Teresópolis AGENDA 21 COMPERJ Grupo Gestor: Petrobras Gilberto Puig Maldonado Ministério do Meio Ambiente Karla Monteiro Matos (2007 a junho de 2010) Geraldo Abreu (a partir de julho de 2010) Secretaria de Estado do Ambiente (RJ) Carlos Frederico Castelo Branco Equipe: 4 Coordenação Geral: Ricardo Frosini de Barros Ferraz Coordenação Técnica: Patricia Kranz Redação: Arilda Teixeira Janete Abrahão Kátia Valéria Pereira Gonzaga Patricia Kranz Thiago Ferreira de Albuquerque Pesquisa: Mônica Deluqui e Ruth Saldanha Revisão de conteúdo: Ruth Saldanha Revisão: Bruno Piotto e Fani Knoploch Leitura crítica: Cláudia Pfeiffer Edição de texto: Vania Mezzonato / Via Texto Colaboração: Ana Paula Costa Bruno Piotto Hebert Lima Liane Raposo de Almeida Reis Luiz Nascimento Nathália Araújo e Silva Fomento dos Fóruns: Ana Paula Costa Colaboração: Leandro Quintão Paulo Brahim Roberto Rocco Projeto Gráfi co: Grevy Conti Designers Revisão Gráfi ca: Maria Clara de Moraes Fotos: Ana Paula Costa, Darius Burdun, Flavio Colker, Fran Gambín, Jeinny Solis, Jorge Rosas, Leandro Coutinho, Lena Trindade, Lotus Head, Marcio Kleber, Marco Esteves, Monica Deluqui, Roberto Ferreira, Roberto Rocco e Weliton Slima / Banco de Imagens Petrobras: Beto Paes Leme, Cris Isidoro, Geraldo Falcão e Ismar Ingber Impressão Gráfica Minister MEMBROS DO FÓRUM DA AGENDA 21 DE TERESÓPOLIS 1º setor 3º setor Alex Siqueira Wey - Secretaria Municipal de Educação Alair Veiga de Almeida – Sindicato dos Trabalhadores Administradores Arlete Soares Maia Nunes - Secretaria Municipal de Saúde Jefté Apolo Laet – Secretaria Municipal de Segurança Pública Kleber Cozzolino – Secretaria Municipal de Agricultura Leandro Coutinho da Graça – Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil Lucas Guimarães Homem – Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável Marcus Machado Gomes – Parque Nacional da Serra dos Órgãos Newton Novo - Emater Silvia Pimentel – Secretaria Municipal de Governo Armando de Oliveira Abrantes – Sindicato dos Bancários David Miller – ONG Nascente Isabel Maria Kwiatkowski - Associação dos Usuários da Rodovia BR-116 (Assurb) Luis Penna Franca - RPPNs Maria Luiza Santana Luz – Grupo de Apoio à Criança do Caleme Rita Telles – Movimento Nossa Teresópolis Rosangela Dupont – Feira Agroecológica Rosayni Batalha – Rádio Brasil Rural Zé Waitz – Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos Wagner de Oliveira Fernandes – Câmara Municipal Comunidade 2º setor Adriano Sampaio - Sesc Ana Cláudia Andrade Ribeiro - Projeto Fazendo a Diferença Antônio Merendaz - Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) Armindo Gonçalves Coelho - Associação de Moradores e Amigos Granja Guarani Cristina Lydia – Parque do Lago Élcio Féo - CDL Carlos Antônio Anacleto Raymundo - Associação de Moradores do Castelo Helio José Monteiro Neves - Firjan Manoel Pereira Igor Edelstein - Sincomercio Maria Elena Lomeu - Centro Social São José Jaqueline Baptista - Sebrae Mônica Deluqui – Associação de Moradores do Vale Feliz Luiz Cláudio Ribeiro – Caixa Econômica Federal Nadim Kantara – Conselho Comunitário de Segurança Marcelo dos Santos Selva Nancy Ramaldes Pedro José Ferreira Alves - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis Paulo Rafael de Oliveira - Associação de Moradores da Várzea Sérgio Tendler - Associação de Moradores Libert Green 5 6 Um dos principais empreendimentos da história da Petrobras, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) deverá entrar em operação em 2013. Situado em Itaboraí, vai transformar o perfil socioeconômico de sua região de inf luência. Ciente da necessidade de estabelecer um relacionamento positivo com as comunidades sob inf luência direta de suas operações, a Petrobras, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente, a Secretaria de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e organizações da sociedade civil, desenvolveu uma metodologia para implementar a Agenda 21 Local nos municípios localizados no entorno do Comperj. Em todo o mundo, já foram desenvolvidas mais de 5 mil Agendas 21 Locais, e diversas empresas utilizaram ou utilizam a Agenda 21 em seus processos de planejamento e alinhamento com a sustentabilidade. No entanto, não se conhece experiência anterior que tenha fomentado um processo em escala semelhante, nem que empregue a Agenda 21 como base de política de relacionamento e de comunicação, o que torna esta experiência uma estratégia empresarial inédita. A implementação de Agendas 21 Locais colabora para estruturar modelos sustentáveis de desenvolvimento, ao mesmo tempo em que esclarece o papel de cada setor social nesse processo. Além disso, neste caso, contribui para que os municípios se preparem mais adequadamente para os impactos e oportunidades advindos do desenvolvimento impulsionado pelo Comperj e por outras empresas que se instalarão na região. A Agenda 21 Comperj expressa o compromisso da Petrobras, do Ministério do Meio Ambiente, da Secretaria de Ambiente do Estado do Rio de Janeiro e de todos os demais envolvidos, de promover um desenvolvimento pautado na sustentabilidade no entorno da região em que o Comperj se insere. Esse esforço só foi possível devido à ampla participação de toda a sociedade. Assim, agradecemos a todas as instituições, empresas, associações e cidadãos que, voluntariamente, dedicaram seu tempo e esforços ao fortalecimento da cidadania em seus municípios em busca de um modelo de desenvolvimento que leve qualidade de vida para todos. Estendemos nosso agradecimento também a todas as prefeituras e câmaras de vereadores, ao Poder Judiciário e a outros representantes do Primeiro Setor por sua participação ativa nesse processo. Esperamos que a Agenda 21, fruto de trabalho intenso e amplo compromisso, contribua para a construção de um futuro de paz e prosperidade para esta e as próximas gerações. Transformá-la em realidade é uma tarefa de todos. Grupo Gestor da Agenda 21 Comperj Coordenar um gr upo de pessoas que se reuniram para pensar a melhor forma de forjar um futuro sustentável para a cidade foi uma experiência curiosa, marcante, de um cunho ético que muitos de nós ainda não havíamos experimentado. A Agenda 21 é um Plano de Ação Local que promove iniciativas que equacionem justiça social, eficiência econômica e conservação ambiental. O real significado da Agenda 21 é o uso social e político feito pela sociedade. A construção do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, a Agenda 21, foi um verdadeiro exercício de cidadania. A partir de fatos, dados e experiências surgiam ideias que se somavam a ideais, sempre cerceados pela realidade, o que exigia do grupo uma constante ref lexão com a finalidade de que o presente documento encontrasse respostas de toda a comunidade através de posturas e ações objetivas e eficazes. Realizamos um processo de planejamento integrado e participativo de políticas públicas. O que ficou dessa experiência está além deste documento, porque diz respeito ao empreendedorismo pessoal e incansável de cada pessoa que contribuiu com o seu desejo de transformar a Teresópolis de hoje na cidade do amanhã. Hoje, nossa cidade tem o Fórum da Agenda 21 legalmente instituído que acompanhará a implantação, monitorando e avaliando este documento. Leandro Coutinho da Graça Coordenador do Fórum da Agenda 21 Sumário DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A AGENDA 21 A Agenda 21 Local A Agenda 21 no Brasil 13 14 14 A AGENDA 21 COMPERJ Agendas 21 Locais na região Premissas Organização da sociedade Metodologia Desafios e lições aprendidas 16 16 17 18 18 22 O MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS Um pouco da história de Teresópolis O processo da Agenda 21 Local em Teresópolis 25 26 27 AGENDA 21 DE TERESÓPOLIS Para ler a Agenda Vetores qualitativos e os 40 capítulos da Agenda 21 de Teresópolis Vocação e visão 31 31 32 35 ORDEM AMBIENTAL Recursos Naturais Recursos Hídricos Biodiversidade Mudanças Climáticas 39 40 44 48 52 ORDEM FÍSICA Habitação Saneamento Mobilidade e Transporte Segurança 55 56 60 66 69 ORDEM SOCIAL Educação Educação Ambiental Cultura Saúde Grupos Principais Padrões de Consumo Esporte e Lazer 73 74 79 81 84 88 93 95 ORDEM ECONÔMICA Geração de Trabalho, Renda e Inclusão Social Agricultura Indústria e Comércio Turismo Geração de Resíduos 99 100 108 114 117 120 MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO Ciência e Tecnologia Recursos Financeiros Mobilização e Comunicação Gestão Ambiental 125 126 129 134 136 AÇÕES DA PETROBRAS NA REGIÃO Programas ambientais Projetos sociais 140 140 141 GLOSSÁRIO (SIGLAS) PARTICIPANTES CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS 144 147 152 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL E A AGENDA 21 A sustentabilidade não tem a ver apenas com a biologia, a economia e a ecologia, tem a ver com a relação que mantemos com nós mesmos, com os outros e com a natureza. (Moacir Gadotti) A vida depende essencialmente do que a Terra oferece – água, ar, terra, minerais, plantas e animais. Todavia, há algumas décadas, esses recursos naturais vêm dando sinais de esgotamento ou de degradação, principalmente em função do consumo dos seres humanos, que estão se apropriando de cerca de 20% da produção mundial de matéria orgânica. Como um planeta com recursos em grande parte finitos pode abrigar e prover a crescente população de seres humanos e as demais espécies que nele vivem? Evidências científicas sobre os crescentes problemas ambientais levaram a Organização das Nações Unidas (ONU) a reunir 113 países, em 1972, no primeiro grande evento internacional sobre o meio ambiente – a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento e Meio Ambiente Humano, conhecida como Conferência de Estocolmo. Uma das conclusões do encontro foi que era preciso rever a própria noção de desenvolvimento. Para tanto, foi criada a Comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, que, em 1987, publicou o relatório “Nosso Futuro Comum”, no qual foi consagrado o conceito de “desenvolvimento sustentável”. A Comissão declarou que a economia global, para atender às necessidades e interesses legítimos das pessoas, deve crescer de acordo com os limites naturais do planeta e lançou o conceito de sustentabilidade. “A humanidade tem a capacidade de tornar o desenvolvimento sustentável – de assegurar que ele atenda às necessidades do presente sem comprometer a habilidade das futuras gerações de satisfazer suas próprias necessidades.” Em busca desse novo modelo de desenvolvimento, em 1992 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro e que ficou conhecida como Rio-92. Tratou-se, na época, do maior evento voltado para o meio ambiente até então realizado pela ONU, contando com a representação de 179 nações e seus principais dirigentes. Um dos principais resultados da Rio-92 foi o documento do Programa Agenda 21, que aponta o desenvolvimento sustentável como o caminho para reverter tanto a pobreza quanto a destruição do meio ambiente. O documento lista as ações necessárias para deter, ou pelo menos reduzir, a degradação da terra, do ar e da água e preservar as florestas e a diversidade das espécies de vida. Trata da pobreza 13 “A Agenda 21 Comperj agregou diversos segmentos da sociedade e elencou os fatores fundamentais do desenvolvimento sustentável em sua discussão.” e do consumo excessivo, ataca as desigualdades e alerta para a necessidade de políticas de integração entre questões ambientais, sociais e econômicas. Em seus 40 capítulos, o documento detalha as ações esperadas dos governos que se comprometeram com a Agenda 21 e os papéis que cabem a empresários, sindicatos, cientistas, professores, povos indígenas, mulheres, jovens e crianças na construção de um novo modelo de desenvolvimento para o mundo. A Agenda 21 local Mais de dois terços das declarações da Agenda 21 adotadas pelos governos nacionais participantes da Rio-92 não podem ser cumpridos sem a cooperação e o compromisso dos governos locais. Em todo o documento há uma forte ênfase na “ação local” e na administração descentralizada. Mais precisamente, a ideia da elaboração das Agendas 21 Locais vem do capítulo 28 da Agenda 21, o qual afirma que é no nível local que as ações ocorrem concretamente e, assim, as comunidades que usam os recursos naturais para sua sobrevivência é que podem ser mais eficientemente mobilizadas para protegê-los. A Agenda 21 Local é um processo de elaboração de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento sustentável e de sua implementação por meio da formação de parcerias entre autoridades locais e outros setores, orientando-os rumo ao futuro desejado. O processo de construção de Agendas 21 Locais se inicia com um levantamento dos problemas, preocupações e potencialidades de cada território, seguido da elaboração de um plano local de desenvolvimento sustentável, de forma consensual e com ampla participação de todos os setores da sociedade. A construção das Agendas 21 Locais se dá por meio dos Fóruns de Agenda 21, espaços de diálogo onde representantes de diversos setores da sociedade se reúnem regularmente para acompanhar a construção das Agendas 21 Locais e a viabilização dos Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável. A construção de Agendas 21 Locais é um processo contínuo – e não um único acontecimento, documento ou atividade. Não existe uma lista de tarefas a executar, mas uma metodologia que envolve uma série de atividades, ferramentas e abordagens que podem ser escolhidas de acordo com as circunstâncias e prioridades locais, e que deverão ser constantemente trabalhadas e atualizadas. 14 Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MM A), a Agenda 21 Local é o processo de planejamento participativo de determinado território que envolve a implantação de um Fórum de Agenda 21. Composto por governo e sociedade civil, o Fórum é responsável pela construção de um Plano Local de Desenvolvimento Sustentável (PLDS), que estrutura as prioridades locais por meio de projetos e ações de curto, médio e longo prazos. No Fórum são também definidas as responsabilidades do governo e dos demais setores da sociedade local na implementação, acompanhamento e revisão desses projetos e ações. A Agenda 21 no Brasil O processo de elaboração da Agenda 21 brasileira se deu entre 1996 e 2002, e foi coordenado pela Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável (CPDS). Durante esse período, cerca de 40 mil pessoas em todo o País foram ouvidas, em um processo que valorizava a participação cidadã e democrática. No ano seguinte ao término da sua elaboração, a Agenda 21 brasileira foi alocada como parte integrante do Plano Plurianual (PPA) do governo federal – o que lhe proporcionou maior força política e institucional – e deu-se início à fase de implementação. A Agenda 21 brasileira cita quatro dimensões básicas no processo de construção do desenvolvimento sustentável: Ética – demanda que se reconheça que o que está em jogo é a vida no planeta e a própria espécie humana; Temporal – determina a necessidade de planejamento a longo prazo, rompendo com a lógica imediatista; Social – expressa o consenso de que o desenvolvimento sustentável só poderá ser alcançado por uma sociedade democrática e mais igualitária; Prática – reconhece que a sustentabilidade só será conquistada por meio da mudança de hábitos de consumo e de comportamentos. Assim como nos demais países, a Agenda 21 brasileira não pode ser cumprida sem a cooperação e o compromisso dos governos locais. 15 AGENDA 21 COMPERJ O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), um dos principais empreendimentos da Petrobras no setor petroquímico, está sendo construído no município de Itaboraí, no Estado do Rio de Janeiro. Quando entrar em operação, o complexo agregará valor ao petróleo nacional e reduzirá a necessidade de importação de derivados e produtos petroquímicos. Além disso, atrairá novos investimentos e estimulará a criação de empregos diretos, indiretos e por efeito renda, modificando o perfil socioeconômico da região do leste f luminense. Para mais informações sobre o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, acesse o site www.comperj.com.br Mapa 1: Área de atuação da Agenda 21 Comperj Agendas 21 locais na região O projeto Agenda 21 Comperj é uma iniciativa de responsabilidade socioambiental da Petrobras, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, que formam o Grupo Gestor do projeto. É parte do programa de relacionamento que a companhia está promovendo junto aos 15 municípios localizados nas proximidades do Comperj: Cachoeiras de Macacu, Casimiro de Abreu, Guapimirim, Itaboraí, Magé, Maricá, Niterói, Nova Friburgo, Rio Bonito, Rio de Janeiro, São Gonçalo, Saquarema, Silva Jardim, Tanguá e Teresópolis. Juntos, estes municípios representam uma área de 8.116 km 2 , com mais de oito milhões de habitantes, dos quais seis milhões correspondem à população do município do Rio de Janeiro. 16 O objetivo do projeto é criar e fomentar processos de Agenda 21 Locais, contribuindo para o desenvolvimento sustentável em toda a região e melhorando a qualidade de vida de seus habitantes, hoje e no futuro. O projeto Agenda 21 Comperj foi realizado simultaneamente em todos os municípios participantes, com exceção do Rio de Janeiro. Este município se encontra na fase de Consolidação Municipal (ver Metodologia), devido à complexidade local e aos planos de preparação para a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, ainda em elaboração. A descrição e os documentos gerados em cada etapa podem ser encontrados no site www.agenda21comperj.com.br. Com o lançamento das Agendas e a implementação dos Fóruns Locais em cada município, o projeto é encerrado, e os Fóruns passam a ser acompanhados pelo Programa Petrobras Agenda 21 e a se relacionar diretamente com o Comperj. Premissas O projeto Agenda 21 Comperj adota as premissas de construção de Agenda 21 preconizadas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA): Abordagem multissetorial e sistêmica, que envolve as dimensões econômica, social e ambiental; Sustentabilidade progressiva e ampliada, ou seja, construção de consensos e parcerias a partir da realidade atual para o futuro desejado; Planejamento estratégico participativo: a Agenda 21 não pode ser um documento de governo, mas um projeto de toda a sociedade; Envolvimento constante dos atores no estabelecimento de parcerias, aberto à participação e ao engajamento de pessoas, instituições e organizações da sociedade; Processo tão importante quanto o produto; Consensos para superação de entraves do atual processo de desenvolvimento. Organização da sociedade O projeto Agenda 21 Comperj substituiu a divisão paritária da malha social entre governo e sociedade civil, comumente adotada, pela divisão em quatro setores – público, privado, sociedade civil organizada e a comunidade – no intuito de identificar mais detalhadamente as demandas locais, fortalecendo a representação dos diversos segmentos. 17 “A Agenda 21 propicia o fortalecimento da democracia porque permite o diálogo entre a sociedade e os poderes instituídos. Parte da revisão de valores socioambientais e propõe a construção de uma sociedade igualitária e segura” SETORES REPRESENTAÇÃO Primeiro Prefeituras, Câmaras de Vereadores, poderes Legislativo e Judiciário, órgãos e empresas públicos Segundo Empresas de capital privado, associações e federações do setor produtivo Terceiro ONGs, sindicatos, associações de classe, clubes, fundações Comunidade Associações de moradores e de pescadores, e cidadãos em geral Metodologia A metodologia do Projeto Agenda 21 Comperj é constituída de cinco etapas: 1) Mobilização da Sociedade; 2) Construção Coletiva; 3) Consolidação Municipal; 4) Formalização dos Fóruns Locais; 5) Finalização das Agendas. A descrição resumida dessas etapas e dos produtos delas resultantes se encontra nas tabelas das páginas seguintes e de forma mais detalhada no site www.agenda21comperj.com.br Para executar as quatro primeiras fases, foram contratadas, por meio de licitação, quatro Organizações Não Governamentais – Instituto Ipanema, Instituto de Estudos da Religião - Iser, Rodaviva e Associação de Serviços Ambientais (ASA), encarregadas da mobilização dos setores sociais e da facilitação de oficinas. Para o acompanhamento da fase de Finalização das Agendas, incluindo redação, diagramação, impressão e eventos de lançamento, foram contratados consultores especializados. Como resultado deste processo, as diferentes demandas da sociedade foram identificadas e sistematizadas em um mapeamento detalhado do cenário local, contemplando anseios, propostas e visões dos quatro setores dos municípios abrangidos. Com a sociedade local representada nos Fóruns de maneira paritária e com um objetivo comum, foi possível construir os Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável. Ao f inal das cinco etapas, as Agendas 21 Comperj compõem um mosaico do contexto regional e oferecem uma visão pr ivilegiada do cenár io no 18 qual o Complexo Petroquímico será instalado, indicando as potencialidades que podem ser aproveitadas em benefício de todos, for talecendo a cidadania e a organização social. ETAPAS ATIVIDADES RESULTADOS/PRODUTOS Mobilização da Sociedade Caravana Comperj, em cada município, para: Na região: Março de 2007 a Janeiro de 2008 • Apresentar o Comperj, o projeto de Agenda 21 e as demais ações planejadas para a região; • Identificar lideranças e atores estratégicos locais; • Sensibilizar e mobilizar os setores; • Envolver a comunidade no processo; • Divulgar o calendário de eventos relacionados à Agenda 21. Construção Coletiva Janeiro a Setembro de 2008 Seis reuniões por setor em cada município para: • Fortalecer os setores, identificar seus interesses e promover o alinhamento da visão de cada um sobre o município; • Realizar o Levantamento das Percepções Setoriais (LPS), identificando preocupações e potencialidades; • Elaborar Planos de Ação Setoriais; • Eleger sete representantes de cada setor. RESPONSABILIDADES • 15 Caravanas Comperj realizadas; • 1.589 representantes do poder público, 900 da iniciativa privada, 850 do Terceiro Setor e 5.038 munícipes em geral, movimentos populares e associações de moradores mobilizados para a fase seguinte do processo; MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor) Coordenação e responsabilidade operacional • Fórum Regional da Agenda 21 Comperj criado em reunião com a presença de 2.700 pessoas. Na região: • 369 reuniões ordinárias e 197 extraordinárias realizadas; • 292 representantes eleitos para participação nas atividades da fase seguinte. Em cada município: • Estágios de desenvolvimento do município em relação aos 40 capítulos da Agenda 21 Global identificados (Vetores Qualitativos)1; • Preocupações e potencialidades de cada setor identificadas; • Planos Setoriais elaborados; • Setores sociais fortalecidos e integrados. MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor) Coordenação estratégica Fundação José Pelúcio (UFRJ) Coordenação executiva ONGs Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA Responsabilidade operacional Fórum Regional Agenda 21 Comperj Monitoramento 1 Os Vetores Qualitativos foram elaborados a partir da metodologia do Instituto Ethos para a construção do desenvolvimento sustentável em empresas. Esta ferramenta defi niu uma escala que possibilitou a identifi cação do estágio no qual o município se encontrava em relação a cada um dos 40 capítulos da Agenda 21, ajudando os participantes a relacioná-los com a realidade local e planejar aonde gostariam de chegar. 19 ETAPAS ATIVIDADES Consolidação Municipal Duas ofi cinas com os representantes dos Novembro de 2008 a quatro setores de cada Junho de 2009 município para: 30 oficinas de 20 horas cada. Em cada município: • Consenso acerca das preocupações e potencialidades municipais e estágios dos vetores identificados; • Obter consenso sobre os estágios dos vetores estabelecidos pelos quatro setores; • Planos de ação municipais elaborados; • Identificar a vocação e construir uma visão de futuro para o município com base na realidade local, bem como oportunidades e demandas decorrentes da implantação do Comperj; • Elaborar um plano de ação com base nos temas estruturantes de planejamento; • Elaborar o detalhamento preliminar de propostas para viabilizar o plano de ação. “A humanidade deve escolher o seu futuro, praticar o espírito da solidariedade e conscientização do parentesco com a vida, em busca de um novo começo, da verdade e da sabedoria.” 2 ILTC – Instituto de Lógica, Filosofi a e Teoria da Ciência RESPONSABILIDADES Na região: • Integrar os setores, orientando-os para um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável do município; • Obter consenso sobre as preocupações e potencialidades elencadas pelos quatro setores; 20 RESULTADOS/PRODUTOS • Primeira versão de Vocação e Visão de Futuro do município; • Propostas de ação detalhadas, prioridades e próximos passos estabelecidos e possíveis parceiros e fontes de financiamento identificados; • Setores sociais integrados em um Fórum da Agenda 21. MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor) Coordenação estratégica e executiva Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA Responsabilidade operacional e metodológica Consultoria ILTC2 ETAPAS ATIVIDADES RESULTADOS/PRODUTOS Formalização dos Fóruns Locais Duas ofi cinas em cada município para: Na região: Julho a Dezembro de 2009 • Orientar os Fóruns para sua organização, estruturação e formalização através de projeto de lei ou decreto; • Desenvolver o Regimento Interno; RESPONSABILIDADES • 28 oficinas e diversas visitas técnicas realizadas; • Portal na internet para relacionamento e divulgação do projeto lançado. Em cada município: • Aprimorar a vocação e a visão de futuro municipal; • Decreto ou projeto de lei criando o Fórum da Agenda 21 Local aprovado; • Realizar a análise técnica das propostas de ação. • Regimento interno do Fórum elaborado; • Fórum organizado com estruturas de coordenação, secretaria executiva e grupos de trabalho; MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor) Coordenação estratégica e executiva Ipanema, Iser, Roda Viva, ASA Responsabilidade operacional e metodológica MMA/SEA/ Petrobras (Grupo Gestor) Coordenação estratégica e executiva Consultores contratados Responsabilidade técnica e operacional • Primeira versão do Plano Local de Desenvolvimento Sustentável finalizada; • Segunda versão da vocação e da visão de futuro municipal desenvolvida; • Propostas de ação analisadas tecnicamente. Finalização das Agendas Consultoria e serviços para: Janeiro de 2010 a Agosto de 2011 • Pesquisar dados estatísticos e informações técnicas; Na região: • 28 oficinas e diversos encontros e reuniões locais e regionais realizados; • Levantar e produzir material visual; • Comitê Regional da Agenda 21 Comperj estruturado para • Redigir, editar, revisar, diagramar e imprimir as Agendas. apoiar os Fóruns e planejar e facilitar ações regionais ou Duas ofi cinas em cada intermunicipais. município, para: Em cada município: • Validar os textos de • Fórum de Agenda 21 Local diagnósticos; em funcionamento; • Atualizar e validar as • Agenda 21 Local publicada propostas de ação. e lançada; Cinco encontros de • Site do Fórum Local em coordenação dos Fóruns de Agenda 21 Locais para: funcionamento; • Promover a integração e fomentar o apoio mútuo entre os Fóruns locais. • Vídeo da Agenda 21 local produzido. Encontros, reuniões locais e contato permanente para: • Fortalecer a integração do Fórum com o poder público local; • Desenvolver e fomentar o Fórum Local. 21 DESAFIOS E LIÇÕES APRENDIDAS Processos participativos são sempre muito complexos. A ordem de grandeza deste projeto – 15 municípios envolvidos e mais de 8 mil participantes diretos – se por um lado o tornava mais estimulante, por outro aumentava os desafios para o sucesso da iniciativa. O primeiro deles foi o fato de se tratar de um projeto iniciado pela Petrobras tendo como elemento def inidor do território de atuação os municípios inf luenciados pela implantação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj). Em geral, processos de Agenda 21 Local são iniciados pelo poder público municipal ou por organizações da sociedade civil, sendo, por vezes mais difícil obter a adesão do Segundo Setor. Além disso, empresas do porte da Petrobras despertam resistências e expectativas muitas vezes desmedidas. No entanto, a atenção dedicada ao projeto, coordenado e acompanhado pela Petrobras, e a transparência na condução dos processos minimizaram posturas negativas e foram decisivas para conseguir o comprometimento de todos os participantes. A inovação metodológica de iniciar o trabalho dividindo os segmentos sociais foi bem-sucedida, propiciando que os interesses ficassem bem definidos e alinhados internamente nos setores e, depois, igualmente representados. Embora o sistema simplificado de indicadores – os Vetores Qualitativos – precise ser aperfeiçoado, ficou clara sua utilidade para que todos tomassem conhecimento do conteúdo da Agenda 21. No entanto, a complexidade de alguns temas e a falta de correspondência de outros com a realidade local dificultaram a compreensão de alguns participantes. O tempo dedicado às etapas iniciais constituiu uma limitação para uma melhor identificação de lideranças representativas, para que novas pessoas se incorporassem ao processo e para a capacitação dos participantes em tantos e tão variados temas. Estes percalços foram trabalhados nas etapas seguintes. Outra questão foi o equilíbrio delicado entre usar a mesma metodologia para todos os municípios e fazer as adaptações necessárias às diferentes realidades encontradas. Quanto mais o processo evoluía, mais as diferenças se acentuavam. Mesmo assim, foi possível alcançar um resultado que ref lete as peculiaridades de cada município e o grau de maturidade de cada grupo mantendo uma estrutura semelhante e apoiando a todos da mesma forma. A construção do consenso em torno das preocupações, potencialidades e ações identificadas foi bem-sucedida graças à concordância em torno de objetivos comuns, ao estabelecimento de regras claras e à ação de facilitadores experientes. A consolidação dos Fóruns requer uma boa compreensão do que 22 é representatividade e tempo para que esta se desenvolva. O debate sobre o Regimento Interno foi um momento rico e determinante para a sustentabilidade dos Fóruns. Assim, foi encaminhado sem pressa, com foco nos valores que cada grupo desejava adotar e por meio do desenvolvimento de critérios para a tomada de decisão. A criação de um portal com um site para cada município, com notícias atualizadas, divulgação de oportunidades, editais e boas práticas, biblioteca, vídeos e ferramentas de interatividade, como o chat, traz inúmeras possibilidades de comunicação, funcionando como uma vitrine do projeto e uma janela dos Fóruns para o mundo. Além de democratizar e dar transparência às atividades de cada Fórum Local, o portal proporciona a troca de experiências entre eles, criando uma sinergia para seu desenvolvimento. As limitações de acesso à internet na região são uma barreira que esperamos seja superada em breve. Finalmente, a integração entre os saberes técnico e popular é um dos aspectos mais gratificantes do processo e foi conduzida cuidadosamente com a construção dos textos das Agendas a partir do contato constante com os Fóruns. As preocupações e potencialidades indicadas por consenso nas reuniões foram suplementadas por informações técnicas obtidas de diversas fontes, como institutos de pesquisa, prefeituras e agências governamentais diversas. O processo de consulta continuou durante a etapa de finalização da Agenda. Sempre que as informações coletadas divergiam da percepção dos participantes e quando incongruências ou questões técnicas eram identificadas, os consultores se dedicavam a dirimir as dúvidas, por telefone, e-mail ou em reuniões presenciais. Os Fóruns também se empenharam em qualificar o trabalho realizado, que foi aprimorado progressivamente. A evolução deste processo pode ser verificada nos documentos postados no site de cada município na internet. Ao longo do processo foram necessárias diversas adaptações, naturais em processos participativos, já que estes, por sua natureza, não ocorrem exatamente de acordo com o planejado. Todos os envolvidos aprenderam a f lexibilizar suas expectativas e atitudes em prol do bem comum. O resultado que apresentamos agora é a síntese deste percurso de mais de três anos, durante os quais foram construídas novas relações e aprofundado o entendimento de todos os envolvidos sobre o modelo de desenvolvimento almejado para a região. A diversidade é uma premissa da sustentabilidade e, assim como a participação, demanda transparência e responsabilidade individual e coletiva pelos resultados alcançados. Um processo de Agenda 21 Local é a construção participativa do consenso possível entre interesses diversos, com o objetivo comum de promover a 23 qualidade de vida e a justiça social, sem perder de vista os limites impostos pelo planeta e tendo um futuro sustentável como horizonte comum. A Agenda 21 publicada é o início da jornada rumo a este futuro. Membros e facilitadores do Fórum da Agenda 21 de Teresópolis 24 O MUNICÍPIO DE TERESÓPOLIS Área territorial: 770.507 km² População: 163.746 habitantes (IBGE – 2010) Economia: turismo, indústria e agricultura PIB: R$ 2.084.262,665 (IBGE – 2008) Participação no PIB estadual: 0,58% (Cederj 2007) Teresópolis está localizada no topo da Serra dos Órgãos, na porção central do Estado do Rio de Janeiro, em uma região caracterizada por seu relevo acentuado, com serras revestidas por Floresta Atlântica e grande riqueza de espécies com altos níveis de endemismo. A cidade abriga a sede do Parque Nacional da Serra dos Órgãos e grande parte do Parque Estadual dos Três Picos, o maior parque estadual do Rio de Janeiro. P roduto I nte r no Br uto ( PI B) – Indicador que mede a produção de um território, segundo três grupos principais: agropecuária (agricultura, extrativa vegetal e pecuária); indústria (extrativa mineral, transformação, ser viços industriais de utilidade pública e construção civil); e ser viços (comércio, transpor te, comunicação e serviços da administração pública, entre outros). Mapa 2: Localização do Parque Nacional da Serra dos Órgãos. Fonte: http://www.clubedosaventureiros.com/guia-de-trilhas/59-parque-nacionalserra-dos-orgaos-rj/687-parque-nacional-da-serra-dos-orgaos 25 Pa rque Estadua l dos Três Picos – Com 46.350 hectares, o Parque Estadual dos Três Picos é o maior do Estado do Rio de Janeiro (representa 75% de toda a área verde protegida) e está localizado entre os municípios de Teresópolis, Nova Friburgo, Cachoeiras de Macacu, Guapimirim e Silva Jardim. Seu nome é uma relação direta com os Três Picos, acidente geográfi co localizado na região, parte de um imponente conjunto de montanhas graníticas, com cerca de 2.350 metros de altitude, ponto culminante de toda a Serra do Mar. O parque preser va o cinturão central de Mata Atlântica do Estado. Em suas densas matas foram detectados os mais elevados índices de biodiversidade de todo o Estado. O município faz parte da Bacia do Rio Piabanha, que inclui a sub-bacia hidrográfica do Rio Paquequer, uma das principais de Teresópolis. Com um PIB de R$ 1.111.813.000 e uma renda per capita de R$ 7.564, Teresópolis é voltada principalmente para o turismo e produção agrícola. Possui comércio diversif icado e setor hoteleiro desenvolvido – além de abrigar uma das maiores feiras de artesanato a céu aberto do Brasil, a Feirinha de Teresópolis ou Feirinha do Alto, com diversos produtos de moda feminina e infantil – além de móveis, uniformes, potes, bijuterias e muito mais. As principais indústrias são as de confecções e de bebidas. O município faz parte do cinturão verde do Rio de Janeiro, região responsável pela produção da maior parte (93%) dos hortigranjeiros consumidos no Estado. Apesar de estar voltada principalmente para a agricultura, Teresópolis vem se desenvolvendo rapidamente no setor de bebidas, contando com uma das maiores indústrias de cerveja do Estado do Rio de Janeiro, a Lokal. As feiras estão se tornando cada vez mais populares na cidade. Entre os eventos que passaram a fazer parte da economia teresopolitana, estão a Feira da Promoção (Fepro), a Feira de Tecnologia em Horticultura (Tecnohort) e a Festa do Produtor Rural. Um pouco da história de Teresópolis Em 1818, quando D. João VI já estava no Brasil havia dez anos, Teresópolis era uma grande área de terras abandonadas, ao lado de uma variante do Caminho Novo de Minas Gerais. Foi nessa época que o inglês George March adquiriu a Fazenda do Paquequer, de quatro léguas quadradas, transformando a região, onde surgiria o município, num dos lugares mais cobiçados pela Corte. Da Fazenda de Sant’Ana do Paquequer, partiam os mantimentos consumidos no Rio de Janeiro e, nos seus recantos luxuriantes, o desbravador March construiu chalés para receber seus amigos com mais conforto. No local onde ficava a fazenda, surgiria, mais de 40 anos depois, a cidade de Teresa, chamada Teresópolis. Estátua da Imperatriz Tereza Cristina na entrada da cidade Repartidas as terras de George March, a partir de 1855, a Freguesia de Santo Antonio do Paquequer acabou emancipada em 6 de julho de 1891 – um ano antes, foi transformada em Capital do Estado, para onde mudaria a sede do governo não fosse a Revolta da Armada de 1893. Teresópolis teria prédios modernos, avenidas largas e uma linha de trem para Niterói. Mas, no período do encilhamento, a empresa que adquirira suas terras e construiria ali uma cidade-modelo faliu. Os sucessores do investimento, 26 anos depois, retalharam ainda mais as terras e, com o dinheiro da venda dos lotes, construíram a estrada de ferro, dando início ao progresso da região. O trem chegou ao local quase 40 anos depois, em 19 de setembro de 1908 – e parou de circular em 9 de março de 1957. Dois anos mais tarde, em 1º de agosto de 1959, foi aberta a estrada Rio-Teresópolis. O clima em Teresópolis ainda se assemelha com aquele que atraía os viajantes e veranistas de dois séculos atrás, quando George March difundiu por aqui o hábito inglês de veranear nas estações calmosas – ou, no caso do Brasil, para fugir do calor e das doenças de verão na cidade do Rio de Janeiro. A natureza abundante e a tranquilidade da cidade pequena, somadas ao cavalheirismo de seu povo, ainda encantam de forma extraordinária os turistas, que alimentam o desejo de voltar às suas terras. Fonte: Acervo Biblioteca Nacional O processo da Agenda 21 local em Teresópolis De março a julho de 2007, a Petrobras realizou a Caravana Comperj, que visitou o município de Teresópolis em 30 de maio para divulgar o empreendimento e as ações de relacionamento propostas para a região, convidando lideranças a participar do processo de construção da Agenda 21 Local. Em 25 de setembro de 2007, em reunião em Itaboraí, com a presença 2.700 pessoas dos 14 municípios do entorno do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro, foi escolhido um representante de cada segmento social (governo, empresariado, ONGs e comunidade), por município, para formar o Fórum Regional da Agenda 21 Comperj. 27 Assim, cada município tinha quatro representantes neste Fórum, que ficou responsável pelo monitoramento dos encontros e o andamento das Agendas 21 municipais. O Fórum Regional tinha caráter consultivo ao Grupo Gestor e a tarefa de facilitar a integração de ações de caráter regional ou de grupos de municípios. Em dezembro de 2007, quatro ONGs – ASA, Instituto Ipanema, Instituto Roda Viva e Iser – iniciaram o trabalho de mobilização específica para cada setor, utilizando as estratégias mais adequadas a cada um. No início do processo da Agenda 21 Comperj, Teresópolis já estava envolvida com um processo participativo, o Movimento Nossa Teresópolis, iniciado em 2007 – quando algumas instituições lideradas pela Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat), Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) e Sebrae-RJ organizaram o movimento para promover a participação dos atores sociais no desenvolvimento local. Durante os primeiros meses, o processo de mobilização popular foi muito conturbado, devido aos conf litos existentes entre as diferentes associações e o Comperj e à dificuldade de estabelecer diálogo com as lideranças comunitárias locais. Mas, aos poucos, cada ONG conseguiu aproximar-se de seu respectivo segmento social com o apoio do Movimento Nossa Teresópolis. A partir desta etapa, as eventuais desavenças e receios em relação ao processo da Agenda 21 foram se desfazendo, resultando na atração de representantes engajados em trabalhar para desenvolver soluções estratégicas para o bemestar dos moradores de Teresópolis. Ofi cina de consolidação do diagnóstico O final das reuniões desta etapa do projeto foi marcado pela atração de representantes engajados. Em janeiro de 2008, iniciou-se uma rodada de três reuniões para o levantamento das percepções de cada segmento, utilizando Vetores Qualitativos elaborados a partir da metodologia do Instituto Ethos para a promoção do desenvolvimento sustentável em empresas. Esta ferramenta definiu uma escala que possibilitou a identificação do estágio no qual o município se encontrava em relação a cada um dos 40 capítulos da Agenda 21, ajudando os participantes a planejar aonde gostariam de chegar. Após a leitura do título dos capítulos e da descrição de cada estágio, era solicitado aos participantes que escolhessem aquele que melhor retratasse seu município. Nas duas reuniões seguintes, os resultados orientaram a produção de um painel de preocupações e potencialidades locais. Foram realizados mais três encontros por setor, nos quais os participantes definiram as ações necessárias para prevenir ou mitigar as questões identi- 28 Posse dos membros do Fórum da Agenda 21 de Teresópolis, da esquerda para a direita: Deputado estadual Nilton Salomão; Flávio Castro, secretário de Meio Ambiente de Teresópolis; Ricardo Frosini Ferraz, da Petrobras; Jorge Mário, prefeito do município; Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente; Ernesto de Castro, chefe do Parnaso; e Leandro Coutinho, coordenador do Fórum ficadas como preocupações e para aproveitar, da melhor forma possível, as potencialidades levantadas. Na última dessas reuniões, cada setor indicou cinco representantes e dois suplentes para compor o Fórum da Agenda 21 de Teresópolis, totalizando 28 representantes. Em Teresópolis, à medida que as reuniões foram sendo realizadas, a convivência entre os participantes e a intervenção dos técnicos das ONGs fortaleceram o espírito coletivo. O final das oficinas desta etapa do projeto foi marcado pela atração de representantes engajados. A Fase de Consolidação do processo foi o momento de reunir os quatro setores para consolidar coletivamente as potencialidades e preocupações apontadas por cada um deles. Em 24 de novembro de 2008, representantes de todos os setores da sociedade de Teresópolis reuniram-se para trabalhar na primeira oficina de consolidação. O grupo de Teresópolis mostrou-se bem informado, com uma boa compreensão do processo de construção de uma Agenda 21 Local e com maturidade para buscar soluções para os problemas do município. A partir de então, os resultados setoriais foram estruturados e o Fórum da Agenda 21 local, constituído. De 22 a 24 de março de 2009, foi realizada a oficina para iniciar o processo de construção de vocação e visão de futuro, consolidar as ações em propostas e iniciar o seu detalhamento. Este trabalho foi realizado com uma nova estrutura, agrupando os 40 capítulos da Agenda 21 Global, conforme suas afinidades, em Eixos Estruturantes: Ordem Física, Ordem Ambiental, Ordem Social, Ordem Econômica e Meios de Implementação, divididos em temas. 29 Em abril de 2009 foi realizada uma oficina em Teresópolis para atualizar os trabalhos e fortalecer o Fórum. Nesse período, também foi desenvolvido um portal na internet, voltado para a comunicação dos Fóruns e a divulgação do projeto e de seus resultados – www.agenda21comperj.com.br – com um site para cada município. Atualizados frequentemente, eles dispõem de uma área interna com ferramentas de comunicação, que permitem o contato entre os membros dos Fóruns. Em novembro de 2009 foram contratados quatro consultores para desenvolver e implementar uma metodologia de fortalecimento dos Fóruns e trabalhar na elaboração das Agendas. Em 2010, após uma análise dos resultados alcançados iniciou-se uma nova rodada de oficinas para aprimorar o trabalho. Em Teresópolis, foram realizadas três reuniões para revisão do trabalho, apresentação do site e um acompanhamento mais constante, com o objetivo de ajudar na formação de parcerias e apoiar a elaboração de ações de comunicação. Em 19 de março, 1o de outubro e 3 de dezembro de 2010 e 18 de abril de 2011 foram realizadas reuniões com todos os coordenadores para promover a troca de experiências e fomentar ações regionais estratégicas. Durante todo o período, o Fórum do município manteve-se mobilizado e sem conf litos. Primeira reunião dos coordenadores dos Fóruns da Agenda 21 Comperj 30 AGENDA 21 DE TERESÓPOLIS Para ler a Agenda Este trabalho é resultado do empenho e esforço voluntários de moradores de Teresópolis, que atuaram em conjunto com técnicos e consultores nas diversas fases do projeto Agenda 21 Comperj. O trabalho foi dividido em cinco EIXOS ESTRUTUR ANTES e 24 TEM AS, referentes aos 40 capítulos da Agenda 21. Cada tema apresenta a situação do município de acordo com os dados e informações mais recentes. EIXOS ESTRUTURANTES TEMAS CAPÍTULOS DA AGENDA 21 GLOBAL ORDEM AMBIENTAL Recursos Naturais 10, 11, 12, 13, 16 Recursos Hídricos 17 e 18 Biodiversidade 15 Mudanças Climáticas 9, 15 e 18 Habitação 7 Saneamento 18 e 21 Mobilidade e Transporte 5 Segurança 3, 23, 25, 26, 27 Educação, Educação Ambiental e Cultura 36 Grupos Principais 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 Saúde 6 Esporte e Lazer 23, 24, 25, 26, 27, 36 Padrões de Consumo 4 Geração de Renda e Inclusão Social 3 Agricultura 3, 14, 32 Indústria e Comércio 3, 30 Turismo 3, 36 Geração de Resíduos 19, 20, 22 Ciência e Tecnologia 31, 35 Recursos Financeiros 2, 33, 34, 37 Comunicação e Mobilização 8, 40 Gestão Ambiental 1, 8, 28, 38, 39 40 ORDEM FÍSICA ORDEM SOCIAL ORDEM ECONÔMICA MEIOS DE IMPLEMENTAÇÃO 31 Estão elencadas também, e evidenciadas por fontes em itálico, as preocupações dos moradores e as potencialidades do município, conforme percebidas e apontadas por consenso pelos participantes do processo. Logo após um breve diagnóstico da situação em que se encontra o município, estão listadas as propostas e seus respectivos níveis de prioridade (alta - , média ou baixa - ). As propostas reúnem um conjunto de ações, elaboradas para solucionar as preocupações elencadas, e de estratégias que promovam o melhor aproveitamento das potencialidades identificadas. • • • As ações estão subdivididas em LINHAS DE ATUAÇÃO. Dessa forma, é possível identificar todas as ações de uma agenda, segundo a atividade demandada para sua execução, independentemente do tema. Ao final de cada TEMA encontram-se reunidos possíveis parceiros e possíveis fontes de financiamento elencadas para as propostas. No site www.agenda21teresopolis.com.br está disponível a Ficha de Detalhamento de cada proposta, com a lista dos possíveis parceiros para sua execução, os especialistas da cidade que podem colaborar com o projeto, as fontes de financiamento identificadas e os primeiros passos para sua implementação, além das PERCEPÇÕES, dos PLANOS SETORIAIS e demais resultados. No CD encartado nesta publicação encontram-se todos os resultados do processo e uma versão digital da Agenda 21 de Teresópolis. Os vetores qualitativos e os 40 capítulos da Agenda 21 de Teresópolis A tabela da página seguinte apresenta o resultado da consolidação das percepções de todos os que participaram da Fase de Construção Coletiva da Agenda 21 de Teresópolis, avaliando a situação do município em relação a cada um dos capítulos da Agenda 21 Global. Estágios da tabela: 1 – Quase nada foi feito 2 – Já existem ações encaminhadas 3 – Já há alguns resultados 4 – Estamos satisfeitos 32 Capítulos da Agenda 21 Estágio 1 2 3 4 1. Preâmbulo 2. Cooperação internacional para acelerar o desenvolvimento sustentável nos países em desenvolvimento e nas políticas internas 3. Combater a pobreza 4. Mudar os padrões de consumo 5. Dinâmica demográfica e sustentabilidade 6. Proteger e promover a saúde humana 7. Promover assentamentos humanos sustentáveis 8. Integrar o meio ambiente e o desenvolvimento nas tomadas de decisão 9. Proteger a atmosfera 10. Integrar o planejamento e o gerenciamento dos recursos do solo 11. Combater o desflorestamento 12. Gerenciar ecossistemas frágeis: combater a seca e a desertificação 13. Gerenciar ecossistemas frágeis: desenvolvimento sustentável das montanhas 14. Promover o desenvolvimento rural e a agricultura sustentáveis 15. Conservar a diversidade biológica 16. Gerenciamento ambientalmente responsável da biotecnologia 17. Proteção dos oceanos, todos os mares, inclusive internos, e áreas costeiras, e a proteção, uso racional e desenvolvimento de seus recursos para a vida 18. Proteger a qualidade e suprimento dos recursos de água limpa: aplicação de abordagens integradas ao desenvolvimento, gerenciamento e uso dos recursos hídricos 19. Gerenciar de forma ambientalmente responsável os produtos químicos tóxicos, incluindo a prevenção do tráfico ilegal internacional de resíduos e produtos perigosos 33 Capítulos da Agenda 21 20. Gerenciar de forma ambientalmente sustentável os resíduos perigosos, incluindo a prevenção do tráfico ilegal internacional de resíduos perigosos 21. Gerenciar de forma ambientalmente responsável os resíduos sólidos e os relacionados ao esgotamento sanitário 22. Gerenciar de forma segura e ambientalmente responsável os resíduos radioativos 23. Fortalecer o papel dos principais grupos sociais 24. Ação global para as mulheres pelo desenvolvimento sustentável e equitativo 25. Crianças e jovens e o desenvolvimento sustentável 26. Reconhecer e fortalecer o papel dos povos indígenas e suas comunidades 27. Fortalecer o papel das Organizações Não-Governamentais: parceiras para o desenvolvimento sustentável 28. Iniciativas das autoridades locais em apoio à Agenda 21 29. Fortalecer o papel dos trabalhadores e sindicatos 30. Fortalecer o papel da indústria e dos negócios 31. Comunidade científica e tecnológica 32. Fortalecer o papel dos fazendeiros 33. Recursos e mecanismos financeiros 34. Tecnologia ambientalmente responsável: transferência, cooperação e capacitação 35. Ciência para o desenvolvimento sustentável 36. Promover a educação, consciência pública e treinamento 37. Mecanismos nacionais e internacionais de cooperação para a capacitação em países em desenvolvimento 38. Arranjos institucionais internacionais 39. Instrumentos e mecanismos legais internacionais 40. Informação para a tomada de decisões 34 Estágio 1 2 3 4 Vocação e visão “Uma visão sem ação não passa de um sonho. Ação sem visão é só um passatempo. Mas uma visão com ação pode mudar o mundo.” (Joel Baker – vídeo A Visão do Futuro) A Vocação é o conjunto de competências, recursos e produtividade de um município em todas as áreas: econômica, ambiental, artístico-cultural, turística, educacional. A Visão de Futuro define o que se espera do município no futuro, inspirando e motivando as pessoas a fazer as melhores escolhas nos momentos de decisão e a enfrentar com perseverança a espera pelos resultados. “Queremos que Teresópolis tenha infraestrutura adequada para tornar-se polo de desenvolvimento econômico e social do estado do Rio de Janeiro.” Os participantes do processo de construção da Agenda 21 de Teresópolis fizeram uma série de reuniões para construir a vocação e visão de futuro do município. Um primeiro resultado foi revisto na Oficina Local, sendo que o município ainda trabalha para chegar à versão definitiva. Vocação de Teresópolis Histórico agrícola (maior polo de olericultura do Estado), 85% da produção agrícola é de agricultura familiar. Histórico turístico, capital da prática de montanhismo. Boa infraestrutura hoteleira para atender os turistas. Boa estrutura para crianças e idosos. Existência de significativa produção científica. Tradição na produção e comercialização de artesanato. Histórico de ser referência nacional em grande produção de móveis. Atualmente, o segmento encontra-se desorganizado e sem apoio. Histórico de produção industrial de bijuterias, sendo o segundo fornecedor do país. Atualmente encontra-se sem apoio. Existência de grande riqueza na biodiversidade (precisa de maior incentivo para a preservação da paisagem natural, fauna, f lora e recursos hídricos). População mobilizada e ativa nas tomadas de decisões. Visão de futuro de Teresópolis Ser centro de referência na área da saúde, com ampliação e melhoria na infraestrutura da rede de atenção básica da saúde (cobertura de 100% do Programa de Saúde da Família (PSF) no município) nas áreas urbana e rural. Ter um sistema agrícola sustentável, com maior apoio à agricultura familiar nas várias etapas da produção agrícola, inclusive na acessibilidade a tecnologia, cultura, lazer e serviços públicos. 35 Cachoeira dos Frades no Parque Estadual dos Três Picos Incentivar a instalação de indústrias de tecnologia de ponta, com tecnologias não poluentes, e polo industrial no segundo distrito (em áreas devidamente planejadas, segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável, e realização de estudos de impacto ambiental). Tornar a cidade referência ambiental através de projetos de ref lorestamento, com espécies nativas da Mata Atlântica (sequestro de carbono), aliados à criação de Unidades de Conservação. Ter uma política habitacional sustentável, que atenda às necessidades do município e estimule a vinda de futuros moradores, com a implantação do Comperj e de outros empreendimentos. Ter um planejamento habitacional para que não ocorra ocupação urbana desordenada. Ter uma política municipal de saneamento ambiental efetiva, tornando-se referência na prestação de serviços para outros municípios. Contar com um Sistema de Saneamento Básico com estações de tratamento em toda a cidade, protegendo os mananciais existentes e promovendo a revitalização das bacias hidrográficas da região. 36 Desenvolver a qualificação da mão de obra para atender às demandas (na área agrícola, construção civil, indústria de tecnologia e bijuterias, entre outras). Tornar a Feirinha de Teresópolis uma referência nacional em produção e venda da potencialidade local (artesanato, confecção e gastronomia). Inserir Teresópolis entre os 15 municípios classificados no Índice de Qualidade do Município (IQM) estadual e melhorar a posição do município em relação ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). Ter uma infraestrutura adequada para o município tornar-se polo da Região Centro-Serrana no que diz respeito ao desenvolvimento econômico e social do Estado do Rio de Janeiro. Ter melhores mecanismos de comunicação com a população, visando sua maior participação nas tomadas de decisões. A Feirinha do Alto é tradicional na cidade e reúne cerca de 700 barracas 37 1 Ordem Ambiental RECURSOS NATURAIS Mata Atlântica – Com árvores que atingem de 20 a 30 metros de altura, a Mata Atlântica originalmente ocupava quase todo o litoral brasileiro, com 15% do território do País. Devido ao intenso desmatamento, iniciado logo após a chegada dos europeus, hoje em dia restam apenas 7% de sua área original – é considerada uma das florestas tropicais mais ameaçadas do planeta. Com rica biodiversidade, biodiversidade –estima-se estima-seque que 8 milmil 8 espécies espécies de sua de flsua ora fsejam lora sejam endêmicas, a Mata endêmicas –, aAtlântica Mata Atlântica tem outras tem peculiaridades: out r a s pec u l ia39% r idades: dos mamíferos, 39% dos inclusive mais mamíferos, inclusive de 15% dos maisprimatas, de 15% como dos primatas, o m ico-leão-dou como o mico-leãorado, 160 espécies de dourado, 160aves espécies e 183dedeaves anfíbios, e 183 também de anfíbios só são também encontrados só são ali. encontrados ali. Parque Nacional da Serra dos Órgãos – O Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) abrange os municípios de Teresópolis, Petrópolis, Magé e Guapimirim, com uma área de cerca de 20 mil hectares. É o terceiro mais antigo parque nacional brasileiro – criado em 1939, através de um decreto do então presidente Getúlio Vargas. O Parnaso abriga uma rica fauna e flora típicas da encosta atlântica brasileira e oferece muitas possibilidades de lazer e várias atrações, como trilhas para trekking, cachoeiras, áreas de escalada, uma piscina natural, além de dezenas de belíssimos recantos. 40 Chamamos de recursos naturais tudo o que obtemos da natureza com os objetivos de desenvolvimento, sobrevivência e conforto da sociedade. São classificados como “renováveis” quando, mesmo explorados por algum tempo em determinado lugar, continuam disponíveis, e como “não renováveis” quando inevitavelmente se esgotam. A vida humana depende dos recursos naturais – terra, água, f lorestas, recursos marinhos e costeiros – e de suas múltiplas funções. Tanto os seres humanos quanto os demais seres vivos, agora e no futuro, têm direito a um meio ambiente saudável, que forneça os meios necessários a uma vida digna. Para isto, é preciso manter os ecossistemas, a biodiversidade e os serviços ambientais em quantidade e qualidade apropriadas. Não é possível pensar em um futuro para a humanidade sem construir uma relação adequada entre o homem e a natureza que o cerca. E essa magnífica variedade de formas de vida não pode ser vista apenas como “recursos naturais”, sem a valorização dos inúmeros benefícios intangíveis que nos traz. Teresópolis está localizada na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, que abrange desde áreas com predomínio de morros a localidades que apresentam relevos bastante acidentados. Uma das características mais significativas da região é a existência de áreas com possibilidade de proteção ambiental, especialmente se considerados a grande riqueza de espécies e os altos níveis de endemismos de suas montanhas. Além disso, também é possível notar a presença de importantes fragmentos f lorestais nas áreas de colinas, cercadas por extensas áreas cobertas por pastagens. O município possui um trecho de Mata Atlântica com enorme potencial turístico para pesquisa da biodiversidade e uma reserva de sementes para refl orestamento. Segundo os dados da Fundação SOS Mata Atlântica, Teresópolis apresenta 32% de seu território cobertos por remanescentes f lorestais, onde são encontradas diversas áreas preservadas. Em relação às Unidades de Conservação de Proteção Integral, o Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Parque Estadual dos Três Picos e o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis compreendem 19,1% do município. No caso das Unidades de Conservação de Uso Sustentável, as Áreas de Proteção Ambiental da Bacia dos Frades e Jacarandá, as Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPN) Maria Francisca Guimarães e Fazenda Suspiro abrangem cerca de 9% do território de Teresópolis, com vegetação em razoável estado de conservação. No entanto, os participantes preocupam-se com a falta de um Plano de Manejo para as Unidades de Conservação Municipais e Estaduais. Essas localidades estão inseridas no Mosaico Central Fluminense Vista do Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, o maior parque urbano no estado e são prioritárias para a preser vação da Mata Atlântica. O grupo apontou a existência de RPPNs que poderiam ter seu número aumentado através de incentivos fi scais municipais (considerando também as áreas urbanas). Além do desmatamento que isola trechos da Mata Atlântica e reduz o número de matas ecologicamente mais viáveis, outro aspecto importante para a conservação de remanescentes f lorestais está associado ao fato de terem sido registrados desmatamentos no interior e em zonas de amortecimento das Unidades de Conservação. Outras preocupações indicadas estão relacionadas a mineração inadequada, impermeabilização do solo pelo asfaltamento das vias periféricas, queimadas, incêndios e desmatamentos irregulares, que causam sérios danos ao meio ambiente. Um dos fatos que contribui para a degradação dos morros e serras é o manejo inadequado do solo, resultado do desconhecimento da existência de um levantamento dos recursos naturais do município. A exploração inadequada das saibreiras para a recuperação das estradas vicinais é mais um dos problemas que demandam elaboração de políticas públicas voltadas à preservação dos ecossistemas. A falta de programas de preservação das encostas fl orestadas e de recuperação de áreas degradadas favorece os problemas ambientais. Da mesma forma, o uso das encostas e topos de morros para o plantio de eucaliptos e/ou áreas de produção nesta região preocupa a população de Teresópolis. Este fato é reforçado pela ausência de controle e rigor dos órgãos ambientais competentes e pela falta de infraestrutura para promover o treinamento dos fi scais ambientais – em caso de desmatamento. Unidades de Conservação (UC) – Áreas de proteção ambiental legalmente instituídas pelas três esferas do poder público (municipal, estadual e federal). Dividem-se em dois grupos: as de proteção integral, que não podem ser habitadas pelo homem, sendo admitido apenas o uso indireto de seus recursos naturais em atividades como pesquisa científica e turismo ecológico; e as de uso sustentável, onde é permitida a presença de moradores, com o objetivo de compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais (World Wildlife Fund – WWF). R PPN – Áreas particulares cujas características naturais justifi cam sua preser vação. Destinadas por seus proprietários, em caráter perpétuo, a serem protegidas. Devem ser reconhecidas pelo Ibama e seus propr ietár ios passam a gozar de alguns benefícios, como a isenção do Imposto Territorial Rural. Á r e a s d e P r ot e ç ã o A m bie nt a l (APA) – Áreas naturais (incluindo recursos ambientais e águas jurisdicionais) legalmente instituídas pelo poder público, com limites definidos e características relevantes, com objetivos de conservação e sob regime especial de administração, às quais se aplicam garantias adequadas de proteção. Plano de manejo – Plano de uso racional do meio ambiente visando à preser vação do ecossistema, em associação com sua utilização para outros fi ns. É o instrumento básico de planejamento de uma unidade de conservação. 41 Piscina natural no Parque Nacional Serra dos Órgãos A entrada principal do Parque fi ca na área urbana de Teresópolis 42 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Promoção da sustentabilidade dos recursos naturais Estudos técnicos 1. Mapear os recursos naturais do município. Infraestrutura 2. Instalar uma unidade do Batalhão Florestal, aumentando sua atuação na proteção dos recursos naturais. Planejamento 3. Prevenir incêndios f lorestais com a abertura de corredores (aceiros) para proteger áreas de proteção ambiental. • Baixa prioridade 14. Defi nir condicionantes ambientais para a cultura do eucalipto. 15. Instituir o Plano de Prevenção e Correção para áreas de erosão. 16. Implantar Planos de Prevenção de Combate a Incêndio. 17. Criar brigadas mirins ecológicas. 18. Ampliar o quadro técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente por meio de concurso público. 19. Fornecer apoio ao programa de extração controlada e artesanal de areia em trechos dos rios, com aproveitamento para a construção civil ou pública, substituindo a dragagem dos rios pelo Instituto Estadual do Ambiente – Inea. Capacitação 4. Criar áreas permeáveis ao longo das vias públicas. 20. Capacitar os agentes de saúde para atuar em campanhas de Educação Ambiental. 5. Solicitar apoio técnico do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, Prevfogo (Parnaso) para formar brigadas de incêndio comunitárias. 21. Orientar o agricultor quanto à importância de manter áreas de mata nativa em suas plantações. Elaboração de programas e projetos Fiscalização 22. Controlar adequadamente as áreas de preservação. 6. Elaborar e implementar planos de manejo nas Áreas de Proteção Ambiental e Unidades de Conservação (Públicas e RPPNs). 23. Controlar a retirada de saibro. 7. Elaborar projetos de Educação Ambiental. Possíveis parceiros 8. Realizar Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (Prads) com espécies nativas da Mata Atlântica. 9. Desenvolver programas de ref lorestamento voltados para a obtenção de créditos de carbono. 10. Implantar programa de arborização urbana. 11. Elaborar programas voltados ao manejo sustentável do solo. Conservação Internacional do Brasil . Empresas associadas ao Comperj . Escolas .Firjan . Fundação O Boticário de Proteção a Natureza . Ibama . Instituições governamentais estrangeiras . Lions Club . MP . OAB . ONGs . Pacto para a Conservação da Mata Atlântica . Rottary Club . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente . Sindicatos . Universidades . Voluntários. Comunicação Possíveis fontes de financiamento 12. Ampliar os programas de Educação Ambiental, que comuniquem a população sobre a importância da preservação dos recursos naturais. Empresas associadas ao Comperj . CNPq . Comissão Européia . Faperj . Fauna e Flora Internacional . Finep . Funbio . FNMA . LDO . LOA . Pibic . Unesco . WWF Brasil. Gestão pública 13. Elaborar políticas públicas que incentivem a criação de RPPNs e Unidades de Conservação. 43 RECURSOS HÍDRICOS A água é essencial à vida no planeta. Embora seja um recurso renovável, seu consumo excessivo, aliado ao desperdício e à poluição, vem causando um déficit global, em grande parte invisível. Cada ser humano consome direta ou indiretamente quatro litros de água por dia, enquanto o volume de água necessário para produzir nosso alimento diário é de pelo menos 2 mil litros. Isso explica por que aproximadamente 70% da água consumida no mundo vão para a irrigação (outros 20% são usados na indústria e 10% nas residências). Segundo a ONU, cerca de um terço da população mundial vai sofrer os efeitos da escassez hídrica nos próximos anos. A análise do ciclo completo de uso e reúso da água aponta o desaparecimento de mananciais como poços, lagos e rios, e destaca a pouca atenção dada à diminuição das reservas subterrâneas. A Cascata do Imbuí, no Rio Paquequer, citado por José de Alencar no livro “O Guarani” O Brasil conta com recursos hídricos em abundância, o que levou à disseminação de uma cultura de despreocupação e desperdício de água. No entanto, o País enfrenta problemas gravíssimos: muitos cursos d’água sofrem com poluição por esgotos domésticos e dejetos industriais e agrícolas, e falta proteção para os principais mananciais. O uso sustentável dos recursos hídricos depende do conhecimento da comunidade sobre as águas de sua região e de sua participação efetiva em seu gerenciamento. Teresópolis apresenta grande riqueza de mananciais, principalmente no Parque Nacional da Serra dos Órgãos e no Parque Estadual dos Três Picos, devido à sua localização geográfica privilegiada. O município é cortado por diversos rios, como os das Canoas, Formiga, Bengalas e Frades, além do Rio Preto, que tem por af luentes os Rios Córrego Sujo, Vargem Grande e Paquequer. O conjunto de nascentes, lagos, rios e tributários constitui as sub-bacias hidrográficas dos rios Paquequer e Preto, inseridas na Bacia do Rio Piabanha. Bacia hidrográfica – Área drenada por um rio principal e seus afluentes, incluindo nascentes, subafl uentes etc. É a unidade territorial de planejamento e gerenciamento das águas. A Bacia do Rio Piabanha possui uma área de drenagem de 2.065 km², abrangendo 100% do município de Teresópolis e parte dos municípios de Areal, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Paty de Alferes, Paraíba do Sul e Três Rios. A sub-bacia hidrográfica do Rio Paquequer, uma das principais do município, compreende uma área de aproximadamente 269,08 km², entre os distritos de Teresópolis (primeiro distrito) e Vale do Paquequer (segundo distrito). O Paquequer é um dos principais rios desta bacia hidrográfica, com cerca de 35 km de extensão. Atualmente, existem programas de controle de qualidade de água nas nascentes dos rios já identifi cados. Apesar da beleza da paisagem, é possível perceber a área degradada na Bacia do Rio Piabanha e sub-bacias dos rios Paquequer e Preto – principalmente por causa do assoreamento, da exploração para a irrigação e da contamina- 44 ção dos lençóis freáticos pela implantação de condomínios. Outra importante questão é o desmatamento das matas ciliares e formações vegetais próximas às nascentes. Este conjunto de usos e seus impactos interferem diretamente na disponibilidade de água para o abastecimento, uma vez que no período de estiagem já ocorre falta de água. Além disso, o descumprimento das normas estabelecidas no Plano Diretor no tocante aos recursos hídricos e a falta de um trabalho quantitativo e qualitativo de mapeamento das nascentes dificultam a implementação de projetos pelo Comitê de Bacias Hidrográficas no município. Um dos maiores desafios de Teresópolis é o desenvolvimento de um modelo de gestão dos recursos hídricos. A participação do município no Comitê da Bacia Hidrográfi ca do Piabanha e das Sub-Bacias dos rios Paquequer e Preto, bem como a existência de contatos iniciais com redes internacionais para o gerenciamento de bacias hidrográfi cas (Rebob e Relob) viabilizariam a adoção de ações estratégicas. Mapa 3: Localização geográfica da bacia hidrográfica do Rio Piabanha do Sul. Fonte: Ceivap (2009) Entretanto, a pouca atuação do Comitê de Bacias que abrange Teresópolis resulta na falta de implementação de projetos que contribuam para a sua gestão integrada. Este tipo de gestão – associada à revitalização do Rio Paquequer, à melhoria do aproveitamento dos recursos hídricos, à recuperação de nascentes e de matas ciliares, bem como ao manejo controlado da extração de areia nos leitos dos rios – promoveria a conservação das águas do município. Lençol freático – Depósito de água nat u r a l no subsolo, ág ua s subter râneas que alimentam os r ios perenes, garantindo a presença de água durante todo o ano. A profundidade do lençol freático depende de vários fatores. Plano Diretor – Lei municipal que estabelece diretrizes para a adequada ocupação do município. É o instrumento básico da política de desenvolv imento municipal. Sua pr incipal f inalidade é or ientar o poder público e a iniciativa privada no que se refere à construção dos espaços urbano e rural, e à oferta dos serviços públicos essenciais, visando assegurar melhores condições de vida à população. Comitê de Bacias Hidrográf icas – Colegiados instituídos por lei, no âmbito do Sistema Nacional de Recursos Hídricos e dos Sistemas Estaduais. Considerados a base da gestão participativa e integrada da água, tais comitês têm papel deliberativo, são compostos por representantes do poder público, da sociedade civil e de usuários de água, e podem ser ofi cialmente instalados em águas de domínio da União e dos estados. 45 Extração de areia – Para extração de areia é preciso consultar e obter a licença do Ibama e do Inea e seguir a autorização do Departamento Nacional de Produção Mineral. A falta de licença ou o exercício da atividade em desacordo com a licença concedida implicam pena de detenção de seis meses a um ano, além de multa. Poluição – Alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente pelo lançamento de quaisquer substâncias sólidas, líquidas ou gasosas que se tornem efetiva ou potencialmente nocivas à saúde, à segurança e ao bem-estar da população, ou causem danos ou prejuízos à flora e à fauna. Mata ciliar – Vegetação na margem dos rios, lagos, nascentes, represas e açudes. Consideradas áreas de preservação permanente, as matas ciliares protegem as margens contra a erosão, evitando o assoreamento, permitem a conservação da flora e da fauna, regulam os fluxos de água e são a proteção mais eficiente dos solos onde se encontram. Os mananciais de Teresópolis fazem parte da Bacia do Rio Piabanha Discutir a gestão da bacia hidrográfica significa, sobretudo, abordar as variáveis socioeconômicas desta localidade, estabelecendo um conjunto de normas e propostas para o uso sustentável dos recursos hídricos previstos no Plano Local de Desenvolvimento Sustentável, que deve estar integrado ao Plano de Bacia do Comitê do Piabanha. O município apresenta diversos mananciais nas sub-bacias hidrográfi cas dos rios Paquequer e Preto 46 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Sustentabilidade dos recursos hídricos Estudos técnicos 1. Mapear as áreas de nascentes e mananciais na região, indicando a presença ou ausência de mata ciliar. Elaboração de programas e projetos 2. Elaborar programas de revitalização das matas ciliares (como o projeto “Nosso Paquequer”). • Baixa prioridade 9. Coibir as ocupações irregulares na FMP (Faixa Marginal de Proteção). 10. Intensificar a fiscalização nas áreas de mananciais. Gestão pública 11. Ampliar o quadro técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, por meio de concurso público. 12. Integrar as atividades dos técnicos municipais com outros órgãos ambientais. 13. Refazer o Plano Diretor de Saneamento. 3. Elaborar projetos e apoiar a implantação das atividades do Comitê de Bacias Piabanha, Paquequer e Rio Preto. Possíveis parceiros 4. Elaborar um projeto-piloto de produção de mudas de espécies nativas da Mata Atlântica, com a utilização da mão de obra de trabalhadores rurais. Conservação Internacional do Brasil . Empresas privadas . Escolas . Firjan . Fundação O Boticário de Proteção a Natureza . Ibama . Instituições governamentais estrangeiras . Lions Club . MP. OAB . ONGs . Pacto para a Conservação da Mata Atlântica . Rottary Club . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente . Sindicatos . Universidades. 5. Desenvolver programas sustentáveis de extração artesanal de areia em trechos controlados dos rios. Comunicação 6. Orientar a população sobre o uso sustentável dos recursos hídricos. 7. Divulgar a existência e as atividades do Comitê de Bacias. Fiscalização Possíveis fontes de financiamento CNPq . Comissão Europeia . Empresas associadas ao Comperj . Faperj . Fauna e Flora Internacional . Finep . FunBio . Fundo Nacional de Direitos Difusos . FNM A . MM A . Pibic . SEA . Unesco . WWF Brasil. 8. Controlar e fiscalizar o despejo de resíduos nos rios, solicitando maior cumprimento das multas previstas. 47 BIODIVERSIDADE A biodiversidade é a base do equilíbrio ecológico do planeta. Sua conservação deve se concentrar na manutenção das espécies em seus ecossistemas naturais, por meio do aumento e da implantação efetiva das áreas protegidas, que asseguram a manutenção da diversidade biológica, a sobrevivência das espécies ameaçadas de extinção e as funções ecológicas dos ecossistemas. O macaco bugio é uma das espécies ameaçadas de extinção na Mata Atlântica Teresópolis é famosa por suas orquídeas e orquidários 48 A biodiversidade interfere na estabilização do clima, na purificação do ar e da água, na manutenção da fertilidade do solo e do ciclo de nutrientes, além de apresentar benefícios culturais, paisagísticos e estéticos. As principais formas de destruição da diversidade biológica são urbanização descontrolada, ocupação irregular do solo, exploração mineral, desmatamentos e fragmentação de ecossistemas, queimadas, superexploração de recursos naturais, utilização de tecnologias inadequadas na produção f lorestal, pesqueira, agropecuária e industrial, indefinição de políticas públicas e implantação de obras de infraestrutura sem os devidos cuidados. Acrescentam-se ainda a introdução de espécies exóticas da flora e da fauna e a comercialização ilegal de espécies silvestres. O Brasil possui 25% da biodiversidade mundial, reunindo uma riqueza difícil de mensurar, pois há espécies que sequer foram identificadas. O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) estima o valor do patrimônio genético brasileiro em US$ 2 trilhões (quatro vezes o PIB nacional). As cifras em jogo são altas. Produtos da biotecnologia (biodiversidade explorada), como cosméticos, remédios e cultivares, constituem um mercado global que chega a US$ 800 bilhões por ano, cifra semelhante à do setor petroquímico. Teresópolis abriga uma grande variedade de ecossistemas. O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, o Parque Estadual dos Três Picos, o Parque Natural Municipal Montanhas de Teresópolis, as Áreas de Proteção Ambiental da Bacia dos Frades e Jacarandá, as Reservas Particulares de Patrimônio Ambiental Maria Francisca Guimarães e a Fazenda Suspiro, além de fragmentos isolados de Mata Atlântica, são habitats para várias espécies da fauna e da flora. Mapa 4: Áreas prioritárias para a preservação da biodiversidade no município de Teresópolis e arredores Fontes: IBGE, MMA, Petrobras A extinção de espécies locais e a consequente degradação da biodiversidade vêm preocupando os moradores do município por causa da falta de recursos para a implementação de instrumentos de conservação e monitoramento da diversidade biológica e para a melhoria da fi scalização. 49 Apreensão de pássaros durante ação de combate ao tráfi co de animais silvestres Biotecnologia – Aplicação tecnológica que usa organismos vivos ou seus derivados para fabricar ou modif icar produtos ou processos. Especialmente utilizada na agricultura, nas ciências dos alimentos e na medicina. 50 Em Teresópolis existe potencial para o aproveitamento da biodiversidade nos processos biotecnológicos, de forma a contribuir para a tomada de decisão a partir do conhecimento local. Entretanto, faltam estudos sobre este tema, o que difi culta a ação das autoridades competentes. Um dos maiores problemas são as citadas áreas fragmentadas da Mata Atlântica, que, ao ficarem isoladas umas das outras, reduzem as possibilidades de manutenção dos processos ambientais, contribuindo para a perda da biodiversidade regional. PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Proteção da biodiversidade Articulação 1. Realizar parcerias e convênios para a captação de recursos e elaboração de projetos voltados para a conser vação da diversidade biológica. • Baixa prioridade 6. Promover campanhas de conscientização sobre as questões relativas à preservação da biodiversidade local. Possíveis parceiros Planejamento Conservação Internacional do Brasil . Empresas associadas ao Comperj . Escolas . Firjan . Fundação O Boticário de Proteção a Natureza . Ibama . ICMBio . Instituições governamentais estrangeiras . Lions Club . MP. Nações Unidas . OAB . ONGs . Pacto para a Conservação da Mata Atlântica . Rottar y Club . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente . Sindicatos . Universidades . Voluntários. 3. Elaborar projetos de manejo, monitoramento e conservação da f lora e da fauna. Possíveis fontes de financiamento Capacitação Comissão Européia . Empresas associadas ao Comperj . Fauna e Flora Internacional . Finep . FNMA .Funbio . MMA . SEA . Unesco . WWF Brasil. 2. Estabelecer convênios com universidades para a realização de cursos de especialização em gestão da biodiversidade no município. 4. Realizar a capacitação de agentes multiplicadores em Educação Ambiental. Comunicação 5. Divulgar os resultados das pesquisas sobre a biodiversidade em veículos de comunicação comunitários, escolas, universidades, associações e sindicatos. 51 MUDANÇAS CLIMÁTICAS O aumento da concentração dos gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera contribui para a retenção de calor na Terra, provoca a elevação da temperatura média do planeta e é a principal causa das mudanças climáticas. Isso se deve, principalmente, à queima de combustíveis fósseis (petróleo, gás natural e carvão mineral), ao desmatamento, às queimadas e aos incêndios f lorestais. As principais consequências do agravamento do efeito estufa são: temperaturas globais médias mais elevadas, resultando em ruptura dos sistemas naturais; mudanças nos regimes de chuva e nos níveis de precipitação em muitas regiões, com impactos na oferta de água e na produção de alimentos; maior incidência e intensidade de eventos climáticos extremos, como ondas de calor, tempestades, enchentes, incêndios e secas; elevação do nível do mar e alterações de ecossistemas, como o aumento de vetores transmissores de doenças e sua distribuição espacial. Na maioria dos países, a maior dificuldade para controlar a emissão de GEE reside na queima de combustíveis fósseis para a obtenção de energia. Já no Brasil, as principais causas são as queimadas e as emissões dos veículos automotores. A temperatura média no País aumentou aproximadamente 0,75ºC no século 20, o que tem intensificado a ocorrência de secas e enchentes, e provocou o surgimento de fenômenos climáticos que não ocorriam no Brasil, como furacões. Teresópolis apresenta boa qualidade do ar. As preocupações dos participantes do município com relação às mudanças climáticas são o excesso de carros de passeio e veículos pesados que circulam na região e a emissão de gás metano proveniente do aterro sanitário. Neste aspecto, os programas de ref lorestamento, além de importantes para a qualidade ambiental do município, também representam a possibilidade de ganhos com os créditos de carbono. Os participantes do Fórum demonstraram preocupação com a possibilidade da chegada de indústrias poluidoras, a partir da instalação do Comperj, uma vez que a fi scalização dos órgãos ambientais é insufi ciente e que não há monitoramento da qualidade do ar. 52 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Combate às mudanças climáticas • Baixa prioridade Gestão pública Infraestrutura 9. Ampliar o quadro técnico da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, através de concurso público. 1. Implantar um conjunto de estações de monitoramento da qualidade do ar antes da implantação do Comperj. 10. Elaborar legislação própria para proibir circulação de veículos pesados na cidade em determinados horários. 2. Implantar ciclovias, ciclofaixas e bicicletários no município. 11. Integrar os técnicos municipais com outros órgãos ambientais. 3. Promover a melhoria do transporte público, reduzindo o f luxo dos veículos particulares nas vias. 12. Fornecer incentivos fiscais específicos para instalar indústrias de baixo potencial poluidor. Planejamento Fiscalização 4. A mpliar os programas de educação ambiental, v isando combater as causas do aquecimento global. 13. Assegurar fiscalização rigorosa e a adequação das fábricas poluentes às normas vigentes. Elaboração de projetos 5. Realizar projetos sustentáveis no município com o apoio das indústrias já instaladas e daquelas que virão durante a construção e operação do Comperj. Possíveis parceiros Comunicação Conservação Internacional do Brasil . Empresas associadas ao Coimperj . Escolas . Firjan . Fundação O Boticário de Proteção a Natureza . Ibama . Instituições governamentais estrangeiras . Lions Club . MP . OAB . ONGs . Pacto para a Conservação da Mata Atlântica . Rottary Club . SEA . Secretaria Municipal de Meio Ambiente . Sindicatos . Universidades . Voluntários. 7. Realizar seminários sobre créditos de carbono e políticas ambientais internacionais. Possíveis fontes de financiamento 8. Divulgar os resultados do monitoramento da qualidade do ar por meio de campanhas educativas. CNPq . Comissão Européia . Empresas associadas ao Comperj . Faperj . Fauna e Flora Internacional . Finep . FNMA . Funbio . Fundo Nacional de Direitos Difusos . MM A . Pibic . SEA . Unesco . WWF Brasil. 6. Elaborar projetos de ref lorestamento para o sequestro de carbono. 53 2 Ordem Física HABITAÇÃO A Agenda 21, em seu capítulo 7, afi rma que o acesso à habitação segura e saudável é essencial para o bem-estar físico, psicológico, social e econômico das pessoas e que o objetivo dos assentamentos humanos é melhorar as condições de vida e de trabalho de todos, especialmente dos pobres, em áreas urbanas e rurais. Essa menção especial aos mais pobres se deve ao fato de que estes tendem a estar nas áreas ecologicamente mais frágeis ou nas periferias das grandes cidades. Moradores instalados em assentamentos precários estão mais sujeitos a problemas como falta de saneamento e de serviços públicos adequados e a desastres naturais, como inundações e deslizamentos de terra. Déficit habitacional – Número de domicílios improvisados, inadequados para se viver e/ou onde existe coabitação familiar e/ou onde famílias pobres pagam um aluguel que excede 30% da sua renda familiar. O déficit habitacional do Brasil é de 5,8 milhões de domicílios. Com os projetos de habitação popular no País sendo guiados pelo menor preço, é importante considerar os novos parâmetros propostos pela construção sustentável ao se planejarem os investimentos necessários para atender a essa imensa demanda. Além de evitarem o desperdício de água e de energia, novas tecnologias garantem conforto e segurança, e facilitam a utilização de materiais que causam menos impactos ambientais. As habitações sustentáveis também se mostram mais econômicas e eficientes a médio prazo. Em Teresópolis, os participantes preocupam-se com a migração de pessoas para o município, apesar de reconhecerem que faltam informação e conhecimentos sobre dinâmica demográfi ca e sustentabilidade. Eles também demonstraram preocupação com a ocupação desordenada e indevida de morros, encostas e áreas de proteção, com a existência de moradias localizadas em área de risco e em Unidades de Conservação (UCs3 – APPs e FMPs) e com o grande número de moradores das encostas e favelas. Os participantes do Fórum atribuíram o problema à falta de políticas habitacionais eficientes, aliada à falta de sensibilização da população, o que está causando a degradação ambiental das áreas protegidas. No entanto, reconheceram que há alguns avanços, como o controle inicial de limites entre favelas e as UCs, por parte da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil (inclusive com demolição de imóveis). Vista da cidade, com a Serra dos Órgãos ao fundo No tocante à habitação, Teresópolis apresenta um índice preocupante: 26% de sua população vivem em favelas. Quando comparado ao índice de 19%, observado na capital do estado, pode-se ter um parâmetro da extensão do problema. 3 As Unidades de Conservação (UCs) podem ser do tipo Área de Proteção Ambiental (APA), Área de Preservação Permanente (APP) e Faixa Marginal de Proteção (FMP). 56 Mapa 5: Localização das áreas de habitação não convencionais Fonte: Embraero Aerofotometria LTDA/Prefeitura Municipal de Teresópolis Segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável4 , a ocupação de encostas em Teresópolis é intensa, com edificações em terrenos de declividade acentuada, e cresce de forma aleatória e desordenada. 4 PMT/FGV, Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável – Documento Técnico, 2006, p. 109-110. 57 Uma ação para coibir a ocupação de áreas irregulares, que contou com a aprovação do grupo, foi a cooperação entre a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil, a Ampla e a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae), para que sejam feitas instalações de fornecimento de água e luz somente em áreas permitidas. A necessidade de providenciar habitação popular digna é apontada como uma providência necessária para resolver questões como a existência de uma comunidade ao redor do aterro sanitário e a presença de moradores de rua. A topografia do município torna o crescimento desordenado uma fonte de preocupação, já que há grandes áreas de risco sem políticas públicas e, apesar da existência de plano municipal de redução de risco – com implantação prevista para 20 anos (Plano de Vigência) –, falta implementá-lo no que diz respeito à questão de assentamentos humanos. Além disso, respaldados pela memória das tragédias ocorridas no município, os participantes apontaram a falta de um sistema de evacuação de emergência das encostas no caso de catástrofes. Casas populares foram construídas no bairro de Fonte Santa, benefi ciando moradores removidos de áreas de risco A adoção da Lei Municipal sobre uso e ocupação do solo, em processo de revisão pelo Conselho da Cidade, é vista como potencialidade. No entanto, os participantes do processo mencionaram a falta de política e de estudos adequados para o uso do solo (uso econômico, parcelamento de solo, entre outros), tendo em vista a escassez de áreas planas para assentamentos humanos no município (estimada em apenas 10% da área total). Apesar da preocupação com a falta de política de moradia popular e infraestrutura habitacional, os membros do Fórum reconhecem que o Conselho da Cidade está funcionando e que está em curso pela Câmara Técnica do Conselho Municipal da Cidade a elaboração de um Plano e de um Fundo de Habitação de interesse social. Este conselho – de caráter consultivo, deliberativo e fiscalizador – tem reuniões regulares e representação da sociedade civil. Entre os investimentos previstos pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para o Estado do Rio de Janeiro, entre 2007 e 2010, Teresópolis está contemplada com R$ 71.700 para a elaboração de seu Plano Municipal de Habitação e com R$ 11.617.700 para novas habitações, em Fonte Santa e na sede do município, e para a urbanização da Quinta do Lebrão. Os participantes informaram que a Caixa Econômica Federal (CEF) liberou recursos do programa federal “Minha Casa, Minha Vida” para a construção de 2 mil casas. Na Fonte Santa, em parceria com o estado, foram entregues 45 casas em 2009, e serão entregues mais 27 em 2010; no mesmo local, o próprio município entregará 25 casas em 2010. Na Quinta Lebrão, o município já entregou quatro blocos de apartamentos, entregará em breve mais 90 casas e, em parceria com o estado, serão entregues outras 90 casas em 2011. 58 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Plano de crescimento ordenado Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas para conter a ocupação humana nas áreas de risco e de ocupação irregular. • Baixa prioridade • Implementação da Lei de Uso e Parcelamento do Solo Comunicação 1. Divulgar a Lei de Uso e Parcelamento do Solo. 2. Implementar o Plano Municipal de Redução de Riscos ( já em andamento). Gestão pública 3. Integrar os órgãos da prefeitura (Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Fiscalização, Planejamento Urbano). 2. Elaborar políticas conservacionistas e preservacionistas em relação ao uso e parcelamento do solo. 4. Atualizar a Lei de Uso e Parcelamento do Solo. • Plano de habitação popular 5. Retirar e demolir os imóveis construídos em Áreas de Preservação Permanente e em áreas de risco, com a realização de Programas de Recuperação de Áreas Degradadas (Prads). 6. Considerar no Plano de Crescimento Ordenado as informações relativas aos impactos provenientes da instalação do Comperj. 7. Verificar necessidades de infraestrutura para atender ao crescimento demográf ico (transpor te, escolas, áreas de lazer, entre outros). Estudo técnico 8. Rea l i za r o mapea mento da s á rea s de r i sco e x i stentes no mu n icípio. Elaboração de programas 9. Desenvolver programas integrados de controle da ocupação urbana para evitar novas ocupações em Áreas de Preservação Ambiental e de risco. 10. Criar um programa de adequação e regularização de propriedades em zonas de amortecimento de Unidades de Conservação, promovendo a titularidade adequada de cada situação. Comunicação 11. Realizar campanhas de sensibilização sobre as questões ambientais relacionadas à habitação (mídias, cursos, eventos, entre outros). 12. Informar a população sobre a importância da preservação das Unidades de Conservação, incentivando que cada cidadão denuncie irregularidades através de serviço de denúncia. • Integração dos moradores de rua Elaboração de programas e projetos 1. Elaborar um programa que vise recolher moradores de rua e enviá-los às cidades de origem. 2. Desenvolver projetos de reintegração social dos moradores de rua por meio de capacitação e absorção da mão de obra. Estudos técnicos 1. Mapear as áreas adequadas e disponíveis para os assentamentos urbanos populares. Gestão pública 2. Executar o Plano Local de Habitação de Interesse Social, criando a infraestrutura necessária nos novos assentamentos. 3. Elaborar um plano de adequação e regularização de propriedades em áreas de UC e de risco, estabelecendo critérios para as que permanecem ou não. 4. Promover a regularização da titularidade de terra nos assentamentos recém-ocupados. 5. Assegurar o remanejamento das famílias moradoras do lixão de Teresópolis e a formação de cooperativa de catadores. 6. Evitar a especulação imobiliária, estabelecendo critérios para os candidatos aos assentamentos populares. Possíveis parceiros Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (ACIAT) . Associações . Cedae . Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) . Cooperativas . Corpo de Bombeiros . Crea . Defensoria Pública . DNIT . Emater . Empresas associadas ao Comperj . ICMBio . Inea . MDA . Movimento Nossa Teresópolis . MP . ONGs . Parque Estadual dos Três Picos . Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . PMERJ . SEA . Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil . Secretarias Municipais (Desenvolvimento Social, Saúde, Obras e Serviços Públicos, Segurança Pública, Planejamento, Meio Ambiente, Educação, Agricultura) . Sindicatos . Universidades . Veículos de comunicação . Possíveis fontes de financiamento Banco do Brasil . Bird . BNDES . Caixa Econômica Federal . Fundo Nacional de Transporte . Ministérios (Cidades, Ciência e Tecnologia). 59 SANEAMENTO Saneamento ambiental é o conjunto de práticas voltadas para a conservação e a melhoria das condições do meio ambiente em benefício da saúde. Envolve abastecimento de água, esgoto sanitário, coleta de resíduos sólidos, drenagem urbana e controle de doenças transmissíveis. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2010 do IBGE, em 2009, 62,6% dos domicílios brasileiros urbanos eram atendidos, ao mesmo tempo, por rede de abastecimento de água, rede coletora de esgoto e coleta de lixo direta, porém com grande disparidade entre as regiões do País (13,7% no Norte e 85,1% no Sudeste). Consequência da rápida urbanização do País, esse quadro indica que o saneamento é um dos pontos mais críticos da crise urbana no Brasil e demanda medidas urgentes da maioria dos municípios brasileiros. Além do comprometimento ambiental resultante da ausência de saneamento adequado, são consideráveis as perdas econômicas e sociais causadas pela morbidade e mortalidade que atingem principalmente as crianças. O Ministério da Saúde estima que cada R$ 1 investido em saneamento retorna em R$ 5 de custos evitados no sistema de saúde pública. Em Teresópolis, estudos técnicos revelam que o sistema de abastecimento de água no município utiliza dez mananciais para captação, com 300 km de rede de distribuição e 18.573 ligações totais, sendo 15.564 (83,8%) com hidrômetro. Fazem parte do sistema duas Estações de Tratamento de Água (ETA) e 34 reservatórios, com capacidade total de 12.996 m 3 e 32 elevatórias. Teresópolis conta com 100% de cobertura na sua coleta de lixo 60 Nas áreas rurais da Bacia do Rio Paquequer, constatou-se que aproximadamente 65% dos domicílios destinam o esgoto para sumidouro; 18,75%, direto para o corpo receptor mais próximo; 12,50% para fossa séptica; e apenas 3,12% para valas. A porcentagem de moradias em Teresópolis sem água, luz, coleta de lixo ou instalações sanitárias adequadas é de 37%, à frente apenas do município de Rio das Ostras, com 42%. O Plano Municipal de Saneamento deverá ficar pronto no segundo semestre de 2010, após coleta de dados e análise técnica na Câmara Técnica de Saneamento do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Comdema). Esgoto Sanitário O Aterro Sanitário Municipal dá destinação ecologicamente correta aos resíduos sólidos produzidos em Teresópolis, Carmo, São José do Vale do Rio Preto e Sumidouro. Sob o aspecto sanitário, Teresópolis utiliza-se da rede pluvial para as ligações de esgoto, além de fossas sépticas, fossas rudimentares, valas, sarjetas e galerias. Isto ocorre quando há disponibilidade desses meios de ligação – em caso contrário, é utilizada a superfície do solo ou rios e riachos. No município não há sistema público de coleta e tratamento de esgoto, mas a lei municipal 2.199/2002 determina sua implantação: “As edifi cações já existentes, desprovidas de adequadas instalações de tratamento, deverão adaptarse ao que dispõe esta Lei, no prazo de 12 (doze) meses, a partir da intimação de que trata o § 1º do artigo 8º.”Os participantes do processo demonstraram preocupação com a falta de saneamento básico e tratamento de efl uentes, despejados diretamente nos rios serranos que integram a Bacia do Paraíba do Sul. Observam que a população está aumentando, mas não há captação e tratamento adequado do esgoto, e informam que a situação se agrava com a incerteza na definição de responsabilidade sobre o tema (prefeitura x Cedae). Enquanto isso, em muitos casos, os efluentes vão direto para os rios in natura, levando à contaminação dos lençóis freáticos e dos rios. Como pontos positivos, foram mencionadas a existência de Câmara Técnica de Saneamento no Conselho de Meio Ambiente (que está propondo um projetopiloto de tratamento de esgoto) e a lei municipal que exige a construção de fossa e fi ltro para as novas casas. Existem propostas aprovadas de construção de pequenas estações de tratamento de esgoto no Orçamento Participativo de 2010. Abastecimento de Água O abastecimento de água está sob a responsabilidade da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae), porém, como o contrato da empresa está vencido, em 2010 haverá licitação para a prestação dos serviços. 61 De acordo com o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), a Cedae atendia, no ano de 2006, 95,55% dos domicílios do município, com cobertura total na área urbana – informações estas questionadas pelo Fórum. Mas, mesmo onde há acesso ao abastecimento, há reclamação quanto ao fornecimento de água irregular e sazonal (ex.: além dos bairros mais altos, Albuquerque, entre outros). A necessidade de se promover o uso sustentável da água aparece na menção à falta de consciência da população, do poder público e de empresas sobre o bom uso dos recursos hídricos (conservação, acompanhamento popular da qualidade das águas, desperdício na lavagem de calçadas e automóveis etc.). Os participantes têm consciência de que a falta de preservação dos recursos ambientais (desmatamento, falta de saneamento básico, entre outros) é uma ameaça ao abastecimento futuro. Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) – Infraestrutura que trata as águas residuais de origem doméstica e/ou industrial, comumente chamadas de esgotos sanitários ou despejos industriais. Após o tratamento, são escoadas para o mar ou rio com um nível de poluição aceitável (ou, então, são “reutilizadas” para usos domésticos), através de um emissário, conforme a legislação vigente para o meio ambiente receptor. 62 Além disso, há preocupação com a qualidade da água, uma vez que faltam análises mais completas para classificar, quantificar e divulgar a contaminação existente (ex.: se há resíduos de agrotóxicos ou poluição por lançamento de esgotos) que possibilitem futuras intervenções adequadas. A Cedae informa que atende rigorosamente aos padrões de potabilidade estabelecidos pela Portaria 518/04 do Ministério da Saúde, realizando o monitoramento da água na rede de distribuição e apenas nos mananciais utilizados pelas Estações e Unidades de Tratamento. A companhia informa que também disponibiliza os resultados das análises da água tratada na conta de água enviada para seus clientes. Foram identificadas como potencialidades as ações em curso propostas pelo Ministério Público para incentivar parcerias para a despoluição do Rio Paquequer e seus afl uentes (junto aos bairros de Granja Guarani e Quebra Frasco) e gestão da Bacia do Rio Meudon, voltadas para a preservação dos recursos hídricos do município. Outra potencialidade informada foi a existência de uma lei sobre o aproveitamento da água da chuva (Código de Obras), o que pode indicar o início da formação de política pública voltada para a sustentabilidade dos recursos hídricos. Mapa 6: Descrição do sistema de abastecimento de água Fonte: Embraero Aerofotometria LTDA/Prefeitura Municipal de Teresópolis Drenagem Pluvial A área urbana conta com uma rede de rios canalizados e/ou enterrados, bueiros, galerias e manilhas que conduzem as águas pluviais até os córregos, para finalmente desaguar no Rio Paquequer. Mas, na época de chuvas mais fortes, Teresópolis sofre com enchentes e deslizamentos que causam problemas de erosão, inundação e até mortes. A área rural tem problemas similares, agravados pela deficiência de infraestrutura. 63 Devido ao mau dimensionamento de alguns condutores, lixo nos bueiros, impermeabilização das superfícies urbanizadas e assoreamento dos rios, a condução de grandes quantidades de água é inadequada. Além das águas da chuva, a rede de drenagem pluvial também recebe esgotos, o que, entre outros problemas, aumenta o risco de doenças durante enchentes. A Câmara Técnica de Saneamento do Comdema (Conselho Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente) já está analisando possíveis ações corretivas no Córrego Meudon, baseadas num projeto da antiga Serla. A Prefeitura coleta o material reciclável e entrega à Associação Serrana de Catadores Aterros – Existem três formas de d isposição de resíduos em aterros: os aterros sanitários, que recebem os resíduos de origem urbana (domésticos, comerciais, públicos, hospitalares etc.); os industr iais (somente para resíduos considerados perigosos); e os aterros controlados para lixo residencial urbano, onde os resíduos são depositados e recebem uma camada de terra por cima. Na impossibilidade de reciclar o lixo por compostagem acelerada ou a céu aberto, as normas sanitárias e ambientais recomendam a adoção de aterro sanitário e não controlado. 64 Resíduos Sólidos Teresópolis já conta com um Plano Diretor de Resíduos Sólidos em implantação e a cobertura da coleta é de 100%. O município dispõe de um aterro sanitário e consórcio intermunicipal para destinação de resíduos, possibilitando o aumento do repasse do ICMS-Verde. O projeto de aterro sanitário já foi licenciado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea). Outra importante iniciativa local é o recolhimento de óleo usado, de baterias e de garrafas PET. Durante a etapa de levantamento de percepções, foi informado que falta coleta seletiva de lixo e reciclagem. Posteriormente, no entanto, foi informado que em 2010 está em implantação o serviço de coleta seletiva “Teresópolis Recicla”, que atenderá a 20% das residências. Há preocupação com o depósito indevido de resíduos, apesar de já haver um programa-piloto (“Fazendo a Diferença”) a partir de educação ambiental em cinco escolas do município e alguns projetos de compostagem em curso, que podem se articular com as iniciativas de agricultura orgânica. Os participantes lamentaram a inadequação dos depósitos de lixo (locais construídos pela prefeitura e caixas coletoras particulares), permitindo que o lixo seja indevidamente remexido e o transporte dos detritos seja feito em caminhões abertos, sem a devida proteção tanto para o material transportado quanto para os funcionários (o trabalho não segue as normas da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa). Outro problema a ser solucionado é a precariedade da coleta na área rural (destinação ilegal nos rios e queima de resíduos). PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Gestão das águas Comunicação 1. Informar a população quanto ao uso dos recursos hídricos. 2. Realizar campanha de orientação sobre doenças decorrentes de veiculação hídrica. 3. Cr iar programa de redução de desperdício de água na irrigação, inclusive com campanhas de sensibilização da comunidade, empresas e indústrias. 5. Implementar soluções negociadas que permitam o cumprimento da legislação municipal sobre fossas e fi ltros, solicitando a adequação de infraestrutura às construções já existentes. • Plano de gestão de resíduos sólidos Planejamento 1. A mpliar a coleta seletiva de resíduos sólidos (inclusive pilhas, baterias e óleos) para todos os bairros do município. Fiscalização 2. Replicar o projeto de coleta seletiva “Fazendo a Diferença” em todas as escolas do município. 4. Cobrar maior controle e fiscalização dos resíduos jogados nos rios, solicitando a aplicação das multas previstas. 3. Aplicar tecnologias alternativas para a destinação dos resíduos sólidos. Elaboração de programas Comunicação 5. Elaborar programas de revitalização das matas ciliares para a proteção das nascentes e mananciais. 4. Informar a população sobre a importância da compostagem, capacitando-a para a instalação de canteiros. 6. Desenvolver programas de recomposição das matas ciliares através do plantio de espécies frutíferas de aproveitamento econômico, por meio de incentivos fiscais. Infraestrutura 5. Construir ecopontos de coleta planejados em locais estratégicos e adequados à coleta seletiva. 7. Elaborar programas de despoluição dos rios das bacias hidrográficas do município (Paquequer e Preto). 6. Criar uma central de aproveitamento de resíduos da construção civil e afins. 8. Realizar um programa de captação das águas pluviais e aproveitamento do recurso (Lei do Código de Obras). Articulação Gestão pública 7. Realizar parcerias para aproveitamento do gás metano, proveniente do aterro sanitário (biogás). 9. Assegurar que as águas do município continuem públicas, com contrato de metas e acompanhamento por meio de mecanismos de controle social. Gestão pública • Plano de tratamento de esgotos Articulação 1. Realizar arranjos regionais, mediante parcerias com os governos federal, estadual e municipal, implantando programas e projetos de tratamento de esgotos, recuperação de áreas de matas ciliares degradadas, diminuição e controle do uso de agrotóxicos. Gestão pública 2. Realizar um projeto-piloto de despoluição do trecho inicial do Rio Paquequer, a ser replicado nas demais bacias hidrográficas. 3. Elaborar um projeto-piloto de biodigestor como forma de dar um destino ao esgoto, a ser replicado em outras localidades do município. 4. Cumprir a lei municipal que exige a construção de fossa e filtro para as novas casas. 8. Realizar a gestão do aterro controlado. 9. Revisar o Plano Diretor de Resíduos Sólidos. 10. Assegurar a universalização da coleta de lixo, realizada com maior frequência. 11. Adequar a frota às normas de proteção da Anvisa. Possíveis parceiros Anvisa . Associações . Cedae . Comitê de Bacia Hidrográficas dos Rios Paquequer e Preto . Cooperativas . Crea . Emater . Inea . Lions Club . ONGs . Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . Parque Estadual dos Três Picos . Rottary Club . SEA . Sebrae . Secretarias Municipais (Saúde, Obras e Serviços Públicos, Planejamento, Educação, Agricultura e Meio Ambiente) . Senai . Sesc . Sesi . Sindicatos . Universidades. Possíveis fontes de financiamento BNDES . CNPq . Comissão Europeia . Faperj . Finep . Pibic. 65 MOBILIDADE E TRANSPORTE Praticamente todos os aspectos da vida moderna estão ligados a sistemas de transporte que permitem o deslocamento de pessoas, matérias-primas e mercadorias. Nosso ambiente, economia e bem-estar social dependem de transportes limpos, eficientes e acessíveis a todos. No entanto, os meios de transporte disponíveis são insustentáveis e ameaçam a qualidade de vida e a saúde da população e do planeta. Nos últimos 30 anos, os investimentos públicos no Brasil privilegiaram a infraestrutura voltada para a circulação dos automóveis. Além da poluição atmosférica e sonora, este modelo de transportes gera um trânsito caótico e violento, que causa acidentes com milhares de mortes todos os anos. Todos os bairros urbanos são atendidos pelo transporte público Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), o setor de transportes já é responsável por um quarto das emissões de dióxido de carbono em todo o mundo. A tendência é que entre 2005 e 2030 essas emissões aumentem 57%, sendo 80% deste crescimento nos países em desenvolvimento e, em sua grande maioria, provenientes de carros particulares e caminhões. Sistemas de transportes sustentáveis demandam uma boa distribuição de ser viços nos bairros, de forma a reduzir a necessidade de deslocamentos, assim como transporte público de qualidade e ciclovias. Em Teresópolis , a falta de um Conselho Municipal de Transporte é uma questão levantada pelos participantes, que também reclamaram da falta de serviço de atendimento ao usuário e da péssima pavimentação das ruas. Há muitas reclamações quanto ao transporte coletivo, que é considerado caro (o valor da passagem não é proporcional ao trajeto) e com atendimento inadequado, sendo que as maiores reclamações recaem sobre os horários e o tempo de espera, além da falta de integração. A razão apontada para esta situação é que o serviço é monopolizado. Todos os bairros da área urbana são servidos por ônibus, porém há distritos com localidades sem atendimento de transporte público. O município tem uma cooperativa de vans para serviço intramunicipal e intermunicipal. Teresópolis é servida por duas estradas federais: a BR-116, que acessa Guapimirim ao sul e São José do Vale do Rio Preto ao norte; e a BR-495, estrada serrana que alcança Petrópolis, a oeste. A rodovia estadual RJ-130 acessa Nova Friburgo, a leste. O acesso principal a Teresópolis é realizado pela BR-116. Há tempos existe um debate sobre a necessidade de construção de uma nova estrada, porém há sérios questionamentos sobre os impactos que a obra poderá causar – entre 66 eles, danos ambientais ao Parque Estadual dos Três Picos. Recentemente, foi aprovado, com início para 2010, o projeto de construção da terceira faixa de rolamento na BR-116, no trecho da Serra dos Órgãos. Entre os investimentos recentes no setor estão a aquisição de 18 abrigos de passageiros para paradas de ônibus urbanos e ações diversas de segurança no trânsito. Há planos e estudos para construção de ciclovias e ciclofaixas. Mapa 7: Localização das principais estradas Fonte: DER-RJ (2006) A cidade possui terminal rodoviário e está conectada a Carmo, Magé, Guapimirim, Niterói, Nova Friburgo, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio das Ostras, Rio de Janeiro, Sapucaia, São Paulo e Juiz de Fora. 67 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Plano de adequação do transporte • Baixa prioridade Planejamento Gestão pública 8. Integrar os horários do transporte coletivo de acordo com as necessidades da população. 1. Cobrar da Secretaria Municipal de Obras o cumprimento da pavimentação permeável, permitindo a recarga dos aquíferos. 9. Acompanhar a licitação do serviço de transporte, propiciando a entrada de novas empresas, em uma concorrência sadia. 2. Criar uma Câmara Técnica de Transporte e Mobilidade no Conselho Municipal da Cidade. 10. Melhorar o transpor te coletivo, com novas concessões, visando ao fim do monopólio. 3. Elaborar um serviço de atendimento ao usuário nesta mesma Câmara. Possíveis parceiros 4. Reativar o Conselho Municipal de Transporte, visando à elaboração do Plano Diretor de Transporte Público. 5. Cobrar o cumprimento da regulamentação do transporte de carga na cidade, examinando o Plano Diretor. 6. Remover o pedágio dos Três Córregos para o limite do município (km 14). 7. Permitir o controle social dos custos do transporte público. 68 Associações . Cooperativas de transporte alternativo . DER . DNER . Empresas Associadas ao Comperj . IBGE . ONGs . Universidades. Possíveis fontes de financiamento Banco do Brasil . Bird . BNDES . Caixa Econômica Federal . CT- Transporte. SEGURANÇA Justiça e paz são aspirações humanas legítimas. Sua falta representa uma perda para a qualidade de vida. Segurança é um tema que transcende as ações policiais e judiciais de repressão e contenção da violência armada e prevenção de mortes. Relaciona-se diretamente com a redução da evasão escolar, distribuição de renda, inclusão social, atenção básica à saúde, reforma urbana e rural, e solução das questões habitacionais. Ao tratar do tema, também é preciso dedicar atenção especial às questões que envolvem violência doméstica, de gênero, racismo e todo tipo de intolerância. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), só a criminalidade violenta custa cerca de R$ 140 bilhões por ano ao País. Os custos totais da criminalidade são estimados em 10% do PIB brasileiro. Portanto, segurança pública também está relacionada a desenvolvimento econômico. No Rio de Janeiro, com indicadores de segurança no mesmo patamar dos de países em guerra, o desafio da construção de um Estado seguro e acolhedor para seus cidadãos é a questão de fundo por trás de todos os objetivos. Conquistar a redução e o controle da violência armada implica compromissos e processos de longo prazo, com financiamento continuado e envolvimento de amplos setores da sociedade, aliados a políticas públicas eficazes. Batedores da Guarda Municipal 69 Guardas municipais fazem a ronda de bicicleta Em Teresópolis, como nos demais municípios do estado, a Secretaria de Estado de Segurança (Seseg) é o órgão responsável pela segurança pública estadual. A partir de 1999, para estruturar o setor, foram criadas as Áreas Integradas de Segurança Pública (Aisp), reunindo um batalhão da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro (Pmerj) e uma ou mais Delegacias de Polícia Civil (Pcerj). Cada AISP criou um Conselho Comunitário de Segurança para avaliar a área e a qualidade do serviço prestado pela polícia com a gestão participativa da sociedade, contribuindo com a adoção de soluções integradas e o acompanhamento dos resultados das medidas adotadas. Até o fi nal de 2010, a Seseg concluirá o Projeto de Pesquisa de Análise Preliminar do Impacto do Comperj na área da Segurança Pública, com o objetivo de dimensionar seu sistema e traçar estratégias. As preocupações mencionadas pelo grupo com a segurança em Teresópolis estavam muito voltadas para a ocorrência de violência contra a mulher e a necessidade de um setor de atendimento à mulher na delegacia. Nesse sentido, foi informado que a Guarda Municipal está capacitada para atender às mulheres em situação de risco, mas falta capacitação para a Polícia Militar no atendimento ao público feminino. A Guarda Municipal tem um contingente de 144 profissionais treinados no município, com um escopo de atuação voltado para o trânsito e a proteção do patrimônio. Os participantes consideraram alta a incidência de violência contra o menor nas famílias e manifestaram preocupação também com os maus-tratos aos idosos. Além disso, mencionaram a alta incidência de tráfi co de drogas e o aumento dos casos de roubos e furtos. Em 2009, a Polícia Civil registrou 5.577 ocorrências criminais na 110ª DP, que atende a cidade. Chama a atenção o total de lesões corporais e ameaças físicas. 70 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Plano de segurança pública Infraestrutura 1. Instalar uma Delegacia da Mulher no município. 2. Construir um centro de acolhimento aos idosos. Capacitação 3. Realizar capacitação em gestão de orçamento doméstico e geração de renda, prioritariamente nas áreas de maior carência e com problemas de segurança. 4. Promover a capacitação da Guarda Municipal, bem como das Polícias Militar e Civil, para o pronto atendimento às mulheres que se encontram em situação de risco social. 5. Realizar cursos profissionalizantes. Gestão pública • Baixa prioridade Comunicação 8. Divulgar as leis previstas para os maus-tratos aos idosos, aplicando as suas punições. 9. Disponibilizar informações de serviços públicos para toda a população (Conselho Tutelar, Juizado da Infância e da Adolescência, Conselho do Meio Ambiente, Linha Verde, 199, Defesa Civil e outros). 10. Promover a conscientização das mulheres quanto à Lei Maria da Penha. Possíveis parceiros Associações . Conselho Tutelar . Cooperativas . ONGs . PMERJ . Secretarias Municipais (Mulher, Desenvolvimento e Ação Social, Educação, Cultura, Esporte e Lazer) . SESC . Sindicatos . Vara da Infância, Juventude e do Idoso . Veículos de comunicação. 6. Adotar a edu cação em tempo integral. Possíveis fontes de financiamento 7. Fornecer infraestrutura para esporte e lazer em comunidades de risco social. BNDES . Comissão Europeia . Finep . Ministério da Justiça . Pronasc 71 3 Ordem Social EDUCAÇÃO De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a educação, em todas as suas formas, molda o mundo de amanhã, instrumentalizando indivíduos com habilidades, perspectivas, conhecimento e valores necessários para se viver e trabalhar. A nota de Teresópolis no Ideb foi superior à média do estado do Rio de Janeiro O capítulo 36 da Agenda 21 Global afi rma que a educação e a consciência pública ajudam as sociedades a desenvolver plenamente suas potencialidades e que o ensino, tanto formal quanto informal, é indispensável para modificar a atitude das pessoas, de forma a capacitá-las para avaliar e enfrentar os obstáculos ao desenvolvimento sustentável. Para despertar a consciência ambiental e ética, também são fundamentais valores e atitudes, técnicas e comportamentos que favoreçam a participação pública efetiva nos processos decisórios. Segundo o Relatório de Acompanhamento de Indicadores do Milênio na Região do Conleste (2009), o acesso ao Ensino Fundamental é praticamente universalizado nas grandes cidades brasileiras, e, em geral, as crianças chegam a ele na idade adequada. Todavia, o índice de reprovação ainda é elevado, o que impede que muitas concluam esse nível de ensino. Apesar da adoção de políticas para reverter essa situação, continuam altas as taxas de reprovação, demandando ações mais eficazes de correção do f luxo escolar. Entre elas se incluem maior atenção às condições materiais de trabalho na escola, aumento do tempo de permanência dos alunos em suas dependências e investimentos na formação de professores e educadores. Em Teresópolis, de acordo com o Estudo Socioeconômico 2009, do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro (TCE-RJ), o número total de matrículas nos ensinos Infantil, Fundamental e Médio de Teresópolis, em 2007, era de 37.579 alunos. No ano seguinte (2008), passou para 38.309, um aumento de 1,9% no número de estudantes. 74 Gráfico 1: Número de matrículas efetuadas Total Municipal 30000 25000 20000 2.0121 15.735 11.993 12.162 11.633 10.999 10.867 10.854 10.466 10.171 9.761 5.170 4.802 5.217 5.090 4.949 5.059 4.426 4.717 5.633 5.805 2000 2001 5000 0 Total Privado 24.817 25.063 25.261 25.405 25.564 22.581 22.977 23.540 23.810 15000 10000 Total Estadual 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Fonte: Confederação Nacional dos Municípios (2010) O município dispõe de sistema próprio de ensino, instituído em parceria com o Conselho Municipal de Educação, que direciona, fiscaliza e implementa as políticas públicas educacionais de acordo com as determinações dos governos federal e municipal, atendendo também às particularidades locais. Na área da Educação Infantil ainda precisa avançar, mas a rede municipal responde por 75% das matrículas em creches e 74% na pré-escola. O atendimento cresceu muito depois que a gestão deste nível de ensino deixou de ser competência da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e passou a ser da Secretaria de Educação. Entretanto, ainda é preciso aumentar a oferta de vagas para acompanhar a taxa de natalidade acumulada dos últimos 20 anos, a fim de alcançar a universalização desta etapa educacional. No Ensino Fundamental a universalização já foi alcançada. O número de matrículas cresce a cada ano, assim como os investimentos em infraestrutura. Recentemente, a nota alcançada pelo município no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) foi superior à média nacional, da Região Sudeste e do Estado do Rio de Janeiro. A taxa de promoção demonstra que a eficácia da escola vem crescendo, uma vez que a taxa de aprovação é superior às de retenção e evasão. Tabela 1: IDEBs observados em 2005, 2007 e 2009 e metas para a rede municipal IDEB Observado Metas Projetadas Município 2005 2007 2009 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021 Anos iniciais 3.9 4.2 5.4 4.0 4.3 4.7 5.0 5.3 5.5 5.8 6.1 Anos finais 3.7 3.6 4.4 3.7 3.9 4.1 4.5 4.9 5.2 5.4 5.7 Fonte: Prova Brasil e Censo Escolar 75 Í nd ice de Desenvolv i mento da Educação Básica (Ideb) – Mede a qualidade da educação numa escala que vai de zero a dez. É calculado com base na taxa de rendimento escolar (aprovação e evasão), no desempenho dos alunos no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e na Prova Brasil. Quanto maior for a nota da instituição no teste e quanto menos repetências e desistências ela registrar, melhor será sua classificação. A partir deste instrumento, o Ministério da Educação traçou metas de desempenho bianuais para cada escola e cada rede até 2022. Em 2008, todos os 5.563 municípios brasileiros aderiram ao compromisso. Os dados do censo escolar de 2006 corroboram a percepção dos membros do Fórum de que há uma alta evasão escolar ainda no Ensino Médio Regular. Também foi mencionada preocupação com a ausência de rede de serviços e programas de inclusão social para a infância, adolescência e juventude. Na Educação de Jovens e Adultos (EJA) há avanços. Com a universalização da educação básica, o número de pessoas sem a escolaridade mínima diminuiu – o que pode ser verificado pela relação oferta/demanda de turmas nas escolas municipais e estaduais. Atualmente, existem cinco polos municipais com essa modalidade de ensino na zona urbana, proporcionando uma oferta quase universal da EJA. Nas comunidades do interior, devido às questões culturais, sociais e até mesmo de locomoção, ainda há idosos e adultos analfabetos. Para atender a esta demanda, o município instituiu o programa “Brasil Alfabetizado”, cujo objetivo principal é alfabetizar esses cidadãos para, posteriormente, inseri-los na Educação de Jovens e Adultos, possibilitando a continuidade de seus estudos. Com relação ao ensino profissionalizante, segundo os participantes do Fórum, há necessidade de ampliação da educação técnica. De acordo com o censo de 2006, um número muito pequeno de jovens teve acesso a essa formação, confirmando a necessidade de ampliação de atendimento, principalmente diante do novo cenário econômico na região, com a instalação do Comperj. Atualmente, a Secretaria de Desenvolvimento Social desenvolve o projeto “Pique Jovem”, que busca a inclusão social de jovens e adolescentes. Na Educação Superior, o município oferece cursos superiores na área de saúde e afins, contando com uma universidade presencial e outra de ensino à distância. Está prevista a implantação de um curso de graduação em Turismo, pela Uerj, segundo os participantes do Fórum da Agenda 21 local . Campus da Unifeso – Fundação Educacional Serra dos Órgãos 76 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Criação de mecanismos para melhoria da escolaridade da população Estudos técnicos 1. Mapear os motivos da evasão escolar no município. Planejamento 2. Promover ações estratégicas para minimizar os índices de evasão escolar, com base nos resultados obtidos pelos estudos técnicos. • Baixa prioridade 2. Articular os diferentes setores para desenvolver programas e projetos na área de educação, tornando o município um polo regional de desenvolvimento econômico e social da Região Centro-Serrana. Planejamento 3. Reaproveitar os prédios existentes para a implantação da rede de centros profissionalizantes. 4. Atrair um núcleo do Senai para a região serrana, com o objetivo de atender as demandas da cadeia produtiva do Comper j nas áreas de t ur ismo e indústr ia naval, entre outras. 3. Implementar a transversalidade da Educação Ambiental em cursos técnicos e em todos os níveis da educação escolar. 5. Ampliar o número de vagas dos cursos já existentes, trazendo mais instrutores para a Faetec e para o centro profissionalizante do município. 4. Desenvolver um conjunto de atividades esportivas e culturais em contraturno escolar, evitando a ociosidade dos jovens. 6. Diversificar as áreas de atuação dos cursos propostos, de acordo com a vocação de cada centro profissionalizante. 5. Promover o esporte na escola, como mecanismo de interação entre a comunidade escolar da região. 6. Utilizar a estrutura do Centro Poliesportivo Pedro Jahara como estímulo à prática de espor tes, promov idos pelas instituições de ensino. Comunicação Comunicação 7. Divulgar a existência de cursos técnicos e incentivos aos estudantes, aumentando a inserção dos jovens no mercado. • Responsabilidade social das instituições de ensino superior 7. Comunicar aos pais e alunos a importância da formação técnica, principalmente em agricultura. Gestão pública Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas para acompanhar o desempenho das instituições no município. 8. A ssegurar o acompanhamento psicológico e social das crianças, jovens e adolescentes em idade escolar. Planejamento 9. Atrair recursos financeiros por meio da oferta de bolsas de estudo aos alunos que permanecerem na escola ao longo dos Ensinos Fundamental e Médio. 2. Criar mecanismos para a obtenção e distribuição de apoio (bolsas de estudo, alojamentos, material didático, transporte, entre outros) aos estudantes de nível superior, conforme suas necessidades. Articulação 10. Realizar parcerias com universidades públicas para promover a instalação de um campus universitário no município. 3. Criar mecanismos de contrapar tida social por par te das instituições de nível superior, para melhorar a realidade do município em suas áreas de atuação. • Criação de rede de centros profissionalizantes 4. Atrair instituições públicas e privadas de ensino superior, bem como cursos técnicos, em caráter de Programas de Pesquisa e Extensão, relacionados à saúde, meio ambiente e desenvolvimento social. Articulação 1. Articular a criação da rede de centros profissionalizantes e suas competências. Possíveis parceiros Associações . Câmara Municipal . Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . Conselho Municipais (Educação, Criança e Adolescente, Tutelar) . Cooperativas . Embrapa . Escolas 77 . Faetec . Federação de Associações de Moradores e Entidades Associativas de Teresópolis (Fameat) . Fiocruz . Fórum Regional Comperj . Ministérios (Educação, Cidades) . ONGs . Procon . Sebrae . Seeduc . Secretarias Municipais (Educação, Desenvolvimento Social, Indústria e Comércio) . Senac . Senai . Sesc . Sesi . Sindicatos . Universidades . Veículos de comunicação. Possíveis fontes de financiamento Banco JP Morgan . Basf S/A . Capes . Capes . CNPq . Coca-Cola Company . Dupont Corporate Contributions Program . Empresas associadas ao Comperj . Faperj . Finep . Fundação Ford . GE Fund . Instituto C&A de Desenvolvimento Social . MEC . Open Society Institute . Pibic . Promimp . Unesco. 78 EDUCAÇÃO AMBIENTAL Trata-se de processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltados para a conservação do meio ambiente e dos bens de uso comum, essenciais à qualidade de vida e sua sustentabilidade. Seu papel é educar e conscientizar as populações sobre a importância da preser vação do meio ambiente, oferecendo-lhes, ao mesmo tempo, opções de subsistência e opor t unidades para melhorar sua qualidade de v ida, mostrando que as comunidades locais são as principais beneficiárias das atividades de conser vação. Um dos 80 ecopontos previstos no programa “Teresópolis Recicla” No Brasil, para que esses objetivos sejam atingidos, a Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/99 e Decreto 4.281/02) estabelece que os temas ambientais devem estar presentes durante todo o processo de escolarização, até o Ensino Superior, de forma transversal, em todos os níveis e disciplinas. Para que uma Agenda 21 Local seja bem-sucedida, é necessário um amplo entendimento dos propósitos e do conteúdo da Agenda 21. Assim, a Educação Ambiental tem uma importância central neste processo. É por meio dela que se pode promover a capacidade de compreensão das questões ambientais e do desenvolvimento, que levam à participação no processo e à mudança de valores necessários à construção de um mundo sustentável. Em Teresópolis, os participantes do processo da Agenda 21 apontaram a existência de Unidades de Conservação como uma potencialidade para a formação de uma rede de educadores ambientais (formais e não formais) nas escolas do entorno do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), mas o município não conta com um trabalho sistemático de Educação Ambiental e Sustentável. A lei que cria a Política Municipal de Educação Ambiental já foi aprovada no Conselho de Meio Ambiente e encaminhada pelo prefeito à Câmara Municipal no primeiro semestre de 2010. 79 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Utilização do Parnaso como polo de ações de educação ambiental Planejamento 1. Ampliar o projeto “Cenário Verde” para além dos limites da Unidade de Conservação. 2. Buscar maiores investimentos para o projeto “Cenário Verde” nas escolas, visando a sua ampliação para todos os níveis. 3. Estimular a participação da população nos programas de Educação Ambiental. 4. Captar recursos para a execução dos programas e projetos de Educação Ambiental a serem desenvolvidos na região. Infraestrutura 5. Criar espaços que ofereçam acesso gratuito à internet em todo o município. Capacitação 6. Promover a capacitação de pessoas para realizarem pesquisas na internet. 80 • Baixa prioridade Comunicação 7. Divulgar as ações de Educação Ambiental realizadas no município, nas escolas e na mídia local. Possíveis parceiros Associações . Câmara Municipal . Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . Cooperativas . Escolas . Federação de Associações de Moradores e Entidades Associativas de Teresópolis (Fameat) . ONGs . Secretarias Municipais (Educação, Meio Ambiente) . Sindicatos . Universidades. Possíveis fontes de financiamento Banco JP Morgan . Coca-Cola Company . Comissão Européia . Finep . Fundação Educar Depaschoal de Benemerência e Preservação da Cultura e do Meio Ambiente . Fundação Ford . Fundação Telefônica . GE Fund . General Motors Corporate Giving Program . IBM Corporate Community Relations . Instituto C&A de Desenvolvimento Social . Instituto Credicard . MEC . Volkswagem do Brasil Ltda. CULTURA Segundo a Unesco, a diversidade cultural, produto de milhares de anos de história e fruto da contribuição coletiva de todos os povos, é o principal patrimônio da humanidade. As civilizações e suas culturas também resultam da localização geográfica e das condições de vida que cada uma oferece, o que se traduz na riqueza e diversidade de formas de viver e sobreviver da espécie humana. A cultura representa as formas de organização de um povo, seus costumes e tradições, que são transmitidos de geração a geração, como uma memória coletiva, formando sua identidade e, muitas vezes, mantendo-a intacta, apesar das mudanças pelas quais o mundo passa. A identidade cultural é uma das mais importantes riquezas de um povo, pois representa um conjunto vivo de relações sociais e patrimônios simbólicos, historicamente compartilhados, que estabelece a comunhão de determinados valores entre os membros de uma sociedade. Trata-se de um conceito de tamanha complexidade, que pode ser manifestado de várias formas e envolver situações que vão desde a fala até a participação em certos eventos. A diversidade cultural é um dos pilares da identidade brasileira e fator de sustentabilidade do desenvolvimento do País. O maior desafio nesta área é enfrentar a pressão que o desenvolvimento exerce sobre as estruturas tradicionais – sejam físicas, como sítios arqueológicos ou patrimônios históricos, sejam imateriais, como conhecimentos e práticas das populações. Apresentação da Cia. de Dança Deborah Colker no programa “Teresópolis Cidade dos Festivais” 81 Desigualdades no acesso à produção cultural: Entretenimento – Apenas 13% dos brasileiros frequentam cinema alguma vez no ano; 92% dos brasileiros nunca visitaram museus; 93,4% dos brasileiros jamais conheceram alguma exposição de arte; 78% dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora 28,8% saiam para dançar. Mais de 90% dos municípios não possuem salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso. Livros e bibliotecas – O brasileiro lê em média 1,8 livro per capita/ano (contra 2,4 na Colômbia e 7 na França, por exemplo); 73% dos livros estão concentrados nas mãos de apenas 16% da população. O preço médio do livro de leitura corrente é de R$ 25, elevadíssimo quando se compara com a renda do brasileiro nas classes C/D/E. Dos cerca de 600 municípios brasileiros que nunca receberam uma biblioteca, 405 ficam no Nordeste, e apenas dois no Sudeste. Em Teresópolis falta resgate da memória histórica e preser vação da arquitetura, da paisagem e da cultura local – muito importantes para a construção de uma identidade cultural própria e consciente. O município possui duas bibliotecas públicas, um cinema com duas salas, dois teatros públicos e dois particulares e dois equipamentos multiculturais. No entanto, algumas ONGs e outros atores sociais têm buscado parcerias com a iniciativa privada e instituições públicas para desenvolver projetos nessa área – entre elas, os governos estadual e federal, que atuam por meio de programas como os “Pontos de Cultura” no Estado do Rio de Janeiro. Teresópolis possui Conselho de Cultura e Fórum Municipal de Cultura, que foi reativado em 2009 e organizado em Grupos de Trabalho Setoriais (GTSs) das diferentes modalidades artísticas: Artes Cênicas, Literatura, Dança, Artes Visuais, Audiovisual, Música, Folclore e Cultura Popular, Patrimônio e Artesanato. O Fórum, segundo seus gestores, “focaliza, de maneira especial, a relação da cultura com o desenvolvimento da sociedade e prioriza o debate e a proposição de políticas públicas culturais aos gestores do município”. Está em desenvolvimento um projeto de levantamento para a elaboração do Mapa Cultural do município. Acesso à internet – 82% dos brasileiros não possuem computador em casa; destes, 70% não têm qualquer acesso à internet (nem no trabalho, nem na escola). Profissionais da cultura – 56,7% da população ocupada na área de cultura não têm carteira assinada ou trabalham por conta própria. Fonte: http://www.unesco.org/pt/ brasilia/culture/access-to-culture/ 82 O antigo Hotel Cassino Higino, atualmente um condomínio, é um marco na paisagem urbana de Teresópolis PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Mobilização cultural Gestão pública 1. Reestruturar o Conselho Municipal de Cultura. 2. Elaborar Plano Municipal de Cult ura, para promover a produção cultural e o patrimônio histórico local. Estudos técnicos 8. Divulgar o Centro de Referência entre a comunidade para que sejam prospectados documentos, objetos e imagens, entre outros, acerca da história do município. 9. Difundir as tradições da cultura popular e da identidade local. Articulação 10. Promover o intercâmbio ar tístico e cultural com outros municípios. 3. Mapear o patrimônio cultural, arquitetônico, artístico e paisagístico do município. Possíveis parceiros Planejamento Crea . IAB . Inepac . Iphan . Minc . ONGs . Prefeitura Municipal . Sebrae . Secretaria Estadual de Cultura . Secretaria Municipal de Cultura . Sesc . Universidades. 4. Elaborar um calendário dinâmico, com eventos festivos e culturais no município. 5. Promover os artistas locais por meio de festivais, recitais, concertos, encontros, exposições e ciclo de leituras, entre outros. Infraestrutura 6. Criar um Centro de Referência de Resgate da Memória Cultural e Histórica Local. Possíveis fontes de financiamento Basf S/A . Dupont Corporate Contributions Program . Fundação Ford . Fundação Vale do Rio Doce de Habitação e Desenvolvimento Social . Instituto Itaú Cultural . MinC . Rockwell Automation do Brasil. Comunicação 7. Divulgar os estudos históricos, arquitetônicos e culturais já realizados sobre o município. 83 SAÚDE A Agenda 21 brasileira afirma em seu objetivo 7 – “Promover a saúde e evitar a doença, democratizando o SUS” – que a origem ambiental de diversas doenças é bem conhecida e que o ambiente natural e as condições de trabalho, moradia, higiene e salubridade, tanto quanto a alimentação e a segurança, afetam a saúde, podendo prejudicá-la ou, ao contrário, prolongar a vida. Segundo a Agenda 21 Global, o desenvolvimento sustentável depende de uma população saudável. No entanto, os processos de produção e de desenvolvimento econômico e social interferem nos ecossistemas e podem colaborar para a existência de condições ou situações de risco que inf luenciam negativamente o padrão e os níveis de saúde das pessoas. As principais questões ambientais que afetam a saúde humana envolvem a poluição decorrente da falta de saneamento, a contaminação do meio ambiente por poluentes químicos, a poluição atmosférica e os desastres ambientais. Atualmente, além de se reconhecer a interdependência entre saúde, desenvolvimento econômico, qualidade de vida e condições ambientais, aumenta a consciência de que a capacidade humana de interferência no equilíbrio ambiental acarreta responsabilidades da sociedade sobre seu destino e o da vida no planeta. Em Teresópolis, a política da Secretaria Municipal de Saúde está ali- Est ratég ia Saúde da Fa m í l ia – O Programa de Saúde da Família (PSF/PACs) foi criado em 1994 para ampliar a atenção básica em saúde no Brasil. Entre seus objetivos está a prevenção da gravidez na adolescência. Atualmente, é defi nido como Estratégia Saúde da Família (ESF), ao invés de programa, visto que este termo aponta uma atividade com início, desenvolvimento e fi nalização. O PSF é uma estratégia de reorganização da atenção primária à saúde e não tem prazo para terminar. 84 nhada à política estadual e federal de saúde pública. O município detém uma cobertura de 32,35%5 do Programa de Saúde da Família (PSF/PACs), com meta superior a 40%. Existem 13 postos de saúde e 14 equipes médicas, porém, segundo o Sistema Único de Saúde (SUS), o município não tem hospitais públicos, apenas parceria com três hospitais privados 6 . A prefeitura mantém convênios com a Fundação Educacional Serra dos Órgãos (Feso), instituição de ensino superior local, atuante na área da saúde. Na avaliação dos participantes, há descompasso entre a procura pelo atendimento ao serviço de saúde e a garantia do bom atendimento, com sobrecarga na rede pela procura do público da Baixada Fluminense, já que Teresópolis tem um sistema de saúde que é referência na região. Como consequência, o atendimento na rede do SUS é precário, assim como as suas instalações. O grupo citou como exemplo a falta de uma UTI neonatal em funcionamento e devidamente equipada para o atendimento. 5 Coordenação do Gabinete do Ministério da Saúde - fevereiro de 2010. 6 Fonte: Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS). www.ms.gov.br, 2007. A falta de um hospital municipal já está sendo resolvida com algumas iniciativas, como a inauguração da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) em dezembro de 2009, a abertura de novos leitos para internação pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital São José e a construção de novos postos de saúde. Em novembro de 2008, foram apontados problemas na parceria com o Hospital das Clínicas, administrado pela Unifeso, que atende pacientes do SUS. As jovens que enfrentam o problema da gravidez precoce no município contam com apoio do Projeto da ONG Compartilhar-te, na comunidade de Canoas. Vale ressaltar que, segundo o Ministério da Saúde, o número de partos de adolescentes caiu 34,6% entre 2000 e 2009, em nível nacional, e 36,3% na Região Sudeste. Dados mais recentes, referentes ao período de 2005 a 2009, mostram que a quantidade desses procedimentos em adolescentes de 10 a 19 anos caiu 22,4%. Uma das preocupações com a saúde da população local, ressaltada pelos participantes, é o uso inadequado de agrotóxicos, já que não há obrigatoriedade no município de registro para doenças causadas pelo uso de substâncias químicas na agricultura. Mas existem ocorrências de casos de má-formação congênita em bebês, segundo os participantes, devido tanto à manipulação inadequada quanto à contaminação das águas, na ingestão e no próprio alimento. O sistema de saúde de Teresópolis é referência na região Teresópolis possui o Conselho Municipal de Saúde, constituído e formalizado através de decreto municipal em 25/08/1998. Trata-se de um órgão permanente e deliberativo com representantes do governo, dos prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, que atuam na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros do município. O município organiza conferências para tratar das questões atuais e dos problemas locais na área da saúde e capacitar pessoas para atendimento no SUS. Estes eventos reúnem profissionais da área, representantes do governo e da população. No entanto, segundo os membros do Fórum da Agenda 21, falta implementar as soluções já propostas nas conferências municipais de saúde e seguir a Agenda Municipal de Saúde. 85 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Estratégia de combate à gravidez na adolescência Gestão pública 1. Elaborar políticas preventivas de saúde nas escolas e construir postos de saúde. Articulação 6. Articular junto ao Conselho Municipal de Saúde a criação de mecanismos de controle da qualificação dos profissionais da área, aproveitando as Conferências Municipais de Saúde como espaços de participação social. Capacitação 2. Contribuir com o desenvolvimento das ações da Pastoral da Família. 7. Qualificar os profissionais da saúde por meio de cursos de capacitação continuados. Capacitação Gestão pública 3. Capacitar a comunidade escolar para lidar com o assunto. 8. Atrair novos investimentos para ampliar a cobertura dos postos de saúde. Comunicação 4. Informar as gestantes, por meio de palestras e cartilhas nos postos de saúde na área rural, sobre as consequências do uso inadequado de agrotóxicos durante a gestação. 5. Realizar campanhas informativas sobre métodos contraceptivos e de planejamento familiar. 6. Elaborar material didático, destacando as dificuldades da gestação precoce. Planejamento 7. Promover, nas escolas, maior entrosamento com as famílias de adolescentes grávidas. • Melhoria da infraestrutura de saúde no município Planejamento 1. Humanizar o atendimento médico na rede de saúde (melhor tr iagem). 2. Criar uma Câmara Técnica no Fórum da Agenda 21 Local para avaliar a concessão de licenças médicas no serviço público. Comunicação 3. Informar as gestantes sobre a importância de realizar os exames pré-natais. Infraestrutura 4. Ampliar a cobertura dos postos de saúde (PSF e postos de emergência) nos bairros da cidade, especialmente na zona rural, para desafogar o Hospital Central de Teresópolis. 5. Melhorar as instalações municipais de saúde, viabilizando o atendimento básico/primário nos postos de saúde. 86 9. Garantir maiores investimentos na Saúde Pública, assegurando que os recursos repassados sejam efetivamente aplicados na área. 10. Ampliar os programas de prevenção na região. 11. Realizar concursos públicos, a fim de recrutar profissionais qualificados para melhor atendimento à população. • Garantia da segurança alimentar Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas voltadas para o reaproveitamento de alimentos, em todos os segmentos da sociedade, seguindo o pressuposto de segurança alimentar. 2. Reativar o Conselho Municipal de Segurança Alimentar. 3. Integrar e informatizar o Sistema Municipal de Saúde. Elaboração de programas e projetos 4. Desenvolver programas de Educação Sanitária que promovam melhorias nas condições de higiene e saúde da população. 5. Elaborar campanhas de educação sobre a conservação e a utilização de produtos manufaturados e embalados. 6. Desenvolver campanhas voltadas para evitar o desperdício de alimentos em cozinhas industriais, escolares e domésticas. Capacitação 7. Realizar a capacitação de funcionários da rede pública e privada em segurança alimentar. Fiscalização 8. Fiscalizar, através da Vigilância Sanitária, as práticas de manipulação de produtos beneficiados e ambulantes. Planejamento 9. Realizar um indicativo junto ao Conselho Municipal de Saúde para que toda a suspeita de contaminação por agrotóxico seja investigada. 10. Acompanhar o registro administrativo sobre o número de casos de contaminação por agrotóxicos. Possíveis parceiros Câmara Municipal . Conselhos Municipais (Educação, Saúde, Tutelar) . CRE . CRM . Ministério da Saúde . MP . ONGs . Pastoral da Família . Prefeitura Municipal . Secretarias Estaduais (Saúde e Defesa Civil, Educação) . Secretarias Municipais (Saúde, Educação, Agricultura) . SUS . Universidades . Vara da Infância, Juventude e do Idoso. Possíveis fontes de financiamento Ashoka . CNPq . Comissão Européia . CT- Saúde . Dupont Corporate Contributions Program . Embaixada do Reino Unido . Exxon Corporate Giving Program . Faperj . Finep . General Motors Corporate Giving Program . Johnson &Johnson Corporate Giving Program . Ministério da Saúde . Pibic . Unesco . Unicef. 87 GRUPOS PRINCIPAIS A Agenda 21 Global define como grupos principais as mulheres, crianças e jovens, povos indígenas, ONGs, autoridades locais, trabalhadores e seus sindicatos, comerciantes e industriários, a comunidade científica e tecnológica, agricultores e empresários. É desses grupos que o documento cobra comprometimento e participação para a implementação dos objetivos, políticas e mecanismos de ação previstos em seu texto. Sendo um processo democrático e promotor da cidadania, a construção da Agenda 21 Local não pode deixar de considerar as necessidades e interesses de outros grupos, como afrodescendentes, ciganos, idosos, pessoas com deficiência, homossexuais, travestis e outras minorias. A Agenda 21 brasileira vai além e destaca como uma de suas prioridades a necessidade de diminuir as desigualdades sociais no País para garantir as condições mínimas de cidadania a todos os brasileiros, enfatizando a importância de proteger os segmentos mais vulneráveis da população: mulheres, negros e jovens. Teresópolis oferece diversas opções de lazer para a terceira idade É na Seção III, dedicada ao fortalecimento do papel dos grupos principais, que a Agenda 21 Global propõe o desenvolvimento de processos de consulta às populações locais para alcançar consenso sobre uma “Agenda 21 Local” para a comunidade. No Capítulo 28, recomenda que os países estimulem todas as suas autoridades locais a ouvirem cidadãos e organizações cívicas, comunitárias, empresariais e industriais locais para obter as informações necessárias para formular as melhores estratégias, aumentando a consciência em relação ao desenvolvimento sustentável. Para a legitimidade e sucesso deste processo, é fundamental a inclusão de representantes de todos os grupos sociais. Em Teresópolis, como nas demais cidades brasileiras, os Conselhos Municipais são as instâncias públicas onde a participação social tem lugar garantido. Participando destes Conselhos, o cidadão pode monitorar, atualizar e fortalecer as políticas públicas relativas aos grupos principais. Em Teresópolis existem os Conselhos de Desenvolvimento Rural, Cultura, Meio Ambiente, Defesa dos Direitos da Mulher, Portador de Necessidades Especiais, Contra Drogas, Transporte, Cidade e Desenvolvimento Sustentável, Saúde, entre outros. Porém, falta integração entre os Conselhos e movimentos municipais já existentes e falta também informar a população sobre seus direitos e participação nas decisões. Os participantes afi rmaram que há pouca circulação de informações entre os grupos principais e a sociedade, e falta apoio do poder público aos Conselhos. Teresópolis conta com o Conselho Tutelar de Infância e Juventude, o Juizado da Infância e Adolescência e indicativo para a criação da Secretaria Municipal da Infância e Juventude. Existem trabalhos de apoio às crianças, adolescen- 88 tes e à juventude. No entanto, foi destacada a ausência de rede de serviços e programas de inclusão social para este grupo e a falta de participação do mesmo na tomada de decisões, já que não existem canais de interlocução que promovam a participação dos jovens e adolescentes nos processos decisórios. Os participantes destacaram o fato de Teresópolis contar com uma Secretaria da Defesa dos Direitos da Mulher, criada no final do ano passado, um projeto considerado pioneiro no Estado do Rio de Janeiro. E também o Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Mulher de Teresópolis (ConMulher), criado em 1991, e o Núcleo Integrado de Atendimento à Mulher (Niam), ambos vinculados à Secretaria da Mulher. Não há juizado específico relativo aos direitos da mulher, mas a juíza local acumula as funções de juizado de violência doméstica (um dia por semana na delegacia comum). A participação da mulher na política do município é pequena. Na última eleição de 2008 para prefeito e vereadores, nenhuma mulher foi eleita. Teresópolis conta com ônibus adaptados para pessoas com necessidades especiais No município há programas de atendimento aos idosos e a Universidade da Terceira Idade (Univerti). No que diz respeito às ONGs, falta entrosamento e interação entre elas e as comunidades, e falta também apoio do poder público – o grupo reivindica, por exemplo, a criação de um cadastro de informações sobre essas organizações no município e afi rma ainda que é preciso divulgar, cadastrar e fortalecer a rede de ONGs promovida pelo Sesc e sua participação em redes nacionais e internacionais. No geral, há necessidade de capacitação de recursos humanos para o Terceiro Setor com vistas à elaboração, captação de recursos e fontes de financiamento para projetos. Apesar dos investimentos pontuais e limitados, existem várias instituições de assistência social que têm algum nível de parceria ou convênio com a prefeitura. Teresópolis precisa de pesquisa e divulgação de informação sobre sua população tradicional, inclusive sobre a presença de possíveis grupos de quilombolas no município. O município conta com várias categorias sindicalizadas, porém com baixa participação dos trabalhadores nos sindicatos. Por outro lado, também é pequena a atuação dos sindicatos nos processos e nas decisões participativas, inclusive na ocupação de cadeiras a que têm direito nos Conselhos. 89 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Fortalecimento de políticas para mulheres Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas para capacitação das mulheres (campo, cidade, periferia), visando à geração de emprego e renda. Capacitação 2. Realizar oficinas de capacitação para mulheres, preparandoas para a vida política e para lutarem por seus direitos. 3. Capacitar mulheres em empreendedorismo e outras iniciativas, como artesanato e costura, entre outras. Comunicação 4. Divulgar as ações da Secretaria Municipal dos Direitos da Mulher para a população. 5. Criar campanhas para divulgar os direitos da mulher através da mídia local. 6. Informar a comunidade feminina sobre a importância na participação de ações promovidas pela Secretaria Municipal e Conselhos. Comunicação 5. Informar as lideranças juvenis sobre a importância de ocupar vagas em Conselhos e outras instâncias políticas. 6. Divulgar nos jornais escolares e do município o Fórum da Agenda 21 Local. • Criação de programas de inclusão social para a juventude Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas voltadas para a inclusão social. 2. Repensar o Programa Criam, para torná-lo mais eficiente. Planejamento 3. Promover a participação da sociedade civil nas questões relacionadas à infância e juventude. 4. Desenvolver um ser v iço de or ientação vocacional para ajudar os jovens a identificarem suas potencialidades. Elaboração de projetos Planejamento 5. Elaborar programas para facilitar a inserção dos jovens no mercado de trabalho, por meio do primeiro emprego. 7. Melhorar as condições das mulheres no mercado de trabalho. Articulação 8. Criar cooperativas de mulheres. 6. Estabelecer parcerias com instituições de ensino superior por meio de empresas juniores. 9. Reativar o Núcleo de Integração e Assistência à Mulher (Niam) na Delegacia. • Fortalecimento das lideranças jovens Articulação 1. Articular com igrejas e outras entidades não governamentais (escolas, clubes e outras agremiações) o incentivo à participação de jovens na formulação de políticas de desenvolvimento sustentável. 7. Estabelecer parcerias com ONGs, empresas e poder público para criação de programas socioeducativos, envolvendo esportes, cultura e profissionalização. • Fortalecimento do papel dos grupos principais (idosos) Elaboração de programas e projetos Planejamento 1. Desenvolver programas e atividades relacionadas a caminhadas, passeios, ginástica e cursos em todos os bairros. 2. Formar associações estudantis. Comunicação 3. Criar um canal de interlocução para participação dos jovens nos processos decisórios, com o apoio do Fórum da Agenda 21 Local. 2. Divulgar as tradições, a cultura popular e a identidade local. 4. Promover a construção de Agendas 21 escolares. 3. Elaborar um calendário dinâmico, com eventos festivos e culturais no município. 90 Planejamento 4. Promover os artistas locais por meio de serestas, festivais, recitais, concertos, encontros, exposições e ciclo de leituras, entre outros. • Articulação e formação Articulação Planejamento 5. Promover o intercâmbio ar tístico e cultural com outros municípios. 1. Desenvolver um sistema de cadastro de ONGs, com as informações obtidas por intermédio do Conselho Municipal de Assistência Social. 6. Articular com o Sesc a divulgação de suas atividades e o atendimento às demandas destes grupos. • Melhorando a infraestrutura das populações tradicionais Estudos técnicos de rede das ONGs 2. Utilizar a rede de ar ticulação oferecida pelo Sesc como primeiro canal de articulação para ONGs do município. 3. Realizar um seminário anual com atividades de planejamento, ref lexão e articulação entre as ONGs e a sociedade civil organizada. Capacitação 1. Realizar levantamento histórico sobre a existência de grupos tradicionais, visando à elaboração de políticas públicas voltadas a este tema. 4. Realizar cursos de capacitação específicos sobre formulação e captação de recursos para projetos para gestores das ONGs. Articulação • Fortalecimento das 2. Estabelecer parcerias com Faculdades de Turismo para promover o resgate histórico da ocupação do território. Comunicação 3. Divulgar a cultura das comunidades tradicionais, por meio de festivais e encontros técnicos. • Articulação inter-conselhos Infraestrutura 1. Utilizar o Espaço Cidadão como local de referência para as atividades dos Conselhos Municipais. Comunicação 2. Promover ações que divulguem a existência dos Conselhos, suas atribuições, seus quadros, funcionamento e realizações, entre outros. entidades sindicais Capacitação 1. Realizar a capacitação de suas categorias, para atualizá-las diante das novas demandas de mercado. Comunicação 2. Informar a população sobre as questões da legislação vigente em cada setor, mediante a realização de cursos de capacitação. 3. Div ulgar as realizações dos sindicatos para a sociedade em geral. Planejamento 4. Promover a participação de diferentes lideranças de cada sindicato nos Conselhos Municipais. Articulação 5. Convidar os sindicatos a desenvolver ações de promoção do bem-estar e da saúde do trabalhador, de acordo com as Normas Regulamentadoras do Trabalho. 3. Realizar parcerias entre Conselhos para promover um veículo de comunicação único para todos os Conselhos (seja impresso e/ou on-line). 6. Realizar um encontro entre os representantes de entidades sindicais para debater sobre os desafios e oportunidades de fortalecimento de suas categorias. Capacitação 7. Promover ações que possam fortalecer os laços solidários entre trabalhadores de uma categoria e suas famílias. 4. Realizar a capacitação dos grupos sociais envolvidos (mulheres, idosos e portadores de deficiência, entre outros). 5. Realizar cursos de capacitação, específicos e permanentes, aber tos aos gr upos interessados (demandados de for ma participativa). Possíveis parceiros Associações . Banco do Brasil . BNDES . Câmara Municipal . Coletivo Jovem . Conselhos Municipais (Assistência Social, Educação) . Cooperativas . Defensoria Pública . Elo Sudeste 21 91 . Empresas associadas ao Comperj . Fameat . Fundação Roberto Marinho . Instituições Religiosas . Iphan . Ministérios (Cultura, Justiça, Meio Ambiente, Turismo) . MP . ONGs . Prefeitura Municipal . Promimp . Rebal . Rits . Sebrae . Secretarias Estaduais (Ambiente, Cultura, Segurança, Turismo) . Secretarias Municipais (Comunicação, Cultura, Turismo, Direitos da Mulher, Desenvolvimento Social, Segurança, Educação, Meio Ambiente, Educação, Trabalho e Emprego, Saúde) . Sesc . Sindicatos . Universidades . Vara da Infância, Juventude e do Idoso . Veículos de Comunicação. Possíveis fontes de financiamento American Express Foundation . Ashoka . AT&T Foundation . Banco do Brasil . Banco JP Morgan . Basf S/A . BNDES . Coca- 92 Cola Company . Embaixada da Alemanha . Embaixada do Reino Unido . Fecam . Finep . FNMA . Fundação Abrinq . Fundação Educar Depaschoal de Benemerência e Preservação da Cultura e do Meio Ambiente . Fundação Ford . Fundação Interamericana . Fundação Telefônica . Fundação Vale do Rio Doce . Fundo Cristão para Crianças . GE Fund . General Motors Corporate Giving Program . Instituto C&A de Desenvolvimento Social . Instituto Credicard . Instituto Itaú Cultural . Levi Strauss do Brasil . Ministérios (Educação, Cultura, Saúde, Trabalho e Emprego) . Open Society Institute . Prêmio Itaú Unicef Educação e Participação . Shell Brasil S/A . The Trust Funding Support of Actions to Eliminate Violence Against . Unesco . Unicef . Volkswagem do Brasil Ltda. PADRÕES DE CONSUMO A pobreza e a degradação ambiental estão estreitamente relacionadas. Enquanto a primeira tem como resultado determinados tipos de pressão ambiental, segundo a Agenda 21, as principais causas da deterioração ininterrupta do meio ambiente mundial são os padrões insustentáveis de consumo e produção, especialmente nos países industrializados. Motivo de séria preocupação, tais padrões de consumo e produção provocam o agravamento da pobreza e dos desequilíbrios. É muito comum confundir “consumir” com “fazer compras”. Consumir é um ato muito mais presente em nossas vidas. Todos os dias consumimos água, alimentos, combustíveis etc. Como cada um desses elementos se origina do planeta e nele permanece depois de usado, o consumo interage diretamente com a sustentabilidade e pode ser um poderoso instrumento para alcançá-la. Tomar consciência dos hábitos de consumo, pensar sobre todos os materiais presentes em cada objeto, sua origem e destinação final requer uma revisão de hábitos, costumes e valores. A fim de atingir a escala necessária para fazer a diferença, todas as esferas sociais precisam estar envolvidas nesta transformação: governos, empresas, ONGs e cidadãos. As mudanças necessárias são profundas, mas o movimento do consumo consciente afirma que o poder de promovê-las está ao alcance de cada um, em sua própria vida, em seus atos cotidianos. Em Teresópolis, segundo os membros do Fórum da Agenda 21, faltam à população condições para exercer um consumo consciente e responsável, já que não há informações disponíveis sobre os padrões de produção e consumo, nem preocupação com a economia de energia. Outra importante questão é o desperdício da produção agrícola. O desperdício ocorre em todas as fases de produção de alimentos e precisa ser combatido Con su mo r e spon sáve l – Signifi ca adquirir produtos eticamente corretos, ou seja, cuja elaboração não envolva a exploração de seres humanos e animais e não provoque danos ao meio ambiente. O Procon de Teresópolis é defi ciente, pois é fi lial de Petrópolis. 93 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Consumo consciente Articulação Gestão pública 10. Articular com as empresas locais a substituição de sacolas plásticas por sacolas personalizadas de material não poluente. 1. Elaborar políticas estratégicas para estimular mudanças no padrão de consumo da população. Comunicação Infraestrutura 11. Div ulgar o novo Código de Obras para estimular novas práticas de construção civil. 2. Instalar um escritório do Procon local para desburocratizar o setor. Possíveis parceiros Planejamento 3. Criar uma Câmara Técnica para acompanhar o andamento dos processos. 4. Promover o con su mo r espon sáve l, e v ita ndo o u so de descar táveis. 5. Inibir práticas não sustentáveis em seus processos de produção, vendas e serviços. 6. Promover práticas cotidianas de consumo responsável. 7. Promover o uso de energias renováveis. 8. Desenvolver mecanismos para tratamento e reaproveitamento da água de chuvas. Elaboração de programas 9. Desenvolver um programa para mudanças nos padrões de consumo com a realização de ações periódicas e contínuas envolvendo toda a população. 94 Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . Associação de Artesãos . Associações de Moradores . Associação de Produtores Orgânicos . Associação de Produtores Rurais . Escolas . Fameat . Idec . Instituições religiosas . MMA. MP . Secretarias Estaduais (Educação, Ambiente) . Secretarias Municipais (Obras, Meio Ambiente, Educação) . Veículos de comunicação. Possíveis fontes de financiamento Ashoka . Coca-Cola Company . CT-Agro . Embaixada do Reino Unido . Embrapa . Fecam . Finep . FNMA . Fundação Vale do Rio Doce de Habitação e Desenvolvimento Social . Proger . Prodetab. ESPORTE E LAZER O conceito de qualidade de vida, embora subjetivo, independentemente da nação, cultura ou época, relaciona-se a bem-estar psicológico, boas condições físicas, integração social e funcionalidade. O esporte e o lazer são fatores de desenvolvimento local pelos benefícios que proporcionam à saúde física e mental dos seres humanos e pela oportunidade que oferecem de desenvolvimento individual e convivência social. São atividades reconhecidas pelas Nações Unidas como direitos humanos e, portanto, devem ser promovidas em todo o mundo. Atividades esportivas são uma ferramenta de baixo custo e alto impacto nos esforços de desenvolvimento, educação e combate à violência em várias sociedades, e o lazer é fundamental para a qualidade de vida dos indivíduos. Teresópolis oferece excelentes condições para a prática do hipismo Ambos têm o poder de atrair e mobilizar a juventude, promovendo a inclusão e a cidadania, valores como respeito ao outro e à natureza, aceitação de regras, trabalho de equipe e boa convivência social. Além disso, atividades de esporte e lazer geram empregos e renda. Teresópolis é sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A Granja Comary, onde treina a Seleção Brasileira, é um dos mais modernos centros de treinamento do mundo e transformou-se em atração turística da cidade. Recentemente, outros eventos esportivos vêm sendo disputados no ginásio poliesportivo Pedro Jahara, mais conhecido como Pedrão, e na praça de esportes radicais. A Cascata dos Amores é um dos pontos preferidos de recreação para moradores e turistas 95 O centro de treinamento da Seleção Brasileira de Futebol pode ser visitado na temporada de férias e nos fi ns de semana, mediante autorização A cidade é conhecida como capital nacional do alpinismo e tem o Dedo de Deus como símbolo. A equitação é outro esporte muito praticado por moradores e turistas, devido às condições propícias à sua prática. Apesar da percepção do grupo sobre a falta de lazer/esportes/arte e cultura, existem iniciativas como, por exemplo, a Olimpíada dos Bairros, uma competição que envolve representantes de cerca de 90 comunidades locais, urbanas e rurais. O evento é organizado pela prefeitura, através da Secretaria de Esportes, com apoio da Federação das Associações de Moradores e Entidades Associativas do Município de Teresópolis (Fameat) e da Liga Teresopolitana de Desportos (LTD). Teresópolis faz parte do circuito do Campeonato Estadual de MotoCross 96 Também existem escolinhas de esporte para crianças e adolescentes e os Jogos da Pessoa Idosa Sênior e de Idosos (Jopisi), dedicados a promover a integração e a interação entre as pessoas da terceira idade de todos os bairros – além de proporcionar melhor qualidade de vida por meio do incentivo à prática de atividades físicas. Outro evento importante são os Jogos das Pessoas Especiais de Teresópolis (Jopete), que promovem a inclusão da pessoa com deficiência por meio do esporte adaptado e servem de preparação dos para-atletas de Teresópolis para a Olimpíada da Pessoa Deficiente (Olimpede), realizada anualmente em Volta Redonda (RJ) e considerada uma das mais importantes do esporte adaptado do País. PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Baixa prioridade • Promovendo o lazer em Teresópolis 4. Buscar patrocínio ao esporte e aos atletas locais por meio de incentivos fiscais às empresas. Articulação 5. Desenvolver u m ca lendá r io de e ventos espor t ivos no município. 1. Estabelecer parcerias com as escolas para compartilhar o uso das quadras e ginásios com a população durante os fins de semana e feriados. Infraestrutura 2. Construir uma ciclovia na cidade. 3. Ampliar o número de praças nos bairros mais periféricos, com equipamentos de esporte, recreação e lazer. 4. Criar um polo gastronômico, gerando um espaço de convivência social para as famílias, jovens, terceira idade e crianças. Planejamento 5. Realizar passeios ciclísticos regularmente em parceria com a Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e entidades da sociedade civil. 6. Formar grupos de trilhas ecológicas, nos bairros e nas áreas rurais. 6. Ampliar o número de projetos e programas que utilizem o equipamento esportivo do município (vila olímpica, ginásios e pistas, entre outros). 7. Promover ativ idades e práticas espor tivas, ar tísticas e educacionais que cultivem valores éticos e cidadãos entre a população infantil e adolescente. Infraestrutura 8. Melhorar a infraestrutura existente para práticas esportivas ao ar livre (montanhismo, voo livre, ciclismo, skate, tracking, corrida rústica), tirando partido das características locais. 9. Construir uma vila olímpica que contemple o maior número possível de atividades, em parceria com empresas privadas. Elaboração de projetos 7. Reativar o programa “Música na Praça”. 10. Elaborar projetos culturais e centros esportivos, com atividades permanentes. 8. Elaborar um calendário para passeios guiados em trilhas da região. Possíveis parceiros Elaboração de programas 9. Elaborar um programa de “Cinema na Praça”. • Incentivo ao desenvolvimento de práticas esportivas Articulação 1. Articular com a Confederação Brasileira de Futebol parcerias e contrapar tidas sociais para desenvolver o setor esportivo no município. 2. Promover o intercâmbio com outros municípios para estimular a prática esportiva na região. Planejamento Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . Associações de Moradores . Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . COB . CBB . CBDA . CBF . CBV . Conselho Municipal de Segurança . Cooperativas . Corpo de Bombeiros . Concessionária Rio Teresópolis (CRT) . Escolas . Movimento Nossa Teresópolis . MP . ONGs . Sebrae . Secretarias Municipais (Esportes e Lazer, Cultura, Obras, Urbanismo, Segurança) . Senac . Sesc . Sindicatos . Universidades. Possíveis fontes de financiamento Banco do Brasil . Banco Itaú . Caixa Econômica Federal . CocaCola Company . COB . CBB . CBDA . CBF . CBV . Companhia Vale do Rio Doce . Eletrobras . Finep . Fundação Ford . Operadora Vivo . Unesco . Unicef. 3. Identificar e apoiar os atletas locais, divulgando suas histórias para a população. 97 4 Ordem Econômica GERAÇÃO DE TRABALHO, RENDA E INCLUSÃO SOCIAL Princípios dos Empreendimentos Sustentáveis – – – – – – Substituem itens produzidos nacional ou internacionalmente por produtos criados local e regionalmente; Assumem responsabilidade por seus efeitos no mundo natural; Não exigem fontes exóticas de capital para se desenvolver e crescer; Empenham-se em processos de produção humanos, dignos e intrinsecamente satisfatórios; Criam objetos duráveis e de utilidade em longo prazo, cujo uso ou disposição fi nal não prejudicarão as futuras gerações; Transformam seus consumidores em clientes por meio da educação. (Paul Hawken) As mudanças climáticas e seus impactos, e a degradação do meio ambiente em geral, têm implicações significativas para o desenvolvimento econômico e social, para os padrões de produção e de consumo e, portanto, para a criação de empregos e geração de renda. Ao contrário do que muitos afi rmam, a transição para a sustentabilidade pode aumentar a oferta de emprego e a geração de renda. A relação direta entre o mundo do trabalho e o meio ambiente constitui a essência dos chamados empregos verdes – trabalhos e atividades que contribuem para a preservação ou restauração da qualidade ambiental, com remuneração adequada, condições de trabalho seguras e respeito aos direitos dos trabalhadores. Os empregos verdes podem ser o caminho para enfrentar tanto a degradação ambiental, reduzindo os impactos da atividade econômica, quanto o desafio social representado por 1,3 bilhão de pessoas no mundo em situação de pobreza. Eles podem beneficiar trabalhadores com diferentes níveis de qualificação e são encontrados em uma ampla gama de setores da economia, tais como os de fornecimento de energia, reciclagem, agrícola, construção civil e transportes. Levantamento da Organização Internacional do Trabalho (OIT) aponta que, em 2008, o Brasil tinha aproximadamente 2,6 milhões de empregos verdes – o que representava 6,73% do total de postos formais de trabalho – e que a oferta desse tipo de emprego no País vem crescendo a uma taxa anual de cerca de 2%. A economia de Teresópolis, no período 2002-2007, correspondia a 17,2% do PIB da região serrana. Dentro do Comperj, este município faz parte da Região de Inf luência Ampliada e respondeu, no mesmo período, por 0,85% do PIB da região7. Teresópolis é um dos 87 municípios do Estado do Rio de Janeiro que recebem royalties pela exploração e produção do petróleo – o que justifica a alta participação do município no PIB regional. No ano passado, o repasse desses recursos ao município somou cerca de R$ 10 milhões. O perfi l do setor produtivo do município encontra-se no Gráfico 2. Em todos os setores da economia, o porte predominante de estabelecimento é a microempresa. 7 IBGE, em parceria com órgãos estaduais de estatística (Fundação Cide), Secretarias Estaduais de Governo e Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa). 100 Gráfico 2: Número de estabelecimentos por setor, conforme o tamanho 2752 3000 2500 1991 Micro 2000 Pequena 1500 Média 1000 500 0 Grande 559 101 12 2 1 Agropecuária Roya lt ies – Uma das compensações f inanceiras relacionadas às atividades de exploração e produção de petróleo e gás nat ural que as companhias petrolíferas pagam aos estados e municípios produtores. A legislação prevê regras diferentes para a distr ibuição dos royalties em função da localização do campo produtor, se em terra ou no mar. 37 7 1 Indústria 174 5 Comércio 3 162 9 14 Serviços Fonte: Sebrae, base de dados RAIS/2007 Entre 2002 e 2007, mais de 80% da renda foram gerados no setor de serviços (Gráfico 3). Este percentual se reduziu em 2004 (-62%), ano em que a indústria teve sua participação aumentada para 30%. Mas esse crescimento não se sustentou e, em 2007, a indústria retomou sua posição relativa (-11%), o mesmo ocorrendo com os serviços. Cabe ressaltar a participação da administração pública nesse setor. Em 2002, correspondeu a 26,4% do total dos serviços; em 2004, a 16,9% e, em 2007, a 26,8%. O oposto ocorreu com a agricultura, cuja participação relativa era pequena e decrescente. Segundo dados da Fundação Cide, a taxa de crescimento do PIB per capita do município no período 2002-2007 foi de 48,19%. O PIB per capita da região serrana nesse período cresceu 53,12%. Em 2002, o PIB per capita era R$ 7.803 e, em 2007, chegou a R$ 11.563. Esses dados sugerem que a economia do município está em franco processo de crescimento econômico. 101 Gráfico 3: Participação relativa dos setores no PIB do município nos anos de 2002, 2004 e 2007 100 84,06 84,23 80 61,64 2002 60 2004 2007 40 20 0 29,12 5,26 9,24 3,50 Agropecuária 10,68 26,39 16,87 12,28 Indústria 26,80 Serviço Administração Pública Fonte: IBGE 2007 Sua população total em 2007 era de 150.268 habitantes, sendo que 83,4% residiam na área urbana e 16,6% na área rural8 . A maior parcela dessa população (Gráfico 4) tem idade acima de 15 anos. Considerando a idade estimada para a população economicamente ativa, é possível afirmar que a PEA do município de Teresópolis, em 2007, correspondia a 73,49% da sua população. Gráfico 4: Distribuição da população de Teresópolis entre as faixas etárias. Mais de 100 anos 95 a 99 anos 90 a 94 anos 85 a 89 anos 80 a 84 anos 75 a 79 anos 70 a 74 anos 65 a 69 anos 60 a 64 anos 55 a 59 anos 50 a 54 anos 45 a 49 anos 40 a 44 anos 35 a 39 anos 30 a 34 anos 25 a 29 anos 20 a 24 anos 15 a 19 anos 10 a 14 anos 5 a 9 anos 0 a 4 anos 2 18 101 286 734 1.161 1.757 2.291 3.037 3.777 4.699 5.204 5.714 5.687 6.158 6.161 6.629 6.695 7.189 6.004 4.971 0,00% 0,00% 0,10% 0,30% 0,70% 0,90% 1,40% 1,70% 2,30% 2,60% 3,20% 3,60% 4,00% 3,90% 4,10% 4,10% 4,10% 4,20% 4,30% 3,60% 3,10% 0,00% 0,00% 0,10% 0,20% 0,40% 0,70% 1,10% 1,40% 1,90% 2,30% 2,90% 3,20% 3,50% 3,50% 3,80% 3,80% 4,00% 4,10% 4,40% 3,70% 3,00% Homens Fonte: IBGE (2011) 8 IBGE e Sebrae, base de dados RAIS/2007. 102 Mulheres 17 46 185 534 1.118 1.541 2.223 2.770 3.761 4.314 5.231 5.952 6.474 6.354 6.758 6.712 6.769 6.848 7.038 5.818 5.008 Considerando-se a idade estimada para a população economicamente ativa, a PEA do município de Teresópolis em 2007 correspondia a 66,10% da sua população. Além disso, apenas 20,82% da PEA estavam ocupados com carteira assinada em 2007 – mais de 14% eram assalariados. Gráfico 5: Porcentagem da população economicamente ativa no ano de 2007 80 66,10% 70 60 50 40 20,82% 30 13,76% 20 14,13% 10 0 % da população que é PEA % PEA ocupada % população % PEA ocupada que é PEA ocupada que é assalariada Fonte: IBGE, Estatísticas do Cadastro Central de Empresas (2008) Ainda que os dados sobre comportamento do emprego com carteira assinada (Gráfico 6) indiquem melhoras, apresentando taxas de crescimento positivas e elevadas, as exceções são a indústria extrativa mineral e os serviços industriais de utilidade pública. Gráfico 6: Taxa de variação de emprego com carteira assinada por setor de atividade entre os anos de 2001 e 2008 1000 802,22 800 600 400 200 26,28 2,41 Adm. Pública Agropec. 41,38 99,22 -98,39 35,81 87,01 0 -200 Const. Civil Ind. Extrativa Mineral Ind. Transf. Serv. Ind. Ut. Pub Serviços Comércio Fonte: IBGE 2007 103 Os participantes do grupo de Teresópolis manifestaram preocupação com o desemprego, a pobreza e a desigualdade social no município. Chama atenção a diferença entre o PIB per capita, que cresceu 48,19% entre 2002-2007, chegando ao montante de R$ 11.563 – em valor mensal seria R$ 963,53. Já a renda média dos trabalhadores, em período equivalente, permaneceu em torno de R$ 435,86, evidenciando a má distribuição de renda no município. No mapa da densidade da pobreza no estado, Teresópolis apresenta um índice na faixa de 25,6% a 38,1%, que indica o número de pessoas residentes no município com renda domiciliar inferior a 0,5 SM/km 2. Embora a concentração da pobreza seja baixa, devido à grande extensão territorial do município, a taxa de pobreza é alta. Considerando o número de pessoas residentes com renda domiciliar inferior a 0,5 SM/total de habitantes, esta taxa em Teresópolis fica na faixa de 14,18% a 21,43%. Mapa 8: Densidade de pobreza no Estado do Rio de Janeiro Fonte: Estratégias e ações para a conservação da Biodiversidade no Estado do Rio de Janeiro, (2009), in Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, Fundação Ceperj (http://www.ceperj.rj.gov.br) 104 Apesar das taxas de crescimento positivas, os participantes do grupo de Teresópolis informaram que enfrentam problemas de desemprego e exclusão social provocados pela existência de mão de obra desqualifi cada e pela falta de políticas públicas para geração de trabalho e renda. Segundo a Fundação Ceperj (2009), o número de demissões em 2007 foi de 9.500 posições. No mesmo período, o número de admissões registrou 11.417 vagas. A atuação das entidades do Sistema S (Sesc, Sebrae e Senac), somada aos esforços da sociedade civil através das ações de entidades representativas com forte atuação – Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat), Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), Sincomércio, Nossa Teresópolis e outras –, tem sido fundamental para a geração de empregos e melhor distribuição de renda. O grupo também citou como potencialidade o Programa Economia Solidária, destacando a existência de um Centro de Formação Profi ssional ligado à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, com atividades voltadas à geração de renda. Além disso, também considerou positivas a criação de Secretaria Municipal de Trabalho e Renda e a organização do Plano Diretor e do Conselho da Cidade voltados para o desenvolvimento sustentável. Sede do Serviço Social do Comércio em Teresópolis 105 PROPOSTAS • Alta prioridade • Promoção da geração de emprego e renda Infraestrutura 1. Estruturar a Secretaria Municipal de Indústria e Comércio por meio da recomposição dos quadros técnicos. 2. Estruturar Teresópolis como polo regional para a Região Centro-Serrana no desenvolvimento social e econômico, por intermédio do aumento da oferta de serviço para atendimento das demandas locais. Gestão pública 3. Integrar os trabalhos da Secretaria Municipal de Trabalho e Renda com os trabalhos da Secretaria Municipal de Indústria e Comércio. 4. Legitimar a Câmara Técnica para “desenvolvimento sustentável e política de combate à pobreza” dentro do Conselho da Cidade, contando com a participação de representantes do Fórum Agenda 21 Local. 5. Integrar as Secretarias Municipais com o projeto “Nossa Teresópolis” e com entidades representativas de forte atuação, tais como Aciat, CDL e Sincomércio, entre outras. 6. Desenvolver políticas públicas voltadas para a geração de emprego e renda. 7. Implementar e promover os programas do Plano Diretor prev istos na linha estratégica X I I I – Desenvolv imento Social Includente. Planejamento 8. Realizar o levantamento das ações e programas de geração de renda existentes no município. 9. Preparar Teresópolis para potencializar os impactos positivos decorrentes da Copa do Mundo de 2014, com a presença de seleções de futebol treinando no município. • Estratégias para viabilizar a qualificação da mão-de-obra Capacitação 1. Qualificar a mão de obra direcionada para os setores de turismo, agricultura, educação e tecnologia. 106 • Baixa prioridade • Média prioridade Planejamento 2. Identificar as demandas da indústria e comércio locais, incentivando parcerias para a criação de cursos profi ssionalizantes. 3. Identificar na região a mão de obra que possa ser absorvida a partir da instalação do Comperj, qualificando os respectivos profissionais. 4. Incluir cursos profi ssionalizantes no programa do Ensino Médio (mestre de obra, carpinteiro e eletricista, entre outros). 5. Envolver as entidades do Sistema S (Sesc, Sebrae e Senac) instaladas em Teresópolis para realizar cursos de qualificação profissional. 6. Assegurar a continuidade dos projetos e for talecimento da Aciat. 7. Criar uma Agência de Desenvolvimento Local (ADL). 8. Fortalecer o Centro de Formação Profissional, ligado à Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, com a realização de atividades voltadas para a geração de renda. 9. Formar grupos de produção e cooperativas, com princípios da economia popular solidária. Gestão pública 10. Cobrar o apoio das autoridades competentes no desenvolvimento de programas de Economia Solidária. Articulação 11. Firmar convênio com o Sebrae para a realização de cursos de gestão e associativismo para o trabalhador rural. 12. Promover maior atuação do Sistema Firjan no município, incluindo estrutura física e programas do Sesi/Senai. 13. Promover a integração entre a universidade e as empresas. Possíveis parceiros Abav . Aciat . Alerj . Associações de Moradores . Câmara Municipal . CBF . CDL . Cenpes . Comissão Municipal de Emprego . Conselho da Cidade . Cooperativas . Firjan . Ministério dos Esportes . MP . Movimento Nossa Teresópolis . OAB . Prefeitura Municipal . Prefeituras Municipais (São José do Vale do Rio Preto; Sapucaia, Sumidoro, Carmo, Guapimirim) . Prominp . Sebrae . Secretarias Municipais (Educação, Turismo, Agricultura, Indústria e Comércio, Trabalho e Renda, Desenvolvimento Social) . Senac . Senai . Senat . SinComércio . Sindicatos . Sindicatos . Teresópolis Convention & Visitors Bureau . TurisRio . Universidades. Possíveis fontes de financiamento Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . Bird . Empresas associadas ao Comperj . FAT . Finep . Planfor . Unisol. 107 AGRICULTURA A Agenda 21, em seu Capítulo 32, afirma que a agricultura ocupa um terço da superfície da Terra e constitui a atividade central de grande parte da população mundial. Segundo o documento, as atividades rurais ocorrem em contato estreito com a natureza – a que agregam valor com a produção de recursos renováveis –, ao mesmo tempo em que a tornam vulnerável à exploração excessiva e ao manejo inadequado. A agricultura é sustentável quando é ecologicamente equilibrada, economicamente viável, socialmente justa, culturalmente apropriada e orientada por um enfoque holístico. Este modelo de agricultura respeita a diversidade e a independência, utiliza os conhecimentos da ciência moderna para se desenvolver e não marginaliza o conhecimento tradicional acumulado ao longo dos séculos por grandes contingentes de pequenos agricultores em todo o mundo. Um modelo sustentável de agricultura produz alimentos saudáveis para os consumidores e os animais, não prejudica o meio ambiente, é justo com seus trabalhadores, respeita os animais, provê sustento digno aos agricultores e apoia e melhora as comunidades rurais. Além disso, deve manter nossa capacidade futura de produzir alimentos, distribuindo-os com justiça, mantendo a qualidade do meio ambiente e preservando a diversidade cultural e biológica das variedades tradicionais de plantas cultiváveis. Teresópolis é um município beneficiado pelo clima favorável à produTeresópolis é um importante polo agrícola do estado do Rio de Janeiro ção agrícola. Segundo o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável 9, o município é o “maior produtor de hortigranjeiros do Estado do Rio de Janeiro, em volume, e o maior fornecedor de olerícolas folhosas para as Centrais de Abastecimento do Estado do Rio de Janeiro (Ceasa-RJ)”. Na área rural do município, predominam os minifúndios, pequenas propriedades dirigidas por agricultores familiares. O número total de produtores rurais está hoje na faixa de 3.500 a 4.000, a grande maioria em pequenas propriedades. Apesar disso, a agricultura, juntamente com a pecuária, representa apenas 9% de sua economia. A agricultura processada no município não garante a sustentabilidade econômica dos agricultores, em parte devido à falta de infraestrutura para manter a agricultura produtiva – transporte, comunicação e equipamentos. Também falta política pública para incentivar a população rural a não abandonar o campo, além de capacitação e parceria por parte do município. 9 PMT/FGV, Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Teresópolis – Documento Técnico, 2006, p. 222-233. 108 Um bom exemplo são os 700 km de estradas do município, dos quais 510 km não têm pavimentação. Durante a época de chuvas, o trânsito dos caminhões que escoam a produção provoca muitos estragos nas rodovias. No entanto, algumas iniciativas já indicam um início de articulação da agricultura local, como uma parceria entre a Secretaria Municipal de Agricultura, o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural e a Secretaria Municipal de Turismo, além de um convênio da prefeitura com a Emater, apesar de esta contar com poucos técnicos no município. Segundo os participantes, há produtores rurais tradicionais que utilizam técnicas orgânicas e produzem ervas medicinais. E, mesmo sem uma política que enfatize e priorize a agricultura sustentável, há um movimento crescente de produtores em agricultura orgânica com uma produção sustentável de alimentos – já foi criada, inclusive, a Associação de Produtores Orgânicos. No entanto, ainda falta incentivo comercial à agricultura orgânica. A UFRJ está presente em Teresópolis com o projeto de tratamento da produção agrícola e do produtor com homeopatia. A prefeitura já dispõe de um estudo da UFRJ/Nesc sobre transição da agricultura convencional para agro-homeopatia (o Instituto Brejal–Petrópolis já utiliza essa técnica), abrindo novos horizontes à produção orgânica no município. Além disso, a existência de florestas possibilita o desenvolvimento de sistemas agroflorestais para a produção rural, apesar de ainda faltar divulgação e apoio a práticas como a agroecologia – este é um sistema de agricultura sustentável que pode se tornar uma alternativa viável, especialmente se for encontrado um meio de sanar a falta de um programa de remuneração ao produtor rural pelos serviços ambientais e seus benefícios à coletividade. Os participantes do grupo mencionaram a criação de um núcleo em Agricultura Orgânica e Agroecologia e a existência de um projeto para um Jardim Botânico de plantas medicinais. Outra potencialidade identificada é a feira de produtos orgânicos, com venda direta do produtor ao consumidor, funcionando regularmente duas vezes por semana (apoiada na lei de venda direta). No entanto, a prática mais comum é o uso intenso de agrotóxicos nas lavouras de hortaliças, ocasionando frequentes problemas de intoxicação nos agricultores e seus familiares. Outro problema é a comercialização de agrotóxicos por vendedores individuais, que não estão sujeitos ao controle do receituário agronômico. A infraestrutura disponível para o escoamento da produção agrícola é precária e falta um canal alternativo para o produtor rural escoar sua produção para outros municípios e estados – como, por exemplo, um escritório de negócios e a criação de um mercado municipal, visando minimizar a ação exploradora do atravessador. Também é preciso desenvolver meios para sanar a falta de entrosamento e respeito entre os próprios produtores e entre produtores e compradores, e a falta de credibilidade para criação de cooperativas. Sistema Agrof lorestal – Forma de uso da terra na qual se combinam espécies arbóreas lenhosas (frutíferas e/ou madeireiras) com cultivos agrícolas e/ou animais, de forma simultânea ou em sequência temporal, e que interagem econômica e ecologicamente. Objetiva otimizar a produção com o uso mais eficiente dos recursos (solo, água, luz etc.), a diversif icação de produção e a interação positiva entre os componentes. Sistemas agroflorestais fazem parte das diretrizes centrais de desenvolvimento rural sustentável, pois podem ser implantados em áreas alteradas por atividades agrícolas malsucedidas, contribuindo para a redução do desmatamento de novas áreas de floresta (Fonte: Embrapa). A g r o e c olo g i a – Abordagem da agricultura que se baseia nas dinâmicas da natureza e propõe mudanças profundas nos sistemas e nas formas de produção. Sua fi losofi a é produzir de acordo com as leis e as dinâmicas que regem os ecossistemas – uma produção com e não contra a natureza. Reúne conceitos das ciências naturais e das ciências sociais em práticas dedicadas ao estudo das relações produtivas entre o homem e a natureza, visando sempre à sustentabilidade ecológica, econômica, social, cultural, política e ética. No âmbito da agroecologia, encontramos ainda discussões sobre manutenção da biodiversidade, agricultura orgânica, agrofloresta, permacultura e agroenergia, dentre outros temas. 109 Apesar destas dificuldades, Teresópolis conta com um programa de melhoria de vida no campo que visa aumentar a remuneração dos produtores rurais, com fundos (Pronaf) para desenvolver atividades com a população rural e com a existência de organizações do setor produtivo agrícola para melhorar a comercialização da produção – e, consequentemente, manter o homem no campo. Além disso, há a possibilidade de parceria com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e com o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar). A associação com organizações capazes de trazer conhecimento para os produtores pode resolver a falta de capacitação para o produtor rural no uso racional dos recursos naturais (ex.: água para a irrigação) e outros temas de interesse, como técnicas de conservação para que seus produtos possam ser minimamente processados – alimentos embalados hermeticamente para comercialização –, aproveitando a produção agrícola excedente. Também há necessidade de criar uma Central de Informações para a orientação do pequeno agricultor. Uma boa iniciativa presente no município é a realização de eventos, como Etecponkan e TecnoHort, com cursos e palestras. Também foi apontada a falta de um mercado municipal para o produtor rural. Tomates e tangerinas são alguns dos principais produtos agrícolas cultivados em Teresópolis O grupo assinalou a falta de rubrica exclusiva para que a cota de retorno do estado possa ser direcionada à agricultura. Afirmou também que falta estímulo para que mais agricultores preencham a Declan10. A tangerina e o tomate foram os principais produtos agrícolas das lavouras do município em 2008, com uma produção de 11.420 e 3.200 toneladas, respectivamente. As áreas plantadas chegaram a 571 hectares, no caso da tangerina, com rendimento médio de 20 mil kg/ha; e a 40 hectares de tomate, com 80 mil kg/ha. O município cultiva ainda batata-doce (1.206 t), mandioca (900 t), banana (70 t) e feijão em grãos (27 t). A pecuária no município destacou-se, ainda em 2008, na criação de aves (560 mil cabeças), bovinos (5.100 cabeças), equinos (2.100 cabeças) e vacas ordenhadas (mil cabeças). Teresópolis também tem criação de caprinos, suínos, codornas e coelhos, entre outros, além de produzir leite (mil litros), ovos de galinha (21 mil dúzias), ovos de codorna (22 mil dúzias) e mel de abelha (2.200 quilos). Os dados são do IBGE/2010. 10 O cálculo do FPM tem um componente adicional referente às declarações anuais (Declan) recebidas pelo governo do estado. O preenchimento da Declaração Anual de Renda (Declan) permite identifi car o grau de participação da agricultura na economia. Com base neste grau de participação, os programas de incentivo à agricultura do governo federal repassam verbas para o município. Quanto mais Declans enviadas, mais recursos são recebidos. Hoje, poucas Declans são enviadas. Os motivos podem ser desconhecimento ou o fato de terem um custo para o produtor (este custo deve ser extinto). 110 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Promovendo o fortalecimento 2. Fiscalizar o uso da verba do Pronaf na agricultura municipal. Gestão pública 4. Fiscalizar os recursos provenientes do estado e União, direcionados a cursos de capacitação rural (cursos interrompidos sem entrega de certificado). da agricultura 1. Elaborar a política municipal de agricultura familiar para desenvolver a vocação econômica de agricultura sustentável, sob a diretriz do Plano Diretor. 2. Ampliar a atuação e capacitação das Secretarias e Conselhos. 3. Ampliar o contato dos funcionários das Secretarias e Conselhos da área com os produtores. 4. Ampliar o número de agrônomos e técnicos agrícolas na Emater e Secretaria Municipal de Agricultura. 5. Destinar recursos próprios ao Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural. 6. Reivindicar a compra dos formulários de declaração (Declan) para fornecer aos agricultores. 7. Cobrar a rubrica exclusiva para que a cota de retorno do estado possa ser direcionada à agricultura. 8. Institucionalizar a atividade de distribuidor, para que os atravessadores não sejam beneficiados com título de produtor e paguem os impostos adequados. Comunicação 9. Promover maior divulgação e transparência dos recursos destinados à agricultura. Planejamento 10. Solicitar apoio municipal para o Laboratório de Análise de Solo. 11. Criar um fórum de discussão permanente junto aos secretários municipais de Agricultura e de Meio Ambiente. 12. Fortalecer o Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural. Infraestrutura 13. Melhorar a infraestrutura para manter a agricultura produtiva (transporte, comunicação e equipamentos, entre outros). 14. Melhorar as vias de escoamento na zona rural. • Mecanismos para assegurar a aquisição de recursos para a agricultura 3. Fiscalizar a alocação e prestação de contas dos recursos conseguidos, principalmente nas Cooperativas e Associações. • Estratégias para fortalecer o mercado do produtor rural Articulação 1. Articular ações continuadas de integração entre a Secretaria Municipal de Agricultura e as comunidades rurais, visando ao aumento da produção sustentável. 2. Articular com os governos federal e estadual a obtenção de maiores incentivos para o setor agrícola. Planejamento 3. Solicitar maiores f inanciamentos para a produção agr ícola local. 4. Promover a plantação e o consumo de produtos orgânicos. 5. Apoiar a criação de unidades agroindustriais administradas pelos produtores. 6. Criar incentivos fiscais para a compra de adubo diretamente do produtor. 7. Desenvolver estratégias voltadas para fortalecer a produção de hortifrutigranjeiros. 8. Criar um selo (certificado de produtos) que identifique práticas sustentáveis (Secretaria Municipal de Agricultura, Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Aciat, entre outros). 9. Utilizar as cooperativas como agentes agregadores de tecnologia, desenvolvendo novas técnicas de plantio menos poluidoras. 10. Viabilizar a formação de apólices de seguro para as estufas hidropônicas. Infraestrutura 11. Melhorar a infraestrutura da Ceasa. Elaboração de programas 12. Elaborar um programa de melhoria das condições sanitárias dos produtos, desde a colheita ao consumo. Fiscalização 1. Fiscalizar os recursos direcionados ao Conselho. 111 • Desenvolvimento de mecanismos que promovam o escoamento da produção agrícola Infraestrutura 1. Construir um mercado municipal para o produtor rural. 2. Criar um “Sacolão” volante para os produtores de orgânicos. Planejamento 3. Organizar o setor produtivo agrícola para melhorar a comercialização da produção. 4. Planejar ações estratégicas que garantam o entrosamento entre produtores e consumidores. 5. Fortalecer a feira de produtos orgânicos, gerando renda para as famílias produtoras e conferindo maior visibilidade dos produtos no mercado consumidor. 6. Estudar soluções alternativas para o produtor rural escoar seus produtos para outros municípios e estados (ex.: escritório de negócios, mercado municipal). 7. Criar cooperativas ou associações de pequenos agricultores para negociar os produtos sem a ação de intermediários. Comunicação 8. Criar uma rede de comunicação entre o consumidor e o produtor. Articulação 9. Estabelecer convênios com a prefeitura para fazer o transporte das mercadorias. Gestão pública 10. Fornecer subsídios técnicos para estabelecer o contato direto dos produtores com o mercado consumidor. 11. Elaborar e aprovar um projeto de lei, criando um programa de compras de produção orgânica de pequenos produtores locais para a utilização em merendas das escolas, hospitais e outras instituições municipais. • Medidas estratégicas para a fixação do homem no campo Capacitação 1. Capacitar o homem do campo, visando à redução de custos e melhoria da qualidade dos produtos agrícolas. Planejamento 3. Facilitar o acesso do pequeno produtor aos incentivos fiscais existentes. 4. Cobrar investimentos em cooperativas de mulheres rurais, para a produção de mudas nativas para ref lorestamento. 5. Estabelecer critérios para a captação de recursos e parcerias para o projeto de Jardim Botânico Popular de Plantas Medicinais, em áreas livres de contaminação. 6. Promover os eventos rurais da região (ex.: Festa da Ponkan e Encontro do Produtor Rural, entre outros). 7. Criar uma Central de Informações para a orientação do pequeno agricultor. Elaboração de programas e projetos 8. Elaborar programas de melhor ia da qua lidade de v ida no campo. 9. Desenvolver um programa de remuneração ao produtor rural pelos serviços ambientais. 10. Desenvolver programas de fixação do jovem no campo (ex.: núcleo digital, calendário escolar compatível com o calendário de produção, lazer, cultura, esporte “semirradical” e incentivos, entre outros). 11. Elaborar projetos para tratar com homeopatia a produção agrícola e o produtor. Gestão pública 12. Elaborar polít icas de cont role do uso de adubos e insumos quím icos. • Ações para melhorar a infraestrutura do produtor rural Planejamento 1. Atrair escolas agrícolas com auxílio da Embrapa e Uerj. 2. Desenvolver mecanismos que facilitem o acesso do agricultor à tecnologia e à informação. 3. Integrar o Sistema S, para ampliar a interação junto ao produtor rural. Articulação 4. Estabelecer pa rcer ias e cooperações que d inam i zem a Secretar ia Municipal de Agr icultura e demais órgãos e instituições que façam esse tipo de trabalho. Comunicação 5. Estabelecer parcerias com a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural para a capacitação na área rural. 2. Divulgar as práticas tradicionais dos produtores rurais (técnicas orgânicas, ervas medicinais, rezadeiras e curandeiras). Capacitação 6. Capacitar o agricultor para agregar valor aos nossos produtos agrícolas. 112 7. Realizar cursos voltados para o desenvolvimento de Sistemas Agrof lorestais (SAFs). 8. Desenvolver estratégias de incentivo ao consumo de produtos orgânicos. 8. Capacitar comunidades rurais para a multifuncionalidade da propriedade rural. 9. Promover ações que incentivem a população rural a não abandonar o campo. 9. Capacitar o produtor r ural para o uso racional dos recursos naturais. 10. Realizar a compra dos produtos alimentícios produzidos pelos pequenos agricultores familiares. 10. Capacitar os proprietários rurais para o trabalho nos Conselhos. • Otimização da produção agrícola 11. Capacitar os produtores para o beneficiamento de produtos minimamente processados (alimentos embalados hermeticamente para comercialização), aproveitando a produção agrícola excedente. 12. Capacitar os produtores rurais para produção de produtos desidratados, geleias e embutidos, entre outros. Gestão pública 1. Elaborar políticas públicas que estabeleçam o enriquecimento da merenda escolar com produtos orgânicos produzidos no município. 13. Capacitar os proprietários de terras para criação de cooperativas ou associações de pequenos agricultores. 2. Conver ter a produção excedente para escolas, creches e casas de repouso (públicas, municipais), entre outras, transformando os produtos agrícolas em descontos tributários. 14. Realizar cursos de capacitação voltados para a elaboração de projetos e captação de recursos na área rural. Planejamento 15. Realizar capacitação em agricultura sustentável. • Fortalecimento das cadeias produtivas agroecológicas Comunicação 1. Divulgar projetos de tratamento da produção agrícola e do produtor com homeopatia, desenvolvidos pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. 3. Incrementar o fornecimento de hortifrutigranjeiros, privilegiando o pequeno produtor para as empresas de alimentação que servirão ao Comperj e entorno. 4. Utilizar olerículas (verduras e folhosas) no cardápio de creches e escolas públicas. 5. Desenvolver estratégias alternativas para amenizar o desperdício da produção agrícola. Possíveis parceiros 5. Div ulgar o Núcleo Pioneiro em Agr icultura Orgânica e Agroecologia. Apherj . Associação de Produtores Orgânicos . Associação de Produtores Rurais . Conselhos Municipais (Cidade, Desenvolvimento Rural Sustentável, Agricultura) . Cooperativas . Emater . Empresas associadas ao Comperj . Escola Nacional de Botânica Tropical – Jardim Botânico do Rio de Janeiro . Ministérios (Agricultura Pecuária e Abastecimento, Desenvolvimento Agrário) . ONGs . Promimp . Sebrae . Secretarias Municipais (Serviços Públicos, Agricultura, Educação, Desenvolvimento Social) . Senac . Sindicatos . Universidades . Vigilância Sanitária. Planejamento Possíveis fontes de financiamento 2. Divulgar e incentivar a feira orgânica. 3. A mpliar a div ulgação e o acesso à infor mação sobre o f uncionamento das cooperativas, bem como suas leis e incentivos disponíveis. 4. Div ulgar os trabalhos desenvolv idos pelos Conselhos e Secretarias ligados à área. 6. Buscar maiores infor mações sobre programa de econom ia solidár ia. 7. Buscar maiores informações sobre as práticas agroecológicas. Ashoka . BNDES . Caixa Econômica Federal . CT- Agro . Embrapa . Finep . FNE Verde . Ministérios (Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Desenvolvimento Agrário, Trabalho e Emprego) . Prodetab. 113 INDÚSTRIA E COMÉRCIO Em seu Capítulo 30, a Agenda 21 reconhece que a prosperidade constante, objetivo fundamental do processo de desenvolvimento, resulta principalmente das atividades do comércio e da indústria. Mas alerta que o setor econômico deve reconhecer a gestão do meio ambiente como uma de suas mais altas prioridades. Não é possível ter uma economia ou uma sociedade saudável num mundo com tanta pobreza e degradação ambiental. O desenvolvimento econômico não pode parar, mas precisa mudar de rumo para se tornar menos destrutivo. As políticas e operações empresariais podem desempenhar um papel importante na redução do impacto sobre o uso dos recursos e o meio ambiente por meio de processos de produção mais eficientes, estratégias preventivas, tecnologias e procedimentos mais limpos de produção ao longo do ciclo de vida de um produto. É necessário estimular a inventividade, a competitividade e as iniciativas voluntárias para estimular opções mais variadas e efetivas. A competitividade também exige das indústrias e do comércio a adequação a esta tendência, o que está propiciando o surgimento de produtos e serviços ambientais que visam à diminuição dos danos ao meio ambiente. A contribuição deste setor para o desenvolvimento sustentável pode aumentar à medida que os preços de bens e serviços ref litam cada vez mais os custos ambientais de seus insumos, produção, uso, reciclagem e eliminação, segundo as condições de cada local. Espaço Mulher na Feira de Economia Solidária da Praça de Santa Tereza 114 Em Teresópolis, a indústria representa 12% da atividade econômica do município (em 2004, era 29%), conforme indicado no Gráfico 3, e tem nas pequenas empresas sua maior representatividade. Apesar disso, faltam programas de incentivo para atração de empresas, contribuindo para que muitas fechem suas portas. Além disso, há desarticulação da classe empresarial, dificultando a construção de uma estratégia para fortalecer o setor. Esta situação acaba se ref letindo tanto no potencial de crescimento/desenvolvimento do município quanto na geração de empregos. Daí a necessidade, segundo os participantes do processo, de considerar a possibilidade de mudança da política local, promovendo incentivo fi scal para atrair indústrias não poluentes e gerando empregos. Os membros do Fórum indicaram que, se por um lado, o Comperj trouxe a expectativa de atrair empresas para o município, por outro, poderá atrair indústrias poluidoras, sem que o município tenha desenvolvido mecanismos de controle e fi scalização para a implantação de novas empresas e indústrias com atividades poluentes. A ausência de mecanismos de controle e fi scalização no comércio e na indústria (tratamento de resíduos poluentes, sindicatos atuantes, relações trabalhistas, responsabilidade social, padrões de qualidade, cadeias produtivas) tem repercussão negativa no desenvolvimento econômico local. Os participantes assinalaram ainda o fraco envolvimento da indústria e do comércio em iniciativas de responsabilidade socioambiental. O grupo também se mostrou preocupado com a indefinição de uma estratégia de apoio e incentivo à produção de artesanato local. Centro comercial em Teresópolis A realidade industrial da região deverá ser alterada devido à instalação do Comperj. O valor adicionado a ser gerado pelos empreendimentos durante a fase de operação do Complexo Petroquímico, com relação ao PIB do município, encontra-se na Tabela 2. Tabela 2: Projeções para a relação entre o valor adicionado/ PIB a partir da instalação do Complexo Petroquímico Valor Adicionado / PIB (2015) Município Cenário Conservador Cenário Otimista Teresópolis 0,85% 1,71% Rio de Janeiro 0,02% 0,05% Fonte: Fundação Getúlio Vargas (2008) 115 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Promoção do fortalecimento do comércio, indústria e serviços • Baixa prioridade Capacitação Gestão pública 2. Realizar of icinas de capacitação para empresár ios sobre produção limpa, a liada aos pr incípios de responsabi lidade socioambienta l. 1. Elaborar uma legislação específica para inibir a presença de empresas poluentes e fiscalizar as poluidoras existentes. 3. Realizar cursos de capacitação nas comunidades, voltados para os artesãos. 2. Desenvolver estratégias para o fortalecimento da pequena indústria existente no município. Elaboração de projetos 3. Implementar Arranjos Produtivos Locais (APL). 4. Desenvolver projetos sociais por intermédio dos empresários locais. 4. Assegurar o apoio público às empresas locais que estão fechando. Planejamento Planejamento 5. Promover o envolvimento da indústria e do comércio em iniciativas de responsabilidade socioambiental. 5. Estabelecer critérios para a criação de programas de incentivo para a atração de empresas. 6. Criar um polo industrial com indústrias que causem poucos danos ao meio ambiente e em áreas que não interfiram na produção agrícola, respeitando o Plano Diretor. 7. Proteger as áreas rurais, através do Zoneamento Ecológico Econômico da região, para que não haja a substituição de áreas produtivas agrícolas por áreas industriais e urbanas. 8. Criar novas incubadoras de empresas no município. 9. Rea l i za r r eu n iões pa r a i nteg r a r os r epr esenta ntes da classe empresar ial. 10. Promover o uso, por empresas e indústrias, dos recursos e produtos gerados no município. 6. Cobrar o apoio do poder público local ao incremento da produção artesanal local. 7. Realizar o levantamento e o cadastramento dos artesãos do município. 8. Desenvolver estratégias que permitam a comercialização deste artesanato em outras localidades. 9. Estabelecer cr itér ios para a cr iação de cooperativas de artesanato. Infraestrutura 10. Criar novos locais para a realização de feiras de artesanato local. Comunicação 11. Reformular a FeirArte. 11. Divulgar e fortalecer o Conselho Municipal de Artesãos. Fiscalização 12. Traba lhar o marketing de ident idade do ar tesanato de Teresópolis. 12. Fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista nas áreas urbanas e rurais. 13. Fiscalizar o tratamento dado nas indústrias aos resíduos, às relações trabalhistas, ao desenvolvimento de programas de responsabilidade social e aos padrões de qualidade de suas cadeias produtivas. • Estratégias para a valorização do desenvolvimento econômico local Estudos técnicos 1. Realizar um levantamento dos problemas ambientais relacionados à atividade industrial no município. 116 Possíveis parceiros Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . Associações de moradores . CDL . Conselho da Cidade . Cooperativas . Firjan . Movimento Nossa Teresópolis . Prefeitura Municipal . Secretarias Municipais (Trabalho e Renda, Indústria e Comércio) . SinComércio . Unifeso. Possíveis fontes de financiamento Banco do Brasil . Bird . BNDES . Caixa Econômica Federal . FAT . Finep . MEC . Proger. TURISMO O turismo está entre as atividades econômicas que mais dependem da conservação e valorização do meio ambiente natural e construído, especialmente para os destinos cujo destaque são os atrativos relacionados à cultura e às belezas naturais. É considerado sustentável quando consegue alcançar os resultados econômicos desejados respeitando o meio ambiente e o desenvolvimento das comunidades locais. Os turistas, cada vez mais, favorecem empreendimentos que minimizam a poluição, o desperdício, o uso de energia, de água e de produtos químicos tóxicos. Visitantes satisfeitos, que levam consigo novos conhecimentos e recomendam aos amigos que tenham a mesma experiência, são a garantia de sucesso de um destino turístico. Um ambiente saudável e preser vado, no qual há respeito pela diversidade humana, natural e cultural é o ideal para a prática sustentável do turismo. Se essas condições não são asseguradas, o destino começa a declinar e deixa de gerar os benefícios a que se propõe. O desenvolvimento do turismo sustentável deve respeitar a legislação vigente, garantir os direitos das populações locais, conservar o ambiente natural e sua biodiversidade, considerar o patrimônio cultural e os valores locais, e estimular o desenvolvimento social e econômico dos destinos turísticos. Negócios turísticos sustentáveis empregam e capacitam a população local, compram produtos da região e usam serviços também locais. Cooperam com a manutenção de hábitats naturais, sítios históricos e lugares que se destacam pela beleza da paisagem. Das margens do Lago Comary podem ser vistos os picos da Serra dos Órgãos, incluindo o Dedo de Deus 117 Em Teresópolis, a expressividade das condições geográficas do município, a sua tradição agrícola e a existência das Unidades de Conservação potencializam o turismo rural, o de aventura e o ecológico. No entanto, faltam políticas públicas para o turismo rural e para estimular e explorar o circuito Teresópolis-Friburgo e o Caminho da Roça. Ainda é muito incipiente o tratamento conjunto para os setores, de maneira a torná-los complementares e potencializar os resultados econômicos das duas atividades. Pelo lado do turismo também faltam capacitação e treinamento para o turismo rural, o estabelecimento de parcerias (inclusive internacionais) que atraiam o turista e o uso econômico das áreas de f loresta como trilhas ecológicas. Inaugurada em 1967, a Fonte Judith tem o nome da menina que teria sido curada de uma grave enfermidade pelas propriedades medicinais de suas águas 118 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Estratégias para um turismo sustentável • Baixa prioridade Capacitação 17. Formar pessoal capacitado para o ecoturismo. Gestão pública 18. Capac ita r os ator e s soc ia i s pa r a o t u r i smo r e cept ivo de est r a ngei ros. 1. Implementar os programas previstos no Plano Diretor. 19. Realizar cursos de formação de guia turístico. 2. Promover o desenvolvimento do turismo sustentável. 3. Reativar o Conselho de Turismo. 4. Integrar o Conselho de Turismo com os Conselhos da Cidade e o de Desenvolvimento Rural. Planejamento • Mecanismos para o fortalecimento do turismo local Comunicação 6. Criar uma Faculdade de Turismo no município. 1. Divulgar os atrativos turísticos do município para os diversos agentes do turismo (hotéis, agências de turismo, centro de visitantes). 7. Criar um hotel-escola. 2. Divulgar atrações turísticas, históricas, culturais e rurais. 8. Captar recursos e estabelecer parcerias, nacionais e internacionais. 3. Divulgar as Unidades de Conservação, bem como seus recursos e projetos disponíveis ao uso público. 9. Estabelecer roteiros turísticos para mostrar todo o potencial agrícola, agroecológico e paisagístico. Gestão pública 5. Desenvolver um plano estratégico para o turismo. 10. Estruturar o turismo de eventos, com a definição de um calendário oficial e um centro de convenções. 11. Fortalecer o Circuito Teresópolis–Friburgo e o Caminho da Roça. 12. Consolidar a FeirArte como atrativo turístico. 13. Mapear as trilhas ecológicas existentes no município, para inseri-las nos roteiros turísticos. Elaboração de programas 14. Criar programas de fortalecimento do turismo local. Infraestrutura 15. Reestruturar os pontos turísticos existentes. 16. Cobrar melhoria das estradas principais e vicinais. 4. Criar um Fundo Municipal de Turismo. 5. Disponibilizar um ônibus da prefeitura para realizar o transporte dos bairros do município até as Unidades de Conservação. Possíveis parceiros A ssociações . Câmara Municipal . Cooperativas . Emater . FGV . Firjan . MTur . ONGs . Secretarias Municipais (Turismo e Cultura, Meio Ambiente, Saúde, Educação e Agricultura) . Sindicatos . Universidades. Possíveis fontes de financiamento Banco do Brasil . BNDES . Caixa Econômica Federal . FAT . Ministérios (Cultura, Meio Ambiente, Turismo) . Prodetur . Proger . WWF. 119 GERAÇÃO DE RESÍDUOS As atividades industriais, agroindustriais, hospitalares, de transportes, serviços de saúde, comerciais e domiciliares produzem grandes volumes de resíduos sólidos sob a forma de plásticos, metais, papéis, vidros, pneus, entulhos, lixo eletrônico, substâncias químicas e alimentos. Para piorar este quadro, a maioria dos municípios não conta com mecanismos de gerenciamento integrado desses resíduos. Substâncias químicas perigosas de origem orgânica, como os organoclorados, ou inorgânica, como metais pesados (chumbo e mercúrio, entre outros), provocam doenças e não se degradam na natureza. Pilhas, baterias de telefones celulares, lâmpadas de mercúrio e outros resíduos perigosos têm em sua composição metais pesados, altamente tóxicos, não biodegradáveis e que se tornam solúveis, penetrando no solo e contaminando as águas. Já os resíduos infectantes gerados pelos serviços de saúde constituem risco pelo potencial de transmissão de doenças infectocontagiosas, uma vez que nem sempre são coletados, tratados, eliminados ou dispostos corretamente. É urgente a diminuição, o gerenciamento, a reciclagem e a reutilização dos resíduos gerados ao longo de todas as fases do processo econômico, considerando que muitos deles podem ser reaproveitados, beneficiando a todos. Classes dos Resíduos Classe 1 – resíduos perigosos – Apresentam r iscos à saúde pública e ao meio ambiente, exigindo tratamento e disposição especiais. Classe 2 – resíduos não iner tes – Não apresentam periculosidade, porém não são inertes. São basicamente aque le s com a s ca r ac te r í st ica s do lixo doméstico. C la sse 3 – resíduos iner tes – Não contaminam a água, não se degradam ou não se decompõem quando dispostos no solo (se degradam muito lentamente). Muitos destes resíduos são recicláveis. Estão nesta classificação, por exemplo, entulhos de demolição, pedras e areias retirados de escavações. 120 Tabela 3: Relação existente entre a origem e os responsáveis pelo descarte de resíduos em relação às respectivas classes Origem Possíveis Classes Responsável Domiciliar 2 Prefeitura Comercial 2, 3 Prefeitura Industrial 1, 2, 3 Gerador do resíduo Público 2, 3 Prefeitura Serviços de saúde 1, 2, 3 Gerador do resíduo Portos, aeroportos e terminais ferroviários 1, 2, 3 Gerador do resíduo Agrícola 1, 2, 3 Gerador do resíduo Entulho 3 Gerador do resíduo Fonte: http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/residuos/ classes_dos_residuos.html Em Teresópolis, chamam a atenção o uso inadequado de agrotóxicos, a destinação final de material radioativo médico/hospitalar e a poluição. A preocupação com a poluição se deve à possibilidade de indústrias poluidoras se instalarem no município com a chegada do Comperj, o que aumentaria as necessidades de armazenamento e a ocorrência de transporte de substâncias tóxicas e dejetos industriais por empresas especializadas pelas estradas da região. Quanto aos materiais radioativos, a preocupação é que não haja informação sobre a circulação e o conteúdo dos resíduos vindos de outros municípios participantes do convênio, assim como a falta de conhecimento das fontes de contaminação radioativa e de conhecimento técnico sobre as políticas que tratem da questão dos resíduos perigosos (manipulação, prevenção e ações emergenciais em caso de acidentes e/ou exposição). O descarte inadequado de pilhas e baterias é uma ameaça à saúde São precárias as informações sobre a coleta, transporte e destino final do lixo hospitalar – falta conhecimento da Resolução da diretoria colegiada (RDC 306) / Ministério da Saúde, 07/12/2004: programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde. Preocupa também o fato de não haver fi scalização e monitoramento no trânsito de resíduos perigosos na BR-116, em direção a Cantagalo, proveniente de Magé. A população desconhece as políticas para o manejo adequado dos resíduos (embalagens vazias, baterias etc.). Quanto aos agrotóxicos, há uma preocupação com o uso inadequado e a possível contaminação do solo e subsolo (lençóis freáticos) e dos rios que cortam o município. Há temor de aumento dos problemas devido à pouca fi scalização, colocando em risco a saúde de quem manipula e de quem consome o produto final. Isto porque há falta de controle na venda; de informação continuada na apresentação de novos produtos; de conscientização ao usuário fi nal; de fi scalização (a da Anvisa ainda é insufi ciente) e, finalmente, falta de penalização. Há um entendimento de que existe a necessidade de coleta de registros administrativos sobre a contaminação por agrotóxicos. 121 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Gestão e monitoramento dos resíduos gerados pelos processos de produção Comunicação 1. Divulgar as leis existentes sobre resíduos de todos os tipos. 2. Elaborar um programa de comunicação que conscientize os usuários sobre a importância do manejo adequado dos produtos químicos utilizados na agricultura. Infraestrutura 3. I n sta la r Posto de Atend i mento equ ipado pa r a o ca so de envenena mento. Gestão pública 4. Criar a Comissão Municipal de Gestão de Risco para resíduos de todos os tipos. 5. Coletar registros administrativos sobre a contaminação por agrotóxicos. 3. Regulamentar e fi scalizar a coleta de lixo hospitalar, dando o destino adequado, garantindo o programa de gerenciamento de resíduos de serviços de saúde – RDC 306 (resolução da diretoria colegiada – Ministério da Saúde – 07-12-2004). Infraestrutura 4. Instalar filtros nos incineradores de lixo hospitalar. Elaboração de programas 5. Elaborar programas de sensibilização, alertando a população sobre os problemas ambientais causados pelo descarte inadequado de pilhas e baterias. Fiscalização 6. Fiscalizar e controlar o tráfego de veículos transportadores dessas substâncias na BR-116. Articulação 7. Articular junto ao Corpo de Bombeiros o controle da entrada de veículos com cargas tóxicas ou perigosas no município. Capacitação 6. Conter a contaminação do solo, lençóis freáticos e dos rios pela utilização inadequada dos agrotóxicos. 8. Capacitar a população em relação ao manejo saudável de todos os tipos de resíduos decorrentes dos processos de produção. Articulação 9. Capacitar a comunidade sobre o uso indiscriminado de agrotóxicos, os benefícios da agricultura orgânica, a transição para a agricultura orgânica. 7. Articulação junto à Anvisa para maior fiscalização. Planejamento 8. Instalar um posto de recebimento de embalagens de agrotóxicos, com coleta realizada pelos vendedores destes produtos. 9. Promover a produção orgânica e agro-homeopática, mostrando seus benefícios em relação à agricultura química. Elaboração de programas 10. Elaborar programas que incentivem a transição da agricultura química para a agricultura orgânica. Fiscalização 10. Capacitar a todos sobre material radioativo, desde sua utilização até seu destino final. 11. Capacitar as pessoas e as empresas que trabalham com resíduos perigosos para um manejo adequado dos mesmos. Comunicação 12. Informar a população sobre a RDC 306, relacionada ao programa de gerenciamento de resíduos de serviço de saúde. Possíveis parceiros Gestão pública Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . ANTT . Associações de Moradores . CDL . Conselho Municipal de Meio Ambiente . Concessionária Rio-Teresópolis (CRT) . Secretaria Estadual de Saúde e Defesa Civil . Firjan . Secretarias Municipais (Agricultura, Educação, Desenvolvimento Social, Meio Ambiente, Indústria e Comércio, Saúde, Agricultura) . SinComércio . Sindicatos . Universidades. 1. Elaborar políticas para o manejo saudável de todos os tipos de resíduos. Possíveis fontes de financiamento 11. Monitorar, controlar, fiscalizar e penalizar na venda, no uso e no descarte de embalagens. • Tóxicos, perigosos e radioativos 2. Criar Plano de Emergência para possíveis acidentes de todos os tipos de resíduos. 122 CNPq . Empresas associadas ao Comperj . Faperj . Finep . Pibic. 123 5 Meios de Implementação CIÊNCIA E TECNOLOGIA Segundo a Agenda 21, o desafio relacionado a este tema é utilizar o conhecimento científico e tecnológico em busca de soluções inovadoras em prol do desenvolvimento sustentável. E um dos papéis da ciência é oferecer informações que permitam desenvolver políticas adequadas à gestão cautelosa do meio ambiente e ao desenvolvimento da humanidade. A ciência e a tecnologia devem colaborar para a adoção de técnicas de manejo e uso adequado dos recursos ambientais, melhorando a qualidade de vida das populações e permitindo sua participação na elaboração de estratégias de desenvolvimento local. A fi m de alcançar esses objetivos são necessárias ações para melhorar, atualizar e ampliar, ao longo do tempo e de forma permanente, as bases de dados científicos existentes. Isto exige o fortalecimento das instituições de pesquisas, o estímulo aos cientistas e a ampliação das fontes de fi nanciamento, além de uma aproximação das instituições científicas e tecnológicas e dos cientistas com a população. Segundo a Unesco, o Brasil aplica aproximadamente 1,4% do PIB em ciência e tecnologia, sendo que 1,02% do PIB são investimentos diretos em pesquisa e desenvolvimento. Mas observa que o País enfrenta o desafio de fazer com que os investimentos cheguem de forma mais homogênea à população e possam efetivamente melhorar sua qualidade de vida. O grupo de Teresópolis usou como referência para discutir o tema Ciência e Tecnologia a grande biodiversidade existente em seu território e, a partir daí, seus participantes apontaram preocupações e potencialidades locais. Afirmaram que pesquisadores internacionais colheram dados no interior do município e nas Unidades de Conservação para elaborar estudos, mas acrescentaram que não há divulgação das pesquisas para a população. Nesse sentido, apontaram a ausência de mecanismos que assegurem o acesso de diversos setores da sociedade às informações coletadas em seu território e em seu entorno, como, por exemplo, o inventário da fl ora e da fauna do município, com destaque para o Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) – uma das UCs mais usadas para estudos no Brasil – e o Parque Estadual dos Três Picos. Eles entendem que tais dados poderiam gerar um banco de dados georreferenciado, em várias escalas geográficas, de caráter público, para ser utilizado em diferentes instâncias de governo e da sociedade, garantindo sua visibilidade e boa utilização. O grupo informou que há Centros de Pesquisas instalados em Teresópolis, mas que são desarticulados entre si. Com relação às pesquisas realizadas no Parnaso, é importante citar que o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade – ICMBio (órgão do Ministério do Meio Ambiente, responsável pela gestão das Unidades de Conservação federais) – 126 dispõe de um Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio), que é automatizado, interativo e simplificado, de atendimento à distância e de informação. Em 2009, o Parnaso emitiu 66 autorizações de pesquisa. Outra fonte de acesso a informações sobre as pesquisas realizadas no interior do Parnaso é a publicação “Ciência e Conservação na Serra dos Órgãos”, resultado do II Encontro de Pesquisadores do Parnaso, em 2004. Fitoterapia (do grego therapeia = t rata mento e phyton = vegeta l) – Estudo das plantas medicinais e suas aplicações na cura das doenças. Os representantes de Teresópolis informaram também que falta apoio do governo local e vontade política para a criação de um polo de tecnologia da informação, ressaltando que os dados coletados nas pesquisas internacionais poderiam acelerar o desenvolvimento sustentável. Citaram, inclusive, a UniFeso como potencial parceira em pesquisas na área. O pouco incentivo a novas instituições de ensino e a pesquisas científi cas – além da já comentada falta de divulgação dos projetos desenvolvidos nas Unidades de Conservação e seus resultados – também foi destacado pelo grupo, que se ressente ainda da falta de mobilização da sociedade para pressionar o governo local no que diz respeito a fomentos e à criação de atividades tecnológicas e lamentou a ausência de programas, projetos e eventos voltados para a transferência de tecnologia. Além de analisarem os potenciais associados à biodiversidade, como a possibilidade de desenvolvimento de fitoterapia, utilizando os conhecimentos tradicionais existentes no município, os participantes mencionaram a existência de grande potencial intelectual entre seus habitantes, que poderia gerar uma rede de relacionamento e conhecimento técnico entre moradores e veranistas da cidade. Porém, lembraram que, para aproveitar esta potencialidade, é necessário promover a capacitação de recursos humanos sobre o tema. Por fim, o grupo apontou a falta de iniciativas que levem à criação de centros de pesquisa para elaborar projetos de desenvolvimento sustentável. O mulungu é uma planta medicinal com propriedades sedativas encontrada na Mata Atlântica 127 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Criação de norma para divulgação das pesquisas realizadas no município Gestão pública 1. Autor i za r a l ibe r ação do objeto de e s t udo, me d ia nte compromisso formal de retorno, viabilizando o compartilhamento das informações e detalhamento das etapas e objetivo das pesquisas. Comunicação 2. Publicar os resultados de pesquisas realizadas no município para a criação de banco de dados, acessado via internet. Articulação 6. Promover intercâmbios científicos e tecnológicos, nacionais e internacionais. 7. Articular parcerias para o financiamento de projetos. • Criação de um banco de multiplicadores locais Planejamento 1. Realizar o levantamento das demandas científicas e tecnológicas necessárias para solucionar preocupações locais. 2. Identificar profissionais residentes no município para atuarem como multiplicadores em oficinas de formação. 3. Realizar eventos para divulgação das pesquisas realizadas e promoção da transferência tecnológica. Infraestrutura 4. Sistematizar as informações nas unidades de ensino. 3. Criar um Centro de Integração entre formadores e aprendizes. 5. Divulgar os sites que contenham informações sobre o município para os professores das redes de ensino públicas e privadas. Possíveis parceiros • Estratégias de incentivo à pesquisa Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . Associações de Moradores . Conselho Gestor do Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso) . Cooperativas . Coppe/UFRJ . Emater . Embrapa . Escolas . Fiocruz . Ministérios (Educação, Meio Ambiente, Ciência e Tecnologia) . MP . ONGs . Prefeitura Municipal . Secretarias Estaduais (Educação, Ambiente) . Secretarias Municipais (Desenvolvimento Social, Educação, Meio Ambiente) . Sesc . Sindicato dos Professores . Universidades . Veículos de Comunicação. Planejamento 1. Convidar os cursos universitários a realizarem pesquisas “aplicadas”, voltadas para os interesses locais. 2. Listar as preocupações prioritárias a serem pesquisadas no município. 3. Instalar laboratór ios f iliais de grandes instit uições de pesquisa (Fiocruz, Coppe – UFRJ, Embrapa e Noel Nutels, entre outros). 4. Desenvolver pesquisas de tecnologias sustentáveis para a produção agrícola, estimulando sua implementação. 5. Realizar pesquisas na área de fitoterapia, com o apoio de universidades, institutos de pesquisa e com a população local, para capacitação e beneficiamento da produção. 128 Possíveis fontes de financiamento Caixa Econômica Federal . CNPq . Faperj . Finep . FNM A . MCT . Pibic. RECURSOS FINANCEIROS O cumprimento dos objetivos da Agenda 21 Global exige um f luxo substancial de recursos financeiros, sobretudo para os países em desenvolvimento, que ainda necessitam resolver questões estruturais para que sejam construídas as bases de um desenvolvimento sustentável. No plano local, o fortalecimento da capacidade das instituições para a implementação da Agenda 21 também exige financiamento, e um dos principais desafios enfrentados nesse processo é a identificação de mecanismos para obter recursos financeiros que viabilizem a execução dos Planos Locais de Desenvolvimento Sustentável. A busca de financiamento deve não só considerar os recursos conhecidos como também buscar novas fontes, ampliando e diversificando as alternativas existentes para os diferentes processos e localidades. Essa tarefa demanda competências e capacidade técnica para quantificar de forma adequada as necessidades, planejar e desenvolver projetos que permitam a captação, além de monitorar e controlar a aplicação dos recursos e o andamento das ações contempladas. Nesse sentido, destaca-se a importância de processos de capacitação e formação de quadros locais que possam desenvolver de forma adequada os projetos e atuar de forma transparente na utilização dos recursos disponibilizados. Já para o monitoramento e controle, é importante implementar mecanismos eficientes e criar estratégias que promovam a transparência na prestação de contas à sociedade. A participação da sociedade deve permear todo o processo, desde a escolha da destinação dos recursos obtidos, visando à eficácia de sua aplicação, até seu acompanhamento ao longo da utilização. Em Teresópolis, os participantes destacaram a cooperação internacional quando discutiram o tema ‘recursos financeiros’ e chamaram a atenção para o desconhecimento total das autoridades municipais e de grande parte da comunidade sobre a existência de tais mecanismos. Eles também ressaltaram a ausência de programas, projetos e redes de cooperação internacional, e de projetos que busquem recursos internacionais. No entanto, informaram que já há pesquisas sendo desenvolvidas por organismos internacionais no município, que podem gerar futuras parcerias. E sugeriram que a Câmara de Arbitragem11 possa atuar em questões internacionais 11 A arbitragem é um meio privado de solução de confl itos que pode ser usada para resolver problemas jurídicos sem a participação do Poder Judiciário. Com o incremento do fenômeno da globalização, os negócios entre países incluem os mais diversos assuntos, entre eles transferência de tecnologia, patentes, agrupamentos de 129 ICMS Ecológico – A legislação tradicional do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) prevê que 25% dos recursos arrecadados pelo governo estadual do Rio de Janeiro sejam repassados às prefeituras, segundo critérios como número de habitantes e área territorial. Com a aprovação da Lei do ICMS Ecológico, o componente ecológico foi incorporado a essa distribuição, tornando-se um dos seis índices estabelecidos para o cálculo do imposto. Dependendo do tipo de política que adotar em favor do meio ambiente, o município terá direito a maior repasse do imposto. O índice de repasse do ICMS Ecológico é composto da seguinte forma: 45% para áreas conservadas (Unidades de Conservação, reservas particulares e áreas de proteção permanentes); 30% para qualidade da água; e 25% para a administração dos resíduos sólidos. As prefeituras que criarem suas próprias Unidades de Conservação terão direito a 20% dos 45% destinados à manutenção de áreas protegidas. Os índices para a premiação dos municípios são elaborados pela Fundação Cide (Centro de Informações de Dados do Rio de Janeiro). como pacificadora e mediadora nas relações com estes organismos e garantir o respeito ao cumprimento dos acordos e o atendimento a suas finalidades. A possibilidade de dispor de recursos para execução de projetos, que seriam captados pelos diversos setores do município, foi apontada pelo grupo, que, mais uma vez, no entanto, chamou a atenção para a falta de vontade política e capacidade técnica do governo municipal para desenhar projetos e captar esses recursos fi nanceiros. Com relação à Agenda 21, o grupo se mostrou preocupado com a ausência de legislação local que defina a fonte de recursos para seu desenvolvimento. Em 2009, a Prefeitura de Teresópolis recebeu em royalties o montante de R$ 6.016.483,85. Outra fonte potencial de recursos para as ações voltadas à sustentabilidade é o ICMS Ecológico, cuja estimativa de repasse no município, para 2010, é de R$ 1.657.281 – distribuídos conforme a seguir: Unidades de Conservação (R$ 1.402.39), destino final de lixo (R$ 147.302) e remediação de vazadouros (R$ 107.588). Segundo dados da Fundação Cide, o Índice de Qualidade do Município (IQM 2005), que mede as condições para atrair investimentos e multiplicar os benefícios do crescimento econômico, era 0,3356, correspondendo ao 30º lugar na classificação dos 92 municípios do Estado do Rio de Janeiro. No âmbito municipal, as receitas totais somaram R$ 207,55 milhões em 2008, enquanto as despesas totais foram de R$ 213,86 milhões, constituindo um aumento de 90% na receita, entre 2003 e 2008, e um aumento de 98% nas despesas no mesmo período. A Tabela 4 traz alguns dos indicadores do TCE para 2008 em Teresópolis. empresas, relações de consumo, acordos de cooperação etc. Os confl itos que surgem destas relações negociais não podem aguardar longas discussões judiciais, daí a necessidade de meios jurídicos que assegurem uma solução rápida, econômica, sigilosa. Desse modo, para garantir um tratamento equânime das partes, afastando a incerteza quanto à isenção de tribunais locais em confl itos entre nacionais e estrangeiros, implementou-se a arbitragem. 130 Tabela 3: Descrição dos índices econômicos Índice Nomenclatura Fórmula Valor Descrição Série Histórica 1 Indicador de equilíbrio orçamentário Receita realizada/ despesa executada 0,9873 Há R$ 98,73 para cada R$ 100 executados. Déficit de execução Ver Gráfico 7 2 Indicador do comprometimento da receita corrente com a máquina administrativa Despesas de custeio/ receitas correntes 0,97 De toda a receita corrente, 97% estão comprometidos com o custeio do funcionamento da máquina administrativa Ver Gráfico 8 3 Autonomia financeira Receita tributária própria/despesas de custeio 0,213 A autonomia do município para despesas de custeio é de 21,3% Ver Gráfico 9 4 Esforço tributário próprio Transferências correntes e de capital/receita realizada 0,277 Do total de receitas do município, 27,7% provêm da atividade tributária municipal Ver Gráfico 10 5 Carga tributária per capita Receita tributária própria + cobrança dívida ativa/população 311,77 Ao longo de 2008, cada habitante contribuiu em média com R$ 311,77 para o fisco municipal Ver Gráfico 11 6 Investimentos per capita investimentos/população do município 7,86 Cada habitante recebeu da administração pública R$ 7,86 em forma de investimentos Ver Gráfico 12 7 Grau de investimento Investimentos/receita total 0,59% Os investimentos públicos representam 0,59% da receita total do município Ver Gráfico 13 8 Liquidez corrente Ativo financeiro/passivo financeiro 0,90 Para cada parte devida, existe 0,90 vezes mais receita para pagar Ver Gráfico 14 Fonte: TCE, Estudo Socioeconômico do Município de Teresópolis - 2010 (dados de 2009) Gráfico 7: Indicador de equilíbrio orçamentário Gráfico 8: Despesas de custeio 0,99 1,2 1,0 0,98 0,97 0,96 0,92 1,0117 1,0 0,9725 0,9455 0,9744 0,9705 0,9873 0,88 0,8 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,8 2004 2005 2006 2007 2008 2009 131 Gráfico 9: Autonomia fi nanceira 0,25 0,242 0,235 0,238 Gráfico 12: Investimentos per capita 80 0,239 66,10 70 0,235 60 53,03 42,44 50 40 31,19 30 20 0,213 0,20 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Gráfico 10: Esforço tributário próprio 7,86 23,67 10 0 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Gráfico 13: Grau de investimento 0,398 8 0,40 7 0,341 0,35 6,89 6,15 6 0,310 5 3,27 4 0,30 2,39 3 0,277 0,25 0,245 0,20 2004 2005 0,254 2006 2 2,29 1 2007 2008 2009 Gráfico 11: Carga tributária per capita 0 2004 2005 2006 0,59 2007 2008 2009 Gráfico 14: Liquidez corrente 400 2,5 2,17 353,66 339,15 350 1,81 2,0 1,84 311,77 300 1,5 248,08 250 1,35 270,65 216,55 1,35 1,0 0,90 200 132 2004 2005 2006 2007 2008 2009 0,5 2004 2005 2006 2007 2008 2009 PROPOSTAS • Alta prioridade • Baixa prioridade • Média prioridade • Criação de equipe especializada em pesquisas sobre financiamentos e elaboração de projetos Infraestrutura 1. Viabilizar a criação de um banco de projetos. Planejamento 2. Articular junto aos órgãos competentes a aprovação da lei. 3. Criar um grupo gestor do Fundo Municipal para a Agenda 21 Local. 4. Estimular a previsão legal para que o Fórum da Agenda 21 Local possa ter fontes de recursos externos. • Captação de fontes de financiamento através de penas alternativas 2. Realizar um levantamento de editais de financiamento de projetos nacionais e internacionais. Planejamento 3. Estr uturar fontes de elaboração de projetos segundo os modelos dos editais. 1. Utilizar como pena alternativa para crimes ambientais a obrigatoriedade de execução ou financiamento de projetos de interesse coletivo. 4. Participar de fóruns e projetos relacionados com cooperação internacional. 2. Acompanhar a execução dos projetos. Articulação 5. Elaborar um cadastro de consultores especializados em instr umentos jur ídicos inter nacionais para or ientações eventuais (ISO 14.000, acordos de comércio internacional e arbitragem, entre outros). 3. Articular com os órgãos competentes o uso da pena alternativa. 6. Identificar mercados com demandas para crédito de carbono. Possíveis parceiros Elaboração de projetos 7. Elaborar projetos para recebimento de fundos relativos ao mercado de carbono. Alterdata Software . Associações . Cooperativas . MP . ONGs . Prefeitura Municipal . Rebal . Rits . Sebrae . Sesc . Sindicatos . Universidades. Capacitação Possíveis fontes de financiamento 8. Realizar cursos de capacitação de negociadores para articular parcerias e viabilizar os projetos. BVS&A . Caixa Econômica Federal . Comissão Européia . Finep . FNMA . LDO . LOA. 9. Realizar cursos de capacitação em elaboração de projetos. • Criação de um programa de captação de recursos para a Agenda 21 Gestão pública 1. Elaborar um projeto de lei instituindo um fundo municipal para o Fórum da Agenda 21 Local. 133 MOBILIZAÇÃO E COMUNICAÇÃO A participação, essencial em um processo de Agenda 21 Local, tem a função de aproximar o cidadão da gestão e das políticas públicas. Dessa maneira, ele conquista espaço, garante a elaboração de um planejamento que ref lita as necessidades locais e acompanha sua implantação. A mobilização social é parte importante do processo de fomento à participação. Ela acontece quando um grupo de indivíduos se reúne e decide agir para um bem comum. Fazer parte de um processo de mobilização é uma escolha que depende das pessoas se verem ou não como responsáveis e capazes de transformar sua realidade. O desenvolvimento local depende do acesso a informações organizadas e disponibilizadas com transparência a todos os interessados. Para que possam participar efetivamente dos processos decisórios e inf luenciar as políticas locais, os cidadãos devem estar bem informados sobre os problemas, oportunidades e potenciais da região. Embora haja uma quantidade considerável de dados produzidos, é preciso sistematizá-los e atualizá-los para que se transformem em informação útil para as populações e que sua divulgação seja ampla e democrática entre os diferentes segmentos sociais. O desafio é promover formas de organizar, disponibilizar e divulgar as informações de modo integrado, coerente e acessível a todos, para que elas se tornem ferramentas eficazes de participação social. Teresópolis tem um Plano Diretor que prevê a criação de um banco de dados com sistema de informação de recursos naturais, o que seria uma excelente ferramenta de mobilização e difusão de informação – desde que houvesse também mecanismos para assegurar o acesso de toda a sociedade a essas informações. Os participantes do Fórum afirmaram que é preciso revisar o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável de Teresópolis, acrescentando que sentem falta de um programa permanente de circulação de informações sobre as questões ambientais: riscos, orçamento e gerenciamento, por exemplo. Eles consideram baixa a participação da mídia nas questões que envolvem a conscientização da população para o desenvolvimento sustentável. Porém ressaltam que o município conta com uma rede inexplorada de contatos, que envolve moradores com grande poder articulador, aquisitivo e intelectual. 134 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Baixa prioridade • Gestão da informação 2. Promover encontros nas instituições locais para discussão de temas relacionados ao meio ambiente. Comunicação Gestão pública 1. Divulgar, por meio de publicação em jornais e sites de internet, a existência de um Sistema Municipal de Informação. 3. Criar e regulamentar incentivos fiscais para pessoas jurídicas e físicas que implementarem ações que promovam o desenvolvimento sustentável. 2. Criar meios de consulta dos dados e mapas incluídos no Sistema Municipal de Informação. 3. Viabilizar a divulgação dos dados dos recursos naturais do município por meio de veículos de comunicação municipais. • Elaboração de estratégias para a mobilização social Possíveis parceiros Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis (Aciat) . CDL . Entidades religiosas . FGV . MP . Prefeitura Municipal . Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social . Sindicatos . Universidades . Veículos de comunicação. Comunicação Possíveis fontes de financiamento 1. Informar a população sobre os riscos iminentes, através da mídia, palestras e outros meios. Empresas associadas ao Comperj . Finep. 135 GESTÃO AMBIENTAL A gestão envolve: – – – – – – – – Escolha inteligente dos serviços públicos oferecidos à comunidade; Edição de leis e normas claras, simples e abrangentes de defesa ambiental local; Aplicação das leis, penalizando quem causa algum tipo de dano ambiental; For mação de consciência ambiental; Geração de informações que deem suporte às decisões; Democratização das instituições, para que permitam e estimulem a participação de cidadãos e cidadãs; Planejamento do desenvolvimento sustentável local; Implementação das políticas necessárias para realizá-lo. Fonte: Programa Nacional de Capacitação – volume 1 – MMA. Nos últimos anos, os municípios brasileiros vêm assumindo um papel cada vez mais efetivo na gestão das políticas públicas, dentre elas a política ambiental. Desde 1981, a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei 6.938/81) define o papel do poder local dentro do Sistema Nacional do Meio Ambiente. A Constituição Federal de 1988, por sua vez, transformou o município em ente autônomo da federação e lhe facultou o poder de legislar suplementarmente sobre a política ambiental, em especial sobre questões de interesse local. Gestão é o ato de administrar, ou seja, usar um conjunto de princípios, normas e funções para obter os resultados desejados. A gestão ambiental de um território deve cuidar para que este não se deteriore, conservando as características que se deseja e aprimorando aquelas que necessitam de melhoria. Para isto, é preciso conscientizar e capacitar administradores e funcionários para que possam desempenhar seu papel, suas responsabilidades e atribuições. Uma gestão participativa, como pede a Agenda 21, entende que poder local não é apenas a Prefeitura, mas o conjunto de poderes instituídos, a sociedade civil organizada, outras esferas sociais, o poder público estadual e federal e as relações que estabelecem entre si. Uma boa gestão ambiental depende do bom funcionamento deste conjunto e tem como atribuições cuidar das áreas importantes para o equilíbrio ambiental e a qualidade de vida dos cidadãos. Em Teresópolis, os participantes consideram relevante a parceria entre a sociedade civil e o poder público para a construção do Plano Diretor, Lei Municipal nº 079/2006. Apesar de ressaltarem estes aspectos positivos, os participantes afirmaram que falta divulgação e implementação do Plano Diretor no município. Com relação ao Sistema Municipal de Gestão Ambiental, consideram positiva a existência da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil, que tem 69 funcionários – entre os quais, 31 concursados e 16 com nível superior. Os participantes consideram que a secretaria necessita de infraestrutura e corpo técnico para fi scalização, e que há pouca integração entre a pasta do Meio Ambiente e Defesa Civil e a sociedade e demais órgãos estaduais e federais. O grupo ressaltou como agravantes para o cenário ambiental local a falta de cumprimento das ações de responsabilidade do Inea e DER, bem como a baixa qualifi cação dos recursos humanos para auxiliar na tomada de decisões. E acrescentou como ameaças à gestão ambiental local o desconhecimento da população sobre as questões do meio ambiente, a falta de credibilidade na gestão pública municipal e a falta de um Código Ambiental Municipal. 136 Teresópolis já assinou convênio com o Inea e está exercendo atividades de licenciamento ambiental desde 2009. O Código Ambiental já foi aprovado pelo Conselho de Meio Ambiente e pela Procuradoria do município, e o prefeito já enviou o texto à Câmara de Vereadores para ser votado ainda em 2010. Outra queixa do grupo é a pouca integração entre município, estado e União nas questões relacionadas ao meio ambiente. Este é um dos motivos pelos quais os participantes consideram defi cientes os órgãos fi scalizadores das três esferas. Sobre as realizações da Secretaria de Meio Ambiente e Defesa Civil de Teresópolis, em 2009, cabe citar a elaboração do Código Ambiental, a criação do Fundo de Meio Ambiente e a efetiva implantação do Comdema e dos procedimentos relacionados ao licenciamento ambiental. Além dessas ações estruturantes, vale citar também a realização das Quartas Ambientais, com apresentações e debates relevantes, e as reuniões da Agenda 21 Local. Quanto aos mecanismos jurídicos internacionais, os participantes do Fórum apontaram como um entrave a ser superado o desconhecimento da grande maioria da sociedade teresopolitana sobre o assunto. E reforçaram a necessidade de utilização dos indicadores criados pela Lei de Transparência – iniciativa do movimento Nossa Teresópolis – e a utilização do site da Prefeitura de Teresópolis, reestruturado, para informar a população sobre questões relacionadas ao meio ambiente. O Palácio Teresa Cristina, inaugurado na década de 20, abriga a Prefeitura de Teresópolis 137 PROPOSTAS • Alta prioridade • Média prioridade • Fortalecimento do fórum local Gestão pública 1. Elaborar o Projeto de Lei da criação do Fórum da Agenda 21 Local. 2. Encaminhar e articular sua aprovação. Planejamento 3. Concluir o Regimento Interno e cumpri-lo. 4. Elaborar um calendário anual das atividades do Fórum da Agenda 21 Local. Articulação 5. Articular com a prefeitura outro local para a instalação da sede do Fórum. 6. Articular com a Petrobras, Secretaria Estadual do Ambiente, Ministério do Meio Ambiente, Rede Brasileira de Agendas 21 e ONGs encontros anuais de atualização e aperfeiçoamento da Agenda 21 Local. 7. Realizar parcerias com instituições e movimentos locais para o fortalecimento do Fórum. Comunicação • Baixa prioridade 6. Elaborar mecanismos de transparência institucional. 7. Fazer cumprir o Código Florestal, que determina aos órgãos de comunicação a reser va de espaços para divulgação de temas voltados ao meio ambiente. Planejamento 8. Acompanhar a implementação do Plano Diretor, em parceria com os Conselhos afins. 9. Convidar a população a participar da implementação das políticas públicas de gestão ambiental. 10. Rea li za r sem iná r ios de integração ent re os Conselhos Municipais, incluindo o Conselho do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, Conselho Serra Verde Imperial e o Parque Estadual dos Três Picos, tendo como foco o Plano Diretor. Comunicação 11. Elaborar mecanismos de comunicação para popularização, com linguagem de fácil compreensão, do Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável. Capacitação 12. Capacitar os membros dos diversos Conselhos para o exercício da atividade. Fiscalização 8. Elaborar um plano de divulgação permanente para a população de Teresópolis das ações e projetos que fazem parte do escopo da Agenda 21 Local. 13. Cobrar da Secretaria de Meio Ambiente o funcionamento efetivo do Disque-Denúncia Ambiental (156). 9. Elaborar uma cartilha sobre a Agenda 21 que apresente sua importância de forma simples e adequada à realidade da população local. • Ampliação e capacitação Capacitação 10. Realizar oficinas de motivação, capacitação e atuação de novos membros no Fórum da Agenda 21 Local. • Estruturação de órgãos fiscalizadores do contingente dos órgãos fiscalizadores Infraestrutura 1. Adequar o número de funcionários das Secretarias Municipais às necessidades da fiscalização. Gestão pública 2. Melhorar a infraestrutura da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, para atender as necessidades da fiscalização. 1. Elaborar políticas públicas de Gestão Ambiental. Planejamento 2. Implementar o Plano Diretor de Desenvolvimento Sustentável. 3. Garantir o cumprimento das resoluções Conama. 3. Identificar profissionais e parceiros para viabilizar as capacitações dos funcionários das Secretarias Municipais. 4. Solicitar a efetiva atuação do Inea e do DER, entre outras instituições, na fiscalização. Gestão pública 5. Promover a efetiva at uação do Conselho Municipal de Meio Ambiente. 4. Criar mecanismos de transparência institucional objetivando a credibilidade da gestão. 5. Garantir a auditoria do Fundo Municipal do Meio Ambiente. 138 6. Criar mecanismos que promovam a transparência do orçamento e o planejamento dos gastos públicos. 2. Reestruturar o site da Prefeitura de Teresópolis, para informar a população. Fiscalização 7. Acompanhar o correto uso dos recursos do Fundo. • Estratégia para • Elaboração de estratégias Comunicação para o fortalecimento da comunicação institucional disponibilização de dados 1. Estruturar uma rede e compartilhamento de dados entre as Secretarias Municipais, visando facilitar a tomada de decisões. Gestão pública 2. Garantir a divulgação de dados e sistemas de controle da qualidade do ar e das águas, entre outros. 1. Integrar as Secretarias Municipais com os diversos Conselhos, empresas, entidades e demais órgãos públicos. Possíveis parceiros Comunicação 2. Criar uma rede de comunicação e dados que facilite a interlocução entre as Secretarias Municipais. • Divulgação de mecanismos internacionais Comunicação 1. Criar mecanismos de divulgação dos instrumentos jurídicos internacionais para a população. 2. Realizar seminários sobre instrumentos e mecanismos jurídicos internacionais para os interessados. Câmara de Arbitragem . Câmara dos Vereadores . Consulados Internacionais . DER . FGV . Ibama . Inea . Ministério Público . Movimentos Sociais . OAB . ONGs . Associações . Sindicatos . Cooperativas . Universidades . Organizações Nacionais e Internacionais . Parque Nacional da Serra dos Órgãos . Prefeitura Municipal . Secretaria Estadual de Ambiente . Secretaria Municipal de Meio Ambiente . Secretarias Municipais . Sistema S . Sociedade Civil Organizada . Veículos de Comunicação. Possíveis fontes de financiamento ABC . Caixa Econômica Federal . Cedae . Empresas associadas ao Comperj . Fecam . Finep . FNMA . LDO . LOA. • Fortalecimento dos movimentos da sociedade civil Gestão pública 1. Efetivar a Lei da Transparência, recentemente aprovada, que obriga à divulgação das metas e indicadores dos programas de governo. 139 AÇÕES DA PETROBRAS NA REGIÃO Com base na avaliação das questões identificadas na área do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), a Petrobras desenvolveu diversos planos e programas para a região, tanto de medidas compensatórias quanto de responsabilidade ambiental e social. Programas ambientais Monitoramento dos corpos hídricos superficiais e sedimentos Acompanhar a evolução da qualidade das águas dos rios Macacu e Caceribu, verificando alterações nas características e na qualidade das águas. Essa iniciativa dará origem a um banco de dados que orientará o monitoramento da água em fases futuras do empreendimento, assegurando que não haja degradação de corpos hídricos pelas atividades do empreendimento. Monitoramento das águas subterrâneas Monitorar as variações e interferências na quantidade e na qualidade das águas subterrâneas durante o período de realização das obras da fase de infraestrutura de urbanização do Comperj. Monitoramento dos ef luentes líquidos Monitorar os ef luentes líquidos gerados pelas obras na fase de infraestrutura de urbanização e verificar se o sistema de tratamento de ef luentes é realizado de forma adequada, não só em consonância com as leis pertinentes, mas, também, em relação aos parâmetros básicos necessários para sua reutilização. Monitoramento de emissões atmosféricas e da qualidade do ar Monitorar o teor de gases e particulados a serem gerados durante a fase de infraestrutura de urbanização e dar continuidade ao programa de monitoramento da qualidade do ar, iniciado durante a fase de licenciamento prévio. Monitoramento de manguezais da APA de Guapimirim e Esec da Guanabara Diagnosticar e monitorar as principais características nas áreas de f lorestas de mangue da APA de Guapimirim e da Estação Ecológica da Guanabara. 140 Monitoramento da biota aquática Caracterizar e monitorar possíveis alterações do ecossistema aquático, tanto f luvial quanto marinho, a partir de informações sobre seres vivos e condições do ambiente, na fase de terraplanagem do Comperj. Monitoramento da biota terrestre Realizar o levantamento e monitoramento da composição da fauna terrestre da área de inf luência direta do Comperj. Revegetação e apoio ao desenvolvimento, divulgação e implantação de práticas agrof lorestais sustentáveis Promover atividades de ref lorestamento que contribuam para a recuperação e manutenção da biodiversidade dos ecossistemas das bacias hidrográficas dos rios Macacu e Caceribu. Fortalecimento das atividades de licenciamento e fiscalização ambiental de Itaboraí Prover subsídios para que a Secretaria Municipal de Urbanismo e Meio Ambiente de Itaboraí possa cumprir as condições para celebração de convênio com o governo do Estado do Rio de Janeiro que visa à descentralização do licenciamento ambiental. Apoio ao Parque Municipal Paleontológico de São José de Itaboraí Apoiar a implantação de infraestrutura do Parque Paleontológico de São José de Itaboraí, contribuindo para que ele se torne referência enquanto espaço de pesquisa, educação patrimonial-ambiental e entretenimento para a comunidade do entorno. Projetos sociais Educação ambiental O objetivo do programa de Educação Ambiental é desenvolver ações educativas nas áreas de inf luência direta e indireta do empreendimento, visando capacitar diversos setores da sociedade para uma atuação efetiva na melhoria da qualidade ambiental e de vida na região. 141 Comunicação social O programa de Comunicação Social do Comperj visa difundir e monitorar continuamente as informações sobre a implantação do empreendimento, informando riscos, situações específicas e evitando criar expectativas irreais, entre os diversos públicos de interesse envolvidos. Integração do Comperj O local foi planejado para permitir a qualificação de mão de obra e o desenvolvimento das vocações locais nos municípios de inf luência do empreendimento. O objetivo é promover desenvolvimento socioeconômico por meio da capacitação de micro e pequenas empresas da região, de forma a diminuir o impacto gerado pela mobilização e desmobilização de mão de obra em virtude das fases de construção e montagem do Comperj. Centro de Informações do Comperj O Centro de Informações do Comperj tem por missão coletar, sistematizar e disponibilizar dados e informações socioeconômicas e ambientais georeferenciadas sobre os municípios membros do Conleste. Apoio e cooperação às políticas públicas para adequação dos ser viços públicos locais O objetivo deste plano é apoiar as administrações públicas municipais e incentivar a articulação dos diversos agentes públicos e privados atuantes na região, de modo a adequar a estrutura dos serviços públicos regionais às demandas oriundas da implantação do Comperj. Capacitação de fornecedores e ser viços locais para gestão de resíduos sólidos e insumos para obras O objetivo deste plano é capacitar e apoiar os municípios da região do Comperj para disposição final de resíduos sólidos, assim como qualificar os fornecedores locais para suprimento de areia, em virtude das obras de urbanização. Monitoramento da evolução demográfica e das demandas por ser viços públicos O objetivo do plano é acompanhar impactos socioeconômicos e ambientais provocados pelo aumento da população e da demanda dos serviços públicos, 142 disponibilizando informações que permitam o planejamento de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade de vida. Valorização da cultura local O objetivo geral deste programa é apoiar iniciativas para a valorização do patrimônio cultural material e imaterial dos municípios na região do Comperj, em alinhamento à Política de Responsabilidade Social da Petrobras. Acompanhamento epidemiológico Acompanhamento analítico da evolução de enfermidades e agravos na área de abrangência do Comperj – com foco nos municípios de Itaboraí, Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, São Gonçalo e Guaxindiba – contribuindo para quantificar e informar possíveis mudanças no comportamento epidemiológico no decorrer do processo de implantação do complexo. Atitude sustentável O projeto é desenvolvido no parque ambiental Praia das Pedrinhas, em São Gonçalo, e visa oferecer atividades esportivas e culturais para 2.200 pessoas, em sua maioria crianças e adolescentes. O projeto traz ainda benefícios ao meio ambiente, já que a água que abastece o lago artificial (piscinão) é captada por uma balsa localizada na Baía de Guanabara e tratada com fins de purificação, tornando-a própria para o banho. 143 GLOSSÁRIO / SIGLAS Abav – Associação Brasileira de Agências de Viagens Abes – Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental Abrae – Associação Brasileira de Assistência ao Excepcional Abratur – Associação Brasileira de Turismo Rural Asdi – Agência de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento ANTT – Agência Nacional de Transportes Terrestres CIID – Centro Internacional de Investigações para o Desenvolvimento CIIE – Centro de Integração Empresa Escola CNEN – Comissão Nacional de Energia Nuclear CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Coapi-Rio – Cooperativa de Apicultores do RJ COB – Comitê Olímpico Brasileiro Apae – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Codin – Coordenadoria da Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos Apherj – Associação dos Produtores Hortifrutigranjeiros do Estado do Rio de Janeiro Commads – Conselho Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável Bird – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento Conade – Conselho Nacional das Pessoas com Deficiência BNDES – Banco de Desenvolvimento Econômico Social Conama – Conselho Nacional do Meio Ambiente BVS&A – Bolsa de Valores Sociais e Ambientais Coppe – Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior Cbratur – Congresso Brasileiro da Atividade Turística CBB – Confederação Brasileira de Basquete CBV – Confederação Brasileira de Voleibol CDL – Câmara de Dirigentes Lojistas CRE – Conselho Regional de Enfermagem Crea – Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia CRM – Conselho Regional de Medicina CRT – Concessionária Rio-Teresópolis Cedae – Companhia Estadual de Água e Esgoto CT-Transporte – Fundo Setorial de Transportes Terrestres Cefet – Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca CT-Energ – Fundo Setorial de Energia Cenpes – Centro de Pesquisas e Desenvolvimento Leopoldo Américo Miguez de Mello CT-Hidro – Fundo Setorial de Recursos Hídricos CT-Infra – Fundo Setorial de Infraestrutura DER – Departamento de Estradas de Rodagem 144 Detran – Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro Firjan – Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro Detro – Departamento de Transportes Rodoviários Funama – Fundação Nacional do Meio Ambiente Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos FNMA – Fundo Nacional de Meio Ambiente Dnit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes DNOS – Departamento Nacional de Obras de Saneamento Emater – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural Embrapa – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária Frida – Fundo Regional para a Inovação Digital na América Latina e Caribe Funbio – Fundo Brasileiro para Biodiversidade Fundescab – Fundo de Desenvolvimento IAB – Instituto de Arquitetos do Brasil Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Faetec – Fundação de Apoio à Escola Técnica do Rio de Janeiro ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade Faperj – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro Idec – Instituto de Defesa do Consumidor Ieca – Instituto de Estudos Científicos Ambientais FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador Febracoop – Federação das Cooperativas de Trabalho do Rio de Janeiro Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária Inea – Instituto Estadual do Ambiente Fecam – Fundo Estadual de Conservação Ambiental e Desenvolvimento Urbano Inepac – Instituto Estadual do Patrimônio Cultural Fenape – Federação Nacional de Apoio aos Pequenos Empreendimentos Iphan – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Fetranspor – Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro ISP – Instituto de Segurança Pública FGV – Fundação Getúlio Vargas FNDE – Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Finep – Financiadora de Estudos e Projetos Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz Fiperj – Fundação Instituto de Pesca do Estado do Rio de Janeiro Iterj – Instituto de Terras e Cartografia do Estado do Rio de Janeiro MDA - Ministério do Desenvolvimento Agrário MDS – Ministério do Desenvolvimento Social MEC – Ministério da Educação e Cultura OAB – Ordem dos Advogados do Brasil Pais – Produção Agroecológica Integrada e Sustentável Parnaso – Parque Nacional da Serra dos Órgãos 145 PDA – Programa de Desenvolvimento Ambiental Pesagro – Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio de Janeiro Pibic – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Cientifica Planfor – Plano Nacional de Qualificação do Trabalhador Prodetur – Programa de Desenvolvimento do Turismo Prominp – Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural Pronaf – Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar Procon – Programa de Orientação e Proteção ao Consumidor Pronasci – Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania Rebal – Rede Brasileira de Agendas 21 Locais Rits – Rede de Informação do Terceiro Setor Saae – Serviço Autônomo de Água e Esgoto SEA – Secretaria de Estado do Ambiente Sebrae – Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Senac – Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial Senai – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial Senar – Serviço Nacional de Aprendizagem Rural Sesc – Serviço Social do Comércio Sesi – Serviço Social da Indústria Sinduscon – Sindicato da Indústria da Construção Civil Suipa – Sociedade União Internacional Protetora dos Animais SUS – Sistema Único de Saúde 146 TurisRio – Companhia de Turismo do Estado do Rio de Janeiro Uenf – Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro Uerj – Universidade do Estado do Rio de Janeiro UFF – Universidade Federal Fluminense UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRRJ – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Unesco - Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura Unicef – Fundo das Nações Unidas para a Infância UniRio – Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Unisol – União e Solidariedade das Cooperativas Empreendimentos de Economia Social do Brasil WWF – World Wildlife Fund for Nature LISTA DE PARTICIPANTES Primeiro Setor Adacto B. Ottoni - Crea Alex Siqueira Wey - Secretaria Municipal de Educação Aniko Santos - Secretaria Municipal de Turismo Arlete Soares Maia Nunes - Secretaria Municipal de Saúde Celina Maria Fernandes de M. e Silva - Secretaria Municipal de Educação Marcus Machado Gomes – Parque Nacional da Serra dos Órgãos Maurício Car valho Santiago - Secretaria Municipal de Agricultura Newton Novo - Emater Nilo Lugio dos Santos - Colégio Estadual Edmundo Bitt Norma Lucia Monteiro Gomes Denis Correa da Silva - Secretaria Municipal de Serviços Públicos Raimundo Antonio Lopes - Associação de Fomento Turístico e Desenvolvimento Sustentável Elaine Carvalho - Prefeitura Municipal de Teresópolis Ramón Pedrosa - Secretaria Municipal de Planejamento Elso H.B. Car valho - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil Solange I. G. Cirico Costa - Secretaria Municipal de Saúde Ernesto V. de Castro - Parque Nacional Serra dos Órgãos Theodoros I. Panagoulias - Prefeitura Municipal de Teresópolis Fabia no Otáv io Costa - Secreta r ia Mu n icipa l de Planejamento Teresa Cristina A. Neves - 110° D.P. Fernando Luis F. Mendes - Secretaria Municipal de Saúde Virgínia de Mello Guarilha - Secretaria Municipal da Saúde Hilton S.P Filho - Secretaria Municipal de Governo Wagner de Oliveira Fernandes – Câmara Municipal Israel dos S. Couto - Prefeitura Municipal de Teresópolis Wanderley Queiroz Nogueira - Secretaria Municipal de Fazenda Jaime Medeiros - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Comunitário Jefté Apolo Laet - Secretaria Municipal de Segurança Pública Jorge Farah - Secretaria Municipal de Indústria e Comércio José Carlos Lengruber Porto - Cedae Kleber Cozzolino - Secretaria Municipal de Agricultura Leandro Coutinho da Graça - Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Defesa Civil Lucas Guimarães Homem - Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico Sustentável Marcio Cezar O. da Silva - Secretaria Municipal de Defesa Civil Maria Andréa Miguens Guarilha - Secretaria Municipal de Planejamento Segundo Setor Afonso Otoni Jordão - ITH²O. Tec. em Informática Agostinha Nair de Oliveira Pinto Alberto P. Domingues Alyxandre Gaudenri Cunha - Espaço Terapêutico de Teresópolis Ana Maria de Fátima Jácome Machado Ana Rosa Cazeira Brennand André Luiz Gomes da Cunha - Taco / Mr. Cat Antônio Merendaz - Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) Arsênio de A.Teixeira - Avitur Viagens Câmbio Turismo 147 Bruno Gargiulo - Teresópolis Convention & Visitors Bureau José Alberto Martinez Campos - Agro 30 Comercial Bruno Vasconcellos - Teleprática José Maria Carvalho Camila Auler Chaves Esbérard - MG Assessoria José Maria Miranda - Evidence Mármores e Granitos Carlos Roberto dos Santos Pinheiro - C. N. Com. Adm. Ltda. José Mariano Lima Claudinei Maura Rodrigues - Reciclagem Cleuso J. T. Silva - Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) Cleyton Valentim Cristina Alves de Oliveira - Senac Cristina Lydia - Parque do Lago Dario da Costa - Tox For Bird Dilma Tisse dos Ferreira - Teleprática Dr. Jorge Mário Edison Carneiro - Shop 103 Eduardo Gabriel Aires da Silva - Abthema Élcio Féo - CDL Emerson L. F. Alves Érika Fernanda Mendes da Silva - Senac Eriko Vinicius Dutra Fabiano de Oliveira - ITH2O Tec. em Informática Fabrine Mendes - ITH2O Tec. em Informática Fany Garcia e Silva – Laboratório de Pesquisas Clínicas Oswaldo Cruz Fernando Viana - Associação Agroecológica Geraldo Luiz Telles - Gerandos Auto Mecânica Gilberto Siqueira Vieira - Rede Rio TV - Teresópolis Guilherme Machado Brennand Helio José Monteiro Neves - Firjan Helio Paes de Barros - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis José Luiz Guedes José Teixeira de Barros - Associação Agroecológica Julio Carrero Leonardo da Silva Kazeker - Alexandre Pires Escritórios Luciana Grings Herbert - Herbert Shop Luiz Antonio Decarlo - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis Luiz Cláudio Ribeiro - Caixa Econômica Federal Marcelo Araújo - Eletrosa Marcelo de Rosa - M1 Studio Marcelo Ribeiro - MG Assessoria Márcia Salles de Melo - Senac Marcos de Souza e Silva - Cosali Roupas e Calçados Margarete Toledo Maria Carcovich Marisa Chaves Gáudio Mark G. Guaraná Davis Mauro Gaspar Gomes - Apel Contabilidade Máximo Carvalho - Taco / Mr. Cat Mônica Lins - Monchell Bijouterias Mozart Rodrigues - Bebidas Comary Nélio Paes de Barros Nilmar Moreira da Silva - Moreira Decor Orlando Leal Kimus - Kimus Patrimonial Paulo Marcos Troncoso Paulo Raphael de Oliveira Paulo Roberto Martins Guttmann Henrique Luis Rodrigues Paulo Roberto Martins Rocha Igor Edelstein de Oliveira – Sincomércio Pedro Campo e Melo Monteiro - Haras Rancho Raio de Sol Jaqueline Baptista - Sebrae 148 Pedro José Ferreira Alves - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis Aluisio Rebello Marra - Sindicato dos Bancários Quenji Yonenaga Armando de Oliveira Abrantes - Sindicato dos Bancários Raul Pinheiro Regina Esther F. Costa - Banco Santander Creusa da Costa Lima - A ssociação Benef iciente Carmelitana Renata Hammes de Araújo - Senac Cristiano Quervegino Ricardo Manuel Shou - Cheiro de Mato Cristina Lydia Bertoche Ricardo Raposo - Teresópolis Convention & Visitors Bureau David Miller – ONG Nascente Ricardo Zenon Ferreira de Oliveira - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis Alberto Pires Domingues Dina Candido da Silva Fontes Pereira - Conselho Municipal dos Direitos da Mulher Edi Marcuzzi Rita Telles Eliane Freitas - Nascente Roberto Cavalcanti - Associação Comercial, Industrial e Agrícola de Teresópolis Fabiano Marques - Integrartes Roberto de Santa Rosa - Universidade Estácio de Sá Robson Ribas Cerqueira Fernando Josino Viana - Feira Agroecólogica Francisco Carlos Montoni - Projeto Filhos do Coração Rodrigo Cunha - Shop 103 Fr a nc i sco Ponte s de M i r a nda Fe r r e i r a - Espaço Compar tilhar te Ronaldo Miguez - TV Rede Rio Heloiza Martinez Rodrigues - Creche Lar Vovô Miguel Samuel Santos Alves Irene de Medeiros Thompson - Centro de Recuperação Integral do Alcoolismo e Afins Sandra Carvalho - Banco Santander Sandra Jessula - Tox For Bird Sania Lins Guaraná Davis Isabel Maria Kwiatkowski – Associação dos Usuários da Rodovia BR-116 (Assurb) Sebastião Moreira - Orense Engenharia Joel A. Caldeira - UniSol Brasil Sylvio C. V. Cabral José Francisco - Feira Agroecólogica Valdeli Pereira Ribeiro José Ivan Coutinho Caraiano - Grupo de Escoteiros 100º Nova Vida Vera Lúcia Pinto Soares - Arte Serra Teresópolis Vicente de Paulo Carvalho Madeira - Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) Virginia Galvão Wagner Bretãs - Centro Universitário Serra dos Órgãos (Unifeso) José Mariano A. L. Loureiro José Renato de Miranda - Casa do Pequeno Trabalhador de Teresópolis Kátia Martinez Rodrigues da Nóbrega Silva Lívia Penin - Lar Tia Anastácia Luis Penna Franca - RPPNs Lusinete Gomes - Associação Casa de São José Terceiro Setor Marcos Habib Alair Veiga de Almeida - Sindicato dos Trabalhadores Administradores Maria Helena Lomeu - Centro Social São José 149 Maria Isabel F. Botelho - Grupo Apoio a Criança do Calembe Anaith Barbosa Honorato de Miranda Maria Luzia Santana Luz - Grupo de Apoio a Criança do Caleme Antonio Carlos Rodrigues Vieira - Federação das Associações de Moradores Maria Raquel Miranda - Casa do Pequeno Trabalhador de Teresópolis Antônio Luiz Coquito da Silva - Associação Tijuca Maria Valdenir Viana de Barros Michel Angel Cristo Dupont - Feira Agroecológica Neuza da Silva Alves - Creche Carinha de Anjo Nilo Sérgio - Rottary Club Nylce Jucá do Amaral - ONG Conhecer Para Conservar Orilene Henringer Soares de Oliveira - Projeto Oasis Antônio Carlos da Costa Juvêncio Antônio Luiz Queiroz Antonio Siqueira de Medeiros Antônio Vieira dos Santos - Associação de Moradores do Perpétuo Archimedes de Souza Vieira - Associação de Moradores da Fazendinha Padrão Aguines da Avinteira Objetiva Arilson Vieira de Macedo - Associação de Moradores da Fazendinha Priscila Domingues Gonçalves - Integrartes Arlete Soares Maia Nunes Rita Telles – Movimento Nossa Teresópolis Armindo Gonçalves Coelho - Associação de Moradores e Amigos Granja Guarani Rosangela Dupont - Feira Agroecológica Rosayni Batalha – Rádio Brasil Rural Sergio de Aquino Vidal Gomes Ar y Moraes Pereira - Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado do Rio de Janeiro Sérgio Mázala da Silva Carlos Antonio Anacleto Raimundo - Associação de Moradores do Castelo Sergio Tendler Carlos Antônio Costa Vera Lucia de Castro Candiano - Associação Nova Vida Carlos Rosa Ramos Wanilde de Matos - Centro Social São José Celso José Tardi Farias Zé Waitz – Conselho Consultivo do Parque Nacional da Serra dos Órgãos David de Oliveira Pacheco Filho Djalma da Silva Oliveira – Associação de Produtores Edmar de Souza Carreiro Comunidade Alberto P. Domingues - Associação Agroecológica de Teresópolis Edy Marcuzzi - Associação de Moradores e Amigos da Fazenda Suíça, Brejal e Parque Boa União Elba Cristina Moreira Honorato Aldacy Serafim de Lima - Associação de Moradores de Barra do Imbuí Fernanda Medeiros de Carvalho Altair de Jesus Souza Francisco José Guarilha Ana Christina Rodrigues - Associação de Moradores do Jardim Meudon Gelma Figueiredo - Associação dos Moradores e Amigos da Granja Ana Maria Machado Geny Pereira do Nascimento Francisca de Jesus Souza Gilson Corrêa Ribeiro 150 Glaucus da Fonseca Xavier Monica Deluqui – Associação de Moradores do Vale Feliz Guilherme Maia Pinto Mônica Ivens de Araújo Coquito Henrique Luiz Rodrigues - Associação de Moradores e Amigos de Agriões Nadim Kantara - Conselho Comunitário de Segurança Isabel Cristina Lima Dantas - Associação de Moradores das Pimenteiras Paulo Luiz Leite Jesus Nélio Paes de Barros Ivone Miller - Associação de Moradores da Varzea Paulo Raphael de Oliveira - Associação de Moradores da Várzea Jael Alves Caldeira - Associação dos Produtores de Hortifrutigranjeiros do Estado do Rio de Janeiro Rafael Tendler - Projeto Fazendo a Diferença Jair Machado da Silva Regina Tereza Silva Raymundo Janaina Crespo de Andrade Dias Raymi Rodrigues da Silva - Associação de Moradores e Amigos de Campo Grande João Batista dos Santos - Associação de Moradores das Pimenteiras Ricardo Zeum Joaquim Oliveira Rodrigues Ferreira - Associação de Moradores do Jardim Meudon Rozi Neide da Conceição Coelho Gomes Jorge Antonio Moura de Rezende José da Cunha Ferreira - APAVE Venda Nova José Luiz Malavota - Associação de Moradores da Várzea José Ricardo Ferreira Nobre José Ricardo Portocarrero Cortez Leny Couto Canto - Associação de Moradores e Amigos Granja Guarani Rosane Clementina da Silva Pereira Rui Sérgio de Oliveira Pinto Sebastião Viana - Associação de Moradores do Jardim Meudon Selma Marques Vicente Vianna - Associação de Moradores do Jardim Meudon Sergio Ricardo Ponciano - Associação de Moradores e Amigos de São Pedro Lohana de Lima Fita Sérgio Tendler - Associação de Moradores e Proprietários do Liberty Green Luciana Rosa Rodrigues - Associação de Moradores e Amigos do Corta Vento Sidney Nunes de Moura – Federação das Associações de Moradores e Entidades Associativas de Teresópolis Luiz Inácio da Silva Suzy Crespo de Andrade Manoel Augusto Knupp Tatiana Lopes de Oliveira Marcelo da Cruz Oliveira Valdir Paulino Pinheiro Marco Aurélio P. da Silva Venâncio de Souza Damásio Marcos Habib Verônica Jardim Lima Rodrigues Margarete Dutra Toledo Furtado - Associação de Moradores do Bairro de Fátima Zenilda Rosa de Souza Maria da Glória dos Santos Mota Maria de Fátima Vicente da Silva Maria Helena P. Domingues Marlene Braga de Jesus 151 PROJETO AGENDA 21 COMPERJ – CRÉDITOS TÉCNICOS E INSTITUCIONAIS Petrobras Gerente de Relacionamento Gilberto Puig Maldonado Gerente de Relacionamento Corporativo Carmen Andrea Ribeiro Vianna Santos Coordenador da Agenda 21 Comperj Ricardo Frosini de Barros Ferraz Assessor (mobilização à construção coletiva) Caroline Vieira Nogueira Assessor (formalização à finalização) Luiz Cesar Maciel do Nascimento Encarregado de Logística Paulo Brahim Ministério do Meio Ambiente Diretora do Departamento de Cidadania e Responsabilidade Socioambiental Karla Monteiro Matos Geraldo Abreu Assessor técnico (consolidação municipal) Márcio Ranauro Assessor técnico (consolidação municipal) Luis Mauro Ferreira Secretaria de Estado do Ambiente Superintendente do Grupo Executivo do Programa Estadual da Agenda 21 Carlos Frederico Castello Branco Etapas de Mobilização da Sociedade à Formalização do Fórum Instituto Ipanema 152 Coordenadora Geral Ninon Machado de Faria Leme Coordenadora Técnica Maria de Lourdes Davies Freitas Técnico Eduardo Peralta Vila Nova de Lima Técnico Jaime Bastos Neto Técnico Mônica Engelbrecht Deluqui Assistente Técnica (construção coletiva) Cristiane Vieira Jaccoud do Carmo Azevedo Assistente Técnica (construção coletiva) Fernanda Leopardo Assistente Técnico Jorge Luiz Gonçalves Pinheiro Assistente Técnico (construção coletiva) Leonardo Fernandez Casado Barcellos Assistente Técnico (construção coletiva) Nilmar Vieira Magalhães Assistente Técnica (construção coletiva) Polita de Paula Gonçalves Assistente Técnica Priscila Amaro Lopes Assistente de Apoio Helena Maria de Souza Pereira ISER Coordenadora Geral (construção coletiva) Samyra Crespo Coordenador do Projeto Claudison Rodrigues Coordenadora Financeira Dioney Brollo Coordenador de Produção Wagner Sabino Técnica Márcia Gama Técnica Patricia Kranz Técnica (construção coletiva) Ana Batista Técnica (construção coletiva) Renata Bernardes Técnica (consolidação municipal) Nathalia Araújo e Silva Assistente de Coordenação (construção coletiva) Martha Guimarães Assistente Técnico/Financeiro Hebert Lima Assistente de Produção (construção coletiva) Camila Rodi Assistente Administrativo (consolidação municipal) Fernando Pereira Rodaviva Coordenadora Geral (construção coletiva) Cláudia Jurema Macedo Coordenador do Projeto Claudison Rodrigues Coordenadora Financeira Rozender Smaniotto Coordenador de Produção Wagner Sabino Coordenador Regional Vladimir Falcão Técnica Isabel Macedo Técnico Marcelo Arantes Técnica (construção coletiva) Tânia Jandira Técnica (consolidação municipal) Nathalia Araújo e Silva Assistente Técnico Hebert Lima Assistente Administrativo (consolidação municipal) Fernando Pereira Assistente de Coordenação (construção coletiva) Martha Guimarães Assistente de Produção (construção coletiva) Camila Rodi Administração (construção coletiva) Rosangela Ferrão Tesoureiro Jose Pedro Mendes Suporte Técnico (construção coletiva) Raimundo Nonato 153 ASA Coordenador Geral Roberto Rosa Olivella Gerente do Projeto Cláudia Passos Sant’Anna Coordenador Técnico Roberto Wagner Rocco Coordenador de Campo (construção coletiva) Leandro Quintão Técnica Ana Paula Costa de Paula e Silva Técnico Thiago Albuquerque Técnico Flavio Vizeu Soares Bezerra Técnico (construção coletiva) Alex Bernal Técnica (construção coletiva) Christiane Nascimento Santos Técnica (construção coletiva) Gisele Renault Técnica (construção coletiva) Nathália Araújo e Silva Técnica (construção coletiva) Priscila Amaro Lopes Técnica (construção coletiva) Patricia Themoteo Teixeira Técnica (construção coletiva) Renata Villaça Técnico (construção coletiva) Thiago Vasquinho Siqueira Assistente de Relatoria (construção coletiva) Tatiana de Sá Ferreira Apoio Administrativo Heidi Marques Consultorias: Fundação José Pelúcio – Ladec / UFRJ (construção coletiva) José Luiz de Santana Carvalho ILTC (consolidação municipal) Lucila Martínez Cáceres Etapa de Finalização das Agendas Consultorias: 154 Coordenadora Técnica Patricia Kranz Consultor Ana Paula Costa de Paula e Silva Consultor Thiago Ferreira de Albuquerque Consultor Mônica Engelbrecht Deluqui Consultor Roberto Rocco Consultor Leandro Quintão Técnica Maria Aparecida de Oliveira Produção de vídeo Wellington Gomes de Oliveira 155 novembro 2011 www.agenda21teresopolis.com.br