EFEITO DO PERÍODO DE MATURAÇÃO EM CARACTERÍSTICAS FÍSICOQUÍMICAS DE FRUTOS DE MIRTILEIRO1
KUHN, Paulo Roberto 2; PICOLOTTO, Luciano 3; ARAUJO, Vanessa Fernades 4;
GONCALVES, Michel Adrighi 4; VIGNOLO, Gerson Kleinick 4; ANTUNES, Luis
Eduardo Corrêa 5; KULCZYNSKI, Stela Maris6; BELLÉ, Cristiano7
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Trabalho de Pesquisa_UFSM
Graduando do Curso de Agronomia, UFSM, campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil
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Engenheiro Agrônomo, Bolsista PNPD/Capes, Pelotas, RS, Brasil
4
Engenheira Agrônoma, Doutorando do PPGA, área de concentração em Fruticultura de Clima
Temperado. FAEM/UFPEL, RS, Brasil
5
Engenheiro Agrônomo Dr.,Pesquisador da Embrapa de Clima Temperado, Pelotas, RS, Brasil
6
Engenheira Agrônoma, Docente da UFSM, campus de Frederico Westphalen, RS, Brasil
7
Engenheiro Agrônomo, Mestrando do PPGAA, da UFSM, campus de Frederico Westphalen, RS,
Brasil
E-mail: [email protected]
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RESUMO
A qualidade de frutos de mirtileiro estão diretamente relacionadas ao seu aspecto exterior
(tamanho, forma, defeitos, sanidade) e posteriormente com parâmetros como, aroma, sabor, cor e
textura, características essas influenciadas pelo grau de maturação dos frutos. Esse trabalho foi
realizado com o objetivo de avaliar a qualidade físico-química dos frutos sobremaduros de diferentes
cultivares de mirtileiro. As variáveis avaliadas foram: pH do suco, sólidos solúveis totais (SST), acidez
total titulável (ATT), diâmetro (mm) longitudinal e horizontal do fruto e massa fresca de fruto (g). O pH
foi determinado com peagâmetro diretamente no suco dos frutos; os SST, por refratometria, realizada
com um refratômetro digital, expressando-se o resultado em °Brix; e a ATT, determinada por
titulometria, e os resultados expressos em porcentagem de ácido cítrico. Pode-se concluir que há
diferenças nas características físico-químicas de frutos sobremaduros das cultivares Briteblue,
Powerblue e Bluebelle.
Palavras-chave: Frutos; Mirtileiro; Qualidade; Sobremaduros.
1. INTRODUÇÃO
O mirtileiro é membro da família Ericaceae do gênero Vaccinium (RASEIRA, 2004).
É uma planta caducifólia, adaptada a clima temperado e exigente em frio para superação de
dormência. No hemisfério sul, a colheita se dá entre os meses de novembro a abril
(HOFFMANN & ANTUNES, 2006). Nas condições de Pelotas, a floração ocorre ao final de
agosto a início de setembro e a colheita, acontece na segunda quinzena de dezembro a
janeiro. A frutificação se dá em ramos de um ano de idade e a colheita deve ser feita uma a
duas vezes por semana (ANTUNES et al., 2006).
A pesquisa do mirtilo no Brasil iniciou em 1983, na Embrapa Clima Temperado em
Pelotas com uma coleção de cultivares da Universidade da Flórida e, no ano de 1989, tevese a definição das cultivares recomendadas para o plantio (RASEIRA, 2004).
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O mirtileiro produz frutos com diâmetro entre 8 e 22 mm, de sabor agridoce (Childers
& Lyrene, 2006), com diversas propriedades nutracêuticas e alto potencial antioxidante, em
razão da presença de compostos fenólicos (Kalt et al., 2007). Para seu adequado
desenvolvimento, são necessários solos com pH entre 4,8 e 5,2 (Trehane, 2004; Childers &
Lyrene, 2006).
Em três anos de avaliações Antunes (2008) verificou que
o período de colheita do
mirtilo estende-se por 37 dias, entre dezembro e janeiro e não há diferenças entre as
cultivares, quanto aos teores de sólidos solúveis totais, massa de matéria fresca e diâmetro
longitudinal de frutos.
As determinações de pH, da acidez e do teor de sólidos solúveis, contribuem para a
apreciação objetiva do sabor dos frutos. O pH, geralmente inferior a 4,5 aumenta no
decorrer do amadurecimento e influência as características organolépticas e a capacidade
de conservação dos frutos. Embora baixo, o pH do mirtilo, ainda possibilita o crescimento de
algumas leveduras e bolores tolerantes aos ácidos (RASEIRA, 2006).
Os frutos das diferentes cultivares de mirtilo apresentam diferenças no pH, acidez,
teor de sólidos, teor de umidade, sabor dos frutos, tamanho das bagas, número e tamanho
de sementes, entre outros (RASEIRA, 2006). Rodrigues et al., (2007), ao avaliar frutas de
seis cultivares concluíram que elas diferem entre si quanto ao pH, teor de sólidos e acidez
titulável. Resultados contrários foram obtidos por SOUSA & CURADO (2006) em trabalho
realizado em Portugal com frutos maduros de 4 cultivares de mirtilo, onde verificaram que
não houve diferençaentre os valores de pH obtidos,, permanecendo em uma faixa entre 3,32
e 3,57.
A acidez total representa a soma de todos os ácidos presentes, livres ou combinados
sob a forma de sais. O teor de ácidos (acidez titulável) é maior nos estádios iniciais do
desenvolvimento do fruto e decresce durante a maturação. O teor de sólidos solúveis (SST)
no mirtilo varia de 7% nos frutos verdes a 15% ou mais nos frutos maduros. O SST (ºBrix)
de diferentes cultivares de mirtilos cultivados em Portugal apresentaram diferenças
significativas cujos valores médios observados, variaram entre 10,51 e 14,30 (RAZEIRA,
2006).
Esse trabalho foi realizado com o objetivo de avaliar a qualidade físico-química dos
frutos sobremaduros de diferentes cultivares de mirtileiro.
2. METODOLOGIA
O presente experimento foi realizado na Embrapa Clima Temperado, Pelotas - RS,
no laboratório de Ciência e Tecnologia Alimentos, onde foram utilizados frutos
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sobremaduros de mirtilo de diferentes cultivares. A colheita dos frutos foi realizada quando
os mesmos apresentavam-se sobremaduros em 16/01/2012.
As variáveis avaliadas foram: pH do suco, sólidos solúveis totais (SST), acidez total
titulável (ATT), diâmetro (mm) longitudinal e horizontal do fruto e massa fresca de fruto (g).
O pH foi determinado com peagâmetro diretamente no suco dos frutos; os SST, por
refratometria, realizada com um refratômetro digital, expressando-se o resultado em °Brix; e
a ATT, determinada por titulometria, e os resultados expressos em porcentagem de ácido
cítrico.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com 4 repetições. Como
tratamentos foram consideradas três cultivares de mirtilo (Briteblue, Powerblue e Bluebelle).
sendo a unidade experimental foi composta por amostras de 40 frutos. Os dados obtidos
foram submetidos à análise de variância e a comparação de médias efetuada pelo teste de
Duncan ao nível de 5% de probabilidade através do Programa estatístico, Sanest (ZONTA &
MACHADO, 1995).
3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
As médias de diâmetro horizontal e SST dos frutos, entre as cultivares, foram
semelhantes estatisticamente. O diâmetro longitudinal dos frutos da cultivar Briteblue diferiu
da cultivar Bluebelle apresentando numericamente maior tamanho, não diferindo da cultivar
Powerblue (Tabela 1). O teor de sólidos solúveis totais (SST) representa os compostos
solúveis em água presentes nos frutos, como açúcares, vitaminas, ácidos, aminoácidos e
algumas pectinas. O teor de SST é dependente do estádio de maturação no qual o fruto é
colhido e geralmente aumenta durante a maturação pela biossíntese ou degradação de
polissacarídeo (CAVALINI, 2004).
Tabela 1. Diâmetro horizontal (DH) e diâmetro longitudinal (DL), massa fresca de frutos
(MF), teor de sólidos solúveis totais (SST) expressos em ºBrix, pH, expresso em (%) de
ácido cítrico, acidez total titulável (ATT) e a relação entre SST e ATT (SST/ATT) de frutos
sobremaduro de três cultivares de mirtilo. Embrapa Clima Temperado, Pelotas-RS, 2012.
Cultivares DH (mm) DL (mm) MF (g)
SST
pH
ATT
SST/ATT
Briteblue
10,69 a*
13,31 a
1,28 a
16,13 a
3,40 a
0,82 a
25,20 a
Powerblue
10,67 a
12,51 ab
1,21 ab
15,8 a
3,26 b
0,67 b
23,35 b
Bluebelle
10,35 a
12,02 b
1,12 b
15,8 a
3,13 c
0,64 c
19,12 c
C.V. (%)
4,23
4,29
6,43
2,47
0,74
2,23
2,75
*As médias seguidas pela mesma letra, na coluna, não diferem entre si pelo teste de
Duncan a 5% de probabilidade de erro.
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Portanto, a elevada quantidade de SST observada no experimento se deve
provavelmente devido ao fato da colheita dos frutos ter sido realizada quando os mesmos se
apresentavam em um estádio de maturação avançado (sobremaduros). Segundo Antunes et
al., (2008) os frutos de mirtilo de diferentes cultivares no ponto de colheita apresentam SST
em torno de 12,5º Brix.
A massa fresca por fruto diferiu estatisticamente entres as cultivares. A cultivar
Briteblue se destacou diferindo da 'Bluebelle', mas sem diferença estatística de 'Powerblue'
(Tabela 1).
Ao comparar as médias obtidas para cada cultivar em relação ao pH, ATT e a
relação entre SST e ATT, pode-se observar diferença significativa entre as cultivares, onde
a cultivar Briteblue apresentou as maiores médias das variáveis analisadas, ao contrário da
cultivar Bluebelle. Dados semelhantes foram obtidos por Rodrigues, et al., (2007), ao
comparar as mesmas cultivares, que diferiram com relação ao pH e ATT.
5. CONCLUSÃO
Nas amostras avaliadas, pode-se concluir que frutos sobremaduros das cultivares
Briteblue, Powerblue e Bluebelle apresentam diferenças nas características físico-químicas.
REFERÊNCIAS
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2006. 99 p. (Embrapa Clima Temperado. Sistemas de Produção, 8).
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Printing Company, 2006. 266p.
HOFFMANN,
A.;
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L.E.C.
Grande
potencial.
Disponível
em:
http://www.cnpuv.embrapa.br/publica/artigos/como_cultivar_mirtilo.pdf. Acesso em: 10 março. 2008.
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ZONTA, E. P.; MACHADO, A. A. SANEST – Sistema de análise estatística para microcomputadores.
Pelotas: SEI n. 066060, Categoria A, 1995. 48p.
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QUÍMICAS DE FRUTOS DE MIRTILEIRO KUHN, Paulo Roberto