CIÊNCIA MATERIAIS Supercondutor à temperatura ambiente Um grafite pirofítica parece comportar-se como supercondutor até a 2rc MAR C OS PJVETTA m maio de 1999, Yakov KopeE levich e Sérgio Moehlecke, do Instituto de Física Glleb Wataghin da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp ), faziam medições magnéticas em nanotubos de carbono e grafite quando algo inesperado aconteceu. Uma amostra de grafite extremamente puro que era usado como controle no experimento chamado de grafite pirolítico altamente orientado e conhecido pela sigla em inglês HOPG - começou a comportar-se de forma surpreendente. Dentro de um intervalo de temperatura muito amplo, entre 2 e 300 graus Kelvin (K) - ou desde 271 até 27 graus Celsius (0 C) -, ele se comportava como um supercondutor, tendo essa propriedade localizada em pequenas regiões tipo "grãos" ou "ilhas". Sabe-se que um material se torna supercondutor quando, abaixo de uma determinada temperatura crítica (Tc), consegue transmitir corrente elétrica com zero de resistência (perda da energia produzida, em forma de calor). Cada material tem uma T c diferente. Até o momento, um composto de óxido de cobre, o HgBa 2Ca 2Cu30 8+X, tem sido considerado o supercondutor com T c mais elevada: gélidos -1 09°C ( 164 K) . O grafite pirolítico estudado na Unicamp vai extremamente além disso. Ele abrange uma ampla faixa de temperaturas ambientes comuns que vai culminar em 27°C. Embora composto só de átomos de carbono, como o grafite comum, o HOPG tem características físicas totalmente diferentes do material que recheia os lápis. Sintetizado industrialmente em condições de temperatura de 3.ooooc e pressões elevadas, é um policristal extremamente puro, composto de camadas paralelas de átomos de carbono. É usado como substrato ou na calibragem de alguns tipos de microscópio, como o de tunelamento e o de força atômica. Uma " u o ~ 8 refeitos confirmam as propriedades . pequena amostra - com milímetros de espessura e menos de um centímetro quadrado de área - pode custar até US$ 1.000, de acordo com as especificações. Os indícios de supercondutividade no HOPG, cujas amostras usadas no experimento inicial haviam sido trazidas da Rússia por um colega de Kopelevich, intrigaram e instigaram o pesquisador da Unicamp, que imediatamente deixou de lado os estudos com nanotubos para concentrar-se nas análises do grafite. Afinal, não havia (e ainda não há) nenhum material que comprovadamente mantenha as propriedades de supercondutor em condições minimamente próximas da temperatura ambiente, o que seria algo revolucionário. "Ti- vemos sorte nessa descoberta", diz Kopelevich, que há oito anos trocou a carreira de pesquisador na Rússia pela vida acadêmica no Brasil. Uma segunda propriedade detectada no grafite HOPG foi o ferromagnetismo, fenômeno pelo qual materiais se transformam em ímãs quando expostos a um campo magnético. Confirmação e cautela - Surpreso com o resultado do experimento, Kopelevich tratou de refazê-lo para confirmar as medições. "Conseguimos reproduzir a experiência", afirma ele, que iniciou os estudos com grafite no projeto sobre nanotubos e continuou num projeto temático sobre supercondutores iniciado em 1994 sob a coordenação de Sérgio Moehlecke e, a partir de 1998, de José Antonio Sanjurjo, falecido no início deste ano. Hoje, além de participar do temático, Kopelevich mantém seu projeto individual sobre um novo método para medir a resistência não-local em supercondutores (fora da região em que a corrente é aplicada). Para avaliar esse trabalho com rigor, qualquer físico dessa área perguntaria se o HOPG apresentou o chamado efeito Meissner, uma das evidências mais fortes de que a supercondutibilidade é real. Nota-se o efeito Meissner quando, aplicado um campo magnético sobre o material, forma-se uma corrente em sua camada externa e seu interior expulsa um fluxo magnético de sentido contrário. É esse efeito que faz um ímã, com um campo magnético permanente, levitar quando colocado sobre um supercondutor. O HOPG apresentou o efeito Meissner, tal qual um supercondutor à base de bismuto com Tc de -18 3°C, uma tem per atura crítica considerada alta pelos físicos (ver gráficos). PESQUISA FAPESP · MAIO DE 2001 • 51 Avanços e promessas em 90 anos A busca por supercondutores que funcionem a temperaturas cada vez mais altas continua a ser um grande objetivo. É enorme o potencial de uso de um hipotético material capaz de transmitir corrente elétrica com resistência zero em condições ambientais próximas daquelas em que o homem vive. Os atuais fios e cabos elétricos, por exemplo, poderiam ser substituídos por similares revestidos desse supercondutor à temperatura ambiente, com economia e maior eficiência na transmissão de energia. Contudo, desde que foram descobertos, há 90 anos, os supercondutores têm aplicações restritas, por causa, justamente, das temperaturas baixas que exigem. Os encontrados de 15 anos para cá acumulam mais promessas que realizações: ainda não resultaram em aplicações por- Mesmo convencido de que em seu trabalho não há erro, de medição ou provocado por impurezas nas amostras de grafite, o físico optou por discrição e prudência. Em parceria com OS PROJETOS Estudo de Materiais Supercondutores MODALIDADE Projeto temático COORDENADOR J os~ ANTONIO 5ANJURJO - Instituto de Física da Unicamp INVESTIMENTO R$ 61 .890,00 Estudo do Estado dos Vórtices em Supercondutores de Alta Temperatura através de Medidas Não-Locais MODALIDADE Auxílio a projeto de pesquisa COORDENADOR YAKOV KOPELEVICH- Instituto de Física da Unicamp INVESTIMENTO R$ 18.989,00 e US$ 54.1 33,40 52 • MAIO DE 2001 • PESQUISA FAPESP que é difícil fazer fios com eles. Para servirem a algum uso prático, os disponíveis no mercado têm de ser resfriados a temperaturas baixíssimas, em processos muito caros. É o caso, por exemplo, dos ímãs usados em aparelhos de ressonância magnética, feitos com ligas metálicas supercondutoras. Para que funcionem como foram concebidos, esses ímãs têm de ser resfriados abaixo do T c da liga, por meio de imersão em hélio líquido a -269°C. Não é à toa, portanto, que se vêem com freqüência caminhões entregando hélio líquido em hospitais que usam esses aparelhos. Depois de mais de uma década em aparente banho-maria, sem produzir nenhuma descoberta de grande impacto, neste ano a pesquisa na área voltou a esquentar em todo o mundo. Em janeiro, cientistas japo- neses da Universidade Aoyama Gakuin revelaram que um conhecido composto intermetálico de magnésio e boro, o MgB 2, é um supercondutor barato e eficiente quando resfriado a -234 °C. Em março, uma equipe dos Laboratórios Bell, nos Estados Unidos, mostrou ao mundo o primeiro composto plástico, o polímero politiofeno, que se comporta como supercondutor - desde que integrado a uma espécie de transistor e submetido a -270°C. Apesar de as temperaturas necessárias para transformar esses compostos em supercondutores serem extremamente baixas, as duas descobertas foram, por motivos diferentes, muito festejadas - e seriam muito mais se funcionassem à temperatura ambiente. O MgB 2 é o composto metálico estável com T c mais alta, o que o torna candidato potencial a gerar novas ligas supercondutoras com pesquisadores da Unicamp, da Universidade de Leipzig, Alemanha, e do A. F. Ioffe PhysicoTechnical Institute de São Petersburgo, Rússia, Kopelevich redigiu artigos científicos e os enviou para publicações especializadas, relatando os resultados. De dois anos para cá, os trabal- Kopelevich: convencido de que não há erros no que fez hos foram publicados em três revistas: ]ournal of Low Para embasar sua aposta nas proTemperature Physics, Physics of The priedades supercondutivas do HOPG, Solid State e Solid State Communicao físico tem investido em várias frentions. Neles, deixa claro que em suas tes. Além de refazer o experimento experiências o grafite pirolítico parenas mesmas lâminas de grafite pirolíceu comportar-se como um supertico trazidas da Rússia, mediu a sucondutor, mas evita afirmar categopercondutividade em placas fabricaricamente que seja, sem dúvida, um das pela empresa norte-americana supercondutor à temperatura amUnion Carbide - indício de que o febiente. "É preciso ser cuidadoso", nômeno detectado não parece decorrer de uma amostra com impurezas. pondera Kopelevich. temperatura crítica mais elevada. O politiofeno é importante por Boskovic e a companhia local Avac Kopelevich comenta: "Devido ao inaugurar a família dos plásticos su-diz ter ido além do que seus colefato de o MgB 2 ser um material isopercondutores, algo inusitado, já gas japoneses e norte-americanos eletrônico ao grafite, essa descoberque em condições normais os políobtiveram. Eles garantem ter evita também motivou uma séria remeros não são bons condutores de dências de que um composto de consideração das propriedades eletricidade. prata, chumbo, carbono e oxigênio físicas do grafite. Por exemplo, G. Se essas duas notícias foram fesse transforma em supercondutor à Baskaran, um físico teórico famoso, tejadas pela comunidade científica e temperatura ambiente. Sua Tc é, serecentemente argumentou que provocam um novo surto na pesgundo os croatas, de quase inacreexistem fortes correlações superquisa de supercondutores, uma terditáveis 70°C. Se comprovada, essa condutoras no grafite. Nossos resulceira, ainda que aparentemente T c permitiria ao material transmitados fornecem a evidência expepromissora, é vista com ressalvas. tir corrente elétrica sem resistênrimental de que isto realmente Liderado pelo cientista Danijel Djucia em qualquer ambiente natural ocorre. Ainda sobre o MgB 2, o grurek, um time de pesquisadores de do planeta- até nas areias escaldanpo liderado pelo físico Oscar de três instituições croatas - Universites de um deserto. Como ninguém Lima, que também faz parte do dade de Zagreb, Instituto Ruder conseguiu ainda refazer a experiprojeto temático, fez ência de Djuuma contribuição inérek e os croadita, determinando tas já se engaque as propriedades naram uma O grafite pirolítico apresentou o efeito Meissner, uma característica específica supercondutoras do vez nesse asdos supercondutores, à temperatura ambiente (27° C), bem acima da verificada para o material à base de bismuto (Tc= -183° C) MgB 2 dependem da sunto, a possídireção em que um vel descoberta 4 campo magnético exainda não obterno é aplicado". teve aceitação. 2 A assinatura de um supercondutor 0,0 o jamos". Na pior das hipóteses, foi aberta :2: -4 :2: uma nova linha de -0,2 õ õ '"'upesqmsa. u'"' "' -6 ~ -~ ·;::; O físico Carlos c c 01 Rettori, seu colega -8 01 "' :2: "' :2: na Unicamp, que ·10 -0,4 também participa do projeto, lembra · 12 que os trabalhos com -14 grafite pirolítico eso 40 20 60 80 100 o 500 1000 1500 tão na verdade senCampo Magnético, H (Oersted) do retomados. "Há Obs.: as setas indicam o sentido do campo magnético aplicado sobre o 15 anos, tínhamos material, que parte do zero, atinge o pico e retorna ao valor inicial. Fonte: Yakov Kopelevich- /FII Unkamp realizado algumas medições com esse mesmo material", lembra Rettori. uma propriedade que precisa ser ''Agora Kopelevich está ressuscitando mais bem analisada. Caminho longo - Kopelevich acredita esse tema e nós também voltamos a Tudo o que ele não quer é provoestudar o material. Nossos estudos reque o HOPG pode ser um tipo de sucar em relação às suas pesquisas com centes demonstram sem ambigüidapercondutor com potencial para o grafite pirolítico o mesmo tipo de transmitir correntes fracas, pelo medes a presença de ferromagnetismo ceticismo despertado pelas experiênnos. E, ao contrário da maioria dos itinerante no grafite e também a poscias de um grupo de cientistas croasupercondutores, aparentemente não sibilidade da supercondutividade a tas (ver quadro). Sabe que o caminho perde a capacidade de transmitir coralta temperatura:' Kopelevich está conpode ser longo e tortuoso e que, no vencido de que existe supercondutirente com resistência zero mesmo fim, "o HOPG pode não ser um supervidade à temperatura ambiente. • quando apresenta ferromagnetismo, condutor tão promissor como deseAgora, ele tenta encontrar evidências de supercondutividade em monocristais de grafite. "Se conseguirmos isso, vai ficar claro que a supercondutividade é mesmo do material grafite': comenta o pesquisador da Unicamp. Por enquanto, ainda não obteve esse tipo de registro. Flagrou apenas ferromagnetismo nos monocristais. "' "':J ·2 "' EJ N Ql PESQUISA FAPESP · MAIODE2001 53 TECNOLOGIA Anti-hipertensivo na casca de uva O processo de extração de um suco com propriedades anti-hipertensivas da casca da uva Vitis labrusca foi patenteado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Essa uva, também chamada de Isabel, possui frutos pequenos, de coloração negra, usados na preparação de sucos e de vinhos, vendidos normalmente em garrafões. São os chamados vinhos de colono. As benesses anti-hipertensivas dessa uva estão em um estudo pré-clínico do médico Roberto de Moura, professor de farmacologia do Instituto de Biologia da Uerj. Ele seguiu a pista de vários trabalhos científicos que apontam doses moderadas de vinho como benéficas à saúde do sistema cardiovascular. Ao tentar descobrir onde estavam os princípios ativos que combatem os • Bioinseticida com protetor solar O controle biológico da lagarta da soja (Anticarsia gemmatalis), uma das principais pragas dessa cultura, recebeu uma inovação importante nos laboratórios da Embrapa Meio Ambiente, com sede em Jaguariúna (SP). Um vírus (Baculovirus anticarsia) encontrado na natureza e mortal para a lagarta recebeu uma película protetora que funciona como um protetor solar. Assim, ele pode ser pulverizado nas plantações junto com água sem ser molestado pelos raios ultravioleta do 54 · MAIO DE 2001 • PESQUISA FAPESP Extrato da casca de uva baixou a pressão arterial em ratos males do coração, Moura testou extratos da polpa e da casca em ratos hipertensos. "Com a polpa não aconteceu nada, mas com a casca a pressão baixou", explica. O pesquisador não sabe ainda qual das substâncias existentes na casca ou a associação entre elas provoca o efeito anti-hipertensivo. Para tentar encontrar essa resposta seriam ne- sol. Sem essa proteção, o vírus fica inativo em poucas horas. "Recobrimos o vírus com um material particulado que torna o bioinseticida mais eficaz", diz a pesquisadora Claudia Medugno, que desenvolveu o trabalho junto com Marina Lessa. A Embrapa fez o depósito internacional da patente do novo processo por meio do Tratado de Cooperação em Matéria de Patentes. Esse acordo permite a escolha dos países com mercado potencial para se depositar a patente e também favorece o pagamento dos registres com taxas menores e com maior prazo. • cessários grande investimento e muitos anos de pesquisa. Para contornar esse problema, ele acredita que o composto extraído da casca da uva possa ser colocado no mercado como produto fitoterápico em forma de cápsulas. Ele já foi procurado por indústrias farmacêuticas que querem fazer um convênio para a utilização da patente. • sui sensores para medir a umidade do solo e a temperatura ambiente, informações que são processadas por microprocessadores para acionar ou não, de forma automática, o sistema de irrigação", explica o professor Francisco Erivan de Abreu Melo. "Existem sensores também para controlar a pressão da água e indicar a hora certa de limpar os filtros." Erivan é professor do Departamento de Física da UFC e tem como sócio na empresa um ex-aluno de doutorado, Antônio Themoteo Varela, atual professor do Centro Federal de Educação e Tecnologia do Ceará. Além do Siagrícola, eles possuem mais dois pedidos de patente. São automatizadores com infravermelho para válvulas hidras de vasos sanitários e de torneiras. • • Cuidados com a temperatura da fruta Uma pesquisa realizada no Recife na área de Nutrição mostrou que a comodidade excessiva pode voltar-se con• Controlador para tra o consumidor moderno. sistema de irrigação Frutas descascadas prontas para serem consumidas são Otimizar o consumo de água expostas a uma temperatura e energia elétrica em equipainadequada nas prateleiras mentos de irrigação. Essa é a dos supermercados. A profesfunção do Sistema de Irrigasora Karla Suzanção Automatizane Damasceno, do (Siagrícola) deda Universidade senvolvido pela Federal do Rio Etetech, de ForGrande do Norte taleza (CE), em(UFRN), decidiu presa incubada avaliar o melão no Parque de espanhol, de Desenvolvimengrande produção to Tecnológico em Pernambuco. (Padetec) da Uni"Comprei o meversidade Federal lão como consudo Ceará (UFC). Siagrícola: medição midora e fiz "O aparelho pos- da umidade do solo análises microbiológica, físico-química e sensoriais", diz Karla, que defendeu tese sobre o assunto na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A conclusão das análises mostrou que à temperatura que fica exposta no supermercado, a 15°C, a fruta perde frescor, cor, sabor e murcha em 24 horas. O ideal é a exposição a 4°C. Nessa temperatura, o melão pode durar até cinco dias. "Estudos feitos no exterior, onde a prática de expor a fruta pronta para consumo ocorre há 30 anos, chegaram à mesma conclusão", conta Karla. Apesar de ter algumas características mudadas, não foram detectados microrganismos nocivos à saúde humana no alimento. Como estudou apenas um tipo de fruta, Karla não pode afirmar com precisão que todos os outros alimentos frescos devam ter a mesma temperatura. "De qualquer forma, a temperatura média correta não deve fugir dos 4° C ou 5° C, em vez dos 15°C habituais, como ocorre, pelo menos, nos supermercados pesquisados em Pernambuco", diz. • ~ " • Quebra do código da indústria do som Pig geométrico: verifica irregularidades no interior dos dutos • lnspeção de dutos: da PUC para o mercado Em menos de quatro anos de vida, a empresa Pipeway conquistou, com tecnologia nacional, uma importante participação na área de inspeção de oleodutos e de gasodutos. Ficou incubada de 1997 a 1999 na Incubadora de Empresas da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) e hoje possui contratos de serviços na Argentina e na Bolívia. Foi escolhida a empresa do ano, em 2000, pela Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tec- nologias Avançadas (Anprotec). O rascunho da Pipeway começou a ser feito alguns anos antes no Centro de Estudos de Telecomunicações da PUC, onde dois dos três sócios da empresa, os engenheiros José Augusto Pereira da Silva e Jean Pierre Weid, trabalharam como pesquisadores. Eles adquiriram experiência no trabalho conjunto entre a universidade e o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes). O terceiro sócio é o também engenheiro Nelson Fernandes Pires, um ex-representante de empresas do setor. O principal equipamento desenvolvido pela Pi- África do Sul usa sangue de boi em humanos Os riscos da utilização de sangue humano e seus derivados na África do Sul onde 20o/o dos adultos estão infectados pela Aids, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) - contribuiu para a liberação de um derivado de sangue bovino no tratamento de pacientes de anemia aguda e em cirurgias, informou a revista Nature (19 de abril). Derivado da hemoglobina, o Hemopure seria especialmente útil em áreas rurais peway é o Pig Geométrico, uma ferramenta que percorre o interior das tubulações, com um sensor na ponta, captando dados como amassamentos e corrosões. Um dos clientes da empresa é a Petrobras que detém, junto com a PUC-RJ, royalties sobre o invento. • carentes de suprimentos confiáveis de sangue humano. Foi desenvolvido pela Sangue humano: riscos empresa Biopure, de Massachusetts, Estados Unidos, a partir do sangue de gado norte-americano destinado ao abate, sobre o qual são exigidos registras de condições, origem, regime alimentar e histórico veterinário. Segundo a empresa, que ainda este ano pretende obter licença para a distribuição do produto nos EUA, o sangue é submetido a um processo de purificação que elimina possíveis agentes infecciosos. • Um ambicioso plano de proteger os CDs contra a pirataria com um código digital comparado a uma marca d'água- foi submetido ateste. Para assegurar a inviolabilidade do sistema desenvolvido por um consórcio de companhias da indústria musical, agrupado na Secure Digital Music Initiative Foundation (SDMI) - que implicaria a adoção de um novo formato e novos tocaCDs -, as grandes multinacionais fonográficas lançaram um desafio público. Não se poderiam fazer cópias dos CDs no novo formato, pois o som ficaria inaudível. Contudo, em apenas um mês de trabalho, um grupo norteamericano do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Princeton, liderado pelo professor Edward Felten, quebrou o código de segurança por meio de um programa que apagava a chamada marca d'água. Antes de apresentar a colegas o trabalho vencedor do desafio, num congresso em fins de abril último, Felton foi advertido pela SDMI para não divulgá-lo publicamente, sob pena de processo penal. Entretanto, uma cópia não autorizada do trabalho foi publicada anonimamente on line, enterrando um esforço de anos e milhões de dólares, segundo a revista eletrônica no (www.no.com.br). • PESQUISA FAPESP • MAIO DE 2001 55