UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FISIOTERAPIA
DIEGO ENZO DANTAS DE SOUSA BARROS
IUNES JAIME SOUSA
AVALIAÇÃO PEDOMÉTRICA EM PACIENTES NO PÓSOPERATÓRIO DE CIRURGIA DE TROCA DE VALVULA
CARDÍACA
Belém – PA
2009
DIEGO ENZO DANTAS DE SOUSA BARROS
IUNES JAIME SOUSA
AVALIAÇÃO PEDOMÉTRICA EM PACIENTES NO PÓSOPERATÓRIO DE CIRURGIA DE TROCA DE VALVULA
CARDÍACA
Projeto de Pesquisa apresentado ao Comitê
de Ética em Pesquisa da Fundação Pública
Estadual
Hospital
de
Clínicas
Gaspar
Vianna, como requisito para a realização do
Trabalho
de
Conclusão
de
Curso
de
Fisioterapia.
Orientador:
Professor
e
Fisioterapeuta
Márcio Clementino de Souza Santos.
Belém – PA
2009
DIEGO ENZO DANTAS DE SOUZA BARROS
IUNES JAIME SOUSA
AVALIAÇÃO PEDOMÉTRICA EM PACIENTES NO PÓSOPERATÓRIO DE CIRURGIA DE TROCA DE VALVULA
CARDÍACA
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro
de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade da
Amazônia como requisito para obtenção do grau de
Bacharel em Fisioterapia.
Banca Examinadora
____________________________________________
Prof. Márcio Clementino de Souza Santos.
Orientador
____________________________________________
Prof. Sergio Soares Carepa
____________________________________________
Prof. Rodrigo Barbosa Santiago Rocha
Apresentado em: ____ / ____ /____
Conceito: ___________
BELÉM
2009
DEDICATÓRIA
A Deus,
as nossas famílias,
amigos e amores
“Gosto dos venenos mais lentos. Das bebidas mais fortes. Dos cafés mais amargos. E os
delírios mais loucos. Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer. E daí eu
adoro voar!”
Clarice Lispector
“Determinação coragem e auto confiança são fatores decisivos para o sucesso.
Se estamos possuídos por uma inabalável determinação conseguiremos superá-los.
Independentemente das circunstâncias,devemos ser sempre humildes,recatados e despidos de
orgulho.”
Dalai Lama
AGRADECIMENTOS
Diego Enzo Dantas de Sousa Barros
“Agradecer traz sempre conforto e tranqüilidade ao espírito. Expressar gratidão com palavras
é inquietante e talvez plenamente possível somente aos poetas”. Porém, agradeço Deus,
inicialmente, por esta oportunidade, de concluir o curso que escolhi como profissão, mesmo
diante de todas as dificuldades que a vida impôs ao longo dessa jornada.
Agradeço fundamentalmente aos voluntários, que se dispuseram a participar, em meio ao seu
precioso tempo, para contribuir conosco voluntariamente. Que este trabalho possa retribuir a
disponibilidade. Obrigado!
Aos meus orientadores, Saul Rassy Carneiro e Márcio Clementino de Souza Santos, pela
paciência a nós dedicada, pelos momentos de cobrança e descontração que tornaram este
trabalho produtivo e acessível a todos. Obrigado por lutarem conosco no objetivo maior que
era finalizar tudo isso, sem vocês nada seria possível.
Ao meu amigo, em especial, Iunes Jaime Sousa, que vivenciou comigo toda essa batalha e se
tornou o irmão, o apoio que toda pessoa necessita nessa vida. Pelos dias usados em prol desse
projeto, e até mesmo nas horas de inconseqüência quando nos dávamos o luxo de parar e
jogar o nosso “play2”. Agradeço também pelo tratamento sempre perfeito de sua família em
todos os dias que passei em sua casa.
Agradeço, à Marioh Barbosa Furtado Belém, pela sua ajuda e apoio, foi fundamental a
companhia e adorável vontade de compartilhar conosco até nossas dificuldades. O nosso
sucesso também é o seu sucesso. Obrigado!
À minha família, pelo apoio e incondicional amor que dedicaram à mim, pela confiança e
palavras de incentivo. Não há palavra no mundo capaz de descrever o quanto vos amo, assim
como minha alegria por saber que vocês sempre estarão comigo. Obrigado meu pai, minha
mãe, vocês são os heróis que Deus escolheu para me guiar, e fazem isto com maestria.
Obrigado ao meu inesquecível avô, Sidney Manoel de Souza Barros,
Por ter sido e continuar sendo o maior dos maiores, para mim. O homem que com o simples
toque das palavras conseguiu plantar toda dignidade e caráter que um verdadeiro homem
precisa. É o meu exemplo maior, embora Deus o tenha consigo, ainda permaneces vivo dentro
de mim, e dedico cada momento desta minha conquista ao senhor. Te amo
incondicionalmente, meu avô.
Obrigado aos meus avós, Arlete Dantas de Sousa e Hernane Costa de Sousa,por terem
contribuído com seus ensinamentos ao longo da minha vida, jamais vou esquecê-los. Foi um
privilegio tê-los em minha vida e esta vitoria também é para vocês.
À minha avó, Rosa.
Que a felicidade que sinto por terminar esta jornada, possa tornar sua alma leve e orgulhosa,
desse seu neto querido que lhe ama e apreciou cada gesto e momento dedicado a construção
do que sou,desde a infância até os dias de hoje. Força minha “vó”, que Deus te ilumine e dê
forças para permanecer muito tempo entre nós.
AGRADECIMENTOS
Iunes Jaime Sousa
Agradeço primeiramente a Deus por nos dar saúde e sabedoria.
Aos meus pais José Raimundo de Castro Sousa e Ana Violeta Jaime Sousa, que sempre
me ensinaram e motivaram a lutar pelos meus objetivos. Digo isto, pois sempre estiveram ao
meu lado em todos os momentos, festejando minhas vitórias e me levantando de minhas
quedas. Ensinaram-me a aprender com meus erros, e cultivar cada vez mais as virtudes.
Aos meus irmãos Thiago Jayme Sousa e Dário Jaime Sousa que sempre me apóiam e
ajudam quando mais preciso muito obrigado! Minha cunhada Nathalia Cardoso e seu filho
Yuri (sobrinho) que indiretamente serviram como forças positivas nesse trabalho.
Ao amigo-irmão Paulo Alexandre que sempre foi e será uma pessoa de grande importância
em minha vida, pessoa esta que me ensinou a rir das situações desagradáveis que a vida impõe
diante de nós e de como vencer os obstáculos da vida, como diz: “Basta fazer o nosso”.
Aos amigos Pietro Vaneta, João Marcos, Francisco Neto, Victor Baptista e Robson
Santos.
Em especial ao meu amigo e parceiro de TCC Diego Enzo Dantas de Sousa Barros, que foi
uma pessoa incrivelmente parceira desde o primeiro dia de universidade, uma pessoa que
sempre “fica na manha...”. Mesmo em momentos de pressão e por se tornar um grande amigo.
Aos meus orientadores Marcio Clementino de Souza Santos e Saul Rassy Carneiro, pela
paciência e dedicação em nos demonstrar o quanto esse trabalho é importante, pelos
momentos de cobrança e de descontração e obrigado por nos incentivar a cada dia dedicado a
este trabalho.
Aos pacientes que se dedicaram a realizar esse trabalho.
Á minha amada, Marioh Barbosa Furtado Belém,
Por sempre estar ao meu lado, me ouvindo, apoiando, brigando, me confortando diante das
dificuldades, pela ajuda na construção deste trabalho e por fazer parte da minha vida.
Atualmente toda a incessante vontade, que sinto, para enfrentar cada dia e vencer na vida,
parte somente de ti. Obrigado por ser tudo pra mim! Amo-te Incondicionalmente!
RESUMO
Objetivo: Avaliar um grupo de pacientes no pós-operatório de cirurgia cardíaca de troca de
válvula, no período pré-estabelecido, na Fundação Hospital de Clínicas Gaspar Vianna –
FHCGV, para analisar quantitativamente através do pedômetro, a distância percorrida, assim
como o número de passos dados por eles durante o tempo determinado. Nesses últimos anos a
fisioterapia passou a ser vista como peça indispensável no atendimento ao paciente cardiopata
nas diversas fases de sua evolução clínica, sendo a aderência ao exercício um fator de suma
importância para a reabilitação. O exercício adequadamente prescrito durante a hospitalização
e depois da alta propicia inúmeros benefícios para pacientes apropriadamente selecionados.
No caso, houve a necessidade de encontrar um recurso acessível que pudesse viabilizar a
coleta de dados sobre a quantidade de passos dados assim como a distância percorrida pelos
pacientes avaliados neste trabalho. O pedômetro por ser uma ferramenta menos onerosa, mais
acessível e que não requer nenhum treinamento especifico, foi selecionado e, então, aceito de
maneira geral pelos pacientes, sem provocar qualquer incômodo, resultando numa avaliação
positiva. A deambulação é uma forma de exercício muito aceitável por grande parte da
população, e não requer equipamento especial para a sua realização, sendo de extrema
importância para a reabilitação cardiorrespiratória no pós-operatório de cirurgia cardíaca.
Métodos: Foi avaliado 8 pacientes no período da manhã e da tarde durante 12 horas em 3 dias
seguidos, a partir do 2º dia de alta para a enfermaria. Os pacientes tinham que estar em em
estabilidade hemodinâmica e não ter nenhuma seqüela neurológica que impedisse o
desenvolvimento da atividade.O pedômetro foi posto nos pacientes pela manhã, onde foi
usado um teste de caminhada de 15 metros para quantificar a distância de 1 passo do paciente
para a configuração do aparelho, sendo retirado a noite, de forma que coletávamos e
guardávamos os dados ao final de cada período em fichas protocolares. Todos os pacientes
foram previamente esclarecidos sobre a pesquisa, entraram em acordo e assinaram o Termo
de Consentimento Livre e Esclarecido. Resultados: observamos que a média aritmética da
distância deambulada pelos pacientes tendeu a aumentar ao longo dos três dias de avaliação,
porém não houve diferença estatística comparando isoladamente as distâncias percorridas
entre as manhãs e as tardes. Em relação aos dados da comparação entre as médias da distância
percorrida entre os períodos da manha e tarde, durante os três dias de avaliação, observamos
que houve uma diferença bastante significativa sobre a distância deambulada à tarde em
relação à distância percorrida pela manhã. Obtivemos P<0,01. Em relação a distância
percorrida e o número de passos dados pelos pacientes, evidenciou uma significância
estatística (P < 0,0001) e uma forte correlação entre a distância e número de passos (r =
0,8861).
ABSTRACT
Objective: To evaluate a group of patients after heart surgery valve replacement during preestablished, the Foundation Clinical Hospital Gaspar Vianna - FHCGV to analyze
quantitatively by the pedometer, distance, and the number of steps taken by them during the
specified time. In recent years the therapy was seen as indispensable part in the care of cardiac
patients in various stages of clinical outcome, and adherence to the exercise of paramount
importance for rehabilitation. Exercise properly prescribed during hospitalization and after
discharge provides many benefits for appropriately selected patients. In this case, it was
necessary to find an accessible resource that can facilitate the collection of data on the number
of steps taken and distance traveled by the patients evaluated in this study. The pedometer, a
tool less costly, more accessible and requires no specific training, was selected and then
generally accepted by patients, without causing any discomfort, resulting in a positive
evaluation. The walking is a form of exercise very acceptable by most of the population, and
requires no special equipment for its implementation is of extreme importance for cardiac
rehabilitation in post-cardiac surgery. Methods: We evaluated 8 patients in the morning and
afternoon for 12 hours on 3 consecutive days, from the 2nd day of discharged to the ward.
Patients had to be in hemodynamically stable and have no neurological impairment that
prevents the development of go.The pedometer was placed in patients in the morning, where
they used a walking test of 15 meters to measure the distance of 1 step of the patient for the
configuration of the equipment being removed at night, so collectible and lifeguards data at
the end of each period in chips protocol. All patients were previously informed about the
research, entered into an agreement and signed a consent form. Results: There was the
arithmetic mean of the distance walked by patients tended to increase over the three days of
evaluation, but there was no statistical difference comparing the isolation distances between
morning and afternoon. For figures comparing the average distance between the periods of
morning and afternoon, during the three days of evaluation, we found that there was a very
significant difference on the distance walked in the afternoon for distance covered in the
morning. Returned P <0.01. For distance and number of steps taken by the patients showed a
statistically significant (P <0.0001) and a strong correlation between distance and number of
steps (r = 0.8861).
SUMARIO
INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 12
TEMA ................................................................................................................................. 13
1.
PROBLEMA ......................................................................................................... 13
2.
JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13
3.
OBJETIVOS .......................................................................................................... 14
3.1. OBJETIVO GERAL: ............................................................................................. 14
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS: ................................................................................ 14
4.
PRESSUPOSTO TEÓRICO: ................................................................................. 15
4.2. IMPORTÂNCIA DA DEAMBULAÇÃO .............................................................. 17
4.3 AVALIAÇÃO PEDÔMÉTRICA ............................................................................ 18
5.
METODOLOGIA .................................................................................................. 21
5.2. TIPO DE ESTUDO ................................................................................................ 21
5.7. COLETA DE DADOS ........................................................................................... 22
5.8. ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 24
6.
RISCOS E BENEFÍCIOS ...................................................................................... 25
6.1. RISCOS AO EXAMINADOR ............................................................................... 25
6.2. RISCOS AO PACIENTE ....................................................................................... 25
6.3. BENEFICIOS AO PESQUISADOR ...................................................................... 25
6.4. BENEFICIOS AO PACIENTE .............................................................................. 25
7.
RESULTADOS ..................................................................................................... 27
8.
DISCUSSÃO ......................................................................................................... 30
9.
CONCLUSÃO ....................................................................................................... 34
10.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 35
12
INTRODUÇÃO
Segundo Pulz et al (2006), o sistema cardiovascular é responsável pelo transporte de
oxigênio aos tecidos, sendo assim, as doenças cardiovasculares podem limitar a capacidade
funcional, impondo restrições as atividades de vida diária proporcionais à disfunção cardíaca.
Dentre as diferentes modalidades terapêuticas, o exercício físico regular destaca-se como
ferramenta primordial na manutenção da capacidade funcional aeróbica.
Evangelista et al, (2004), afirma que estamos às portas de uma nova era, e somente
nesses últimos anos a fisioterapia passou a ser vista como peça indispensável no atendimento
ao paciente cardiopata nas diversas fases de sua evolução clínica, sendo a aderência ao
exercício um fator de suma importância para a reabilitação.
Segundo Araújo (2000), o exercício adequadamente prescrito durante a hospitalização
e depois da alta, propicia inúmeros benefícios para pacientes apropriadamente selecionados.
Há um movimento para uma estrutura na qual os pacientes sigam um esquema de exercício
especifico para suas necessidades de trabalho e lazer, com maior individualização da extensão
do programa, grau de monitorização e extensão clínica.
Segundo Taylor (1998), medidas mais adequadas para mensurar a atividade física em
uma população clínica ambulatorial geral, são os instrumentos de estudos, como pedômetros,
ou questionários. Esses requerem cooperação e honestidade por parte dos sujeitos, mas
fornecem um volume e detalhes de informações significativas em relação ao custo e tempo
investido.
Segundo Hensley (1993) O pedômetro é um contador mecânico que grava
movimentos de passos em resposta à aceleração vertical do corpo. Onde a distância deslocada
pode ser estimada calibrando-se à amplitude da passada. Diante disso esses equipamentos
podem diferenciar mudanças nos padrões de atividades físicas.
13
TEMA
Avaliação Pedométrica em Pacientes no Pós-operatório de Cirurgia de Troca Válvula
Cardíaca
1. PROBLEMA
Qual a média de distancia deambulada pelo paciente espontaneamente no pósoperatório de cirurgia de troca de válvula cardíaca?
2. JUSTIFICATIVA
A deambulação é uma forma de exercício muito aceitável por grande parte da
população, e não requer treinamento especifico ou equipamento especial para a realização da
atividade. Existem variados benefícios esperados para esta atividade, entre eles, controle da
pressão arterial e ganho na aptidão cardiorrespiratoria. (TULLY et AL, 2005)
A postura física de inatividade é considerada um fator de risco para complicações
pulmonares e trombo embolismo venoso. Tal inatividade lidera a questão de morbidade e
mortalidade em larga escala. Sendo assim, a deambulação é fundamental para garantir a
reabilitação cardiopulmonar e a biomecânica global, ofertando uma melhora da qualidade de
vida ao paciente. (Papaspyros et al, 2008)
Logo, o estudo é importante para quantificar a distância deambulada espontaneamente
no pós-operatório de cirurgia cardíaca de troca de válvula.
14
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO GERAL:
Quantificar a distância deambulada pelo paciente espontaneamente em pós-operatório
de cirurgia de troca de válvula cardíaca.
3.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
- Verificar a média da distancia deambulada pelos pacientes no pós-operatório de cirurgia
cardíaca de troca de válvula.
- Verificar em que período, manhã ou tarde, os pacientes se predispõem mais a deambular.
- Verificar a eficácia do pedômetro como recurso para mensurar a deambulação.
15
4. PRESSUPOSTO TEÓRICO:
4.1. CIRURGIA CARDÍACA
O desenvolvimento da diretriz sobre cirurgia nas valvopatias, seus tipos, indicações,
estratificação de risco, avaliação e cuidados no pré, trans, e pós-operatório, constitui uma
extensa tarefa, uma vez que, em cada tipo de lesão valvar, ocorrem peculiaridades específicas,
quanto à etiologia, história natural, parâmetros úteis para o diagnóstico, momento oportuno
para a indicação dos procedimentos, tipos de procedimentos e o risco específico de cada um
deles, preparação pré-operatória adequada, cuidados durante e após a cirurgia, no intuito de
obter uma evolução favorável para os pacientes. (Stefanini et al, 2004)
As valvas cardíacas têm a função fundamental de orientar o sentido do fluxo nas vias
de entrada e saída das câmaras ventriculares. Podemos considerar três alterações valvares:
obstrução ao fluxo anterógrado, a estenose, incompetência na manutenção do fluxo
anterógrado, a insuficiência, e a associação das duas disfunções. As valvopatias geralmente
são controladas terapeuticamente, desde que haja rigoroso acompanhamento clínico e
ecocardiográfico, no entanto, a abordagem cirúrgica, sem duvida, ainda é bastante empregada
e, quando indicada a tempo, minimiza a morbimortalidade, oferecendo aos pacientes um
melhor prognóstico. Existem dois tipos de prótese valvar: a biológica (confeccionada com
tecido animal) e a metálica, sendo que serão avaliados critérios como idade, sexo e condições
socioeconômicas dos pacientes, tendo em vista que os portadores de prótese metálica
necessitam de um acompanhamento médico e laboratorial rigoroso. (PULZ et AL, 2006)
Durante as últimas duas décadas, grandes avanços ocorreram nas técnicas de
diagnóstico, tanto no entendimento da história natural, como nos procedimentos da
cardiologia intervencionista e da cirurgia nas lesões valvares. Houve uma expansão das
informações, que permitiu a tomada de condutas clínicas mais adequadas e publicações
explicitando pontos ainda controversos ou incertos. (Pomerantzeff, 2004)
16
As valvopatias crônicas cursam, na maior parte das vezes, com longos períodos de
tratamento clínico e é geralmente a ineficácia da terapêutica clínica, a partir de uma
determinada fase da evolução natural da doença, que determina a necessidade de intervenção
cirúrgica. Verifica-se que o período compreendido entre o diagnóstico médico de uma
valvopatia até a indicação de uma intervenção cirúrgica é muito variável e que durante este
período o indivíduo já experimenta sintomas que podem alterar significativamente o seu estilo
de vida. (Kubo KM, 2001)
No avanço da prática da cirurgia cardíaca, uma ferramenta em especial, demonstra ser
de grande auxilio.
Dessa forma, a Cirurgia Cardíaca com Circulação Extracorpórea
representou uma das grandes conquistas médicas e da área biológica no século XX. O advento
da Circulação Extracorpórea criou novas possibilidades para a cura de doenças cardíacas
jamais imaginadas na primeira metade do século passado. A possibilidade de corrigir defeitos
do coração sob visão direta foi sonho antigo, perseguido por muitos com insistência, apesar
dos sucessivos fracassos que frustravam quantos se aventurassem a substituir a função de
bomba do coração e as funções ventilatória e respiratória dos pulmões. A partir de advento foi
possível substituir a função circulatória por uma bomba mecânica, possibilitando avanços nas
técnicas cirúrgicas cardíacas. (SOUZA & ELIAS, 2006)
Em se tratando de cirurgia cardíaca, tem aumentado significativamente o número de
pacientes com enfermidades cardiovasculares que necessitam de cuidados intensivos clínicos
ou cirúrgicos. A assistência geral a esses pacientes teve grande incremento e aperfeiçoamento
com o avanço das especialidades médicas, da tecnologia e a criação das unidades de terapia
intensiva (UTI). Na UTI encontramos pacientes com alterações cardíacas como o infarto
agudo do miocárdio ou alguma valvopatia. O propósito de tal unidade é desenvolver e manter
uma equipe especializada de médicos, enfermeiros e fisioterapeutas que, trabalhando em
conjunto, proporcionem cuidados intensivos de alta qualidade à pacientes graves, em busca da
melhora da condição clínica. (REGENGA, 2000)
A fisioterapia foi introduzida nas últimas décadas visando melhorar a qualidade de
vida por meio de programas que objetivem a reabilitação física autonômica e social do
pacientes. A intervenção para o paciente se inicia desde exercícios no leito, até a orientação
17
em relação às modificações no estilo de vida e exercícios para o condicionamento. O método
tradicional de cirurgia cardíaca é seguramente a técnica mais popular, realizada por meio de
incisão esternal mediana, com acesso à superfície do coração e possibilidade de acesso
intracardiaco. Durante este procedimento, pode se utilizar o mecanismo de circulação
extracorpórea, que permite o uso de suporte circulatório e campo cirúrgico com o coração
imóvel e pouco sangue. Entretanto, possui certo grau de morbidade, podendo acarretar
infecções esternais, superficiais ou profundas, e diminuição da capacidade cardiopulmonar.
(REGENGA, 2000)
4.2. IMPORTÂNCIA DA DEAMBULAÇÃO
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a soma das atividades necessárias
para assegurar as melhores condições físicas, sociais e mentais, define a reabilitação dos
pacientes cardíacos, de maneira que eles sejam capazes, por seus próprios esforços, de
retomar o seu lugar na comunidade e levar uma vida ativa produtiva da forma mais breve
possível.
A imobilidade, por sua vez, provoca perdas na capacidade funcional, força muscular,
dos reflexos posturais gravitacionais, ventilação pulmonar, além de favorecer a ocorrência de
trombo embolismo pulmonar. Por isso a fisioterapia através da deambulação e a mobilização
precoce são exemplos fundamentais para a recuperação mais rápida do individuo submetido à
cirurgia cardíaca. (Hulzebos,2006)
As complicações pulmonares e a inatividade têm sido descritas por vários autores
como a maior causa de morbidade no pós-operatório. Inúmeros esforços foram realizados
durante o século XX com objetivo de predizer os pacientes com maiores chances de
desenvolver as complicações acima mencionadas e de identificar técnicas que pudessem ser
usadas para preveni-las, como a deambulação e a mobilização precoce. Isto se deu devido a
alta incidência das citadas complicações, e, consequentemente, dos custos relativos ao
prolongamento do tempo de permanência hospitalar e a morbidade. (Fitzsimons D et al, 2006;
Rodrigues-Machado,2008)
18
Considera-se a prescrição de atividade física desde a orientação ao paciente de como
levantar-se de cama e sentar-se na cadeira, até a orientação de deambulação (inicialmente
restrita ao quarto e banheiro, evoluindo, posteriormente, para o corredor e outras áreas do
hospital). A melhora na aptidão cardiorrespiratória é medida pela alteração no Consumo
Maximo de Oxigênio (VO2Máx), que por sua vez é diretamente relacionado com freqüência,
duração e intensidade do exercício. (Araújo, 2000)
Orienta-se a deambulação pelo menos duas vezes por dia. Entretanto, alguns
programas para pacientes internados sugerem a estes andar distancias especificas a cada dia,
mesmo que sejam fracionadas em varias vezes. A Intensidade e duração do exercício
determinam o dispêndio calórico total durante uma sessão de treinamento e estão interrelacionadas. Isto é,
aumentos semelhantes na capacidade cardiorrespiratória podem ser
atingidos por uma intensidade baixa, sessão de longa duração, assim como intensidade mais
alta, duração de sessão mais curta. (Araújo, 2000)
A caminhada pode ser baseada numa tolerância do paciente, desta forma, os pacientes
não serão exigidos acima de sua capacidade física. Pode-se assistir a caminhada, ensinando os
pacientes como controlar sua freqüência cardíaca ao esforço e como reconhecer sinais e
sintomas sugestivos de intolerância aos esforços. (Regenga, 2000)
Caminhar, sem dúvida, é um dos comportamentos mais saudáveis. Nesse contexto, os
pedômetros são extremamente úteis ao permitirem medir essa atividade e sua associação com
a prevenção e o tratamento de algumas enfermidades crônicas. Na prática médica e dos
profissionais de saúde estar-se-ia aplicando um sentido maior a um comportamento prescrito,
fazendo, portanto, a desejável integração entre a quantificação de uma terapêutica com um
valor agregado. (Victor Keihan et al, 2008)
4.3 AVALIAÇÃO PEDÔMÉTRICA
Pesquisadores e clínicos continuam a procurar formas válidas e baratas para medir a
quantidade de exercício sendo que métodos de avaliação do exercício ainda não foram
aplicados de forma sistemática em muitos estudos. Métodos de mensuração que permitam
19
uma avaliação mais detalhada do exercício não são claramente descritos em estudos
anteriores. (Evangelista et al, 2005)
Uma alternativa viável e aceitável para medir a atividade física são os pedômetros,
pequenos dispositivos utilizados para gravar os passos dados por uma pessoa em um
determinado tempo. Esses equipamentos podem ser uma ferramenta que pode ser utilizada na
prática clínica para avaliar e promover a atividade física, e que não exigem elevado grau de
cooperação das pessoas. (Calvillo, 2007)
A deambulação tem sido apontada como o tipo mais adequado de atividade física para
a promoção generalizada, porque é a mais popular e acessível forma de exercício, e é
especialmente adequada para a adoção pelos adultos inativos. (Merom et al,2007)
Um dos fatos promissores em termos de impacto clínico do uso de pedômetros é o
impacto positivo que seu simples uso pode ter sobre o comportamento dos pacientes. Diversos
estudos têm demonstrado aumento de atividade física em pessoas que passaram a usar o
pedômetro, mesmo sem nenhuma intervenção específica. (Bjorgaas et al, 2005)
Pedômetros foram identificados como um potencial auxílio motivacional à atividade
física, mas a sua eficácia não foi demonstrada em comunidades, ou em amostras não clínica.
(Merom et al,2007)
Os pedômetros são cada vez mais utilizados para diversos tipos de coleta de dados, e
motivação durante programas de atividades físicas e estudos, objetivando a monitorização
usando simples e baratos instrumentos. A validação dos pedômetros para a mensuração da
atividade física (especialmente atividade ambulatorial) foi confirmada e vários estudos
previamente sumarizados. (Tudor-Locke et al, 2005)
Assim como qualquer instrumentação cientifica, o pedômetro deve atender à critérios
de avaliação para sua função primordial, que é contar passos de forma precisa. Como ele se
baseia na movimentação horizontal do quadril, inerente à fase de balanço de uma passada no
ser humano, qualquer outro movimento que não produza a oscilação vertical do quadril não
20
será registrado no pedômetro. Entretanto, sua popularização vem aumentando, seja entre
usuários, seja no meio acadêmico, por sua capacidade de quantificar o gesto mais natural do
ser humano que é o caminhar. O uso do pedômetro tem se associado positivamente à diversas
outras avaliações físicas e/ou medidas clinicas associadas ao nível de atividade física, que
apesar de algumas restrições, tem respaldo nos dados sistematicamente obtidos por diferentes
pesquisadores (McCORMACK et al., 2006; CHAN C.B et al., 2003; BASSETT et al., 2000a;
WELK et al., 2000; BASSETT et al., 2000b).
21
5. METODOLOGIA
5.1. APROVAÇÕES
O presente estudo teve início após as aprovações do orientador Márcio Clementino de
Souza Santos (APÊNDICE I ), e pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Fundação Pública
Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna – FHCGV sob protocolo Nº 037/2009CEP/FHCGV (APÊNDICE II), a coleta de dados foi realizada mediante autorização dos
pacientes, através do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (APENDICE III).
Quanto aos aspectos éticos foi respeitado o sigilo dos dados obtidos durante o estudo,
sendo que apenas os investigadores terão acesso aos mesmos. Sendo divulgados apenas em
publicações científicas, sem mencionar os dados pessoais dos participantes.
5.2. TIPO DE ESTUDO
Foi um estudo de caráter experimental, com pacientes em pós-operatório de cirurgia
de troca de valvas cardíacas, admitidos na enfermaria logo no 2º dia Pós-alta do CTI.
5.3. LOCAL DO ESTUDO
O estudo foi desenvolvido na Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar
Vianna (FHCGV), situada na TV. Alferes Costa s/n – Pedreira – Belém (PA).
5.4. AMOSTRA
Foram triados e avaliados oito pacientes, com media de idade de 43,8 anos de ambos
os sexos e que se apresentaram hemodinamicamente estáveis.
5.5. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Como critérios de inclusão estiveram os pacientes no pós-operatório de cirurgia de
troca de válvula cardíaca com idade media de 43,8 anos de ambos os sexos, em estabilidade
hemodinâmica (PS > 90 e < 160, PD > 50 e < 90) e sem seqüelas neurológicas, que aceitaram
22
voluntariamente participar da pesquisa cientifica mediante assinatura do termo de
consentimento livre e esclarecido (TCLE).
5.6. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO
Foram excluídos aqueles que não se enquadrarem nos critérios de inclusão, e
apresentarem Trombose Venosa Profunda (TVP) sem tratamento ou com menos de 72 horas
do mesmo.
5.7. COLETA DE DADOS
O estudo compreende avaliação em tempo de 12 horas diárias (07:00 às 19:00 horas)
por três consecutivos, a partir de segundo dia de internação na enfermaria. Existem quatro
investigadores que serão divididos em turnos de três horas, para acompanhamento e
supervisão das atividades dos pacientes.
A avaliação da deambulação foi feita através de um Pedômetro com Pulsímetro, da
marca Techline ® modelo BP-148, calculando o número de passos e a distância percorrida
pelos pacientes no limite de tempo definido. O número de passos foi gravado duas vezes por
dia pelos membros do grupo de pesquisa, sendo resetado no final das 12 horas após a
verificação.
Figura 1 Pedômetro
23
O procedimento da pesquisa foi explicado ao paciente detalhadamente, evidenciando
que não há qualquer influencia da pesquisa na terapêutica realizada durante sua reabilitação.
Pela manhã, ao iniciar o primeiro dia de avaliação, o paciente foi submetido a realizar um
teste de caminhada no corredor do estabelecimento, pelo qual os pesquisadores observam o
número de passos que o individuo realizava durante
um percurso de 15 metros, para
encontrar o comprimento de um passo através de uma regra de três simples. O processo
técnico de verificação do comprimento de passo é realizado durante todos os dias de
avaliação, tendo em vista que o comprimento do passo pode variar diariamente de acordo com
a evolução do paciente. Após o calculo da média do comprimento do passo do paciente, este
era inserido do pedômetro para calcular o numero de passos e a distância deambulada durante
o período de avaliação selecionado.
Durante todo o processo o paciente não foi obrigado, nem mesmo estimulado, a
deambular, de forma que o mesmo faça a atividade espontaneamente, possuindo plena
liberdade de desistir ou interromper a execução da avaliação caso, por qualquer motivo, sintase incomodado.
Seguindo o propósito da avaliação, o paciente foi orientado para somente retirar o
aparelho caso precise realizar necessidades que impossibilitem a continuidade do uso, tais
como ir ao banheiro. Logo, também foi advertido para ter cuidado e não pressionar qualquer
botão do aparelho, para que não haja perda ou alteração de nenhum dado, bem como deixá-lo
em uma superfície sólida e plana quando retirado na situação acima referida.
Segundo Papaspyros et al, 2008, o pedômetro deve ficar encaixado na vestimenta do
paciente ao nível da crista ilíaca ântero-superior esquerda ou direita. É possível de existir uma
margem de erro de ± 2 passos.
24
5.8. ANÁLISE DOS DADOS
Os resultados serão catalogados em fichas protocolares (APÊNDICE IV) e as informações
serão inseridas em banco de dados para posterior analise por meio do pacote estatístico Bio Estat
5.0 (Ayres e cols, 2007). Para avaliar a distribuição de normalidade dos dados, foi utilizado o
teste D’Agostino para K variáveis, o que revelou a existência de dados não paramétricos. Para
analise estatística de significância será adotado α = 0,05 ou 5%. Como os dados se mostraram
anormais, foram utilizados o teste estatístico de WILCOXON para amostras relacionadas para
comparar a distância percorrida pelo período da manhã e a pelo período da tarde, o teste de
KRUSKAL-WALLIS para análise de variância da distância percorrida durante os três dias de
avaliação, e o Teste de Correlação Linear de PEARSON para analisar a relação entre o número de
passos com a distância percorrida pelos pacientes. O resultado final obtido irá servir como fonte
de pesquisa e conhecimento em relação ao trabalho abordado para acadêmicos e profissionais de
diversas áreas da saúde, que pretendam adquirir uma visão mais ampla acerca do assunto. Os
dados servirão como base para futuros estudos relacionados ao tema com possíveis abordagens
diversificadas.
25
6. RISCOS E BENEFÍCIOS
Segundo a Resolução CNS 196/96 “considera-se que toda pesquisa envolvendo seres
humanos envolve risco. O dano eventual poderá ser imediato ou tardio, comprometendo o
indivíduo ou a coletividade”. A partir disso, foram analisados todos os riscos e benefícios
potenciais para os que participarem da pesquisa.
6.1. RISCOS AO EXAMINADOR
Os riscos ao qual o examinador, sociedade e sujeito foram expostos são mínimos, pois
se trata de um método avaliativo não invasivo.
6.2. RISCOS AO PACIENTE
Os pacientes foram sujeito a riscos relativos à deambulação, como tonturas, quedas,
dores musculares ou na incisão cirúrgica, dispnéia e fadiga. Sendo que, os pacientes que se
enquadrarem aos critérios de inclusão, apresentariam poucos riscos para o estudo e que tais
riscos são oriundos em grande proporção do modo como o paciente encontra-se, no caso,
acamado num estado de inatividade. Neste caso a atividade será imediatamente interrompida e
o paciente ficará em repouso, no entanto, tais riscos serão minimizados, pois atividade será
supervisionada pelos pesquisadores e por profissionais do setor.
6.3. BENEFICIOS AO PESQUISADOR
Para os pesquisadores os benefícios são: qualificação nos procedimentos
avaliativos executados, conhecimento cientifico e estímulo á pesquisa científica.
6.4. BENEFICIOS AO PACIENTE
Os benefícios trazidos ao paciente incluem o conhecimento da sua capacidade de
deambulação, quanto à tolerância à atividade física e o controle da distância percorrida.
26
Haverá o estimulo dos proprioceptores articulares através da deambulação e a recuperação
funcional pelo exercício físico.
27
7. RESULTADOS
Os resultados são apresentados, conforme o tipo de analise instituído. Inicialmente são
apresentados os dados gerais obtidos de acordo com o número de passos e a distância
percorrida pelos pacientes durante os três dias de avaliação, tanto pelo período da manha,
quanto pelo período da tarde. Foram coletados oito pacientes com média de idade de 43,8
anos, na Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna – FHCGV, sendo
cinco do sexo masculino e três do sexo feminino. É também apresentado na Tabela 2 a média
aritmética e o desvio padrão de cada dia em cada período avaliado.
Analisando os dados da Tabela 1, vemos as Médias Aritméticas e Desvio padrão de
cada dia em cada período avaliado. A média aritmética da distancia deambulada pelos
pacientes tendeu a aumentar ao longo dos três dias de avaliação, porém comparando
isoladamente as distâncias percorridas entre as manhãs e as tardes, não houve diferença
significativamente estatística. É, também, visível que os pacientes deambularam mais pelo
período da tarde.
Tabela 1, vemos as Médias Aritméticas e Desvio padrão de cada dia em cada período avaliado, manha (D1,
D2 e D3) e tarde (T1, T2 e T3).
Manhã
Distância
Percorrida
1º Dia
2º Dia
3º Dia
82,05±117,6
139±83,5
194,6±173,1
Número de passos
197,7±223,7
242,2±150
422,3±348,8
Distância
Percorrida
220,3±163,8
513,7±707,7
806,8±761,3
Número de passos
496,8±318,6
964,8±770,7
1461,6±1004,1
Distância
Percorrida
302,3±281,4
381,2±233,5
1001,4±934,4
Número de passos
694,5±542,3
1207±383,5
1883,9±1352,9
Tarde
Total
Fonte: Pesquisa de Campo
28
Na Figura 2, são apresentados os dados da comparação entre as médias da distância
percorrida entre os períodos da manha e tarde, durante os três dias de avaliação. Nesse caso
pode se observar que houve uma diferença bastante significativa sobre a distância deambulada
à tarde em relação à distância percorrida pela manhã. Com isso, estatisticamente obtivemos
P<0,01.
Figura 2: Comparação entre as médias da distância percorrida pelos pacientes nos 3 dias pela manhã, e nos 3
dias pelo periodo da tarde.
Fonte: Pesquisa de Campo
A Figura 3, mostra a correlação Linear de Pearson, entre a distância percorrida e o
número de passos dados pelos pacientes, evidenciando uma significância estatística (P <
0,0001) e uma forte correlação entre a distância e número de passos (r = 0,8861). Ou seja,
houve sempre um progresso da distância percorrida em relação ao número de passos dados.
29
Figura 3: Correlação entre a distância percorrida e o número de passos dados pelos pacientes no total,
P<0,0001 e r= 0,8861.
Fonte: Pesquisa de Campo
30
8. DISCUSSÃO
Tradicionalmente as Atividades Físicas (ATFs) tem sido avaliadas com uso de
questionários com recordatórios de práticas anteriores e/ou em ambiente de laboratório, com
instrumentação normalmente mais precisa, porém usualmente mais onerosa, menos específica
e prática. Tal situação é cercada de limitações inerentes, especialmente quando se objetiva
quantificar atividades acumuladas ao longo de um período. Dessa forma, o pedômetro foi
proposto como um dos aparelhos de melhor potencial para essas finalidades, considerando-se
as características de precisão, objetividade e baixo custo (Porto, 2007).
Outros métodos vêm sendo desenvolvidos nos últimos anos para qualificar a
mensuração de atividade física. Entre esses, os pedômetros, acelerômetros e monitores de
freqüência cardíaca são os que apresentam maior crescimento. Hallal et al, 2005, mostraram
que: quase todos os estudos de base populacional sobre atividade física em adolescentes com
amostras maiores ou iguais a 500 indivíduos utilizam questionário; o uso de pedômetros,
acelerômetros vem crescendo bruscamente nas últimas décadas, mas prioritariamente em
estudos com pequeno tamanho de amostra.
Nesse contexto, os pedômetros, figuram como aparelhos que, a partir da oscilação
corporal durante o andar, conseguem estimar o número de passos, sendo assim extremamente
úteis no diagnóstico, e monitoração da prescrição. Seguindo a validade do uso do pedômetro
pelas diversas literaturas referidas, tal aparelho foi selecionado como meio para o
desenvolvimento da pesquisa. Por seu tamanho pequeno, não houve nenhum tipo de rejeição
ou incômodo relatado durante o trabalho.
Tudor-Locke e Basset (2004) apontam que um adulto normal deveria alcançar pelo
menos 10.000 passos por dia, o que corresponderia a uma distância de 6 a 7 km, e um gasto
calórico de 300 a 400 kcal. Diante disto, recomendação da ACSM é de que todo adulto
deveria realizar pelo menos 30 minutos de atividade física por dia no tempo de lazer, que
equivaleria a 3.800-4.000 passos. Essa meta seria um bom estímulo para se alcançar os 10.000
passos. Em idosos, a meta ficaria em torno de 7.000 passos por dia, enquanto que, em crianças
e adolescentes, a proposta seria de 13.000 passos por dia.
31
Um dos fatos promissores em termos de impacto clínico do uso de pedômetros é o
impacto positivo que seu simples uso pode ter sobre o comportamento dos pacientes. Segundo
Bjorgas M, 2005, estudos têm demonstrado aumento de atividade física (AF) em pessoas que
passaram a usar o pedômetro, mesmo sem nenhuma intervenção específica.
Apesar da comparação da distância deambulada entre os três dias, não ter dado
diferença estatística, os pacientes avaliados na pesquisa obtiveram um aumento da distância
percorrida com o passar dos dias, no caso, a deambulação, especialmente no período da tarde
em todos os dias analisados. Tal fato interessante pode ser justificado pelo atendimento
fisioterapêutico que ocorre nesse horário, além da presença de estágios supervisionados de
outras instituições de ensino que também contribuem de maneira positiva sobre a vontade dos
pacientes de desenvolver atividade física. Sendo assim, o trabalho fisioterapêutico é de
extrema importância para o paciente, incentivando e maximizando seu retorno às atividades
diárias.
Nesse caso, a fisioterapia tem como objetivos evitar os efeitos negativos do repouso
prolongado no leito, estimular o retorno mais breve às atividades físicas cotidianas, manter a
capacidade funcional no pós operatório, desenvolver a confiança do paciente, diminuir o
impacto psicológico (como ansiedade e depressão), evitar complicações pulmonares,
maximizar a oportunidade da alta precoce e fornecer as bases de um programa domiciliar.
(Cunha et al. 1998)
Segundo as Diretrizes de Reabilitação cardiopulmonar e metabólica, 2005, é
extremamente importante a supervisão feita por profissional especializado em exercício físico
(fisioterapeuta), em que o principal objetivo é o aprimoramento da condição física, assim
como a necessidade de promoção de bem-estar (melhora da qualidade de vida) e demais
procedimentos que contribuam para a redução do risco de complicações clínicas.
Em estudo feito com um grupo de pacientes diabéticos tipo 2, com idade média de
57,4 anos, foi submetido a um programa supervisionado, duas vezes por semana, de 12
semanas de duração. Houve um aumento médio de 1.400-1.500 passos por dia, o peso
corporal diminuiu em 2,7%, a hemoglobina A1c (HbA1c) em 5,2%, o consumo máximo de
32
oxigênio aumentou em 10,6%, sendo que o aumento de passos por dia se correlacionou
positiva e significativamente com a diminuição de HbA1c e da pressão arterial diastólica.
(Tudor-Locke et al, 2001)
Em outro estudo, 30 indivíduos adultos, foram divididos em dois grupos (controle e
ativo) durante seis semanas. O grupo ativo foi incentivado a caminhar os 10.000 passos por
dia em cinco dias ou mais na semana. Após seis semanas foi encontrado que o grupo controle
manteve o número de passos nos dois momentos 6.239 ± 2.985 versus 6.240 ± 2.769. No
grupo com o pedômetro, foi verificado aumento significativo (p < 0,05) de 7.220 ± 2.792 a
10.410 ± 4.132 passos por dia (69% incremento), com impacto positivo na pressão sistólica,
circunferência da cintura e gasto energético, reforçando assim o pedômetro como uma
ferramenta efetiva na promoção de um estilo de vida ativo. (Araiza P. et al, 2006)
Dessa forma, os resultados obtidos nos trabalhos previamente descritos, no que diz
respeito ao aumento de passos por dia, se correlacionaram com os dados obtidos nesta
pesquisa, onde houve um aumento do número de passos dados, apesar da não evidência
estatística.
Recentemente, foi analisado, em tese de doutorado da Faculdade de Medicina da
Universidade de Brasília, o impacto que teria realizar 30 minutos a mais de atividade física
sobre a função autonômica cardíaca e o desempenho físico em indivíduos sedentários. O
trabalho demonstrou que homens de 20-30 anos, funcionários do Tribunal Superior do
Trabalho, que acrescentaram 3.500 passos na rotina diária medidos pelo pedômetro por três
semanas, conseguiram elevar o limiar anaeróbico e o consumo de oxigênio no nível de
intensidade do limiar, além de outros sinais de ajustes metabólicos e fisiológicos que também
foram observados. (Victor Keihan et al, 2008)
33
Diante ao acima exposto, não há como se negar a importância que o pedômetro vem
apresentando como método avaliativo de deambulação para os mais diversos estudos de
caráter científico. Além de contribuir positivamente sobre diversas variáveis fisiológicas dos
pacientes que realmente necessitam de algum tipo de exercício para manter ou recuperar sua
integridade corporal após lesões cardiovasculares ou de qualquer outro caráter.
34
9. CONCLUSÃO
Seguindo a analise dos dados obtidos no final da pesquisa, concluímos que o
pedômetro funciona como meio para quantificar a atividade física dos pacientes através da
deambulação, não só pelo seu baixo custo ou fácil manuseio, mas por não acarretar
incômodos que possam prejudicar qualquer estudo. Tal aparelho serviu fidedignamente para
avaliar os pacientes e ver de maneira precisa a distância percorrida e seus respectivos números
de passos.
O pedômetro serviu como perfeitamente como meio para viabilizar a coleta de dados
sem causar qualquer tipo de transtorno aos pacientes voluntários, e até mesmo como
instrumento de incentivo àqueles que desejavam melhorar sua capacidade cardiorrespiratória,
deambulando o mais rápido possível no pós-operatório.
Genericamente observamos que todos os pacientes tenderam a deambular mais
progressivamente ao longo dos dias de avaliação, pela própria evolução clínica e o trabalho
fisioterapêutico do local, embora tal fato não tenha dado significância estatística.
Foi
observado que, sem exceção, os pacientes caminharam mais pela tarde, devido à fisioterapia e
estímulos externos de instituições de ensino presentes no local do estudo no horário da tarde,
durante a avaliação.
Ao longo dos dias de avaliação, as maiorias dos pacientes caminharam mais, e assim
percorreram distâncias maiores. Evidenciamos com isso uma forte relação entre o número de
passos dados e a distância percorrida por eles. Vimos também que além de essencial, a
deambulação orientada pelos profissionais do setor (fisioterapeutas), é altamente proveitosa,
de forma que os pacientes acabam por adquirir uma confiança maior em si mesmos e se
predispõem a caminhar ou desenvolver qualquer atividade física dentro de suas limitações.
Com isso, a evolução clínica e o aceite do paciente ao tratamento, acabam sendo
maximizados.
35
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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40
APÊNDICE I
ACEITE DO ORIENTADOR
UNIVERSIDADE DA AMAZÔNIA
CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
CURSO DE FISIOTERAPIA
DECLARAÇÃO:
Eu, Márcio Clementino de Souza Santos, aceito orientar o trabalho intitulado “Avaliação
Pedométrica em Pacientes no Pós-Operatório de Cirurgia Cardíaca”, de autoria dos
alunos Diego Enzo Dantas de Sousa Barros (matrícula: 061.190.085-9) e Iunes Jaime
Sousa (matrícula: 061.190.080-5), declarando ter total conhecimento das normas de
realização de Trabalhos Científicos vigentes, segundo o Manual de Orientação de
Trabalhos Científicos do Curso de Fisioterapia da UNAMA para 2009, estando inclusive
ciente da necessidade de minha participação na banca examinadora por ocasião da defesa
do trabalho. Declaro ainda ter conhecimento do conteúdo do anteprojeto ora entregue para
o qual dou meu aceite pela rubrica das páginas.
Belém - Pará, 03 de abril de 2009
________________________________________
Márcio Clementino de Souza Santos
41
APÊNDICE II
42
APÊNDICE III
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ESTUDO: (Avaliação Pedométrica em Pacientes no Pós-operatório de Cirurgia
Cardíaca)
Você está sendo convidado(a) a participar do projeto de pesquisa acima citado. O documento
abaixo contém todas as informações necessárias sobre a pesquisa que estamos fazendo. Sua
colaboração neste estudo será de muita importância para nós, mas se desistir a qualquer
momento, isso não causará nenhum prejuízo a você.
Eu,.......................................................................residente e domiciliado na
..............................................................., portador da Cédula de identidade, RG
............................. , e inscrito no CPF/MF.......................... nascido(a) em _____ / _____
/_______ , abaixo assinado(a), concordo de livre e espontânea vontade em participar como
voluntário(a) do estudo “Avaliação Pedométrica em Pacientes no Pós-operatório de Cirurgia
Cardíaca”. Declaro que obtive todas as informações necessárias, bem como todos os
eventuais esclarecimentos quanto às dúvidas por mim apresentadas.
Estou ciente que:
I)
O estudo se faz necessário para quantificar a distância percorrida nos 3 primeiros dias
de permanência na enfermaria,logo após alta do CTI, pelo paciente em pós-operatório
de cirurgia cardíaca
43
II)
Essa (s) avaliação (oes) serão feitas apenas para este estudo e em caso de
complicações (tonturas, quedas, dores musculares,falta de ar,etc) a atividade será
imediatamente interrompida e o paciente ficará em repouso,no entanto, tais riscos
serão minimizados, pois atividade será supervisionada pelos pesquisadores.
III)
A participação neste projeto não tem objetivo de me submeter a um tratamento, bem
como não me acarretará qualquer custo financeiro com relação aos procedimentos
terapêuticos efetuados com o estudo;
IV)
Tenho a liberdade de desistir ou de interromper a colaboração neste estudo no
momento em que desejar, sem necessidade de qualquer explicação;
V)
A desistência não causará nenhum prejuízo à minha saúde ou bem estar físico. Não
virá interferir no atendimento ou tratamento médico;
VI)
Os resultados obtidos durante este ensaio serão mantidos em sigilo, mas concordo que
sejam divulgados em publicações científicas, desde que meus dados pessoais não
sejam mencionados;
VII)
Durante o projeto, caso o paciente tenha alguma duvida ou queira esclarecimentos
acerca de algum procedimento feito, pode-se entrar em contato com os pesquisadores
através dos seguintes endereços:
1. Diego Enzo Dantas de Sousa Barros  Rua dos Timbiras 1375, Apto
103 Ed. Chopin; Tel.: 32724321
2. Iunes Jaime Sousa  Av. Conselheiro Furtado 2438 Apto 803 Ed.
Domus; Tel.: 32593376
3. Márcio Clementino de Sousa Santos  Universidade do Estado do
Pará,
Departamento
de
Ciências
do
Movimento
Humano.
Campus II - Centros de Ciências Biológicas e da Saúde CCBS - TV.
Perebebuí, 2623 Telefone: (91) 32762500
4. Saul Rassy Carneiro  Hospital de Clínicas Gaspar Vianna TV.
Alferes Costa S/N – Pedreira Tel.: 40052670
5. Ulysses Teixeira da Silva  TV. Pirajá 1248 – Marco Tel.: 32281269
6. Valmor Arêde Córdova  TV. 14 de Abril 1540 apto 304 Ed. Graci
tel.: 32492472
VIII) Caso eu desejar, poderei pessoalmente tomar conhecimento dos resultados, ao final
desta pesquisa
44
( ) Desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
( ) Não desejo conhecer os resultados desta pesquisa.
Belém,
de
( ) Paciente / ( ) Responsável
...................................................................................................
Testemunha 1 : _______________________________________________
Testemunha 2 : _______________________________________________
Responsável pelo Projeto:
de 2009
45
APÊNDICE IV
FICHA PROTOCOLAR
Avaliação Pedométrica em Pacientes no Pós-operatório de Cirurgia Cardíaca
Iniciais Pcte: ..................................
Idade: ............. Sexo: ...................
Tipo de Patologia: .............................................................
Manhã
Dia referente
1°
2°
3°
1°
2°
3°
Distância
percorrida
Nº de passos
Tarde
Dia referente
Distância
percorrida
Nº de passos
..................................................
Pesquisador
Download

avaliação pedométrica em pacientes no pós-operatório de