Atrás do cliente de passagem, franquias buscam expansão em
lojas de bairro
BOL Notícias - segunda-feira, 05 de outubro de 2015
Seção: Economia / Autor: Márcia Rodrigues
Márcia Rodrigues
Colaboração para o UOL
5àSec (lavanderias): investimento inicial a partir de R$ 395 mil (inclusos custos
de instalação + taxa de franquia + capital de giro); faturamento mensal a partir
de R$ 45 mil, com lucro de 25% a 30% (R$ 11.250 a R$ 13.500); prazo de retorno
do investimento previsto em 44 meses
Para fugir do aluguel alto e atrair os clientes vizinhos, que estão "de passagem", algumas
redes de franquia têm apostado em lojas de bairro, nas ruas, em vez de nos shopping
centers. Esta é a estratégia de negócio das redes Cacau Show, Óticas Carol, Emagrecentro,
5àSec e SPA das Sobrancelhas.
Lojas de rua franqueadas integram o movimento Compre do Pequeno, organizado pelo
Sebrae (Serviço de Apoio à Micro e Pequena Empresa) com apoio da ABF (Associação
Brasileira de Franchising), em comemoração ao Dia do Empreendedor (5). A iniciativa busca
incentivar o consumo nos pequenos negócios. Embora contem com marcas conhecidas,
muitas franquias são tocadas por pequenos empreendedores.
A Cacau Show tem, atualmente, 1.850 lojas. Aproximadamente 70% estão localizadas nas
vias públicas. Dos 150 estabelecimentos da Óticas Carol, 70% também estão na rua. Na
Emagrecendo, das 130 unidades, apenas 5% ficam nos shopping centers.
Na rede 5àSec, das 430 unidades, 373 estão nas ruas, outras 35, em shoppings e
supermercados e 22 em galerias. No SPA das Sobrancelhas, ao todo são 340 lojas. Desse
total, 108 ficam na rua, 25 em shoppings e salas comerciais e 89 em galerias.
Loja de bairro tem tratamento mais pessoal
A escolha do ponto depende do público-alvo, de acordo com os representantes das redes.
"Uma loja de bairro possibilita atender o cliente pelo nome e dar um tratamento mais
pessoal a cada um que entra no estabelecimento. E isso vem ao encontro com o espírito do
brasileiro, que é bastante comunicativo e gosta do calor humano", diz Ronaldo Pereira, dono
da Óticas Carol.
Para o empresário, o conforto é o atrativo das lojas que estão perto da casa do consumidor.
"Com o crescente problema de mobilidade urbana de São Paulo, poder resolver tudo sem
sair da região onde mora ou trabalha, sem ter de pegar o carro e enfrentar o trânsito, é
muito bom."
Tendência predomina nas áreas de alimentação e beleza
Segundo Filomena Garcia, especialista em franquias e colunista do UOL, a inauguração de
mais lojas nas ruas é uma tendência do mercado de franquias e tem funcionado como um
modelo de expansão mais abrangente. "A ideia é não depender da construção de mais
centros de compras para a rede começar a crescer."
De acordo com ela, a estratégia predomina nas áreas de alimentação, beleza e saúde e
serviços. "A opção é atrativa para as redes que têm um modelo de negócio e experiência
com o comércio de rua. Para lojas âncoras, por exemplo, os shoppings continuam sendo a
melhor alternativa."
Arlan Roque, gerente de expansão da Cacau Show, afirma que a estratégia de vendas para
shopping e rua são diferentes. "Temos que levar em consideração que os shopping têm
regras estabelecidas, que fazem com que as ferramentas de vendas sejam diferentes. Por
isso, são realizadas ações distintas que proporcionam equilíbrio entre os dois perfis."
Falta de segurança e de estacionamento são pontos fracos
Para Percival Maricato, presidente da Abrasel (Associação Brasileira de Bares e
Restaurantes), a falta de segurança é um dos pontos negativos para se manter um comércio
de rua. Além disso, a redução de espaço para se estacionar também vem causando um
certo desconforto para o consumidor, na opinião dele, e atraindo um público que deseja
mais conforto para os shoppings centers.
Para Pereira, das Óticas Carol, a vantagem de abrir franquia nos bairros é o valor do imóvel.
Segundo ele, o valor do aluguel e condomínio é mais barato num bairro. "O que em um
bairro custaria R$ 100, no centro sairia por R$ 200 e em um shopping por R$ 300, por
exemplo", diz.
Sérgio de Carvalho Júnior, diretor de expansão da 5àSec, estima que o aluguel de uma loja
de shopping pode custar até 25% mais caro do que na rua. "Além da locação já ser mais
cara, há um fundo de propaganda, o que encarece ainda mais o negócio."
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