1 A EFICÁCIA DA ACUPUNTURA NO TRATAMENTO DOS PONTOS GATILHO Alessandro Pinto1 [email protected] Dayana Priscila Maia Mejia2 Pós-graduação em Acupuntura – Faculdade Ávila Resumo A base de tratamento da Acupuntura é o reequilíbrio energético através de canais que se encontram distribuídos no organismo humano por onde passa a energia vital. O tratamento é feito através de inserção de agulhas introduzidas nos pontos os quais estão localizados nos canais energéticos também chamados meridianos. A dificuldade em tratar pontos gatilhos está no fato de que eles geralmente enviam os sintomas para algum outro local longe do ponto, porém, a maior parte dos tratamentos convencionais é baseada na hipótese de que a causa da dor será encontrada no local da dor. Desta forma, o presente estudo tem como objetivo analisar o efeito da acupuntura tradicional sobre os níveis de dor de pontos gatilhos. Palavras-chave: Dor, pontos gatilhos, acupuntura. 1. Introdução A acupuntura é uma técnica milenar originada na China Imperial que consiste na inserção de agulhas em pontos determinados que causam melhora da dor e do estado geral do indivíduo. O tratamento é feito através de inserção de agulhas introduzidas nos pontos os quais estão localizados nos canais energéticos também chamados meridianos. Pela teoria da acupuntura, todas as estruturas do organismo se encontram em equilíbrio pela atuação das energias Yin e Yang, um desequilíbrio, gera doença. A arte da acupuntura visa, através da sua técnica, estimular os pontos reflexos que tenham a propriedade de restabelecer o equilíbrio, alcançando assim, resultados terapêuticos e diminuindo o quadro álgico para uma melhor qualidade de vida e retorno às atividades diária do indivíduo. O tratamento de pontos gatilhos foi desenvolvida pelos médicos David Simons e Janet Travell. Posteriormente, a especialista em condicionamento físico Bonnie Pruden, ao fazer avaliação dos pacientes para tratamento de pontos gatilhos, percebeu que obtinha alívio das dores dos pacientes através da pressão com os dedos nos pontos gatilhos, não havendo necessidade de injetar substâncias químicas. Simons e Travell descrevem um ponto gatilho como um nódulo pequeno, contraído, no tecido muscular. Um ponto gatilho afeta um músculo mantendo-o contraído e fraco. Ao mesmo tempo, um ponto gatilho mantém uma forte contração nas fibras musculares que estão diretamente conectadas a ele. Por sua vez, estas bandas de fibras musculares esticadas mantém uma tensão constante nas ligações musculares, produzindo, geralmente, sintomas nas juntas adjacentes. A tensão constante nas fibras do ponto gatilho restringe a circulação na sua área próxima. Isso causa o acúmulo de subprodutos do metabolismo, tais como a privação de oxigênio e de nutrientes necessários para o metabolismo, podendo perpetuar pontos gatilhos por meses ou mesmo anos, até que uma intervenção ocorra. 1 Pós graduando em Acupuntura. Orientadora: Fisioterapeuta, especialista em Metodologia do Ensino Superior, Mestranda em Bioética e Direito em Saúde. 2 2 2. Revisão Bibliográfica Acupuntura Para Aguiar et al., (2003), acupuntura é um sistema profilático, diagnóstico e terapêutico fundamentado na teoria e prática da circulação energética e suas conseqüências/relações com seres vivos. Através da polaridade (Yin/Yang) e os cinco movimentos; o método terapêutico visa à regulação e equilíbrio dos organismos vivos através da estimulação de pontos específicos situados nos meridianos ou canais de energia. A acupuntura visa à terapia e cura das enfermidades pela aplicação de estímulos através da pele, com a inserção de agulhas em pontos específicos chamados acupontos. Trata-se também de uma terapia reflexa, em que o estímulo de uma área age sobre outra(s). Para este fim, utiliza, principalmente, o estímulo nociceptivo (SCHOEN,1993). A maioria dos pontos de acupuntura localiza-se próximos aos nervos periféricos ou de suas bifurcações, junções neuromusculares, vasos sangüíneos, ligamentos e linhas de sutura do crânio; na face os pontos são distribuídos ao longo das terminações do nervo trigêmeo ou do facial. Foi observado que há correspondência de 80% entre os locais dos pontos de Acupuntura e tecido conectivo intra ou intermuscular (ZHAO et al., 2005). Na literatura científica, correlações entre acuponto e mecanismos de ação da acupuntura têm sido feitos com elementos do processo inflamatório, em especial, aspectos neurogênicos. A acupuntura pode ter efeitos diretos na regulação periférica da liberação de mediadores do processo inflamatório e da dor, levando a uma redução da liberação periférica de substância P (ZHAO e ZHU, 1992). Além dos efeitos analgésicos, a acupuntura apresenta uma ampla diversidade de efeitos: relaxante muscular, sedativo/hipnótico, anti-emético, ansiolítico, antidepressivo (leve), antisecretor (de ácido clorídrico), anti-adição, antiinflamatório, indutor de imunidade, facilitador na reabilitação após acidente vascular cerebral e estimulante da reparação e cicatrização tecidual (OLIVEIRA e MIN, 2007). Segundo Zhao et al., (2005), provavelmente os sinais mecânicos originados no ponto de acupuntura induzem efeitos como: expressão de genes, síntese de proteínas e alterações na matriz extracelular. Essas alterações em torno da agulha podem influir nas outras estruturas compartilhadas pela matriz do tecido conectivo como: aferentes sensitivos, fibroblastos, células imunológicas e vasculares. Para ativar os nociceptores são necessários estímulos de tração ou distorção, frio-calor e substâncias químicas liberadas a partir da lesão tecidual, tais como: prostaglandinas, leucotrienos, ácido aracdônico, bradicininas, íons H+, histaminas e substância P (RAJ, 1996). Os efeitos neurobiológicos da acupuntura, que atua também sobre os neurotransmissores relacionados com a dor e a depressão, qualificam o método como útil e adequado na terapêutica da dor crônica. Entretanto, não deve ser considerado como tratamento único para todas as síndromes dolorosas, destacando-se a necessidade de escolher a técnica mais eficaz de estimulação de pontos-gatilho ou o meio de modulação do sistema endógeno supressor da dor para obter os melhores resultados. A acupuntura tem sido indicada para o tratamento de diversas condições dolorosas, e a sua eficácia nas dores musculoesqueléticas crônicas tem sido comprovada, visto que os resultados da acupuntura são comparáveis aos de outros métodos, apresentando vantagens significativas (SANCHEZ et al., 2004). Pontos-gatilho: definição 3 O termo ponto-gatilho foi criado por Simons e Travell nos anos 1950. O termo é usado para áreas limitadas de consistência mais firme nos músculos. Eles são dolorosos à palpação e podem conduzir à sensação de dor distante da fonte (dor referida). Os pontos-gatilho são caracterizados por uma resposta de contração muscular local (sinal de jump) do músculo durante o agulhamento ou infiltração da área do ponto-gatilho. Freqüentemente, este fenômeno é induzido através da palpação profunda. Um ponto-gatilho é causado pela concentração dos sarcômeros em uma fibra muscular. Um nó ou um disco de concentração formado por diversas fibras musculares é relativamente fácil de palpar. As partes restantes da fibra muscular esticam-se e formam uma faixa mais contraída de músculo (faixa tensa) que é igualmente de fácil palpação. Os pontos-gatilho crônicos mostram uma alteração histológica nos discos Z. A eletromiografia (EMG) releva atividade aumentada na região do ponto-gatilho sem detectar atividade do motoneurônio α. Epidemologia De acordo com estudos de Raspe (1993), a prevalência de dor lombar ao longo da vida, na Alemanha, é de mais de 80%, conseqüentemente, a prevalência, isto é, presença de dor lombar e no momento do questionário, é de aproximadamente 35%. Mais da metade de todos os tratamentos realizados por ortopedistas e 25% daqueles realizados por outros profissionais da saúde são para lombalgia. Outros estudos mostraram que 25% de todos os pacientes de dor lombar respondem por 95% dos gastos financeiros relacionadas a distúrbios musculoesqueléticos (WEBSTER, 1994). Acredita-se que as despesas totais relacionadas a distúrbios musculoesqueléticos atinjam 1% do produto interno bruto nos Estados Unidos (YELIN, 1990). Os gastos financeiros totais na Alemanha com incapacidade devido à dor lombar eram de 17 bilhões de euros em 1998 (BOLTEN, 1998). Entretanto, seria errado acreditar que as queixas diversas de pacientes com dor lombar são causadas por problemas estruturais graves. Ao contrario, sintomas refratários são induzidos freqüentemente por nada mais do que tensão muscular em combinação com má postura e disfunção secundaria dos movimentos articulares. Isso é frustrante para o paciente e para o terapeuta e, finalmente, resulta no encerramento do tratamento convencional com medicamentação e fisioterapia. As taxas de curas espontâneas para síndromes de dor miofacial aguda são altas (mais de 90%), mas as taxas de recidiva também são extremante elevadas. Como resultado, as doenças recidivantes freqüentemente se transformam em síndromes de dor miofacial crônica. Fisiologia Muscular A tensão muscular de repouso esta ligada diretamente a atividade do sistema nervoso simpático. A atividade simpática aumentada sempre causa hipertonicidade muscular e os músculos relaxados não mostram nenhuma atividade elétrica no EMG (BASMAJIAN, 1957). É importante distinguir entre tônus viscoelástico e atividade contrátil (MENSE, 1998). O tônus viscoelástico é influenciado pelo deslizamento das miofibrilas entre si (ETTLIN e KAESER, 1998) e diminui durante os movimentos principais (WALSH, 1992). A maior parte das mudanças no tônus muscular esta associada a uma mudança na atividade elétrica. Em principio, o tônus muscular é regulado pelos neurônios y. Os receptores de alongamento nos feixes musculares respondem às mudanças do comprimento com um reflexo monossináptico; esticar induz, conseqüentemente, uma atividade aumentada dos motoneurônios α. Durante a contração ou repouso, não esperam-se sinais aferentes nos feixes musculares. Sinais eferentes dos motoneurônios y estimulam pequenas fibras musculares intrafusais dentro do feixe muscular, de modo que o feixe muscular se contrai. Isto leva a um aumento no tônus 4 muscular. Para proteger o músculo de uma ruptura traumática, existem receptores de alongamento especiais nos órgãos do tendão de Golgi; estes são estimulados durante o alongamento passivo rápido ou contração ativa excessiva do músculo e conduzem a uma redução no tônus muscular pela inibição do reflexo dos motoneurônios α. Existem diversos fatores que podem alterar o tônus de repouso de um músculo. A dor afeta o tônus dos músculos circunvizinhos. Se a causa da dor esta no próprio músculo, os motoneurônios α não demonstram nenhuma atividade elétrica. Entretanto, se a dor resulta dos reflexos segmentares, como a dor visceral ou a dor artrogênica, isto freqüentemente leva a um aumento do tônus dos músculos circunvizinhos (MENSE et al., 2001). A tensão emocional também leva a um aumento no tônus muscular e isso é freqüentemente, restrito a determinadas regiões da circunferência do ombro (MAURERGROELI, 1978). Os fatores climáticos, tais como frio e a umidade, também causam aumento no tônus muscular. Fisiopatologia da Dor Miofascial As síndromes da dor miofascial geralmente têm inicio com um estiramento único ou repetitivo de um músculo, tal como estiramento agudo ou, em casos raros, em resposta a um trauma direto numa região especifica do músculo (SIMONS et al., 1999). As síndromes da dor miofascial são encontradas freqüentemente nos paciente que executam movimentos repetitivos, geralmente movimentos do braço e da Mao, enquanto mantêm uma postura desfavorável do corpo ANDERSEN et al., 1995). Os indivíduos mais afetados são os músicos, aqueles que trabalham em computador, trabalhadores de linhas de produção industriais e atletas para os quais os movimentos repetitivos causam problemas (GROSJEAN et al., 1990). A contração do músculo é provocada basicamente por um potencial de ação no motoneurônio do corpo anterior. O potencial de ação causa a abertura dos canais iônicos na membrana pré-sináptica da junção neuromuscular (placa motora terminal) e o influxo de íons de Ca++ nos terminais do nervo. Isto resulta na liberação de acetilcolina na fenda sináptica, que por sua vez, conduz a abertura dos canais iônicos na membrana pós-sináptica da fibra muscular e a criação de um novo potencial de ação que se espalha sobre toda a superfície da fibra muscular. O resultado é despolarização da membrana sarcoplasmática e a liberação de íons Ca++dos compartimentos de armazenamento no citosol, fazendo, assim com que a fibra muscular se contraia. A menor unidade contrátil é o sarcômero, onde as moléculas de actina e de miosina deslizam entre si e as cabeças de miosina ligam-se firmemente a actina na presença do carreador de energia ATP. A liberação das cabeças de miosina dos filamentos de actina exige mais energia. Na ausência de ATP, as cabeças de miosina não podem ser liberadas das actinas e, assim, formar uma área de rigidez. De acordo com a teoria da crise de energia, as áreas de rigidez que persistem em determinados locais no músculo são a base fisiopatológica da disfunção miofascial (SIMONS et al., 1999). A teoria da crise de energia, em combinação com os resultados de estudos histológicos e eletromiográficos nos pontos-gatilho, fornece a melhor explicação para os fenômenos observados. Entretanto, uma resposta definitiva não é possível atualmente. A hipótese da placa motora terminal, referida por Simons et al., (1999), ainda não é totalmente suportada pelas evidencias atuais. São necessários estudos adicionais. O desenvolvimento de síndrome de dor miofascial é sempre causado pelo uso excessivo, agudo ou crônico, do músculo afetado e pode ser induzido por luxação e estiramento. Teoricamente, dois padrões diferentes de lesão são possíveis: 1. Primeiro, ocorre à disfunção das placas terminais. Isto conduz a uma liberação continua de pequenas quantidades de acetilcolina na fenda sináptica. No motoneurônio α não 5 aparece nenhum potencial de ação. A liberação da acetilcolina causa despolarização permanente da membrana pós-sináptica da fibra muscular. Este potencial de ação é registrado como uma atividade elétrica espontânea da placa terminal (HUBBARD e BERKOFF, 1993). 2. Segundo, de acordo com observações mais recentes, uma lesão local no músculo pode conduzir a um dano traumático do reticulo sarcoplasmático e, assim, a uma liberação aumentada de íons de Ca++. Foi observada determinada distancia entre a placa terminal e o disco de contração, ou o nó de contração, e esta anomalia foi levantada por Pongratz (1997) como a causa dos subseqüentes processos fisiopatológicos. O conseqüente potencial de ação se espalha em todas as direções sobre a membrana da fibra muscular e alcança o reticulo sarcoplasmático dentro da fibra por meio dos túbulos transversais (túbulos T). Isto resulta na liberação permanente de íons de Ca++. Também se discute sobre uma fenda no reticulo sarcoplasmático como causa fisiopatológica da formação do ponto-gatilho. Uma placa terminal danificada ou um compartimento de íon cálcio danificado causa contratura permanente dos sarcômeros. Isto consome grandes quantidades de cálcio e de ATP. Assim, diversos sarcômeros contraídos causam nós ou discos de contração e a combinação de discos e nós de contração de uma fibra muscular forma, então, um pontogatilho palpável. As partes restantes das fibras musculares afetadas ficam esticadas e dão forma a uma faixa tensa palpável. O alongamento das fibras musculares afetadas causa estrangulamento dos capilares e, então, isquemia do músculo todo. A depleção ATP quando há demanda aumentada de ATP causa uma crise de energia da seção do músculo envolvido. Isto é realçado pela hipóxia, com queda na pressão parcial de oxigênio para zero no pontogatilho. A hipóxia danifica as mitocôndrias e realça, assim, a deficiência orgânica da placa terminal. A falta de energia impede o deslocamento de filamentos de actina e de miosina, criando uma área rígida. A hipoxemia e a crise de energia do músculo causam a liberação de substancias vasoneuroativas, tais como a bradicinina, a serotonina, a histamina e a substancia P, o que resulta em hiperemia na região que o cerca o ponto-gatilho. A permeabilidade vascular aumentada cria um edema local associado à congestão venosa reativa da estase e do influxo nas arteríolas. Isto realça ainda mais a isquemia dentro do ponto-gatilho. A transição entre os metabolismos aeróbicos e anaeróbicos causa acidose no tecido, o que, por sua vez, conduz a sensibilização e a estimulação dos nociceptores musculares. A liberação de substancias vasoneuroativas leva a ativação do sistema nervoso simpático. A atividade simpática aumentada conduz a liberação aumentada da acetilcolina e, assim, potencializa a disfunção da placa terminal. Os mecanismos patológicos mencionados anteriormente são realçados pelos fatores que resultam da condição do paciente: falta de exercício, junto coma insuficiência de fluxo nos capilares dos músculos e formação precária das mitocôndrias, promovendo um ciclo vicioso. A principio todos os fatores que aumentam o tônus muscular conduzem ao estrangulamento dos capilares. A miogelose, por sua vez, interfere na função dos nervos motores e, portanto, possui um efeito negativo direto na capacidade funcional da placa terminal (BOGDUK e JULL, 1985). Recentemente, o tratamento da fáscia ganhou uma atenção maior, especialmente devido à avaliação osteopática. De acordo com Paoletti [28], as fáscias são estruturas de tecidos conjuntivos básicos que interconectam todos os sistemas do órgão. Especialmente nos músculos, existem estruturas fasciais que contem elementos contrateis. Para o corpo conseguir um aproveitamento otimizado, os músculos são adotados de uma fáscia espessa, de maneira a proporcionar o suporte postural. As fáscias são capazes de receber a tensão do músculo e manter o tônus desejado. Assim, o corpo é capaz de manter sua postura durante longos períodos de tempo com menor uso possível da energia (SCHWIND, 2003). 6 A miogelose crônica dos músculos contendo pontos-gatilho leva a reestruturação da fáscia e dos músculos sob a forma de esclerose do tecido conjuntivo. Isto tem conseqüências terapêuticas consideráveis. Portanto, a manipulação manual ou o tratamento apenas dos pontos-gatilho não é suficiente para liberar a região articular. Dessa maneira, as retrações fasciais precisam ser tratadas ao mesmo tempo (RICHTER e HEBGEN, 2006). Cronificação das Síndromes da Dor Miofascial O tratamento de pontos-gatilho agudos no contexto de uma lesão em curto prazo por uso excessivo geralmente não traz nenhum problema. Após o tratamento dos pontos-gatilho, os sintomas desaparecerão completamente. Somente as síndromes de dor miofascial crônicas trazem dificuldades terapêuticas consideráveis. A sensibilidade periférica no ponto-gatilho já foi descrita (SIMONS et al., 1999). O influxo continuo de sinais nociceptivos no corpo posterior conduz a uma alteração do tipo bloqueio nos neurônios da medula espinhal. A reorientação dos interneurônios, por sua vez, leva a sensibilização do primeiro ou segundo neurônio de projeção no corpo posterior. O neurônio que possui uma faixa de ação mais abrangente (neurônio WDR) emite sinais nociceptivos ao tálamo através da via ascendente no trato espinotalâmico anterior. Aqui, a transmissão do sinal é feita através das cápsulas interna e externa do sistema límbico e de lá ao córtex cerebral. O reagrupamento também ocorre no cérebro, com alteração nas zonas da projeção dos músculos afetados (ou regiões do corpo) e com representação exagerada, causando uma mudança no mapa da mente. Freqüentemente ocorre alteração no sistema descendente inibidor da dor. É através desses mecanismos que um distúrbio originalmente nociceptivo periférico evolui de segmentar para regional e, finalmente, para um distúrbio de dor sistêmica. A última condição interfere consideravelmente no dia-a-dia porque o paciente apresenta mudanças na percepção da dor e, freqüentemente, desenvolve também estratégias desfavoráveis para lidar com ela. A integração desse distúrbio em um modelo biopsicossocial da doença (EGLE et al., 1999) não é difícil somente para o paciente, mas igualmente para o medico que freqüentemente aceita facilmente o conceito do paciente da doença, que enfatiza o padrão típico causa-e-efeito. Deve-se considerar igualmente que estratégias desfavoráveis para lidar com o problema, tais como a sensação de desamparo e de desespero (HASENBRING, 1999) e insatisfação no ambiente de trabalho (THALI et al, 1993), são fatores predisponentes importantes para resultados desfavoráveis no tratamento. Entretanto, é essencial que todo o conceito terapêutico multimodal para esse distúrbio de dor miofascial crônica inclua a terapia do ponto-gatilho. Considerações Básicas da Terapêutica Para tratar corretamente os pontos-gatilho, o músculo afetado deve ser adequado ao sistema de tensão miofascial. Este sistema foi descrito por Richardson e Jull et al.(1999). Neste sistema, a camada interna profunda do músculo representa a estrutura osteoligamentar que é essencial para a estabilidade segmentar. A camada externa superficial é formada, em sua maior parte, pelos músculos longos, multiarticulares, que funcionam primeiramente como músculos motores. Entre essas duas camadas esta uma camada de músculos responsáveis pelo equilíbrio e a estabilidade segmentar ativa. Músculos locais como os espinhais são exemplos de camada profunda: músculo rotador, músculo multifido, músculo longo do pescoço e músculo reto da cabeça. Os membros superiores incluem os membros infra-espinhais e supraespinhais, o músculo subescapular, o músculo redondo menor e, nos membros inferiores, os músculos vastos mediais e o músculo poplíteo. Exemplos de camada intermediária são: músculo obliquo externo, músculo multifido, músculo deltóide e os músculos vastos laterais, 7 intermediários e mediais. Exemplos do funcionamento global e dos músculos multiarticulares da camada superficial são os músculos retos abdominais, músculo esternocleidomastóideo, músculos escalenos, músculo trapézio, músculo latíssimo do dorso, músculo bíceps braquial (cabeça longa), músculo reto femoral e músculo bíceps crural. A relevância clinica desta subdivisão é obvia. O treinamento dos músculos locais é altamente recomendado para prevenir instabilidades segmentares. Estudos tem demonstrado seu efeito a longo prazo no contexto de programas de reabilitação para a redução de dor recorrente (HILDES et al. 2001). O desconforto nos músculos locais é, muitas vezes, acompanhado por queixas osteomusculares. As disfunções dos músculos multiarticulares são associadas, freqüentemente, com as queixas muscularesesqueleticas agudas, porém com menos freqüência com queixas crônicas (HIRAYAMA et al, 2001). Freqüentemente, existe uma atividade previa associada com a contração muscular. Este tipo de músculo tem uma tendência para atrofia muscular com redução extrema na circunferência muscular. Em comparação, os músculos locais mostram redução nas fibras tipo I, neste caso a circunferência dos capilares e das fibras é claramente reduzida enquanto a porção de tecido adiposo e conjuntivo é aumentada. O exame clínico deste grupo de músculos envolve a tensão voluntaria seletiva submáxima. No caso dos músculos monoarticulares globais, os testes de função do músculo são executados para força, resistência e equilíbrio, enquanto os músculos multiarticulares globais são testados para sensibilidade do alongamento, testes de provocação e equilíbrio muscular e pelo teste das estruturas neurais. Exame e Terapia de Ponto-gatilho Específico A ferramenta diagnóstica mais importante é, em primeiro lugar, pensar na possibilidade de que os pontos-gatilho podem estar presentes. Os pontos-gatilho são indicados por queixas características do paciente, em que as zonas d sobreposição da projeção de diferentes pontosgatilho exigem que o terapeuta seja extremamente conhecedor de anatomia e fisiologia. Os pontos-gatilho são encontrados freqüentemente no centro do ventre do músculo. A palpação unidigital, ou palpação com indicador e polegar (preensão em pinça), fornece rapidamente a orientação. Uma resposta de contração muscular local do músculo pode, freqüentemente, ser provocada na área do ponto-gatilho, e esta resposta é acompanhada por radiação característica da dor para as zonas de projeção do ponto-gatilho. Freqüentemente, os pontos-gatilho satélites correspondentes também estão presentes, e estes também devem ser tratados. Há muitas opções para o tratamento de pontos-gatilhos. Agulhamento a seco é o método mais eficaz (GUNN, 1996); envolve a inserção de uma acupuntura diretamente no nó da contração e a manipulação da agulha tipo rotação como ventilador a fim de provocar respostas de contração muscular local. Essas respostas são induzidas opor tanto tempo quanto necessário para inativar o ponto-gatilho, o que pode ser confirmado pela palpação, uma vez que o nó de contração tenha dissolvido. O agulhamento a seco é seguido pelo alongamento direcionado do músculo. As técnicas de alongamento devem ser demonstradas ao paciente e sugeridas como exercícios para serem feitos em casa para prevenir recidivas. No caso da tensão crônica, é essencial o uso da fascioterapia utilizando as técnicas da medicina manual. É recomendado que qualquer disfunção articular – fonte de reincidências dos pontos-gatilho – seja tratada do mesmo modo por técnicas manuais. O agulhamento úmido, isto é, a injeção terapêutica de anestésico local, geralmente não é necessária e não oferece nenhuma vantagem sobre o agulhamento seco porque seu efeito não depende do anestésico local. A principio, outros métodos terapêuticos, tais como a liberação miofascial, a massagem do acuponto combinada com a compressão isquêmica, ou a 8 estimulação nervosa elétrica transcutânea pontual (PuTENS), podem ser empregados (DEJUNG et al., 2001). Menos apropriadas são as eletroterapias ou uso de TENS. O ultimo método, entretanto, é de grande valor no contexto do tratamento da dor generalizada nas síndromes de dor miofascial. Acupuntura versus Terapia de Pontos-Gatilho Uma explicação das diferenças entre acupuntura e terapia de pontos-gatilho é essencial e útil para os profissionais de saúde e para o público. Infelizmente, alguns praticantes da acupuntura utilizam uma versão modificada da definição dos pontos de acupuntura, que poderiam também ser definidos como pontos-gatilho. Isso cria confusão em termos de adequação do tratamento, que pode ter conseqüências negativas quando o cliente tem que decidir qual profissional de saúde deve tratar o seu problema e qual o tratamento adequado. Belgrade (1992) relata que “pontos sensíveis são pontos de acupuntura e com freqüência podem ser escolhidos para tratamento”. Em outras palavras, Belgrade utiliza um dos principais critérios de definição de um ponto-gatilho para definir também um ponto de acupuntura. O problema fica ainda mais confuso quando se considera que a estimulação de pontos-gatilho com agulhas, (HONG, 1994) um dos principais tratamentos para pontosgatilho miofasciais, pode ser feita com agulhas de acupuntura. É então necessária uma distinção clara entre pontos de acupuntura e pontos-gatilho miofasciais. A acupuntura é um sistema tradicional da medicina chinesa praticado há mais de 2000 anos (ELLIS et al., 1991). De alguma maneira, os antigos chineses perceberam certas áreas sensíveis da pele (pontos sensíveis) quando havia deficiência de um órgão, um músculo ou uma função. Também observaram que essas áreas sensíveis eram as mesmas, ou semelhantes, em todas as pessoas que apresentavam o mesmo distúrbio. Alem disso, as áreas sensíveis variavam grandemente de acordo com o desvio da função normal do órgão ou do músculo. Foi nesse ponto que algumas das relações entre os diversos órgãos internos ou músculos e suas funções foram observadas e estabelecidas (STUX et al., 1987). A acupuntura foi introduzida no Ocidente no século XVII por missionários jesuítas mandados a Pequim. Nos anos de 1940, o sinólogo e diplomata francês Soulie de Morand publicou seus volumosos escritos sobre acupuntura (O´CONNOR, 1981). Nos EUA, foi introduzida no final dos anos 1960. Desde então, acupunturistas ocidentais licenciados utilizam a acupuntura principalmente para o alivio da dor e outros problemas clínicos. Melzack et al. ( 1977) encontraram 71% de correlação entre os pontos-gatilho e os pontos de acupuntura para tratamento da dor. A conclusão de Melzack foi que os pontos-gatilho e os pontos de acupuntura têm o mesmo mecanismo neuronal. Entretanto, novas descobertas de que os fenômenos de pontos-gatilho se originam na proximidade de brotos terminais disfuncionais negam essa afirmação. Melzack (1981) em um estudo posterior define a acupuntura e a estimulação de pontos-gatilho com agulhas como técnicas diferentes. Apesar das semelhanças de localização dos pontos de acupuntura e dos pontos-gatilho, o profissional e pesquisador objetivo devem reconhecer as diferenças. Essas diferenças definem os pontos de acupuntura e os pontos-gatilho como duas entidades clínicas completamente diferentes, com possíveis coincidências de localização (KOSTOPOULOS, 1998). Há diferenças de definição e fisiopatológicas entre pontos-gatilho e pontos de acupuntura. Os pontos de acupuntura clássica são identificados como pontos precisos ao longo de meridianos definidos por antigos documentos chineses (STUX et al., 1987). Uma exceção são pontos fora dos meridianos e os pontos “ashi”. Por outro lado, pontos-gatilho miofasciais podem ser encontrados em qualquer ponto do ventre do músculo, e há evidencias de que o mecanismo fisiopatológico esteja relacionado com botões terminais disfuncionais 9 (TRAVELL e SIMONS, 1999). O rigor cientifico requer que sejamos claros na distinção entre um ponto-gatilho e um ponto de acupuntura. Uma intervenção clínica muito eficaz para o tratamento da síndrome de dor miofascial é a estimulação dos pontos-gatilho com agulhas. Embora utilize uma agulha de acupuntura, essa intervenção é diferente da acupuntura em seu fundamento e na forma de aplicação. É importante compreender que esses dois tratamentos são muito diferentes e sua aplicação clínica exige treinamentos diferentes. A estimulação de pontos-gatilho com agulhas é praticada por médicos e fisioterapeuta com treinamento adequado. Classificação dos Pontos-Gatilho Miofasciais Há varias maneiras de classificar pontos-gatilho miofasciais. Ponto-gatilho ativo: Um ponto-gatilho miofascial ativo produz dor sem compressão digital. É muito sensível a palpação, produz o padrão de dor referida característico do músculo, com compressão isquêmica ou sem ela, limita a flexibilidade do músculo, produz fraqueza muscular e provoca uma reação de espasmo a compressão ou a estimulação com agulha. Ponto-gatilho latente: Um ponto-gatilho miofascial latente é em geral assintomático – não causa dor espontânea. Entretanto, é sensível a palpação, pode produzir um padrão de dor referida somente com a aplicação de compressão isquêmica, limita a flexibilidade do músculo, produz fraqueza muscular e pode provocar uma reação de espasmo à compressão ou a estimulação com agulha. Pontos-gatilho miofasciais latentes podem existir em músculos durante anos após a recuperação de uma lesão. Um ponto-gatilho ativo que nunca foi tratado, ou que foi tratado de maneira inadequada, pode se tornar latente em uma fase crônica. Pontos-gatilho latentes podem ser reativados por microtraumatismos ou por macrotraumatismos. Ponto-gatilho satélite: Pontos-gatilho satélites podem se desenvolver no mesmo músculo do ponto-gatilho primário (principal), em outros músculos em padrão de dor referida do ponto-gatilho primário ou em músculos sinérgicos. O ponto-gatilho satélite em geral se resolve com a resolução do ponto-gatilho principal, sem qualquer intervenção adicional. Em seu texto mais recente, Simons e Travell (1999) fazem distinção entre ponto-gatilho central e ponto-gatilho de junção. Ponto-gatilho central: Um ponto-gatilho miofascial central tem relação estreita com os botões terminais disfuncionais, e localiza-se próximo do centro das fibras musculares. Ponto-gatilho de junção: Um ponto-gatilho de junção é um ponto-gatilho na junção musculotendinosa e/ou na inserção óssea do músculo, identificando a entesopatia causada por tensão continuada característica da faixa tensa produzidas por um pontogatilho central. Estimulação de Pontos-Gatilho com Agulhas A técnica de estimulação dos pontos-gatilho com agulhas consiste na inserção e manipulação repetida de uma agulha fina e flexível em um ponto-gatilho para produzir uma resposta de espasmo local, provocando relaxamento muscular. Travell e Simons (1983) em Myofascial Pain and Dysfunction: The Trigger Point Manual, declaram que há diversas formas de tratar pontos-gatilho, incluindo spray e alongamento, compressão isquêmica, injeção de soro fisiológico ou aplicação de um anestésico local, e estimulação com agulha. A estimulação com agulha requer máxima 10 precisão e maior numero de repetições. Há diversos estudos fornecendo evidencias que a estimulação com agulhas é mais eficaz que outras técnicas, incluindo anestésicos locais. Em 1979, Lewit 1999) em um estudo publicado em Pain, mostrou a eficácia da estimulação com agulhas. Frost et at. 1986) mostraram que a injeção de soro fisiológico em um ponto –gatilho é mais eficaz que a injeção de um anestésico local. Sugeriram que não era a substância injetada, mas a estimulação com a agulha em si que produzia esses resultados. A inserção da agulha no local provoca a estimulação de um arco reflexo. Como o tecido no final do arco era o músculo, ele relaxava. Assim, o relaxamento do músculo era obtido por meio de um arco reflexo espinal. Em um estudo clínico de 58 pacientes com pontos-gatilho miofasciais na parte superior do músculo trapézio, a estimulação com agulhas dos pontos-gatilho mostrou-se tão eficaz quanto à injeção de lidocaína a 0,5% na redução da intensidade da dor, na diminuição da sensibilidade do músculo na algometria de pressão e no aumento da amplitude de movimentos cervicais (HONG, 1994). A estimulação dos pontos-gatilho com agulhas produziu uma incidência maior de dor local após o tratamento. Hong et at., (1996) entretanto, enfatizaram a importância de se provocar uma resposta de espasmo local durante a aplicação de agulhas ou de injeções. O mecanismo da produção de relaxamento muscular e alivio da dor na estimulação com agulhas parece ser segundo Fischer, o rompimento da nodularidade do tecido (FISCHER, 1987). Gunn (1996) sustenta que há uma liberação de histamina, que provoca irritação local e relaxamento do músculo. Na opinião de Ingber (1991), o mecanismo de ação é de diminuição da rigidez do músculo tratado por meio de um fenômeno elétrico. A diminuição da rigidez aumenta a flexibilidade do músculo, que pode ser mantido com exercícios de alongamento miofascial. A vantagem da estimulação com agulhas sobre as outras técnicas é que conseguimos uma amplitude de movimentos total indolor no momento do tratamento (resposta imediata). O método também melhora a sensação sinestésica, porque podemos mostrar imediatamente ao paciente a amplitude de movimentos total, sem dor, o que é o objetivo último do tratamento miofascial. Outras vantagens da estimulação com agulhas são ausência de reações alérgicas, diminuição do risco de hematomas e tratamento de músculos profundos próximo de feixes neurovasculares. A desvantagem é que a técnica é dolorosa e pode deixar a região dolorida após o tratamento. A estimulação de pontos-gatilho com agulhas é um procedimento invasivo, que deve ser aplicado somente por profissionais autorizados para esse tipo de pratica. A estimulação com agulhas não deve ser confundida com acupuntura. Contra-indicações da Terapia de Pontos-Gatilho Miofasciais Quando os pacientes têm um dos problemas que se seguem, a terapia de pontos-gatilho miofasciais pode estar contra-indicada: Neoplasia: quando um grupo de células cancerosas pode invadir os tecidos circundantes ou se disseminar para áreas distantes do corpo, a terapia manual pode, de modo geral, ser contra-indicada, dependendo do tipo e da área do tumor. Feridas abertas na área de aplicação da terapia de pontos-gatilho: o tecido pode ficar mais irritado com a aplicação da terapia de pontos-gatilho e exercícios de alongamento miofascial. Arteriosclerose grave: com freqüência mostra seus efeitos em primeiro lugar nas pernas e nos pés. As artérias podem se estreitar, diminuindo o fluxo sanguíneo progredindo em alguns casos para obstrução total (oclusão) dos vasos. As paredes vasculares ficam menos elásticas e não podem se dilatar para permitir um fluxo 11 sanguíneo maior quando necessário. Compressão e alongamento excessivos podem provocar a formação de coágulos. Aneurisma: parece um saco de sangue conectado ao vaso por uma passagem estreita. Todos os tipos de terapia manual são contra-indicados. Hematoma subdural: distúrbio cerebral que envolve um acúmulo de sangue no espaço entre as meninges que envolvem o cérebro. Os sintomas em geral se desenvolvem em um período curto após um traumatismo craniano. A terapia manual é muito intensa nesses estados. Tratamento anticoagulante: pacientes que estão tomando cumarínicos ou heparina podem desenvolver equimoses com a aplicação da terapia de pontos-gatilho. Deve-se obter consentimento do médico e do paciente antes da aplicação da técnica. Osteoporose avançada: os ossos perdem cálcio e fósforo, os minerais que os tornam resistentes. Os ossos se tornam menos densos. Com tecidos frágil e diminuição das trabéculas, os ossos sofrem fratura com facilidade. Essa doença é, com freqüência, chamada de doença silenciosa, porque podem ocorrer fraturas sem aviso e quando são menos esperadas. Se a terapia de pontos-gatilho e os exercícios de alongamento foram muito intensos, podem ocorrer fraturas. Metodologia A pesquisa será de caráter exploratório e observacional. Segundo Oliveira (2002), uma pesquisa exploratória tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. O método de pesquisa utilizado será a pesquisa bibliográfica, que, de acordo com o mesmo autor, é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. A pesquisa bibliográfica gera subsídios para melhor compreensão do assunto e assim aproximar teoria e prática. O levantamento bibliográfico ocorrerá consultando artigos de periódicos nacionais, internacionais e eletrônicos no sistema Medline, Scielo entre outros, utilizando os seguintes descritores: acupuntura, pontos-de-gatilho, tratamento, história da acupuntura, efeitos da acupuntura. Conclusão O ponto gatilho miofascial é a causa, o sintoma e o diagnóstico-padrão para a patologia, sendo também a resposta terapêutica das diferentes modalidades e não tem sido apropriadamente avaliada. O exame desta síndrome é difícil e o diagnóstico é basicamente clínico. Tem sido demonstrado que acupuntura ou agulhamento seco de um ponto-gatilho miofascial resulta em alívio imediato da dor relacionada com pontos-gatilho miofasciais, e que o agulhamento profundo tem efeitos significativamente superiores do que o agulhamento superficial e do que nos chamados "pontos de Acupuntura" da medicina tradicional chinesa. O agulhamento em pontos-gatilho miofasciais produz grande ativação de receptores polimodais sensibilizados, resultando em alívio da dor, por hiperpolarização, além de acionar mecanismos antinociceptivos endógenos, como o portão medular de controle da dor, bem como antinocicepção supra-segmentar descendente. Há diferenças de definição e fisiopatologia entre pontos-gatilho e pontos de acupuntura. Pontos fora dos meridianos são denominados pontos “ashi”. Por outro lado, pontos-gatilho miofasciais podem ser encontrados em qualquer ponto do ventre do músculo. No entanto, Estudos de alta qualidade científica irão certamente cada vez mais assoalhar os caminhos para a concordância do uso da acupuntura em benefício do paciente que padece de dor crônica assim como de outros distúrbios funcionais. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGUIAR, D. N. de; SOUZA, J. B. G. de; SOUZA, J. L. de; LUZ, F. G. R. 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