CRESCIMENTO MICROBIANO -mais detalhes- Prof. IVAnéa Crescimento Microbiano CRESCIMENTO MICROBIANO: Em microbiologia, o termo crescimento refere-se a um aumento do número de células e não ao aumento das dimensões celulares. Crescimento Microbiano = associado ao crescimento de uma população de células (uma célula dará origem a duas ao fim de um certo tempo, tempo de geração ou de duplicação.) Fatores físicos 1. TEMPERATURA: A maioria dos microrganismos cresce bem nas temperaturas ideais para os seres humanos. Temperatura de crescimento mínima: • Temperatura onde a espécie é capaz de crescer Temperatura de crescimento ótima: • onde a espécie apresenta melhor crescimento Temperatura de crescimento máxima: • temperatura, onde ainda é possível o crescimento Figura 1. Taxa de crescimento vs. temperatura Bactéria: Bacillus cereus Respiração: aeróbico facultativo Incubação: 1-6 horas (casos de vomito) 6-24 (casos de diarréia) Principais Alimentos Associados: arroz cozido Observações: produz esporos e toxinas Bactéria: Clostridium botulinum Respiração: anaerobico Incubação: 12-36 horas Principais Alimentos Associados: alimentos em conservas e embutidos de carne Observações: produz esporos e toxinas termolábeis Bactéria: Clostridium perfringens Respiração: anaerobico Incubação: 10-12 horas Principais Alimentos Associados: carnes aquecidas e reaquecidas em temperaturas inadequadas Observações: produz esporos e toxinas comum em alimentos servidos em escolas, hospitais e presídios Bactéria: Listeria monocytogenes Respiração: aerobica Incubação: 3 semanas Principais Alimentos Associados: derivados lacteos, frutos do mar e ostras Observações: nao forma esporos mas é resistente ao congelamento, secagem e calor Bactéria: Staphyloccus aureus Respiração: aeróbico Incubação: 2 - 4 horas Principais Alimentos Associados: alimentos com alto grau de manipulação que permaneçam por muito tempo em temperatura ambiente Observações: produz toxina termoestavel Bactéria: Streptococcus spp (grupo A e D) Respiração: aerobico Incubação: grupo A 1-3 dias horas, grupo D 2-36 horas Principais Alimentos Associados: leite não pasteurizados e alimentos preparados por pessoas infectadas Observações: Grupo A causa faringite estreptococica, Grupo D causa a sindrome semelhante a Staphylococcus Microrganismos são classificados em 3 grupos: Psicrófilos: Mesófilos: Termófilos: Termófilos extremos • crescem em baixas temperaturas (-10 a 15 °C) • crescem em temperaturas moderadas (10 a 50 °C) • crescem em altas temperaturas (40 a 70 °C) • Temperaturas (68 a 110 °C) Figura 2. Curva de crescimento característica de diferentes microrganimos 2. pH: Refere-se a acidez ou a alcalinidade de uma solução; • Maioria dos microrganismos cresce melhor perto da neutralidade (pH 6,5 – 7,5); • Poucas bactérias são capazes de crescer em pH ácido (como pH 4,0) Exceções: • Bactérias acidófilas: alto grau de tolerância à acidez (Thiobacillus de 0,5 a 6,0 com ótimo entre 2 e 3,5) - Bactérias alcalifílicas: (Bacillus e Archaea) (pH 10 – 11). • Fungos - tendem a ser mais acidófilos que as bactérias (pH <5). 3. PRESSÃO OSMÓTICA Não Halófilos: •não necessitam de sal e não toleram a presença no meio. Halotolerantes: •não necessitam de sal mas toleram a presença no meio. Halófilos: •necessitam de sal em uma concentração moderada Halófilos extremos: •necessitam de sal em altas concentrações. Figura 3. Taxa de crescimento de alguns microrganimos vs. a concentração de sal. Fatores Quimicos 1. FONTES DE CARBONO, NITROGÊNIO, ENXOFRE E FÓSFORO: CARBONO: Essencial para a síntese de todos os compostos orgânicos necessários para a viabilidade celular (elemento estrutural básico para os seres vivos) organismos quimio-heterotróficos: obtém C a partir de materiais orgânicos como proteínas, carboidratos e lipídeos. organismos quimioautotróficos organismos fotoautotróficos NITROGÊNIO, ENXOFRE E FÓSFORO: NITROGÊNIO Decomposição de materiais orgânicos (proteínas, aminoácidos) - N, S: síntese de proteínas - N, P: síntese de DNA e RNA, ATP Peso seco de uma célula bacteriana: •14 % N, •4 % S, P Obtenção de N: utilizado para sintetizar os grupos aminos presentes nos aminoácidos. Amônia (NH4 +) Nitrato (NO3-) Fixação de N: algumas bactérias são capazes de utilizar N gasoso diretamente da atmosfera. Microrganismos do solo (ex. bactérias dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium) utilizam este processo para obtenção de N, tanto para elas como para as plantas que convivem simbioticamente (algumas leguminosas – soja, feijão). Cultivo de leguminosas: > fertilidade do solo sem a necessidade de implementação de fertilizantes químicos 1. FONTES DE CARBONO, NITROGÊNIO, ENXOFRE E FÓSFORO: ENXOFRE • utilizado na síntese de aminoácidos contendo S e de vitaminas (tiamina e biotina) FÓSFORO • essencial para a síntese dos ácidos nucléicos e para os fosfolipídios componentes da membrana celular. 2. ÁGUA: Essencial para os microrganismos - Disponibilidade variável no ambiente •Desenvolvem mecanismos para obter água Ambiente com < concentração de água: através do aumento da concentração de solutos internos seja pelo bombeamento de íons para o interior celular ou pela síntese de solutos orgânicos (açúcares, alcoóis ou aminoácidos). 3. OXIGÊNIO: Extremamente importante no desenvolvimento microbiano Os organismos classificados em: 1. AERÓBIOS 2. ANAERÓBIOS • Estritos (obrigados): necessitam de O2 • Facultativos: não necessitam de O2 mas crescem melhor com O2 • Microaerófilo: necessitam de O2 mas em níveis menores • Aerotolerantes: não necessitam de O2 mas crescem melhor sem O2 • Estritos (obrigados): não toleram O2 (letal) AERÓBIO ESTRITOS ANAERÓBIO AERÓBIO ANAERÓBIO MICRO ESTRITO FACULTATIVO AERÓFILO AEROTOLERANTES alta [O2] catalase SOD sem O2 ausência: catalase SOD Catalase e a superóxido dismutase reduzem para H2O os compostos tóxicos. alta e baixa [O2] catalase SOD baixa [O2] alta e baixa [O2] SOD Figura 4. Efeito do oxigênio sobre o crescimento de vários tipos de bactérias. Meios de cultura meio de cultura: • material nutriente preparado no laboratório para o crescimento de microrganismos. cultura: • microrganismos que crescem e se multiplicam no meio de cultura. meio definido: • toda a composição química é conhecida meio complexo: • composição química não conhecida (composto por nutrientes como extrato de levedura, de carne ou de plantas) MEIO SELETIVO: • favorece o crescimento de uma determinada bactéria de interesse, impedindo o crescimento de outras bactérias. ex: ágar sabouraud dextrose, ph 5,6, é utilizado no crescimento de fungos que são favorecidos, em relação as bactérias, pelo baixo ph. MEIO DIFERENCIAL: • facilita a identificação de um determinado organismo. ex: meio ágar-sangue, utilizado para a identificação de bactérias capazes de destruir células sangüíneas (anel claro em torno da colônia). MEIO DE ENRIQUECIMENTO: • favorece o desenvolvimento de uma população bacteriana que esta em desvantagem entre outras populações. MEIOS REDUTORES: • meios com reagentes, como o tioglicolato de sódio, que é capaz de se combinar com o oxigênio dissolvido eliminando este elemento do meio de cultura (específico para microrganismos anaeróbicos). DIVISÃO BACTERIANA: CRESCIMENTO DAS CULTURAS BACTERIANAS • FISSÃO BINÁRIA • TEMPO DE GERAÇÃO • FASES DE CRESCIMENTO: • FASE lag • FASE log • FASE ESTACIONÁRIA • FASE DE MORTE CELULAR Figura 5. Fissão binária bacteriana. É o tempo necessário para uma célula se dividir (e sua população dobrar de tamanho). • tempo varia de acordo com o organismo; • depende das condições ambientais (nutricionais, temperatura, etc); • maioria das bactérias: 1 – 3 h FASE lag: • Pouca ou ausência de divisão celular (fase de adaptação) - ≥ 1 hora (estado de latência, com intensa atividade metabólica) FASE log: • Início do processo de divisão (período de crescimento ou aumento logaritmo). Reprodução celular extremamente ativa, sensíveis as mudanças ambientais • (* EFEITO DE ANTIBIÓTICOS) FASE ESTACIONÁRIA: • Velocidade de crescimento diminui o nº de células vivas = nº de células mortas FASE DE MORTE CELULAR: • O nº de células mortas excede o de células novas. Figura 6. Curva de crescimento bacteriano mostrando as 4 fases típicas. QUANTIFICAÇÃO DIRETA: • • • • CONTAGEM EM PLACAS FILTRAÇÃO MÉTODO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL CONTAGEM DIRETA AO MICROSCÓPIO QUANTIFICAÇÃO INDIRETA: • TURBIDIMETRIA • ATIVIDADE METABÓLICA • PESO SECO QUANTIFICAÇÃO DIRETA: CONTAGEM EM PLACAS • técnica mais utilizada na determinação do tamanho da população bacteriana; VANTAGEM: qualificação de células viáveis DESVANTAGEM: tempo (24 h para o aparecimento das colônias) Cálculo: • nº de colônias na placa x índice de diluição da amostra = nº de bactérias/mL • DILUIÇÃO SERIADA • MÉTODO DE ESPALHAMENTO EM PLACA Figura 7. Contagem em placas e diluição seriada (2) FILTRAÇÃO • nº de bactérias = pode ser utilizado o método de filtração para a sua contagem. concentração de bactérias sobre a superfície de uma membrana de filtro de poros muito pequenos após a passagem de um volume de 100 mL de água. filtro posteriormente transferido para uma placa de Petri contendo meio sólido. (3) O MÉTODO DO NÚMERO MAIS PROVÁVEL (NMP) • utilizado para microrganismos que não crescem bem em meio sólido. A) diluição a partir de um alto volume de inóculo (ex. 10 mL) B) diluição a partir de um médio volume de inóculo (ex. 1 mL) c) diluição a partir de um baixo volume de inóculo (ex. 0,1 mL) d) contagem do nº de tubos positivos e) estimativa do nº de células/mL de bactérias Figura 8. Método do número mais provável (NMP) 6 3 1 Figura 8. Método do número mais provável (NMP) (4) CONTAGEM DIRETA AO MICROSCÓPIO • um volume conhecido de suspensão bacteriana é colocado em uma área definida da lâmina de microscópio. a amostra pode ser corada ou analisada a fresco. utilizam câmaras de contagem DESVANTAGENS: • não separa células mortas e vivas • pode haver erros de contagem • difícil contagem para bactérias móveis Figura 9. Utilização da câmara de contagem Petroff-Hausser. QUANTIFICAÇÃO INDIRETA: (1) TURBIDIMETRIA • monitoramento do crescimento bacteriano através da turbidez • espectrofotômetro (540 - 660 nm) (2) ATIVIDADE METABÓLICA • quantidade de um certo produto (como ácido ou CO2) é diretamente proporcional ao número de células bacterianas. A quantidade de luz que atravessa o detector é inversamente proporcional ao nº. de bactérias. Quanto > o nº. de bactérias < a quantidade de luz que é transmitida Figura 10. Determinação do nº de bactérias por turbidimetria. (3) PESO SECO • principalmente para fungos filamentosos a) fungo é removido do meio por filtração b) seco em dessecador c) posterior pesagem Agora laboratório