[email protected] - Cidades O Estado do Maranhão - São Luís, 29 de setembro de 2013 - domingo 3 Ubirajá Figueiredo - Comandante do 3º GBM em Imperatriz "Estamos investindo mais na prevenção de acidentes" Comandante do 3º Grupamento de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar, em Imperatriz, o tenente-coronel Figueiredo intensificou as vistorias técnicas no município, uma forma de prevenir catástrofes; quartel recebeu equipamento novo João Rodrigues João Rodrigues Da Editoria de Estado I MPERATRIZ - Desde que reassumiu, em junho deste ano, o comando do 3º Grupamento de Incêndio do Corpo de Bombeiros Militar (3º GBM), em Imperatriz, o tenente-coronel Ubirajá Figueiredo intensificou o trabalho de prevenção na unidade. Nesta nova fase, as vistorias técnicas para prevenir acidentes foram ampliadas. O quartel de Imperatriz também acaba de receber reforço de pessoal, um caminhão ABT (emite espuma) de combate a incêndios, equipado com escada Magirus e uma ambulância. Os dois últimos foram entregues durante o Governo itinerante na Região Tocantina, na última quinta-feira, em solenidade que contou com a presença da governadora Roseana Sarney, do secretário de Estado de Segurança, Aluisio Mendes, e do comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Wanderley Saraiva. O Estado - Quais são as prioridades de seu comando na volta a Imperatriz? Tenente-coronel Ubirajá Figueiredo - Esse meu retorno para Imperatriz foi muito importante, uma vez que quando eu saí daqui, em 2009, foi para me qualificar ainda mais, retornar e prestar serviço de melhor qualidade a comunidade. Naquela época, eu estive em Natal (RN), onde participei de dois cursos e em seguida fui comandar o Grupamento de Atividades Técnicas, em São Luís, por dois anos. Obtive muita experiência. O Estado - O que mudou em sua visão de trabalho após a estada em São Luís? Tenente-coronel Figueiredo - Até então, tinha uma visão voltada para a parte de salvamento e combate a incêndio. Com o comando desse grupamento, nós passamos a verificar o serviço de prevenção, serviço esse que é feito por meio da vistoria técnica. Nós desenvolvemos operações na cidade de São Luís. Agora, estamos dando ênfase ao salvamento aquático e combate a incêndio, mas sem promover a vistoria técnica. Observamos que a cidade tem crescido, principalmente verticalmente. Assim como observei que em São Luís ainda há problemas com o sistema fixo contra incêndio, que às vezes não funcionam adequadamente. O grande problema que se vê são construções erguidas sem que o projeto seja apresentado ao Corpo de Bombeiros. O Estado - Esse é o maior problema constatado nos prédios? Tenente-coronel Figueiredo O grande problema é que é cobrado o plano de combate a incêndio e às vezes a obra já está concluída e o sistema não está adequado. “ Primeiramente teremos apenas três soldados formados aqui e mais a tenente Kátia, que faz parte do grupamento feminino” Tenente-coronel Ubirajá Figueiredo diz que 3º GBM, em Imperatriz, foi ampliado com pessoal e equipamentos de primeira geração Em alguns casos, a possibilidade de se adequar é de 100%. E ainda há casos em que as obras terão que ser demolidas porque não há como fazer correções. O Estado - Diante disso,o que dizer? Tenente-coronel Figueiredo - A gente alerta as empresas que estão em Imperatriz construindo edificações verticais, para que elas façam o projeto, apresentem ao Corpo de Bombeiros, e após aprovado, adquiram o direito de começar a construir. Assim, haverá segurança. O Estado - Não está previsto na legislação que é obrigatória a apresentação desse projeto e construção ao Corpo de Bombeiros? Tenente-coronel Figueiredo - O nosso Código de Segurança contra Incêndio e Pânico (Cocip) reza que o proprietário de qualquer estabelecimento comercial ou residencial tem a obrigação de fazer o projeto. Quando a edificação tiver uma área construída, abaixo de 750 metros quadrados não há necessidade de apresentar o projeto contra incêndio, mas quando for acima ela tem a obrigação de fazê-lo. O Estado - O Código ainda é pouco conhecido para que tanta gente não obedeça a legislação? Tenente-coronel Figueiredo - O Cocip está no site do Corpo de Bombeiro, porém algumas pessoas não têm esse conhecimento. Uma das atividades da área que procuro enfatizar muito bem nesse comando é a comunicação com a imprensa. Se a gente não transmite para a comunidade, ela não sabe o que estamos fazendo. A legislação contra incêndio e pânico é informada, mas às vezes muita gente não tem conhecimento porque, no geral, as legislações são criadas dentro do mundo do direito, mas nem todo mundo tem acesso ao Diário Oficial ou à internet. O Estado - Qual o objetivo da fiscalização em boates e casa de eventos realizada semana passada em Imperatriz? Tenente-coronel Figueiredo - Evitar que ocorra tragédias como ocorreu em Santa Maria (RS), onde pessoas freqüentavam uma casa de eventos, que deveria ser segura. Fizemos um levantamento e observamos que quase todas as casas de eventos de Imperatriz não têm a licença do Corpo de Bombeiros. Às vezes não têm a licença da prefeitura também, mesmo assim estão funcionando. Já repassamos ao Ministério Público o resultado da pesquisa e vamos fiscalizar rigorosamente. O Estado - Quem participou dessa fiscalização? Tenente-coronel Figueiredo - Essa fiscalização seria esta semana, mas devido à solicitação de brevidade achamos por bem adiantarmos. Convidamos outras instituições para participar dessas vistorias porque para um estabelecimento funcionar não depende apenas da licença emitida pelo Corpo de Bombeiros, é necessária, ainda, a licença da Vigilância Sanitária, Meio Ambiente, Defesa Civil e Delegacia de Costumes. Acontece que quando o bombeiro fazia a vistoria o estabelecimento se adequava com a emissão da licença do Corpo de Bombeiros, mas não obtinha as demais. Por isso, achamos por bem solicitar a presença de todos os órgãos. O nosso objetivo não é fechar estabelecimento e nem multar empresário. Nós temos um levantamento de mais ou menos 15 estabelecimentos, que são os maiores. O Estado - Foram sete nessa rodada agora? Tenente-coronel Figueiredo - Foram sete na primeira etapa. Todos os estabelecimentos foram notificados. O prazo estabelecido para a adequação é de, no máximo, 30 dias. Se a gente observa alguma alteração de natureza grave no estabelecimento, ele é interditado. O Estado - Como está a preparação de seu grupamento para o período de queimadas e incêndio florestais? Tenente-coronel Figueiredo - Nós estaremos nas próximas semanas iniciando treinamentos. O tenente Lopes foi enviado a São Luís, onde participou do curso de combate a incêndio florestal e também esteve em treinamento na cidade de Marabá (PA), e já retornou a nosso grupamento. Temos alguns sargentos que foram treinados. Vamos fazer outro treinamento com um a equipe do Exército, que faz parte da Força Nacional. O treinamento consiste em exercícios em altura, treinamento de breque, estrutura adaptável, desmoronamento de algumas edificações, como tirar as vítimas com segurança e como proceder diante desse tipo de ocorrência. A proposta é repassar informações as pessoas para que quanto mais conhecimento elas tiverem mais terão condições de atuar até a chegada do bombeiro com o tempo de resolver uma situação sinistrada. O Estado - Qual será a missão desse bombeiro treinado? Tenente-coronel Figueiredo - Depois de passar por esse treinamento ele terá o conhecimento adequado para trabalhar nessa área e também ajudar na formação, porque às vezes a Po- lícia Militar solicita instrutores ao nosso grupo para que possa passar algumas informações, assim como nós também pedimos instrutores. E também alguns militares que não têm o curso. Já há um compromisso de nosso comandante geral, coronel Vanderley, de criar uma turma específica em Imperatriz. O Estado - Quantos bombeiros há em Imperatriz? Tenente-coronel Figueiredo - Hoje nós estamos com 80 bombeiros militares. Quando cheguei, nós tínhamos 70. O comandante enviou mais 10 homens de São Luís para reforçar essa guarnição de combate a incêndio. E agora nós iniciamos um Curso de Formação de Soldado. Nós temos 15 alunos que são exclusivamente de Imperatriz, deste grupo três são mulheres. Há, ainda, sete alunos de Estreito e 11 de Balsas (uma mulher). O Estado - Imperatriz passa a contar com bombeiro feminino? Tenente-coronel Figueiredo - O Corpo de Bombeiro de São Luís já tem um corpo feminino e que trabalha direto na linha de combate, na parte de resgate, de salvamento, combate a incêndio e atendimento pré-hospitalar. Essa turma que está sendo formada em Imperatriz também.