Universidade de Brasília ANA PAULA DA SILVA PETRONILO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA BRASÍLIA/DF 2007 ANA PAULA DA SILVA PETRONILO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. Orientador: Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira BRASÍLIA/DF 2007 II PETRONILO, Ana Paula da Silva Dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita. Brasília, 2007. 54 p. Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007. 1. Leitura 2. Escrita 3. Dislexia 4. Professor 5. Metodologia. III ANA PAULA DA SILVA PETRONILO DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores: Presidente: Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira Universidade de Brasília - DF Membro: Professor Mestre Rogéria Gonçalves Mende Universidade de Brasília - DF BRASÍLA (DF), 20 de AGOSTO de 2007. IV Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida que ele me deu. Aos meus pais, aos meus professores e amigos que sempre me incentivaram para que eu realizasse o meu sonho e, portanto, que eu pudesse concretizar mais uma etapa no processo de Especialização. V AGRADECIMENTOS Agradeço aos professores e principalmente à minha família pela paciência, dedicação e ajuda na produção do conhecimento, tão importante pra todos. Agradeço de modo especial a professora Júlia Aparecida Devidé Nogueira, pelo incentivo constante, paciência e pela orientação. Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância. VI “Ler não é caminhar e nem voar sobre as palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo, é perceber a conexão entre o texto e o contexto e como vincula com o meu contexto”. Paulo Freire VII RESUMO A presente pesquisa, de caráter qualitativo, tem como objetivo investigar como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da escrita dos alunos. Para tanto foi feito um estudo de caso, utilizando-se o método, dedutivo. O processo de coleta de dados valeu-se do questionário, instrumento formulado com questões abertas e fechadas. Os resultados indicam que os professores conhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita, e utilizam a metodologia adaptada à realidade dos alunos. Conclui-se que a leitura e a escrita são processos progressivos que merece uma ação contínua do especialista e do professor, para que, futuramente, integre a criança ao processo de formação do conhecimento. Palavras chaves: Leitura, Escrita, Dislexia, Professor, Metodologia. VIII LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Definição de dislexia pelos professores .......................................... 36 Tabela 2 – Características apontadas pelos professores a respeito do aluno disléxico ........................................................................................... 36 Tabela 3 – Tipos de curso de capacitação, apontados pelos professores ........ 37 Tabela 4 – Fatores que influenciam a aprendizagem da leitura e da escrita...... 38 Tabela 5 – Fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprende ............................................................................................ 40 Tabela 6 – Como os pais são envolvidos no trabalho educativo...................... ..40 Tabela 7 – Tipos tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita. De acordo com os professores .............................................................. 41 Tabela 8 – Visão dos professores sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita ............................................................................................... 42 Tabela 9 – Procedimentos para orientar os alunos com dislexia ....................... 44 Tabela 10 – Método eficaz para os alunos com dificuldades de aprendizagem... 45 Tabela 11 – Modelos convencionais do ensino que estão mudando................... 46 9 SUMÁRIO LISTA DE TABELAS............................................................................................................... 9 1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................11 1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................13 1.2 OBJETIVOS ..................................................................................................................13 1.2.1 OBJETIVO GERAL: .....................................................................................................13 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: .....................................................................................14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO.................................................................................15 2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA ..........................15 2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: CARACTERÍSTICAS ...................................................................................................21 2.3 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA ...................................................25 2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA.......................................................................................................................29 2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL..............................31 3. METODOLOGIA...........................................................................................................33 3.1 MÉTODOS ....................................................................................................................33 3.2 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA.......................................................................34 3.3 Materiais ........................................................................................................................34 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................36 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................48 6. REFERÊNCIAS ............................................................................................................50 ANEXO ....................................................................................................................................52 10 1. INTRODUÇÃO Com base, na pesquisa realizada a dislexia é uma disfunção neurológica que afeta muitas crianças e é apresentada em várias formas e intensidades de dificuldades nas diferentes formas de linguagem. São incluídos nessa disfunção os problemas de leitura, de aquisição e capacidade de escrever e de soletrar. Entretanto, o termo dislexia tem gerado muita confusão e polêmica, ou seja, professores e pais não conseguem identificar um quadro de dislexia, sabem que a criança não consegue aprender a ler com a mesma facilidade com que lêem seus colegas, mais não sabem ao certo o que é dislexia, por isso surgiu o interesse de pesquisar sobre o assunto: “dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita”. As crianças não nascem com dificuldades escolares, mas elas aparecem ao longo do processo de aprendizagem, e a dificuldade na leitura e na escrita tem sido reconhecida como um dos fatores que interferem no aprendizado e na auto-estima do aluno. Assim, a postura adotada pelos professores em sala de aula pode ter um papel determinante na superação desta dificuldade. O professor deve transmitir à criança confiança e compreensão e evitar transmitir aflição e agonia diante das dificuldades que o aluno apresenta. É importante que eles transmitam à criança que entendem a razão das suas dificuldades de aprendizagem e busquem métodos adequados para orientar o conteúdo e facilitar a compreensão e o aprendizado. A dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita é uma dificuldade que algumas crianças apresentam pode ser superada ao longo do processo educacional com a ajuda de um professor bem qualificado e interessado em trabalhar com a criança com dificuldade. É importante notar que os indivíduos com essa dificuldade possuem outras habilidades e facilidades para aprender, permitindo a compensação e a superação das dificuldades iniciais. Isso indica que estes indivíduos não são “burros” como muitos os rotulam, e que podem alcançar o sucesso em sua vida social e profissional desde que recebam a atenção e orientações necessárias. Como a dificuldade na leitura e na escrita é um problema freqüente nas escolas é necessário que o professor tenha conhecimento sobre o assunto, auxiliando seus alunos no processo de aprendizado. O professor deve reconhecer 11 que esse problema é uma dificuldade transitória e que a sala de aula é o local onde o aluno deve trabalhar para superá-la. Nessa perspectiva, pergunta-se: como os professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita? O modo como o professor utiliza as metodologias de ensino pode interferir no aprendizado e na futura formação dos seus alunos. Desse modo, ao se analisar as metodologias empregadas pelos professores, pode-se ter um indicador do nível de conhecimento sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita e das dificuldades geradas pela dislexia. Muitas dessas dificuldades poderiam e deveriam ser resolvidas ou trabalhadas dentro da situação escolar. Porém, para que isto ocorra de forma adequada é necessário que os processos de aquisição da leitura e da escrita das crianças sejam compreendidos de forma adequada, para que se possa distinguir as dificuldades que fazem parte da aprendizagem de modo geral, daquelas que podem se configurar como dificuldades na leitura e na escrita (dislexia). Ao identificar uma possível dificuldade de aprendizagem, o professor precisa compreender a evolução do processo da criança, abrindo espaços para que ela possa aplicar suas hipóteses e avançar em seu conhecimento, contribuindo para uma aprendizagem mais efetiva da leitura e da escrita. Não basta simplesmente, identificar e encaminhar tais crianças para alguma forma de tratamento, como se isso fosse um problema externo à escola. Os pais também devem participar do processo de aprendizagem da leitura e de escrita das crianças, oferecendo apoio e condições de aprendizagem, especialmente para aquelas que apresentam alguma dificuldade, gerando assim uma interação entre escola e família. A realização do trabalho adequado com a criança pode levar ao alcance das habilidades necessárias à leitura e escrita e superação da dislexia. A sociedade espera que a escola seja uma parceira inclusiva para que, juntos, consigam disseminar informações sobre a dislexia e superar as dificuldades daqueles que a apresentam. Algumas das ações que devem ser tomadas são: promover cursos de capacitação para professores possibilitando a criação de formas alternativas para que as crianças diferentes possam se desenvolver. Espera se, 12 ainda, que a avaliação diagnóstica, que permite saber se as crianças possuem realmente dislexia, possa ser feita por uma equipe técnica multidisciplinar. 1.1 JUSTIFICATIVA A falta de informação sobre as dificuldades da leitura e da escrita nas escolas agrava a falta de preparo dos professores para que estes possam trabalhar adequadamente com os alunos que apresentam essa dificuldade. Esta pesquisa tem como objetivo investigar como os professores lidam com as dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos. O interesse pelo tema surgiu da constatação de que muitos alunos fracassaram na escola principalmente na alfabetização, porque não conseguiam identificar letras e sons e, escreviam conforme pronunciavam e ouviam. Por causa disso, acredita-se que esses problemas ocorreram por causa da dificuldade de aprendizagem dos alunos. Este estudo apresenta cinco capítulos. O primeiro capítulo descreve o processo de aquisição da leitura e da escrita; o segundo caracteriza as dificuldades das crianças na leitura e na escrita; o terceiro explicita o papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança; o quarto capítulo identifica o papel do professor diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita; o quinto capítulo enfoca sobre Projeto Segundo Tempo – sesc Taguatinga Sul e o último capítulo apresenta a metodologia e a análise dos dados da pesquisa empírica. 1.2 OBJETIVOS 1.2.1 OBJETIVO GERAL: Investigar como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da escrita dos alunos. 13 1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: i. Descrever o processo de aquisição da leitura e da escrita; ii. Caracterizar as dificuldades na leitura e na escrita relatadas pelos professores sobre as crianças no Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul; iii. Identificar o papel do professor no Projeto Segundo Tempo – SESC TaguatingaSul diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita. iv. Estimular o Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor atender o disléxico; v. Incentivar os pais de alunos com dificuldade na leitura e na escrita do Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor atendê-los. 14 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO 2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA A aprendizagem da leitura e da escrita não ocorre da mesma forma para todos as crianças e, dependendo da maneira como o processo de ensino é orientado, pode ocasionar dificuldades na aprendizagem de modo geral. A criança começa a desenvolver a escrita antes mesmo de ingressar na escola, por meio da visão de mundo que ela presencia. Todavia a criança, ao ingressar na escola, se depara com a escrita, percebendo-a como se fosse uma atividade nova. Como o objetivo mais importante da alfabetização é ensinar a escrever, as crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita requerem uma atenção especial. Um dos grandes problemas que ocorre na escola é que ela ensina a escrever sem ensinar o que é escrever podendo portanto, gerar dificuldades de aprendizagem. Ao observar a literatura existente pode-se observar que os professores de alfabetização ou de português sabem muito pouco sobre a natureza da escrita: como funciona e como deve ser usada em diferentes situações. Segundo Cagliari (1997): “Alguns métodos de alfabetização ensinam a escrever pela escrita cursiva, chegando mesmo a proibir a escrita de fôrma. A razão que alegam freqüentemente é que a criança que aprende a escrever com letra de fôrma terá de aprender depois a escrever com letra cursiva, e isso significa o dobro do trabalho, sendo inconveniente porque pode levar a criança a confundir esses dois modos de escrever”. Há, portanto, o entendimento de que a escrita de fôrma seja mais fácil de aprender e reproduzir que a forma cursiva, talvez porque a letra de forma apareça com mais freqüência em cartazes, livros e outros. Já a letra cursiva, é mais de uso particular e individual. Como as crianças não conseguem segurar o lápis e controlálo com facilidade, traçar a letra de forma parece ser mais fácil. O ideal é que a criança comece a escrever com a letra de fôrma maiúscula e depois aprenda a letra cursiva (Cagliari,1997). Assim, se os professores explicarem as diferenças dessas letras e os usos que fazemos dessas formas, elas não 15 confundirão as duas escritas, evitando assim algumas das dificuldades que elas encontram na alfabetização. A escrita é um desafio para a criança na alfabetização. Mesmo sabendo que devem aprender a escrever, é muito importante que aprendam o que é a escrita, as maneiras possíveis de escrever, a arbitrariedade dos símbolos, a convencionalidade que permite a decifração, as relações variáveis entre letras e sons que permitem a leitura. Enfim, é preciso saber o processo de aquisição da leitura e da escrita. Por isso, ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação. Segundo Cagliari (1997): “A escrita seja ela qual for, tem por objetivo primeiro a leitura. A leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão oral e outros simplesmente com a transmissão de significados específicos, que devem ser decifrados por quem é habilitado.” Com isso nota-se que qualquer desenho ou fotografia pode ser decifrado, comentado lingüisticamente, sem que seja necessariamente um sistema de escrita, sem que ocorra uma leitura propriamente dita. Portanto, o ato de ler é condicionado pela escrita, ou seja, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual. Ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. As crianças vivem em contato com vários tipos de escrita no seu dia-a-dia. Então cabe ao professor, juntamente com os alunos, refletir sobre as possibilidades da escrita, e observar que marcas muito individuais restringem a possibilidade de leitura e que, para facilitar a comunicação entre todas as pessoas de uma sociedade, é que se estabeleceu um código, se convencionou um desenho para as letras. Nem todos os alunos escrevem da esquerda para a direita e de cima para baixo. Assim, o professor tem que estar atento a todo o processo de escrita dos seus alunos. Quando o aluno ingressa na escola, num primeiro momento, já tenta escrever fazendo rabiscos, em geral pequenos, e misturando linhas retas e curvas, mas, nem sempre, faz a interpretação. Por meio do rabisco tenta escrever algo que pensa. Muitas vezes, o professor não interpreta o que a criança quis escrever. Cabe 16 ao professor perguntar ao aluno o que quer dizer o seu escrito e anotar as respostas, para poder acompanhar o seu desenvolvimento. A criança já possui uma idéia do que seja a escrita, ou seja, ela sabe que se escreve com determinados sinais, mesmo que não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação. É importante que a criança experimente como escrever as letras. Muitas superam esta etapa antes mesmo de entrar na escola; outras só vivem esta experiência no âmbito escolar. Alguns professores preocupam-se em introduzir propostas de trabalho que consideram necessárias para o conhecimento das letras e da escrita. Eles criam atividades que podem ser iniciadas com a montagem de um quadro de famílias silábicas que irá ser completado no decorrer do trabalho; ou deixar a criança aprender duas grafias e descobrir a existência de semelhanças entre elas; ou trabalhar com rótulos de produtos; ou desenvolver um vocabulário de grafias que inclui, por exemplo, seu nome e outras palavras isoladas. Depois que a criança passar por esse processo ela já será capaz de conhecer as letras e algumas palavras. É importante que o professor ensine todas as letras do alfabeto, ou seja, o professor deve ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência fonográfica) e algumas convenções ortográficas do Português – o que garantiria ao aluno a possibilidade de ler e escrever por si mesmo. Após os primeiros contatos com a escrita é ideal que se incentivem os alunos a escrever textos espontaneamente, pois essa é uma boa maneira de valorizar suas atividades, ou seja, o aluno é capaz de produzir textos e de grafá-los de próprio punho. Ao ler um texto que foi criado pelo aluno, o professor tem que ler de forma correta, mesmo que haja erros, para que não ocorra constrangimento. O ideal é que o professor motive a criança a corrigir os seus próprios erros, ou seja, incentive a autocorreção e autocrítica. Se o professor não é claro e cientificamente correto no tratamento das relações entre letra e som, poderá trazer conflito para as crianças e até mesmo criar empecilhos ao desenvolvimento da aprendizagem. Também é necessário que o professor faça um levantamento das dificuldades apresentadas pelos alunos, utilizando as diversas metodologias disponíveis tais como: textos livres, contagem de histórias ou outras atividades que 17 considerem necessárias. Com essas atividades ele poderá descobrir os elementos que apontam as reais dificuldades e facilidades dos alunos no aprendizado da leitura (MARUNY, 2000). Cagliari (1997) define a leitura como: “a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma.” Muitos alunos têm problemas em relação à leitura porque não aprenderam durante sua escolarização a interpretar o que lêem e o que está escrito, e carregam essa dificuldade para o resto da vida. Alguns professores, ao invés de enfrentarem a dificuldade junto com o aluno, livram-se desta responsabilidade passando o aluno para a série seguinte podendo assim agravar a dificuldade apresentada. A escola deveria incentivar e ensinar os alunos a ler e a entender não só as palavras, mas os textos específicos de cada matéria, pois a leitura não pode ficar restrita à literatura e ao noticiário. Por isso o objetivo da escrita é a leitura, pois quem escreve, escreve para ser lido. “A leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu. A leitura sem decifração não funciona adequadamente, assim como sem a decodificação e demais componentes referentes à interpretação, se torna estéril e sem grande interesse. A leitura é uma atividade lingüística com significante. É falso dizer que se pode ler só pelo significado ou só pelo significante, porque só um ou outro jamais constituem uma realidade lingüística”.(CAGLIARI, 1997). Cabe ao aluno decifrar e decodificar ao ler, grifando as partes mais importantes e as dúvidas, para que entenda o que leu, sem que fique prejudicado em sua leitura, pois a leitura é uma das formas mais abstratas de estudo. Ela implica captar e interpretar significativamente símbolos verbais impressos. De acordo com Zacharias (2004): “O sistema de escrita funciona segundo um princípio alfabético: a quantidade de letras de uma palavra corresponde, a grosso modo, ao número de sons que compõem a palavra. Entender o princípio alfabético não é o mesmo que conhecer os sons das letras. Uma criança pode saber 18 que o símbolo escrito “E” corresponde ao som [e], que o símbolo “L” corresponde o som [l], mas, mesmo assim, ela pode não ter compreendido o mecanismo que permite formar uma palavra escrita.” Quando a criança começa a ler, a primeira coisa é a identificação dos símbolos impressos, letras, palavras e o relacionamento desses símbolos com os sons que eles apresentam. Ao ter contado com as palavras, a criança começa a separar visualmente cada letrinha que forma aquela palavra e associa ao seu respectivo som, formando, então, um significado. Morais (1997) explica de forma bastante clara esta associação: “Este processo inicial da leitura, que envolve a discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre palavra impressa e som, é chamado de decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas, para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também, a compreensão e a análise crítica do material lido. (...) Sem a compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora, pois nada tem a dizer ao “leitor”. Na verdade, só se pode considerar realmente que uma criança lê quando existe a compreensão. Quando a criança decodifica e não compreende, não se pode afirmar que ela está lendo.” A criança tem que entender o que lê para ter uma compreensão daquela palavra que leu. Em relação à escrita ocorre o oposto, a criança tem que relacionar o som, o significado e a palavra impressa. Pode-se dizer que a diferença principal entre a leitura e escrita é que na leitura parte da informação visual, ou seja, da decodificação das letras que compõem as palavras, na escrita, reflete a palavra falada. Segundo Pinheiro (1994): “A direção do processo de leitura é, pois, da letra ao som e a do processo de escrita é do som para letra. Para a decodificação impõese o domínio de regras de correspondência grafema-fonema e, para a codificação, o conhecimento de regras de correspondência fonema-grafema. As regras de decodificação para a leitura e as de codificação para a escrita são diferentes em natureza e número, o que dá origem à outra diferença básica entre a leitura e a escrita”. 19 A aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança. Por necessitar de um processo de difícil construção a leitura e escrita são as primeiras significações que a criança necessita para conhecer e dar significado a coisa e objetos. Por meio da leitura e da escrita ela se insere no mundo em que vive passando a conhecê-lo melhor. Ao ingressar na escola, a criança já quer aprender a ler e a escrever. No entanto, muitas vezes os pais e os professores não se dão conta de que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem que ela dava importância até este momento em que começa a aprender a ler. Curiosamente, toda criança se depara com alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita (NUNES, 2003). Ao iniciar este processo da leitura e da escrita é de extrema importância que o professor ensine à criança a ler no seu próprio dialeto. Isso é essencial para formar bons leitores e assim, desenvolver a habilidade como falante. Essa habilidade como falante é decisiva para uma boa leitura e indispensável para uma leitura mais rápida sem comprometimento da compreensão. De acordo com Cagliari (1997): “para facilitar a leitura, a sociedade achou por bem decidir em favor de um modo ortográfico de escrever as palavras independentes dos modos de falar dos dialetos, mas que pudesse ser lido por todos os falantes, cada qual ao modo de seu dialeto”. O primeiro contato das crianças com a leitura ocorre por meio da leitura auditiva, ou seja, onde alguém lê em voz alta e outras pessoas acompanham a leitura, de forma silenciosa. A criança acompanha ouvindo e certamente, fazendo associações com a representação de mundo que ela já possui. A leitura tem vários processos e um deles é treinar o aluno a fazer uma leitura expressiva, para facilitar a própria compreensão do texto. Na leitura em voz alta, o aluno tem que decifrar o que está escrito e depois reproduzir oralmente o que foi decifrado, porque há muitas dificuldades em decifrar a escrita. Ao insistir para que o aluno leia, o professor irá fazer com que suas dificuldades sejam externadas, ou seja, o aluno irá começar a soletrar, ler silabicamente. As crianças precisam de tempo para decifrar a escrita e cada criança tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado, por isso, deve ler em ritmo acentual, sem pressa. A falta de controle sobre o pensamento ao longo da leitura 20 faz com que o aluno acabe de ler e não consiga se lembrar. O ato de aprender a ler é uma tarefa muito difícil e delicada. Os professores exigem muito mais do aluno com relação à escrita do que com relação à leitura, ou seja, a escola não sabe como o aluno faz quando lê. A leitura e a escrita exigem das crianças novas habilidades, que não faziam parte de sua vida quotidiana até aquele momento e apresenta novos desafios à criança com relação ao conhecimento da linguagem. Por isso, aprender a ler é uma tarefa difícil para todas as crianças e não apenas para aquelas que têm dificuldades na leitura e na escrita. Nem todas crianças dispõem das mesmas idéias e experiências prévias em relação à linguagem escrita. Tais idéias nascem da reflexão sobre a experiência. Em muitos lares não se lêem jornais, livros ou revistas; não se escreve; não se lêem contos a todas as crianças. De qualquer forma, a cultura escrita requer maior informação do que a que habitualmente é oferecida em casa. Isso, normalmente, cabe à escola oferecer. A linguagem escrita usada na escola deve ser funcional, para oferecer prazer; para ser lembrada; para se aprendida; para fornecer informações. O aluno deve ser capaz, por meio da leitura e da escrita, de se comunicar e se expressar de forma adequada. 2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: CARACTERÍSTICAS De acordo com os teóricos estudados, dentre eles Calafange (2004) e Martins (2003): “o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.” A criança com dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita tem menos habilidade que as outras crianças para usar o significado e a gramática de um texto. 21 Nunes (1992) mostra que as crianças disléxicas são as que têm dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita e essas dificuldades são maiores do que se esperaria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embora com as mesmas condições que as outras crianças para aprender a ler, recebendo motivação adequada, apoios satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais normais ou até mesmo acima do normal, avançam na alfabetização de forma mais lenta do que seus colegas da mesma idade e da mesma condição intelectual. As crianças que possuem dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita aprendem conforme os outros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as crianças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma forma, mas alguns vencem as dificuldades dessa aprendizagem com maior facilidade do que outras. “Para a criança, independente de ser disléxica ou não, a aprendizagem é muito importante, pois com a repetição combinada em números suficientes de vezes, ela aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa (leitura). Tempos depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra” (NUNES, 1992). A renovação da prática pedagógica, nos últimos anos refere-se, exatamente às tentativas de tornar a leitura e a escrita mais significativa na escola. Observa-se que a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e imprescindíveis para a aquisição das demais habilidades escolares e para o conhecimento. Segundo Martins (2003), “a dislexia é uma dificuldade específica de leitura. É um transtorno inesperado que professores e pais observam no desempenho leitor da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observados no ato de ler, de escrever ou de soletrar”. A característica mais marcante da criança que possui dificuldade de aprendizagem é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. Os problemas mais comuns, de acordo com Condermarin (1986), são os seguintes: ¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; v-u; etc. ¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-m; a-e. 22 ¾ Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b-p;v-f. ¾ Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sallas; pal-pla. ¾ Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferentes significados: soltou/salvou; era/ficava. ¾ Contaminações de sons. ¾ Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso substituído por fama; casa por casaco. ¾ Repetições de sílabas, palavras ou frases. ¾ Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler. ¾ Excessivas fixações do olho na linha. ¾ Soletração defeituosa: reconhecer letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então ler a palavra sílaba por sílaba, ou ainda ler o texto “palavra por palavra”. ¾ Problemas de compreensão. ¾ Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais. ¾ Ilegibilidade. ¾ Ao escrever, a criança ocupa toda a largura da página. ¾ Escreve palavras com todas as letras iguais, exemplo: BATATA/AAA. ¾ Palavras diferentes são escritas da mesma maneira, exemplo: SUCO/UO. ¾ Os nomes próprios são escritos pela metade, exemplo: ANA- AA. Existem também outras perturbações da aprendizagem, as mais comuns são (Condermarin,1986): ¾ Alterações na memória: algumas crianças apresentam dificuldades para lembrança imediata de fatos passados, não conseguem lembrar palavras ou sons que escutam, têm dificuldade em memorizar visualmente objetos, palavras ou letras. ¾ Alterações na memória de séries e seqüências: tais como os dias da semana, os meses do ano, o alfabeto e as horas. 23 ¾ Orientações direita-esquerda: as crianças são incapazes de orientar-se com propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Não conseguem situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olham outra pessoa. ¾ Linguagem escrita: quando a criança não consegue ler com facilidade, tampouco consegue utilizar com propriedade os símbolos gráficos da expressão escrita. Quando escreve, revela sinais de confusões, inversões, adições, omissões e substituições. ¾ Dificuldades em matemática: não consegue entender a formulação do problema. Sendo assim, difícil ler, invertem números ou então sua seqüência. Segundo Davis (2004), há habilidades que todos os disléxicos compartilham: ¾ São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar percepções (a habilidade primária); ¾ São altamente conscientes do meio ambiente; ¾ São mais curiosos que a média; ¾ Pensam principalmente intuitivos e capazes de muitos insights; ¾ Pensam e percebem de forma multimendisional (utilizando todos os sentidos); ¾ Podem vivenciar o pensamento como realidade; ¾ São capazes de criar imagens muito vívidas. Se tais habilidades não forem minadas pelos pais e professores, rotulando a criança como incapaz de desenvolvê-las, elas poderão ter uma inteligência acima do normal e criatividade extraordinária, e não se tornarão incapazes para o aprendizado. Assim, tem-se que todas as crianças devem receber orientações idênticas, para que não haja discriminação em sala de aula. O que pode ocorrer é que as crianças com dificudades podem nescessitar de um pouco mais de tempo e atenção. 24 2.3 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA As crianças não aprendem facilmente por si mesmas. Aprendem reflexivamente porque alguma pessoa as coloca em situação de refletir. Conseqüentemente, o educador é o ator principal ativo da aprendizagem de seus alunos (MARUNY, 2000), ou seja, o educador auxilia os educandos com e sem dificuldade na leitura e na escrita, trabalhar a partir do pensamento de cada uma, considerando, com clareza, o que cada um pode aprender em cada caso, ou seja, realizar atividades que trabalhem tanto com os que já sabem ler e escrever, bem como os outros. E também, comunicar à escola o problema encontrado e os sinais observados, para que todos possam trabalhar para o melhor desenvolvimento da criança. O objetivo do professor não deve ser que todos aprendam igualmente; isso é muito difícil de alcançar. O objetivo deve ser que todos possam trabalhar reflexivamente e construir o pensamento coletivamente, sem que ninguém seja marginalizado ou deixado de lado. Lamentavelmente, muitos professores desconhecem as causas das dificuldades de aprendizagem da criança e as rotulam como fracassadas e preguiçosas. Para que não ocorra esse descaso, o professor deve observar a bagagem que cada aluno traz consigo. Porém, não é só uma questão de diferenças nas experiências vividas, mas também nas capacidades e na maturidade das crianças, na linguagem oral, nos valores culturais em relação à cultura escrita e à cultura escolar, nas atitudes para com os adultos e para com a aprendizagem das normas, na motivação, nos estilos de aprendizagem, na adaptação emocional e social. As crianças chegam às escolas com diferentes experiências no uso da linguagem escrita, e algumas têm escassa experiência com a linguagem oral. Os professores devem auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagens nas tarefas da escola, fazendo a divisão dos trabalhos longos em pequenas partes, para ajudá-las a rever os conteúdos de ensino; usar enigmas para que elas descrevam o objeto; tomar cuidado como o material escrito: letras claras, uso de desenhos, diagramas e menos uso de palavras escritas. O uso do dicionário 25 deve ser ensinado e, quando possível, ilustrado; bem como o uso de material colorido e grande para o aprendizado da letra. Enfim, o professor e a família devem estar informados, familiarizados e sensibilizados para apoiar e ajudar a criança durante o processo de aprendizagem. Toda atividade deve dar chance à iniciativa do aluno. É importante que o educando sinta que pode sugerir o que vai escrever ou ler e como vai fazê-lo. Todavia, nem tudo pode ser sugerido. O educador deve marcar os limites da tarefa, mas é preferível que a tarefa tenha um certo nível de abertura, de flexibilidade, que permita uma resposta personalizada. Segundo Maruny (2000): “Ler também serve para controlar e lembrar do que escrevemos. Quando perguntamos à criança o que é que ela queria escrever, pedimos-lhe que leia seu escrito. A própria criança pode precisar ler o que já escreveu para avançar, tal como nós adultos fazemos ao repassar nossos textos enquanto escrevemos. Esta atividade traz informação decisiva para a criança.” Ler para aprender é fundamental para qualquer componente curricular da escola. Por meio dessa capacidade, a leitura envolve a atividade de ler para compreender, determinando que o aluno aprenda a concentrar-se na seleção de informações relevantes no texto, utilizando táticas de aprendizagem. As crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de mais horas de ensino. O ideal é que o professor planeje as aulas para que os métodos de ensino sejam adequados, em razão dos obstáculos encontrados pelas crianças em sua aprendizagem. É essencial que o professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita cometidas por seus alunos, aproveitando-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir. Ele só deve propor ao aluno tarefas compatíveis com a etapa de conhecimento atingido. O método da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança. Por isso o professor deve ter capacidade de identificar o melhor método para a criança optando por modificação metodológica dentro da sala de aula, dando chance para que o aluno escolha o que vai ler ou escrever, mas colocando limites na tarefa. Desta maneira, estará motivando e estimulando o aluno, para que cresça em seu aprendizado. De acordo com Maruny (2000), dar uma oportunidade para que as crianças pensem significa partir de suas idéias, reconhecer sua lógica mostrar-lhes suas 26 limitações, trazer-lhes informações novas que as ajudem a pensar mais e melhor. Com isso, a idéia que os professores têm sobre como as crianças aprendem é muito importante. Não se trata de as encher de informações soltas, mas trabalhá-los, com empenho, reconstrução pessoal, debate, discussão e interação. O ideal é que o professor trabalhe com atividades lúdicas e que consiga fazer com que os alunos pensem. Os professores precisam entender a lógica do pensamento infantil e, a partir disso, compreender a criança. “Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento. Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas idéias. Para isso, é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita para avançar: nem mais, nem menos. MARUNY (2000)”. O docente desempenha um papel importante na identificação das dificuldades de aprendizado. Aquela criança que não adquire conhecimentos num ritmo semelhante ao dos colegas deve ser acompanhada de perto. Após alguns meses de trabalho dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem, o aluno merece um cuidado especial e deverá ser encaminhado à orientação pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. Quando o professor detectar que o aluno tem dificuldade de leitura e escrita deve buscar orientar os pais, para que juntos procurem soluções para resolver tais problemas, bem como encaminhar o aluno para profissionais capacitados na área da dislexia. A partir do momento em que é identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada. O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo clínico, que devem iniciar uma minuciosa investigação, juntamente com os pais e professores. Sugestões para auxiliar a criança com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, segundo Domingues e Marchesan (2004) são: ¾ Divida trabalhos longos em pequenas partes; ¾ Conteúdos de ensino devem ser revistos sempre; ¾ Use enigmas para descrever objetos; 27 ¾ Seu conhecimento só deve ser avaliado por respostas orais; ¾ Cuidado com o material escrito: cabeçalho, letra claras, uso de desenhos e diagramas e menos uso de palavras escritas; ¾ Uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor auxilia a velocidade ou memorização da forma ortográfica da palavra; ¾ Solicitar que repita, sempre que possível, à ordem ou conteúdo com suas próprias palavras; isso ajuda na memorização; ¾ Regras escritas devem ser dadas com muita fixação e separadamente; ¾ Nunca expô-lo a leitura em voz alta diante de outros; ¾ Use material colorido e grande para o aprendizado das letras; ¾ O uso do dicionário deve ser bem ensinado. Quando possível, ilustrado. É importante que o professor conheça cada um de seus alunos e esteja atento às dificuldades de cada um, para que essas não se transformem num problema. Deve escutar, muito atentamente, seus alunos; deve estar atento a seus gestos, às suas atitudes, a seu comportamento, à suas mensagens mentais: idéias, conhecimentos, hipóteses, procedimentos e que metodologia e tática utilizam para aprender, para escrever, para ler e quais devem aprender para avançar; precisa modificar e adaptar suas propostas de trabalho; ajudar no que for necessário; dar o “empurrão” adequado. Isso requer um treinamento específico para a tarefa de aceitar a contribuição do aluno; organizar a sala de aula; trabalhar em equipe; planejar atividades e dicas de como estudar para provas. Especialmente os professores, ao lidar com crianças com dificuldades, adquirem algo novo. Por um lado, maior tranqüilidade: entendem o que acontece na mente da criança frente à escrita e estão certos de que a criança está dando tudo de si. E, além disso, está claro o que se deve trabalhar com cada aluno: o que ele é capaz de fazer e também qual será o próximo passo em sua aprendizagem. Uma criança que não preste atenção ao som da palavra deverá concentrar-se na palavra e comprovar que o que está escrito tem a ver com o som da palavra. É questão de tempo. Uma criança que atribui vogais a cada sílaba deve perceber que há mais sons do que as vogais: que as palavras se escrevem com mais letras. É questão de trabalhar isso e dar-lhe tempo. (MARUNY, 2000). 28 O professor, frente a estes desafios, deverá ser bem preparado por meio de capacitações, como também ser incentivado a pesquisar para que, na prática, possa encarar as possíveis situações-problema, com a competência necessária para reconhecer as prováveis dificuldades de aprendizagem desenvolvidas dentro ou fora da escola. Para que possa ajudar tanto os alunos, em suas necessidades escolares, quanto os seus familiares, é preciso garantir-lhes o direito à informação e ao apoio, indispensáveis ao bom desenvolvimento das relações humanas, assim como a orientação e o encaminhamento aos locais com atendimento especializado, quando necessário. Assim, é muito importante que todos os educadores saibam o que é dificuldade na leitura e na escrita e saibam reconhecer seus sinais. Com a devida orientação, o aluno conseguirá ser bem sucedido em classe. Se, na fase escolar, a criança apresentar sintomas de dislexia, será necessário diagnóstico e acompanhamento adequados, para que ela possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e não tenha prejuízos emocionais e de aprendizado. 2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA A Constituição Federal, no seu artigo 205 (1998), e a Lei de diretrizes e bases (LDB, 1996), no seu artigo 2, afirmam que: “A educação é dever da família e do Estado. A família é convocada, pelo poder público, a participar do processo de formação escolar: no primeiro momento, matriculando, obrigatoriamente, seu filho, em idade escolar, no Ensino Fundamental. No segundo momento, zelando pela freqüência à escola e num terceiro momento se articulando com a escola de modo a assegurar meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento e zelando, com os docentes, pela aprendizagem dos alunos.” Assim, tanto o professor e a escola, quanto à família e a sociedade envolvem aspectos sócio-culturais importantes para o processo de aprendizado de uma criança. Quando uma criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, nem sempre os professores, os pais e/ou a família possuem informações suficientes para entender e enfrentar adequadamente o processo. 29 Assim, os pais cobram das escolas respostas e resultados, e a escola, por sua vez, acusa os pais de negligência. Com este tipo de atitude e sem a preparação adequada, a escola passa a ser um lugar de acúmulo de frustrações para os alunos. Segundo Morais (1997:183), as crianças que provêm de ambientes letrados têm mais facilidade em aprender a ler e a escrever do que crianças provenientes de ambientes não-letrados. A criança que convive em ambiente onde não existem revistas, jornais nem livros, e que não tem modelos de leitura não tem o interesse e a motivação despertados. Possivelmente estes são alguns dos fatores que fazem surgir dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita. Assim, a família possui papel fundamental no desenvolvimento da capacidade de aprender e cabe a ela articularse com a escola e seus docentes, ambos zelando de forma permanente, pela qualidade de ensino. Os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e ansiedade que eles próprios sentem, diante dessas dificuldades. O importante é que eles transmitam segurança à criança e que compreendam a razão das suas dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita. Os pais também devem evitar comparar a criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante situações nas quais sabem que a criança não tem sucesso, evitando que ela fique desmotivada. A família deve observar a criança ao ler e ao escrever. Recomenda-se que os pais leiam as gramáticas escolares, observando como são classificados os fonemas quanto ao modo e ponto de articulação, para que compreendam melhor quando observarem os comportamentos da criança. Filhos de pais analfabetos têm pouco contato com a escrita e a leitura, portanto, podem necessitar de livros e material escrito bem impressos e com forma adequada para manuseio. É necessário que a família ajude a criança na sua educação ou reeducação lingüística e faça com que a criança articule cada fonema, vogal e consoante. É preciso observar como a criança pronuncia os fonemas e, em seguida, pedir a ela que olhe o movimento de seus lábios, quando articulam fonemas em algumas palavras do cotidiano. Deve-se pedir, também, que repita as palavras, pois a repetição acaba por levá-lo, assim, à consciência dos fonemas. 30 A família deve auxiliar a criança em casa, lendo para ela jornais, revistas e livros que lhe despertem interesse. O uso e apoio, de régua ou marcador ajudam-na seguir a leitura. Gravar os componentes curriculares para que ela possa escutá-los quantas vezes for necessário; grifar com caneta colorida os itens principais para serem lembrados mais facilmente; criar perguntas para verificar sua interpretação; determinar um tempo para a criança fazer a lição; montar um calendário semanal com todas as atividades de forma que cada atividade receba uma cor, onde os horários de lazer devem ser pintados de uma só cor permitindo que a criança tenha uma referência concreta para dinamizar as atividades de aprendizagem são atitudes que facilitam o processo de aprendizagem. Para que a criança aumente sua auto-estima, a família deve fazer elogios, encorajar e falar bem de suas qualidades e pontos fortes. Quando tentar fazer algo que considera difícil, encorajá-la a não desistir; não depreciar seus acertos; tranqüilizar e ressaltar sua esperteza e sua inteligência. É necessário envolvê-la para que possa desenvolver suas habilidades. A família tem o papel de zelar, a exemplo dos docentes, pela aprendizagem. Isto significa acompanhar, de perto, a elaboração da proposta pedagógica da escola, não abrindo mão de prover meios, para a recuperação dos alunos de menor rendimento ou em atraso escolar, garantindo meios de acesso aos níveis mais elevados de ensino, segundo a capacidade de cada um. 2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL O Projeto Segundo Tempo é um programa do Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome, destinado a democratizar o acesso ao esporte como direito de cada um. O Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga Sul – Administração Regional do Distrito Federal também ciente das suas responsabilidades sociais para com a comunidade e reconhecendo os esforços do Governo Federal, por meio do Ministério dos Esportes, oportuniza o acesso de crianças matriculadas na Rede Oficial de Ensino e cursando o Ensino Fundamental, em comunidades de exclusão e 31 de risco social, à prática de diferentes modalidades desportivas (natação, tênis, futebol), de lazer e acompanhamento pedagógico, atendimento médico e odontológico. No Projeto Segundo Tempo trabalha-se com criança de 9 a 13 anos matriculadas no Ensino Fundamental e oriunda de estabelecimentos oficiais de ensino das cidades de Samambaia e Recanto das Emas, as quais usufruem da infra-estrutura de lazer, educação e esporte da Unidade do SESC- Taguatinga Sul, por 03 (três) vezes na semana, sob supervisão, apoio técnico e cofinanciamento de ambas instituições. Uns dos objetivos da orientação pedagógica é de proporcionar as crianças, por meio do reforço escolar, uma ajuda/acompanhamento no processo de ensino e de aprendizagem, buscando amenizar ou acabar com defasagem que existe no seu conhecimento educacional, e que foi no começo do Projeto, de acordo com seus rendimentos escolares. Nesse intuito, buscamos ainda, trabalhar com os alunos a sua realidade, envolvendo a escola, a família e o seu meio social. Partindo dessa abordagem, trabalha-se temas transversais, onde favorece, aos alunos, uma reflexão sobre valores éticos, morais e de civismos, a promoção da saúde e a valorização das raízes e heranças culturais. 32 3. METODOLOGIA 3.1 MÉTODOS Nesta pesquisa utilizou-se um procedimento racional e sistemático com objetivo de proporcionar respostas ao problema proposto: de identificar como os professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades da aprendizagem na leitura e na escrita. Para tal, adotou-se a abordagem qualitativa, que traz consigo, de maneira inevitável, a carga de valores, preferências, interesses e princípios que orientam o pesquisador. Segundo Bogdan e Bicklen (1982), a pesquisa qualitativa envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectivas dos participantes. A respeito da pesquisa qualitativa Lüdke (1986), mostra que a sua natureza se baseia no ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento. Nesse sentido, esta abordagem proporciona um contato direto e prolongado do pesquisador com o ambiente escolar e a situação que está sendo investigada. Os métodos utilizados foram o dedutivo e o estudo de caso. O método dedutivo, de acordo com a acepção clássica, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular. Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica. É o método proposto pelos racionalistas (Descartes, Spinoza, Leibniz), segundo os quais só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro, que decorre de princípios a priori evidentes e irrecusáveis (GIL, 1999). O pensamento é dedutivo quando, a partir de pronúncias mais gerais preparadas sistematicamente como premissas de um raciocínio, chega a uma conclusão privada ou menos comum. 33 A respeito do método estudo de caso (LÜDKE, 1986) mostra que, retrata a realidade de forma mais completa e objetiva possível, ou seja, revela a variedade de dimensões presentes em determinadas situações ou problemas, focalizando-os como um todo. 3.2 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA O presente trabalho desenvolveu-se por meio da pesquisa qualitativa, considerando que esta abordagem proporciona resultados significativos no campo educacional, ou seja, foi realizada em um ambiente natural no Projeto Segundo Tempo no SESC-Taguatinga-Sul, situado na cidade de Brasília. O estudo objetiva analisar como os professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades da aprendizagem na leitura e na escrita. Os sujeitos pesquisados foram quatro professores que atuam no Projeto Segundo Tempo SESC-Taguatinga-Sul, os quais responderam a um questionário para coleta de dados para a pesquisa. 3.3 Materiais O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionário (anexo I) com dez questões abertas e uma questão fechada. Nas questões fechadas, apresenta-se ao respondente um conjunto de alternativas de resposta para que seja escolhida a que melhor representa sua situação ou ponto de vista (GIL, 1999), mas de acordo com o questionário o respondente tem a opção de deixar em branco ou responder. As questões abertas, apresentam-se a pergunta e deixa-se um espaço em branco para que a pessoa escreva sua resposta sem qualquer restrição (GIL, 1999). Vejo como vantagem às questões abertas e a de não obrigar o respondente a enquadrar sua percepção em alternativas preestabelecidas e, também permiti respostas mais prolongadas e interessantes, proporcionando maiores informações sobre a dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita. 34 Ao utilizar questões abertas e fechadas os respondentes sentiram-se mais à vontade para responder o questionário, pois o número de respondentes era mínimo, ou seja, apenas quatro, por ser um Projeto que se iniciava, os respondentes opinaram por responder um questionário ao invés de entrevista, por causa da insegurança ao responder diretamente as perguntas em uma entrevista. Na concepção de GIL (1999): O questionário é definido como a técnica de investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo por objetivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, situações vivenciadas etc. A vantagem do questionário é que os informantes podem respondê-lo, no momento sem interferência do pesquisador. A linguagem utilizada para o questionário foi clara e objetiva, com vocabulário adequado ao nível de escolaridade dos informantes. O questionário foi aplicado a um número pequeno de informantes (quatro professores). Primeiramente, mostrei o questionário, fiz uma leitura breve, depois perguntei se gostariam de responder. Todos os quatro professores participaram, e relataram que é mais fácil para responder do que uma entrevista, por causa do tempo. Fiquei aguardando o término do questionário em outro ambiente, por isso não tive contato na hora que responderam. Através da pesquisa qualitativa obtive informações acerca do tema do Trabalho de Conclusão de Curso dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita. 35 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO As respostas apresentadas pelos professores foram analisadas individualmente e tabuladas e apresentaram os seguintes resultados: Tabela 1 – Resposta dos professores sobre definição de dislexia. No de Respostas professores Distúrbios neurológicos das habilidades de leitura e de escrita. É um distúrbio de leitura que causará um distúrbio de escrita. TOTAL % 3 75% 1 25% 4 100 % A tabela indica que a maioria dos professores define, a dislexia de acordo com Associação Brasileira de Dislexia (ABD), isto é, distúrbios neurológicos das habilidades de leitura e de escrita, enquanto apenas um professor a definiu como um distúrbio de leitura que causará um distúrbio de escrita, ou seja, o fato de deparar com alguns desses sintomas não advertir fundamentalmente que a criança seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Os professores foram questionados se reconhecem uma criança disléxica; a maioria disse que sim e apenas um disse que não. Tabela 2- características apontadas pelos professores a respeito do aluno disléxico. No de Respostas Dispersão professores para o desenvolvimento das atividades problemas de compreensão, recusa para desenvolver as propostas. 36 % 1 25% Dificuldade na compreensão de texto, dispersão com muita facilidade, troca de letras. Dificuldade em 1 25% 1 25% Não respondeu 1 25% TOTAL 4 100% transcrever do quadro traçado das letras, confunde direita e esquerda. Auto-estima baixa, dificuldade em leitura devido às trocas, e trocas na escrita pelos fonemas surdos e sonoros. Nota-se que a maioria dos professores são capazes de reconhecer alunos com quadro de dislexia e, que as características apresentadas estão coerentes com que diz os teóricos a respeito do assunto, ou seja, os professores citaram algumas características, mais enfatizo que há outros fatores a serem observados. De acordo com Martins (2003): Erros por confusões na proximidade espacial; confusões de letras simétricas; confusão por rotação; inversão de palavras; confusões por proximidade articulatória e seqüelas de distúrbios de fala; omissões de grafemas; omissões de sílabas; acumulação e persistência de seus erros de soletração ao ler e de ortografia ao escrever; confusão entre letras; inversões parciais, etc. Os professores foram questionados se a escola que leciona tem cursos de capacitação sobre as dificuldades da criança em sala de aula e todos disseram que sim. Tabela 3 – Tipos de curso de capacitação, apontados pelos professores. No de Respostas professores Palestra com fonoaudiólogas. % 1 25% 1 25% 1 25% Curso de capacitação não. Porém temos grupos de estudo com leituras que informam sobre determinadas questões relacionadas à dificuldades. Capacitação em matemática. 37 A escola trabalha com o acompanhamento individualizado sobre as dificuldades que surgem no 1 25% 4 100% decorrer do ano letivo. TOTAL De acordo com a tabela, constata-se que os professores têm diferentes de capacitação. Portanto, nota-se que os cursos que foram colocados como resposta, também são voltados para a área em estudo (dislexia), Porém o Projeto Segundo Tempo -Sesc Taguatinga-Sul, poderia proporcionar cursos básicos sobre dislexia, ou seja, workshop do curso básico, promover jornada de dislexia, simpósio. De acordo com a ABD (Associação Brasileira de Dislexia, 2000): Os cursos devem ser, mas direcionados para as dificuldades de aprendizagem dos alunos e, com uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica. Essa equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, oftalmologista e outros, conforme o caso e necessidade. Tabela 4 – Fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita. No de Respostas professores % Problema de compreensão 4 100% Legibilidade da letra 1 25% Soletração perfeita 0 0% Excessivas fixações do olho na linha 1 25% Orienta-se no espaço (direita / esquerda) 3 75% Repetições de sílabas, palavras ou frases. 2 50% Nesta questão os professores poderiam indicar mais de uma resposta. Os dados apresentados indicam que a maioria dos professores sabem quais os fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita das crianças, ou seja, têm uma visão geral, a maioria dos professor indicou os problemas de compreensão, ou seja, correto, pois o aluno com dislexia tem dificuldade em compreensão, por causa 38 do fraco desenvolvimento da memória. Apenas um professor colocou que são as excessivas fixações do olho na linha, correto, pois o disléxico fixar o olho na linha o tempo todo; enquanto dois professores responderam que o que influência na aprendizagem e as repetições de sílabas, também esta correta, porque os disléxicos fazem confusão de sílabas, palavras com grafias similares, ou frases. Somente um professor respondeu que é a: legibilidade da letra, ou seja, incorreto, pois o disléxico não tem letra legível e sim ilegível dificultando o entendimento. Porém a maioria ressaltou que é a orienta-se no espaço (direita / esquerda), enfoco que essas crianças com dislexia são incapazes de orientar-se com propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Ninguém respondeu soletração perfeita, pois a questão é incoerente, porque a criança disléxica conhecer as letras isoladamente, e não como um todo. Portanto os fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita são: problemas de compreensão, ilegibilidade da letra, soletração defeituosa, excessivas fixações do olho na linha, não se orientar no espaço direita-esquerda, repetições de sílabas, palavras ou frases. Respostas corretas: problema de compreensão, excessivas fixações do olho na linha e repetições de sílabas, palavras ou frases. Mas com base na pergunta, um dos fatores que influenciam também é quando a criança escreve com letra ilegível, isto dificulta as correções feitas pelos professores e pelo próprio aluno e também a soletração defeituosa, ou seja, faltando letras. Segundo Condemarin (1986), a soletração defeituosa ocorre quando o aluno: “reconhece letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então lê a palavra sílaba por sílaba, ou ainda lê o texto palavras por palavras “. Freqüentemente, os disléxicos são incapazes de se orientar com propriedade no espaço e de aprender a noção de direita e esquerda. Geralmente a criança não consegue situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olha outra criança Condemarin (1986). 39 Tabela 5 – Fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprender. No de Respostas professores % Ambiente propício à aprendizagem, lúdico, com abertura para atender as necessidades de todos os alunos que 1 25% Maturidade cognitiva, afetiva, motora. 1 25% Respeito pelo ritmo individual de cada aluno. 1 25% 1 25% 4 100% compõem a sala. Toda criança já nasce com capacidade de aprender, ela é inata ao ser humano. TOTAL As respostas apresentadas na tabela 5 mostram quais os fatores que os professores consideram essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprender. É interessante notar que nenhuma resposta foi repetida por mais de um professor. De acordo com Martins (2003): “O primeiro fator essencial para o desenvolvimento da capacidade de aprender é motivar os alunos e o próprio aluno querer aprender, ter interesse, atenção, compreensão, participação e expectativa de aprender a conhecer, a fazer, a conviver e a ser pessoa. O segundo fator é o desenvolvimento de aptidões cognitivas e procedimentais; aprender métodos e técnicas de estudo para garantir a capacidade de auto-aprendizagem. O terceiro fator é a aprendizagem de conhecimentos ou conteúdos, ou seja, a construção de um currículo escolar é fundamental para que o aluno desenvolva sua compreensão do ambiente natural, social e também da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade”. Tabela 6 – Como os pais são envolvidos no trabalho educativo. No de Respostas professores De acordo com as orientações recebidas pelos 40 1 % 25% especialistas da área, serão colaboradores e guardiões da auto-estima dessas crianças. Como auxiliares no processo e incentivadores. Os pais devem ser orientados a acompanhar o ritmo de cada 1 25% Realizando um trabalho de parceria com a escola. 1 25% Não respondeu 1 25% criança não demonstrando ansiedade no processo. De acordo com as respostas dos professores, os pais são envolvidos no trabalho educativo dos alunos. Bessa e Afonso (2004): “recomendam uma atenção individualizada em que se respeite o ritmo de aprendizagem da criança e em que se evite a aprendizagem pelo erro. Mas também os pais são orientados para auxiliar os filhos nas atividades em casa, e também para aumentar a auto-estima. E jamais esquecer que a criança com dificuldade na leitura e na escrita são inteligentes e criativas, basta ajudá-las por meio do reconhecimento por tudo que ela faz”. Os professores foram questionados se existe tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita e todos disseram que sim. Tabela 7 – Tipos de tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita, de acordo com os professores. No de Respostas professores Treino, paciência, repetições necessárias, etc. % 1 25% 1 25% 1 25% 1 25% Acompanhamento de profissional especializado, orientando a escola e família, sempre é uma parceria positiva no tratamento dessas dificuldades. Um acompanhamento direcionado ao aluno, com atividades que trabalhem a vivência, a realidade e individualidade de cada. Dependerá de qual dificuldade que necessitará de tratamento. Algumas trocas podem ser trabalhadas num 41 consultório fonoaudiológico. TOTAL 4 100% As respostas apresentadas pelos professores indicam que os professores conhecem a forma correta para o tratamento de crianças com dificuldades na leitura e na escrita. Segundo a ABD (2000): “O primeiro ano de alfabetização, poderá ocorrer um quadro de risco, ou seja, não poderá ser confirmada a dislexia, mas também não se descarta outro fator. Pode-se sugerir um acompanhamento e fazer uma observação mais cuidadosa, até pode-se diagnosticar com mais precisão após a alfabetização.” Tabela 8 – Visão dos professores sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita No de Respostas % professores Pré-silábico e silábico. 1 25% O que leva o aprendiz à construção do código lingüístico 1 25% Reprodução dos traços básicos da escrita. 1 25% Tenta escrever respeitando a quantidade e variedade de 1 25% 4 100% não é o cumprimento de uma série de tarefas ou o conhecimento das letras e das sílabas, mas uma compreensão do funcionamento do código. letras. TOTAL As respostas fornecidas pelos professores estão coerentes e de acordo com os teóricos (Davis, Ellis, Condermarin), portanto entender-se que os professores conhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita. De acordo com Ferreiro (2004): “Na fase 1, início dessa construção, as tentativas das crianças dão-se no sentido da reprodução dos traços básicos da 42 escrita com que elas se deparam no cotidiano. O que vale é a intenção, pois, embora o traçado seja semelhante, cada um "lê" em seus rabiscos aquilo que quis escrever. Desta maneira, cada um só pode interpretar a sua própria escrita, e não a dos outros. Nesta fase, a criança elabora a hipótese de que a escrita dos nomes é proporcional ao tamanho do objeto ou ser a que está se referindo. Na fase 2, a hipótese central é de que para ler coisas diferentes é preciso usar formas diferentes. A criança procura combinar de várias maneiras as poucas formas de letras que que é capaz de reproduzir. Nesta fase, ao tentar escrever, a criança respeita duas exigências básicas: a quantidade de letras (nunca inferior a três) e a variedade entre elas, (não podem ser repetidas). Na fase 3, são feitas tentativas de dar um valor sonoro a cada uma das letras que compõem a palavra. Surge a chamada hipótese silábica, isto é, cada grafia traçada corresponde a uma sílaba pronunciada, podendo ser usadas letras ou outro tipo de grafia. Há, neste momento, um conflito entre a hipótese silábica e a quantidade mínima de letras exigida para que a escrita possa ser lida. A criança, neste nível, trabalhando com a hipótese silábica, precisa usar duas formas gráficas para escrever palavras com duas sílabas, o que vai de encontro às suas idéias iniciais de que são necessários, pelo menos três caracteres. Este conflito a faz caminhar para outra fase. Na fase 4 ocorre, então a transição da hipótese silábica para a alfabética. O conflito que se estabeleceu - entre uma exigência interna da própria criança ( o número mínimo de grafias ) e a realidade das formas que o meio lhe oferece, faz com que ela procure soluções. Ela, então, começa a perceber que escrever é representar progressivamente as partes sonoras das palavras, ainda que não o faça corretamente. Na fase 5, finalmente, é atingido o estágio da escrita alfabética, pela compreensão de que a cada um dos caracteres da escrita corresponde valores menores que a sílaba, e que uma palavra, se tiver duas sílabas, exigindo, portanto, dois movimentos para ser pronunciada, necessitará mais do que duas letras para ser escrita e a existência de uma regra produtiva que lhes permite, a partir desses elementos simples, formar a representação de inúmeras sílabas, mesmo aquelas sobre as quais não se tenham exercitado.” 43 Tabela 9 – Procedimentos para orientar os alunos com dislexia. No de Respostas professores Atenção especial ao aluno; reforço positivo, colocar o aluno na área central da sala bem próximo ao professor. Nunca orientei um aluno com tal problema % 1 25% 1 25% 1 25% 1 25% 4 100% Desenvolver um trabalho com o objetivo do letramento, isto é, capacitar ao aluno para a leitura e a escrita em todos os aspectos. Não evidenciar a dificuldade do aluno não deixando ele participar de atividades. Assinalar as trocas ajudando-os a percebê-las e efetivar as devidas correções. Durante o tratamento o aluno não poderá ser penalizado pelas trocas. TOTAL De acordo com as respostas apresentadas na tabela 9, verifica-se que alguns professores orientam os alunos com dislexia adequadamente, seguindo a forma correta, porém ainda devem utilizar outras metodologias mais apropriadas. Segundo Marchesan e Domingues (2004): “Divida trabalhos longos em pequenas partes; conteúdos de ensino; use enigmas para descrever objetos; seu conhecimento, só deve se avaliado por respostas orais; cuidado com o material escrito: cabeçalho, letras claras, uso de desenhos e diagramas e menos uso de palavras escritas; uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor auxilia a velocidade da forma ortográfica da palavra; solicitar que repita sempre que possível a ordem ou conteúdo com suas próprias palavras, isso ajuda na memorização, regras escritas, devem separadamente, etc.” 44 ser dadas com muita fixação e Tabela 10 – Método eficaz para os alunos com dificuldade de aprendizagem. No de Respostas professores Desconheço. % 1 25% 1 25% 1 25% 1 25% 4 100% Levar o aluno a observar, a perceber, descobrir e refletir sobre o mundo e interagir com o seu semelhante através do uso funcional de linguagens. Cada criança tem uma história. Penso que primeiro temos que conhecer todo o universo dessa criança para assim mediarmos uma situação de aprendizagem. Aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver e aprender a ser. Devemos ser capacitados a estar e agir assim. TOTAL Com base nas respostas apresentadas na tabela 10, os professores sugerem alguns métodos eficazes. Entretanto, não existe um único método eficaz, mas sim diversos métodos que podem ser adaptados para uma melhor aprendizagem. A ABD (2004), afirma que: “Não há nenhuma linha de tratamento que seja considerada “a melhor” ou “única”. O importante é a aceitação e adaptação do próprio disléxico à linha adotada pela profissional e o próprio relacionamento com ela. O que podemos dizer é que como a principal característica dos disléxicos, é a dificuldade da relação entre a letra e o som (fonema-grafema), na terapia deveria se enfatizado o método fônico. Devemos também treinar a memória imediata à percepção visual e a auditiva. É sugerido que se adote, multisensorial, cumulativo e sistemático. Ou seja, deve se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo que é vivenciado concretamente.” 45 Tabela 11 – Modelos convencionais do ensino que estão mudando. No de Respostas professores % Já não era sem tempo, pois como professora apenas sou o canal. Precisa-se haver trocas de experiências 1 25% 1 25% 1 25% 1 25% 4 100% constantes para que haja crescimento. Acho que sim, na minha visão, a educação bancária (Paulo Freire), vem perdendo espaço para uma educação mais humanística. Com isso, o professor vem enxergando o aluno de uma forma mais completa e global. Os professores têm demonstrado abertura para deixarem o papel de dono do conhecimento para serem aprendizes como os seus alunos. Sim, mas ainda existe um grande número de professores distantes dos processos. TOTAL De acordo com as respostas apresentadas na tabela 11 pode-se observar que os professores não responderam com clareza sobre os modelos convencionais do ensino que mantêm distantes professores e alunos. Conforme Martins (2003): “A escola e a família são instituições ainda muito conservadoras. Nisso, por um lado, não há demérito, mas às vezes também não há mérito. No Brasil, muitas escolas utilizam procedimentos do século XVI, do período jesuítico como a cópia e o ditado. Nada contra os dois procedimentos, mas se que tenham uma fundamentação pedagógica e que valorizem a escrita criativa do aluno, decerto, terão pouca repercussão no seu aprendizado. Isso acontece também com as pedagogias. Tivemos a pedagogia tradicional, a escolanovista, piagetiana, vigostky e já falamos em uma pedagogia pós-construtivista com base na teoria de Gardner. Umas cuidam plenamente de um aspecto do aprendizado como o conhecimento, mas se descuidam completamente da capacidade cognitiva e metacognitiva, interesse e necessidades dos alunos. Seja como for, o importante é que os docentes tenham conhecimentos dessas pedagogias e possam criar modelos 46 alternativos para que haja a possibilidade de o aluno aprender a aprender, ou seja, ser capaz de descobrir e aprender por ele mesmo, ou, em colaboração com outros, os procedimento, conhecimento e atitudes que atendam às novas exigências da sociedade do conhecimento.” Com base, no atendimento pedagógico observa-se que muitos alunos haviam reprovado na alfabetização, portanto, procurei informações que julgasse necessário para um trabalho em parceria – escola, família, SESC. Observei que três alunos tinham dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, então descobrir que era dislexia, depois de ter feito contato com os pais, escola e pessoas capacitadas em diagnóstico em dislexia. Por falta de informações sobre dislexia, os professores da escola pública não sabiam que essas crianças eram disléxicas, ou seja, nem sabiam o que era dislexia. Com isso, ficou um clima desagradável entre os professores da escola com os do Projeto. Além de identificar o problema de rendimento escolar, que foi percebido no Projeto Segundo Tempo, também procurei ajuda especializada. A qual nos orientou a direcionar o atendimento há essas crianças. Utilizamos métodos didáticos para sanar as dificuldades dos alunos, procurando envolvê-los em trabalhos de grupos, dinâmicas, brincadeiras, enfim, atividades para desenvolver as dificuldades de aprendizagem. Num processo de atendimento especializado por meios de projetos específicos que tragam benefícios aos adolescentes e tornem as atividades prazerosas e ricas em seu conteúdo. De acordo com os resultados dos questionários, enfatizo que os professores do Projeto Segundo tempo do SESC Taguatinga Sul, conhecem as dificuldades da leitura e da escrita dos seus alunos, mas necessitam de cursos de capacitação para lidar com tais dificuldades. 47 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A palavra impressa representa símbolos sonoros que, por sua vez, são representativos da experiência pessoal. A partir do domínio destes símbolos, a criança é capaz de se expressar por meio da escrita. Qualquer obstáculo nessa trajetória poderá significar uma dificuldade ou interferência na aprendizagem e no desenvolvimento da linguagem. A dificuldade de aprendizagem merece a atenção dos professores, pois são eles em primeira instância que poderão identificar a dificuldade do aluno e, ao constatar que o problema é estável, encaminhá-los aos especialistas. Todavia, os professores não devem apenas aguardar que os especialistas tentem resolver sozinhos esta questão. O professor é aquele com melhores condições de conhecer a realidade do aluno e manter o contato mais próximo, tendo acesso direto ao seu desenvolvimento intelectual e cognitivo. Esta pesquisa demostrou que, a maioria dos professores do Projeto Segundo Tempo SESC - Taguatinga Sul têm conhecimento sobre a definição da dislexia (distúrbios neurológicos da leitura e da escrita) e que todos deles indicam que conhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita. Assim sendo, a hipótese de que: “as metodologias empregadas pelos professores indicam que, desconhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita” foi negada. Alguns professores do Projeto Segundo Tempo SESC - Taguatinga Sul afirmam ainda que: o processo de aquisição é pré-silábico e silábico; que o que leva o aprendiz à construção do código lingüístico não é o cumprimento de uma série de tarefas ou conhecimento das letras e das sílabas, mas uma compreensão do funcionamento do código; que a reprodução de traços básicos da leitura; e que tenta escrever, respeitando a quantidade e variedade de letras. Conclui-se então que: a dificuldade na leitura e na escrita é um processo progressivo que merece uma ação contínua do especialista e do professor do Projeto Segundo Tempo SESC- Taguatinga Sul, para que, a criança seja integrada ao processo de formação do conhecimento. O fato de os professores conhecerem este processo indica que a formação profissional destes está no caminho certo, podendo, entretanto ser fortalecida, pois esta pesquisa indica alguns pontos fracos no conhecimento deste tema pelos 48 professores, ou seja, em relação à questão 04 deixou a desejar, pois alguns professores mostraram que não sabem todos os fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita das crianças. Com isso, creio que os conhecimentos adquiridos serviram-nos como suporte para a prática pedagógica. Portanto, acredito que é preciso que os professores sejam envolvidos com a desmistificação das relações sociais, que tenham clareza teórica para instigar o profissional que é passivo de erros, e que busque subsídios adequados para compreender como ensinar os alunos disléxicos. 49 6. REFERÊNCIAS 1. Associação Brasileira de Dislexia. Disponível em: <http//site.www.dislexia.com.br. Acesso em: 2000. 2. BESSA, Fátima; AFONSO, Rosa. Dislexia – qual é o papel dos pais?. Disponível em: <http://www. Batina.com/magnata/dislex.htm>. Acesso em: março 2004. 3. CAFALANGE, Selene. Dislexia...Ou Distúrbio da Leitura e da Escrita?.Disponível em: <http//www.eduk.com.br. Acesso em: 18 abril 2004. 4. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. 10. ed. São Paulo: Scipione, 1997. 5. CONDERMARIN, Mabel. Dislexia: Manual de leitura corretiva. Porto Alegre: Artes Médicas, 1986. 6. CONSTITUIÇÂO: República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, Centro Gráfico, 1998. 7. DAVIS, Ronalde D. (Ronald Dell), 1942- O Dom da dislexia: por que algumas das pessoas nais brilhante não conseguem ler e como podem / Ronalde D. Davis com Eldon M. Braun; tradução de Ana Lima e Gracia Badaró Massad. – Rio de Janeiro: Rocco, 2004. 8. DOMINGUES, Wanderley M.; MARCHESAN, Ceny. Dislexia: indicadores preditivos para as faixas pré-escolar e escolar. Disponível em: <http://www. caripsicologia.com.br/artigo30.htm>. Acesso em: 29 abril 2004. 9. FERREIRO, Emilia. O processo de construção da escrita e da leitura. Disponível em: <http//centrorefeducacional.pro.br/contribu.html>. Acesso em: out. 2004. 50 10. FRAUCHES, Celso da Costa. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília: Ilape, 2003. 11. GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 5. ed. São Paulo: Atlas, 1999. 12. LUDKE, Menga. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São Paulo: EPU, 1986. 13. MARTINS, Vicente. Dislexia. Disponível em: http://sites.uol.com.br/vicente.martins. Acesso em: 13 fev. 2003. 14. MARUNY Curto, Lluís. Escrever e ler: como as crianças aprendem e como o professor pode ensina-las a escrever e a ler/ Lluís Maruny Curto< Maríbel Ministral Morillo e Manuel Miralles Teicidó; tradução Ernani Rosa.-Porto Alegre: Artmed, 2000. 15. MORAIS, António Manuel Pamplona. Distúrbios da aprendizagem: uma abordagem psicopedagógica. São Paulo: Edicon, 1997. 16. NUNES. Terezinha. Dificuldade na Aprendizagem da Leitura: teoria e prática. São Paulo: Cortez, 1992. 17. PINHEIRO, Angela Maria Vieira. Leitura e Escrita: Uma Abordagem Cognitiva. Editorial Psy, Campinas/São Paulo: 1994. 18. ZACHARIAS, Vera Lúcia. A aprendizagem da leitura e escrita. Disponível em: <http://www.centrorefeducacional.pro.br/difaprleit.htm>.Acesso em: 10 maio2004. 51 ANEXO Prezado Professor, A realização de uma pesquisa como trabalho final de curso impõe a necessidade de saber a opinião dos professores sobre “Dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita”. Portanto, solicito a gentileza dos colegas, pra responderem ao presente questionário. Agradeço a colaboração, desde já. 1. Qual a sua definição de dislexia? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 2. Você reconhece uma criança que apresenta um quadro de dislexia? ( ) sim ( ) não Aponte algumas características desse quadro. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 3. A escola em que você leciona tem curso de capacitação sobre as dificuldades da criança em sala de aula? ( ) sim ( ) Não Cite alguns. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 52 4. Quais desses fatores que influenciam na aprendizagem da leitura e da escrita das crianças? ( ) legibilidade da letra ( ) problema de compreensão ( ) soletração perfeita ( ) excessivas fixações do olho na linha ( ) orienta-se no espaço (direita/esquerda) ( ) repetições de sílabas, palavras ou frase 5. Quais são os fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprender? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 6. Como os pais dos alunos, com dificuldade na leitura e na escrita, são envolvidos no trabalho educativo? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 7. Existe para você tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita? ( ) sim ( ) não Se existe explique de que forma. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 8. De acordo com a Emília Ferreiro, o processo de aquisição da leitura e da escrita envolve algumas fases. Aponte pelo menos 2 (duas) delas? ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 53 9. Ao orientar os alunos com problema de dislexia os procedimentos adotados são: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 10. O método mais eficaz para os alunos com dificuldade de aprendizagem (dislexia) é: ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 11. Os modelos convencionais do ensino, que mantêm distantes professores e alunos, estão mudando? Dê sua opinião. ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 54