QUANTIFICAÇÃO DO TEOR DE SUBSTÂNCIAS TÂNICAS PRESENTES EM FOLHAS, FRUTOS E CASCAS DE Terminnalia catappa L. (COMBRETACEAE) Gregório Mateus Santana ([email protected])1 Juarez Benigno Paes ([email protected])2 Rayssa de Medeiros Morais ([email protected])¹ Héric Cavalcanti Mascarenhas dos Santos ([email protected])¹ Felipy Rafael Marinho Pereira ([email protected])¹ Palavras-chave: Terminnalia catappa, taninos vegetais, índice de Stiasny. 1 Acadêmicos do Curso de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos, Cx. Postal 64, 58700-970 – Patos, PB. 2 Professor da Unidade Acadêmica de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Campina Grande – Campus de Patos, Cx. Postal 64, 58700-970 – Patos, PB. INTRODUÇÃO A castanhola (Terminalia catappa L.), família Combretaceae, é uma espécie decídua, originária das Índias Orientais e Oceania, sendo uma das árvores de sombra mais usadas na proximidade da praia ao longo do litoral brasileiro. Segundo Bibivirt (2006), a castanhola se desenvolve em qualquer tipo de solo, de fertilidade mediana, bem drenados. A espécie ocorre em regiões mais quentes (25 – 27 ºC), podendo ser cultivada o ano todo, principalmente na estação chuvosa. As cascas, raízes, frutos verdes e folhas contem taninos. Os taninos são substâncias fenólicas complexas de origem vegetal; usado no curtimento de peles e em medicamentos.(Websters-Online-Dictionary, 2006). Os taninos são classificados em naturais, minerais ou sintéticas, e são capazes de precipitar as proteínas presentes em peles para transformá-las em couro (PANSHIN et al., 1962; HASLAM, 1966; LEPAGE, 1986). Os agentes tânicos minerais são obtidos de sais inorgânicos, à base de cromo ou zircônio. Já os taninos sintéticos são produtos derivados da condensação do fenol, cresol e naftalenos com um aldeído, como o furfural (PANSHIN et al., 1962). Esses produtos químicos, ou a reação deles, podem trazer danos ao homem e ao ambiente. Por isto, vários países têm dado preferência aos artigos provenientes do curtimento com taninos naturais (vegetais). O objetivo do estudo foi avaliar o teor de taninos existente em folhas, frutos e cascas de castanhola (Terminalia catappa L.). MATERIAL E MÉTODOS Para o estudo foram empregadas amostras de folhas, frutos e casca de cinco plantas usadas na arborização urbana da cidade de Patos, Paraíba, Brasil. As plantas foram selecionadas em função do vigor apresentado. Os frutos e folhas verdes foram coletados na árvore com o uso de um podão. Foram coletados 2,0 kg de frutos e 1,0 kg de folhas distribuídos aleatoriamente na copa de cada árvore. Após a coleta, os frutos foram separados das sementes, e assim como as folhas verdes, foram cortados em fragmento de 1,0 cm2, secos ao ar e pesados para determinação da umidade. As porções foram homogeneizadas e o teor de umidade determinado, para permitir os cálculos, em base seca, do teor de taninos presentes em cada amostra. As cascas foram retiradas do tronco e cortadas com auxílio de facão, em fragmentos menores, de aproximadamente 3,0 x 2,0 cm, secas ao ar e moídas em moinho tipo Willy e analisada a porção que passou pela peneira de 16,0 mesh (1,00 mm), e ficou retida na de 60,0 mesh (0,25 mm). As substâncias tânicas foram extraídas em água destilada. Para as extrações, foram tomadas, de cada porção, três amostras de 10,0 g de material seco. As amostras foram transferidas para balões de fundo chato com capacidade de 500,0 mL, em que foram adicionados 200,0 mL de água destilada (relação 20:1) em cada amostra e submetida à fervura sob refluxo por duas horas. Cada amostra foi submetida a duas extrações, a fim de se retirar à máxima quantidade de extrativos presentes. Assim, a relação material: solução passou a ser de 40:1. Após cada extração, o material foi passado em uma peneira de 150,0 mesh (0,105 mm), e em um tecido de flanela, para a retenção de partículas. O extrato obtido foi homogeneizado e filtrado em funil de vidro sinterizado de porosidade dois. Em seguida concentrado para 200,0mL, e retiradas três alíquotas de 50,0 mL de cada extrato, duas delas foram utilizadas para a determinação do teor de taninos condensados (TTC), e uma foi evaporada em estufa a 103,0 2,0 ºC por 48 horas, para a determinação da porcentagem de teor de sólidos totais (TST). Para a determinação do TTC, presente em cada árvore foi empregado o método de Stiasny, descrito por Guangcheng et al. (1991), com algumas modificações. Para tanto, aos 50,0 mL do extrato bruto foram adicionados 4,0 mL de formaldeído (37% m/m) e 1,0 mL de HCl concentrado aos extratos obtidos. Cada mistura foi submetida à fervura sob refluxo por 30 minutos. Nestas condições, os taninos formam complexos insolúveis que poderão ser separados por filtragem simples ao se empregar filtro de papel. O material foi seco em estufa a 103,0 2,0 C por 24 horas e, por diferença de peso, foi calculado o índice de Stiasny. A quantidade de taninos presente em cada árvore foi obtida ao multiplicar o Índice de Stiasny pelo Teor de Sólidos Totais. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores médios do teor de umidade, em base seca, do teor de sólidos totais (TST), do índice de Stiasny (I) e do teor de taninos condensados (TTC) das folhas, frutos e casca da espécie estudada encontram-se na Tabela 1. Foi observado que o teor de sólidos totais dos frutos foi similar entre as plantas. Houve variação entre os teores de sólidos totais das folhas e casca. Um comportamento similar foi observado para o índice de Stiasny e teor de taninos condensados. Em geral, os frutos e cascas apresentaram teores de sólidos totais superiores aos encontrados nas folhas, tendo as folhas apresentado o menor valor. Foi observado comportamento similar com os respectivos valores dos teores de taninos condensados. A menor quantidade de taninos condensados na casca foi 6,25% e a maior de 11,95%. CONCLUSÃO A casca apresentou potencial como fonte de taninos. Os valores do teor de taninos condensados encontrados nas cascas das amostras foram menores do que os referenciados na literatura. Isto pode está relacionado à idade das plantas amostradas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BIBIVIRT. 2008 [Online]. Amendoeira-dapraia. Homepage: <http://www.bibivirt.futuro.usp.br/ especies/frutosnobrasil/amendoeira_grande .jpg>. Acesso em: 11 dez 2008. GUANGCHENG, Z.; YUNLU, L.& YAZAKI, Y. 1991, Extractive yields, Stiasny values and polyflavonoid contents in barks form six acacia species in Australia. Australian Forestry, 554 (2). p. 154-156. HASLAM, E. 1966. Chemisty of vegetable tannins. London: Academic, 170 p. LEPAGE, E. S. 1986. Química da madeira. In:. LEPAGE, E. S. (Coord.). Manual de preservação de madeiras. São Paulo: IPT, v. 1. p. 69-97. PANSHIN, A.J.; HARRAR, E.S.; BETHEL, J.S. & BAKER, W . J. 1962. Forest products: their sources, production, and utilization. 2. ed. New York: McGrawHill. 538 p. WEBSTERS-ONLINE DICTIONARY. 2008 [Online]. Tannin (tannic acid). Homepage: <http://www. websters-online dictionary.org/tannin>. Acesso em: 11 dez 2008. Tabela 1.Teor de sólidos totais (TST), índice de Styasni (I) e teor de taninos condensados (TTC) das folhas, frutos e casca de castanhola (Terminalia catappa L.) Material Analisado Folhas TST (%) 15,58 I (%) 11,50 TTC (%) 1,80 Frutos 24,18 21,84 5,22 Casca 15,48 44,95 8,81