Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
FLORA DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA, MINAS
GERAIS, BRASIL - FAMÍLIA PIPERACEAE
Erika von Sohsten de Souza Medeiros
2006
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Escola Nacional de Botânica Tropical
Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil Família Piperaceae
Erika von Sohsten de Souza Medeiros
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-graduação em Botânica,
Escola Nacional de Botânica Tropical do
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do
Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre
em Botânica.
Dra. Elsie Franklin Guimarães
Março de 2006.
II
Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil - Família Piperaceae
Erika von Sohsten de Souza Medeiros
Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de
Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários a
obtenção do grau de Mestre.
Aprovada por:
Prof. Dra. Elsie Franklin Guimarães (Orientador) ____________________________________
Prof. Dr. João Rodrigues Miguel _________________________________________________
Prof. Dr. Vidal de Freitas Mansano _______________________________________________
Em 23/02/2006
Rio de Janeiro
2006
III
M488 Medeiros, Erika von Sohsten de Souza.
Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil Família Piperaceae. / Erika von Sohsten Medeiros. – Rio de Janeiro,
2006.
127, 45 f. : il. ; 28 cm.
Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico
do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2006.
Orientador: Elsie Franklin Guimarães
Banca examinadora: Vidal de Freitas Mansano, João Rodrigues
Miguel
Bibliografia.
1. Taxonomia. 2. Piperaceae. 3. Flora. 4. Parque Estadual do
Ibitipoca. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical.
CDD 583.25098151
IV
Dedicatória
À amiga e mestra Rosa Fuks (in memorian)
que me estimulou a fazer o mestrado
À minha mãe Francisca por ter me sustentado
e apoiado durante todo este período
V
Agradecimentos
Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, em
especial:
À Dra. Elsie Franklin Guimarães, minha orientadora, pela dedicação, apoio e incentivo
constantes, sem ela não estaria aqui hoje. Obrigada pelas oportunidades.
Ao grande amigo Msc. Ronaldo Marquete pelo exemplo de profissional, pela força, carinho,
apoio, incentivo e pelas fotos.
À Msc. Micheline Carvalho-Silva que com sua amizade me aconselhou, me mostrou os
caminhos que deveria seguir e também pelas fotos da área.
Ao Instituto Estadual de Floresta (IEF) de Minas Gerais, pelo fundamental apoio logístico.
Ao Sr. João Carlos Lima de Oliveira, Diretor do Parque Estadual do Ibitipoca, assim como
seus funcionários, pela grande colaboração e receptividade, em especial, ao Sr. José Geraldo
Santos (Sr. Pereira) que nos guiou na Mata Grande.
Aos curadores e funcionários dos herbários que visitei e solicitei material para meus estudos,
que tão bem me atenderam.
À Dra. Rafaela C. Forzza por ter me apresentado Ibitipoca
Aos amigos, Márcia Dias Campos, Fábio França Moreira e Paulo Botelho de Macedo, que
estavam sempre prontos para me dar forças para continuar.
Aos companheiros de coletas Joel, Manoel, Elsie, Lia, Ronaldo, Micheline, Rafaela, Ravena,
Leandro, Luiz, Bruno, Kenia, Dayara,....
A desenhista Ana Lucia de Souza pelas lindas pranchas
Ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Escola Nacional de Botânica
Tropical, pelo uso de suas instalações.
A CAPES, pelos 6 meses de bolsa concedida.
VI
Lista de abreviaturas
•
•
•
•
•
•
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•
•
•
bt – botão floral
compr. – comprimento
fl – flor
fr – fruto
s.d. – sem data
s.n. – sem número
est. – estéril
Mun. – município
Distr. – distrito
PEI – Parque Estadual do Ibitipoca
Lista dos herbários consultados
•
CESJ – Herbário, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Juiz de Fora,
Minas Gerais, Brasil.
•
F – Herbarium, Botany Departament, Field Museum of Natural History, Illinois.
Chicago, USA.
•
FCAB - Herbário Friburguense, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, RJ. Brasil.
•
GUA - Herbário Alberto Castellanos, DIVEA, DEP, FEEMA, Rio de Janeiro, RJ,
Brasil.
•
HB - Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
•
IAC – Herbário, Seção de Botânica Econômica, Instituto Agronômico, Campinas, São
Paulo, Brasil.
•
M – Herbarium Botanische Staatssammlung, München, Federal Republic of Germany.
•
P- Herbier, Laboratoire de Phanérogamie, Mueseum National d´Histoire Naturelle,
Paris, France.
•
R – Herbário, Departamento de Botânica, Museu Nacional, Universidade Federal do
Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
•
RB - Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
•
RFA – Herbário, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, CCS, Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
•
RUSU - Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
•
S – Herbarium, Botany Departaments Swedish Museum of Natural History,
Stockholm, Sweden.
VII
•
UEC – Herbário, Departamento de Botânica IB, Universidade Estadual de Campinas,
Campinas, São Paulo, Brasil.
Lista de Ilustrações
Fig. 1: A) Mapa do Brasil mostrando o estado de Minas Gerais, destacando o Parque Estadual
do Ibitipoca; B) Mapa plani-altimétrico do Parque Estadual do Ibitipoca. ............................... 4
Fig. 2: Mapa de vegetação da região do Parque Estadual do Ibitipoca. .................................... 6
Fig. 3: Tipos de vegetações ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca: ................................ 7
Fig. 4: Formações do rio do Salto: ............................................................................................ 9
Fig. 5: Mapa ilustrativo do Parque Estadual do Ibitipoca ...................................................... 10
Fig. 6: Vista de algumas áreas do Parque. ............................................................................... 11
Fig. 7: Filotaxia: ....................................................................................................................... 29
Fig. 8: Tipos de Inflorescências. .............................................................................................. 33
Fig. 9:Prancha dos Frutos de Peperomia ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca. .......... 37
Fig. 10: Foto de Peperomia augescens: A) Habito; B) Detalhe da espiga com frutos ............ 44
Fig. 11: Prancha de Peperomia augescens - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice
mostrando as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto. .................................................. 45
Fig. 12: Foto de Peperomia crinicaulis – Hábito. ................................................................... 47
Fig. 13: Prancha de Peperomia crinicaulis - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga; C)
Folha; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Bractéola; F) Fruto. .......................................... 48
Fig. 14: Foto de Peperomia diaphanoides – Hábito ................................................................ 50
VIII
Fig. 15: Prancha de Peperomia diaphanoides - A) Hábito; B) Folha com detalhe das cerdas no
ápice; C) Detalhe do ramo com espiga; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto; F)
Bractéola. ................................................................................................................................. 51
Fig. 16: Foto de Peperomia galioides - A) Hábito; B) População crescendo em mata. .......... 54
Fig. 17: Prancha de Peperomia galioides - A) Hábito; B) Detalhe de um verticilo; C) Folha
com detalhe do ápice; D) Parte da espiga em fruto; E) Fruto. ................................................. 55
Fig. 18: Foto de Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Detalhe da espiga em fruto. .......... 57
Fig. 19: Prancha de Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Folha com detalhe de ápice e
margem; C) Bractéola; D) Fruto; E) Parte da espiga em fruto. ............................................... 58
Fig. 20: Foto de Peperomia oreophila - A e B) Planta com hábito rupícola, heliófita
mostrando espigas eretas. ........................................................................................................ 61
Fig. 21: Prancha de Peperomia oreophila - A) Hábito; B) Detalhe do verticilo foliar; C) Tipos
de folha e detalhe do ápice; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto. .............................. 62
Fig. 22: Foto de Peperomia rotundifolia – A) Detalhe do ramo; B) Hábito. .......................... 64
Fig. 23: Prancha de Peperomia rotundifolia - A) Hábito; B) Folha, detalhe da base; C) Parte
da espiga em flor e fruto; D) Bractéola. .................................................................................. 65
Fig. 24: Foto de Peperomia tenella - Hábito rupícola, na margem do rio, racemo em fruto... 67
Fig. 25: Prancha de Peperomia tenella - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando
as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto; E) Bractéola. ............................................. 68
Fig. 26: Foto de Peperomia tetraphylla - Hábito, espigas eretas e diversos tipos de folhas ... 73
IX
Fig. 27: Prancha de Peperomia tetraphylla - A) Hábito com detalhe dos tricomas no caule var. tenera; B) Fruto; C) parte da espiga em fruto D) folha com tricomas por toda a lâmina var. tetraphylla; E) Folha com detalhe dos tricomas - var. tenera; F) folha com detalhe das
cerdas rígidas no ápice - var. piedadeana; G) Folha glabra com detalhe do ápice com cílios –
var. valantoides. ....................................................................................................................... 74
Fig. 28: Foto de Piper corcovadensis - A) detalhe do racemo; B) Hábito. ............................. 78
Fig. 29: Prancha de Piper corcovadensis - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Bractéola; F) Fruto imaturo; G) Fruto
maduro. .................................................................................................................................... 79
Fig. 30: Foto de Piper gaudichaudianum – A) Ramo com espigas; B) Detalhe da espiga. .... 82
Fig. 31: Prancha de Piper gaudichaudianum - A) Parte do hábito; B) Pecíolo com bainha; C)
Profilo; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. ................................................... 83
Fig. 32: Foto de Piper lhotzkyanum - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga. ............... 86
Fig. 33: Prancha de Piper lhotzkyanum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação e detalhe do ápice com apículo; C) Pecíolo com bainha; D) Profilo; E) Bractéola; F)
Gineceu. ................................................................................................................................... 87
Fig. 34: Foto de Piper miquelianum - Detalhe do racemo. ..................................................... 89
Fig. 35: Prancha de Piper miquelianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação; C) Profilo e detalhe da bainha; D) Bractéola; E) Fruto imaturo; F) Fruto maduro . 90
Fig. 36: Foto de Piper mollicomum - A) Hábito; B) Detalhe da espiga. ................................. 93
Fig. 37: Prancha de Piper mollicomum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação e detalhe dos tricomas; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) bractéola e
estames; F) Gineceu e estame. ................................................................................................. 94
X
Fig. 38: Foto de Piper pseudopothifolium – exsicata mostrando um ramo com espiga. ......... 96
Fig. 39: Prancha de Piper pseudopothifolium - A) Parte do hábito, mostrando padrão de
nervação; B) Profilo; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola;
F) Fruto. ................................................................................................................................... 97
Fig. 40: Foto de Piper richardiifolium – A) Hábito; B) Folhas jovem rosada e mais madura
verde com espiga imatura rosa; C) Detalhe da espiga jovem. ............................................... 100
Fig. 41: Prancha de Piper richardiifolium - A) Parte do hábito e detalhe do padrão de nervação
e tricomas; B) Pecíolo, detalhe da bainha; C) Parte da espiga em fruto; D) Bractéola e gineceu;
E) Fruto. ................................................................................................................................. 101
Fig. 42: Foto de Piper solmsianum – detalhe da espiga. ....................................................... 103
Fig. 43: Prancha de Piper solmsianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) parte da espiga em flor; F) Bractéola;
G) Gineceu; H) Fruto. .............................................................................................................104
Fig. 44: Foto de Piper tectoniifolium – Detalhe de um ramo com espigas eretas. ................ 106
Fig. 45: Prancha de Piper tectoniifolium - A) Parte do hábito, com detalhe dos tricomas; B)
Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Ovário
visão frontal e bractéola; F) Fruto. ........................................................................................ 107
XI
Resumo
É apresentado o levantamento florístico das espécies da família Piperaceae C. Agardh.
ocorrentes
no Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, Minas Gerais. Realizaram-se
observações de campo, coleta de material botânico e análise de coleções de herbários
nacionais e internacionais quando possível. Utilizaram-se os seguintes caracteres
taxonômicos: porte, forma das folhas, pilosidade, tipos de inflorescências e frutos.
Apresentam-se chaves analíticas para identificação de gêneros e espécies. Descrições,
ilustrações, dados de distribuição geográfica, floração e frutificação, nomes vulgares e
comentários de cada táxon são apresentados. Foram reconhecidos 21 táxons para o Parque
Estadual do Ibitipoca: Peperomia augescens Miq., P. crinicaulis C. DC., P. diaphanoides
Dahlst., P. galioides Kunth, P. mandiocana Miq., P. oreophila Hensch., P. rotundifolia (L)
Kunth, P. tenella (Sw.) A. Dietr., P. tetraphylla (Forst.) Hook. et Arn. var. tetraphylla, P.
tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck., P. tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., P.
tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck., Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., P.
gaudichaudianum Kunth, P. lhotzkyanum Kunth, P. miquelianum C. DC., P. mollicomum
Kunth, P. pseudopothifolium C. DC., P. richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC. e P.
tectoniifolium Kunth. Sendo Piper miquelianum assinalada como nova ocorrência para o
estado.
XII
Abstract
The flora of the family Piperaceae C. Agardh. from the “Parque Estadual do Ibitipoca”, Lima
Duarte, Minas Gerais is presented. Field observations and collections as well as analysis of the
material from national and international herbaria were made. The following taxonomic
characters were used: height, leaves shapes, hairiness, type of inflorescence and fruits.
Analytical keys are presented to identify genera and species. Descriptions, illustrations,
geographic distribution data, flowering and fructification, common names and comments
about each taxon are presented. 21 taxa were recognized in the Park, Peperomia augescens
Miq., P. crinicaulis C. DC., P. diaphanoides Dahlst., P. galioides Kunth, P. mandiocana
Miq., P. oreophila Hensch., P. rotundifolia (L) Kunth, P. tenella (Sw.) A. Dietr., P.
tetraphylla (Forst.) Hook. et Arn. var. tetraphylla, P. tetraphylla var. piedadeana (C.DC.)
Yunck., P. tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., P. tetraphylla var. valantoides (Miq.)
Yunck., Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., P. gaudichaudianum Kunth, P. lhotzkyanum
Kunth, P. miquelianum C. DC., P. mollicomum Kunth, P. pseudopothifolium C. DC., P.
richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC. e P. tectoniifolium Kunth. Piper miquelianum is
detected for the first time to the state of Minas Gerais.
XIII
Sumário
Resumo .................................................................................................................................. XII
Abstract ................................................................................................................................. XIII
1. Introdução .............................................................................................................................. 1
2. Área de Estudo ...................................................................................................................... 2
2.1 – Histórico da área ....................................................................................................... 12
3. Revisão da literatura ............................................................................................................ 14
4. Material e Métodos .............................................................................................................. 17
5. Posicionamento taxonômico das Piperaceae ....................................................................... 19
6. Distribuição geográfica ....................................................................................................... 21
7. Importância econômica ........................................................................................................ 23
8. Resultados ............................................................................................................................ 26
8.1- Caracterização morfológica dos gêneros Peperomia Ruiz & Pav. e Piper L. 26
8.1.1 – Hábito ......................................................................................................... 26
8.1.2 – Caule .......................................................................................................... 26
8.1.3 – Profilo ........................................................................................................ 26
8.1.4 - Folha .......................................................................................................... 27
8.1.5 - Inflorescência ............................................................................................. 31
8.1.6 - Flor ............................................................................................................. 34
8.1.7 - Fruto e semente ......................................................................................... 35
8.1.8 - Indumento, tricomas e glândulas ................................................................ 38
8.2 Tratamento taxonômico ........................................................................................... 40
8.2.1 – Descrição da família ........................................................................................ 40
8.2.2 – Chave para os gêneros ..................................................................................... 40
8.2.3- Descrição do gênero Peperomia Ruiz & Pav. .................................................. 41
8.2.4 - Chave para identificação das espécies de Peperomia ..................................... 41
8.2.5 - Descrição dos táxons ........................................................................................ 42
1- Peperomia augescens Miq. ......................................................................... 42
2- Peperomia crinicaulis C.DC. ..................................................................... 46
3- Peperomia diaphanoides Dahlst. ................................................................ 49
4- Peperomia galioides Kunth ........................................................................ 52
5- Peperomia mandiocana Miq. ..................................................................... 56
6- Peperomia oreophila Hensch. .................................................................... 59
XIV
7- Peperomia rotundifolia (L.) Kunth ............................................................ 63
8- Peperomia tenella (Sw.) A. Dietr. ............................................................. 66
9- Peperomia tetraphylla (Forst.) Hook. & Arn. var. tetraphylla .................. 69
9a- Peperomia tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck. ......................... 70
9b- Peperomia tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck. .................................. 70
9c- Peperomia tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck. ........................... 71
8.3.6 – Descrição do gênero Piper L. ......................................................................... 74
8.3.7 - Chave para identificação das espécies de Piper .............................................. 74
8.3.8 - Descrição dos táxons ........................................................................................ 76
10- Piper corcovadensis (Miq.) C.DC. var. corcovadensis ............................. 76
11- Piper gaudichaudianum Kunth ................................................................ 80
12- Piper lhotzkyanum Kunth ......................................................................... 84
13- Piper miquelianum C.DC. ....................................................................... 88
14- Piper mollicomum Kunth .......................................................................... 91
15- Piper pseudopothifolium DC. ……………………………………......…. 95
16- Piper richardiifolium Kunth ……………………………….....………… 98
17- Piper solmisianum C. DC. ...................................................................... 102
18- Piper tectoniifolium Kunth ..................................................................... 105
9. Considerações finais .......................................................................................................... 108
10. Índice de Coletores .......................................................................................................... 110
11. Índice de gêneros e espécies ............................................................................................ 112
12. Referências Bibliográficas ............................................................................................... 116
XV
1 – Introdução
A família Piperaceae engloba cerca de 2500 espécies, distribuídas em cinco gêneros,
sendo Piper L. e Peperomia Ruiz & Pav. os dois maiores. Possui distribuição pantropical,
com maior número de espécies ocorrendo na região neotropical. O principal centro de
diversidade da família está localizado nas Américas Central e do Sul (Yuncker 1958;
Heywood 1979; Jaramillo & Manos 2001; Nee 2004).
No Brasil são encontradas aproximadamente 500 espécies (Yuncker 1972, 1973, 1974)
distribuídas em apenas três gêneros Piper, Peperomia e Sarcorhachis Trel. (Tebbs 1989b;
Jaramillo & Manos 2001). Está amplamente distribuída no território nacional, sendo
expressiva sua importância econômica e medicinal. Algumas espécies já fazem parte do
mercado mundial e outras são usadas de modo empírico, não raro, empregadas pelas
populações em diferentes doenças.
A mais recente revisão das espécies de Piperaceae brasileiras foi feita por Yuncker
(1972, 1973, 1974), seus trabalhos são abrangentes no sentido de conter grande número das
espécies brasileiras, juntamente com chaves e descrições. Outros autores também estudaram a
família, como Callejas (1986) que trabalhou com o gênero Ottonia e algumas espécies de
Piper, que apresentavam relações de similaridade com aquele, e Tebbs (1989a) que estudou a
seção Macrostachys Miq. no gênero Piper. Outros autores dedicaram-se à família no âmbito
das floras regionais (Guimarães et al. 1984b, Guimarães & Valente 2001; Guimarães 1994a,
1997, 1999; Carvalho-Silva 2002; Ichaso & Guimarães, 1984; Ruschel 2004).
Neste trabalho objetiva-se estudar as espécies da família Piperaceae que ocorrem no
Parque Estadual do Ibitipoca, de maneira a ampliar o conhecimento florístico deste local e da
flora do estado de Minas Gerais, Brasil, contribuindo também para um melhor conhecimento
da distribuição geográfica das espécies estudadas.
1
2- Área de Estudo
A área do Parque Estadual de Ibitipoca (PEI) é protegida pelo Estado desde de 1965,
sob responsabilidade do Instituto Estadual de Floresta (IEF), tornando-se Parque Estadual em
04 de julho de 1973, através da Lei 6126 (Instituto Estadual de Floresta 1994). Esta localizado
no sudeste de Minas Gerais, nos municípios de Lima Duarte, Santa Rita do Ibitipoca e Bias
Fortes, está inserido na Zona da Mata Mineria. A entrada do Parque fica situada no distrito de
Conceição de Ibitipoca, a 30 Km de Lima Duarte e a 100 Km de Juiz de Fora, entre as
coordenadas 21º 40’- 21º44’ S e 43º52’ - 43º55’ W (Fig.1). Inicialmente abrangia uma área de
1488 hectares, em 2004 foi realizada uma nova medição onde foram inseridos os paredões de
seu entorno, hoje o Parque apresenta uma área de 1923,5 hectares (Menini Neto 2005).
Segundo Vitta (2002), o Parque é a menor unidade de conservação do estado que tem o
campo rupestre como sua principal formação. Na segunda edição do Atlas para a conservação
da biodiversidade no estado de Minas Gerais, a região está situada entre as áreas prioritárias
para a conservação da flora do estado, citada na categoria de importância biológica especial o
nível mais alto adotado (Drummond et al. 2005).
A área apresenta-se como uma ilha, com altitudes destacadas de seu entorno, onde
predominam colinas mais baixas (Rodela 1998). A Serra do Ibitipoca, disjunção da Serra da
Mantiqueira é constituída por quartzitos do complexo Barbacena (Ferreira & Magalhães
1977), têm seu relevo caracterizado por escarpas altas ou colinas, em altitudes que variam de
1200 a 1784 metros (CETEC 1983; Salimena-Pires 1996). O ponto mais alto do Parque é o
Pico do Ibitipoca ou Lombada, com 1784 m na vertente oeste e na vertente leste, o pico do
Pião com 1722 m. A Serra do Ibitipoca é formada por litotipos pertencentes ao grupo
Andrelândia e composta basicamente de quartzitos sacaroidais grosseiros com muscovita
intercalados por quartzitos finos micáceos e biotita-xistos e muscovita-xistos, (Côrrea Neto et
al. 1993; Andreis et al. 1989). O entorno é formado por gnaisses e biotita-xistos (Nummer
1991). A área corresponde também ao Distrito Espeleológico da Serra do Ibitipoca, que
apresenta uma das maiores grutas em rochas quartzíticas do mundo (mais de 3000 metros de
extensão mapeados) sendo que no todo foram localizadas 30 cavernas dentro dos limites do
Parque (Corrêa Neto 1997). Segundo o geólogo Teixeira da Costa, o solo é pobre em minério
de valor comercial, mas já existiu o ouro em aluvião, que foi carreado no decorrer do tempo
pelas águas pluviais e pelos diversos riachos que descem a serra (Silveira 1928).
2
Os solos são rasos, arenosos com predomínio de afloramentos rochosos de quartzitos e
arenitos (Joly 1970), são pouco desenvolvidos e de fina espessura, podendo sustentar
vegetação de pequeno porte. Nas zonas de fraturas intensas, onde os mantos de alterações são
mais profundos sustentam a vegetação de maior porte (Silveira 1928).
O clima do Parque é classificado como Cwb, segundo o sistema de classificação de
Köppen, mesotérmico úmido, com invernos secos e verões amenos, isto é, tropical de altitude,
sendo a umidade incrementada pela constante passagem de nuvens e formação de neblina. A
precipitação anual média é de 1532 mm, com menor precipitação nos meses de junho, julho e
agosto e maior nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A temperatura anual média é de
18.9ºC; no verão a média na região é de 24˚C, com máxima de 36 ˚C, enquanto no inverno, a
média é de 12˚C, com a mínima de -4˚C. No Parque, a influência do relevo sobre o clima é
muito importante, pois a altitude e a topografia são diferenciadas e as cristas anticlinais de
Ibitipoca se sobressaem localmente em relação às áreas vizinhas, originando um clima
diferenciado dos arredores. Estas diferenças de relevo influenciam as características
climáticas, com acréscimo de umidade e pluviosidade, e decréscimo das temperaturas na área
da Serra (Rodela & Tarifa 2002).
Sua vegetação é rica e variada formada por um mosaico singular de comunidades
(Fig.2), que abriga floresta atlântica, cerrado de altitude e campos rupestres. (Fig. 3) Como
conseqüência desta união incomum de tipos vegetacionais tão distintos, a região congrega
espécies típicas da floresta atlântica médio e altomontana, dos campos rupestres da Cadeia do
Espinhaço e do cerrado (Salimena, 2000). As florestas se distribuem nesta área entre os 1200 e
1700 m de altitude, geralmente, associada às linhas de drenagem no relevo e circundadas por
campos altimontanos e rupestres. Ururahy et al. (1983) referem-se à Serra do Ibitipoca, como
um refúgio ecológico alto-montano de vegetação arbustiva e inserido na região fitoecológica
da floresta estacional semidecidual. Andrade & Sousa (1995) dividem o Parque em quatro
formações básicas: campo graminoso, campo rupestre, campo com arbustos e arvoretas e
capões de mata. Salimena-Pires (1996) diferencia seis tipos vegetacionais: campos rupestres
(senso estrito), campo rupestre arborizado, campo gramíneo-lenhoso, matas de galeria,
floresta estacional semidecidual montana e brejos estacionais. Rodela (1998) apresenta uma
divisão em sete tipos vegetacionais no Parque: remanescentes de floresta estacional
semidecidual montana, floresta ombrófila densa altimontana, matas ciliares e capões de mata,
cerrados de altitude, campos rupestres, campos herbáceo-graminosos e campos encharcáveis.
3
A
B
Fig. 1: A) Mapa do Brasil mostrando o estado de Minas Gerais, dest acando o Parque Estadual
do Ibit ipoca ; B) Mapa p la ni-a ltimétrico do Pa rque Estadua l do Ibitipoca, indica ndo e m cinza as
áreas de floresta . A área maio r co nstitui a Mata Grande e à sua esquerda a área conhecida como
M atinha ou Mata pequena.
4
Araújo (2003) reconhece oito formações vegetacionais para o Parque. As florestas do Parque
são denominadas por Andrade & Souza (1995) e Salimena-Pires (1996) como florestas
estacionais semideciduais entretanto, Fontes (1997) demonstra que estas devem ser
classificadas como floresta ombrófila densa altimontana ou nebular. No Parque as florestas
revestem aproximadamente 405 ha. Deste total a floresta ombrófila altimontana, denominada
Mata Grande ocupa uma área com cerca de 94 ha, singular por revestir um morro, não se
limitando aos fundos de vale. Ela se encontra bem preservada sem quase nenhuma
interferência antrópica por não apresentar atrativos turísticos como cachoeiras e grutas è
caracterizada por um dossel rico em clareiras e de altura bastante irregular, em torno de 17 m,
sendo seu ambiente muito úmido e sombreado. A outra área é a Matinha com 30 ha,
perfazendo mais de 30% da cobertura total de floresta (Fontes 1997). Estas fisionomias,
juntamente com os campos rupestres, ocupam a maior parte da Serra. As florestas localizamse às margens dos riachos, constituindo, geralmente, formações ripárias estreitas, limitadas
pelo grande encaixamento dos cursos de água no relevo, ocorrem ainda nos canais naturais de
drenagem e entradas de grutas, onde há acúmulo de umidade e de material orgânico e mineral.
5
Fig. 2: Mapa de vegetação da região do Parque Estadual do Ibitipoca (Araújo, 2002)
6
A
B
C
F ig. 3: Tip os de ve ge ta çõ es o co rrente s no Pa rque E st ad ua l do Ib iti poca: A ) A flo ram e nt o
ro ch oso q uartz ítico no cam po ru pe stre; B) Cam po cerra do ; C) Flo rest a om bró fila den sa
a lti mo nt ana, M ata G rand e.
7
Com a base em Rizzini (1997) a fisionomia da vegetação pode ser dividida nos
seguintes tipos:
1- Campo altimontano, característico desta serra, ocorrendo em geral nas maiores altitudes do
Parque, com predominância de gramíneas e ciperáceas.
2-Campo rupestre, área de afloramento de rocha quartzítica, com arbustos esparsos, ocorrendo
em manchas em diversos pontos do Parque, com muitas espécies rupícolas das famílias
Araceae, Bromeliaceae, Piperaceae, Orchidaceae, Velloziaceae e Eriocaulaceae.
3- Mata de Candeia, assim denominada devido ao grande número de candeia (Vanillosmopsis
erythropappa (DC.) Sch. Bip.), ocorrendo em grandes extensões do Parque nas encostas e ao
redor das matas ciliares. As árvores apresentam porte pequeno, são relativamente espaçadas e
o solo é recoberto por gramíneas.
4- Floresta pluvial montana, as matas apresentam muitas epífitas devido a umidade relativa no
seu interior ser elevada contribui para o estabelecimento de espécies de Peperomia
(Piperaceae), Rhipsalis (Cactaceae), Aechmea, Tillandsia (Bromeliaceae), Anthurium,
Philodendron (Araceae), Maxillaria e Sophronithes (Orchidaceae). As árvores são de porte
alto, cerca de 20 a 30 m de altura. O porte da mata vai diminuindo em direção as maiores
altitudes, tornando-se mais secas. Essa vegetação, enquadra-se na categoria de “floresta
atlântica, mais especificamente como floresta pluvial montana”. Pode-se notar a existência de
uma vegetação tipo capoeira, com árvores e arbustos de pequeno e médio porte, nas encostas
das serras e nas proximidades do núcleo administrativo.
As matas do Parque, além de funcionarem como área de refúgio e alimentação da
fauna silvestre local, tem como função primária à manutenção de fontes e nascentes que
alimentam o rio do Salto e córrego da mata.
Na Serra do Ibitipoca nascem os rios do Salto e Vermelho, divisores de duas
importantes bacias hidrográficas, Rio Grande e Paraíba respectivamente. As quedas da Janela
do Céu (foto. 4A), Cachoeirinha (fig. 4D), além dos lagos do Espelho (foto. 4C), e das
Miragens são formadas pelas águas do rio do Salto, que continuam descendo passando por
baixo da Ponte de Pedra (foto. 4B).
8
B
A
C
D
F ig. 4 : Fo rm ações d o rio d o Salto : A ) Cach oeira d a Jan ela do C éu ; B) Po n te de P edra
com lago d a M irag em ; C) Lago d o s Esp el ho s; D ) C acho eirin ha.
9
O PEI apresenta inúmeros atrativos para seus visitantes, como rios, grutas e
cachoeiras (Fig. 5, 6) e, segundo Zaidan (2002) a sua excessiva utilização tem refletido num
quadro de acelerado processo erosivo e movimentos de massa, o que levou os responsáveis do
Parque a interditar várias trilhas e acessos a algumas grutas e cachoeiras. Exibe também
exuberante fauna e flora, no qual alguns de seus representantes só são encontrados na região,
como o lobo guará, animal em extinção, o que aumenta a importância da preservação desta
área de conservação, uma vez que o entorno do Parque é preservado na forma de reserva
particular de proteção a natureza (RPPN).
Fig. 5: Mapa ilustrativo mostrando os principais pontos turísticos do Parque Estadual do
Ibitipoca (Parque Estadual do Ibitipoca, 2004).
10
A
B
C
D
E
F
Fig. 6: Vista de algumas áreas do Parque:
A) Pico do Pião; B) Gruta do Viajante;
C) Cruzeiro; D) Cachoeira dos Macacos;
E) Paredão de Santo Antônio; F) Lombada;
G) Prainha (A–Medeiros 2004; B,C,D,E,F,G
G
- www.ibitipoca.tur.br)
11
2.1- Histórico da área
Uma das traduções para o nome Ibitipoca é “casa de pedra”, onde Ibi= pedra e oca=
casa, expressão aceita por indigenístas por estar relacionada às grutas ali existentes, que
podem ter servido de abrigo a habitantes primitivos. Outra hipótese denomina o local como
“serra da ventania ou serra fendida”, Ibitu= ventania, pug= estalo, estrondo, pedra que
explode.
Na base mais alta da serra, localiza-se a Vila de Conceição do Ibitipoca, que segundo
os registros, foi fundada por bandeirantes, por volta da segunda metade do século XVIII em
função da exploração aurífera, chegando a ter importância regional. A vila situa-se a 3 Km da
portaria do Parque (Modesto 1976).
No século XIX a diversidade florística da Serra do Ibitipoca já havia chamado a
atenção do naturalista Auguste de Saint-Hilaire que em 1822 percorreu a região coletando
inúmeras plantas. A discrição da região nos seus aspectos naturais e sócio-econômicos é
encontrada na segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo. Em um trecho
Saint-Hilaire diz: “A Serra de Ibitipoca não é pico isolado e sim contraforte proeminente de
cadeia que atravessei desde o Rio de Janeiro até aqui. Pode ser uma légua de comprimento e
apresenta partes mais elevadas, outras menos, vales, penedos, picos e pequenas partes planas.
As encostas são raramente muito íngremes. Os pontos altos representam, geralmente cumes
arredondados e os rochedos mostram-se bastantes raros. O fundo e barrocas estão geralmente
cobertos de arbustos. Mas poucos capões se vêem de matas encorpado. Quase toda a
montanha está coberta de pastos sempre excelentes”. (Saint-Hilaire, 1838).
Carl August Wilhelm Schwacke, em 1896, tem registro de sua passagem pela Serra,
destacando o Pico do Pião (Urban, 1906).
Álvaro Astolfo da Silveira em 1922 nas “Memórias chorographicas” também descreve
o local, visitado por ele em 1912, nos seus aspectos florísticos, geomorfológicos,
hidrográficos
Em 1932, numa tentativa da Igreja tomar posse das terras então desocupadas, foi
construído no Pico do Pião, segundo mais alto da região com 1722m de altura, a Capela do
Senhor Bom Jesus da Serra (Pequeno 2004).
Em 1940, Geraldo Mendes Magalhães realizou coletas na Serra de Ibitipoca, cujo
material fez parte de uma listagem preparada por Ferreira & Magalhães em 1977, a primeira
realizada para a área contendo 48 espécies distribuídas em 15 famílias.
12
Os estudos recentes na Serra do Ibitipoca foram iniciados por Leopoldo Krieger
professor do departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na
década de 60, que coletou e catalogou mais de 800 espécies vegetais, formando a coleção base
para a flora da Serra de Ibitipoca depositada no herbário CESJ. Desde então, alguns trabalhos
que enfocam a flora do PEI foram realizados, apresentando listas parciais de espécies tais
como: Forzza et al. (1994), Andrade & Sousa, (1995); Fontes, (1997); Rodela, (1998) e
Carvalho et al. (2000).
O Parque Estadual do Ibitipoca em 1984 foi fechado pelo IEF ao público objetivando
sua reestruturação e reaberto ao uso público, em 1987.
Estudos florísticos do Parque foram reiniciados seguindo uma tendência na pesquisa
por ecossistemas, e pela própria iniciativa do IEF de Minas Gerais que defendia a idéia de
“adoção” de áreas de preservação próximas às Universidades para estudo de campo.
Os trabalhos realizados pela equipe da UFJF iniciaram-se com monografias sobre
diversas famílias, de Pteridófitas a Angiospermas. Hoje, o instituto de Pesquisas Jardim
Botânico do Rio de Janeiro, a Universidade de São Paulo entre outras instituições, estão
desenvolvendo monografias, dissertações e teses no âmbito do Parque.
13
3- Revisão da literatura
As Piperaceae são estudadas desde o início do conhecimento da taxonomia botânica.
Linnaeus (1753), descreve a primeira espécie para o gênero Piper, Piper nigrum L., e mais 17
outras espécies. O gênero não é descrito pelo autor, mas de acordo com o código de
nomenclatura botânica a autoria do gênero Piper pertence a Linnaeus devido à descrição das
primeiras espécies.
Aublet (1775), registrou 14 espécies, também pertencentes a Piper, onde três destas
eram novas para o gênero.
Ruiz & Pavon (1794) classificaram o gênero Peperomia, o segundo gênero encontrado
para família. Em 1798, estes autores, em sua mais reconhecida obra para a família Piperaceae,
elaboram descrições de 24 espécies de Peperomia, a maioria com ilustrações, destas três
espécies são reconhecidas para o Brasil.
Vahl (1796, 1798), descreveu oito novas espécies para Piper, algumas com ilustrações.
Humboldt, Bonpland & Kunth (1815) registram 44 espécies para o gênero Piper e 44
para o gênero Peperomia.
Sprengel (1820) classificou Ottonia, um novo gênero para a família, que apresentava
como características básicas às inflorescências do tipo racemo, flores e frutos pedicelados,
distintas de Piper que eram definidas como espigas. A partir daí muitas espécies de Piper são
incluídas nesse novo gênero.
Vellozo (1829), estudando a flora Fluminense, registra 12 espécies de Piper.
Rafinesque (1838) descreveu cerca de sete novos gêneros: Amalago, Cubeba, Gonistum,
Oxodium, Carpupica, Methysticum e Betela.
Kunth (1839) distribuiu o gênero Piper em cinco gêneros: Ottonia Spreng., Schilleria
Kunth, Heckeria Kunth, Steffensia Kunth e Enckea Kunth.
Miquel (1839), em sua monografia, publicou um extenso número de espécies, resultado
de 25 anos de estudo na família. Mais tarde este mesmo autor (1840, 1843, 1847) estabelece
para as Piperaceae duas tribos: Peperomiaea e Piperea. Para tribo Piperea o autor descreve
dez gêneros. Essa nova classificação tem por base características da forma das brácteas e
número de estames. Outras espécies são descritas e incluídas dentro dos novos gêneros, e
combinações novas para Piper são realizadas.
Miquel (1853), assinalou as espécies da tribo Piperea em cinco gêneros: Enckea Kunth,
Artanthe Miq., Peltobryon Miq., Ottonia Spreng. e Pothomorphe Miq., subdivididos em 11
14
seções: Spuriae, Verae, Nhadi, Macrostachys, Churumayu, Radula, Hemipodion, Isophyllon,
Ottonioides, Saliuncae e Hymenophyllon. Muitas delas reconhecidas até os dias de hoje. A
tribo Peperomiae é composta por um único gênero, Peperomia, com 53 espécies subdivididas
em quatro seções: Micropiper (Miq.) Dahlstedt, Rhynchophorum (Miq.) Dahlstedt,
Acrocarpidium (Miq.) Dahlstedt e Tildenia (Miq.) Dahlstedt, com 29, 11, 5 e 5 espécies,
respectivamente. Muitos autores adotam esta divisão até hoje, sendo que neste trabalho,
Miquel redistribui as espécies e gêneros de Humboldt, Bonpland & Kunth (1815).
De Candolle (1869), reconheceu cerca de 1000 espécies divididas entre os gêneros
Piper e Peperomia, utilizados por Miquel e Kunth, mas em nível seccional. O autor separou as
seções pelo número de estames das flores.
Henshen (1873) estudando as Peperomia de Caldas, Minas Gerais, levanta 23 espécies
para a região, destas quatro eram novas. Utilizou em seu trabalho a classificação de Miquel
(1843, 1847, 1853), embora trate as seções como subgêneros, acrescentou aos caracteres para
a separação destes, a ausência ou presença de brácteas, densidade das flores na inflorescência
e formato do ovário.
Dahlstedt (1900), apresentou cerca de 230 espécies, a maioria com ilustrações. As
espécies são organizadas em nove subgêneros, alguns já tratados por Miquel (1843, 1847,
1853) como seções. Acrescentou ao gênero Peperomia sete seções e quatro subseções. Neste
trabalho todos os táxons infragenéricos são separados, principalmente, com base em caracteres
dos frutos.
Trelease (1921, 1927, 1935) iniciou estudos sobre as espécies da América. Neste estudo
adicionou e reuniu gêneros na família, alterando fortemente as classificações anteriores. Em
1927 descreveu o gênero Sarcorhachis e em 1928, Trianaeopiper. Em seus trabalhos o autor
retorna à divisão da tribo Piperea em vários gêneros e não seções.
Trelease & Yuncker (1950), reconheceram seis gêneros: Piper, Ottonia, Sarcorhachis,
Trianaeopiper, Pothomorphe e Peperomia, sendo Trianaeopiper e Sarcorhachis descritos
anteriormente por Trelease.
Yuncker (1966, 1972, 1973, 1974), realizou a mais completa obra sobre as Piperaceae
para o Brasil, resultado de seus estudos na família, durante 50 anos. Em 1966, publicou várias
novas espécies e variedades, além de novas combinações; a seguir publicou em três partes as
Piperaceae brasileiras em um total de 457 espécies, distribuídas em cinco gêneros: Piper com
265 e Peperomia com 166 espécies, assinalados como os que apresentam o maior número de
táxons e mais amplamente distribuídos em todo o país; Ottonia com 24 espécies, Sarcorhachis
e Pothomorphe com duas espécies cada. Para o gênero Peperomia, este autor o separa em
15
cinco subgêneros: Acrocarpidium (Miq.) Dahlst., Tildenia (Miq.) Dahlst., Micropiper (Miq.)
Dahlst., Sphaerocarpidium Dahlst., e Rhyncophorum (Miq.) Dahlst.
Burger (1971) estudando a família para a Costa Rica, utilizou assim como Trelease
(1927), caracteres vegetativos, e observou em muitos espécimes uma nova característica que
poderia auxiliar na identificação, a presença ou ausência dos profilos e seus detalhes.
Guimarães (1984a, 1988, 1993, 1994a, 1994b, 1997, 1999), Guimarães et al. (1984b,
1992, 2000, 2001) vem trabalhando com o grupo nos últimos trinta anos, realizando trabalhos
florísticos regionais, tendo sinonimizado, descrito e registrado novos taxa para a flora
brasileira.
Entre as décadas de 80 e 90, Callejas (1986, 1989, 1990), Görst-Van (1998) e
Steyermark (1971, 1986, 1987, 1988), realizaram também trabalhos florísticos com a família
em apreço e descreveram novos táxons para o gênero Peperomia.
Callejas (1986), em sua tese de Doutorado, revisou o gênero Ottonia (sensu Yuncker), e
o posiciona como um subgênero de Piper. Este trabalho nunca foi publicado.
Tebbs (1989a, 1989b, 1990, 1993b) iniciou a revisão do gênero Piper para a Flora
Neotrópica e Flora Mesoamericana. A autora utilizou caracteres combinados de frutos e partes
vegetativas, com base nos gêneros de Miquel (1843-1844). Em seus trabalhos têm
sinonimizado e acrescentado alguns taxa. Inclui Pothomorphe e Ottonia como seções de Piper
(Tebbs 1993b). A partir deste posicionamento, aparecem dúvidas quanto à validade de
Sarcorhachis e Zippelia Blume, gêneros muito próximos de Piper. Tebbs considera a
existência de Zippelia, gênero com uma espécie da Indochina e Malásia, pela sua
característica única na família de gloquídeos nos frutos, além do número de cromossomos de
x=19, comparado com Piper onde x=13 e o gênero Sarcorhachis é separado pelas
inflorescências axilares.
16
4- Material e métodos
O trabalho foi fundamentado principalmente em estudos morfológicos, tendo sido
examinado para este fim, espécimes herborizados somado a observações das espécies no
campo.
Os espécimes herborizados foram obtidos de diversas instituições nacionais e
internacionais, relacionadas na lista de abreviaturas, pela ordem alfabética de suas siglas e
respectivas denominações, de acordo com o Index Herbariorum (Holmgren et al., 1990).
Foram realizadas cinco excursões com duração de cinco dias cada, no período de
março de 2004 a março de 2005 ao Parque Estadual do Ibitipoca, a fim de realizar as
observações e o levantamento florístico das Piperaceae. As coletas foram feitas por todo o
Parque abrangendo uma área de 1923,5 hectares em diversos tipos de vegetação. As espécies
coletadas foram fotografadas no ambiente natural e prensadas ainda no campo, conforme
procedimento clássico de herborização. As amostras das espigas com flores e frutos foram
fixadas em álcool a 70% para observação, descrição morfológica e ilustração de suas
estruturas. O material coletado, após o processo de secagem foi montado, etiquetado,
registrado e incluído na coleção do RB, quando possível foram feitas duplicatas para o CESJ.
Para identificação das espécies foram utilizadas bibliografias especializadas, chaves de
identificação, além de comparação com as coleções depositadas nos herbários.
As mensurações das estruturas morfológicas foram realizadas utilizando paquímetro
dada sua maior precisão. As medidas apresentadas nas descrições indicam os limites mínimo e
máximo encontrados, respectivamente.
Para observação morfológica externa foram utilizados os conceitos de Rizzini (1977),
Stearn (1998) e Hickey (2003). Para caracterização dos frutos foi adotado Barroso et al.
(1999).
Foram elaboradas chaves de identificação para os gêneros e as espécies, com base nos
caracteres diagnósticos de exemplares da área. As descrições dos gêneros e espécies seguem a
ordem alfabética no texto.
As obras, os periódicos e os autores dos táxons foram citados, respectivamente,
segundo Stafleu & Cowan (1976-1988), Lawrence et al. (1968) e Brummitt & Powell (1992).
A citação das obras e dos periódicos nas referências bibliográficas seguem a Associação
Brasileira de Normas Técnicas (2000), com exceção aonde a data vem após os autores.
Os tipos foram citados igual como estava na obra princeps.
17
Os dados sobre as formações vegetacionais seguem Veloso et al. (1991) e Rizzini
(1997), com algumas modificações. A distribuição geográfica, hábitat, os dados de floração e
frutificação foram obtidos das etiquetas de herbários, acrescentados com as observações
realizadas no campo e na literatura especializada. Os nomes populares e a utilidade das
espécies têm por base em informações locais ou em literatura especializada.
As ilustrações de macromorfologia foram realizadas em microscópio Carl Zeiss
(equipado com câmara clara) em diferentes escalas de aumento.
As ilustrações apresentadas no texto do trabalho foram feitas em nankin e nas legendas
das figuras constam o nome e número do coletor do material utilizado.
As espécies fotografadas foram provenientes da área estudada. Foi utilizada máquina
digital Sony DSC-P93 Cybershot.
Os “sites” de taxonomia na Internet, tais como o do Missouri Botanical Garden
(http://www.mobot.org), o IPNI (the International Plant Names Index, http://www.ipni.org) e
o Index Kewensis, foram utilizados para obtenção de informações sobre algumas “obras
princeps” das espécies tratadas para o Parque Estadual do Ibitipoca. Outras bibliografias
gerais também foram adquiridas através de “sites” de busca da Internet como “Google”
(www.google.com) e Gallica (http://gallica.bnf.fr)
As ilustrações para os frutos foram selecionadas de Dahlstedt (1900).
A infraestrutura logística de apoio aos estudos de campo foi fornecida pelo Parque
Estadual do Ibitipoca e os de laboratório pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio
de Janeiro.
O tratamento taxonômico das espécies consta da citação de obras originais, basiônimos
e os sinônimos são citados somente quando recentes.
Sobre o uso medicinal das espécies as informações foram obtidas de diversas obras
citadas no texto, das etiquetas de herbários, além daquelas fornecidas pela comunidade local.
18
5- Posicionamento taxonômico das Piperaceae
A Família Piperaceae, segundo Cronquist (1988), pertence à subclasse Magnoliidae que
apresenta características menos derivadas, quando comparadas a outras subclasses de
dicotiledôneas. Segundo este autor, a família está posicionada na ordem Piperales, juntamente
com as famílias: Saururaceae e Chloranthaceae. Atualmente, a ordem Piperales é representada
apenas por duas famílias: Piperaceae e Saururaceae (Endress, 1994; Judd et al. 1999; Tucker
et al. 1993). A ordem é caracterizada por apresentar células com óleo essencial e flores com
perianto reduzido organizadas em inflorescências do tipo espiga ou racemo. Conforme Qiu
(1999) e APG II (2003), a ordem Piperales abrange cinco famílias em dois subgrupos:
Hydnoraceae, Lactoridaceae, Aristolochiaceae, Saururaceae e Piperaceae, esta última com
duas subfamílias: Peperomioideae e Piperoideae, também tratadas como tribos (Miquel 1853)
ou famílias (Burguer 1977). A maioria dos representantes da ordem se apresenta com hábito
herbáceo a pequenos arbustos e os feixes vasculares apresentam tendência a um arranjo
desorganizado, característica esta predominante em monocotiledôneas. Entretanto, os feixes
vasculares em Piperaceae são abertos, ou seja, não envolvidos por bainha de esclerênquima, o
que possibilita o crescimento secundário (Burguer 1977, Cronquist 1981, 1988, Tebbs 1993a).
As Piperaceae são muito próximas as Saururaceae (Burger 1972, 1977; Cronquist 1988; Judd
et al. 1999), e são diferenciadas, principalmente, pela presença de um único óvulo e gineceu
sincárpico em Piperaceae, enquanto em Saururaceae o gineceu é apocárpico com um ou mais
óvulos por carpelo (Burger 1972; Cronquist 1988).
Para Dahlgren et al. (1985) a semelhança entre Piperales e Arales é um notável caso de
convergência. Para o autor a semelhança entre as duas ordens se dá devido à adaptação ao
habitat de florestas úmidas, que influencia igualmente sua arquitetura vegetativa, condensação
das flores na espiga, redução de flores individuais e desenvolvimento de fruto carnoso.
Judd et al. (1999), através de análises filogenéticas com base na morfologia, seqüências
de rRNA, rbcl e atpB, sugerem uma nova organização para as Angiospermas. A proposta
deste autor apresenta três grupos: dois filogeneticamente bem suportados, com os pólens
tricolpados ou eudicotiledoneas e as monocotiledôneas; e um outro grupo ainda não bem
estabelecido, que não se encaixa dentro das monocotiledôneas e nem dos tricolpados. A
subclasse Magnoliidae, dicotiledôneas com pólen não tricolpado, foi subdividida por Judd et
al. (1999) em dois grupos, as Magnolioides, representado pelas ordens Magnoliales, Laurales,
Illicales e as Paleoervas, representado pelas ordens Piperales, Aristolochiales e Nymphaeales.
19
Recentemente Nee (2004), com base nas análises moleculares e morfológicas coloca
Piperaceae e Saururaceae como grupo irmão, e sugere seu parentesco com as famílias
Aristolochiaceae e Hydnoraceae. Assinala dois gêneros Piper e Peperomia e informa que
Potomorphe poderá ser inserido em Piper, ressalta ainda que existem diferenças suficientes
entre Peperomia e Sarcorhachis propondo separar o primeiro gênero em família aparte,
Peperomiaceae.
Atualmente, os gêneros Piper, Peperomia e Sarcorhachis são considerados grupos
naturais e monofiléticos que inclui diversas categorias infragenéricas, distribuídas em três
grandes regiões tropicais (Tebbs 1989a, 1989b, Jaramillo & Manos 2001).
20
6- Distribuição geográfica
A família Piperaceae possui distribuição pantropical, com maior número de espécies
ocorrendo na região neotropical. O principal centro de diversidade da família está localizado
nas Américas Central e do Sul. Para o Velho Mundo, a Ásia e Malásia possuem o maior
número de espécies (Yuncker 1958; Heywood, 1979; Jaramillo & Manos 2001).
A família esta representada mundialmente por cerca de 2500 espécies em cinco
gêneros, com táxons amplamente distribuídos outros endêmicos (Tebbs 1989a; Jaramillo &
Manos 2001).
Os gêneros Piper L. e Peperomia Ruiz & Pav. são encontrados preferencialmente nas
florestas tropicais com a maioria das espécies ocorrendo nas Américas (Bornstein 1989, Tebbs
1993a). Sarcorhachis Trel. possui quatro espécies neotropicais, Zippelia Blume possui apenas
uma espécie nas florestas do sudeste da Ásia e Macropiper (Miq.) Dahlst., com nove espécies
representadas no Sul das Ilhas do Pacífico (Tebbs 1993a).
O Brasil, apresenta alta diversidade de Piperaceae, sendo encontradas no país cerca de
500 espécies (Yuncker 1972, 1973, 1974) em apenas três gêneros (sensu Tebbs 1989a),
amplamente representada no território nacional.
As espécies de Piperaceae são observadas, ocorrendo, principalmente, em matas
úmidas, mas são encontradas, também, crescendo em bancos de areia de rios, como Piper
bartilingianum (Miq.) C. DC.), em restingas, como Piper hoffmannseggianum Roem. &
Schult. (Callejas, 1986) e espécies em cerrado ou florestas secas, como P. aduncum L.
(Fleming 1985). Bornstein (1989), refere que o gênero Piper está melhor distribuído em
formações florestais abaixo de 1000 m de altitude. Callejas (1986) registra que para a seção
Ottonia Spreng. são observadas espécies que crescem em altitudes entre 50-1500 m.
As espécies do gênero Peperomia encontram-se, principalmente, no interior das matas
úmidas, geralmente em matas de galeria muito próximas a córregos, mas também podem
ocorrer em matas secas, com afloramentos calcários, como Peperomia gardneriana Jacq., em
afloramentos rochosos como Peperomia oreophila Hensch. ou ainda são assinaladas para as
restingas, como P. rubricaulis (Nees) A. Dietr. e P. pereskiaefolia (Jacq.) Kunth.
As espécies do gênero Piper podem ocupar ambientes abertos ou perturbados de
floresta. Há espécies capazes de tolerar a sazonalidade de florestas tropicais secas decíduas ou
subdecíduas. Uma grande parte das espécies de Piper são oportunistas, colonizando áreas de
21
clareiras, estradas e pastos, mas há também as que crescem em locais úmidos ou florestas
fechadas (Tebbs 1989a, 1993a).
22
7- Importância econômica
A utilização comercial das Piperaceae é ainda muito restrita, algumas espécies,
entretanto, são valorizadas comercialmente há muito tempo, como Piper nigrum L., a pimenta
do reino, comercializada desde o século XV, cujos frutos de sabor picante, são utilizados
como condimento. Outra característica da espécie é o potencial medicinal conhecido por
muitos povos para soluções de problemas estomacais, de diurése e falta de apetite (Pio Correa,
1984). Seus frutos maduros produzem a pimenta branca, enquanto os frutos colhidos verdes,
secos, produzem a pimenta preta do comércio (Joly 1984).
A atividade medicinal, nem sempre comprovada cientificamente seria uma das
principais utilizações dos representantes da família, especialmente, para o gênero Piper.
No Brasil, as espécies Piper nigrum, Piper aduncum L. (aperta-ruão), P. marginatum
Jacq. (caápeba) e P. peltatum L. (malvarísco) são utilizadas como diurético, desobstruente do
fígado e para dor dente, enquanto Piper marginatum Jacq., P. amplum Kunth. (alfavaca), P.
arboreum Aubl. subsp. tuberculatum (Jacq.) Tebbs. (Jaborandi, jaborandi-do-mato) são úteis
contra peçonha de cobra. Por outro lado P. mollicomum Kunth. (papiparoba, caapeba) é usada
para fluxo menstrual severo e como antileucorréica e as raízes de P. arboreum subsp.
arboreum Aubl. são empregadas para confecção do “curari” e contra o efeito de venenos de
outras espécies de plantas, a infusão das suas folhas tem poder diurético, fortificante,
expectorante, contra febres intermitentes e o escorbuto. Seus frutos são alimento de morcegos,
dando-lhe, assim, o nome popular de fruto-de-morcego, pimenta-do-mato, jaborandi-do-rio,
pimenta-dos-índios (Pio Correa 1984; Mors et al. 2000). Outra espécie muito conhecida é o
Piper callosum L., a infusão das folhas produz um chá, conhecido por elixir paregórico, usado
para afecções intestinais em crianças (Pio Correa 1984). O extrato clorofórmico de caule de P.
arborescens Roxb. revelou significativa atividade contra sistemas de culturas de células KB e
de leucemia linfocítica P-388 (Geram et al. 1972). Piper hispidinervum C.DC. nativa do Acre,
fornece um tempero de boa qualidade e suas folhas e ramos produzem um óleo volátil com
grande quantidade de safrol (Ruschel 2004).
Na Índia muitas piperáceas já são reconhecidas e utilizadas pelo sistema de saúde
médico por suas propriedades medicinais tanto quanto na América Latina e Antilhas (Santos
1999). Na Jamaica entre as onze espécies de Piper conhecidas. P. aduncum L. e P. hispidum
Sw. são listadas como remédio para dores de estômago e como repelentes de insetos (Asprey
& Thornton 1954). Na Guatemala P. aduncum é usado contra vaginites e leucorréia (Ettre &
23
Billeb 1967). Piper amalago L., é usado para aliviar dores no peito e como antiinflamatório
(Dominguez & Alcorn 1985). As raízes de P. sylvaticum Roxb. são usadas como um efetivo
antídoto para veneno de cobra na Índia. As raízes e frutos de P. chaba Hunter encontraram
numerosas aplicações medicinais, em particular eles são usados contra asma, bronquites,
febres, dor de barriga, como estimulante e nas aflições do tipo hemorroidais. P.
brachystachyum Vahl revelou propriedades inseticidas (Parmar et al., 1997), enquanto P.
futokadsura Siebold em Taiwan e Fuchein é conhecida popularmente como “haifengteng” e
seu caule é usado no tratamento da asma e artrite, bem como o extrato benzênico de suas
folhas mostrou atividade anti-estimulante do apetite contra a larva de Spodoptera litura F.
(Parmar et al., 1997). P. guineense Schumach. & Thonn. conhecida como pimenta negra na
África, tem seu fruto empregado como condimento, enquanto o preparo das folhas, raízes e
sementes servem internamente, como agentes medicinais, para o tratamento de bronquites,
doenças gastrointestinais, venéreas e reumatismos. As preparações obtidas das sementes têm
sido úteis por suas propriedades contra irritação e inseticidas (Parmar et al., 1997). Um extrato
da pimenta negra revelou carcinogênese em camundongos (Parmar et al., 1997). Os extratos
em éter de petróleo e em diclorometano das folhas e caule de P. falconeri C.DC. exibiram
atividades inseticidas contra Musca domestica e Aedes egyptii. O extrato P. betle L. revelou
atividade anti-hipertensiva e o de P. acutistigmum C.DC. atividade como inibidor da
aflatoxina ligante B1-DNA (Parmar et al., 1997). Algumas das espécies de Piperaceae já são
comercializadas por pequenas farmácias de manipulação no Brasil e em Cuba.
A química das espécies de Piper tem sido largamente investigada e as pesquisas
fitoquímicas em todas as partes do mundo têm levado ao isolamento de um número de
substâncias fisiologicamente ativas: alcalóides/amidas, propenilfenóis, lignanas, neolignanas,
terpenos, esteróides, cavapironas, piperolídeos, chalconas, diidrochalconas, flavonas e
flavanonas (Parmar et al., 1997, Santos, et al. 2001). Muitas espécies da família Piperaceae
são ricas em alcalóides, como o Piper nigrum, P. auritum, P. amazonicum, P. hispidum, P.
consaguineum. Estes princípios são responsáveis pela atividade inseticida em grãos de milho,
arroz e feijão armazenados, são antibactericidas, antimicrobianos, antifúngicos e potentes
antialimentarios e ainda se atribuem propriedades
medicinais como
analgésicos,
antiflamatorios e anestésicos. Piper grande Vahl possui propriedades desinflamatórias e
inseticidas (Granados et al. 2002)
Ressalta-se ainda a importância do gênero Peperomia onde muitas espécies são
cultivadas como ornamentais, por exemplo: Peperomia caperata Yuncker, P. clusiaefolia
(Jacq.) Hook., P. obtusifolia A. Dietr., P. scandens Ruiz & Pav., P. sandersii C.DC (Lorenzi
24
& Souza, 1999), cuja beleza reside, principalmente, em sua folhagem, enquanto outras são
utilizadas na alimentação e como medicinais. (Guimarães, inédito).
No Parque Estadual do Ibitipoca foram encontradas algumas espécies de Piperaceae
que dispõem de valor medicinal como Piper lhotzkyanum e P. corcovadensis (Miq.) C. DC. e
outras de valor ornamental como Piper richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC e P.
tectoniifolium Kunth.
25
8- Resultados
8.1- Caracterização morfológica dos gêneros Peperomia Ruiz & Pav. e Piper L.
8.1.1- Hábito
O gênero Peperomia é composto por plantas terrestres, rupícolas ou epífitas, anuais ou
perenes de hábito herbáceo, raramente chegando a 1 m de comprimento, eretas, escandentes
ou estoloníferas, enquanto Piper tem hábitos variados, constituindo de arbustos e subarbustos,
mas existem também espécies de trepadeiras lenhosas, até pequenas árvores e raro ervas
(Blanc 1983; Burger 1971, Tebbs 1989a). A altura das plantas pode variar de 1-5 m de altura
nas espécies de hábito arbustivo e subarbustivo, chegando a 10 m ou mais as de hábito
arbóreo.
No PEI são observadas arbustos e arvoretas com alturas variando de 1 a 7 metros.
8.1.2- Caule
Nas Peperomia os caules são prostrados com numerosos ramos laterais ou eretos,
suculentos, cilíndricos, tetragonais, sulcados, verdes ou vinosos, glabros ou pilosos, enquanto
em Piper o caule apresenta ramos nodosos (Gentry 1996), cilíndricos, lenticelados, estriados,
glândulosos ou lisos, com ramos glabros ou com uma grande variedade de tricomas.
8.1.3 – Profilo
Nas espécies do gênero Piper ocorrem estruturas vegetativas associadas com o
desenvolvimento de novas folhas e inflorescências (Bornstein 1989). São folhas reduzidas que
subtendem os ramos laterais freqüentemente ocorrendo em posição anormal e assim não
confirmando a filotaxia normal do ramo. Embora em dicotiledôneas sejam geralmente dois,
em Piper ocorre apenas um, como nas monocotiledôneas (Eames 1961 apud Bornstein 1989).
Esta estrutura já foi chamada por vários autores de estípula (Burger 1971, Trelease &
Yuncker, 1950, Yuncker 1974). Posteriormente Burger (1972), estudando espécies de Piper
26
da América Central, acompanhou a formação desta estrutura e concluiu que pela sua posição e
função de proteção das folhas jovens e inflorescências, não poderia ser uma estrutura
estipular, como ele mesmo havia dito anteriormente. O autor nomeia esta estrutura de profilo.
A partir de então, os principais autores que trabalham com o gênero Borntein (1989), Callejas
(1989), Tebbs (1989a, 1990, 1993b) adotaram o termo profilo.Tebbs (1989a) caracteriza os
profilos como brácteas ou escamas que algumas vezes são encontradas subtendendo as gemas
axilares que ocorrem em Piper para fornecer proteção ao novo crescimento.
Os profilos no gênero Piper podem ser caducos, portanto nem sempre são evidentes. A
estrutura pode ser glabra, mas freqüentemente é pubescente. O formato pode variar de
triangular, deltóide a truncado e o tamanho pode alcançar de milímetros a poucos centímetros
de comprimento (Bornstein 1989).
Até 1972, os profilos nunca haviam sido utilizados como caráter taxonômico. A partir
do trabalho de Burger (1972), esta estrutura tem sido mais cuidadosamente observada e em
muitos casos auxilia na identificação e classificação de espécies do gênero. Tebbs (1989a)
considera que os profilos, por si só podem reunir grupos de espécimes estéreis, mas raramente
espécies. Burger (1972) e Tebbs (1989a) consideram que o profilo juntamente com caracteres
florais e de fruto, podem auxiliar na determinação das espécies.
Os profilos nas espécies do PEI são geralmente caducos variando de 0,2 a 3,5 cm de
comprimento, ovado-lanceolados a lanceolados, glabros ou pubescentes com ápice geralmente
agudo, inteiro, bifido ou cuspidado, presença de glândulas ou não e a margem pode se
apresentar coriácea, lisa, ciliada ou tomentosa.
8.1.4- Folha
As folhas das Piperaceae são simples e inteiras, geralmente pecioladas, raramente
folhas sésseis ou peltadas. Nas Peperomia do PEI geralmente apresentam pecíolos cilíndricos,
algumas vezes envaginando-se no caule cujo comprimento é bastante variável, podendo ser de
1-2 mm em Peperomia tenella e P. tetraphylla a 2,6 cm em P. augescens ou sésseis ou
subsésseis como em P. crinicaulis, P. galioides, P. oreophila, enquanto em Piper são todas
pecioladas variando de 0,4 a 11 cm comprimento, que são invaginados e às vezes alados. As
alas podem iniciar-se em qualquer parte do pecíolo, mas, geralmente, se encontram em toda a
27
extensão do mesmo, podendo também ser persistentes ou caducas. As bainhas podem ser
basais, canaliculadas e se constituem úteis como caracteres diagnósticos.
Nas Peperomia as folhas são suculentas e planas, às vezes com leves concavidades,
com formato muito variado, dispostas no caule de três formas diferentes nas espécies do
Parque Estadual do Ibitipoca. A filotaxia alterna ocorre em P. augescens Miq., P.
diaphanoides Dahlst. (Fig.7A), P. rotundifolia (L.) Kunth e P. tenella (Sw.) A. Dietr.; a
verticilada está representada em P. galioides Kunth, P. oreophila Hensch., P tetraphylla
(Forst.) Hook. & Arn. (Fig.7B) e P. crinicaulis C. DC.; enquanto em P. mandiocana Miq. as
folhas são opostas no ápice, podendo ser alternas na base (Fig.7C); As Peperomia de folhas
verticiladas podem se apresentar com três ou várias folhas por nó. Nas espécies estudadas P.
tetraphylla e P. crinicaulis sempre dispõem de um número constante de folhas por nó, 4 e 3
respectivamente, P. oreophila e P. galioides variam em um número de 3 a 9 folhas por nó. Em
Piper a filotaxia é alterna.
As lâminas são variáveis, sendo encontradas ovais, obovais, lanceoladas, passando por
formas intermediárias, em geral na mesma planta, dificultando a identificação de espécies
estéreis o que promove o aumento dos sinônimos, visto que muitas foram descritas com base
em caracteres vegetativos (Tebbs 1989a). As dimensões também são variáveis, em Peperomia
podem apresentar folhas com alguns milímetros até 15 cm de comprimento (Trelease &
Yuncker 1950). Esta variação pode ser observada em P. crinicaulis e P. rotundifolia, nas
quais foram vistas folhas pequenas com comprimento variando de 3-7,5 mm e 0,2-1,2 cm
respectivamente e em P. diaphanoides que possuem dimensões maiores, chegando a 6,5 cm
de comprimento. No PEI, foram encontrados diversos formatos de folhas para as espécies de
Peperomia, para as quais foi adotada a terminologia de Stearn (1998). Foram observadas,
folhas obovado-lanceolada, como em P. diaphanoides e P. galioides, elípticas em P.
mandiocana e P. tenella, arredondadas em P. crinicaulis, P. rotundifolia e nas folhas basais de
P. augescens, lanceolados-elípticas nas folhas do ápice de P. augescens, rômbeo-elípticas em
P. oreophila e P. tetraphylla. As folhas têm sempre a base simétrica, variando de obtusa a
aguda ou arredondada. O ápice pode ser constricto-agudo a retuso, agudo-arredondado,
obtuso. Em Piper o comprimento varia de 5 a 70 cm. A base das lâminas é geralmente
assimétrica, com assimetria variando um lado em relação ao outro de um milímetro a 7 cm. A
cor das folhas varia de verde clara a amarelada ou verde-escura a quase negras, folhas jovens
podem ser esbranquiçadas, róseas a vináceas.
28
A
B
C
Fig. 7: Filotaxia: A) alterna - Peperomia diaphanoides; B) verticilada - Peperomia
tetraphylla; C) aposta - Peperomia mandiocana.
29
As folhas de várias espécies de Peperomia são muito atrativas, conferindo ao gênero um alto
potencial ornamental, dado que possuem cores fortes e podem também ser variegadas, com
listras brancas, vináceas, verdes ou simplesmente verdes e brilhantes. Em alguns casos o
indumento pode mascarar a cor da lâmina, proporcionando uma nova coloração à folha. Entre as
espécies estudadas, P. augescens e P. diaphanoides apresentam a face abaxial vermelha, P.
tetraphylla var. valantoides tem coloração verde com máculas alvas ou verde claras, P.
oreophila e P. galioides são verde discolores e quando expostas diretamente ao sol ficam
amareladas.
As espécies de Peperomia possuem folhas com nervuras que se apresentam
conspícuas, proeminentes ou inconspícuas, neste último caso muitas vezes necessita de
acurada análise para inclusão nos padrões de nervação de Hickey (1988). A maioria das
espécies possui folhas com nervação do tipo palmada, poucas são do tipo pinada (Trelease &
Yuncker 1950). Entre os táxons estudados foram observados três tipos de padrões de nervação
de acordo com Hickey (1988):
Hifódroma: todas as nervuras, exceto a nervura primária estão ausentes, rudimentares ou
inconspícuas dentro de um mesófilo coriáceo ou carnoso.
Campilódroma: várias nervuras primárias ou secundárias proeminentes surgem próximas ou
em um mesmo ponto, fazendo uma pequena curvatura na base antes de seguir em direção ao
ápice.
Acródromo: Duas ou mais nervuras primárias ou nervuras secundárias bem desenvolvidas
correndo em arcos não recurvados na base, convergentes em direção ao ápice da folha. Este
caso é muito semelhante ao anterior, mas as nervuras não fazem curvaturas na base antes de
dirigir-se ao ápice como em Peperomia augescens.
Neste trabalho foram observadas espécies de Peperomia que possuíam as nervuras no
padrão acródromo perfeito basal, mas nunca fortemente desenvolvidas, sendo que todas as
nervuras encontravam-se inseridas e não visíveis no mesófilo das folhas carnosas do gênero.
Neste caso o termo aplicado a este tipo de nervação foi inconspícuo.
O padrão de nervação das espécies de Piper é bastante diferenciado, são evidenciados
os tipos de nervação presentes nas Dicotiledôneas, podendo a rede ser densa ou laxa. Nas
espécies do PEI foram observados os seguintes padrões de nervação, segundo a terminologia
de Hickey (1988) e com adaptações de Cavalcanti (1995).
30
- Broquidódromo: geralmente constituído de 10-15 nervuras secundárias, alternas,
ascendentes, dispostas até o ápice da lâmina, proeminentes na face abaxial, presença de
nervuras intersecundárias como em Piper corcovadensis (Miq.) C.DC. e P. miquelianum
C.DC.
- Misto camptódromo-acródromo: com tendência campdódromo na base e acródromo no
ápice, geralmente 3-6 nervuras secundárias, alternas, ascendentes, proeminentes, dispostas até
a porção mediana da lâmina, presença de nervuras intersecundárias como em Piper
lhotzkyanum Kuntn, P. mollicomum Kunth e P. solmsianum C. DC.
- Misto camptódromo-broquidódromo: com tendência camptódromo na base e broquidódromo
no ápice, geralmente 6-8 pares de nervuras secundárias, alternas, ascendentes, dispostas até o
ápice,
descendentes
nos
lobos,
nervuras
intersecundárias
presentes.
Ex:
Piper
psedopothifolium C. DC., P. tectoniifolium Kunth e P. richardiifolium Kunth.
Observa-se que de um modo geral as partes vegetativas do gênero Piper têm,
freqüentemente, um odor de óleo aromático, quando amassadas, e um sabor picante quando
mascadas, graças a presença de óleos voláteis e oleoresinas, respectivamente (Burger 1971;
Hill 1974).
8.1.5- Inflorescência
As inflorescências de Piperaceae são geralmente espigas simples, mas em alguns casos
podem ser compostas do tipo umbelas de espigas ou racemo. No PEI encontram-se os dois
tipos. Piper corcovadensis, Piper miquelianum (Fig. 8A) e Peperomia tenella (Fig. 8B) têm
sua inflorescência do tipo racemo e as demais são espigas (Fig. 8C).
Quanto ao posicionamento das inflorescências, estas podem ser terminais, axilares ou
opostas às folhas, variando de solitárias, a várias, caracterizando uma umbela de espigas.
Tem-se P. galioides como um caso de umbela de espigas (Fig. 8D). As espigas são ainda
eretas como em Peperomia tetraphylla, P. oreophila e Piper solmsianum, pendentes, como
em Peperomia augescens, P. galioides e P. richardiifolium ou curvadas como P. mollicomum.
As espigas de Peperomia podem alcançar de 1 a mais de 20 cm de comprimento. As
dimensões das espigas de Piper são variáveis, e as espécies podem apresentar inflorescências
de 1 a 70 cm de comprimento e 0,1 a 1 cm de largura. Os pedúnculos são sempre cilíndricos,
com tamanhos diversos, filiformes, de poucos milímetros a vários centímetros de
31
comprimento, glabros ou com indumento. As raques são carnosas, lisas ou rugosas, glabras ou
raro possuem tricomas, glândulas ou são fimbriadas. Na maioria das Peperomia as raques são
cilíndricas. O ápice da raque é freqüentemente inteiro. Outra característica apresentada nas
raques de Peperomia é a presença, em algumas espécies, de depressões de onde surgem às
flores e os frutos. Estas estruturas foram denominadas como fóveas para as Loranthaceae
(Rizzini 1978, 1995) e seguiu-se esta terminologia adaptada para as Piperaceae por CarvalhoSilva (2002).
Todas as flores são subtendidas por uma bractéola diretamente posicionada sobre as
mesmas, estas bractéolas são pedunculadas e, geralmente, peltadas ou subpeltadas, suculentas
com pedúnculos muito delgados ou mais largos, que surgem próximo à base do ovário; são
geralmente glandulosas ou possuem cílios em suas margens. São pouco variáveis em formato,
apresentando-se orbiculares, ovais, triangulares, raro se constituindo um forte caráter
taxonômico, entretanto, em P. oreophila foram encontradas cerdas no ápice das bractéolas,
estrutura que ainda não havia sido descrita por nenhum outro estudioso. Em Piper, ao
contrário, as bractéolas se apresentam como um forte caráter diagnóstico, assim o formato, as
dimensões e a posição das fimbrias ou tricomas são variáveis de acordo com cada espécie, as
formas principais encontradas são orbiculares, triangulares, sacado-galeadas ou em forma de
conchas. Quanto ao indumento podem ser totalmente glabras ou fortemente pilosas, mas
geralmente as margens são apenas ciliadas ou fimbriadas. A presença ou ausência do
indumento nas bractéolas pode facilmente separar grupos de espécies. Tebbs (1989a, 1990,
1993b) utiliza os diferentes formatos das bractéolas como forte caráter para determinação de
seções e muitas vezes de espécies de Piper. Apesar das bractéolas terem esta diferenciação,
elas podem variar de acordo com o grau de maturação das espigas e, neste estágio, o seu valor
diagnóstico diminui para ser utilizado na taxonomia do gênero.
Algumas espécies de Peperomia possuem brácteas no pedúnculo com várias formas e
dimensões, geralmente lineares e carenadas, com ápice agudo ou obtuso. Das espécies
encontradas no PEI nenhuma apresentou bráctea.
32
A
B
C
D
F ig. 8: T i po s d e In flo res cê ncia s: R a ce m o : A ) P iper m iquelianum; B ) P eperom ia tenella ;
C ) E sp ig a sol itá ria - P iper solm sianum; D) U m b ela de e sp ig a s - P eperom ia galioides
33
8.1.6- Flor
As flores das Piperaceae são geralmente hermafroditas, principalmente nas espécies
ocorrentes nas Américas, imperfeitas ou dióicas, nas espécies ocorrentes no Velho Mundo,
aperiantadas sendo então protegidas pela bractéola e de simetria bilateral, devido à posição
dos estames no androceu (Tucker 1980). Podem ser sésseis ou pediceladas. Elas não
apresentam bons caracteres para a distinção de espécie, pois todas são bastante homogêneas
quanto às suas características. A disposição das flores na inflorescência é variada e dentro da
mesma espécie, as mesmas aparecem em disposições irregulares, podendo ser laxas ou
densamente dispostas na espiga. As flores são diminutas, muito semelhantes entre as espécies.
Em estudos feitos por Tucker (1982) é registrada a existência de centenas a milhares de flores
por espiga, dependendo da espécie estudada.
Os estames de Peperomia são sempre em número de dois, opostos entre si e presos à
base do ovário, os de Piper surgem da base do gineceu, formando um ou dois verticilos
(Tebbs 1989a, Tucker 1982). O número de estames do androceu pode variar muito nas flores
de Piper. Autores como Lei & Liang (1998) e Jaramillo & Manos (2001) registram em seus
trabalhos a existência de 1 a 10 estames para o gênero. Tebbs (1989a) menciona a existência
de 2-6 estames, enquanto Tucker (1982) refere apenas espécies com 2, 3, 4, 6 ou 7 estames. Já
Trelease & Yuncker (1950) e Yuncker (1972) observam a existência de espécies com apenas
2-5 estames. Essa variação no número de estames, encontrada por cada autor, dá-se devido à
dificuldade da contagem nas espigas, por estas conterem as flores muito próximas tanto em
material herborizado quanto em material vivo. Nas espécies do Parque foram registradas
somente quatro estames, dispostos em um único verticilo, as anteras são biloculares, globosas
ou alongadas, de abertura rimosa e com conectivo inconspícuo.
O número de carpelos do gineceu das Peperomia é controverso. Para Tucker (1980) é
monocarpelar, mas para Wettstein (1935 apud Tucker 1980) o gineceu é bicarpelar devido a
presença de dois lobos no estigma. Mohandas & Shad (1982) apontam que devido ao grande
número de espécies no gênero Peperomia, pode haver algumas com diferentes números de
carpelos. Os autores mostram em seu trabalho a existência de flores com um ou dois estigmas
em uma mesma inflorescência.
O gineceu é composto por um lóculo com um óvulo em placentação basal, do tipo
ortótropo (Sastrapradja 1968).
34
A maioria das espécies apresentam os estigmas sésseis. Nas espécies de Peperomia do
PEI o estigma é apical ou subapical.
Em Piper o gineceu é sincárpico, unilocular, uniovulado, com placentação basal.
Muito se tem discutido quanto ao número de carpelos para o gênero. Lawrence (1951 apud
Bornstein 1989) e Lei & Liang (1998), têm referido que o gineceu das espécies de Piper
possuem de 2 a 5 carpelos. Johnson (1902) e Bornstein (1989) observam apenas 3 carpelos e
Tucker (1982) observa também a presença de 3 carpelos nas espécies estudadas, mas a autora
não descarta a possibilidade da existência de 4 carpelos. Tebbs (1989a) registra a presença de
3 e mais raramente 4 carpelos. Callejas (1986) considera para a seção Ottonia a presença de 4
carpelos.
Geralmente é observado flores e frutos do gênero Piper com estigma séssil, mas há
espécies que possuem estiletes longos. Os estigmas são papilosos com tricomas clavados ou
columelares e geralmente recurvados, divididos em 3 partes, mas podem ser encontrados
divididos em quatro ou cinco partes. Tebbs (1989a) afirma que pode ocorrer, muito raramente,
2 estigmas. No PEI foram observadas espécies com apenas 3-4 estigmas.
Alguns caracteres florais como a presença de estilete, o número de estigma e a
presença de pedicelo, tipos de brácteas, raque, são diagnósticos podendo separar grupos de
espécies.
8.1.7- Fruto e semente
Os frutos em Piperaceae são pequenas drupas com pericarpo muito fino e endocarpo
solidificado, geralmente revestido por glândulas em Peperomia e podem ser lisos ou mais
raramente papilosos, pilosos ou híspidos, principalmente no ápice do fruto (Barroso et al.
1999, Bornstein 1989, Trelease & Yuncker 1950). Geralmente, quando o ovário possui
estilete, este persiste nos frutos e em alguns casos tornam-se mais evidentes do que nas flores,
tornando o fruto apiculado. O ápice do fruto pode ser estiloso, dilatado formando um escudo
oblíquo ou com longo rostro. Sua superfície pode ser lisa, verrucosa, estriada com a presença
de glândulas ou tricomas. O estigma sempre persiste nos frutos, pode apresentar-se apical,
subapical ou central. Em algumas espécies de Piper os frutos podem ser cobertos por tricomas
esparsos, que podem ser glandulares, de cores entre castanho e negro, ou raro, branco
perolado ou com tricomas não glandulares.
35
As formas e tamanhos dos frutos são variáveis entre globosos, ovais, obpiramidais,
cilíndricos, turbinados, redondos ou angulosos e o tamanho de 1-3 mm de altura. Na área em
estudo as dimensões dos frutos variaram de 1-3 mm de comprimento. O estigma é persistente
no fruto, modificando a forma do fruto. A coloração pode variar entre verde e tons de
castanho até negros.
Os frutos geralmente são sésseis e fortemente presos à raque. Quando originados de
flores pediceladas estes frutos serão sempre pedicelados (ex. Piper corcovadensis e
Peperomia tenella), mas quando originados de flores sésseis podem ser sésseis ou raro
pedicelados.
Em trabalhos como os de Tebbs (1989a, 1990, 1993b) o formato dos frutos tem sido
muito importante para a determinação de seções e até de espécies de Piper. Para as espécies
estudadas este caráter não foi utilizado, pois se apresentou muito variado em forma e tamanho
dentro de uma mesma espiga.
As formas dos frutos são distintas nas espécies do PEI, revelando-se um caráter
diagnóstico para o grupo, favorecendo a constituição de subgêneros.(Fig. 9)
Trelease & Yuncker (1950) informam que as formas dos frutos podem variar de
globosos, ovais, elípticos, turbinados, obovais, com tamanhos de 0,5 até 2-3 mm de
comprimento.
Dahlstedt (1900) mostra a enorme variação nas formas dos frutos de Peperomia e
informa que existem mais de 100 formas diferentes. Na maioria dos casos, o que aparece mais
evidente e diferenciado é o ápice que age como proteção do estigma.
Tucker (1980) atribui a grande variação das formas de proteção dos estigmas à
plasticidade genética o que, provavelmente, contribui para a especiação e efetiva dispersão
dos frutos.
Devido a essa diferença na forma dos frutos, este tem sido, até hoje, o principal caráter
para a taxonomia de Peperomia.
A coloração dos frutos varia de verde a castanho ou negra, quando maduros. A maioria
dos frutos possui um exsudado viscoso que prende o fruto na espiga, mesmo quando esses se
encontram fora da fóvea. Esse exsudado pode ser importante para a dispersão dor frutos.
Trelease & Yuncker (1950) comentam que os frutos adesivos são adaptados para aderir às
plumagens, penas e pés das aves, para serem dispersos.
36
A
B
C
D
E
F
G
Fig. 9
H
I
Frutos dasPeperomia ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca.
A) Peperomia galioides; B) P. oreophila ; C) P. tenella ; D) P. crinicaulis ; E)P. mandiocana ;
F) P. tetraphylla; G) P. diaphanoides ; H) P. rotundifolia ; I)P. augescens. Aumento de 48x.
Frutos de A-H- Dahstedt (1900), I- Henschen (1873) e D- Medeiros (ined.)
37
As sementes de Peperomia são geralmente de formato oval a arredondado e possuem
tegumento liso, raro verrucoso. (Carvalho-Silva 2002).
As sementes possuem pouco endosperma e muito perisperma. São sementes
geralmente lisas, raro em Peperomia verrucosas, com formatos que variam entre oval a
arredondadas em Peperomia, e em Piper podem ser oboval e elípticos, com a base geralmente
truncada, mas podem ser levemente cordadas. As cores são geralmente em tons de castanho. O
tamanho varia entre 0,4 a 2 mm de comprimento. (Carvalho-Silva 2002).
As sementes não provêem bons caracteres que possam ser utilizados na taxonomia.
8.1.8- Indumento, tricomas e glândulas
Os gêneros Peperomia e Piper podem apresentar vários tipos de indumento e variam
desde espécies totalmente glabras a densamente pilosas. Trelease & Yuncker (1950)
comentam que geralmente as espécies glabras possuem algum indumento quando ainda
jovens, mas que a maioria das espécies do gênero Piper são pelo menos levemente
pubescentes. Muitas apresentam variações no tipo de indumento de acordo com a fase de
desenvolvimento e da exposição à luz. Às vezes em uma mesma espécie, pode ser observada
maior densidade de tricomas nas partes vegetativas da planta jovem e, quando na face adulta,
há uma diminuição na densidade deste indumento; outras vezes quando a planta está exposta à
luz apresenta indumento mais profuso em relação aquela que se encontra à sombra. Assim,
deve-se considerar uma pequena amplitude de variação nas formas de indumentos para a
mesma espécie. Em observações de campo P. oreophila apresentou grande profusão de
tricomas nas plantas expostas ao sol.
As Piperaceae possuem tricomas sempre simples, pluricelulares e unisseriados, raros
são os casos em que os tricomas são unicelulares (Bornstein 1989; Mohandas & Shad 1968;
Trelease & Yuncker 1950). Os tricomas podem ainda apresentar glândulas ou não (Mohandas
& Shad, 1982; Bornstein 1989). Silva & Machado (1999) registram a existência de tricomas
saculiformes em Piper regnellii (Miq.) C.DC., estes tricomas são unisseriados e mostram
função secretora, tanto em folhas jovens como em adultas. Com o envelhecimento das folhas
os tricomas diminuem em concentração. Ocorrem freqüentemente nas duas faces das folhas,
sendo mais densos na face abaxial, principalmente nas regiões entre as nervuras (Tebbs
1989a).
38
No gênero Peperomia são de comprimento variados, podendo ser diminutos,
perceptíveis apenas sob microscópio esteroscópico, ou até possuírem 2-3 mm de comprimento
(Trelease & Yuncker, 1950). São geralmente encontrados nas partes vegetativas da planta,
folhas e caule. Em alguns casos pode-se encontrar na raque, ovário ou fruto.
Na maioria das bractéolas do gênero Piper são encontrados tricomas, principalmente
nas bordas destas, formando longos cílios e algumas vezes no seu pedúnculo.
Em muitas espécies do gênero Piper são observados glândulas em toda a extensão da
planta, principalmente na lâmina foliar. Estas glândulas são chamadas glândulas peroladas
devido a aparência reluzente (Solereder 1908 apud Silva & Machado 1999).
Ocorrem também glândulas nas lâminas das folhas de algumas espécies. Nas espécies
de Peperomia estudadas, todas apresentaram glândulas. Além das folhas as glândulas são
também encontradas nos ramos, bractéolas, raque da inflorescência e frutos. Podem ser de
coloração branca, tons de amarelo, vermelho, castanho e até negro. Também podem ser
translúcidas, observadas apenas com a luz transmitida. Nas espécies do PEI P. galioides, P.
mandiocana, P. oreophila, P. tenella e P. tetraphylla apresentam glândulas castanhas, P.
augescens e P. diaphanoides dispõem de glândulas e pontuações negras enquanto as glândulas
em P. crinicaules e P. rotundifolia são translúcidas.
Tebbs (1989a) observa que as espécies de Piper possuem freqüentemente glândulas
translúcidas nas folhas, e podem ser encontradas em ramos, pedúnculos e frutos. As glândulas
podem ser de coloração rosa, vermelha, castanha e até negras (Tebbs 1989a, Trelease &
Yuncker 1950).
Em trabalhos como os de Yuncker (1972, 1973) muitos novos táxons foram descritos
devido a variação no indumento nas folhas de Piper. As observações do material no campo e
em herbários, permitem perceber, em algumas espécies, que a quantidade de indumento nas
folhas e ramos, pode variar fortemente assim como da parte mais jovem para a mais velha
dentro de uma mesma planta. O indumento em frutos e bractéolas tem valor diagnóstico para
taxonomia do gênero.
39
8.2 - Tratamento taxonômico
8.2.1 – Descrição da família
PIPERACEAE C. Agardh, Aphor. Bot. 201. 1824.
Gênero tipo: Piper L. Sp. Pl. 1:28.1753.
Ervas eretas terrestres, epífitas, escandentes, arbustos ou arvoretas. Caules nodosos e
articulados. Folhas alternas, opostas ou verticiladas, inteiras, sésseis ou pecioladas, raramente
peltadas de consistência e formatos os mais diversos, indumento muito variado, tricomas
simples, geralmente dotadas de glândulas translúcidas. Flores aclamídeas, mínimas,
andróginas ou unissexuadas, protegidas por bractéolas pediceladas ou sésseis, sacadogaleadas, peltadas, esparsa ou densamente dispostas em racemos ou espigas, axilares,
terminais ou opostas às folhas, solitárias ou formando umbelas. Estames 2-5, livres ou
aderentes às paredes do ovário; anteras rimosas bitecas. Ovário súpero, séssil, geralmente,
imerso na raque ou pedicelado, unilocular, uniovular, placentação basal, estilete presente ou
ausente, estigma 1-4, lobado, papiloso; óvulo basal, ortótropo. Fruto drupa séssil ou
pedicelada, com fino pericarpo e endocarpo solidificado. Semente com endosperma escasso e
muito perisperma. Embrião mínimo.
8.2.2 – Chave para os gêneros
1. Ervas, 1 estigma, 2 estames .................................................................................. Peperomia
1’. Arbustos, subarbustos ou arvoretas, 3-4 estigmas, 4 estames ...................................... Piper
40
8.2.3- Descrição do gênero Peperomia Ruiz & Pav., Fl. Peruv. Prodr. 8: 2, 1794.
Ervas anuais ou perenes, terrestres, rupícolas ou epífitas, raramente chegando a 1 m de
comprimento, eretas, escandentes ou estoloníferas. Caules prostrados com numerosos ramos
laterais ou eretos, suculentos. Folhas alternas, opostas ou verticiladas, às vezes aglomeradas
próximo ao ápice do caule, geralmente suculentas, membranáceas, cartáceas, carnosas, quando
secas coriáceas, translúcidas ou opacas, sésseis ou longo-pecioladas, nervação conspícua ou
inconspícua. Espigas axilares, terminais ou opostas às folhas, compostas ou simples, inteiras
ou ramificadas. Flores numerosas; raque carnosa; bractéola arredondado-peltada; ovário
geralmente disposto em depressão da raque, estilete presente ou ausente; estigma único;
estames 2, filete longo ou curto, decíduo na maturação da espiga. Drupa, séssil ou pedicelada,
pericarpo delgado, glanduloso-viscoso, com estigma terminal ou subterminal, escudo oblíquo
ou rostrado.
O gênero esta representado no Parque Estadual do Ibitipoca por 12 táxons.
8.2.4- Chave para identificação das espécies de Peperomia
1 – Folhas verticiladas da base ao ápice
2 – Raque da inflorescência glabra
3 – Espigas 1,2-1,8cm compr., fruto com pseudocúpula ................................... 2- P. crinicaulis
3’ – Espigas 4-7cm compr., fruto sem pseudocúpula .......................................... 4- P. galioides
2’ – Raque da inflorescência pubescente
4 – Planta rupícola de campo rupestre; espiga 2-7,5 x 0,2-0,3 cm ..................... 6- P. oreophila
4’ – Planta epífita de mata; espiga 0,6-2,8 x 0,1-0,2 cm ................................. 9- P. tetraphylla
1’ – Folhas alternas da base ao ápice ou às vezes opostas no ápice
5 – Fruto estipitado .................................................................................................. 8- P. tenella
5’ – Fruto séssil
6 – Folhas alternas na base, as do ápice opostas ou ternadas .......................... 5- P. mandiocana
6’- Folhas alternas da base ao ápice
7 – Folhas arredondadas da base ao ápice, espiga até 2,5cm compr. .............. 7- P. rotundifolia
7’ – Folhas lanceoladas, obovado-lanceoladas, elípticas; espiga 7,5-16,5cm compr.
8 – Lâmina com margem ciliada em direção ao ápice .................................. 3- P. diaphanoides
8’ – Lâmina com margem não ciliada, ápice cerdoso ....................................... 1- P. augescens
41
8.2.5 - Descrição dos táxons
1- Peperomia augescens Miq., Archives Arch. Neerl. Sci. Exact. Nat. 6:171.1871.
(Figs. 10 e 11)
Tipo: Minas Gerais, Caldas, 16.V.1864, Regnell & Henschen III – 1432 (S)
Erva 20-40cm de altura, estolonífera-ascendente, rupícola ou terrestre. Caule com
ramos verde-vinosos, carnosos, glabros. Folhas alternas; pecíolo 0,4-2,6 cm compr., glabro,
estriado; lâmina 1-3,6 x 1,1-2 cm, carnosa, cartácea, quando seca membranácea, glabra, folhas
basais arredondadas, obovadas, com base aguda ou arredondada, ápice curto-acuminado ou
arredondado, as do ápice lanceolado-elípticas, lanceoladas, base agudo-cuneada, ápice agudo,
constricto às vezes retuso com cerdas, face abaxial avermelhada ou com máculas vinosas, face
adaxial verde escuro, com glândulas e pontuações negras, margem revoluta de cor
avermelhada; nervuras 3, a central proeminente na face abaxial, impresso-canaliculada na
adaxial, as duas laterais visíveis até a porção mediana da lâmina, inconspícuas em direção ao
ápice na face abaxial. Espiga 7,5-16,5 x 0,15-0,2 cm, solitárias, terminais ou axilares,
flexuosas; pedúnculo 1,7-2,4 cm compr., glabro, estriado; raque sulcada com fóveas
naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa com flores esparsas; bractéola arredondadopeltada, membranácea, margem irregularmente ondulada, glandulosa; anteras orbiculares,
cremes. Drupa 1-2,5 mm compr., séssil, imatura amarelada e quando madura castanha,
globosa, ovóide, glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma subapical, sem pseudocúpula.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo à caixa d’água, 13.X.1993 (fl,fr. imat.,fr),
F.R. Salimena-Pires s.n. (CESJ: 27411); próximo a casa do pesquisador 1, 20.II.1996 (fl),
M.R. Rosa & L.G. Rodela Q11-104 (CESJ); mata atrás da casa da Polícia Florestal, perto do
Camping, 09.III.2004 (fl), R.C. Forzza et al. 2641 (RB); mata em frente a entrada do Parque,
09.III.2004 (fl,fr), R.C. Forzza et al. 3069 (RB); trilha do camping para a rampa atrás do
centro de visitantes, no chão do outro lado do muro, 30.III.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al.
279 (RB); trilha do camping para a rampa atrás do centro de visitantes em cima do muro,
30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 275 (RB); mata Grande, depois do 3° córrego,
30.III.2004 (fl,fr. imat.), E. von S. Medeiros et al. 274 (RB); mata em frente ao centro de
visitantes, próximo ao curso d’água 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 287 (RB); mata
42
atrás da cantina, 31.III.2004 (fl,fr. imat.,fr), E. von S. Medeiros et al. 291 (RB); em frente ao
alojamento casa 3, 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 294 (RB); caminho para Lagoa
Seca, próximo ao riacho a montante da ponte que corta o riacho, 28.VI.2004 (fr), M.
Carvalho-Silva et al. 256 (RB); no chão da Mata pequena, em frente ao alojamento dois,
17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 422 (RB); na Gruta do Maximiliano, no chão da
mata, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 426 (RB).
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Geralmente em altitudes de 450
a 1400m s.n.m.
Etimologia: do latim augesco, is = começar a crescer, multiplicar-se, aumentar.
Provavelmente está relacionado ao crescimento da planta estolonífera que se desenvolve
multiplicando os ramos.
Espécie próxima de P. alata Ruiz & Pav., da qual difere pela ausência do caule alado e
das cerdas no ápice.
No PEI foi encontrada entre 1350 a 1400m s.m. Floresce de outubro a março e frutifica
em março, junho e outubro.
Trata-se de uma erva rupícola ou terrestre que se desenvolve em local semi-ciófilo,
geralmente constituí extensa formação no chão da mata; são características desta espécie o
caule avermelhado, folhas suculentas ou papiráceas, discolores, avermelhadas ou esverdeadas
na face abaxial e espigas alvo-esverdeadas, longas, delicadas, eretas na base e flexuosas no
ápice. Além disso seus frutos apresentam-se de coloração amarelada quando jovens e
acastanhadas quando maduros. Por outro lado suas folhas basais apresentam-se distintas
daquelas do ápice, tanto na forma quanto no tamanho.
43
A
B
Fig. 10: Peperomia augescens - A) Habitando o chão da mata; B) Detalhe da planta
apresenta espiga com frutos
44
D
B
C
A
Fig. 11: Peperomia augescens - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas;
C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto. (E. von S. Medeiros 275)
45
2- Peperomia crinicaulis C. DC., Annuaire Conserv. Jard. Bot. Geneve 2: 286. 1898.
(Figs. 12 e 13)
Nome vulgar: erva-de-vidro, erva-de-jaboti, jaboti-membeca
Tipo: Província Rio de Janeiro, leg. Glaziou 8942 in Hb. Deless (G, holótipo; C, LE,
isótipos).
Erva 10-20 cm de altura, epífita, reptante, com tricomas, 1-1,5 mm compr.,
multicelulares, vilosos, flexíveis. Caule com ramos verdes, anguloso-sulcado. Folhas 3verticiladas; pecíolo 1 mm compr. ou séssil, viloso, liso; lâmina 3-7,5 x 4-8,5 mm,
arredondada, carnosa, quando seca membranácea, base obtusa, ápice arredondado, raro
subagudo, vilosa em ambas as faces, com glândulas, suborbiculares, margem revoluta, raro
plana, ciliada, nervuras 3-5, inconspícuas na face abaxial, escuras na face adaxial, ramificadas.
Espiga 1,2-1,8 x 0,2 cm, solitária, terminal, ereta; pedúnculo 0,9-1,4 cm compr., esparsopubescente, estriado; raque sulcada com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, flores
aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, margem papilosa, irregularmente fimbriada e
mais ou menos setosa, glandulosa. Drupa 1-1,5 mm compr., imatura verde, quando madura
castanha, globosa, ovado-arredondada, glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma apical,
pseudocúpula disposta até a porção mediana ou pouco acima.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo a Gruta dos Marinheiros, 29.VI.1991 (fl),
F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 25465); Mata Grande, após Monjolinho, caminho para o
Pico do Pião, bifurcação entre Pico do Pião e Lagoa Seca, 28.VI.2004 (fl, fr.imat., fr), E. von
S. Medeiros et al. 295 (RB);
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo
e Paraná. Característica da floresta Atlântica no sudeste e sul do Brasil, ocorre no interior de
matas.
Etimologia: do latim Crinis = cabeleira, crina, referência à pilosidade do caule.
46
Esta espécie foi coletada do PEI florescendo e frutificando em junho, em altitudes que
variaram de 1540 a 1630m s.n.m.
Trata-se de uma erva, epífita, pendente que se desenvolve em local semi-ciófilo ou de
luz difusa, caule com tricomas alvos, folhas carnosas. Espigas eretas de coloração verde com
frutos imaturos verdes e maduros castanhos.
Espécie pouco freqüente na área.
Fig. 12: Peperomia crinicaulis – Hábito.
47
D
E
F
C
B
A
Fig. 13: Peperomia crinicaulis - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga; C) Folha; D) Parte da
espiga em flor e fruto; E) Bractéola; F) Fruto. (E. von S. Medeiros 295)
48
3- Peperomia diaphanoides Dahlst., Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 33(2): 112, t. 10,
f. 3. 1900.
(Figs. 14 e 15)
Tipo: Brasilia, Rio Grande do Sul ad Santo Ângelo, prope Cachoeira loco humido, aperto
silvae primae uae um brosae 31.I.1893, G.O.A.: Malme, Exp. I. Regn. nº 522 in Hb.
Stockholm (S!, holótipo).
Erva 15-30 cm de altura, estolonífera, epífita, subereta. Caule ascendente, com ramos
esverdeado, carnoso, glabro. Folhas alternas; pecíolo 5-7 mm compr., glabro, levemente
estriado, sulcado; lâmina 2,7-6,5 x 1,1-2,5 cm, carnosa, quando seca membranácea ou
papirácea, glabra, obovado-lanceolada, elíptica, lanceolada, base aguda, decurrente, ápice
constricto agudo, acuminado, ciliada em direção ao ápice, face abaxial avermelhada e face
adaxial verde escuro, com glândulas e pontuações negras em ambas as faces, margem
revoluta, nervuras 3, proeminentes na face abaxial. Espiga 10-16 x 0,2 cm, solitária, terminal,
flexuosa; pedúnculo 7-15 mm compr., glabro, estriado; raque com fóveas naviculares de
margem
lisa,
glabra,
glandulosa,
flores
esparsas;
bractéola
arredondado-peltada,
membranácea, glandulosa; anteras arredondadas, cremes. Drupa séssil, globoso-ovóide
(Yuncker 1974).
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca. Parque Estadual de Ibitipoca, 13.I.1988 (bt), P.M. Andrade 1118 (RB); Idem,
22.III.1988 (fr), P.M. Andrade 1122 (RB); caixa d’ água, 28.IV.1988 (fl), P.M. Andrade 1183
(RB).
Distribuição geográfica e habitat:
Ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande
do Sul. (Guimarães, inédito). Esta espécie ocorre em mata pluvial montana em altitudes que
variam de 750 a 1500m.
Etimologia: do latim, diaphanus, a, um = transparente; oides = semelhante. Refere-se à
semelhança que tem com à consistência da folha de Peperomia diaphana Miq.
49
No PEI foi encontrada em altitudes de 1200 a 1500m s.n.m. Floresce de janeiro a abril
e frutifica em março.
Trata-se de uma erva, subereta, epífita que se desenvolve em local semi-heliófilo.
Apresenta folhas suculentas discolores com face abaxial avermelhada e nervura principal e
secundária bem evidenciada por apresentar uma coloração mais clara. Lembra P. augescens,
sendo que as espigas são menores comparativamente e a lâmina foliar apresenta-se ciliada em
direção ao ápice.
Fig. 14: Peperomia diaphanoides – Hábito.
50
E
D
A
B
C
Fig. 15: Peperomia diaphanoides - A) Hábito; B) Folha com detalhe das cerdas no ápice; C)
Detalhe do ramo com espiga; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto; F) Bra ctéola. ( P.M.
Andrade 1183)
51
4- Peperomia galioides Kunth, Nov. Gen. Sp.. 1: 71, est. 17. 1815.
(Figs. 16 e 17)
Nome vulgar: erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca; língua-de-sapo
Tipo: Crescit in montanis Regni Novogranatensis, juxta cataractam Tequendamae alt. 1300,
hexap.Floret Augusto, Humboldt & Bonpland s.n. (P).
Erva 15-56 cm de altura, estolonífera ascendente, epífita, rupícola ou terrestre. Caule
com ramos acastanhados, avermelhados ou esverdeados, carnosos com tricomas hirtos. Folhas
(3-) 4 – 5 (-9), verticiladas; pecíolo 1-1,5 mm ou séssil, canaliculado, hirto; lâmina 14-27 x 37 mm, carnosa, quando seca membranácea, obovado-lanceolada, elíptica, base aguda, ápice
obtuso, ciliado, papirácea, glabra na face abaxial, hirta na base da face adaxial, discolor com
glândulas acastanhadas quando secas, margem revoluta, hirta, decurrente no pecíolo; nervuras
3 partindo da base, a central proeminente na face abaxial e impressa na face adaxial, nervuras
secundárias ascendentes, alternas, seguem obliquamente em direção a margem, mas não a
atingem e se anastomosam por meio de laços, padrão camptódromo. Espiga 4-7 cm x 0,5-1
mm, em número de 3-6, raro solitária, axilar, terminal, flexuosa; pedúnculo 0,5-2 cm compr.,
hirto; raque sulcada com fóveas plano-naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa; flores
levemente aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, membranácea, glandulosa; anteras
orbiculares, cremes. Drupa 0,4-0,5 mm compr., quando madura castanha, globoso-ovóide,
glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma subapical, pseudocúpula ausente.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Peão, 15.V.1970 (fr), D. Sucre & Pe. L.
Krieger 6867 (RB); Idem, 13.V.1972 (fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8563); perto da portaria,
22.III.1988 (fl), P.M. Andrade & N.A. Drumond 1123 (RB); Mata dos ratos, 26.V.1988 (fr),
P.M. Andrade 1207 (RB); na Gruta da Cruz, 27.II.1996 (fr), L.G. Rodela Q15-169 (CESJ);
Idem, 10.II.2001 (fr), F.S. Araújo et al. 36 (CESJ); alto da Lombada, 08.V.2003 (fr), R.
Marquete et al. 3231 (RB); trilha entre a gruta do fugitivo e a gruta dos 3 arcos, 11.III.2004
(fr). R.C. Forzza et al. 3177 (RB); trilha entre a Lombada e o Pico do Peão, 11.III.2004 (fr),
R.C. Forzza et al. 3242 (RB); mata próxima da entrada para Janela do Céu, 09.III.2004 (fl),
R.C. Forzza et al. 2661 (RB); mata próxima a lanchonete 28.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva
et al 257 (RB); mata atrás da cantina, 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 290 (RB);
mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al. 261
52
(RB); trilha do camping para a rampa que vai para o centro de visitantes, 30.III.2004 (fr), E.
von S. Medeiros et al. 276 (RB); mata Grande próximo ao 2˚ córrego, 30.III.2004 (fr), E. von
S. Medeiros et al. 273 (RB); trilha do camping para a rampa que vai para o centro de
visitantes, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 280 (RB); trilha do Monjolinho para
Lagoa Seca, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 285 (RB); mata das bromélias, subida
para Lagoa Seca, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 319 (RB); Gruta dos Viajantes, no
chão da mata, 18.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 430 (RB).
Distribuição geográfica e habitat:
América Central e América do Sul. No Brasil ocorre nos estados de Goiás, Bahia,
Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande
do Sul (Guimarães, 1984). Esta espécie cresce geralmente no interior ou nas bordas de mata
de floresta pluvial da encosta atlântica no sudeste e sul do Brasil.
Etimologia: do latim galea= capacete, provavelmente referente ao formato do escudo do fruto
e oides = semelhante.
É encontrada em altitudes de 700 a 1650m s.n.m. no PEI foi encontrada entre 1200 a
1650m de altitude. Floresce em março e frutifica de fevereiro a junho.
Trata-se de uma erva terrestre ou rupícola, que se desenvolve em local ciófilo ou
heliófilo, apresentando caule avermelhado quando a planta é jovem, folhas suculentas com 4-5
folhas por nó. Espigas suberetas, verde-claras com frutos imaturos verdes e maduros
castanhos.
A planta quando exposta ao sol fica com coloração amarela tanto nas folhas quanto no
caule. Constitui extensa formação no chão da mata.
É usada na medicina popular do Peru (Langfiel et al. 2004), por possuir atividade antibacteriana.
53
A
B
Fig. 16: Peperomia galioides - A) Hábito; B) População crescendo em mata .
54
B
C
E
A
D
Fi g. 1 7: Peperomia galioides - A ) H áb ito ; B ) D e tal he de u m ve rtic ilo ; C ) Fo lh a co m
d eta lh e do áp ic e; D ) P art e da esp iga em fru to ; E ) F ruto . (E. vo n S. M ed ei ros 26 9)
55
5- Peperomia mandiocana Miq., Linnaea 20:125.1847.
(Figs. 18 e 19)
Tipo: Brazil, in arboribus ad Mandioccan, m. Oct. s.d., Martius s.n. Hb. Mart. (M!, holótipo;
fotos em F, no 358).
Erva 10-20 cm de altura, epífita, rupícola ou terrestre, reptante. Caule com ramos
eretos ou pêndulos, verdes com a base avermelhada, carnosos, tricomas hirtelos, glandulosos.
Folhas alternas, no ápice opostas ou ternadas, pecíolo 2-4 mm compr., hirtelo, estriado;
lâmina 1-2,7 x 0,7-1,4 cm, carnosa ou crassa, quando seca membranácea, papirácea,
sutilmente hirtela, elíptica, lanceolada, raro arredondadas; base aguda ou obtusa; ápice obtuso,
agudo às vezes levemente emarginado, com máculas vinosas, glândulas castanhas em ambas
as faces, margem revoluta, curto ciliada; nervuras 3, levemente proeminentes na face abaxial,
inconspícuas na face adaxial, coloração mais clara que a da lâmina. Espiga 18-58 x 15-25
mm, solitária, terminal, ereta; pedúnculo 1-2,1 cm compr., hirtelo; raque sulcada papilosa com
fóveas naviculares, margem papilosa, glabra com flores aglomeradas; bractéola arredondadopeltada, glandulosa, papilosa, margem irregular, anteras orbiculares. Drupa 2-2,5 mm compr.,
séssil, quando madura castanha, elíptica, ápice com escudo oblícuo, estigma apical,
pseudocúpula basal.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Peão, 12.V.1970 (fr), D. Sucre & Pe. L.
Krieger 6720 (RB); Idem, 28.IX.1970 (fr), P.I.S. Braga 1884 (RB); Idem, 12.V.1970 (fr), Pe.
L. Krieger s.n. (CESJ: 8578, RB: 197145); Idem, 12.V.1970 (fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ:
8630); Lagoa Seca, 13.I.1988 (fr), P.M. Andrade 1106 (RB); depois da Gruta dos viajantes,
02.XI.1991 (fr), R.C. Oliveira 36 (CESJ); na Mata Grande, 10.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al.
3161 (RB); Trilha entre a Lombada e o Pico do Peão, 11.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3240
(RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande, 30.III.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et
al. 269 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, entrada para a Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E.
von S. Medeiros et al. 264 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande, 30.III.2004
(fr), E. von S. Medeiros et al. 266 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande,
30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 268 (RB); Mata Grande, 28.VI.2004 (fr), M.
Carvalho-Silva et al. 259 (RB); Mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (fr),
M. Carvalho-Silva et al. 263 (RB); trilha para cachoeira das Fadas, 30.XI.2004 (bt), E. von S.
Medeiros et al. 366 (RB); na Gruta da Cruz, 30.XI.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 381
56
(RB); no início da trilha da mata Grande, 16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 405
(RB); Mata Grande, 16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 418 (RB); na Mata Grande,
16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 419 (RB).
Distribuição geográfica e Habitat
Ocorre nos estados de Minas Gerais e São Paulo (Guimarães, inédito).
Etimologia: Nome relacionado à localidade típica, Serra da Mandioca.
Esta espécie foi coletada no PEI no interior de mata em ambiente úmido em altitudes
que variam de 1377 a 1663 m s.m. Floresce de novembro a março e frutifica em janeiro,
março, maio, junho, setembro e novembro
Espécie próxima a P. corcovadensis Gardner, mas difere por apresentar folhas opostas
e pontos glandulares mais profusos.
Trata-se de uma erva, epífita, ereta ou pêndula que se desenvolve em local ciófilo,
podendo apresentar na base do caule coloração avermelhada. Folhas suculentas, crassas a
subcrassas, discolores verdes, levemente nítidas com a nervura principal mais clara. Espigas
eretas, verdes com flores esverdeadas e frutos castanhos.
Esta espécie encontra-se na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção no
estado do Paraná na categoria de rara (Guimarães, 1984).
B
A
Fig. 18: Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Detalhe da espiga em fruto.
57
A
B
C
D
E
Fig. 19: Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Folha com detalhe de ápice e margem;
C) Bractéola; D) Fruto; E) Parte da espiga em fruto;. (E. von S. Medeiros 269)
58
6- Peperomia oreophila Henschen, Nova Acta Regiae Soc. Sci. Upsal., ser. 3 (8): 28.1873.
(Figs. 20 e 21)
Tipo: Brazil, ad rupes apricas jugorium et cacuminum Caldensium, 1000-1500p. supra
oppidum, quo silvae non scandient. Flor mens. Apr.-Jun. Exs. III.1657 (specim descr.) in herb.
Holmiens (ex Herb. Brás. Regnelli) (S!).
Erva 9,5-30 cm de altura, ereta, rupícola. Caule com ramos ascendentes, verdeamarelados, carnosos, estriados, hirsuto, tricomas 1-2 mm compr. Folhas (3)-4-(5),
verticiladas; pecíolo 1-2 mm compr. ou séssil, com tricomas; lâmina 8-14 x 6-12 mm, carnosa,
quando seca coriáceo-enrugada, glabra ou as vezes com tricomas esparsos, rômbeoarredondada, elíptico-ovada, base obtusa a arredondada, ápice curto-agudo, arredondado às
vezes emarginado, raro com cerdas no ápice, com glândulas castanhas em ambas as faces,
margem revoluta, ciliadas ou não; nervuras 3, geralmente inconspícuas ou as vezes a mediana
saliente. Espiga 2-7,5 x 0,2-0,3 cm, terminal, ereta; pedúnculo 1-2,7 cm compr., esparsopubescente, tricomas recurvos ou adpressos, profundo sulcado-anguloso; raque pubescente,
sulcadas, profundo fuveolada, pilosa, flores congestas; brácteola arredondado-peltadas, glabra.
Drupa 1-2 cm compr., ovado-cilíndrica a cilíndrica, glandulosa, ápice atenuado, sulcadoanguloso com estigma apical, pseudo-cúpula na base abaixo do terço médio.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Serra do Ibitipoca, VI.1896 (fr), H. de Magalhães 1305 (R); Idem, VIII.1896 (fl),
Schwacke 12299 (RB); Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Pião, 11.V.1970 (bt), D. Sucre
& Pe. L. Krieger 6678 (RB); Pico do Pião, 28.IX.1970 (fl, fr), P.I.S. Braga 1888 (RB); Idem,
28.IX.1970 (fr), D. Sucre & P.I.S. Braga 7162 (RB); Serra do Ibitipoca, 02.XI.1973 (fl,fr),
Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 13193); Idem, 12.VII.1977 (bt,fl), Pe. L. Krieger s.n (CESJ:
15264); Idem, 16.X.1986 (fl), H.C. de Souza s.n. et al. (RB: 319361); Idem, 07.X.1987 (fr),
H.C. de Souza s.n. et al. (RB: 319360); trilha para Gruta dos Três Arcos, 27.VII.1991 (bt,fl),
M. Eiterer s.n. et al. (CESJ: 24879); subindo para Lombada entre rochas, 20.VI.1991 (bt,fl)
F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ: 25396); no interior da mata da Gruta do Martiminiano,
20.VI.1991 (bt), F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ: 25348); sobre rochas e nas fendas dos
penhascos, 30.XI.1991 (fl,fr), M.C. Brüger s.n. et al. (CESJ: 26079); próximo a ponte de
Pedra, 05.XII.1992 (fr), R.C. Oliveira 134 (CESJ); próximo a Lombada, 13.X.1993 (fl,fr),
F.R. Salimena-Pires s.n. (CESJ: 27410); Morro da Cruz, 08.II.1996 (bt), L.G. Rodela Q2-30
(CESJ); Trilha para Ponte de Pedra, na beira do córrego, 26.IX.2001 (fr), R. Marquete et al.
59
3077 (RB); Trilha descendo da Lombada para a base do Parque, 26.IX.2001 (fr), R. Marquete
et al. 3094 (RB); Janela do Céu, 27.IX.2001 (fr), R. Marquete et al. 3113 (RB); Vista para
Cachoeira Janela do Céu, 30.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 320 (RB); Vista para
Cachoeira Janela do Céu, 29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 260 (RB); próximo a gruta
dos viajantes, 31.VIII.2004 (bt,fr), E. von S. Medeiros et al. 332 (RB); saída da mata da gruta
dos 3 arcos, 01.IX.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 344 (RB); estrada após o centro de
visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 384 (RB); no
cruzeiro, 30.XI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 357 (RB);
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo (Guimarães, inédito). Cresce
em campo rupestre e campo de altitude, sobre pedra e exposta ao sol.
Etimologia: do latim oreas, adis = ninfa da montanha. Nome dado por Martius às plantas que
habitam os campos elevados ou planaltos; do grego, philos = amiga das montanhas.
Provavelmente Henschen nomeou esta planta tendo por base seu habitat.
No PEI foi encontarada entre 1350 a 1784 metros de altitude, floresce em fevereiro,
maio a dezembro e frutifica de junho a dezembro.
Espécie muito próxima de P. decora Dahlst. da qual difere de P. oreophila por ser
glabra, não apresenta tricomas nas folhas ou no caule. Yuncker (1974) diz que P. decora se
diferencia de P. oreophila por ser uma planta maior, com folhas maiores, sendo mais longas
do que largas e espigas um tanto maiores.
Trata-se de uma erva rupícola, ereta, carnosa que se desenvolve em local heliófilo ou
semi-heliófilo, em paredões de arenito e/ou em frestas de rochas, apresenta caule próximo a
base avermelhado e para o ápice verde-amarelados, podendo ser piloso ou glabro. As folhas
são crassas, carnosas, opacas, setosas, às vezes glabras. Apresenta espigas eretas, terminais
quando jovens de cor creme-esverdeadas, quando maduras verdes. Flores amarelas e frutos
esverdeados quando jovens e castanhos quando maduros.
60
A
B
Fig. 2 0: Peperomia oreophila - A e B) Palnta com hábito rupícola, heliófita mostr ando espigas eretas.
61
D
C
E
A
B
Fig . 2 1: Peperom ia oreophila - A ) H áb ito ; B ) De ta lhe do ve rtic ilo folia r; C ) Tip os d e
fol ha e d et alh e d o á p ice ; D ) Pa rte da esp iga em fl or e fru to ; E) Fru to. (E. v on S. M e de iros
38 4)
62
7- Peperomia rotundifolia (L.) Kunth, Nov. Gen. Sp. 1: 65-66.1815.
Piper rotundifolium L. Sp. Pl. 1: 30. 1753.
(Figs. 22 e 23)
Nome vulgar: Carrapatinho, erva-de-jaboti, jaboti-membeca, erva-de-vidro, salva-vidas.
Tipo: Crescit ad arborum truncos et in fissuris rupium prope coenobium caripense, alt 420
hexap. (Nova Andalusia) Floret septembri. Iconotype: Plumier lámina 69.
Erva 10-20 cm de altura, epífita, glabra ou tomentosa. Caule com ramos esverdeado,
delicados. Folhas alternas; pecíolo 0,15–0,4 mm compr., glabro ou hirtelo; lâmina 2-12 x 2-10
mm, carnosa, ovado-arredondada ou oblonga, base subpeltada, arredondada; ápice
arredondado, ás vezes retuso ou emarginado, com tricomas esparsos em ambas as faces,
membranácea, glandulosa; nervuras 3. Espiga 0,5-2,5 x 1-1,5 cm, terminal; pedúnculo 1-2
mm compr., tomentoso; flores congestamente dispostas; raque levemente estriada, glabra,
fóveas naviculares com margem lisa; bractéola arredondado-peltada, glandulosa, anteras
orbiculares ou elípticas. Drupa 1-1,5 mm compr., globosa, ovóide, glandulosa, ápice oblíquo,
estigma subapical (Yuncker, 1974).
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, VI.1896 (est.) H. de Magalhães s/n (R: 86560).
Distribuição geográfica e habitat
No Suriname e no Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Pernambuco,
Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio
Grande do Sul (Guimarães, inédito). Cresce na floresta pluvial da encosta atlântica,
geralmente epífita nos troncos e ramos de árvores (Guimarães, 1994a; Zoghbi et al., 2005).
Etmologia: do latim, rotundus, a, um = redondo, esférico; do latim, folium, i = folha.
Relacionado a forma arredondadas das folhas.
No PEI foi encontrada estéril na floresta, epifitando árvores em 1896 e até o momento
não foi recoletada.
63
Floresce nos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, novembro, dezembro e frutifica
em novembro e dezembro.
Foi encontrada uma afinidade entre esta Peperomia e briófitas. (Zoghbi et al., 2005).
É vendida no mercado “ver-o-peso” em Belém como medicinal e para banhos
aromáticos (Zoghbi et al., 2005) e, não raro, observada em cultivo como ornamental
(Guimarães, 1994a). A planta inteira é usada em decoccção e infusão para problemas de
estomago e fraqueza (www.brasilian-plants.com.br).
Análises químicas identificaram em seu óleo essencial limonene (28,7%-35,0%) e
decanal (22,8%-44,4%) (Zoghbi et al., 2005).
A
B
Fig. 22: Peperomia rotundifolia – A) Detalhe do ramo; B) Hábito
64
B
A
C
D
Fig. 23: Peperomia rotundifolia - A) Hábito; B) Folha, detalhe da base; C) Parte da espiga em
flor e fruto; D) Bractéola. (A,B - H. de Magalhães s.n R: 86560; C,D – E.P. Heringer 2240)
65
8- Peperomia tenella (Sw.) A. Dietr., Sp. Pl. 1: 153. 1831.
Piper tenellum Sw. Prodr. 16. 1788.
(Figs. 24 e 25)
Nome vulgar: Erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca.
Tipo: Jamaica, Marsh sn., (K) designado por Ateyermark 1981.
Erva 6,5-10 cm de altura, ereta, rupícola. Caule com ramos avermelhados próximo a
base, carnosos, sulcado-estriados, esparso-pilosos, glabros ou glabrescentes. Folhas alternas;
pecíolo 1-2,5 mm compr., glabro, canaliculado, estriado; lâmina 6-16,5 x 3-7 mm, carnosa ou
subcarnosas, quando seca membranácea ou carnosas, elíptica, ovado-lanceolada, lanceolada,
base obtusa, aguda, ápice obtuso-emarginado com cerdas, esparso-pilosa na face adaxial,
glabra na abaxial, glândulas e pontuações castanhas, margem plana; nervuras 3, mediana
proeminente na face abaxial, impressa na adaxial, as duas laterais inconspícuas. Racemo 1933 x 1-1,5 mm, solitária, terminal, flexuosa; pedúnculo 2-5 mm compr., glabro, estriado;
raque sulcada com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa com flores esparsas;
bractéola arredondado-peltada ou elíptica, glabra, glandulosa. Drupa 1-1,5 mm compr.,
estipitada com estipe verde 1-1,5 mm compr., verde, obpiriforme, glandulosa, ápice com
estilete curto, estigma apical, papiloso.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, caminho para Ponte de Pedra, 01.X.1970 (fr), P.I.S.
Braga 1935 (RB); na cachoeira das Fadas, 30.VI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 323
(RB); na cachoeira das Fadas em cima da pedra na margem do rio, 30.XI.2004 (fr), E. von S.
Medeiros et al. 365 (RB); Janela do Céu, na beira do rio, 11VIII.2005 (fr), R. Dias-Melo et al.
306 (RB).
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre no norte e leste da América do Sul e Caribe. No Brasil é encontrada nos estados
de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina (Guimarães, 1984). Esta espécie
floresce em fevereiro, março, abril e setembro, frutificando em junho, outubro e novembro. É
comum na floresta Pluvial da encosta atlântica, em beira de rios ou em barrancos das estradas
que atravessam matinhas do alto das encostas, em altitudes de 750 a 1600m s.m. (Guimarães,
1984).
66
Etimologia: do latim, tenellus, a, um = muito tenra, tenrrinha. O epíteto está relacionado ao
hábito da planta, delicadíssimo.
No PEI foi encontrada entre 1450 a 1523m s.m., planta pouco freqüente na área.
Trata-se de uma erva ereta a patente, delicada, rupícola, que se desenvolve em local
ciófilo e muito úmido, com caule avermelhado na base, folhas subcrassas, discolores com a
face adaxial verde claro brilhante e a face abaxial verde alvacenta com margem vináceas e
nervuras vináceas clara. Espigas alvo-esverdeadas, delicadas, eretas com flores cremes e
frutos pedicelados de coloração verde quando jovem e acastanhado quando maduros.
Fig. 24: Peperomia tenella - Hábito rupícola entre musgos, na margem do rio, racemo em fruto.
67
B
A
E
C
D
Fig. 25: Peperomia tenella - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas;
C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto; E) Bractéola. (E. von S. Medeiros 323)
68
9- Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn., Bot. Beechey Voy. 97. 1841
Piper tetraphyllum G. Forst. Insul. Austr. Prodr. 5. 1786.
(Figs. 26 e 27)
Nome vulgar: Erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca.
Tipo: Anon sn., Ilhas Sociedade (Society Islands)
Erva 15-25 cm de altura, reptante, cespitosa, decumbente, epífita. Caule com ramos
ascendentes, prostrado, pêndulos, patentes, esverdeados e às vezes avermelhados na base,
carnoso, sulcado-anguloso, glabro ou viloso, tricomas ca. 1mm de compr., tomentosos. Folhas
4 verticiladas; pecíolo 1-2 mm, glabro ou com tricomas; lâmina 6-15 x 4-9 mm,
membranácea, carnosa, quando seca membranácea-enrugada, glabra ou híspida de coloração
verde com máculas alvas, lanceolada-ovada, rômbeo-elíptica, ovada, oblonga; base obtusa,
atenuada, ápice arredondado ou agudo-arredondado as vezes com cerdas, com glândulas
castanhas em ambas as faces, margem revoluta, ciliadas ou não, nervuras 3, visíveis até o
ápice, geralmente inconspícuas ou as vezes a mediana impressa na face adaxial. Espiga 6-28 x
1-2 mm, terminal, ereta ou levemente curvadas; pedúnculo 4-10 mm, hirto, estriado; raque
foveolada, pilosa, flores aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, glabra, membranácea,
glandulosa. Drupa 1-2 mm, imatura verde quando madura castanha, elíptica, glandulosa,
estigma apical, pseudocúpula disposta na base.
Chave para variedades de Peperomia tetraphylla
1. Folhas com lâmina glabra ................................... 9d- Peperomia tetraphylla var. valantoides
1’. Folhas com lâmina provida de tricomas
2. Caule com tricomas da base ao ápice de diferentes comprimentos
3. Folhas com lâmina 2-4mm de largura, com cílios nas margens e sem cerdas rígidas no ápice
.......................................................................................... 9c- Peperomia tetraphylla var. tenera
3’. Folhas com lâmina 6-7mm de largura, com cílios na margem e cerdas rígidas no ápice
................................................................................. 9b- Peperomia tetraphylla var. piedadeana
2’.
Caule
com
tricomas
de
mesmo
comprimento
da
base
ao
ápice
.................................................................................. 9a- Peperomia tetraphylla var. tetraphylla
69
9a- Peperomia tetraphylla (Forst.) Hook. var. tetraphylla
Caule pilososo com tricomas, curtos e tomentosos do mesmo comprimento da base até o
ápice. Folhas com tricomas curtos e tomentosos em ambas as faces e com cílios nas margens.
Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, V.1970 (bt), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 16637); Idem,
11.V.1970 (bt), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8523 tenho um fragmento de valantoides e outro de
tetraphylla, UEC: 123.535); Idem, 20.IX.1970 (fl), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 9332); mata em
frente a entrada do parque, 09.III.2004 (fl), R.C. Forzza et al. 3058 (RB); no início da trilha na
Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 406 (RB); na Gruta do Maximiliano,
17.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 425 (RB); trilha prainha-Monjolinho, na mata,
30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 271 (RB); .
9b- Peperomia tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica
(São Paulo) 3: 178. 1966.
Peperomia reflexa var. piedadeana C. DC. Bull. Herb. Boissier II. 1: 359.1901
Tipo: Serra da Piedade, Minas Gerais, Brasil. (R!)
Caule com tricomas esparsos, longos na base, curtos e curvos no ápice, folhas com
lâmina 5-11 x 6-7 mm, glabras com cílios na margem e cerdas rígidas no ápice.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata das Bromélias, subida para Lagoa Seca,
29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 262 (RB).
9c- Peperomia tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica (São
Paulo) 3: 179. 1966.
Peperomia reflexa var. tenera Miq., Arch. Neerl. 174. 1871.
Tipo: Caldas, Minas Gerais, Brasil (S).
70
Caule com tricomas longos e lisos na base, curtos e tomentosos no ápice. Folhas com
lâmina 4-8 x 2-4 mm, tricomas curtos e tomentosos e margem com cílios.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et
al. 417 (RB); trilha do camping para a rampa que vai para o Centro de visitantes do outro lado
do muro, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 278 (RB); Idem, VI.1979 (bt), Pe. L.
Krieger s.n. (CESJ: 16238); Gruta do Maximiliano, 02.XII.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al.
400 (RB); na mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 415 (RB);
9d- Peperomia tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica
(São Paulo) 3: 178-179. 1966.
Peperomia valantoides Miq., Syst. Pip. 174. 1843.
Tipo: Brasil, localidade desconhecida. (LE, Holótipo).
Caule com tricomas da base ao ápice de diferentes comprimentos, esparsos, longos e
lisos na base, curtos e curvos no ápice. Folhas glabras, lâmina 2-4 mm larg., desprovido de
cerdas rígidas no ápice.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, 07.X.1987 (bt,fl) H.C. de Souza s.n et al.
(RB:319360); Pico do Pião, 11.V.1970 (bt, fl), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6660 (RB); Pico do
Pião, 11.V.1970 (fl), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6681 (RB); Mata Grande, entrada pelo
caminho que segue para Monjolinho, 28.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 258 (RB);
Mata das Bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 262
(RB); mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 30.VI.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al.
318 (RB); trilha prainha-Monjolinho, entrada para a Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E. von S.
Medeiros et al. 265 (RB); na Mata Grande, 16.III.2005 (est.) E. von S. Medeiros et al. 416
(RB); próximo a Gruta dos Viajantes, 18.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 435 (RB);
Pico do Peão, 28.IX.1970 (fl,fr), P.I.S. Braga 1879 (RB); mata da gruta do Martimiano,
29.VI.1991 (bt), F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 25342);
71
Distribuição geográfica e habitat
No Brasil ocorre nos estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio
de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 1984a).
Espécie característica de ambiente de sombra, com ampla dispersão pela floresta pluvial
atlântica montana em áreas remanescentes, crescendo em tronco e ramos das árvores
(Guimarães 1994a).
Etimologia: do grego, tetra = quatro; phyllon = folha, nome dado à espécie por apresentar
folhas 4 verticiladas.
No PEI foi encontrada entre 1200 a 1722 metros de altitude e está representada por
quatro variedades. Floresce em março, maio, junho, setembro a dezembro e frutifica em março
e setembro.
Trata-se de uma erva epífita, com ramos pêndulos ou patente que se desenvolve no
interior da mata em local ciófilo ou de luz difusa, ambiente ombrófilo, muito abundante, sendo
uma das espécies mais comuns do gênero, particularmente frequente nos troncos e ramos das
árvores da floresta atlântica, apresenta caule esverdeado com a base podendo ser avermelhada
ou castanha. Folhas suculentas com nervuras de coloração alvacenta, as espigas quando jovens
são creme-esverdeadas e, quando maduras, verdes, flores esverdeadas e frutos castanhos.
A infusão da planta é usada no tratamento de malária e febres por indígenas em banhos
(Milliken, 1997) e também é considerada de valor ornamental. (Guimarães, 1994a).
72
Fig. 26: Peperomia tetraphylla - Fotos mostrando hábito e espigas eretas.
73
G
D
E
F
C
B
A
Fig. 27: Peperomia tetraphylla - A) Hábito com detalhe dos tricomas no caule - var. tenera; B) Fruto; C)
parte da espiga em fruto D) folha com tricomas por toda a lâmina - var. tetraphylla; E) Folha com detalhe
dos tricomas - var. tenera; F) folha com detalhe das cerdas rígidas no ápice - var. piedadeana; G) Folha
glabra com detalhe do ápice com cílios – var. valantoides; (A,B,C,E - E. von S. Medeiros 417; G - E. von S.
Medeiros 318; F – M. Carvalho-Silva 262; D - E. von S. Medeiros 406 )
74
8.2.6 – Descrição do gênero Piper L.
Linnaeus, Species Plantarum 1:28-30. 1753.
Arbustos, subarbustos ou arvoretas, 1-10 m de altura. Caule com ramos nodosos,
profilo geralmente caduco. Folhas alternas, simples, inteiras, sésseis ou pecioladas; pecíolo
provido de bainha curta, alongada ou canaliculada; padrão de nervação predominante
camptódromo-acródromo ou broquidódromo, nervuras secundárias em número variável.
Espigas ou racemos opostos às folhas, eretos, ou curvos, obtusos ou apiculadas; raque sulcada,
lisa, papilosa ou fimbriada; bractéolas peltadas, sacado-galeadas, de margens glabras ou
fimbriadas. Flores sésseis ou pediceladas, aperiantadas; estames 2-5; ovário súpero obovóide a
ovóide, estilosos ou sésseis, estigmas 3-4. Drupas com pericarpo delgado, com estigma
persistente.
Na área em estudo foram encontradas 9 espécies.
8.2.7 - Chave para identificação das espécies de Piper
1- Flores pediceladas
2- Lâmina foliar com tricomas na nervura mediana da face abaxial ........... 13- P. miquelianum
2’- Lâmina foliar glabra em ambas as faces .............................................. 10- P. corcovadensis
1’- Flores sésseis
3- Folhas fortemente assimétricas, profundo-lobadas na base, diferindo um lado do outro de
1,4-6,1 cm na folha adulta; inflorescência pêndula, 17-22 cm compr.
4- Pecíolo tomentoso, bainha longo-canaliculada; margem com ala ciliada; lâmina foliar 4-10
cm larg. ................................................................................................15- P. pseudopothifolium
4’- Pecíolo glabro, bainha longo-canaliculada; margem com ala não ciliada, lâmina foliar 9-18
cm larg. ......................................................................................................16- P. richardiifolium
3’- Folhas levemente assimétricas, não profundo lobadas na base, diferindo um lado do outro
0,2-0,9 cm; inflorescência ereta ou curva, até 14 cm compr.
5- Folhas ovadas
6- Plantas glabras, fruto trigonal ...................................................................17- P. somlsianum
6’-
Plantas
pubescentes,
fruto
oblongo,
oblongo-ovoide,
oblongo-obovoide
..................................................................................................................... 18- P. tectoniifolium
75
5’- Folhas elípticas, obovado-lanceolada ou lanceoladas
7- Plantas pubescente, vilosas ou hirto-escabras, pecíolo com bainha basal
8- Plantas com tricomas sedosos ao tato, viloso na nervura principal na face abaxial
........................................................................................................................ 14- P. mollicomum
8’- Plantas com tricomas escabros ao tato, adpressos na nervura principal na face abaxial
.............................................................................................................. 11- P. gaudichaudianum
7’- Plantas glabras, pecíolo com bainha canaliculada .................................. 12- P. lhotzkyanum
76
8.2.8 - Descrição dos táxons
10- Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., Prodr. 16(1): 255.1869.
Ottonia corcovadensis Miq., Linnaea 20: 175. 1847.
(Figs. 28 e 29)
Nome vulgar: Murici, jaguarandi, jaborandi, chá-bravo.
Tipo: “In Summitate m. Corcovado, m. Febr., Pohl 4776” (U, lectótipo apud Callejas, 1986)
Arbusto 1,5-2 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados; profilos 6-7 mm
compr., hirtos, ovado-lanceolados, margem translúcido-glandulosa, ápice agudo, cuspidado,
caducos. Folhas com pecíolo 5-6 mm compr., glabro, estriado, bainha basal 1,5-4 mm compr.,
papilosa internamente, margem subalada; lâmina 11,6-18 x 2,9-6,8 cm, lanceolada, elípticolanceolada, oblongo-lanceolada, membranácea, cartácea, glabra, discolor verde, com
glândulas esparsas, base simétrica ou levemente assimétrica, cordada, ápice acuminado,
cuspidado, margem revoluta de coloração mais clara que a lâmina; padrão de nervação
broquidódromo, nervura primária, castanha, proeminente na face abaxial, levemente impressa
na adaxial, nervuras secundárias 10-15 pares, alternas, ascendentes em relação à primária,
dispostas até o ápice da lâmina, às vezes de tonalidade mais clara na adaxial, presença de
nervuras intersecundárias, levemente proeminentes; nervuras terciárias axiais e laterais.
Racemo 4-10 x 0,5-1 cm, ereto; pedúnculo 5-7 mm compr., esparso-hirto, estriado,
glanduloso; raque hirto-pilosa, decurrente, estriada; bractéola 0,7-1 mm compr., sacadogaleada, glabra, papiloso-glandulosa, margem ondulada, pedicelo floral 3-4 mm compr.,
glabro, glanduloso; estames 4; ovário 1-2 x 1 mm, ovado, papiloso na base até a porção
mediana com cicatrizes dos estames na base, estigmas 4, ovados, agudos, reflexos. Drupa 1,53 x 2-3,5 mm, oblongo-ovóide, tetragonal-sulcada, esverdeada quando jovem, verde escura
quando madura, em material seco nigrescente, ápice agudo, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 19.XI.1986 (fl,fr), H.C. de Souza s.n.
(RB: 316168); Idem, 12.I.1988 (fl), P.M. Andrade et al. 1095 (RB); Mata Grande, início da
trilha antes do 1º córrego, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 272 (RB); Mata Grande,
29.VI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 298 (RB).
77
Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO, Mun. Ubatuba, Picinguaba, 03.XII.1988 (fr),
F.C.P. Garcia et al. 215 (RB); Mun. Itu, 10.X.1977 (fl), C.T. Rizzini & A. Mattos 934 (RB).
Distribuição geográfica
No Brasil ocorre nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Goiás, Bahia, Minas
Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul
(Guimarães et al. 1978).
Etimologia: Nome dado devido à localidade do Tipo, cujo material foi coletado no
Corcovado, Rio de Janeiro, RJ.
Esta espécie foi encontrada no PEI em altitudes que variam de 1200 a 1500m. s.n.m.,
em floresta ombrófila alto montana e floresta de galeria. Coletada florescendo de outubro a
janeiro e frutificando de março, junho, novembro e dezembro.
É caracterizada por ser um arbusto semi-ciófilo de caule e profilos verdes, folhas
discolores verdes, cartáceas com nervuras impressas na face adaxial e proeminentes na
abaxial, espiga com flores brancas, frutos jovens verdes e maduros negros.
Ocorre no interior das matas primárias, densas e úmidas onde é bastante freqüente e
ainda nas capoeiras, orlas de mata e margens dos caminhos que atravessam as matas
(Guimarães et al. 1978). Habita mata atlântica de encosta, em altitudes entre 400-1500m.
s.n.m. e ocorrendo em populações isoladas em Goiás (Callejas 1986).
Suas folhas são usadas son forma de decocção contra febre, tosse e meteorismo
http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm).
78
A
B
Fig. 2 8: Piper corcovadensis - A) d etalh e d o race mo; B) Hábit o.
79
B
G
F
A
C
D
E
Fig. 2 9: Piper corcovadensis - A ) P arte do h ábi to; B) F olh a mo stran do p ad rão d e
n ervação ; C) P ecío lo, detalhe da b ainh a; D ) Profi lo; E) Bractéola; F) Fru to i maturo ; G)
Fru to m ad uro (E. von S . M edeiros 40 8).
80
11- Piper gaudichaudianum Kunth, Linnaea 13: 638-639. 1839.
(Figs. 30 e 31)
Nome vulgar: Paripaioba, murta.
Tipo: “Crescit in Brasília. Prope Corcovado, 1835, Gaudichaud 1116 et Luschnat” (P,
holótipo; foto F!).
Arbusto, 2,5–3 m de altura. Caule com ramos pilosos, tricomas adpressos, estrigosos;
profilos 2-8 mm compr., hirtos, lanceolados, margem coriácea, lanceolado, ápice agudo,
caducos. Folhas com pecíolo 4-8 mm compr., tricomas curtos, adpressos; bainha basal 1-1,2
mm compr., glandulosa internamente; lâmina 10,5-16 x 3,1–5,1 cm, obovado-lanceolada,
lanceolada, raro ovado-elíptica, membranácea, hirto-escabra em ambas as faces, discolor com
glândulas translúcidas, base assimétrica, não profundo lobada, aguda, um lado diferindo do
outro 4–6 mm, ápice agudo, acuminado, margem plana; padrão de nervação camptódromoacródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no ápice, nervura primária
castanha, proeminente na face abaxial, tricomas adpressos, canaliculada na face abaxial,
nervuras secundárias 4-6 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, dispostas até a
porção mediana da lâmina, proeminentes, tricomas adpressos na face adaxial; presença de
nervuras intersecundárias, nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga 5,3–7 x 0,3–0,35 cm,
alvo-esverdeada, curvada; com flores aglomeradas; pedúnculo 0,8–1 cm compr., pubescente;
raque glabra, estriada; bractéola 2–3 mm compr., peltada, suborbicular, fimbriada com
tricomas mais longos na margem inferior e curtos na superior; pedicelo esparso piloso,
estames 4; ovário 0,5 x 0,4 mm, glabro, estigmas 3, filiformes, agudos, sésseis. Drupa 1-4 x
1-3 mm, oblongo-ovóide, achatada lateralmente, verde quando jovem, negro quando maduro,
glandulosa, ápice côncavo-arredondado glabro a papiloso, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, 05.IX.1995 (bt), Marco Aurélio L. Fontes 90 (ESAL);
Mata Grande próximo ao córrego, 08.X.1987 (fl), H.C. de Souza s.n (RB: 316135).
Material adicional: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Lagoa Santa, XII.1864, Warming s.n.
(C, holótipo de P. obscurum C.DC; foto F!); Mun. Baependi, Toca dos Urubus, 01.XI.2003
(fl), F.M. Ferreira 478 et al. (RB); Mun. Camanducaia, Monte Verde, 19.X.2002 (fl,fr), L.D.
Meireles et al. 1180 (RB).
81
Distribuição geográfica e habitat
Espécie com distribuição ampla, ocorrendo com freqüência na mata atlântica, desde o
nordeste até o sul do Brasil, estendendo-se até a Argentina e Paraguai. No Brasil ocorre nos
estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina (Guimarães 1994a; Guimarães & Valente 2001).
Freqüente na floresta pluvial atlântica montana em locais sombrios, bordas de mata,
suportando locais ensolarados e solos pobres. Sua ocorrência esta ainda associada às clareiras
das florestas, bordas de mata, tornando-se uma pioneira antrópica muito comum em Santa
Catarina. A rusticidade desta espécie permite que se desenvolva em frestas de rochas,
rachaduras de paredes e sobre ruínas desde que o local apresente relativa umidade, tornando-a
potencial para projetos de restauração ambiental, propiciando cobertura arbustiva em solos
pobres (Guimarães & Valente 2001). É bastante freqüente no Rio de Janeiro e ocorre tanto em
restingas quanto em matas de encosta úmida ou matas secundárias em altitudes que variam de
100-820m s.m. (Falcão et al. 1977).
Etimologia: Nome dado em homenagem a Charles Gaudichaud-Beaupré (1789-1854)
naturalista francês e circunavegador do mundo, como “pharmacien em chef de la Marine”.
Esta espécie no PEI foi encontrada em floresta ombrófila alto montana e em floresta de
galeria, sempre próximo a córregos em altitude de 1450m.s.n.m. Encontrada florescendo em
setembro a novembro e frutificando em outubro.
Trata-se de um arbusto, semi-heliófilo com caule esverdeado, folhas discolores verdes,
nervuras visíveis e inflorescência esverdeada, frutos imaturos verdes e maduros negros.
Caracterizada pelo pedúnculo relativamente longo, delgado, inflorescência curvada, lâmina
geralmente com pilosidade adpressa nas nervuras da face abaxial.
A fruto é procurado pelos morcegos que as dispersam, sobretudo em áreas abertas.
(Guimarães & Valente 2001), beija-flores também são dispersores desta espécie (Dyer 2004).
Tudo indica que suas sementes sejam fotoblásticas positivas necessitando de ambiente
aberto para que ocorra sua germinação (Guimarães & Valente 2001).
Estudos fitoquímicos demonstraram que esta espécie possui Sitosterol e Estigmasterol,
produto com atividade antiinflamatória e analgésica. (Santos et al.2001). É usada para dor de
82
dente e em florais, fornece a energia da flexibilidade, da ação e da criatividade
(www.florais.com.br/si/site/1107).
A
B
Fig. 30: Piper gaudichaudianum – A) Ramo com espigas; B) Detalhe da espiga..
83
Fig 31
B
C
A
E
F
D
Fig. 31: Piper gaudichaudianum - A) Parte do hábito; B) Pecíolo com bainha; C) Profilo;
D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. (A,B,C,D,E - H.C. de Souza
RB:316135; F - G. Martinelli 3281).
84
12- Piper lhotzkyanum Kunth, Linnaea 13: 657. 1839.
(Figs. 32 e 33)
Nome vulgar: Aperta-mão, pimenteira, beque-cheiroso.
Tipo: “Brasília crescit prope Rio de Janeiro, s.d, Lhotzky s.n.(B, holótipo, foto F!).”
Arbusto 1-1,7 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados, lenticelados,
glandulosos; profilos 0,4-4 cm compr., lanceolados, glandulosos, na margem ciliados ou
esparso-ciliados, ápice bipartido ou bífido, caducos. Folhas com pecíolo 0,5-1,8 cm compr.,
glabro, estriado, bainha canaliculada até a base da lâmina, 0,8-1,5 mm compr., glandulosa
internamente, margem alada quando jovem, ala membranácea com glândulas traslúcidas;
quando adulta, ala caduca e margem espesso-coriácea; lâmina 9,7-17,5 x 2,9–6,7 cm, ovadolanceolada ou lanceolada, membranácea, cartácea, glabra, discolor verde, brilhante em ambas
as faces, com glândulas traslúcidas, base aguda, assimétrica, não profundo lobada, diferindo
um lado do outro 2–4 mm; ápice agudo, acuminado a levemente cuspidado; margem revoluta;
padrão de nervação campto-acródromo, com tendência a camptódromo na base e acródromo
no ápice, nervura primária castanha, proeminente na face abaxial, plana a levemente sulcada
na face adaxial, nervuras secundárias 3-4 pares, alternas, ascendentes em relação a primária,
dispostas até a porção mediana da lâmina, proeminentes na face abaxial, planas ou levemente
proeminentes na adaxial, presença de nervuras intersecundárias, levemente proeminentes,
nervuras terceárias axiais e laterais. Espiga 2,5-5,3 x 0,3–0,35cm, levemente curvada; flores
aglomeradas; pedúnculo 0,8–1 cm compr., glabro ou piloso, estriado; raque glabra; bractéola
2,5–3,5 mm compr., triangular-peltada ou suborbicular-peltada, na margem fimbriada, com
tricomas de diferentes tamanhos, pedicelo piloso; estames 4; ovário 1,2-1,5 x 1,5-1,7 mm,
glabro, estigmas 3, lineares, papilosos, reflexos, sésseis. Drupa 1-4 x 1-3 mm, oblongoovóide, achatada lateralmente, verde , ápice agudo, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, na beira do muro próximo a área de manutenção do
Parque, 30.VI.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 314 (RB); na entrada da Gruta das
Bromélias, 30.XI.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 351 (RB); no caminho entre o camping
e a rampa para o centro de visitantes, próximo ao muro, 01.XII.2004 (bt), E. von S. Medeiros
389 et al. (RB).
85
Material adicional: BRASIL, MINAS GERAIS, Mun. Ouro Preto, morro de São Sebastião,
Damazio 1711, abril s.ano (G, holótipo de P. damazioi; foto F!); Mun. Lagoa Santa,
27.VII.1864 C, holótipo de P. inversum C. DC.; foto F!).
Distribuição geográfica e habitat
No Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e
Santa Catarina. (Guimarães 1994a; Guimarães & Valente 2001)
Freqüente na floresta pluvial atlântica montana, ocorre geralmente no interior da mata
ou em suas margens, ocupando terrenos argilosos e brejosos, ou ainda locais montanhosos
(Guimarães et al. 1992) às vezes ocorrendo em restingas e áreas degradas (Guimarães 1994a).
No estado de Santa Catarina caracteriza-se como rara, tendo sido registrada apenas por uma
coleta de Glaziou em 1869, como também é rara no Rio de Janeiro (Falcão et al. 1977).
Espécie com referência para locais de altitudes acima de 1000m s.m.
Etimologia: O táxon foi denominado em homenagem a Johann Lhotsky, naturalista e coletor
austro-húngaro, nascido em 1800 e falecido em 1860. Coletou plantas na Austrália, Inglaterra;
no Brasil, esteve de 1830 a 1832 onde coletou o material Tipo.
No PEI foi encontrada na orla da mata e na entrada de grutas em altitudes que variam
de 1400 a 1460m.s.m. Floresce de junho a agosto.
Espécie peculiar pelo brilho das folhas glabras sedosas ao tato e inflorescências eretas
robustas que exalam odor quando cortadas.
Trata-se de um arbusto semi-heliófilo com caule verde, glabro provido de lenticelas
com profilo verde, agudo, folhas discolores verdes, brilhantes, membranáceas ou papiráceas
com pecíolo caracterizado pela bainha canaliculada até a base da lâmina, que na fase jovem
apresenta ala membranácea e na adulta a perde, ficando suas margens espessas e coriáceas.
As espigas com flores alvo-esverdeadas quando maceradas ou mastigadas, propiciam
forte aroma, sensação de ardor e analgesia. Análises farmacoquímicas revelaram grande
concentração de tanino, saponinas osídios redutores e não redutores, alcalóides e bases
orgânicas e menor concentração de esteróis. Os ensaios biológicos revelaram discreta ação
hemolítica e antibacteriana (Guimarães et al. 1992). Análises fitoquímicas demonstram a
presença de monoterpenos como os constituintes majoritários do óleo essencial desta espécie e
86
C-glucosilflavonas (http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/ resumos/0333). A folha é usada em
infusão contra reumatismo (http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm )
A
B
Fig. 32: Piper lhotzkyanum - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga.
87
A
E
C
F
D
B
Fig. 33: Piper lhotzkyanum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação
e detalhe do ápice com apículo; C) Pecíolo com bainha; D) Profilo; E) Bractéola;
F) Gineceu. (E. von S. Medeiros 314).
88
13- Piper miquelianum C. DC., Prodr. 16(1): 254-255. 1869.
(Figs. 34 e 35)
Nome vulgar: Jaguarandi, jaborandi, jaborandi-do-mato, taburutá.
Tipo: Brazil sem localidade específica e sem data, Martius s.n. (M).
Arbusto 1-2 m de altura. Caule com ramos glabros a esparso-hirtos, estriados; profilos
4-7 mm compr., glabros, papilosos, lanceolados, margem lisa, ápice agudo, caducos. Folhas
com pecíolo 4-7 mm compr., esparso-hirto a glabrescente, estriado; bainha basal, 0,5-1 mm
compr., glandulosa internamente, margem subulada; lâmina 9-14,5 x 3-4,5 cm, lanceolada,
elíptico-lanceolada, oblongo-lanceolada, membranácea, papirácea, glabra na face adaxial,
esparso-hirta na nervura mediana abaxial, base levemente assimétrica, lobulada, parcialmente
cobrindo o pecíolo, ápice agudo, acuminado, às vezes constricto, margem plana a revoluta,
creme-amarelada; padrão de nervação broquidódromo, nervura primária castanho-clara,
proeminente, pilosa na face abaxial, levemente impressa na adaxial, nervuras secundárias 1014 pares, alternas e ascendentes em relação à primária, dispostas até o ápice da lâmina,
proeminentes na face abaxial, presença de nervuras intersecundárias, nervuras terciárias axiais
e laterais. Racemo 4,8-8 x 0,5-1,2 cm, ereto; pedúnculo 5-9 mm, esparso-hirto, estriado; raque
hirtela, estriada; bractéola 0,5-0,7 mm compr., sacado-galeada, levemente hirta ou glabra,
decurrente na raque; pedicelo floral 2,5-3,5 mm compr., glabro, glanduloso; estames 4; ovário
1-1,5 mm compr., ovado a ovado-anguloso, com cicatrizes dos estames na base, estigmas 4,
ovados, agudos, reflexos. Drupa 2-3 x 1-1,6 mm, oblongo-ovóide, tetragonal sulcada,
esverdeada quando jovem, verde escura quando madura, ápice agudo, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 10.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3126
(RB)
Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO, Mun. São Paulo, Parque Municipal Alfredo
Volpi, 30.XII.1994 (fr), S. Aragaki 605 (RB).
Distribuição geográfica
Ocorre no Paraguai e no Brasil nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná,
Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 1978). Cresce em matas sombrias.
89
Etimologia: De Candolle ao nomear esta espécie faz uma homenagem a Friedrich Anton
Wilhelm Miquel (1811-1871) naturalista alemão, grande estudioso da família Piperaceae.
No PEI foi encontrada no interior da mata a 1400 m de altitude. Frutifica em março e
dezembro.
Trata-se de um arbusto de 1m de altura, semi-ciófilo com caule esverdeado, folhas
discolores verdes, nervuras bem evidentes e inflorescência ereta, racemosa, com folhas de
venação amplamente pinada.
É muito parecida com Piper corcovadensis C.DC. da qual se diferencia porque P.
miquelianum apresenta pilosidade na nervura principal da face abaxial.
Habita interiores de matas sombrias, matas paludosas, matas de planície e de encosta
da floresta ombrófila densa. Floresce e frutifica o ano inteiro, mas com pico de setembro a
fevereiro (Callejas 1986). É citada pela primeira vez para o estado de Minas Gerais.
Suas folhas são usadas em decocção contra tosse e meteorismo http://www.brasilianplants.com/br/search.cfm).
Fig. 34: Piper miquelianum - Detalhe do racemo.
90
B
A
D
C
E
F
Fig. 35: Piper miquelianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de
nervação; C) Profilo e detalhe da bainha; D) Bractéola; E) Fruto imaturo; F) Fruto
maduro (R.C. Forzza 3126).
91
14- Piper mollicomum Kunth, Linnaea 13:648, 1839.
(Figs. 36 e 37)
Nome vulgar: pariparoba, jaborandi-manso.
Tipo: “Crescit in Brasília, prope Rio de Janeiro, interque Campos et Vitoria, 1815, legit
Gaudichaud, Sellow. (B, holótipo; Foto B! nº 122, Yuncker 1972; foto F!)”
Arbusto 1,5-2 m de altura. Caule com ramos tomentosos, pubescentes ou vilosos,
cilídricos, sulcados; profilos 3-6 mm compr., vilosos, lanceolados, ápice agudo, caducos.
Folhas com pecíolo 1-2 cm compr., viloso, tricoma 0,5 mm compr., estriado; bainha basal 22,5 mm compr., nítido-glandulosa internamente, margem ciliada, levemente reflexa; lâmina
12-15,5 x 4,5-7,3 cm, lanceolada-elíptica, ovado-elíptica, membranácea, escabra na face
adaxial, vilosa ou tomentosa na face abaxial, discolor verde com glândulas translúcidas, base
assimétrica, não profundo lobada, obtuso-cordada, um lado diferindo do outro 4–9 mm, ápice
agudo, acuminado, margem plana, espessa, cerdosa; padrão de nervação camptódromoacródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no ápice, nervura primária
castanha, proeminente na face abaxial, levemente impressa na adaxial, nervuras secundárias 56 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, translúcidas, proeminentes na face
abaxial, de coloração mais claras na adaxial, nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga 8-10
x 0,4-0,5 cm, curva; flores aglomeradas; pedúnculo 0,5-1,5 cm compr., hirsuto; raque glabra
estriada, glandulosa; bractéola 0,8-0,9 mm compr., peltada, subtriangular, franjadas na
margem; pedicelo piloso; estames 4; ovário glabro, glanduloso, estigmas 3, sésseis. Drupa
0,9-1,1 x 1-1,1 mm, oblongo-obovóide, glandulosa, lateralmente comprimidas, ápice truncado,
glabro ou puberulento, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, estrada após o centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (est.) E. von S.
Medeiros et al. 385 (RB).
Material adicional: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Rio Preto, Serra da Caveira D’Anta,
Fazenda da Tiririca, 23.II.2004 (fl), K. Antunes et al. 28 (RB).
92
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre no Panamá, Cuba, Colômbia, Venezuela, Paraguai e no Brasil nos estados de
Mato Grosso, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo,
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Valente et al. 1999; Guimarães & Valente 2001).
Cresce na floresta ombrófila densa e vegetação com influência marinha (Valente et al.
1999). Habita a margem de trilhas, próxima a córregos e terrenos florestais inclinados de
ambiente parcialmente sombreado e perturbados (Tebbs 1993b).
Etimologia: do latim mollis, e = flácido, mole; coma, ae = cabeleira. Em alusão à pilosidade
macia da face abaxial das folhas.
Espécie encontrada no PEI na orla da mata em altitudes que variam de 1250 a 1400m.
s.m. ocore tanto em locais ensolarados quanto sombrios. Foi encontrada florescendo de
setembro a dezembro e frutificando de janeiro a maio.
Este arbusto semi-heliófilo com caule verde, piloso, profilo verde, agudo, folhas
discolores verdes, pilosas em ambas as faces e nervuras salientes na face abaxial. É facilmente
identificada por apresentar suas folhas com pilosidade densa, sedosa ao tato, além disso suas
espigas geralmente são curvas. A literatura informa que um dos seus dispersores é o beija-flor
(Dyer, 2004).
Espécie próxima a Piper aduncum L. dela diferindo por apresentar folhas macias na
face abaxial, menos brilhantes, buladas quando velhas e por ter ainda porte mais arbustivo,
enquanto aquele é geralmente uma arvoreta.
Análises demonstraram que as folhas desta planta contém óleos essenciais onde se
registrou: a-pinene, b-pinene, limonene, trans-caryophyllene, a-humulene, b-selinene,
biciclogermacrene e benzyl octanoate. Estes compostos demonstraram moderada ação
antibacteriana (Santos et al. 2001). Os frutos são considerados excitantes e estomáquicos e
muito usados nas gonorréias; a raiz é empregada em cozimento com resolutivo e em
mastigatórios, como odontálgico (Pio Correa 1984.) e também a raiz em decocção é usada
contra
doenças
hepáticas,
constipação
e
doenças
esplênicas
http://www.brasilian-
plants.com/br/search.cfm).
93
A
B
Fig. 3: Piper m ollicom um - A ) H ábito; B) D et alhe d a espiga
94
C
D
A
E
F
B
F ig. 3 7: Piper mollicomum - A ) Parte do hábito ; B) Fo lh a m o stran d o p ad rão d e n ervação
e d etalh e do s tri co m as; C) Pecío lo, d etalhe d a bain h a; D) Pro filo ; E) b ractéol a e estam es;
F ) G in eceu e estame. (E. vo n S . M edeiro s 3 8 5)
95
15- Piper pseudopothifolium C. DC., Prodr. 16(1): 289. 1869.
(Figs. 38 e 39)
Nome vulgar: Jaborandi
Tipo: Brazil, Riedel 513 (LE - Holótipo)
Arbusto 1,8–2,5 m de altura. Caule com ramos tomentosos a glabrescentes, estriados,
tricomas 0,5-1,5 mm compr., multicelulares, às vezes dispostos linearmente; profilos 1-1,2 cm
compr., tomentoso na margem, membranáceos, lanceolados, agudos, caducos. Folhas com
pecíolo 3-4,5 cm compr., tomentoso; bainha longo-canaliculada, 3,5-6,2cm compr., margem
com ala ciliada percorrendo toda a extensão do pecíolo; lâmina 18-25 x 4–10cm, ovada,
ovado-lanceolada, ovado-elíptica, cartácea a membranácea, glabra em ambas as face exceto
pelos tricomas nas nervuras da face abaxial, discolor verde, glandulosa, base assimétrica,
profundo cordado ou cordado-auriculada, um lado diferindo do outro 1,4-2,5 cm, ápice agudo,
margem plana, levemente revoluta de coloração amarelo-castanha; padrão de nervação
camptódromo-broquidódromo com tendência camptódroma na base e broquidódromo no
ápice; nervura primária castanha, proeminentes em ambas as faces, nervuras 6-8 pares,
alternas, ascendentes em relação a primária, dispostas até o ápice, descendentes nos lobos,
proeminentes na face abaxial; nervuras intersecundárias presentes, nervuras terciárias, axiais e
laterais. Espiga jovem 12-13,6 x 0,2-0,25 cm, quando adulta 17–22 x 0,35–0,5 cm,
esverdeada, pêndula; flores aglomeradas; pedúnculo 1,1–1,4 cm compr., esparso-viloso; raque
glabra; bractéola 0,25–0,35 cm compr., subpeltada, franjada com tricomas curtos na margem e
na parte interna; estames 4, anteras triangulares; ovário ca. 1mm compr., oblongo, piloso,
estigmas 3, filiformes, agudos, eretos ou reflexos, sésseis. Drupa 0,1-0,4 x 0,1-0,3 cm,
oblonga, lateralmente comprimida, castanho-esverdeada, ápice côncavo, truncado, denso
pubescente, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Nascente do Pirapitinga a beira do riacho, 11.X.1989 (fl), L. Krieger & M. Brügger
s.n. (CESJ: 24252); Parque Estadual do Ibitipoca, trilha do camping para a rampa que vai para
o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do córrego, 30.III.2004 (fr), E. von
S. Medeiros et al. 283 (RB); Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 413
(RB);
96
Distribuição geográfica e habitat
No Brasil ocorre nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo. (Guimarães,
inedito.). Cresce na floresta pluvial atlântica, sendo própria de local úmido, próxima a rios
(Guimarães 1994a).
Etimologia: Do grego, pseudo = falso; Pothos= gênero de Araceae; do latim folium, i, = folha.
Esta espécie foi denominada por Kunth possivelmente devido à semelhança da folha com o
gênero Pothos L. da família Araceae.
Esta espécie foi encontrada no PEI em 1377m de altitude nas margens de riachos.
Floresce em outubro e março e frutifica em março.
Trata-se de um arbusto semi-ciófilo com caule esverdeado, folhas discolores verdes,
cartáceas, nervação muito evidente, face abaxial com nervura pilosa e espiga pêndula. O porte
arbustivo, as folhas bem desenvolvidas e as espigas pêndulas dão a esta espécie um potencial
ornamental para uso no paisagismo.
Fig. 38: Piper pseudopothifolium – exsicata mostrando um ramo com espiga.
97
B
E
A
C
F
D
Fig. 39: Piper pseudopothifolium - A) Parte do hábito, mostrando padrão de nervação;
B) Profilo; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola;
F) Fruto. (C.M.B. Correia 136)
98
16- Piper richardiifolium Kunth, Linnaea 13: 668. 1839
(Figs. 40 e 41)
Nome vulgar: Pau-de-junta-do-grado, pau-de-junta.
Tipo: “Crescit in Brasília meridionali, Sellow” (B, holótipo; R!, isótipo; foto nº 50, K! isótipo,
Yuncker 1972.)
Arbusto a arvoretas 2,5–3 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados,
lenticelados; profilos 5-6 mm compr., membranáceos, ovados, agudos, planos, ciliados na
margem, envolvido pela bainha. Folhas com pecíolo 5-11 x 0,45-0,8 cm, glabro; bainha
longo-canaliculada, 5 x 10,5 cm, estriado-glandulosa internamente, margem com ala
percorrendo quase toda a extensão do pecíolo; lâmina 21–39 x 9,1–18 cm, ovada, ovadoelíptica, papirácea, membranácea, glabra em ambas as faces ou com tricomas esparsos nas
nervuras da face abaxial, discolor verde com glândulas translúcidas, base assimétrica,
profundo cordado-auriculada, na folha jovem um lado diferindo do outro de 0,6–1 cm, na
adulta 2–6,1 cm, reentrância aberta ou fechada; ápice agudo levemente acuminado, margem
revoluta de coloração amarelo-clara; padrão de nervação camptódromo-broquidódromo, com
tendência camptódromo na base e broquidódromo no ápice; nervura primária castanha
proeminente na face abaxial, levemente proeminente na adaxial; nervuras secundárias 6-8
pares, alternas, ascendentes em relação à primária, dispostas até o ápice, descendentes nos
lobos, proeminentes na face abaxial; nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga jovem 4,5–
5,3 x 0,15–0,25 cm, rósea, quando adulta 17,6-18,5 x 0,5-0.6 cm, castanho-esverdeada,
pêndula; flores aglomeradas; pedúnculo 0,8-2,5cm compr., glabro; raque glabra, glandulosa;
bractéola 0,25-0,35 mm, triangular-subpeltada, ápice inflexo, franjado; estames 4; ovário 11,1 x 1-1,1 mm, ovado, piloso, estigma 3, filiformes, agudos, reflexos, sésseis. Drupa 1,8-2 x
1,5-2 mm, oblonga, lateralmente comprimida, esverdeada, ápice truncado, denso pubescente,
estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Lagoa Seca, 23.III.1988 (fl), P.M. Andrade & M.A.
Drumond 1132 (RB); a beira do riacho, 20.VI.1991 (fl), F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ:
25397); próximo a Cachoeira das Andorinhas, 05.VII.1993 (fl), R.C. Oliveira 188 (CESJ);
Parque Estadual do Ibitipoca, 06.IX.1995 (est.), Marco Aurélio L. Fontes 103 (ESAL); trilha
do camping para a rampa para o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do
99
córrego, 30.III.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 281 (RB); trilha do camping para a rampa
para o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do córrego, 30.III.2004 (bt), E.
von S. Medeiros et al. 282 (RB); na beira do córrego após o muro perto da área de manutenção
do Parque, 30.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 316 (RB); na gruta dos Viajantes,
31.VIII.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 330 (RB); Gruta dos Três Arcos, 01.IX.2004
(bt,fl) E. von S. Medeiros et al. 270 (RB); Gruta dos Moreira, 01.IX.2004 (est.) E. von S.
Medeiros et al. 331 (RB); dentro da Gruta dos Três Arcos, 30.XI.2004 (bt), E. von S.
Medeiros et al. 369 (RB); na entrada da Gruta das Bromélias, 30.XI.2004 (est.), E. von S.
Medeiros et al. 349 (RB); estrada após o centro de visitantes indo para o camping,
01.XII.2004 (bt,fl), E. von S. Medeiros et al. 386 (RB); no córrego da mata pequena, próximo
ao centro de visitantes, 02.XII.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 399 (RB); Mata pequena, na
beira do córrego próximo ao centro de visitantes, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al.
424 (RB).
Distribuição geográfica e habitat
Ocorre no sudeste e sul do Brasil nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná
e Santa Catarina (Guimarães & Valente 2001). Esta espécie habita floresta ombrófila densa,
montana e submontana e também em floresta pluvial ripária (Guimarães 1994a).
Etimologia: Richardiifolium, nome provavelmente dado em homenagem ao médico e
botânico, inglês, Richard Richardson (1663-1741).
No PEI é encontrada na entrada de grutas e na beira de córregos em altitudes que
variam de 1350 a 1670m.s.m. Encontrada florescendo em março, junho a dezembro e
frutificando em março.
Espécie semelhante a P. cernuum Vell. da qual difere pelo tamanho das folhas, que em
P. cernuum é bem maior e também pela presença de tricomas no pecíolo.
Este arbusto ou arvoreta pode chegar a 7 m de altura, sendo semi-ciófilo ou ocorrendo
em local totalmente sombreado, com caule verde-acastanhado com lenticelas e entrenós bem
desenvolvidos. As folhas apresentam pecíolo de bainhas aladas com traços vinosos, lâmina
membranácea, quando jovem simétrica com a face adaxial verde-escura brilhante e face
abaxial rosada, quando adulta são assimétricas discolores, verdes, nervuras evidentes, na face
adaxial, impressas e de coloração verde mais clara e na face abaxial, saliente, vinosa e espigas
100
pêndulas, quando jovens em flor de cor rósea, e desenvolvidas verde-acastanhado. Quando
maceradas possuem odor agradável. Devido as suas folhas grandes, brilhantes e vistosas e ao
seu porte arbustivo ou arbóreo é uma planta que se cultivada em conjunto será útil para o
paisagismo, especialmente, por apresentar folhas de tonalidades variadas em determinados
momentos de seu desenvolvimento, como também se torna atraente pelas espigas longas e
pêndulas.
B
A
C
Fig. 40: Piper richardiifolium – A) Hábito; B) Folhas jovem rosada e mais madura verde com
espiga imatura rosa; C) Detalhe da espiga jovem.
101
B
C
A
D
E
Fig. 41: Piper richardiifolium - A) Parte do hábito e detalhe do padrão de nervação e
tricomas; B) Pecíolo, detalhe da bainha; C) Parte da espiga em fruto; D) Bractéola e
gineceu; E) Fruto. (C,D,E - E. von S. Medeiros 413; A,B - E. von S. Medeiros 386)
102
17- Piper solmsianum C. DC., Prodr. 16(1): 291-292. 1869.
(Figs. 42 e 43)
Nome vulgar: Caapeba, pariparoba.
Tipo: Brasil, XI.1832, Riedel 1171.
Arbusto 1-2,7 m altura. Caule com ramos glabros, estriados; profilos 0,9-2,5 cm
compr., glabro, membranáceo, lanceolados, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 1,5-4,5
cm compr., glabro; bainha alargada na base, constituindo um canal, 1,5-2,3 cm compr.,
margem com ala caduca, quando presente a ala é membranéceo-hialina, percorrendo quase
toda a extensão do pecíolo; lâmina 5,7-19,4 x 3,5-14,9 cm, ovada, membranácea, glabra em
ambas as faces com glândulas translúcidas, base simétrica truncada, obtusa, cordada
decurrente em direção ao pecíolo, ápice agudo, acuminado, margem revoluta; padrão de
nervação camptódromo-acródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no
ápice, nervuras primária castanho-amarelada, proeminente na face abaxial, subimpressa a
plana na face adaxial, nervuras secundárias 5-7 pares, alternas, ascendentes em relação a
primária, proeminentes na face abaxial, aplanada na face adaxial, dispostas e atenuadas em
direção ao ápice; nervuras intersecundárias presentes, nervura terciárias laterais e axiais.
Espiga 3,1-8,4 x 0,2-0,3 cm, na frutificação atingem 0,6 cm de diâm., alvo-esverdeada, ereta;
flores aglomeradas; pedúnculo 0,7-1,2 cm compr., glabro, subestriado; raque glabra, estriada;
bractéola convexo-arredondada, peltada-concrescida, glabra com pedicelo piloso; estames 4,
anteras oblongas com filetes 1-1,5 mm compr., castanhos; ovário 1,8-2 mm compr., ovado,
ovado-elíptico, glabro, estigmas 3, filiformes, reflexos, sésseis. Drupa obpiramidal, trigonal,
glabra, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, na entrada da Gruta dos Moreiras, 30.XI.2004 (est.),
E. von S. Medeiros et al. 368 (RB); caminho da trilha interditada para o Peão, 31.VIII.2004
(fl), E. von S. Medeiros et al. 333 (RB); Gruta do Moreira, 01.IX.2004 (bt,fl), E. von S.
Medeiros et al. 346 (RB); na entrada da Gruta dos Moreira, 30.XI.2004 (fl), E. von S.
Medeiros et al. 367 (RB).
103
Distribuição geográfica
Ocorre no sudeste e sul do Brasil nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São
Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 2001).
Etimologia: o epíteto foi dado provavelmente em homenagem a Hermann Maximilian Carl
Ludwig Frederich zu Solms-Laubach (1842-1915), estudioso da botânica em geral.
No PEI foi encontrada na mata próximo as entradas de grutas em altitude de 1670m
s.m. Floresce de setembro a novembro.
Trata-se de um arbusto, semi-heliófilo com caule verde ou acastanhado e nós verdevinosos tendo os profilos reduzidos e verdes. As folhas com pecíolo alado, canaliculado tem a
coloração verde-vinosa e apresentam a lâmina discolor, membranácea com nervuras abaxiais
verde-vinosas. As espigas quando imaturas são verdes e castanhas em fase adulta.
Espécie freqüente na mata com luz difusa, em planícies alagadiças, semi-paludosas ou
brejos, não raro ocorrendo em capoeiras ou matas de encostas e restingas.
A infusão
de suas folhas são
diuréticas
e contra doenças respiratórias
(http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm).
Observações de campo, permitiram avaliar este táxon como uma planta, que poderia
ser introduzida como ornamental, especialmente porque dispõe de porte arbustivo com copa
arredondada, folhas vistosas, ovadas, com base cordada ou truncada.
A
B
Fig. 42: Piper solmsianum – A e B) detalhe da espiga
104
E
F
H
A
B
D
G
C
Fig. 43: Piper solmsianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação;
C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) parte da espiga em flor; F) Bractéola;
G) Gineceu; H) Fruto. (A,B,C,D,E,F,G - E. von S. Medeiros 333; H- w. Boone 493)
105
18- Piper tectoniifolium Kunth, Linnaea 13: 661.1839.
(Figs. 44 e 45)
Tipo: “Crescit in Brasília meridionali, Serra de São Rinaldo, s.d., Sellow 1193-117 (B,
holótipo; foto F!).
Arbusto ou arvoreta 1,8–2,5 m de altura. Caule com ramos pubescentes, estriados;
profílos 1–3,5 x 0,15–0,35 cm, eretos, pubescentes, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo
1,5–2,85 x 0,2 cm, pubescente; bainha basal, 6-6,5 mm, glandulosa internamente, margem
espessada; lâmina 12,4–21,3 x 7,8–14,3 cm, ovada, membranáceas, cartácea, pubescente em
ambas as faces, discolor verde, glândulas translúcidas, base assimétrica, não profundo lobada,
um lado diferindo do outro em 0,3-0,7 cm, aguda, curto-decurrente; ápice agudo-acuminado,
margem plana, ciliada; padrão de nervação acródromo-broquidódromo, acródroma na base
com tendência broquidódroma acima; nervura prímaria, castanha, proeminente na face
abaxial, levemente impressa na adaxial; nervuras secundárias 5–6 pares conspícuas, acima da
porção mediana inconspícuas, alternas, ascendentes em relação a primária, proeminente na
face abaxial; presença de nervuras intersecundárias levemente proeminentes, nervuras
terciárias axiais e laterais. Espiga 8,3–14 x 0,45–0,65 cm, ereta, quando jovem cremeesverdeada, quando adulta castanha; flores aglomeradas; pedúnculo 1,7–2,8 cm compr., glabro
a esparso pubescente, substriado; raque esparso pilosa, nítido-glandulosa; bractéola
arredondada ou triangular-peltada, fimbriada, glandulosa; estames 4, anteras triangulares;
ovário oblongo 1-1,5 x 1-1,2 mm, glanduloso, estigmas 3, arredondados, sésseis. Drupa 0,170,2 cm, oblonga, lateralmente achatada, esverdeada quando jovem e castanha quando madura,
glandulosa, ápice truncado, denso castanho-pubescente, estigmas persistentes.
Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do
Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha do Camping para a rampa que vai para o Centro
de Visitantes, do outro lado do muro, na beira do córrego, 30.III.2004 (fl), E. von S. Medeiros
et al. 277 (RB); mata em frente do Centro de Visitantes, próximo ao curso d’água, 31.III.2004
(fr), E. von S. Medeiros et al. 286 (RB); na beira do córrego após o muro perto da área de
manutenção do Parque, 31.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 315 (RB); na entrada da
Gruta das Bromélias, 30.XI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 350 (RB); estrada após o
centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (bt,fl), E. von S. Medeiros et al. 387
(RB); na entrada da Gruta do Maximiliano, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 428
(RB).
106
Distribuição geográfica e habitat
No Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e Distrito
Federal (Guimarães, inédito). Encontrada em floresta pluvial atlântica montana, não raro, em
floresta pluvial ripária, às vezes heliófila (Guimarães, 1994a).
Etimologia: do latim, tectus, a, um = coberto; folium, i = folha. Nome dado provavelmente
porque a planta apresenta folhas cobertas por pilosidade.
Esta espécie ocorre em altitudes que variam de 690 a 1500m s.n.m. no PEI foi
encontrada a 1400m s.m. sempre próxima a curso d’água e entrada de grutas. Foram coletadas
em mata de galeria. Floresce em março, junho, novembro e dezembro e frutifica em março.
Trata-se de um arbusto ou arvoreta, semi-ciófilo que pode atingir 7 m de altura, com
caule castanho-esverdeado, com lenticelas; profilos verdes, agudos; folhas discolores verdes,
cartáceas com tricomas na face adaxial, nervuras bem evidentes e espigas longas e eretas,
quando jovens de cor verde claro e maduras verde-acastanhado.
Por sua bela folhagem, pode ser usada como ornamental.
A
B
Fig. 44: Piper tectoniifolium – A) Detalhe de um ramo com espigas eretas; B) Exsicata, ramo
com detalhe da espiga.
107
B
A
C
D
E
F
Fig. 45: Piper tectoniifolium - A) Parte do hábito, com detalhe dos tricomas; B) Folha
mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Ovário
visão frontal e bractéola; F) Fruto. (E. von S. Medeiros 277)
108
9- Considerações finais
A família Piperaceae no Parque Estadual do Ibitipoca está representada por 21 táxons
distribuídos em dois gêneros. Destes, 13 são pertencentes ao gênero Peperomia e nove fazem
parte do gênero Piper, a maioria habita ambientes de mata, em beira de córregos ou são
epífitas, sendo poucas aquelas que se encontram nos campos rupestres.
Os resultados obtidos, assinalaram alguns caracteres diagnósticos, tanto para o gênero
Peperomia Ruiz & Pav. quanto para Piper. L. Para o primeiro foram destacados caracteres de
valor diagnóstico como aqueles relacionados à filotaxia, presença, ausência, tipo e posição dos
tricomas na planta. Ressalta-se ainda a raque, que pode apresentar-se ora glabra, ora pilosa,
com fóveas profundas ou não. Por outro lado, os frutos em Peperomia também revelaram
valor diagnóstico e apresentam detalhes que conduzem à identificação das espécies como, por
exemplo, a presença de cúpulas e tipos de estigmas. Quanto ao gênero Piper, os valores
diagnósticos são evidenciados especialmente no tipo de padrão foliar; cujas nervuras ora
podem se dispor até o ápice (broquidódromo), ora até a porção mediana da lâmina
(camptódromo-acródromo). As bainhas foliares também representam um valor diagnóstico
quando elas se situam na base foliar, no prolongamento do pecíolo formando canais ou podem
apresentar alas persistentes ou caducas. As inflorescências, se constituem também um caráter
forte para o grupo, em Piper richardiifolium se apresentam longas e pêndulas, enquanto em
Piper lhotzkyanum são curtas, eretas e em Piper mollicomum, curvas.
As espécies do gênero Peperomia encontram-se, principalmente, no interior das matas
úmidas ou em matas de galeria muito próximas a córregos, mas também podem ocorrer em
matas secas, em afloramentos rochosos como P. oreophila.
As anotações feitas nos exemplares de campo tiveram grande importância, pois
facilitaram a visualização e a compreensão dos limites entre as espécies. Assim, Peperomia
oreophila foi uma das espécies que apresentou maior polimorfismo no que se refere à
pilosidade, variável quando a planta se encontra na sombra ou no sol; da mesma maneira com
relação a cor, Peperomia galioides e Peperomia augescens apresentaram modificações de
coloração, toda a planta torna-se amarelada quando no sol e verde à sombra, ou apresenta
folha na face abaxial e caules avermelhados ao sol e esverdeadas a sombra.
As espécies Piper richardiifolium e Piper tectoniifolium observadas no interior de
mata, próximo à córregos, que dispõem de ampla área foliar e espigas mais longas, podem
assim se apresentar por se encontrarem em locais mais fechados. Isto sugere uma adaptação
109
para absorção de luz e mais flores para garantir a polinização. As plantas do gênero Piper são
polinizadas principalmente por insetos (abelhas, besouros e moscas) e pelo vento (Sample
1974, Figueiredo & Sazima 2000). Os frutos maduros são dispersados por aves e,
principalmente, por morcegos frugívoros (Tebbs 1993a, Bizerril & Raw 1998). Em florestas
tropicais, a dispersão de algumas espécies é realizada exclusivamente por um número limitado
de morcegos (Fleming 1981, Bizerril & Raw 1998).
Uma análise mais detalhada sobre a região, quando das visitas aos herbários e transito
fora do âmbito do Parque foi verificada a existência de outras espécies como: Piper aduncum
L., P. arboreum Aubl., P. caldense C. DC., P. cernuum Vell., P. dilatatum L.C. Rich., P.
hayneanum C. DC., P. hoffmannseggianum Roem. et Sch., P. umbellatum L., P. vicosanum
Yuncker, Peperomia alata Ruiz et Pav. e Sarcorhachis obtusa (Miq.) Trel., que não fizeram
parte deste trabalho, concluindo-se então a necessidade de ampliar-se o conhecimento para o
município de Lima Duarte.
Pela primeira vez citadas para o estado Piper miquelianum e Peperomia crinicaulis e
P. mandiocana, ambas pouco representadas no Brasil foram encontradas no Parque.
Peperomia rotundifolia com distribuição ampla e, citada para o Parque, não foi recoletada.
No Parque Estadual do Ibitipoca, a maioria das espécies foi encontrada na mata
Grande. As Peperomia localizavam-se sobre troncos, em ambiente ombrófilo e úmido. As
espécies que estavam em campo de altitude como Peperomia oreophila situavam-se sobre
pedras e muitas vezes protegiam-se da incidência de luz em frestas nas rochas. Peperomia
galioides também se fazia representar em campo de altitude, no solo sob arbustos, neste
mesmo tipo de vegetação. Piper tectoniifolium e P. solmsianum foram observados na entrada
de grutas.
Com base nos estudos aqui realizados verificou-se que o conhecimento da
biodiversidade dos ecossistemas, através de levantamentos florísticos, mostra-se importante
para a conservação ambiental, bem como para uma potencial exploração racional dos recursos
e das áreas naturais ainda existentes.
110
10- Indice de Coletores
C.T. Rizzini & A. Mattos 934 (10)
D. Sucre & P.I.S. Braga 7162 (6)
D. Sucre & Pe. L. Krieger 6867 (4); 6720 (5); 6678 (6); 6660, 6681 (9d)
E. von S. Medeiros et al. 274, 275, 279, 287, 291, 294, 422, 426 (1); 295 (2); 273, 276, 280,
285, 290, 430 (4); 264, 266, 268, 269, 319, 366, 381, 405, 418, 419 (5); 320, 332, 344, 357,
384 (6); 323, 365 (8); 271, 406, 425 (9a); 278, 417, 400, 415 (9c); 265, 318, 416, 435 (9d);
272, 298 (10); 314, 351, 389 (12); 385 (14); 283, 413 (15); 270, 281, 282, 316, 330, 331, 349,
369, 386, 399, 424 (16); 333, 346, 367, 368 (17); 277, 286, 315, 350, 387, 428 (18)
E.P. Heringer (7)
F.C.P. Garcia et al. 215 (10)
F.M. Ferreira 478 et al. (11)
F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 27411) (1); (CESJ: 25465) (2); . (CESJ: 27410, CESJ:
25348, CESJ: 25396) (6); (CESJ: 25342) (9d); (CESJ: 25397) (16)
F.S. Araújo et al. 36 (4)
H. de Magalhães s/n (R: 86560) (7), 1305 (6)
H.C. de Souza s.n (RB: 319360, RB: 319361) (6); (RB:319360) (9d); (RB: 316168) (10); (RB:
316135) (11)
K. Antunes et al. 28 (14)
L. Krieger & M. Brügger s.n. (CESJ: 24252) (15)
L.D. Meireles et al. 1180 (11)
L.G. Rodela Q15-169 (4); Q2-30 (6)
M. Carvalho-Silva et al. 256 (1); 257, 261 (4); 259, 263 (5); 260 (6); 262 (9b); 258, 262 (9d)
M. Eiterer s.n. et al. (CESJ: 24879) (6)
M.C. Brüger s.n. et al. (CESJ: 26079) (6)
M.R. Rosa & L.G. Rodela Q11-104 (1)
Marco Aurélio L. Fontes 90 (11); 103 (16)
P.I.S. Braga 1884 (5); 1888 (6); 1935 (8); 1879 (9d)
P.M. Andrade & N.A. Drumond 1123 (4); 1132 (16)
P.M. Andrade 1118, 1122, 1183 (3); 1207 (4); 1106 (5); 1095 (10)
Pe. L. Krieger s.n . (CESJ: 8563) (4); (CESJ: 8578, CESJ: 8630, RB: 197145) (5); (CESJ:
15264, CESJ: 13193) (6); (CESJ: 16637, CESJ: 8523, CESJ: 9332, UEC: 123.535) (9a);
(CESJ: 16238) (9c)
111
R. Dias-Melo et al. 306 (8)
R. Marquete et al. . 3231 (4); 3077, 3094, 3113 (6)
R.C. Forzza et al. 2641, 3069 (1); 2661, 3177, 3242 (4); 3161, 3240 (5); 3058 (9a); 3126 (13)
R. C. Oliveira 36 (5); 134 (6); 188 (16)
S. Aragaki 605 (13)
Schwacke 12299 (6)
112
11- Índice de gêneros e espécies:
Acrocarpidium 15, 16
Aechmea 8
Amalago 14
Anthurium 8
Artanthe 14
Betela 14
Carpupica 14
Churumayu 15
Cubeba 14
Enckea 14
Gonistum 14
Heckeria 14
Hemipodion 15
Hymenophyllon 15
Isophyllon 15
Macropiper 21
Macrostachys 1, 15
Maxillaria 8
Methysticum 14
Micropiper 15, 16,
Nhadi 15
Ottonia 1, 14, 15, 16, 21, 35
Ottonia corcovadensis 76
Ottonioides 15
Oxodium 14
Peltobryon 14
Peperomia 1, 8, 14, 15, 16, 20, 21, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 39, 40,
41, 108, 109
Peperomia alata 43, 109
Peperomia augescens 27, 28, 30, 31, 39, 41, 42, 44, 45, 108
Peperomia caperata 24
Peperomia clusiaefolia 24
113
Peperomia corcovadensis 57
Peperomia crinicaulis 27, 28, 39, 41, 46, 47, 48, 109
Peperomia decora 60
Peperomia diaphanoides 28, 30, 39, 41, 49, 50, 51
Peperomia galioides 27, 28, 30, 31, 39, 41, 52, 54, 55, 108, 109
Peperomia gardneriana 21
Peperomia mandiocana 28, 39, 41, 56, 57, 58
Peperomia obtusifolia 24
Peperomia oreophila 21, 27, 28, 30, 31, 32, 38, 39, 41, 59, 60, 61, 62, 108, 109
Peperomia pereskiaefolia 21
Peperomia rotundifolia 28, 39, 41, 63, 64, 65, 109
Peperomia rubricaulis 21
Peperomia sandersii 24
Peperomia scandens 24
Peperomia tenella 27, 28, 31, 36, 39, 41, 66, 67,68
Peperomia tetraphylla 27, 28, 31, 39, 41, 69, 73
Peperomia tetraphylla var. piedadeana 69, 70
Peperomia tetraphylla var. tenera 69, 70
Peperomia tetraphylla var. tetraphylla 69, 70
Peperomia tetraphylla var. valantoides 30, 69, 71
Philodendron 8
Piper 1, 14, 15, 16, 20, 21, 23, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 74,
108, 109
Piper acutistigmum 24
Piper aduncum 21, 23, 92, 109
Piper amalago 24
Piper amazonicum 24
Piper arborescens 23
Piper arboreum 109
Piper arboreum subsp. arboreum 23
Piper arboreum subsp. tuberculatum 23
Piper auritu 24
Piper bartilingianum 21
Piper betle 24
114
Piper brachystachyum 24
Piper caldense 109
Piper callosum 23
Piper cernuum 99, 109
Piper chaba 24
Piper consaguineum. 24
Piper corcovadensis 25, 31, 36, 74, 76, 78, 79, 89
Piper dilatatum 109
Piper falconeri 24
Piper futokadsura 24
Piper gaudichaudianum 75, 80, 82, 83
Piper grande
Piper guineense 24
Piper hayneanum 109
Piper hispidinervum 23
Piper hispidum 23, 24
Piper hoffmannseggianum 21, 109
Piper lhotzkyanum 25, 31, 75, 84, 86, 87, 108
Piper marginatum 23
Piper miquelianum 31, 74, 88, 89, 90, 109
Piper mollicomum 23, 31, 75, 91, 93, 94, 108
Piper nigrum 14, 23, 24
Piper peltatum 23
Piper pseudopothifolium 31, 74, 95, 96, 97
Piper regnellii 38
Piper richardiifolium 25, 31, 74, 98, 100, 101, 108
Piper solmsianum 25, 31, 74, 102, 103, 104, 109
Piper sylvaticum 24
Piper tectoniifolium 25, 31, 74, 105, 106, 107, 108, 109
Piper tetraphyllum 69
Piper umbellatum 109
Piper vicosanum 109
Pothomorphe 14, 15, 16
Radula 15
115
Rhipsalis 8
Rhynchophorum 15, 16
Saliuncae 15
Sarcorhachis 1, 15, 16, 20, 21
Sarcorhachis obtusa 109
Schilleria 14
Sophronithes 8
Sphaerocarpidium 16
Spuriae 15
Steffensia 14
Tildenia 15, 16
Tillandsia 8
Trianaeopiper 15
Vanillosmopsis erythropappa 8
Verae 15
Zippelia 16, 21
116
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DISSERTAÇÃO ERIKA - Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do