lugares Ao fim há o cabo De São Vicente a Sagres Texto e Fotos Francisco Sá da Bandeira O continente europeu acaba ali mesmo, projetando-se sobre um imenso oceano que se desvanece no infinito. Mas acaba onde? Em Sagres, em São Vicente? Para sermos justos, olhemos para o mapa para concluirmos que é no Cabo de São Vicente que a terra acaba, sendo este o extremo sudoeste da Europa. Comecemos por aqui, para um passeio de primavera, à descoberta do sul da costa vicentina, aproveitando a revigorante frescura do tempo e luminosidade que o céu e o mar nos oferecem. 42 perfumes&co.94 A chegada a São Vicente revela-nos uma imponente falésia, santuário para ornitólogos e botânicos, mas também local de contemplação sobre os escarpados recortes costeiros e a imensidade azul do oceano. Aqui se ergue o emblemático farol, no ponto exato onde, em tempos remotos, se localizava um mosteiro, palco de devotas peregrinações a São Vicente. Um local mágico para momentos tranquilos, para deixarmos que o olhar se perca no horizonte azul ou apenas se deixe hipnotizar pelo voo das aves marinhas, que nos lembram que este local pertence ao universo dos mares. Mais silenciosas, as aves planadoras marcam presença e fazem-nos também pensar que o céu começa ali. E, para uma aventura sensorial completa, aspiremos os perfumes insólitos de uma vegetação anã e apaguemos o azul que interiorizámos, oferecendo aos olhos uma sinfonia de cores que a primavera nos propicia. Acompanhados pela frescura do vento norte, caminhemos ao longo da costa em direção a sul, atraídos pela imponência do promontório de Sagres. Pelo caminho, encontramos a pitoresca Fortaleza de Beliche, construída no séc. XVI, destruída pelo corsário Drake e reedificada por Filipe III. Em 1755 seria destruída pelo terramoto para ser recuperada em pleno Séc.XX. Esteve encerrada devido à insegurança da falésia, mas foi reaberta recentemente, após intervenção da Câmara de Vila do Bispo, destacando-se os panos de muralha, as casama- tas e a Capela de Santa Catarina, cuja forma cúbica se inspirou nos morabitos árabes. Mas foi o Cabo de Sagres que história imortalizou, pela famosa escola de navegação criada pelo Infante D. Henrique e pela projeção que teve na epopeia das descobertas. Somos atraídos pelo imponente promontório, mas também por todas as imagens que o imaginário nos deixa da história que aprendemos. No perímetro da fortaleza estão as marcas das diferentes épocas, com todos os seus episódios de destruição e reconstrução. Drake e o terramoto apagaram algumas marcas do passado, mas a imponência e grandiosidade do promontório oferecem-nos um revigorante panorama intensificado por brisas e ventos marinhos que nos avivam a memória dos mitos históricos. A fortaleza de Sagres, construída no séc. XV, incorpora o MArço/abril2015 43 lugares 1 2 leve consigo 1. LACOSTE Eau de Lacoste Sensuelle, o perfume para o pôr do sol à beira-mar. 2. SHISEIDO UV Protective Foundation Compact SPF 30, para a beleza imediata e futura da pele 3. ANNY 3 torreão, a controversa rosa-dos-ventos e a pequena igreja de Nossa Senhora da Graça, construída sobre as fundações da primitiva Igreja de Santa Maria, fundada pelo infante D. Henrique. Mas dizem que era na Ermida romano-gótica de Nossa Senhora de Guadalupe, perto de Vila do Bispo, que D. Henrique rezava pelos seus navegadores. 44 perfumes&co.94 look lacoste O indispensável verniz para as unhas. Cor e brilho de longa duração. Se for na primavera, com dias frescos e luminosos, há todos os passeios à escolha. Ou para pura contemplação, impondo-se uma ida à Torre da Aspa, junto à Praia do Castelejo, para uma visão panorâmica da costa. Ou até às praias, umas aconchegadas entre falésias, em especial as situadas a oeste (Telheiro, Ponta Ruiva, Castelejo, Cordoama, Barriga e Murração) outras, viradas a sul, mais abertas junto a largas baías, (Burgau, Cabanas Velhas, Boca do Rio, Salema, Figueira, Furnas, Zavial, Ingrina, Barranco, Martinhal, Mareta, Tonel e Beliche).