EQ701 - Laboratório de Engenharia Química II - Transferência de Calor em Estado não Estacionário 1 Transferência de Calor em Estado não Estacionário 1. Objetivo O objetivo desta prática é a determinação experimental do coeficiente de transferência de calor convectivo médio, que se estabelece entre uma superfície sólida e um fluido, quando fazemos a imersão de um sólido a uma temperatura inicial T0 em um fluido a uma temperatura T∞ constante. 2. Teoria A partir da análise de um sistema envolvendo um processo de transferência de calor transitório, o qual se manifesta, por exemplo, quando fazemos a imersão de um sólido em um fluido a diferentes temperaturas, procuraremos determinar o valor médio do coeficiente de transferência de calor convectivo, utilizando os resultados analíticos disponíveis na literatura. Consideremos uma esfera sólida de raio R, constituída por um material cujas propriedades físicas são conhecidas (alumínio) e inicialmente à temperatura T0 a qual será considerada uniforme em toda a esfera. Em um determinado instante, colocamos a esfera em contato com o fluido à temperatura T. 1 T (1) 2T t onde para coordenadas esféricas e T=T(r,t) reduz-se a: 1 T 2T 2 T (2) 2 t r r r associada às seguintes condições iniciais de contorno: c.1 - T (r,0) = T0 para 0 < r < R T c.2 - 0 para r = 0 r T c.3 - k h T T para t > 0 e r = R r onde: T corresponde à temperatura, t ao tempo, k à condutividade térmica do material, α à difusividade térmica do sólido e h ao coeficiente de transferência de calor convectivo médio. Aplicando-se o método de separação de variáveis, a solução da equação (2) é dada por: 2 2 Bi sen n r / R exp n t / R T T 2 (3) 2 T T0 r / R n Bi Bi 1 senn n 1 onde βn são as raízes da equação: βn cot(βn) + Bi – 1 = 0 Sendo Bi o número de Biot, definido como Bi=hR/k, o qual expressa a relação entre a resistência térmica condutiva e a resistência térmica convectiva. EQ701 - Laboratório de Engenharia Química II - Transferência de Calor em Estado não Estacionário 2 3. Equipamentos e Materiais A aparelhagem experimental consiste basicamente de um banho termostático (com capacidade de 6 litros), com sistema de aquecimento e controle automático de temperatura, termopares do tipo J, termopar Pt100 com saída USB, um módulo de aquisição de dados e um microcomputador, além de dois corpos de prova. Os corpos de prova apresentam forma esférica, com diâmetro de aproximadamente 8 cm, possuindo um termopar conectado ao seu centro e suportes para sua introdução no banho. Este termopar está acoplado a um sistema de aquisição de dados onde se obtém a variação da temperatura do centro da esfera com o tempo. 4. Procedimento Experimental Escolha duas temperaturas de banho menores que 80oC. Aqueça o banho ajustando o termostato para a temperatura mais baixa com agitador ligado para obter temperatura homogênea em todo o banho. Enquanto ocorre o aquecimento anote a temperatura no centro da esfera inicial (T0). Quando a temperatura do banho estiver constante anote o seu valor (T). Desligue o agitador do banho e mergulhe a esfera de alumínio. No instante da imersão da amostra no meio líquido aciona-se o sistema de aquisição de dados, para que seja possível obter a variação da temperatura no centro da esfera com o tempo. Repetir o procedimento para a outra temperatura do banho. Repita o procedimento para a esfera de PVC para a temperatura mais alta. 5. Cálculo e Análises dos Resultados Abaixo estão descritas o mínimo de resultados e conclusões a serem obtidos. Espera-se que o grupo apresente outros resultados e conclusões possíveis de serem adquiridos com os resultados experimentais. As unidades utilizadas no relatório deverão ser do Sistema Internacional (SI). Construir o gráfico da variação da temperatura adimensional (T - T)/(T - T0) obtido experimentalmente em função do número de Fourier. Com o auxílio da figura 4.14 (referência 02) traça-se a variação da temperatura adimensional com o número de Fourier, para alguns valores do número de Biot. A partir das curvas traçadas procurar estimar o número de Biot do sistema físico analisado e conseqüentemente, obter um valor médio do coeficiente de transferência de calor convectivo. Discuta a influência da temperatura do banho no valor do coeficiente de transferência de calor convectivo médio. Compare os valores obtidos. Que outro método poderia ser utilizado para esta determinação do coeficiente de calor convectivo? Explique e faça os cálculos necessários para comparar os resultados. Faça a análise crítica do modelo físico teórico utilizado, em relação ao sistema real, explicitando os possíveis desvios e sugerindo modificações no sistema a fim de se obter medidas mais precisas. O coeficiente de transferência de calor convectivo determinado representa evidentemente um valor médio à posição como também em relação à temperatura da superfície do sólido, que é uma função do tempo. A literatura apresenta relações semiempíricas para fenômenos de convecção natural envolvendo uma superfície sólida a uma temperatura Ts e um fluido a uma temperatura T. De um modo geral essas relações expressam o fato de que: Nu = f(Gr, Pr) onde Nu é o número de Nusselt, Pr é o número de Prandtl e Gr é o número de Grashof definido por 2g T L3 Gr 2 Sendo: EQ701 - Laboratório de Engenharia Química II - Transferência de Calor em Estado não Estacionário 3 e a massa específica e a viscosidade do fluido, respectivamente; g a aceleração da gravidade; L uma dimensão característica do sistema; T o módulo da diferença de temperatura entre a parede do sólido e fluido; , o coeficiente de expansão térmica definida por: T T Ranz e Marshall (Chemical Engineering Progress, vol. 48, 141-166, (1952)), estabeleceram que para uma esfera de diâmetro D, imersa em um fluido à temperatura T, a relação semi-empírica: 1/ 3 1/ 4 D32g T c p hD 2 0,6 k 2 k ou seja Nu=2 + 0,6(Gr)1/4(Pr)1/3, onde as propriedades físicas do fluido são calculadas em relação a uma temperatura média dada por: Tm=(Ts+T)/2. Embora a relação anterior tenha sido obtida para um regime estacionário, como você a utilizaria para estabelecer uma comparação com o valor do coeficiente de partícula médio obtido experimentalmente no ensaio? Faça uma análise crítica dos resultados obtidos. 6. Bibliografia 1. Crosby, E. J., “Experimentos sobre Fenômenos de Transporte em las Operaciones Unitárias de la Indústria Química”, Buenos Aires : Centro Regional Ayuda Tecnica, 1968 2. Kreith, R., “Princípios da Transmissão de Calor”, São Paulo : E. Blucher, 1981, c1977. 3. Bennett, C. O., “Momentum, Heat, and Mass Transfer”, New York : McGraw-Hill, c1982. 4. Welty, J. R., “Fundamentals of Momentum, Heat and Mass Transfer”, New York : J. Willey, 2000.