ºC, leva a uma significativa perda da motilidade, enquanto que uma taxa de refrigeração lenta (volumes de 100ml) a passos de 10ºC confere uma resistência ao espermatozóide suíno contra o choque térmico. Ao mesmo tempo, uma pré-incubação de pelo menos 24 h antes de um possível abaixamento da temperatura a níveis abaixo de 15 ºC fornece, também, resistência ao choque térmico. Segundo PETROUKINA et al. (1997), citado por JOHNSON et al. (2000), o estudo da interação da membrana-meio-temperatura durante a incubação e conservação do sêmen poderia aumentar os conhecimentos de como prevenir ou reduzir os efeitos da refrigeração. 5) A IMPORTÂNCIA DO PLASMA SEMINAL NO PROCESSO DE INCUBAÇÃO Segundo MAXWELL & JOHNSON (1999), conseguiu-se gestação em ratas pela monta natural, após a retirada da próstata ou das glândulas vesiculares, mas não através da retirada de ambas as glândulas. Conforme os mesmos autores, sabe-se que durante algum tempo, o plasma seminal possui uma função na promoção da fertilidade, à parte de sua função como diluente e veículo para o espermatozóide, exercendo um efeito estimulante na motilidade espermática no momento da ejaculação. Isto se deve à ativação do espermatozóide pela presença de substâncias específicas nas diferentes secreções das glândulas anexas. A composição do plasma seminal inclui componentes inorgânicos, aminoácidos, peptídeos, proteínas de alto e baixo peso molecular, variando com a espécie, intervalo entre coletas e saúde do animal (MAXWELL & JOHNSON, 1999). As pesquisas de CATT et al. (1997) apud MAXWELL & JOHNSON (1999) de que o BTS poderia manter a viabilidade do espermatozóide do varrão e do carneiro, com ou sem a adição do plasma seminal, sugere que simples componentes metabólicos ou iônicos e protéicos, podem se constituir nos mais importantes componentes do plasma seminal, para a manutenção da viabilidade celular. ASHWORTH et al. (1994) apud MAXWEEL & JOHNSON (1999) mostraram que o espermatozóide do ovino morre rapidamente após extensiva diluição na ausência do plasma seminal, mas que a motilidade é mantida quando o meio diluidor é suplementado com uma quantidade de 10% de plasma seminal homólogo. A afirmação de VISHWANATH & SHANNON (1997) e MAXWELL & JOHNSON (1999) de que a função do plasma seminal como um meio de suporte para o espermatozóide é pelo menos ambíguo se não contraditório, é devido aos vários trabalhos na literatura que discorrem sobre a importância do plasma in vivo e in vitro. Em algumas espécies, a fertilidade tem sido melhorada após a diluição com plasma seminal (rato e coelho). Mudanças na composição do plasma seminal após a remoção das glândulas sexuais acessórias podem ter uma ação negativa sobre a fertilidade (rato, hamster, camundongo). Em contraste, alguns estudos demonstram uma redução na fertilidade após a exposição do espermatozóide ao plasma seminal (suíno, bovino, caprino, ovino, eqüino, coelho e humano). A variação da concentração de, provavelmente proteínas do plasma seminal, está associada com a melhoria (rato e coelho) ou não (suíno, bovino, caprino, ovino, eqüino, coelho e humano) da fertilidade espermática. O fato da maior parte do plasma seminal não acompanhar o espermatozóide durante o seu trânsito até o local de fecundação no trato reprodutivo feminino sugere que a remoção é necessária para a aquisição da capacidade fertilizante, e isto pode ser um importante fator no processo de capacitação (MAXWELL & JOHNSON, 1999). O plasma seminal tem sido associado com a susceptibilidade ao choque térmico, devido provavelmente, às ligações de proteínas básicas da membrana celular espermática, onde os fatores de proteção e sensibilidade são apontados como funções do plasma (BWANGA, 1991). In vivo, o plasma seminal influencia a fisiologia dos espermatozóides, aumentando a sua motilidade, sua estabilidade de membrana e sua capacidade para resistir à descondensação prematura da cromatina. In vitro, a remoção do plasma seminal por centrifugação, é praxe nos protocolos de criopreservação. Porém, com o sêmen na forma refrigerada, esta assertiva parece não encontrar respaldo entre os pesquisadores (PURSEL et al., 1972; TAMULI & WATSON, 1994 apud RODRIGUEZ-MARTINEZ & ERIKSSON, 2000). Em ovinos, segundo BARRIUS et al. (2000), os danos estruturais na membrana plasmática de espermatozóides causados pelo choque térmico parecem ser revertidos após serem incubados com proteínas presentes no plasma seminal, tais proteínas parecem restaurar as características funcionais da espermatozóides após serem submetidos ao choque térmico. membrana plasmática dos JUSTIFICATIVA A redução de custos dentro de qualquer segmento econômico é uma meta constantemente perseguida. A suinocultura, inserida no agronegócio brasileiro, é vista como atividade altamente produtiva e tecnificada. A inseminação artificial, utilizada como ferramenta para diminuir os custos da atividade e melhorar o rendimento dos animais busca aliar as necessidades do setor produtivo com as pesquisas realizadas nos centros universitários e de pesquisa. O curto período de preservação da dose inseminante suína impede a disseminação da biotécnica para regiões distantes das principais centrais produtoras de sêmen. Isto ocorre, uma vez que, os protocolos atuais de preparo das doses utilizam como rotina o abaixamento rápido ou direto do ejaculado entre as temperaturas de 37 e 15 ºC. O tempo de estabilização gradual do sêmen, já utilizado quando se congela os espermatozóides, tende a conservar por um período mais prolongado o poder fecundante do ejaculado suíno utilizado na inseminação artificial, sendo este fato uma ferramenta suplementar para a difusão da biotécnica entre os criadores do nordeste brasileiro, promovendo um melhoramento genético do rebanho suíno. O melhor conhecimento das técnicas de beneficiamento do sêmen contribuirá para uma maior expansão tecnológica da suinocultura, podendo incrementar a produtividade numérica e ponderal do rebanho, propiciando ao sistema produtivo e particularmente aos suinocultores cearenses, uma melhor estabilização da relação custo/benefício. OBJETIVOS Geral Desenvolver uma tecnologia de conservação do ejaculado suíno refrigerado a 17 ºC que possa manter a qualidade seminal in vitro por um período superior a três dias. Específicos ¾ Verificar quais as faixas de temperatura de maior sensibilidade para o espermatozóide suíno; ¾ Identificar qual a melhor relação entre temperatura e tempo de estabilização do sêmen suíno diluído, visando uma menor queda nos valores de vigor, motilidade e alterações morfológicas; ¾ Avaliar a influência da incubação do sêmen “in natura” no processo de conservação; ¾ Gerar condições para uma conservação mais prolongada de dose de sêmen, sem prejuízo de sua qualidade in vitro; ARTIGO 1 TEMPOS DE EQUILÍBRIO NO PROCESSAMENTO DO SÊMEN SUÍNO Faviano Ricelli da Costa e Moreira; Ricardo Toniolli; Ana Beatriz Graça Duarte. Revista Brasileira de Reprodução Animal, v.25, n.3, p. 444-446, 2001. TEMPOS DE EQUILÍBRIO NO PROCESSAMENTO DO SÊMEN SUÍNO Moreira, F. R. C.; Toniolli, R.; Duarte, A. B. G. Universidade Estadual do Ceará – UECE E-mail: [email protected] RESUMO O espermatozóide suíno é bastante sensível ao envelhecimento e ao choque térmico e um fator que pode torná-lo mais resistente é a utilização de uma técnica de abaixamento gradual de temperatura. Portanto, o presente trabalho objetivou encontrar uma metodologia de resfriamento gradual a fim de conservar o poder fecundante do espermatozóide. Para tanto, foi utilizado o sêmen de quatro reprodutores, que foram divididos entre seis lotes. Lote A: Sêmen diluído à 35 ºC e colocado à 17 ºC ; Lote B: Diluição à 35 ºC, 25 ºC por 30 min e posto à 17 ºC; Lote C: Diluição à 35 ºC, 25 ºC por 1 h e posto à 17 ºC; Lote D: Diluição à 35 ºC, 25 ºC por 2 h e posto à 17 ºC; Lote E: Diluição à 35 ºC, 25 ºC por 4 h e posto à 17 ºC; Lote F: Diluição à 35 ºC, 25 ºC por 6 horas e posto à 17 ºC. Após estes tratamentos todos os lotes foram estocados durante sete dias, dos quais quatro foram de análise (D0, D1, D4 e D7), onde a cada dia de análise, fizeram-se leituras de vigor e motilidade aos 5 e 120 min. de incubação à 37 ºC. Não houve diferenças estatísticas entre os lotes do experimento, porém, quando analisado o comportamento dos lotes, notou-se que o lote E foi o que se apresentou de forma mais regular, porém, estes dados não demonstraram significativamente que os períodos de incubação resultam em melhorias da viabilidade espermática, apenas perspectivas para que novos experimentos possam confirmar esta tendência de aumento da resistência. Palavras Chaves: Sêmen, Suíno, Tempos de equilíbrio EQUILIBRIUM TIME ON SWINE SEMEN MANAGEMENT SUMMARY The swine spermatozoa is sensible to cold shock and aging and a factor that can become the spermatozoa more resistant is the utilization of a slower cooling, therefore the aim of this study was find a metodology of slower cooling to conserv the spermatozoa fecundant potential. For this, the semen from four boars was utilized, and divided in six treatments (Trial A: Semen extended at 35 ºC and stored at 17 ºC; Trial B: Semen extended at 35 ºC, 30 min at 25 ºC and stored at 17 ºC; Trial C: Semen extended at 35 ºC, 1h at 25 ºC and stored at 17 ºC; Trial D: Semen extended at 35 ºC, 2h at 25 ºC and stored at 17 ºC, Trial E: Semen extended at 35 ºC, 4h at 25 ºC and stored at 17 ºC; Trial F: Semen extended at 35 ºC, 6 h at 25 ºC and stored at 17 ºC). After this treatments, all trials was stored for seven days, and each day of analysis(D0, D1, D4, and D7), the vigor and motility was measured at 5 and 120 min. of incubation at 37 ºC. No statisticals differences was found, but was observed that behavior of trials with incubation, in special, the Trial E showed more regular behavior. The datas presented here didn´t shown that incubation periods result in better viability of spermatozoa, only perspectives that new experiments could confirm this tendency of a increase of resistance. Key Words: Semen, Swine, Equilibrium Time INTRODUÇÃO A suinocultura moderna dispõe de várias maneiras para otimizar a criação de animais baseados em padrões produtivos e reprodutivos. Na vanguarda das tecnologias utilizadas está a inseminação artificial, a qual já é uma biotécnica bem estabelecida e aplicada (Sobestiansky et al, 1998), apesar da menor viabilidade do sêmen suíno em relação a outras espécies (Bwanga et al., 1992). Isto se deve ao fato do espermatozóide do varrão ser muito sensível ao envelhecimento e ao choque térmico, principalmente devido à fragilidade do seu acrossomo (Mies Filho, 1987; Pursel et al., 1972). Esta é a razão pela qual a inseminação artificial suína é realizada em sua grande maioria com o sêmen na forma líquida à temperatura entre 15 e 20 ºC, conservado por até 5 dias (Johnson et al, 2000). Porém, quando o processamento do sêmen é realizado por várias horas, o espermatozóide adquire uma resistência gradual ao choque térmico (Pursel et al., 1973a). O abaixamento de temperatura (35 para 15 ºC) do sêmen leva a uma significativa perda da motilidade, enquanto que a refrigeração lenta fornece uma resistência ao ejaculado (Johnson et al., 2000). O presente trabalho teve por objetivo estabelecer um protocolo de abaixamento de temperatura no processamento do ejaculado suíno a fim de conservar o seu poder fecundante. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi executado no Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia do Sêmen (LRSTS) da Universidade Estadual do Ceará – UECE. Foram utilizados 22 ejaculados coletados pela técnica da mão enluvada, sendo o ejaculado diluído em no diluidor de Beltsville (BTS) e dividido entre 6 lotes: Lote A: Constituiu-se o lote controle, onde o sêmen diluído em BTS à 35 ºC → geladeira à 17 ºC; Lote B: Sêmen diluído em BTS à 35 ºC → 25 ºC por 30 minutos → geladeira à 17ºC; Lote C: Sêmen diluído em BTS à 35ºC → 25 ºC por 1 hora → geladeira à 17ºC; Lote D: Sêmen diluído em BTS à 35 ºC → 25 ºC por 2 horas → geladeira à 17 ºC; Lote E: Sêmen diluído em BTS à 35 ºC → 25 ºC por 4 horas → geladeira 17 ºC; Lote F: Sêmen diluído em BTS à 35 ºC → 25 ºC por 6 horas → geladeira à 17 ºC. Cada lote foi repartido em 4 tubos de ensaio com capacidade para 5 ml. Cada tubo teve um total de 70 x106 sptz em 2 ml de volume (diluidor mais sêmen). De acordo com a concentração de cada ejaculado, volumes diferentes de diluidor foram utilizados para completar os 8 ml que é o volume final de cada lote, respeitando-se a mesma concentração em cada lote. O dia de coleta foi considerado dia zero (D0), sendo o sêmen conservado por 7 dias, dos quais quatro foram de análise (D0, D1, D4 e D7). A cada dia de análise foram retirados os tubos equivalentes a cada lote e incubados em “banho-maria” à 37 ºC. Após 5 e 120 minutos foram feitas análises do vigor (0-5) e motilidade espermática (%). A análise estatística foi feita através do cálculo das médias e desvios-padrões, nos quais foi utilizado o teste de Mann Whitney (5%) através do programa estatístico STAT VIEW. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os dados com relação ao vigor espermático, tanto aos 5 quanto aos 120 minutos de incubação, não mostraram diferenças estatísticas entre as médias dentro de cada dia de análise (Tabelas 1 e 2), exceto no D1, onde, aos 120 minutos de análise o lote D apresentou, estatisticamente, melhores resultados. No entanto ao se analisar o comportamento do sêmen obtido pela diferença dos valores no primeiro dia de análise (D0) e o último dia (D7), observa-se que, principalmente aos 5 minutos, as amostras que tiveram um abaixamento de temperatura durante 4 (Lote E) e 6 horas (Lote F), demonstraram uma queda de valores de forma mais gradual quando comparado com os dados do lote A ou controle. Isto evidencia que este abaixamento gradual permite um ganho de resistência ao espermatozóide suíno, embora no D7, os valores obtidos tenham sido semelhantes, porém, o modo como os lotes chegaram ao último dia de análise demonstra uma melhor resistência adquirida dos Lotes E e F. Já para a motilidade, esta situação aparece de maneira mais evidente (Tabelas 3 e 4), embora, também, não tenha havido diferenças significativas, exceto no D1, onde o lote D mostrou, estatisticamente, resultados mais favoráveis que os demais e no D4, onde, o lote E apresentou-se melhor que os demais, ambos para as leituras efetuadas aos 120 minutos de análise. A ausência de diferenças significativas também pode ser atribuída ao alto desvio padrão encontrado nas amostras. Zou e Yang (2000), ao estudarem a resistência do sêmen suíno frente a diferentes temperaturas, observaram que o espermatozóide, mantido a temperaturas de 20 e 15 ºC, conservam a motilidade quando submetidos a tempos de até oito horas, o que também vem corroborar os dados obtidos neste trabalho, embora a temperatura de estabilização utilizada tenha sido de 25 ºC. Uma importante questão é que mesmo não havendo diferenças estatísticas, observou-se que os lotes com incubação de 2 e 4 horas, foram os que apresentaram maior regularidade e melhores resultados com relação ao comportamento médio da motilidade e do vigor espermático. Baseados nos dados, pode-se concluir que a técnica de abaixamento gradual da temperatura de conservação do sêmen suíno não alterou, estatisticamente, os valores de viabilidade espermática. No entanto estudos mais aprofundados fazem-se necessários para que se possa estabelecer uma real relação entre a curva de abaixamento de temperatura e a resistência adquirida pelos espermatozóides. TABELA 1. Vigor espermático aos 5 minutos de incubação em diferentes tempos de equilíbrio. D0 D1 D4 D7 Média Diferenças (D0 – D7) Lote A 3,2 ± 0,6a 2,9 ± 1,1a 1,8 ± 1,4a 1,8 ± 1,4a 2,4 1,4 Lote B 3,1 ± 0,8a 2,4 ± 1,5a 2,5 ± 1,2a 1,9 ± 1,2a 2,5 1,2 Lote C 3,2 ± 0,8a 2,6 ± 1,1a 2 ± 1,5a 1,8 ± 1,4a 2,4 1,4 Lote D 2,9 ± 0,9a 3 ± 0,6a 2,3 ± 1,2a 1,8 ± 1,4a 2,5 1,1 Lote E 2,8 ± 1,0a 3 ± 0,7a 2,6 ± 0,9a 1,8 ± 1,4a 2,6 1,0 Lote F 2,8 ± 0,9a 2,4 ± 1,3a 2,3 ± 1,2a 2,1 ± 1,2a 2,4 0,7 Letras diferentes demonstram diferenças significativas nas colunas ( p < 0,05) TABELA 2. Vigor espermático aos 120 minutos de incubação em diferentes tempos de equilíbrio. D0 D1 D4 D7 Média Diferenças (D0 – D7) Lote A 2,8 ± 0,9a 2,5 ± 1,2a 1,5 ± 1,2a 1,7 ± 1,3a 2,1 1,1 Lote B 2,6 ± 1,1a 2 ± 1,4a 2,1 ± 1,1a 1,7 ± 1,3a 2,1 0,9 Lote C 2,8 ± 0,9a 2,2 ± 1,0a 1,8 ± 1,2a 1,6 ± 1,3a 2,1 2,2 Lote D 2,6 ± 1,1a 2,7 ± 0,8b 2,1 ± 1,1a 1,7 ± 1,2a 2,3 0,9 Lote E 2,5 ± 1,1a 2,4 ± 1,0a 2,2 ± 1,0a 1,6 ± 1,4a 2,2 0,9 Lote F 2,6 ± 1,2a 2 ± 1,3a 2,0 ± 1,2a 1,7 ± 1,3a 2,1 0,9 Letras diferentes demonstram diferenças significativas nas colunas ( p < 0,05) TABELA 3. Motilidade espermática aos 5 minutos de incubação em diferentes tempos de equilíbrio. D0 D1 D4 D7 Média Diferenças (D0 – D7) Lote A 68 ± 15a 60 ± 28a 33 ± 33a 34 ± 30a 49 34 Lote B 67 ± 19a 50 ± 34a 48 ± 29a 36 ± 28a 50 31 Lote C 67 ± 19a 53 ± 27a 38 ± 31a 37 ± 31a 49 31 Lote D 62 ± 22a 65 ± 15a 49 ± 29a 37 ± 33a 53 25 Lote E 57 ± 25a 65 ± 23a 51 ± 25a 35 ± 31a 52 22 61 ± 23a 50 ± 32a 48 ± 30a 40 ± 29a 50 21 Lote F Letras diferentes demonstram diferenças significativas nas colunas ( p < 0,05) TABELA 4. Motilidade espermática aos 120 minutos de incubação em diferentes tempos de equilíbrio. D0 D1 D4 D7 Média Diferenças (D0 – D7) Lote A 60 ± 21a 54 ± 29a 29 ± 29a 35 ± 29a 45 23 Lote B 56 ± 27a 43 ± 32a 44 ± 29a 37 ± 29a 45 19 Lote C 62 ± 22a 47 ± 29a 37 ± 28a 33 ± 29a 45 29 Lote D 57 ± 27a 56 ± 23b 43 ± 27a 33 ± 27a 47 24 Lote E 51 ± 26a 53 ± 27a 50 ± 26b 33 ± 30a 47 18 55 ± 27a 40 ± 29a 44 ± 30a 33 ± 32a 43 22 Lote F Letras diferentes demonstram diferenças significativas nas colunas ( p < 0,05) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BWANGA C. O., MWANGA A; ROFRIGUEZ-MARTINEZ H Post thaw motility, acrosome morphology and fertility of deep-frozen boar semen package in plastic puc-bags. In: Cong. Anim. Reprod., The Hagne, 420-422, 1992. JOHNSON, L. A ., WEITZE, K. F., FISER, P., MAXWELL, W. M. C. Storage of boar semen. Anim. Rep. Sci., 62: 143-172, 2000. MIES FILHO, A. Inseminação artificial. 6º ed. Porto Alegre. Sulina, v.2, 1987 PURSEL, V. G., JOHNSON, L. A., RAMPACEK, G. B. Acrossome morfology of boar spermatozoa incubated before cold shock. J. Anim. Sci., v.34 n.2, p.278283, 1972. PURSEL, V. G., JOHNSON, L. A., SCHUMAN, L. L. Fertilizing capacity of boar semen stored at 15ºC. J. Anim. Sci., v.37, n.2, 1973. SOBESTIANSKY, J., WENTZ, I., SILVEIRA, P. R. S., SESTI, L. A . C. Suinocultura Intensiva: Produção , manejo e saúde do rebanho. Brasília : Embrapa-SPI, 388 p. il., 1998 ZOU, C. X., YANG, Z. M. Evaluation on sperm quality of freshly ejaculeted boar semen during in vitro storage under different temperatures. Theriogenology, 53: 1477-1488, 2000. ARTIGO 2 SÊMEN SUÍNO REFRIGERADO À 17 ºC EM DIFERENTES TEMPOS E TEMPERATURAS DE EQUILÍBRIO Faviano Ricelli da Costa e Moreira1,2, Ricardo Toniolli1, Roberta Nogueira Chaves1, Ana Beatriz Graça Duarte1, Jorge Luiz Ferreira 1 1 Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Departamento de Medicina Veterinária, Mossoró-RN. 2 Universidade Estadual do Ceará, Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia do Sêmen, Fortaleza-CE. Este artigo será submetido ao periódico Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia SÊMEN SUÍNO REFRIGERADO A 17 ºC EM DIFERENTES TEMPOS E TEMPERATURAS DE EQUILÍBRIO Moreira, F.R.C.1,2, Toniolli, R.1, Chaves, R.N. 1, Duarte, A.B.G. 1, Ferreira, J.L. 1 1 Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Departamento de Medicina Veterinária, Mossoró-RN. 2 Universidade Estadual do Ceará, Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia do Sêmen, Fortaleza-CE. RESUMO A qualidade seminal do ejaculado suíno varia de acordo com o tempo e a temperatura em que o sêmen permanece antes de atingir a faixa final de estabilização (17 ºC). Portanto, o presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da incubação do sêmen sobre a qualidade espermática, bem como, verificar quais as faixas de temperatura de maior sensibilidade para o espermatozóide suíno. Foram utilizados 57 ejaculados, provenientes de 06 varrões, que foram divididos em 05 tratamentos a seguir: Tratamento A: Sêmen foi diluído a 35 ºC e levado a 17 ºC por 11 dias (controle); Tratamento B: Sêmen diluído a 35 ºC, em seguida a 30 ºC por 4 horas e após este período a 17 ºC por 11 dias; Tratamento C: Sêmen diluído à 35 ºC, em seguida à 25 ºC por 4 horas e após este período a 17 ºC por 11 dias; Tratamento D: Sêmen diluído a 35 ºC, em seguida a 30 ºC por 1 hora, posteriormente a 25 ºC por 4 horas e após este período a 17 ºC por 11 dias; Tratamento E: Sêmen diluído a 35 ºC, a 30 ºC por 1 hora, posteriormente à 25 ºC por 1 hora, e ainda a 20 ºC por 4 horas e após este período a 17 ºC por 11 dias. Foram analisadas as características de vigor, motilidade e morfologia, com resultados comparados pelos testes de MannWhitney (vigor e motilidade) e “t” de Student (morfologia), todos a 5% de probabilidade. Os resultados obtidos mostraram que tanto para o vigor, quanto para a motilidade, houve um comportamento similar, onde no D0, o Tratamento E foi o que apresentou melhores resultados em relação ao tratamento controle (p<0,05). Nos D5 e D9, o tratamento A foi estatisticamente superior ao tratamento E (p<0,05), não havendo alterações nos outros dias. Para a característica morfologia, não houve diferenças entre os tratamentos com e sem incubação. Em todos os tratamentos analisados, encontrou-se queda significativa entre os momentos de análise do sêmen puro e a diluição, e entre a diluição e as análises subseqüentes. Portanto, concluiu-se que a incubação não aumentou o tempo de conservação do sêmen, quando se utilizou a temperatura final de 17 ºC e que o momento da diluição é o momento mais crítico dentro do processamento do sêmen refrigerado. Palavras-chave: Sêmen, Suíno, Incubação, Refrigeração ABSTRACT SWINE SEMEN REFRIGERATED AT 17 ºC IN DIFFERENT TIMES AND TEMPERATURES OF EQUILIBRIUM The quality of the inseminated pig semen vary according to the time and temperature in which the semen stays before reaching the final stage and stabilize (17 ºC); therefore this work had the purpose to determine the effect on the incubation of the semen and the quality, and also verify which temperatures have the most sensibility to the pig spermatozoa. There were used 57, from 06 boars, which were divided in five following treatments: Treatment A: The semen was diluted at 35 ºC and brought down to 17 ºC in 11 days (control); Treatment B: Semen diluted at 35 ºC and brought down to 30 ºC in 4 hours, after this period brought to 17 ºC in 11 days; Treatment C: Semen diluted at 35 ºC and right after brought down to 25 ºC in 4 hours and after this to 17 ºC in 11 days; Treatment D: Semen diluted at 35 ºC then down to 30 ºC in 1 hour then to 25 ºC in 4 hours and after this period to 17 ºC in 11 days; Treatment E: Semen diluted at 35 ºC, down to 30 ºC in 1 hour after that to 25 ºC in 1 hour and still to 20 ºC in 4 hours and after this period to 17 ºC in 11 days. The vigor, motility and morphology characteristics were analyzed and the results were compared with the Mann-Whitney tests (vigor and motility) and the “t” test of Student (morphology) all at 5% probability. The obtained results showed not only the vigor but also motility a similar behaviour, where in D0, the treatment E was the one which showed the best results about the control treatment (p <0,05). In D5 and D9 treatment A was statistically superior to treatment E (p <0,05) and did not have alterations the other days. For the morphology characteristics there were not any differences between treatments with and without incubation. In all the analyzed treatments were found an important drop between the moment of the analyzed pure semen and the dilution, and between the dilution and the following analyses. Therefore conclusions is, that incubation did not increase the time of semen preservation when used at final temperature of 17 ºC and that dilution moment is the most critical in the cooling process of the semen. Key Words: Semen, pig, incubation, cooling INTRODUÇÃO A sensibilidade ao choque térmico do espermatozóide suíno apresenta variações de acordo com o tempo e temperatura de resfriamento, podendo adquirir um grau significativo de resistência ao choque térmico após sua manutenção à temperatura ambiente antes de ser submetido ao resfriamento. Estas células espermáticas são extremamente sensíveis logo após a ejaculação e não resistem ao resfriamento lento em temperaturas abaixo de 15 ºC, entretanto, podem adquirir resistência após um período de incubação. Aproximadamente 4 a 7 horas após a ejaculação, 50-80% das células espermáticas adquirem resistência, a julgar por sua motilidade e morfologia, influenciada pelo pH e composição do diluidor (Pursel & Johnson, 1970; Pursel et al., 1972, 1973a). O período de incubação do sêmen após a coleta também é utilizado nas centrais de inseminação artificial de suínos, a fim de melhorar os índices de fertilidade com o sêmen resfriado entre 15 e 18 ºC, bem como na tentativa de prolongar o tempo de armazenamento do ejaculado. Tem sido relatado ainda, que a incubação prévia do sêmen em temperaturas acima de 15 ºC, pode aumentar a viabilidade do sêmen armazenado em temperaturas abaixo de 15 ºC (Pursel et al., 1973a; Katzer et al., 2001a e b). O tempo de incubação também aumenta a proporção dos espermatozóides com acrossomo intacto tanto a 15 quanto a 5 ºC, quando comparados com lotes controle sem incubação (Maxwell & Johnson, 1997). A resistência ao choque térmico parece aumentar quando o tempo de incubação é prolongado de 16 até 24 horas, com melhores resultados obtidos com 20 horas de incubação, entretanto estes resultados são dependentes da temperatura utilizada (5 ou 12ºC) (Eriksson et al., 2001; Katzer et al., 2001a e b). O presente trabalho teve por objetivo avaliar o efeito incubação do sêmen antes de levá-lo à temperatura final de estabilização (17 ºC), bem como, verificar quais as faixas de temperatura de maior sensibilidade para o espermatozóide suíno. MATERIAL E MÉTODOS Local do experimento O experimento foi realizado no Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia de Sêmen (LRSTS) da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Animais e coleta do sêmen Foram utilizados 06 animais pertencentes ao LRSTS, sendo três reprodutores puros (Duroc =2 e Landrace =1) e três híbridos (Dalland =2 e Agroceres =1). Os animais tinham idade variando entre 1,5 e 2,5 anos sendo mantidos em instalações convencionais para a criação de suínos. Os reprodutores foram alimentados com 2 kg de ração por dia em dois arraçoamentos, contendo 3.340 Kcal e 12% PB. Os ejaculados foram coletados pela técnica da mão enluvada (Johnson et al., 2000), sempre às segundas e quintas-feiras pela manhã (6:30) por um funcionário experiente e treinado, em sala apropriada com manequim. O sêmen foi coletado em copo coletor com capacidade para 500 ml, previamente aquecido à 39 ºC, coberto por uma gaze especial e protegido por envoltório isotérmico. Foi aproveitado o ejaculado total de cada reprodutor após separação da parte gelatinosa. Após a coleta, o ejaculado foi analisado quanto à sua temperatura (ºC), concentração espermática (sptz /ml), volume (ml) e total de espermatozóides (x 109 sptz). Em seguida, foi levado para microscópio óptico com contraste de fase colocando-VH XPD JRWD GH O HQWUH Oâmina e lamínula pré-aquecidas a 39 ºC para a leitura do vigor e motilidade espermáticas. Apenas os ejaculados com um mínimo de vigor 3,0 e motilidade 70% (CBRA, 1998), foram utilizados no experimento. Parâmetros dos movimentos espermáticos Para a avaliação das características de vigor espermático (notas de 0 a 5) e motilidade espermática (valores de 0 a 100% - Martin Rillo et al., 1996), o sêmen foi incubado em “banho-maria” à 39 °C e as leituras foram feitas após 5 minutos de incubação, segundo parâmetros apresentados por Toniolli et al., (1996), como pode ser visto nos anexos nos quadros 1a, 1b e 1c. As análises de vigor são consideradas qualitativas, avaliando-se o tipo de movimento realizado pelo espermatozóide. Já para a motilidade, a avaliação é quantitativa, observando-se a proporção de células espermáticas móveis em relação ao total de células do campo microscópico. Para cada ejaculado analisado, foram percorridos pelo menos três campos microscópicos, com todas as análises sendo realizadas a um aumento de 320x. Avaliação morfológica da célula espermática Para a avaliação morfológica, foi retirada de cada tratamento, após 5 minutos de incubação a 39 ºC com BTS, uma alíquota de 0,1 ml de sêmen e diluído em 0,1 ml de solução salina 0,9% formolizada (formol a uma concentração de 0,1% - CBRA, 1998), para avaliação do percentual de células espermáticas morfologicamente normais e com alterações (Pursel et al.,1972; Johnson et al., 2000). As análises foram realizadas (após a homogeinização) através da colocação de uma gota (15 µl) do sêmen diluído na solução salina formolizada entre uma lâmina e lamínula, onde foram contadas 200 células por amostra (lâmina - Vale Filho, 1980). As análises foram realizadas, através de microscopia óptica com contraste de fase a um aumento de 1000x. As análises morfológicas compreenderam os principais defeitos de acrossomo (Kumus, 1993). As classificações para o acrossomo, seguiram os dados de Pursel et al., 1972: 1) Espermatozóides com acrossomo normal (NAR): células com contornos nítidos, regulares, com superfície lisa e de forma arredondada; 2) Espermatozóides com perda de acrossomo (PAR): células com superfície fracamente visualizada, vesiculada, transparente, com acrossomo em degeneração, mas ainda aderido ao núcleo; 3) Espermatozóides com edema de acrossomo (EAR): células com um inchaço na região acrossômica; 4) Espermatozóides com acrossomo danificado (DAR): células com superfície acrossômica bem visível, porém irregular, com invaginações ou evaginações; 5) Espermatozóides sem acrossomo (SAR): células com acrossomo não visualizado, e coma região equatorial bem definida, caracterizando a perda total do capuz acrossômico. Foram eleitos quatro momentos por tratamento para se retirar amostras para a morfologia espermática: 1) logo após a diluição, 2) após 1 hora em que cada ejaculado de cada tratamento permaneceu à 17 ºC (D0) , 3) no quinto dia de conservação a 17 ºC (D5) e 4) no no décimo-primeiro dia de conservação a 17 ºC (D11). As amostras foram retiradas somente após o tempo de 5 minutos de incubação em banho-maria a 39 ºC. Conservação do sêmen pós-coleta Cada ejaculado foi diluído e conservado a uma temperatura de 17 °C (Pursel et al., 1973a), sendo mantido em tubos de ensaio com capacidade de 5 ml. A cada dia de análise, foram retirados os tubos de ensaio referentes a cada macho e cada tratamento, incubados em “banho-maria” à 39 ºC, por 5 minutos, para as análises. As amostras destinadas às avaliações foram conservadas em tubos de ensaios fechados. Análise estatística Os testes utilizados foram os de Mann-Whitney, para o vigor e a motilidade, e o teste “t” de student para a morfologia. Em ambos os testes, foi utilizado um nível de significância de 5%. A análise das diferenças entre médias foi realizada através de uma variância multifatorial através do programa de estatística STAT VIEW (versão de 1994). Formação dos tratamentos experimentais Foram utilizados 57 ejaculados, retirando-se de cada um deles um total de 4,375 x109 sptz, divididos entre os 5 diferentes tratamentos (875 x106 sptz/tratamento), sendo repartido em 10 tubos de ensaio (cada tubo correspondendo aos dias de análise), contendo um total de 87,5 x106 sptz/tubo em 2,5 ml de volume (diluidor mais sêmen). De acordo com a concentração de cada ejaculado, volumes diferentes de diluidor (BTS) foram utilizados para completar os 25 ml, volume final de cada tratamento. As diluições foram feitas respeitando-se concentração de 35 x106 sptz/ml. O dia de coleta foi considerado dia zero (D0) sendo o sêmen conservado em geladeira a 17 ºC por até 11 dias (D11), durante os quais foram realizados dez dias de análise (D0, D1, D2, D3, D4, D5, D6, D7, D9 e D11) para o vigor (0-5) e a motilidade espermática (%). Para as análises de morfologia, foram utilizadas amostras provenientes dos ejaculados logo após a diluição, nos dias D0, D5 e D11. O ejaculado de cada reprodutor foi repartido nos 5 tratamentos a seguir: Tratamento A (TA): Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS a 35 ºC e levado direto para geladeira a 17 ºC (Controle), como pode ser visto no gráfico 6 nos anexos; Tratamento B (TB): Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS a 35 ºC, levado para um banho-maria com temperatura de 30 ºC por 4 horas e, posteriormente, levado para geladeira a 17 ºC – TC, como pode ser visto no gráfico 7 nos anexos; Tratamento C (TC): Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS a 35 ºC, levado para banho-maria com temperatura de 25 ºC durante 4 horas e, posteriormente, levado para geladeira a 17 ºC, como pode ser visto no gráfico 8 nos anexos; Tratamento D (TD): Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS a 35 ºC, levado para banho-maria com temperatura de 30 ºC por 1 hora e, posteriormente, a 25 ºC por 4 horas e, em seguida, levado para geladeira a 17 ºC, como pode ser visto no gráfico 9 nos anexos; Tratamento E (TE): Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS à 35 ºC, levado para um banho-maria com temperatura de 30 ºC por 1 hora, depois para outro à 25ºC por 1 hora e, finalmente, para um terceiro à 20 ºC por 4 horas e, posteriormente, levado para geladeira a 17 ºC, como pode ser visto no gráfico 10 nos anexos. Entre todas as quedas de temperatura, considerou-se sempre o tempo de 1 hora para que o ejaculado chegasse à temperatura de estabilização. Contando-se a partir daí o real tempo de incubação. Análises do sêmen no dia de coleta (D0) No dia da coleta (DO), foram realizadas análises seqüenciais em todos os tratamentos. De cada ejaculado, foi retirado um total de 962,5 x106 sptz, onde o volume final foi de 27,5 ml. A cada hora e durante 11 horas, foi retirada uma amostra de 2,5 ml e colocada em banho-maria a 39 ºC por 5 minutos. Decorrido este tempo, uma alíquota de 15µl foi colocada entre lâmina e lamínula para análise das características do vigor e da motilidade espermática. A análise destas amostras teve por finalidade, a mensuração da sensibilidade dos espermatozóides durante o período de abaixamento gradual da temperatura até a estocagem das doses em geladeira a 17 ºC. Estas análises foram feitas de acordo com o esquema a seguir: a) Sêmen puro, b) Logo após a diluição a 35 ºC, c) 1 hora após a diluição, d) 2 horas após a diluição, e) 3 horas após a diluição, f) 4 horas após a diluição, g) 5 horas após a diluição, h) 6 horas após a diluição, i) 7 horas após a diluição, j) 8 horas após a diluição, l) 9 horas após a diluição, m) 10 horas após a diluição e n) 11 horas após a diluição. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação dos parâmetros de movimento durante 11 dias de conservação nos 5 diferentes tratamentos Efeito Tratamento Nos dados apresentados na tabela 1 referente ao vigor espermático, os diversos tratamentos mostram comportamentos semelhantes em todos os dias analisados, exceto nos dias D0, D5 e D9. Para o D0, o único tratamento que apresentou diferença estatística em relação ao TA (controle) (2,2) foi o TE (2,5) (p<0,05). Este comportamento a partir do D1 não foi mantido, ou seja, entre o D1 e o D4, não houve diferenças significativas entre todos os diferentes tratamentos (p<0,05). Contudo, em D5, houve uma inversão entre os tratamentos com melhores resultados, o TA apresentou o melhor resultado em relação ao TE (1,9 vs. 1,5) (p<0,05), não havendo diferenças entre os demais tratamentos testados (p>0,05). Nos dias D6 e D7 de conservação, mais uma vez, estas diferenças deixam de existir, voltando a ocorrer em D9 o mesmo resultado encontrado em D5, entretanto, com valores mais baixos (TA =1,0 e TE =0,8). No último dia de conservação do sêmen (D11), mais uma vez, as diferenças entre tratamentos deixaram de existir (p>0,05). A motilidade espermática (tabela 2) apresentou o mesmo comportamento do vigor espermático entre os diferentes tratamentos durante todo o período de conservação do sêmen, ou seja, no D0, o TE (56%) foi o que apresentou melhores resultados com relação ao tratamento controle (47%) (p<0,05). No D5, o TA (40%) foi estatisticamente superior ao TE (29%) (p<0,05). O mesmo ocorreu no D9, onde o TA (19%) apresentou melhores resultados que o TE (11%) (p<0,05). O efeito benéfico da incubação antes da conservação final do sêmen tem sido reportado, porém, tais efeitos estão ligados à qualidade do sêmen descongelado (Pursel et al., 1972; Courtens & Paquignon, 1990; Bwanga, 1991; Maxwell & Johnon, 1997; Eriksson et al., 2001; Medrano et al., 2002), ou com o sêmen refrigerado a 5 ou 12 ºC (Pursel et aL.,1973b; Nascimento et al., 1998; Kotzias-Bandeira, 1999; Katzer et al., 2001a, b e c). Para os ejaculados que possuem temperatura final de conservação a 17 ºC, a literatura não fornece muitos dados (Zou & Yang, 2000). O fato de no D0 ter existido uma superioridade do TE em relação ao TA, tanto para o vigor quanto para a motilidade, pode ser explicado pala fato de que os ejaculados quando são submetidos a períodos de incubação em temperaturas superiores às da conservação, as células espermáticas adquirem uma maior capacidade de rearranjo de suas membranas plasmáticas. Desta forma, nos tratamentos em que o sêmen foi submetido à incubação, os espermatozóides conseguiram se adaptar melhor ao meio ambiente a despeito do choque térmico provocado pelo abaixamento da temperatura (Buhr, 1990). A inversão dos valores a partir do D1 podem ser atribuídos ao fato de que os espermatozóides dos tratamentos com incubação permaneceram um maior tempo com uma taxa metabólica mais alta, muito embora não tenha sido realizados testes bioquímicos para se aferir o consumo de substâncias tais como o O2. Este comportamento ocorreu devido ao fato dos tratamentos com incubação levarem entre 5 e 9 horas a mais para alcançarem a temperatura de 17 ºC e com isto diminuírem o seu metabolismo e conseqüente gasto de energia, aumentando o tempo de conservação. Este tipo de resultado foi também evidenciado por Zou & Yang (2000), os quais demonstraram que em temperaturas mais altas (39 ºC) ocorre uma perda significativa da qualidade espermática em uma conservação de 48 horas, quando comparado a temperaturas de 20 a 15 ºC. Ainda não se obteve um consenso dos motivos causadores da alta variação dos resultados da conservação do sêmen suíno. Maxwell & Johnson (1997) afirmam que ainda não está claro quais são as mudanças em que a célula espermática passa durante o período de incubação, mas Watson (1996) sugere que a composição lipídica da bicamada da membrana plasmática afeta a sua fluidez, mas não a capacidade fertilizante das células. De qualquer maneira, segundo o mesmo autor, é claro que o tempo de incubação à temperatura de 15 ºC pode inibir, pelo menos parcialmente, a desestabilização da membrana quando se utiliza sêmen para a criopreservação. Efeito Conservação Na tabela 1, para o vigor espermático, observa-se que dentro de cada tratamento houve diferenças estatísticas entre a análise do sêmen puro e o diluído e entre este e a análise no DO. Entre as análises no D0 e o D5, somente o TA conseguiu manter o mesmo vigor (p>0,05), os demais lotes demonstraram quedas significativas (p<0,05). Entre o D5 e D11 todos os tratamentos apresentaram quedas significativas (p<0,05). As respostas dos ejaculados dentro de cada tratamento, para a característica motilidade, também variaram seguindo o mesmo comportamento do vigor, isto é, houve diferenças significativas entre as análises do sêmen puro e o diluído e entre este e o sêmen analisado no D0. Entre o D0 e o D5, somente o TA manteve o percentual de motilidade (p>0,05), nos outros lotes houve diferenças estatísticas (p<0,05). Entre o D5 e o D11, todos os tratamentos apresentaram quedas estatísticas (p<0,05). A queda dos valores tanto do vigor, quanto da motilidade já era esperada em todos os tratamentos durante a conservação, porém somente o TA conseguir manter os índices entre o D0 e o D5. Segundo Zou & Yang (2000), este comportamento é esperado, uma vez que o tratamento sem incubação consegue conservar mais energia a despeito do choque térmico ocasionado. Althouse et al., (1998) ao encontrarem que a temperatura crítica durante o processamento do sêmen suíno é de 12 ºC, fornece a informação de que talvez protocolos de refrigeração do sêmen suíno que possuam como temperatura final valores acima, como 17 ºC, não necessitem de resfriamento gradual para se aumentar o tempo de conservação. Além desta questão existem outros fatores que podem influenciar os resultados da conservação do sêmen. Um destes fatores é citado por Eriksson et al. (2001), onde os diversos comportamentos existentes entre os diferentes ejaculados ou de um mesmo ejaculado dentro de várias curvas de abaixamento da temperatura, pode ter como causa a variabilidade individual de cada varrão e, que talvez um modelo de abaixamento de temperatura para um varrão individual possa trazer respostas sobre as mudanças da motilidade dentro de uma curva padrão de abaixamento. Avaliações Morfológicas durante 11 dias de conservação Os resultados expressos na tabela 3, para o D0, mostram que a partir do percentual de células com acrossomo normais na diluição (98,5%), somente os TA (97,0%) e TB (97,5%) mantiveram valores estatisticamente iguais (p>0,05). Quando a comparação é realizada somente entre os tratamentos, nota-se que não houve diferenças (p>0,05). O TE que obteve um percentual de 94,5%, ainda assim, possui um índice de acrossomos normais que está dentro das normas de utilização preconizadas pelo CBRA (1998). A ausência de diferenças entre os tratamentos também foi encontrada no D5 e no D11. Os resultados aqui encontrados estão em acordo com Maxwell & Johnson (1997) e Althouse et al. (1998) que não encontraram alterações, porém segundo estes últimos autores isto foi devido à adição da albumina sérica bovina no diluidor utilizado, o que conferiu uma maior resistência à célula espermática. Outros autores encontraram efeitos benéficos da incubação do sêmen sobre as alterações morfológicas (Pursel et al., 1972; Bamba & Cran, 1988). Kommisrud et al., (2002) analisando a integridade acrossomal dos espermatozóides conservados à temperatura entre 16 e 18 ºC durante 6, 30, 54, 78 e 102 horas, encontrou 93,9%, 90,6%, 88%, 84,8% e 78,2% respectivamente de acrossomos normais. Estes dados estão relativamente abaixo dos aqui encontrados, provavelmente, devido a influências do próprio varrão, ressaltando neste ponto a individualidade do macho doador de sêmen. Com relação à taxa de resfriamento, Watson & Plummer (1990), observaram que um índice de resfriamento de 10 a 15 °C por minuto ocasionou lesões no gameta masculino de maneira ireversível. Butler & Roberts (1975) apud Nascimento et al. (1998) assinalam que a incubação a uma temperatura de 30 °C por quatro a sete horas aumenta sensivelmente a resistência dos espermatozóides ao choque térmico, de modo que 70 a 80% deles não apresentem alterações na motilidade e mantenham a integridade acrossômica. Os dados encontrados neste trabalho para as alterações espermáticas estão de acordo com HUO et al. (2002), que encontraram aos 11 dias de conservação uma percentagem de 79,83% de acrossomos normais, o que vem a ser muito semelhante aos dados encontrados neste trabalho que variaram de 80 a 83,5%, independente do tratamento. Muito embora Watson (2000) afirme que há uma forte correlação entre o dano à membrana plasmática durante a refrigeração e reação acrossomal, onde uma inicia a desorganização da outra, neste trabalho não se encontrou diferenças, provavelmente devido ao fato do sêmen suíno não ter atingido sua temperatura crítica (12 ºC – Althouse et al., 1998), e conseqüentemente não possuir um grande número de alterações morfológicas, para que os processos de incubação seminal pudessem aumentar a resistência da célula espermática ao choque térmico. Avaliações durante o dia de coleta Para o vigor como pode ser observado na tabela 4 não houve diferenças estatísticas significativas entre os tratamentos em todos os dias analisados (p>0,05). As diferenças ocorreram quando foram comparados dentro de cada tratamento os diferentes momentos analisados. Neste caso, elas ocorreram no TD, onde a única diferença significativa foi entre o sêmen analisado a 1 hora (2,2) com o sêmen analisado à 5 horas (2,5) (p<,05). O TE também apresentou diferenças, com os momentos de análises 10 e 11 horas pós-diluição, apresentando os melhores resultados, e estes diferiram significativamente dos resultados obtidos nas duas primeiras horas pós-diluição (p<0,05). O que foi observado, independente do tratamento, foram quedas significativas da qualidade do ejaculado entre o sêmen puro (4,5) e a diluição (3,0) e entre a diluição e os momentos de análises subseqüentes (1h, ..., 11h) (p<0,05). O comportamento dos ejaculados para a característica da motilidade (tabela 5) também não diferiu estatisticamente (p<0,05) entre os tratamentos em todas as horas analisadas. Mais uma vez as diferenças ocorreram dentro da cada tratamento (A e E) em relação aos momentos analisados. No TA, as diferenças ocorreram de maneira significativa apenas entre as análises efetuadas na quinta hora pós-diluição (54%) e as análises efetuadas na segunda hora pós-diluição (47%) (p<0,05). No TE, as diferenças ocorreram nas análises efetuadas às 11 horas pós-diluição (56%) com as análises efetuadas na 1ª (48%) e 2ª (48%) horas pós-diluição (p<0,05). O que foi observado, independente do tratamento, foram quedas significativas da qualidade do ejaculado entre o sêmen puro (94%) e a diluição (68%) e entre a diluição e os momentos de análises subseqüentes (1h, ..., 11h) (p<0,05). Para a percentagem de espermatozóides com acrossomos morfologicamente normais (NAR) no dia de coleta (D0) (tabela 3), não houve diferenças entre os tratamentos (TA=TB=TC=TD=TE). Porém, quando as análises são realizadas entre o momento da diluição e a análise no D0 em cada tratamento a 17 ºC, foram encontradas diferenças significativas (P<0,05). Estas foram observadas entre a diluição (98,5%) e os tratamentos C (97,0%), D (97,0%) e E ( 94,5%) (p<0,05). O comportamento do ejaculado, independendo do tratamento utilizado, mostra que dentro do processamento do sêmen suíno além de temperaturas críticas (12 ºC) (Althouse et al., 1998) em que há desarranjo da membrana plasmática espermática, existe também o momento da diluição como ponto crítico para que a qualidade seminal seja mantida. A temperatura de diluição (35 e 25 ºC) neste experimento não alterou a qualidade das doses seminais. Todas as discussões sobre o período de incubação levam em consideração o tempo que o sêmen permanece em equilíbrio até atingir a temperatura final de estabilização. O fato dos efeitos benéficos que a literatura se reporta está ligado à velocidade do resfriamento, onde no presente trabalho foi de: 0h, 5h, 5h, 7h e 9h para os tratamentos A, B, C, D e E, respectivamente. Polge (1956) cita que o sêmen mantido à temperatura corpórea sobreviveu até 6-8 horas de incubação. Katzer et al. (2001a e c) ressaltam que uma incubação de 24 h a 17 ºC, antes de armazenar o sêmen a 12 ºC, permite a manutenção da viabilidade espermática da mesma forma que a 17 ºC, porém, quando a temperatura final utilizada foi a de 5 ºC, a incubação diminuiu a sensibilidade ao resfriamento, mas não permitiu a manutenção da viabilidade espermática da mesma forma que o armazenamento a 17 ºC. Os dados de Weber (1989) apud Nascimento et al. (1998) mostram que quando se efetua um resfriamento gradual ao invés do direto, ocorre um aumento dos valores de motilidade e de alterações morfológicas. Pelos dados do presente autor, quando se resfriou rapidamente o sêmen a 5 ºC, a motilidade foi de 12,0 ± 0,9% e a integridade do acrossomo de 44,9 ± 14,9%. Entretanto, quando o resfriamento foi realizado mais lentamente, a motilidade foi 48,3 ± 11,3% e a integridade do acrossomo de 68,4 ± 10,4%. Esta mesma situação foi encontrada por Eriksson et al. (2001), ao estudarem o tipos de movimento espermático (linear, circular), encontraram que a 32 ºC, não foram encontradas diferenças estatísticas entre os períodos de incubação para qualquer um dos parâmetros acima analisados (movimento linear e circular). Por outro lado, um significativo decréscimo (p<0,05) ocorreu na percentagem de espermatozóides com movimento linear, e um significativo aumento nos espermatozóides com movimento circular, entre as temperaturas de 15 e 5 ºC comparado com 32 ºC. Em todos os lotes, foi observado durante o dia de coleta um aumento da motilidade e do vigor. Segundo Johnson et al. (2000), isto se deve ao tipo de resposta que os espermatozóides dos mamíferos possuem à diluição, isto é, ocorre um aumento inicial da atividade seguido por um aumento dos danos à membrana. Puschel, 1974 apud Mariano et al., 1992, citam que o sêmen suíno apresenta quedas dos valores de motilidade e aumento das alterações morfológicas quando o ejaculado líquido é armazenado por um período de 24 horas, isto foi evidenciado neste trabalho, onde houve quedas significativas, tanto no vigor, quanto na motilidade entre o momento da diluição e a análise 24 horas após, ou seja, no D1. Pode-se concluir que o protocolo de incubação do sêmen suíno diluído não forneceu condições para a utilização do ejaculado em condições de conservação mais prolongada do sêmen, porém com o uso do sêmen durante o dia de coleta pode-se obter ganhos na produtividade de uma central de inseminação artificial/granja. Contudo, encontrou-se ainda um forte efeito da diluição na qualidade seminal, o qual constitui-se como ponto crítico no processamento do sêmen suíno e que ainda necessita de maiores informações para se entender realmente o que ocorre com o espermatozóide durante este fenômeno e o que pode ser feito para tentar minimizar os seus efeitos. Tabela 1. Vigor espermático do sêmen suíno conservado a 17 ºC durante 11 dias. PURO DILUÍDO D0 D1 D2 D3 D4 D5 3,0B 2,2Ca 2,6a 2,6a 2,3a 1,9a 1,9Ca TA 4,5A 3,0B 2,3Cab 2,4a 2,3a 2,1a 1,8a 1,6 Dab TB 4,5A A B Cab a a a a 3,0 2,4 2,5 2,4 2,1 1,7 1,6Dab TC 4,5 A B Cab a a a a 3,0 2,4 2,5 2,3 2,0 1,9 1,7Dab TD 4,5 3,0B 2,5Cb 2,4a 2,4a 2,1a 1,8a 1,5Db TE 4,5A Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as linhas ( p < 0,05) D6 D7 D9 D11 1,6a 1,3a 1,4a 1,4a 1,4a 1,4a 1,2a 1,0a 1,1a 1,1a 1,0a 0,8ab 0,7ab 0,7ab 0,8b 0,5Da 0,3Ea 0,4Ea 0,4Ea 0,5Ea Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as colunas, apenas entre os momentos Puro, diluído, D0, D5 e D11 (p<0,05). Tabela 2. Percentagem de espermatozóides móveis no sêmen suíno conservado a 17 ºC durante 11 dias PURO DILUÍDO D0 D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D9 D11 94 A 68 B 47 Ca 57a 55a 47a 40a 40Ca 32a TA A B Ca a a a a Dab 94 68 51 53 50 42 38 33 26a TB 94 A 68 B 53Cab 53a 48a 42a 34a 32Dab 27a TC A B Cab a a a a Dab 94 68 51 53 49 42 37 33 28a TD 94 A 68 B 56Cb 54a 48a 42a 36a 29Db 28a TE Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as linhas ( p < 0,05) 28a 22a 20a 21a 20a 19a 14ab 13ab 11ab 11b 7Da 6Ea 5Ea 8Ea 7Ea Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as colunas, apenas entre os momentos Puro, diluído, D0, D5 e D11 (p<0,05). Tabela 3. Percentual de células com acrossomos morfologicamente normais (NAR) no sêmen diluído e conservado por 11 dias a 17 ºC. Dil TA TB TC TD TE D0 D5 D11 98,5% a 97,0% ab 97,5% ab 97,0% b 97,0% b 94,5% b 91,5% a 90,0% a 92,0% a 92,0% a 91,0% a 80,0% a 81,5% a 83,0% a 83,0% a 83,5% a Letras diferentes demonstram diferenças significativas entre linhas ( p < 0,05) Tabela 4. Avaliação do vigor espermático do ejaculado suíno durante o dia de coleta (D0) analisado seqüencialmente durante 11 horas pós-coleta FRESCO DILUÍDO 1h 2h 3h 4h 5h 6h 7h 3,0B 2,3 Ca 2,2 Ca 2,4Ca 2,3Ca 2,4Ca 2,4Ca 2,5Ca TA 4,5A A B Ca Ca Ca Ca Ca Ca 3,0 2,2 2,2 2,4 2,3 2,3 2,3 2,3 Ca TB 4,5 A B Ca Ca Ca Ca Ca Ca 3,0 2,2 2,2 2,3 2,3 2,3 2,4 2,3 Ca TC 4,5 3,0B 2,2 Ca 2,2 CDa 2,4 CDa 2,4 CDa 2,5 Da 2,4 CDa 2,4 CDa TD 4,5A A B Ca CDa CDEa CDEa CDEa CDEa 3,0 2,1 2,2 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4 CDEa TE 4,5 Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as linhas ( p < 0,05) 8h 9h 10h 11h 2,3Ca 2,4 Ca 2,3 Ca 2,3 CDa 2,4 CDEa 2,2Ca 2,3 Ca 2,4 Ca 2,4 CDa 2,4 CDEa 2,3 Ca 2,3 Ca 2,4 Ca 2,4 CDa 2,5 DEa 2,3 Ca 2,4 Ca 2,4 Ca 2,4 CDa 2,5Ea Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre as colunas (p < 0,05) Tabela 5. Avaliação da motilidade espermática do ejaculado suíno durante o dia de coleta (D0) analisado seqüencialmente durante 11 horas pós-coleta FRESCO DILUÍDO 1h 2h 3h 4h 5h 6h 7h 94A 68B 51CDa 47Ca 51CDa 51CDa 54Da 51CDa 53CDa TA 94A 68B 48Ca 48Ca 52Ca 50Ca 51Ca 51Ca 50Ca TB A B Ca Ca Ca Ca Ca Ca 94 68 48 49 50 49 50 53 50Ca TC 94A 68B 48Ca 49Ca 52Ca 51Ca 55Ca 54Ca 52Ca TD A B Ca Ca CDa CDa CDa CDa 94 68 48 48 52 50 53 52 53CDa TE Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre linhas (p < 0,05) Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre colunas (p < 0,05) 8h 9h 10h 11h 50CDa 51Ca 48Ca 51Ca 53CDa 49CDa 51Ca 52Ca 51Ca 52CDa 52CDa 53Ca 53Ca 53Ca 54CDa 49CDa 53Ca 53Ca 52Ca 56Da REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTHOUSE, G. C., WILSON, M. E., KUSTER, C., PARSLEY, M. Characterization of lower temperature storage limitations of fresh-extended porcine semen. Theriogenology, 50, p.535:543, 1998. BAMBA, K., CRAN, D. G. 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Este artigo será submetido ao periódico Revista Brasileira de Reprodução Animal INCUBAÇÃO DO SÊMEN SUÍNO IN NATURA Moreira, F.R.C.1,2,Toniolli, R.1, Chaves, R.N. 1,Silva, M.C., Duarte, A.B.G. 1, Ferreira, J.L. 1 1 Universidade Estadual do Ceará, Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia do Sêmen, Fortaleza-CE. 2 Escola Superior de Agricultura de Mossoró, Departamento de Medicina Veterinária, Mossoró-RN. RESUMO O plasma seminal possui diferentes funções sobre o processo de conservação do sêmen. Neste sentido, o presente trabalho buscou avaliar a influência da incubação do sêmen in natura, ou seja, no seu próprio plasma seminal sobre a qualidade espermática do ejaculado utilizado no dia de coleta e conservado à temperatura final de 17 ºC. Foram utilizados 30 ejaculados, provenientes de 05 varrões, os quais foram divididos em 7 tratamentos a seguir: Tratamento A: Sêmen diluído a 35 ºC e conservado a 17 ºC por 6 horas (controle); Tratamento B: Sêmen incubado in natura por 1 hora a 35 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas; Tratamento C Sêmen incubado in natura por 2 horas a 35 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas; Tratamento D: Sêmen incubado in natura por 3 horas a 35 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas; Tratamento E: Sêmen incubado in natura por 1 hora a 25 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas; Tratamento F: Sêmen incubado in natura por 2 horas a 25 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas; Tratamento G: Sêmen incubado in natura por 3 horas a 25 ºC, diluído a mesma temperatura e conservado a 17 ºC por 6 horas. Foram analisadas as características de vigor, motilidade e morfologia, onde os testes utilizados foram os de Mann-Whitney (vigor e motilidade) e teste t de Student (morfologia) a 5%. Os resultados obtidos mostram que tanto, para o vigor, quanto para a motilidade, houve um comportamento similar, onde o momento da diluição é o momento crítico para a qualidade seminal, porém, o TE conseguiu minimizar estes efeitos prejudiciais da diluição, apresentando os melhores resultados comparados com tratamento controle. Para a morfologia, tanto na diluição, quanto na análise às 6 horas, o tratamento E apresentou os melhores resultados em relação ao TA (controle) (p<0,05). Conclui-se que a incubação do sêmen puro no seu próprio plasma seminal a 25 ºC por 1 hora traz efeitos positivos, aumentando a resistência da célula espermática ao choque térmico. Palavras-chave: Sêmen, in natura, suíno, incubação, refrigeração, plasma seminal ABSTRACT IN NATURA SWINE SEMEN INCUBATION The seminal plasma has different functions about the semen preservation process, therefore this work searched to determine the influence on the incubation of the in natura semen, about the quality of the seminal plasma used on the day of collection and preserved at final temperature 17 ºC. There were used 30 ejaculated, from 05 boars, and divided in the following 7 treatments: Treatment A: Semen diluted at 35 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours (control); Treatment B: Semen incubated in natura for 1 hour at 35 ºC, diluted at 35 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours; Treatment C: Semen incubated in natura for 2 hours at 35 ºC, diluted at 35 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours; Treatment D: Semen incubated in natura for 3 hours at 35 ºC, diluted at 35 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours; Treatment E: Semen incubated in natura for 1 hour at 25 ºC, diluted at 25 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours; Treatment F: Semen incubated in natura for 2 hours at 25 ºC, diluted at 25 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours; Treatment G: Semen incubated in natura for 3 hours at 25 ºC, diluted at 25 ºC and preserved at 17 ºC for 6 hours. The vigor, motility and morphology characteristics were analyzed, where the used tests were the MANN-WHITNEY (vigor and motility) and the “t” test of Student (morphology) at 5%. The obtained results showed that not only for vigor but also for motility were a similar behavior, where the dilution moment is the critical moment for the seminal quality. Therefore the treatment E managed to minimize these harmful effects of dilution, showing the best results compared with treatment control. Not only for the morphology but also the dilution in the analysis at the 6 hours, the treatment E showed the best results about the treatment A (control) (p <0,05). Conclusion is that incubation of the pure semen in its own seminal plasma at 25 ºC for 1 hour brings positive effects, increasing the resistance to thermo shock of the sperm cell. Word-key: Semen, in natura, swine, incubation, cooling, seminal plasma INTRODUÇÃO O pleno desenvolvimento da inseminação artificial na espécie suína, a exemplo do que já ocorre em outras espécies animais de exploração econômica depende basicamente da solução dos problemas relacionados com a conservação do sêmen (Mariano et al., 1992). Quando os espermatozóides são diluídos com fluidos seminais provenientes das glândulas acessórias do sistema genital, sua motilidade é mantida por poucas horas (Johnson et al., 2000). O significado funcional do plasma seminal é bastante questionado no processo de prenhez, uma vez que se consegue gestação com espermatozóides do epidídimo (Hafez & Hafez, 2000) e originando estudos conflitantes sobre a sua real função nos processos in vitro (Maxwell & Johnson, 1999; Barrius et al., 2000). O efeito do plasma na capacidade fertilizante do espermatozóide necessita ser considerado separadamente das características da motilidade (Maxwell & Johnson, 1999). Para Barrius et al. (2000), o plasma seminal contém uma variedade de componentes bioquímicos, alguns dos quais de relativa especificidade para a regulação espermática e a sua viabilidade. Segundo Metz et al. (1990) apud Barrius et al. (2000), o espermatozóide suíno, através de sua membrana plasmática, absorve uma grande quantidade de proteínas do plasma seminal, o que necessariamente interfere nos processos de pré-fecundação. Durante processos como a criopreservação, a utilização da incubação do sêmen in natura no seu próprio plasma, vêm demonstrando resultados favoráveis (Pursel et al., 1973b), onde para estes autores, um período de pré-congelação, durante 2 a 7 horas, permite ao espermatozóide desenvolver uma resistência ao choque térmico. Estes mesmos autores, em 1975, afirmam que para a utilização do sêmen congelado, o plasma seminal deve ser retirado a fim de evitar efeitos tóxicos. Há evidências de que a remoção do plasma seminal durante os processos de diluição, incubação, refrigeração e congelação/descongelação alteram a função espermática (Maxwell & Johnson, 1999). O presente trabalho teve por objetivo avaliar a influência da incubação do sêmen in natura sobre a qualidade espermática do ejaculado utilizado no dia de coleta e conservado à temperatura final de 17 ºC. MATERIAL E MÉTODOS Local do experimento e Animais O experimento foi realizado no Laboratório de Reprodução Suína e Tecnologia de Sêmen (LRSTS) da Faculdade de Veterinária (FAVET) da Universidade Estadual do Ceará (UECE), onde foram utilizados 05 reprodutores pertencentes ao LRSTS, sendo três reprodutores puros (Duroc =2 e Landrace =1) e dois híbridos (Dalland =2). Os animais tinham idade variando entre 1,5 e 2,5 anos e foram mantidos em instalações convencionais para a criação de suínos. Coleta de sêmen Os ejaculados foram coletados pela técnica da mão enluvada (Johnson et al., 2000) em copo coletor com capacidade para 500 ml, previamente aquecido à 37ºC. Foi aproveitado o ejaculado total de cada reprodutor após separação da parte gelatinosa. Apenas os ejaculados com um mínimo de vigor 3,0 e motilidade 70% (CBRA,1998), foram aproveitados para o experimento. Parâmetros dos movimentos espermáticos Para a avaliação das características de vigor espermático (notas de 0 a 5) e motilidade espermática (valores de 0 a 100% - Martin Rillo et al., 1996), o sêmen foi incubado em banho-maria a 39 °C e as leituras foram feitas após 5 minutos de incubação ( vide quadros 1a, 1b e 1c, nos anexos). Avaliação morfológica da célula espermática Para a avaliação morfológica, foi retirada de cada tratamento, 5 minutos após a incubação a 39 ºC com BTS, uma alíquota de 0,1 ml de sêmen e diluída em 0,1 ml de solução salina 0,9% formolizada (formol a uma concentração de 0,1%) (CBRA, 1998), para avaliação do percentual de células espermáticas morfologicamente normais e com alterações (Pursel et al.,1972; Johnson et al., 2000), foram contadas 200 células por amostra (lâmina - Vale Filho, 1980). As análises morfológicas compreenderam os principais defeitos de acrossomo (Kumus, 1993) As classificações para o acrossomo, seguiram os dados de Pursel et al., 1972. Foram eleitos dois momentos por tratamento para se retirar amostras para a análise morfológica espermática: 1) logo após a diluição, 2) após 6 horas de conservação a 17 ºC para cada tratamento. Conservação do sêmen pós-coleta Cada ejaculado foi diluído (35 ou 25 ºC) e conservado a uma temperatura de 17 °C (Pursel et al., 1973a), sendo mantidos em tubos de ensaio com capacidade par 5ml. A cada momento de análise, foram retirados os tubos de ensaio referentes a cada macho e cada tratamento, incubados em banho-maria a 39 ºC, por 5 minutos, para as análises. As amostras destinadas às avaliações foram conservadas em tubos de ensaios fechados. Análise estatística O teste utilizado foi o de Mann-Whitney (5%), para o vigor e a motilidade. Para a morfologia utilizou-se o teste “t” de student (5%). A análise das diferenças entre médias foi realizada através do programa de estatística STAT VIEW (versão de 1994). Formação dos tratamentos experimentais Foram utilizados 30 ejaculados divididos em sete tratamentos. Retirou-se de cada ejaculado um total de 4,9 x 109 sptz, onde este total foi diluído com diluidor de Beltsville (BTS), perfazendo um volume final de 140 ml (o volume de sêmen utilizado variou de acordo com a concentração de cada macho, respeitando-se a concentração final de 35 x 106 sptz/ml). O sêmen foi conservado em geladeira a 17 ºC por até 6 horas após a diluição, durante os quais foram realizadas até três análises no sêmen in natura incubado e quatro análises no sêmen diluído (0h, 1h, 3h e 6h) para o vigor e a motilidade espermática. Para as análises morfológicas (alterações acrossomais) foram utilizados os ejaculados provenientes dos momentos 0 e 6h. O ejaculado de cada macho foi repartido nos 7 tratamentos, como pode ser observado no esquema a seguir: Tratamento A: Após a coleta, o sêmen foi diluído em BTS a 35 ºC e levado direto para geladeira a 17 ºC por 6 horas (Controle) – TA, vide gráfico 11; Tratamento B: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 35 ºC durante 1 hora, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TB, vide gráfico 12; Tratamento C: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 35 ºC durante 2 horas, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TC, vide gráfico 13; Tratamento D: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 35 ºC durante 3 horas, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TD, vide gráfico 14; Tratamento E: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 25 ºC durante 1 hora, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TE, vide gráfico 15; Tratamento F: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 25 ºC durante 2 horas, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TF, vide gráfico 16; Tratamento G: Após a coleta, o sêmen foi mantido a 25 ºC durante 3 horas, diluído à mesma temperatura e levado para geladeira a 17 ºC por 6 horas - TG, vide gráfico 17. Foram realizadas análises seqüenciais em todos os tratamentos, dos quais foram retiradas amostras seminais, colocadas em banho-maria a 39 ºC por 5 minutos para avaliação das características do vigor e da motilidade. Estas análises tiveram por finalidade, a mensuração da sensibilidade dos espermatozóides durante o período de incubação do sêmen até a estocagem das doses em geladeira a 17 ºC. RESULTADOS E DISCUSSÃO Avaliação dos parâmetros de movimento espermático As primeiras observações foram realizadas dentro de cada tratamento, onde para a característica do vigor, como pode ser observado na tabela 1, houve diferenças significativas entre a análise do sêmen puro e a análise do sêmen diluído, em todos os tratamentos (p<0,05). Com relação às análises no sêmen diluído e as análises efetuadas na primeira hora pós-diluição, encontrou-se que apenas nos tratamentos A e D, houve diferenças significativas entre estas análises (p<0,05). Outra consideração a ser feita, com relação às análises efetuadas entre a 1ª e a 6ª hora, é que somente nos TD e TG houve diferenças significativas (p<0,05). Quando a comparação foi realizada entre os diferentes tratamentos, percebeu-se que na análise do vigor para o sêmen in natura (tabela 1), o tratamento A ou controle foi estatisticamente superior aos demais tratamentos. Para a análise no sêmen diluído, o tratamento controle (3,3) foi diferente estatisticamente apenas para o tratamento D (2,6) (p<0,05). Na análise do sêmen à primeira hora da diluição, os tratamentos B (3,1), D (3,2), E (3,1) e G (3,3) foram estatisticamente superiores ao tratamento controle (2,7). Na terceira hora de análise pós-diluição, ocorreu uma intensificação deste comportamento, onde o tratamento controle, foi estatisticamente inferior a todos os tratamentos (p<0,05). Na sexta hora, ocorre uma estabilização dos resultados, com todos os tratamentos não apresentando diferenças estatísticas (p>0,05). Para a motilidade espermática (tabela 2), o comportamento de todos os tratamentos ocorre de maneira semelhante ao vigor, isto é, existem diferenças entre a análise do sêmen in natura com o momento da diluição em todos os tratamentos. Entre as análises da diluição com a primeira hora subseqüente, com exceção dos tratamentos A e D, não houve diferenças significativas nos valores de motilidade. Entre a primeira e a sexta hora não houve variação nos percentuais de motilidade, com exceção do tratamento G, onde a análise da primeira hora (69%) foi estatisticamente superior à da sexta hora (63%) (p<0,05). Ainda com relação à motilidade, quando a comparação foi realizada entre os tratamentos, percebeu-se mais uma vez que no momento da análise do sêmen in natura, o tratamento controle apresentou os melhores percentuais (p<0,05). Para o momento da diluição, o tratamento A (69%) continua como o melhor, porém ele difere estatisticamente apenas para o tratamento D (53%) (p<0,05). Para a análise na primeira hora pós-diluição, o tratamento controle (60%), desta vez, é o que apresenta os resultados menos favoráveis, porém apenas para os lotes D (66%), E (65%) e G (69%) houve diferenças significativas (p<0,05). Para a terceira hora de análise, o tratamento controle (57%) continua com os resultados menos favoráveis, diferindo estatisticamente de todos os outros tratamentos, com exceção do tratamento G (64%) (p<0,05). Na sexta hora, não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos (p<0,05). A motilidade (93%) para o lote controle é muito similar (92%) à encontrada por Zou & Yang (2000). Os resultados encontrados neste trabalho, tanto em relação ao vigor, quanto à motilidade, principalmente com relação às quedas dos valores entre o momento do sêmen puro e a diluição, vêm mostrar como o efeito diluição influencia na qualidade espermática. Esta situação é evidenciada por outros autores (Bamba & Cran, 1988, Perez Marcos et al., 1991, Johnson et. al., 2000). A utilização de período de incubação antes de se chegar à temperatura final de conservação (17 ºC) não é utilizada de maneira rotineira nas centrais de inseminação artificial. Segundo Moreira (2001), a incubação do sêmen suíno diluído, durante o dia de coleta, não conseguiu aumentar as características de vigor e motilidade do ejaculado, e foi identificado como ponto crítico para a determinação da qualidade seminal, o momento da diluição. Vários autores (Pursel et al., 1972; Weitze et al., 1990; Bwanga, 1991; Maxwell & Johnson, 1999; Rodríguez-Martinez & Eriksson, 2000; Barrius et al., 2000) teceram considerações sobre a importância e utilização do plasma seminal na qualidade espermática, porém, sempre utilizando o processamento do sêmen para a congelação ou para a refrigeração à temperatura de 5 ºC. As variações existentes no comportamento do sêmen durante as seis horas de conservação pós-diluição nos diferentes tratamentos mostra que a célula espermática necessita de um período de adaptação a um novo ambiente. Avaliações Morfológicas Para o percentual de alterações acrossomais (tabela 3) encontradas, dentro da cada tratamento, houve uma redução significativa no número de acrossomos normais em quase todos os tratamentos entre o momento da diluição e a análise efetuada 6 horas após C (98 vs. 96,5%), D (98 vs. 96,5%), E (98,5 vs. 97%) e F (98,5 vs. 96,5%). Mais uma vez, evidencia-se o efeito diluição sobre a qualidade espermática. O comparativo entre os tratamentos mostrou que a incubação, no momento da diluição, de 1 (E) e 2 horas (F) à 25 ºC foram estatisticamente superiores ao tratamento controle (A). Na análise realizada 6 horas após, apenas o tratamento E (97%) conservou um maior número de células morfologicamente normais com relação ao tratamento controle (95,5%) e ao tratamento B (95%) (p<0,05). A incubação do sêmen in natura aumenta a resistência da célula espermática devido às características do plasma seminal de estar associado com a susceptibilidade ao choque térmico (Bwanga, 1991), provavelmente devido a ligações às proteínas básicas da membrana da célula espermática (Moore et al., 1976 apud Bwanga, 1991). Rodriguez-Martinez & Eriksson (2000) citam que uma variedade de proteínas do plasma seminal tem sido identificada como capazes de influenciar a habilidade fecundante dos espermatozóides e, por conseguinte serem preditoras de fertilidade. Entre estas proteínas, encontram-se as espermoadesinas, que secretadas pelas vesículas seminais, aderem-se a porção rostral do acrossomo durante a ejaculação e seguem o espermatozóide tanto in vitro quanto in vivo. Em geral, o plasma seminal contém proteínas específicas que são capazes de inibir a desestabilização inata da membrana fluida do espermatozóide (Ollero et al.,1998 apud Rodriguez-Martinez & Eriksson, 2000). Bamba & Cran (1988), através da integridade acrossomal, mostraram que os ejaculados diluídos às temperaturas de 5, 15 ou 25 ºC possuem resultados estatisticamente superiores para aqueles ejaculados diluídos à 39 ºC, principalmente no momento da análise pós-descongelação. Já Zou & Yang (2000) utilizando um processo de incubação do sêmen à 39 ºC, teve uma queda para 95,6 % e 89,1% de espermatozóides com acrossomo normal por 1 e 4 horas, respectivamente, utilizando o corante azul de comassie. Os dados deste trabalho foram ligeiramente superiores, mesmo com um tempo de 35 ºC por 3 horas (98%). Estas diferenças podem ser devido ao método de avaliação utilizado para se aferir esta percentagem de alterações. Zou & Yang (2000), também testando métodos de avaliação para se aferir a percentagem de alterações espermáticas, encontrou, através da avaliação pela aglutinina de amendoim um percentual de 68,4 e 54,8% de espermatozóides normais para uma temperatura de 39 ºC por um tempo de 1 e 4 horas respectivamente. Esta dependência da temperatura e do momento de diluição é sugestivo de uma mudança na permeabilidade da membrana acrossomal, onde, em temperaturas mais baixas (25ºC), consegue-se diminuir esta permeabilidade e, conseqüentemente preservar um maior numero de células espermáticas morfologicamente normais (Bamba & Cran, 1988). O que vem de acordo com os dados do nosso trabalho, onde o TE, que utilizou como temperatura de diluição a de 25 ºC, foi o que apresentou as menores percentagens de alterações acrossomais com relação ao tratamento controle (p<0,05). Como considerações finais do trabalho encontrou-se que a diluição continua sendo um obstáculo à melhoria da qualidade seminal dentro do processamento do sêmen suíno, o que dificulta a expansão da biotécnica da inseminação artificial em regiões como o nordeste brasileiro. Por outro lado, os resultados aqui apresentados com relação à incubação do sêmen in natura mostram que o efeito positivo do contato prolongado do espermatozóide com seu próprio plasma seminal pode fornecer respostas para se aumentar a qualidade dos ejaculados utilizados no dia de coleta. Tabela 1. Análise do vigor espermático do sêmen suíno no dia de coleta durante 6 horas de conservação após uma incubação de até 3 horas do sêmen in natura. Tratamentos Puro A B C D E F G Dil 1h 4,4aA 3,3aB 2,7aC 3,9bA 3,0aB 3,1bB 3,8bcA 2,8abB 2,9abB 3,5cA 2,6bB 3,2bC 4,0bA 3,1aB 3,1bB 4,1bA 3,1aB 3,0abB 3,9bcA 3,0abBC 3,3bB 3h 6h 2,6aC 3,1bB 3,0bB 3,0bBC 3,0bB 3,0bB 3,0bBC 2,9aC 2,9aB 2,9aB 2,8aB 3,0aB 2,8aB 2,8aC Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre linhas ( p < 0,05) Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre colunas ( p < 0,05) Tabela 2. Motilidade espermática do sêmen suíno no dia de coleta durante 6 horas de conservação após uma incubação de até 3 horas do sêmen in natura. Tratamentos Puro A B C D E F G 93aA 84bA 84bA 76cA 85bA 84bA 82bcA Dil 1h 3h 6h 69aB 65aB 57abB 53bB 65aB 64aB 62abBC 60aC 64abB 63abB 66bC 65bB 63abB 69bB 57aC 65bB 65bB 67bC 66bB 65bB 64abBC 62aBC 63aB 63aB 63aBC 64aB 63aB 63aC Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre linhas ( p < 0,05) Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre colunas ( p < 0,05) Tabela 3. Análise morfológica do espermatozóide suíno no dia de coleta durante 6 horas de conservação após uma incubação de até 3 horas do sêmen in natura. Tratamentos A B C D E F G DIL 96,0%aA 96,0%aA 98,0%abA 98,0%abA 98,5%bA 98,5%bA 97,5%abA 6h 95,5%aA 95,0%aA 96,5%abB 96,5%abB 97,0%bB 96,5%abB 97,0%abA Letras minúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre linhas (p < 0,05) Letras maiúsculas diferentes indicam diferenças significativas entre colunas ( p < 0,05) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAMBA, K., CRAN, D. G. 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CONCLUSÕES Pode-se concluir que o protocolo de incubação do sêmen suíno diluído não forneceu condições para a utilização do ejaculado em condições de conservação mais prolongada do sêmen, porém com o uso do sêmen durante o dia de coleta pode-se obter ganhos na produtividade de uma central de inseminação artificial/granja. Contudo, encontrou-se ainda um forte efeito negativo da diluição na qualidade seminal, o qual constitui-se como ponto crítico no processamento do sêmen suíno e que ainda necessita de mais informações para se entender realmente o que ocorre com o espermatozóide durante este fenômeno e o que pode ser feito para tentar minimizar os seus efeitos. Uma possibilidade testada foi a pré-incubação antes da diluição do sêmen no seu próprio plasma seminal, os resultados aqui apresentados com relação à incubação do sêmen in natura mostram que, o efeito positivo do contato prolongado do espermatozóide com seu próprio plasma seminal pode fornecer respostas para se manter a qualidade dos ejaculados utilizados no dia de coleta. Entretanto, a diluição continua sendo um obstáculo à manutenção da qualidade seminal dentro do beneficiamento do sêmen suíno, o que dificulta a expansão da biotécnica da inseminação artificial. PERSPECTIVAS Existe a necessidade do aprofundamento das pesquisas referentes à conservação do sêmen do varrão a fim de que se possa a médio prazo expandir a IA, principalmente para regiões não tradicionais da suinocultura e distantes de centrais de inseminação artificial, como é o caso da região nordeste. Através da busca de métodos de diluição e/ou conservação da dose seminal pode-se compensar a sensibilidade do sptz suíno aos processos de abaixamento da temperatura e conseqüentemente aumentar o tempo de conservação da dose inseminante. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALTHOUSE, G. C., WILSON, M. E., KUSTER, C., PARSLEY, M. Characterization of lower temperature storage limitations of fresh-extended porcine semen. Theriogenology, 50, p.535:543, 1998. BAMBA, K., CRAN, D. G. Further studies on rapid dilution and warming of boar semen. J. reprod. Fert., 82, p. 509-518, 1988. BARRIUS, B., PÉREZ-PÉ, R., GALLEGO, M., TATO, A., OSADA, J., MUINÔBLANCO, T., CEBRIÁN-PÉREZ, J. A., Seminal plasma proteins revert the cold-shock damage on ram sperm membrane, Biology of reproduction, 63, 1531-1537, 2000. BUHR, M.M. Preservation of boar sperm alters membrane molecular dynamics. Proceeding in 2th Int. Conf. on Boar Semen Pres., Beltsville-USA, p 81-93, 1990. BUHR, M. M., CURTIS, E. F., SOMNAPAN KAKUDA, N. 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ANEXOS ÍNDICE Páginas Quadro 1a : : Características do vigor espermático no sêmen suíno 68 Quadro 1b: Tipo de movimento apresentado pelos espermatozóides 69 Quadro 1c: Definições qualitativas dos movimentos espermáticos 69 Quadro 2: Parâmetros de morfologia espermática 70 Composição da Solução Formol-salina 71 Composição do diluidor de Beltsville - BTS 72 Gráficos Artigo 1 Gráfico 1 – Tratamento A 73 Gráfico 2 – Tratamento B 74 Gráfico 3 – Tratamento C 75 Gráfico 4 – Tratamento D 76 Gráfico 5 – Tratamento E 77 Gráficos Artigo 2 Gráfico 6 – Tratamento A 78 Gráfico 7 – Tratamento B 79 Gráfico 8 – Tratamento C 80 Gráfico 9 – Tratamento D 81 Gráfico 10 – Tratamento E 82 Gráficos Artigo 3 Gráfico 11 – Tratamento A 83 Gráfico 12 – Tratamento B 84 Gráfico 13 – Tratamento C 85 Gráfico 14 – Tratamento D 86 Gráfico 15 – Tratamento E 87 Gráfico 16 – Tratamento F 88 Gráfico 17 – Tratamento G 89 Nota Características 0,0 Todos os espermatozóides estão imóveis; 0,5 Movimentos esporádicos, fracos e sem deslocamento; 1,0 Movimentos circulares contínuos e fracos. Deslocamento muito lento ou sem deslocamento; tremores do espermatozóide e fracas oscilações do flagelo de eficácia nula; 1,5 Movimentos circulares fracos com deslocamento (± 50%), espermatozóides não saem do campo microscópico; 2,0 Movimentos circulares fracos e desorganizados com deslocamento sem sair do campo microscópico. Tremores com alguns espermatozóides se deslocando mais rapidamente. Oscilações fracas do flagelo; 2,5 Movimentos circulares/retilíneos, médios com deslocamento, espermatozóides saem do campo; 3,0 Movimentos retilíneos, alguns curvilíneos sem tremores e com raio bem mais importante (fortes) com oscilações intensas do flagelo; espermatozóides saem do campo microscópico (± 60 à 70%); 3,5 Movimentos retilíneos fortes e intensos, espermatozóides saem do campo microscópico (± 70 à 90%); 4,0 Movimentos retilíneos a alguns circulares, fortes e intensos com deslocamento, espermatozóides saem do campo (± 95%); oscilações fortes do flagelo; 4,5 Movimentos retilíneos flechantes, fortes em > 90% dos espermatozóides; 5,0 Movimentos retilíneos flechantes muito fortes, espermatozóides saem do campo microscópico (> 95%); oscilações muito fortes do flagelo. Quadro 1a: Características do vigor espermático no sêmen suíno (Toniolli et al., 1996) (A) Nota (B) Deslocam. MOVIMENTOS (C) Vigor Não Progressivo Rotativo Circular Progressivo Circular Retilíneo 0,0 - - 0,5 - ± 1,0 ± + * 1,5 + + * 2,0 ++ + * 2,5 ++ ++ * 3,0 +++ ++ * 3,5 +++ +++ * 4,0 ++++ +++ * 4,5 ++++ ++++ * 5,0 +++++ ++++ Flechante * * * * Quadro 1b: Tipo de movimento apresentado pelos espermatozóides (Toniolli et al., 1996) A) Deslocamento : Presente (+), ausente(-), presença de um número fraco de espermatozóides com leve movimento (±). A classificação varia de 1 a 5 cruzes, segundo a velocidade de deslocamento. B) Vigor : É a frequência de batimentos do flagelo, classificado de 0 (-) a 4 cruzes (+). C) Movimentos : A presença de um (*), indica o tipo de movimento efetuado pelo espermatozóide. MOVIMENTOS Rotativos : Movimentos de rotação em torno de si mesmo sem deslocamento Circulares : Movimentos inscritos dentro de um círculo de raio pequeno (sem deslocamento) ou de raio grande (com deslocamento). Retilíneos : Deslocamento em linha reta Flechantes : Deslocamento em linha reta com grande velocidade. Quadro 1c: Definições qualitativas dos movimentos espermáticos (Toniolli et al., 1996) Defeitos de acrossomo SAR: Sem acrossomo PAR: Acrossomo em processo de perda EAR: Edema de acrossomo DAR: Invaginações/Evaginações do acrossomo Defeitos de cabeça Macrocefalia Microcefalia Pontiaguda Dupla Piriforme Normal livre Danificada livre Defeitos de peça intermediária Gota citoplasmática proximal Espessada Dobrada Dupla Defeitos de cauda Dupla Tripla Enrolada Gota citoplasmática distal Quadro 2: Parâmetros de morfologia espermática (Kumus, 1993) Solução Formol-salina (Colégio Brasileiro de Reprodução Animal, 1998) * Solução estoque de NaCl NaCl – 0,901g Água destilada – 50 ml * Solução estoque tampão Solução 1 Solução 2 Na2HPO4 – 2,168 g KH2PO4 – 1,113 g Água destilada – 50 ml Água destilada – 50 ml Solução tampão final : Adicionar 20 ml da Solução 1 em 8 ml da Solução 2 * Solução Formol-salina Solução estoque de NaCl – 15 ml Solução tampão final - 10 ml Formol 40% - 6,25 ml Água destilada - 50 ml ___________ TOTAL 81,25 ml COMPOSIÇÃO DO DILUIDOR DE BELTSVILLE (MINITUBE) Ingredientes Para cada 100g Glicose 78,40g EDTA 2,65g Citrato de sódio 12,71g Bicarbonato de sódio 2,65g Cloreto de potássio 1,59g Sulfato de gentamicina 0,40g GRÁFICOS ARTIGO 1 Gráfico 1 - Tratamento A Sêmen suíno incubado a 25 ºC durante 0,5 hora e posteriormente a 17 ºC por sete dias 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO DILUIÇÃO Dil 0,5 h Dil 2,5 h Dil 24 h Momentos de análise Dil 96 h Dil 148 h Gráfico 2 - Tratamento B Sêmen suíno incubado a 25 ºC por 1 hora e posteriormente a 17 ºC por sete dias 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO DILUIÇÃO Dil 1 h Dil 3h Dil 24 h Momentos de análise Dil 96 h Dil 148 h Gráfico 3 - Tratamento C Sêmen suíno incubado a 25 ºC por 2 horas e posteriormente a 17 ºC por sete dias 40 35 Temperatura 30 25 20 15 10 5 0 PURO DILUIÇÃO Dil 2 h Dil 2 h Dil 4 h Momentos de análise Dil 24 h Dil 96 h Dil 148 h Gráfico 4 - Tratamento D Momentos de análise D il 14 8 h h D il 96 h 24 il D 6h il D h D il 4 h D il 4 h 4 il D 4 il D R O h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 25 ºC por 4 horas e posteriormente a 17 ºC por sete dias Gráfico 5 -Tratamento E Momentos de análise D il 14 8 h h D il 96 h 24 il D 8h il D h D il 6 h D il 6 h D il 6 h D il 6 h 6 il D 6 il D R O h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 25 ºC por 6 horas e posteriormente a 17 ºC por sete dias ARTIGO 2 – GRÁFICOS Gráfico 6 –Tratamento A Momentos de análise 10 h 9h 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU R O Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado durante 11 horas a 17 ºC Gráfico 7 -Tratamento B Momentos de análise 11 h 10 h 9h 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU R O Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 25 ºC por 4 horas e, posteriormente, a 17 ºC por 5 horas Gráfico 8 - Tratamento C Momentos de análise 11 h 10 h 9h 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU R O Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 30 ºC por 4 horas e, posteriormente, a 17 ºC por 5 horas Gráfico 9 -Tratamento D Momentos de análise 11 h 10 h 9h 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU R O Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 30 ºC por 1 hora, a 25 ºC por 4 horas e, posteriormente, a 17 ºC por 3 horas Gráfico 10 - Tratamento E Momentos de análise 11 h 10 h 9h 8h 7h 6h 5h 4h 3h 2h 1h 40 35 30 25 20 15 10 5 0 PU R O Temperatura (ºC) Sêmen suíno incubado a 30 ºC por 1 hora, a 25 ºC por 1 hora, por 20 ºC por 4 horas e, posteriormente, a 17 ºC por 1 hora ARTIGO 3 – GRÁFICOS Gráfico 11 - Tratamento A Sêmen suíno diluído a 35ºC e conservado durante o dia de coleta 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO DILUIÇÃO Dil 1h Momentos de análise Dil 3h Dil 6h Gráfico 12 -Tratamento B Sêmen suíno incubado "in natura" durante 1 hora a 35 ºC e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC no dia de coleta 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h DILUIÇÃO Dil 1h Momentos de análise Dil 3h Dil 6h Gráfico 13 -Tratamento C Sêmen suíno incubado "in natura" durante 2 horas a 35 ºC e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC no dia de coleta 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h P 2h DILUIÇÃO Dil 1h Momentos de análise Dil 3h Dil 6h Gráfico 14 - Tratamento D Sêmen suíno incubado "in natura" durante 3 horas a 35 ºC e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC durante o dia de coleta 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h P 2h P 3h DILUIÇÃO Momentos de análise Dil 1h Dil 3h Dil 6h Gráfico 15 - Tratamento E Sêmen suíno incubado "in natura" a 25 ºC e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC durante o dia de coleta 40 Temperatura (ºC) 35 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h DILUIÇÃO Dil 1h Momentos de análise Dil 3h Dil 6h Gráfico 16 - Tratamento F Sêmen suíno incubado "in natura" a 25 ºC por 2 horas e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC durante o dia de coleta 40 35 Temperatura 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h P 2h DILUIÇÃO Dil 1h Momentos de análise Dil 3h Dil 6h Gráfico 17 - Tratamento G Sêmen suíno incubado "in natura" a 25 ºC por 3 horas e, posteriormente, diluído e conservado a 17 ºC durante o dia de coleta 40 35 Temperatura 30 25 20 15 10 5 0 PURO P 1h P 2h P 3h DILUIÇÃO Momentos de análise Dil 1h Dil 3h Dil 6h