Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical FLORA DO PARQUE ESTADUAL DO IBITIPOCA, MINAS GERAIS, BRASIL - FAMÍLIA PIPERACEAE Erika von Sohsten de Souza Medeiros 2006 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil Família Piperaceae Erika von Sohsten de Souza Medeiros Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Botânica. Dra. Elsie Franklin Guimarães Março de 2006. II Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil - Família Piperaceae Erika von Sohsten de Souza Medeiros Dissertação submetida ao corpo docente da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - JBRJ, como parte dos requisitos necessários a obtenção do grau de Mestre. Aprovada por: Prof. Dra. Elsie Franklin Guimarães (Orientador) ____________________________________ Prof. Dr. João Rodrigues Miguel _________________________________________________ Prof. Dr. Vidal de Freitas Mansano _______________________________________________ Em 23/02/2006 Rio de Janeiro 2006 III M488 Medeiros, Erika von Sohsten de Souza. Flora do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil Família Piperaceae. / Erika von Sohsten Medeiros. – Rio de Janeiro, 2006. 127, 45 f. : il. ; 28 cm. Dissertação (Mestrado) – Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro/Escola Nacional de Botânica Tropical, 2006. Orientador: Elsie Franklin Guimarães Banca examinadora: Vidal de Freitas Mansano, João Rodrigues Miguel Bibliografia. 1. Taxonomia. 2. Piperaceae. 3. Flora. 4. Parque Estadual do Ibitipoca. I. Título. II. Escola Nacional de Botânica Tropical. CDD 583.25098151 IV Dedicatória À amiga e mestra Rosa Fuks (in memorian) que me estimulou a fazer o mestrado À minha mãe Francisca por ter me sustentado e apoiado durante todo este período V Agradecimentos Agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, em especial: À Dra. Elsie Franklin Guimarães, minha orientadora, pela dedicação, apoio e incentivo constantes, sem ela não estaria aqui hoje. Obrigada pelas oportunidades. Ao grande amigo Msc. Ronaldo Marquete pelo exemplo de profissional, pela força, carinho, apoio, incentivo e pelas fotos. À Msc. Micheline Carvalho-Silva que com sua amizade me aconselhou, me mostrou os caminhos que deveria seguir e também pelas fotos da área. Ao Instituto Estadual de Floresta (IEF) de Minas Gerais, pelo fundamental apoio logístico. Ao Sr. João Carlos Lima de Oliveira, Diretor do Parque Estadual do Ibitipoca, assim como seus funcionários, pela grande colaboração e receptividade, em especial, ao Sr. José Geraldo Santos (Sr. Pereira) que nos guiou na Mata Grande. Aos curadores e funcionários dos herbários que visitei e solicitei material para meus estudos, que tão bem me atenderam. À Dra. Rafaela C. Forzza por ter me apresentado Ibitipoca Aos amigos, Márcia Dias Campos, Fábio França Moreira e Paulo Botelho de Macedo, que estavam sempre prontos para me dar forças para continuar. Aos companheiros de coletas Joel, Manoel, Elsie, Lia, Ronaldo, Micheline, Rafaela, Ravena, Leandro, Luiz, Bruno, Kenia, Dayara,.... A desenhista Ana Lucia de Souza pelas lindas pranchas Ao Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro e Escola Nacional de Botânica Tropical, pelo uso de suas instalações. A CAPES, pelos 6 meses de bolsa concedida. VI Lista de abreviaturas • • • • • • • • • • bt – botão floral compr. – comprimento fl – flor fr – fruto s.d. – sem data s.n. – sem número est. – estéril Mun. – município Distr. – distrito PEI – Parque Estadual do Ibitipoca Lista dos herbários consultados • CESJ – Herbário, Departamento de Botânica, Universidade Federal de Juiz de Fora, Minas Gerais, Brasil. • F – Herbarium, Botany Departament, Field Museum of Natural History, Illinois. Chicago, USA. • FCAB - Herbário Friburguense, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ. Brasil. • GUA - Herbário Alberto Castellanos, DIVEA, DEP, FEEMA, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • HB - Herbarium Bradeanum, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • IAC – Herbário, Seção de Botânica Econômica, Instituto Agronômico, Campinas, São Paulo, Brasil. • M – Herbarium Botanische Staatssammlung, München, Federal Republic of Germany. • P- Herbier, Laboratoire de Phanérogamie, Mueseum National d´Histoire Naturelle, Paris, France. • R – Herbário, Departamento de Botânica, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • RB - Herbário do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • RFA – Herbário, Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, CCS, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • RUSU - Universidade Santa Úrsula, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. • S – Herbarium, Botany Departaments Swedish Museum of Natural History, Stockholm, Sweden. VII • UEC – Herbário, Departamento de Botânica IB, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, São Paulo, Brasil. Lista de Ilustrações Fig. 1: A) Mapa do Brasil mostrando o estado de Minas Gerais, destacando o Parque Estadual do Ibitipoca; B) Mapa plani-altimétrico do Parque Estadual do Ibitipoca. ............................... 4 Fig. 2: Mapa de vegetação da região do Parque Estadual do Ibitipoca. .................................... 6 Fig. 3: Tipos de vegetações ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca: ................................ 7 Fig. 4: Formações do rio do Salto: ............................................................................................ 9 Fig. 5: Mapa ilustrativo do Parque Estadual do Ibitipoca ...................................................... 10 Fig. 6: Vista de algumas áreas do Parque. ............................................................................... 11 Fig. 7: Filotaxia: ....................................................................................................................... 29 Fig. 8: Tipos de Inflorescências. .............................................................................................. 33 Fig. 9:Prancha dos Frutos de Peperomia ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca. .......... 37 Fig. 10: Foto de Peperomia augescens: A) Habito; B) Detalhe da espiga com frutos ............ 44 Fig. 11: Prancha de Peperomia augescens - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto. .................................................. 45 Fig. 12: Foto de Peperomia crinicaulis – Hábito. ................................................................... 47 Fig. 13: Prancha de Peperomia crinicaulis - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga; C) Folha; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Bractéola; F) Fruto. .......................................... 48 Fig. 14: Foto de Peperomia diaphanoides – Hábito ................................................................ 50 VIII Fig. 15: Prancha de Peperomia diaphanoides - A) Hábito; B) Folha com detalhe das cerdas no ápice; C) Detalhe do ramo com espiga; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto; F) Bractéola. ................................................................................................................................. 51 Fig. 16: Foto de Peperomia galioides - A) Hábito; B) População crescendo em mata. .......... 54 Fig. 17: Prancha de Peperomia galioides - A) Hábito; B) Detalhe de um verticilo; C) Folha com detalhe do ápice; D) Parte da espiga em fruto; E) Fruto. ................................................. 55 Fig. 18: Foto de Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Detalhe da espiga em fruto. .......... 57 Fig. 19: Prancha de Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Folha com detalhe de ápice e margem; C) Bractéola; D) Fruto; E) Parte da espiga em fruto. ............................................... 58 Fig. 20: Foto de Peperomia oreophila - A e B) Planta com hábito rupícola, heliófita mostrando espigas eretas. ........................................................................................................ 61 Fig. 21: Prancha de Peperomia oreophila - A) Hábito; B) Detalhe do verticilo foliar; C) Tipos de folha e detalhe do ápice; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto. .............................. 62 Fig. 22: Foto de Peperomia rotundifolia – A) Detalhe do ramo; B) Hábito. .......................... 64 Fig. 23: Prancha de Peperomia rotundifolia - A) Hábito; B) Folha, detalhe da base; C) Parte da espiga em flor e fruto; D) Bractéola. .................................................................................. 65 Fig. 24: Foto de Peperomia tenella - Hábito rupícola, na margem do rio, racemo em fruto... 67 Fig. 25: Prancha de Peperomia tenella - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto; E) Bractéola. ............................................. 68 Fig. 26: Foto de Peperomia tetraphylla - Hábito, espigas eretas e diversos tipos de folhas ... 73 IX Fig. 27: Prancha de Peperomia tetraphylla - A) Hábito com detalhe dos tricomas no caule var. tenera; B) Fruto; C) parte da espiga em fruto D) folha com tricomas por toda a lâmina var. tetraphylla; E) Folha com detalhe dos tricomas - var. tenera; F) folha com detalhe das cerdas rígidas no ápice - var. piedadeana; G) Folha glabra com detalhe do ápice com cílios – var. valantoides. ....................................................................................................................... 74 Fig. 28: Foto de Piper corcovadensis - A) detalhe do racemo; B) Hábito. ............................. 78 Fig. 29: Prancha de Piper corcovadensis - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Bractéola; F) Fruto imaturo; G) Fruto maduro. .................................................................................................................................... 79 Fig. 30: Foto de Piper gaudichaudianum – A) Ramo com espigas; B) Detalhe da espiga. .... 82 Fig. 31: Prancha de Piper gaudichaudianum - A) Parte do hábito; B) Pecíolo com bainha; C) Profilo; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. ................................................... 83 Fig. 32: Foto de Piper lhotzkyanum - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga. ............... 86 Fig. 33: Prancha de Piper lhotzkyanum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação e detalhe do ápice com apículo; C) Pecíolo com bainha; D) Profilo; E) Bractéola; F) Gineceu. ................................................................................................................................... 87 Fig. 34: Foto de Piper miquelianum - Detalhe do racemo. ..................................................... 89 Fig. 35: Prancha de Piper miquelianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Profilo e detalhe da bainha; D) Bractéola; E) Fruto imaturo; F) Fruto maduro . 90 Fig. 36: Foto de Piper mollicomum - A) Hábito; B) Detalhe da espiga. ................................. 93 Fig. 37: Prancha de Piper mollicomum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação e detalhe dos tricomas; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) bractéola e estames; F) Gineceu e estame. ................................................................................................. 94 X Fig. 38: Foto de Piper pseudopothifolium – exsicata mostrando um ramo com espiga. ......... 96 Fig. 39: Prancha de Piper pseudopothifolium - A) Parte do hábito, mostrando padrão de nervação; B) Profilo; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. ................................................................................................................................... 97 Fig. 40: Foto de Piper richardiifolium – A) Hábito; B) Folhas jovem rosada e mais madura verde com espiga imatura rosa; C) Detalhe da espiga jovem. ............................................... 100 Fig. 41: Prancha de Piper richardiifolium - A) Parte do hábito e detalhe do padrão de nervação e tricomas; B) Pecíolo, detalhe da bainha; C) Parte da espiga em fruto; D) Bractéola e gineceu; E) Fruto. ................................................................................................................................. 101 Fig. 42: Foto de Piper solmsianum – detalhe da espiga. ....................................................... 103 Fig. 43: Prancha de Piper solmsianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) parte da espiga em flor; F) Bractéola; G) Gineceu; H) Fruto. .............................................................................................................104 Fig. 44: Foto de Piper tectoniifolium – Detalhe de um ramo com espigas eretas. ................ 106 Fig. 45: Prancha de Piper tectoniifolium - A) Parte do hábito, com detalhe dos tricomas; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Ovário visão frontal e bractéola; F) Fruto. ........................................................................................ 107 XI Resumo É apresentado o levantamento florístico das espécies da família Piperaceae C. Agardh. ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca, Lima Duarte, Minas Gerais. Realizaram-se observações de campo, coleta de material botânico e análise de coleções de herbários nacionais e internacionais quando possível. Utilizaram-se os seguintes caracteres taxonômicos: porte, forma das folhas, pilosidade, tipos de inflorescências e frutos. Apresentam-se chaves analíticas para identificação de gêneros e espécies. Descrições, ilustrações, dados de distribuição geográfica, floração e frutificação, nomes vulgares e comentários de cada táxon são apresentados. Foram reconhecidos 21 táxons para o Parque Estadual do Ibitipoca: Peperomia augescens Miq., P. crinicaulis C. DC., P. diaphanoides Dahlst., P. galioides Kunth, P. mandiocana Miq., P. oreophila Hensch., P. rotundifolia (L) Kunth, P. tenella (Sw.) A. Dietr., P. tetraphylla (Forst.) Hook. et Arn. var. tetraphylla, P. tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck., P. tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., P. tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck., Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., P. gaudichaudianum Kunth, P. lhotzkyanum Kunth, P. miquelianum C. DC., P. mollicomum Kunth, P. pseudopothifolium C. DC., P. richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC. e P. tectoniifolium Kunth. Sendo Piper miquelianum assinalada como nova ocorrência para o estado. XII Abstract The flora of the family Piperaceae C. Agardh. from the “Parque Estadual do Ibitipoca”, Lima Duarte, Minas Gerais is presented. Field observations and collections as well as analysis of the material from national and international herbaria were made. The following taxonomic characters were used: height, leaves shapes, hairiness, type of inflorescence and fruits. Analytical keys are presented to identify genera and species. Descriptions, illustrations, geographic distribution data, flowering and fructification, common names and comments about each taxon are presented. 21 taxa were recognized in the Park, Peperomia augescens Miq., P. crinicaulis C. DC., P. diaphanoides Dahlst., P. galioides Kunth, P. mandiocana Miq., P. oreophila Hensch., P. rotundifolia (L) Kunth, P. tenella (Sw.) A. Dietr., P. tetraphylla (Forst.) Hook. et Arn. var. tetraphylla, P. tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck., P. tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., P. tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck., Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., P. gaudichaudianum Kunth, P. lhotzkyanum Kunth, P. miquelianum C. DC., P. mollicomum Kunth, P. pseudopothifolium C. DC., P. richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC. e P. tectoniifolium Kunth. Piper miquelianum is detected for the first time to the state of Minas Gerais. XIII Sumário Resumo .................................................................................................................................. XII Abstract ................................................................................................................................. XIII 1. Introdução .............................................................................................................................. 1 2. Área de Estudo ...................................................................................................................... 2 2.1 – Histórico da área ....................................................................................................... 12 3. Revisão da literatura ............................................................................................................ 14 4. Material e Métodos .............................................................................................................. 17 5. Posicionamento taxonômico das Piperaceae ....................................................................... 19 6. Distribuição geográfica ....................................................................................................... 21 7. Importância econômica ........................................................................................................ 23 8. Resultados ............................................................................................................................ 26 8.1- Caracterização morfológica dos gêneros Peperomia Ruiz & Pav. e Piper L. 26 8.1.1 – Hábito ......................................................................................................... 26 8.1.2 – Caule .......................................................................................................... 26 8.1.3 – Profilo ........................................................................................................ 26 8.1.4 - Folha .......................................................................................................... 27 8.1.5 - Inflorescência ............................................................................................. 31 8.1.6 - Flor ............................................................................................................. 34 8.1.7 - Fruto e semente ......................................................................................... 35 8.1.8 - Indumento, tricomas e glândulas ................................................................ 38 8.2 Tratamento taxonômico ........................................................................................... 40 8.2.1 – Descrição da família ........................................................................................ 40 8.2.2 – Chave para os gêneros ..................................................................................... 40 8.2.3- Descrição do gênero Peperomia Ruiz & Pav. .................................................. 41 8.2.4 - Chave para identificação das espécies de Peperomia ..................................... 41 8.2.5 - Descrição dos táxons ........................................................................................ 42 1- Peperomia augescens Miq. ......................................................................... 42 2- Peperomia crinicaulis C.DC. ..................................................................... 46 3- Peperomia diaphanoides Dahlst. ................................................................ 49 4- Peperomia galioides Kunth ........................................................................ 52 5- Peperomia mandiocana Miq. ..................................................................... 56 6- Peperomia oreophila Hensch. .................................................................... 59 XIV 7- Peperomia rotundifolia (L.) Kunth ............................................................ 63 8- Peperomia tenella (Sw.) A. Dietr. ............................................................. 66 9- Peperomia tetraphylla (Forst.) Hook. & Arn. var. tetraphylla .................. 69 9a- Peperomia tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck. ......................... 70 9b- Peperomia tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck. .................................. 70 9c- Peperomia tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck. ........................... 71 8.3.6 – Descrição do gênero Piper L. ......................................................................... 74 8.3.7 - Chave para identificação das espécies de Piper .............................................. 74 8.3.8 - Descrição dos táxons ........................................................................................ 76 10- Piper corcovadensis (Miq.) C.DC. var. corcovadensis ............................. 76 11- Piper gaudichaudianum Kunth ................................................................ 80 12- Piper lhotzkyanum Kunth ......................................................................... 84 13- Piper miquelianum C.DC. ....................................................................... 88 14- Piper mollicomum Kunth .......................................................................... 91 15- Piper pseudopothifolium DC. ……………………………………......…. 95 16- Piper richardiifolium Kunth ……………………………….....………… 98 17- Piper solmisianum C. DC. ...................................................................... 102 18- Piper tectoniifolium Kunth ..................................................................... 105 9. Considerações finais .......................................................................................................... 108 10. Índice de Coletores .......................................................................................................... 110 11. Índice de gêneros e espécies ............................................................................................ 112 12. Referências Bibliográficas ............................................................................................... 116 XV 1 – Introdução A família Piperaceae engloba cerca de 2500 espécies, distribuídas em cinco gêneros, sendo Piper L. e Peperomia Ruiz & Pav. os dois maiores. Possui distribuição pantropical, com maior número de espécies ocorrendo na região neotropical. O principal centro de diversidade da família está localizado nas Américas Central e do Sul (Yuncker 1958; Heywood 1979; Jaramillo & Manos 2001; Nee 2004). No Brasil são encontradas aproximadamente 500 espécies (Yuncker 1972, 1973, 1974) distribuídas em apenas três gêneros Piper, Peperomia e Sarcorhachis Trel. (Tebbs 1989b; Jaramillo & Manos 2001). Está amplamente distribuída no território nacional, sendo expressiva sua importância econômica e medicinal. Algumas espécies já fazem parte do mercado mundial e outras são usadas de modo empírico, não raro, empregadas pelas populações em diferentes doenças. A mais recente revisão das espécies de Piperaceae brasileiras foi feita por Yuncker (1972, 1973, 1974), seus trabalhos são abrangentes no sentido de conter grande número das espécies brasileiras, juntamente com chaves e descrições. Outros autores também estudaram a família, como Callejas (1986) que trabalhou com o gênero Ottonia e algumas espécies de Piper, que apresentavam relações de similaridade com aquele, e Tebbs (1989a) que estudou a seção Macrostachys Miq. no gênero Piper. Outros autores dedicaram-se à família no âmbito das floras regionais (Guimarães et al. 1984b, Guimarães & Valente 2001; Guimarães 1994a, 1997, 1999; Carvalho-Silva 2002; Ichaso & Guimarães, 1984; Ruschel 2004). Neste trabalho objetiva-se estudar as espécies da família Piperaceae que ocorrem no Parque Estadual do Ibitipoca, de maneira a ampliar o conhecimento florístico deste local e da flora do estado de Minas Gerais, Brasil, contribuindo também para um melhor conhecimento da distribuição geográfica das espécies estudadas. 1 2- Área de Estudo A área do Parque Estadual de Ibitipoca (PEI) é protegida pelo Estado desde de 1965, sob responsabilidade do Instituto Estadual de Floresta (IEF), tornando-se Parque Estadual em 04 de julho de 1973, através da Lei 6126 (Instituto Estadual de Floresta 1994). Esta localizado no sudeste de Minas Gerais, nos municípios de Lima Duarte, Santa Rita do Ibitipoca e Bias Fortes, está inserido na Zona da Mata Mineria. A entrada do Parque fica situada no distrito de Conceição de Ibitipoca, a 30 Km de Lima Duarte e a 100 Km de Juiz de Fora, entre as coordenadas 21º 40’- 21º44’ S e 43º52’ - 43º55’ W (Fig.1). Inicialmente abrangia uma área de 1488 hectares, em 2004 foi realizada uma nova medição onde foram inseridos os paredões de seu entorno, hoje o Parque apresenta uma área de 1923,5 hectares (Menini Neto 2005). Segundo Vitta (2002), o Parque é a menor unidade de conservação do estado que tem o campo rupestre como sua principal formação. Na segunda edição do Atlas para a conservação da biodiversidade no estado de Minas Gerais, a região está situada entre as áreas prioritárias para a conservação da flora do estado, citada na categoria de importância biológica especial o nível mais alto adotado (Drummond et al. 2005). A área apresenta-se como uma ilha, com altitudes destacadas de seu entorno, onde predominam colinas mais baixas (Rodela 1998). A Serra do Ibitipoca, disjunção da Serra da Mantiqueira é constituída por quartzitos do complexo Barbacena (Ferreira & Magalhães 1977), têm seu relevo caracterizado por escarpas altas ou colinas, em altitudes que variam de 1200 a 1784 metros (CETEC 1983; Salimena-Pires 1996). O ponto mais alto do Parque é o Pico do Ibitipoca ou Lombada, com 1784 m na vertente oeste e na vertente leste, o pico do Pião com 1722 m. A Serra do Ibitipoca é formada por litotipos pertencentes ao grupo Andrelândia e composta basicamente de quartzitos sacaroidais grosseiros com muscovita intercalados por quartzitos finos micáceos e biotita-xistos e muscovita-xistos, (Côrrea Neto et al. 1993; Andreis et al. 1989). O entorno é formado por gnaisses e biotita-xistos (Nummer 1991). A área corresponde também ao Distrito Espeleológico da Serra do Ibitipoca, que apresenta uma das maiores grutas em rochas quartzíticas do mundo (mais de 3000 metros de extensão mapeados) sendo que no todo foram localizadas 30 cavernas dentro dos limites do Parque (Corrêa Neto 1997). Segundo o geólogo Teixeira da Costa, o solo é pobre em minério de valor comercial, mas já existiu o ouro em aluvião, que foi carreado no decorrer do tempo pelas águas pluviais e pelos diversos riachos que descem a serra (Silveira 1928). 2 Os solos são rasos, arenosos com predomínio de afloramentos rochosos de quartzitos e arenitos (Joly 1970), são pouco desenvolvidos e de fina espessura, podendo sustentar vegetação de pequeno porte. Nas zonas de fraturas intensas, onde os mantos de alterações são mais profundos sustentam a vegetação de maior porte (Silveira 1928). O clima do Parque é classificado como Cwb, segundo o sistema de classificação de Köppen, mesotérmico úmido, com invernos secos e verões amenos, isto é, tropical de altitude, sendo a umidade incrementada pela constante passagem de nuvens e formação de neblina. A precipitação anual média é de 1532 mm, com menor precipitação nos meses de junho, julho e agosto e maior nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. A temperatura anual média é de 18.9ºC; no verão a média na região é de 24˚C, com máxima de 36 ˚C, enquanto no inverno, a média é de 12˚C, com a mínima de -4˚C. No Parque, a influência do relevo sobre o clima é muito importante, pois a altitude e a topografia são diferenciadas e as cristas anticlinais de Ibitipoca se sobressaem localmente em relação às áreas vizinhas, originando um clima diferenciado dos arredores. Estas diferenças de relevo influenciam as características climáticas, com acréscimo de umidade e pluviosidade, e decréscimo das temperaturas na área da Serra (Rodela & Tarifa 2002). Sua vegetação é rica e variada formada por um mosaico singular de comunidades (Fig.2), que abriga floresta atlântica, cerrado de altitude e campos rupestres. (Fig. 3) Como conseqüência desta união incomum de tipos vegetacionais tão distintos, a região congrega espécies típicas da floresta atlântica médio e altomontana, dos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço e do cerrado (Salimena, 2000). As florestas se distribuem nesta área entre os 1200 e 1700 m de altitude, geralmente, associada às linhas de drenagem no relevo e circundadas por campos altimontanos e rupestres. Ururahy et al. (1983) referem-se à Serra do Ibitipoca, como um refúgio ecológico alto-montano de vegetação arbustiva e inserido na região fitoecológica da floresta estacional semidecidual. Andrade & Sousa (1995) dividem o Parque em quatro formações básicas: campo graminoso, campo rupestre, campo com arbustos e arvoretas e capões de mata. Salimena-Pires (1996) diferencia seis tipos vegetacionais: campos rupestres (senso estrito), campo rupestre arborizado, campo gramíneo-lenhoso, matas de galeria, floresta estacional semidecidual montana e brejos estacionais. Rodela (1998) apresenta uma divisão em sete tipos vegetacionais no Parque: remanescentes de floresta estacional semidecidual montana, floresta ombrófila densa altimontana, matas ciliares e capões de mata, cerrados de altitude, campos rupestres, campos herbáceo-graminosos e campos encharcáveis. 3 A B Fig. 1: A) Mapa do Brasil mostrando o estado de Minas Gerais, dest acando o Parque Estadual do Ibit ipoca ; B) Mapa p la ni-a ltimétrico do Pa rque Estadua l do Ibitipoca, indica ndo e m cinza as áreas de floresta . A área maio r co nstitui a Mata Grande e à sua esquerda a área conhecida como M atinha ou Mata pequena. 4 Araújo (2003) reconhece oito formações vegetacionais para o Parque. As florestas do Parque são denominadas por Andrade & Souza (1995) e Salimena-Pires (1996) como florestas estacionais semideciduais entretanto, Fontes (1997) demonstra que estas devem ser classificadas como floresta ombrófila densa altimontana ou nebular. No Parque as florestas revestem aproximadamente 405 ha. Deste total a floresta ombrófila altimontana, denominada Mata Grande ocupa uma área com cerca de 94 ha, singular por revestir um morro, não se limitando aos fundos de vale. Ela se encontra bem preservada sem quase nenhuma interferência antrópica por não apresentar atrativos turísticos como cachoeiras e grutas è caracterizada por um dossel rico em clareiras e de altura bastante irregular, em torno de 17 m, sendo seu ambiente muito úmido e sombreado. A outra área é a Matinha com 30 ha, perfazendo mais de 30% da cobertura total de floresta (Fontes 1997). Estas fisionomias, juntamente com os campos rupestres, ocupam a maior parte da Serra. As florestas localizamse às margens dos riachos, constituindo, geralmente, formações ripárias estreitas, limitadas pelo grande encaixamento dos cursos de água no relevo, ocorrem ainda nos canais naturais de drenagem e entradas de grutas, onde há acúmulo de umidade e de material orgânico e mineral. 5 Fig. 2: Mapa de vegetação da região do Parque Estadual do Ibitipoca (Araújo, 2002) 6 A B C F ig. 3: Tip os de ve ge ta çõ es o co rrente s no Pa rque E st ad ua l do Ib iti poca: A ) A flo ram e nt o ro ch oso q uartz ítico no cam po ru pe stre; B) Cam po cerra do ; C) Flo rest a om bró fila den sa a lti mo nt ana, M ata G rand e. 7 Com a base em Rizzini (1997) a fisionomia da vegetação pode ser dividida nos seguintes tipos: 1- Campo altimontano, característico desta serra, ocorrendo em geral nas maiores altitudes do Parque, com predominância de gramíneas e ciperáceas. 2-Campo rupestre, área de afloramento de rocha quartzítica, com arbustos esparsos, ocorrendo em manchas em diversos pontos do Parque, com muitas espécies rupícolas das famílias Araceae, Bromeliaceae, Piperaceae, Orchidaceae, Velloziaceae e Eriocaulaceae. 3- Mata de Candeia, assim denominada devido ao grande número de candeia (Vanillosmopsis erythropappa (DC.) Sch. Bip.), ocorrendo em grandes extensões do Parque nas encostas e ao redor das matas ciliares. As árvores apresentam porte pequeno, são relativamente espaçadas e o solo é recoberto por gramíneas. 4- Floresta pluvial montana, as matas apresentam muitas epífitas devido a umidade relativa no seu interior ser elevada contribui para o estabelecimento de espécies de Peperomia (Piperaceae), Rhipsalis (Cactaceae), Aechmea, Tillandsia (Bromeliaceae), Anthurium, Philodendron (Araceae), Maxillaria e Sophronithes (Orchidaceae). As árvores são de porte alto, cerca de 20 a 30 m de altura. O porte da mata vai diminuindo em direção as maiores altitudes, tornando-se mais secas. Essa vegetação, enquadra-se na categoria de “floresta atlântica, mais especificamente como floresta pluvial montana”. Pode-se notar a existência de uma vegetação tipo capoeira, com árvores e arbustos de pequeno e médio porte, nas encostas das serras e nas proximidades do núcleo administrativo. As matas do Parque, além de funcionarem como área de refúgio e alimentação da fauna silvestre local, tem como função primária à manutenção de fontes e nascentes que alimentam o rio do Salto e córrego da mata. Na Serra do Ibitipoca nascem os rios do Salto e Vermelho, divisores de duas importantes bacias hidrográficas, Rio Grande e Paraíba respectivamente. As quedas da Janela do Céu (foto. 4A), Cachoeirinha (fig. 4D), além dos lagos do Espelho (foto. 4C), e das Miragens são formadas pelas águas do rio do Salto, que continuam descendo passando por baixo da Ponte de Pedra (foto. 4B). 8 B A C D F ig. 4 : Fo rm ações d o rio d o Salto : A ) Cach oeira d a Jan ela do C éu ; B) Po n te de P edra com lago d a M irag em ; C) Lago d o s Esp el ho s; D ) C acho eirin ha. 9 O PEI apresenta inúmeros atrativos para seus visitantes, como rios, grutas e cachoeiras (Fig. 5, 6) e, segundo Zaidan (2002) a sua excessiva utilização tem refletido num quadro de acelerado processo erosivo e movimentos de massa, o que levou os responsáveis do Parque a interditar várias trilhas e acessos a algumas grutas e cachoeiras. Exibe também exuberante fauna e flora, no qual alguns de seus representantes só são encontrados na região, como o lobo guará, animal em extinção, o que aumenta a importância da preservação desta área de conservação, uma vez que o entorno do Parque é preservado na forma de reserva particular de proteção a natureza (RPPN). Fig. 5: Mapa ilustrativo mostrando os principais pontos turísticos do Parque Estadual do Ibitipoca (Parque Estadual do Ibitipoca, 2004). 10 A B C D E F Fig. 6: Vista de algumas áreas do Parque: A) Pico do Pião; B) Gruta do Viajante; C) Cruzeiro; D) Cachoeira dos Macacos; E) Paredão de Santo Antônio; F) Lombada; G) Prainha (A–Medeiros 2004; B,C,D,E,F,G G - www.ibitipoca.tur.br) 11 2.1- Histórico da área Uma das traduções para o nome Ibitipoca é “casa de pedra”, onde Ibi= pedra e oca= casa, expressão aceita por indigenístas por estar relacionada às grutas ali existentes, que podem ter servido de abrigo a habitantes primitivos. Outra hipótese denomina o local como “serra da ventania ou serra fendida”, Ibitu= ventania, pug= estalo, estrondo, pedra que explode. Na base mais alta da serra, localiza-se a Vila de Conceição do Ibitipoca, que segundo os registros, foi fundada por bandeirantes, por volta da segunda metade do século XVIII em função da exploração aurífera, chegando a ter importância regional. A vila situa-se a 3 Km da portaria do Parque (Modesto 1976). No século XIX a diversidade florística da Serra do Ibitipoca já havia chamado a atenção do naturalista Auguste de Saint-Hilaire que em 1822 percorreu a região coletando inúmeras plantas. A discrição da região nos seus aspectos naturais e sócio-econômicos é encontrada na segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e a São Paulo. Em um trecho Saint-Hilaire diz: “A Serra de Ibitipoca não é pico isolado e sim contraforte proeminente de cadeia que atravessei desde o Rio de Janeiro até aqui. Pode ser uma légua de comprimento e apresenta partes mais elevadas, outras menos, vales, penedos, picos e pequenas partes planas. As encostas são raramente muito íngremes. Os pontos altos representam, geralmente cumes arredondados e os rochedos mostram-se bastantes raros. O fundo e barrocas estão geralmente cobertos de arbustos. Mas poucos capões se vêem de matas encorpado. Quase toda a montanha está coberta de pastos sempre excelentes”. (Saint-Hilaire, 1838). Carl August Wilhelm Schwacke, em 1896, tem registro de sua passagem pela Serra, destacando o Pico do Pião (Urban, 1906). Álvaro Astolfo da Silveira em 1922 nas “Memórias chorographicas” também descreve o local, visitado por ele em 1912, nos seus aspectos florísticos, geomorfológicos, hidrográficos Em 1932, numa tentativa da Igreja tomar posse das terras então desocupadas, foi construído no Pico do Pião, segundo mais alto da região com 1722m de altura, a Capela do Senhor Bom Jesus da Serra (Pequeno 2004). Em 1940, Geraldo Mendes Magalhães realizou coletas na Serra de Ibitipoca, cujo material fez parte de uma listagem preparada por Ferreira & Magalhães em 1977, a primeira realizada para a área contendo 48 espécies distribuídas em 15 famílias. 12 Os estudos recentes na Serra do Ibitipoca foram iniciados por Leopoldo Krieger professor do departamento de Botânica da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), na década de 60, que coletou e catalogou mais de 800 espécies vegetais, formando a coleção base para a flora da Serra de Ibitipoca depositada no herbário CESJ. Desde então, alguns trabalhos que enfocam a flora do PEI foram realizados, apresentando listas parciais de espécies tais como: Forzza et al. (1994), Andrade & Sousa, (1995); Fontes, (1997); Rodela, (1998) e Carvalho et al. (2000). O Parque Estadual do Ibitipoca em 1984 foi fechado pelo IEF ao público objetivando sua reestruturação e reaberto ao uso público, em 1987. Estudos florísticos do Parque foram reiniciados seguindo uma tendência na pesquisa por ecossistemas, e pela própria iniciativa do IEF de Minas Gerais que defendia a idéia de “adoção” de áreas de preservação próximas às Universidades para estudo de campo. Os trabalhos realizados pela equipe da UFJF iniciaram-se com monografias sobre diversas famílias, de Pteridófitas a Angiospermas. Hoje, o instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, a Universidade de São Paulo entre outras instituições, estão desenvolvendo monografias, dissertações e teses no âmbito do Parque. 13 3- Revisão da literatura As Piperaceae são estudadas desde o início do conhecimento da taxonomia botânica. Linnaeus (1753), descreve a primeira espécie para o gênero Piper, Piper nigrum L., e mais 17 outras espécies. O gênero não é descrito pelo autor, mas de acordo com o código de nomenclatura botânica a autoria do gênero Piper pertence a Linnaeus devido à descrição das primeiras espécies. Aublet (1775), registrou 14 espécies, também pertencentes a Piper, onde três destas eram novas para o gênero. Ruiz & Pavon (1794) classificaram o gênero Peperomia, o segundo gênero encontrado para família. Em 1798, estes autores, em sua mais reconhecida obra para a família Piperaceae, elaboram descrições de 24 espécies de Peperomia, a maioria com ilustrações, destas três espécies são reconhecidas para o Brasil. Vahl (1796, 1798), descreveu oito novas espécies para Piper, algumas com ilustrações. Humboldt, Bonpland & Kunth (1815) registram 44 espécies para o gênero Piper e 44 para o gênero Peperomia. Sprengel (1820) classificou Ottonia, um novo gênero para a família, que apresentava como características básicas às inflorescências do tipo racemo, flores e frutos pedicelados, distintas de Piper que eram definidas como espigas. A partir daí muitas espécies de Piper são incluídas nesse novo gênero. Vellozo (1829), estudando a flora Fluminense, registra 12 espécies de Piper. Rafinesque (1838) descreveu cerca de sete novos gêneros: Amalago, Cubeba, Gonistum, Oxodium, Carpupica, Methysticum e Betela. Kunth (1839) distribuiu o gênero Piper em cinco gêneros: Ottonia Spreng., Schilleria Kunth, Heckeria Kunth, Steffensia Kunth e Enckea Kunth. Miquel (1839), em sua monografia, publicou um extenso número de espécies, resultado de 25 anos de estudo na família. Mais tarde este mesmo autor (1840, 1843, 1847) estabelece para as Piperaceae duas tribos: Peperomiaea e Piperea. Para tribo Piperea o autor descreve dez gêneros. Essa nova classificação tem por base características da forma das brácteas e número de estames. Outras espécies são descritas e incluídas dentro dos novos gêneros, e combinações novas para Piper são realizadas. Miquel (1853), assinalou as espécies da tribo Piperea em cinco gêneros: Enckea Kunth, Artanthe Miq., Peltobryon Miq., Ottonia Spreng. e Pothomorphe Miq., subdivididos em 11 14 seções: Spuriae, Verae, Nhadi, Macrostachys, Churumayu, Radula, Hemipodion, Isophyllon, Ottonioides, Saliuncae e Hymenophyllon. Muitas delas reconhecidas até os dias de hoje. A tribo Peperomiae é composta por um único gênero, Peperomia, com 53 espécies subdivididas em quatro seções: Micropiper (Miq.) Dahlstedt, Rhynchophorum (Miq.) Dahlstedt, Acrocarpidium (Miq.) Dahlstedt e Tildenia (Miq.) Dahlstedt, com 29, 11, 5 e 5 espécies, respectivamente. Muitos autores adotam esta divisão até hoje, sendo que neste trabalho, Miquel redistribui as espécies e gêneros de Humboldt, Bonpland & Kunth (1815). De Candolle (1869), reconheceu cerca de 1000 espécies divididas entre os gêneros Piper e Peperomia, utilizados por Miquel e Kunth, mas em nível seccional. O autor separou as seções pelo número de estames das flores. Henshen (1873) estudando as Peperomia de Caldas, Minas Gerais, levanta 23 espécies para a região, destas quatro eram novas. Utilizou em seu trabalho a classificação de Miquel (1843, 1847, 1853), embora trate as seções como subgêneros, acrescentou aos caracteres para a separação destes, a ausência ou presença de brácteas, densidade das flores na inflorescência e formato do ovário. Dahlstedt (1900), apresentou cerca de 230 espécies, a maioria com ilustrações. As espécies são organizadas em nove subgêneros, alguns já tratados por Miquel (1843, 1847, 1853) como seções. Acrescentou ao gênero Peperomia sete seções e quatro subseções. Neste trabalho todos os táxons infragenéricos são separados, principalmente, com base em caracteres dos frutos. Trelease (1921, 1927, 1935) iniciou estudos sobre as espécies da América. Neste estudo adicionou e reuniu gêneros na família, alterando fortemente as classificações anteriores. Em 1927 descreveu o gênero Sarcorhachis e em 1928, Trianaeopiper. Em seus trabalhos o autor retorna à divisão da tribo Piperea em vários gêneros e não seções. Trelease & Yuncker (1950), reconheceram seis gêneros: Piper, Ottonia, Sarcorhachis, Trianaeopiper, Pothomorphe e Peperomia, sendo Trianaeopiper e Sarcorhachis descritos anteriormente por Trelease. Yuncker (1966, 1972, 1973, 1974), realizou a mais completa obra sobre as Piperaceae para o Brasil, resultado de seus estudos na família, durante 50 anos. Em 1966, publicou várias novas espécies e variedades, além de novas combinações; a seguir publicou em três partes as Piperaceae brasileiras em um total de 457 espécies, distribuídas em cinco gêneros: Piper com 265 e Peperomia com 166 espécies, assinalados como os que apresentam o maior número de táxons e mais amplamente distribuídos em todo o país; Ottonia com 24 espécies, Sarcorhachis e Pothomorphe com duas espécies cada. Para o gênero Peperomia, este autor o separa em 15 cinco subgêneros: Acrocarpidium (Miq.) Dahlst., Tildenia (Miq.) Dahlst., Micropiper (Miq.) Dahlst., Sphaerocarpidium Dahlst., e Rhyncophorum (Miq.) Dahlst. Burger (1971) estudando a família para a Costa Rica, utilizou assim como Trelease (1927), caracteres vegetativos, e observou em muitos espécimes uma nova característica que poderia auxiliar na identificação, a presença ou ausência dos profilos e seus detalhes. Guimarães (1984a, 1988, 1993, 1994a, 1994b, 1997, 1999), Guimarães et al. (1984b, 1992, 2000, 2001) vem trabalhando com o grupo nos últimos trinta anos, realizando trabalhos florísticos regionais, tendo sinonimizado, descrito e registrado novos taxa para a flora brasileira. Entre as décadas de 80 e 90, Callejas (1986, 1989, 1990), Görst-Van (1998) e Steyermark (1971, 1986, 1987, 1988), realizaram também trabalhos florísticos com a família em apreço e descreveram novos táxons para o gênero Peperomia. Callejas (1986), em sua tese de Doutorado, revisou o gênero Ottonia (sensu Yuncker), e o posiciona como um subgênero de Piper. Este trabalho nunca foi publicado. Tebbs (1989a, 1989b, 1990, 1993b) iniciou a revisão do gênero Piper para a Flora Neotrópica e Flora Mesoamericana. A autora utilizou caracteres combinados de frutos e partes vegetativas, com base nos gêneros de Miquel (1843-1844). Em seus trabalhos têm sinonimizado e acrescentado alguns taxa. Inclui Pothomorphe e Ottonia como seções de Piper (Tebbs 1993b). A partir deste posicionamento, aparecem dúvidas quanto à validade de Sarcorhachis e Zippelia Blume, gêneros muito próximos de Piper. Tebbs considera a existência de Zippelia, gênero com uma espécie da Indochina e Malásia, pela sua característica única na família de gloquídeos nos frutos, além do número de cromossomos de x=19, comparado com Piper onde x=13 e o gênero Sarcorhachis é separado pelas inflorescências axilares. 16 4- Material e métodos O trabalho foi fundamentado principalmente em estudos morfológicos, tendo sido examinado para este fim, espécimes herborizados somado a observações das espécies no campo. Os espécimes herborizados foram obtidos de diversas instituições nacionais e internacionais, relacionadas na lista de abreviaturas, pela ordem alfabética de suas siglas e respectivas denominações, de acordo com o Index Herbariorum (Holmgren et al., 1990). Foram realizadas cinco excursões com duração de cinco dias cada, no período de março de 2004 a março de 2005 ao Parque Estadual do Ibitipoca, a fim de realizar as observações e o levantamento florístico das Piperaceae. As coletas foram feitas por todo o Parque abrangendo uma área de 1923,5 hectares em diversos tipos de vegetação. As espécies coletadas foram fotografadas no ambiente natural e prensadas ainda no campo, conforme procedimento clássico de herborização. As amostras das espigas com flores e frutos foram fixadas em álcool a 70% para observação, descrição morfológica e ilustração de suas estruturas. O material coletado, após o processo de secagem foi montado, etiquetado, registrado e incluído na coleção do RB, quando possível foram feitas duplicatas para o CESJ. Para identificação das espécies foram utilizadas bibliografias especializadas, chaves de identificação, além de comparação com as coleções depositadas nos herbários. As mensurações das estruturas morfológicas foram realizadas utilizando paquímetro dada sua maior precisão. As medidas apresentadas nas descrições indicam os limites mínimo e máximo encontrados, respectivamente. Para observação morfológica externa foram utilizados os conceitos de Rizzini (1977), Stearn (1998) e Hickey (2003). Para caracterização dos frutos foi adotado Barroso et al. (1999). Foram elaboradas chaves de identificação para os gêneros e as espécies, com base nos caracteres diagnósticos de exemplares da área. As descrições dos gêneros e espécies seguem a ordem alfabética no texto. As obras, os periódicos e os autores dos táxons foram citados, respectivamente, segundo Stafleu & Cowan (1976-1988), Lawrence et al. (1968) e Brummitt & Powell (1992). A citação das obras e dos periódicos nas referências bibliográficas seguem a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2000), com exceção aonde a data vem após os autores. Os tipos foram citados igual como estava na obra princeps. 17 Os dados sobre as formações vegetacionais seguem Veloso et al. (1991) e Rizzini (1997), com algumas modificações. A distribuição geográfica, hábitat, os dados de floração e frutificação foram obtidos das etiquetas de herbários, acrescentados com as observações realizadas no campo e na literatura especializada. Os nomes populares e a utilidade das espécies têm por base em informações locais ou em literatura especializada. As ilustrações de macromorfologia foram realizadas em microscópio Carl Zeiss (equipado com câmara clara) em diferentes escalas de aumento. As ilustrações apresentadas no texto do trabalho foram feitas em nankin e nas legendas das figuras constam o nome e número do coletor do material utilizado. As espécies fotografadas foram provenientes da área estudada. Foi utilizada máquina digital Sony DSC-P93 Cybershot. Os “sites” de taxonomia na Internet, tais como o do Missouri Botanical Garden (http://www.mobot.org), o IPNI (the International Plant Names Index, http://www.ipni.org) e o Index Kewensis, foram utilizados para obtenção de informações sobre algumas “obras princeps” das espécies tratadas para o Parque Estadual do Ibitipoca. Outras bibliografias gerais também foram adquiridas através de “sites” de busca da Internet como “Google” (www.google.com) e Gallica (http://gallica.bnf.fr) As ilustrações para os frutos foram selecionadas de Dahlstedt (1900). A infraestrutura logística de apoio aos estudos de campo foi fornecida pelo Parque Estadual do Ibitipoca e os de laboratório pelo Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O tratamento taxonômico das espécies consta da citação de obras originais, basiônimos e os sinônimos são citados somente quando recentes. Sobre o uso medicinal das espécies as informações foram obtidas de diversas obras citadas no texto, das etiquetas de herbários, além daquelas fornecidas pela comunidade local. 18 5- Posicionamento taxonômico das Piperaceae A Família Piperaceae, segundo Cronquist (1988), pertence à subclasse Magnoliidae que apresenta características menos derivadas, quando comparadas a outras subclasses de dicotiledôneas. Segundo este autor, a família está posicionada na ordem Piperales, juntamente com as famílias: Saururaceae e Chloranthaceae. Atualmente, a ordem Piperales é representada apenas por duas famílias: Piperaceae e Saururaceae (Endress, 1994; Judd et al. 1999; Tucker et al. 1993). A ordem é caracterizada por apresentar células com óleo essencial e flores com perianto reduzido organizadas em inflorescências do tipo espiga ou racemo. Conforme Qiu (1999) e APG II (2003), a ordem Piperales abrange cinco famílias em dois subgrupos: Hydnoraceae, Lactoridaceae, Aristolochiaceae, Saururaceae e Piperaceae, esta última com duas subfamílias: Peperomioideae e Piperoideae, também tratadas como tribos (Miquel 1853) ou famílias (Burguer 1977). A maioria dos representantes da ordem se apresenta com hábito herbáceo a pequenos arbustos e os feixes vasculares apresentam tendência a um arranjo desorganizado, característica esta predominante em monocotiledôneas. Entretanto, os feixes vasculares em Piperaceae são abertos, ou seja, não envolvidos por bainha de esclerênquima, o que possibilita o crescimento secundário (Burguer 1977, Cronquist 1981, 1988, Tebbs 1993a). As Piperaceae são muito próximas as Saururaceae (Burger 1972, 1977; Cronquist 1988; Judd et al. 1999), e são diferenciadas, principalmente, pela presença de um único óvulo e gineceu sincárpico em Piperaceae, enquanto em Saururaceae o gineceu é apocárpico com um ou mais óvulos por carpelo (Burger 1972; Cronquist 1988). Para Dahlgren et al. (1985) a semelhança entre Piperales e Arales é um notável caso de convergência. Para o autor a semelhança entre as duas ordens se dá devido à adaptação ao habitat de florestas úmidas, que influencia igualmente sua arquitetura vegetativa, condensação das flores na espiga, redução de flores individuais e desenvolvimento de fruto carnoso. Judd et al. (1999), através de análises filogenéticas com base na morfologia, seqüências de rRNA, rbcl e atpB, sugerem uma nova organização para as Angiospermas. A proposta deste autor apresenta três grupos: dois filogeneticamente bem suportados, com os pólens tricolpados ou eudicotiledoneas e as monocotiledôneas; e um outro grupo ainda não bem estabelecido, que não se encaixa dentro das monocotiledôneas e nem dos tricolpados. A subclasse Magnoliidae, dicotiledôneas com pólen não tricolpado, foi subdividida por Judd et al. (1999) em dois grupos, as Magnolioides, representado pelas ordens Magnoliales, Laurales, Illicales e as Paleoervas, representado pelas ordens Piperales, Aristolochiales e Nymphaeales. 19 Recentemente Nee (2004), com base nas análises moleculares e morfológicas coloca Piperaceae e Saururaceae como grupo irmão, e sugere seu parentesco com as famílias Aristolochiaceae e Hydnoraceae. Assinala dois gêneros Piper e Peperomia e informa que Potomorphe poderá ser inserido em Piper, ressalta ainda que existem diferenças suficientes entre Peperomia e Sarcorhachis propondo separar o primeiro gênero em família aparte, Peperomiaceae. Atualmente, os gêneros Piper, Peperomia e Sarcorhachis são considerados grupos naturais e monofiléticos que inclui diversas categorias infragenéricas, distribuídas em três grandes regiões tropicais (Tebbs 1989a, 1989b, Jaramillo & Manos 2001). 20 6- Distribuição geográfica A família Piperaceae possui distribuição pantropical, com maior número de espécies ocorrendo na região neotropical. O principal centro de diversidade da família está localizado nas Américas Central e do Sul. Para o Velho Mundo, a Ásia e Malásia possuem o maior número de espécies (Yuncker 1958; Heywood, 1979; Jaramillo & Manos 2001). A família esta representada mundialmente por cerca de 2500 espécies em cinco gêneros, com táxons amplamente distribuídos outros endêmicos (Tebbs 1989a; Jaramillo & Manos 2001). Os gêneros Piper L. e Peperomia Ruiz & Pav. são encontrados preferencialmente nas florestas tropicais com a maioria das espécies ocorrendo nas Américas (Bornstein 1989, Tebbs 1993a). Sarcorhachis Trel. possui quatro espécies neotropicais, Zippelia Blume possui apenas uma espécie nas florestas do sudeste da Ásia e Macropiper (Miq.) Dahlst., com nove espécies representadas no Sul das Ilhas do Pacífico (Tebbs 1993a). O Brasil, apresenta alta diversidade de Piperaceae, sendo encontradas no país cerca de 500 espécies (Yuncker 1972, 1973, 1974) em apenas três gêneros (sensu Tebbs 1989a), amplamente representada no território nacional. As espécies de Piperaceae são observadas, ocorrendo, principalmente, em matas úmidas, mas são encontradas, também, crescendo em bancos de areia de rios, como Piper bartilingianum (Miq.) C. DC.), em restingas, como Piper hoffmannseggianum Roem. & Schult. (Callejas, 1986) e espécies em cerrado ou florestas secas, como P. aduncum L. (Fleming 1985). Bornstein (1989), refere que o gênero Piper está melhor distribuído em formações florestais abaixo de 1000 m de altitude. Callejas (1986) registra que para a seção Ottonia Spreng. são observadas espécies que crescem em altitudes entre 50-1500 m. As espécies do gênero Peperomia encontram-se, principalmente, no interior das matas úmidas, geralmente em matas de galeria muito próximas a córregos, mas também podem ocorrer em matas secas, com afloramentos calcários, como Peperomia gardneriana Jacq., em afloramentos rochosos como Peperomia oreophila Hensch. ou ainda são assinaladas para as restingas, como P. rubricaulis (Nees) A. Dietr. e P. pereskiaefolia (Jacq.) Kunth. As espécies do gênero Piper podem ocupar ambientes abertos ou perturbados de floresta. Há espécies capazes de tolerar a sazonalidade de florestas tropicais secas decíduas ou subdecíduas. Uma grande parte das espécies de Piper são oportunistas, colonizando áreas de 21 clareiras, estradas e pastos, mas há também as que crescem em locais úmidos ou florestas fechadas (Tebbs 1989a, 1993a). 22 7- Importância econômica A utilização comercial das Piperaceae é ainda muito restrita, algumas espécies, entretanto, são valorizadas comercialmente há muito tempo, como Piper nigrum L., a pimenta do reino, comercializada desde o século XV, cujos frutos de sabor picante, são utilizados como condimento. Outra característica da espécie é o potencial medicinal conhecido por muitos povos para soluções de problemas estomacais, de diurése e falta de apetite (Pio Correa, 1984). Seus frutos maduros produzem a pimenta branca, enquanto os frutos colhidos verdes, secos, produzem a pimenta preta do comércio (Joly 1984). A atividade medicinal, nem sempre comprovada cientificamente seria uma das principais utilizações dos representantes da família, especialmente, para o gênero Piper. No Brasil, as espécies Piper nigrum, Piper aduncum L. (aperta-ruão), P. marginatum Jacq. (caápeba) e P. peltatum L. (malvarísco) são utilizadas como diurético, desobstruente do fígado e para dor dente, enquanto Piper marginatum Jacq., P. amplum Kunth. (alfavaca), P. arboreum Aubl. subsp. tuberculatum (Jacq.) Tebbs. (Jaborandi, jaborandi-do-mato) são úteis contra peçonha de cobra. Por outro lado P. mollicomum Kunth. (papiparoba, caapeba) é usada para fluxo menstrual severo e como antileucorréica e as raízes de P. arboreum subsp. arboreum Aubl. são empregadas para confecção do “curari” e contra o efeito de venenos de outras espécies de plantas, a infusão das suas folhas tem poder diurético, fortificante, expectorante, contra febres intermitentes e o escorbuto. Seus frutos são alimento de morcegos, dando-lhe, assim, o nome popular de fruto-de-morcego, pimenta-do-mato, jaborandi-do-rio, pimenta-dos-índios (Pio Correa 1984; Mors et al. 2000). Outra espécie muito conhecida é o Piper callosum L., a infusão das folhas produz um chá, conhecido por elixir paregórico, usado para afecções intestinais em crianças (Pio Correa 1984). O extrato clorofórmico de caule de P. arborescens Roxb. revelou significativa atividade contra sistemas de culturas de células KB e de leucemia linfocítica P-388 (Geram et al. 1972). Piper hispidinervum C.DC. nativa do Acre, fornece um tempero de boa qualidade e suas folhas e ramos produzem um óleo volátil com grande quantidade de safrol (Ruschel 2004). Na Índia muitas piperáceas já são reconhecidas e utilizadas pelo sistema de saúde médico por suas propriedades medicinais tanto quanto na América Latina e Antilhas (Santos 1999). Na Jamaica entre as onze espécies de Piper conhecidas. P. aduncum L. e P. hispidum Sw. são listadas como remédio para dores de estômago e como repelentes de insetos (Asprey & Thornton 1954). Na Guatemala P. aduncum é usado contra vaginites e leucorréia (Ettre & 23 Billeb 1967). Piper amalago L., é usado para aliviar dores no peito e como antiinflamatório (Dominguez & Alcorn 1985). As raízes de P. sylvaticum Roxb. são usadas como um efetivo antídoto para veneno de cobra na Índia. As raízes e frutos de P. chaba Hunter encontraram numerosas aplicações medicinais, em particular eles são usados contra asma, bronquites, febres, dor de barriga, como estimulante e nas aflições do tipo hemorroidais. P. brachystachyum Vahl revelou propriedades inseticidas (Parmar et al., 1997), enquanto P. futokadsura Siebold em Taiwan e Fuchein é conhecida popularmente como “haifengteng” e seu caule é usado no tratamento da asma e artrite, bem como o extrato benzênico de suas folhas mostrou atividade anti-estimulante do apetite contra a larva de Spodoptera litura F. (Parmar et al., 1997). P. guineense Schumach. & Thonn. conhecida como pimenta negra na África, tem seu fruto empregado como condimento, enquanto o preparo das folhas, raízes e sementes servem internamente, como agentes medicinais, para o tratamento de bronquites, doenças gastrointestinais, venéreas e reumatismos. As preparações obtidas das sementes têm sido úteis por suas propriedades contra irritação e inseticidas (Parmar et al., 1997). Um extrato da pimenta negra revelou carcinogênese em camundongos (Parmar et al., 1997). Os extratos em éter de petróleo e em diclorometano das folhas e caule de P. falconeri C.DC. exibiram atividades inseticidas contra Musca domestica e Aedes egyptii. O extrato P. betle L. revelou atividade anti-hipertensiva e o de P. acutistigmum C.DC. atividade como inibidor da aflatoxina ligante B1-DNA (Parmar et al., 1997). Algumas das espécies de Piperaceae já são comercializadas por pequenas farmácias de manipulação no Brasil e em Cuba. A química das espécies de Piper tem sido largamente investigada e as pesquisas fitoquímicas em todas as partes do mundo têm levado ao isolamento de um número de substâncias fisiologicamente ativas: alcalóides/amidas, propenilfenóis, lignanas, neolignanas, terpenos, esteróides, cavapironas, piperolídeos, chalconas, diidrochalconas, flavonas e flavanonas (Parmar et al., 1997, Santos, et al. 2001). Muitas espécies da família Piperaceae são ricas em alcalóides, como o Piper nigrum, P. auritum, P. amazonicum, P. hispidum, P. consaguineum. Estes princípios são responsáveis pela atividade inseticida em grãos de milho, arroz e feijão armazenados, são antibactericidas, antimicrobianos, antifúngicos e potentes antialimentarios e ainda se atribuem propriedades medicinais como analgésicos, antiflamatorios e anestésicos. Piper grande Vahl possui propriedades desinflamatórias e inseticidas (Granados et al. 2002) Ressalta-se ainda a importância do gênero Peperomia onde muitas espécies são cultivadas como ornamentais, por exemplo: Peperomia caperata Yuncker, P. clusiaefolia (Jacq.) Hook., P. obtusifolia A. Dietr., P. scandens Ruiz & Pav., P. sandersii C.DC (Lorenzi 24 & Souza, 1999), cuja beleza reside, principalmente, em sua folhagem, enquanto outras são utilizadas na alimentação e como medicinais. (Guimarães, inédito). No Parque Estadual do Ibitipoca foram encontradas algumas espécies de Piperaceae que dispõem de valor medicinal como Piper lhotzkyanum e P. corcovadensis (Miq.) C. DC. e outras de valor ornamental como Piper richardiifolium Kunth, P. solmsianum C. DC e P. tectoniifolium Kunth. 25 8- Resultados 8.1- Caracterização morfológica dos gêneros Peperomia Ruiz & Pav. e Piper L. 8.1.1- Hábito O gênero Peperomia é composto por plantas terrestres, rupícolas ou epífitas, anuais ou perenes de hábito herbáceo, raramente chegando a 1 m de comprimento, eretas, escandentes ou estoloníferas, enquanto Piper tem hábitos variados, constituindo de arbustos e subarbustos, mas existem também espécies de trepadeiras lenhosas, até pequenas árvores e raro ervas (Blanc 1983; Burger 1971, Tebbs 1989a). A altura das plantas pode variar de 1-5 m de altura nas espécies de hábito arbustivo e subarbustivo, chegando a 10 m ou mais as de hábito arbóreo. No PEI são observadas arbustos e arvoretas com alturas variando de 1 a 7 metros. 8.1.2- Caule Nas Peperomia os caules são prostrados com numerosos ramos laterais ou eretos, suculentos, cilíndricos, tetragonais, sulcados, verdes ou vinosos, glabros ou pilosos, enquanto em Piper o caule apresenta ramos nodosos (Gentry 1996), cilíndricos, lenticelados, estriados, glândulosos ou lisos, com ramos glabros ou com uma grande variedade de tricomas. 8.1.3 – Profilo Nas espécies do gênero Piper ocorrem estruturas vegetativas associadas com o desenvolvimento de novas folhas e inflorescências (Bornstein 1989). São folhas reduzidas que subtendem os ramos laterais freqüentemente ocorrendo em posição anormal e assim não confirmando a filotaxia normal do ramo. Embora em dicotiledôneas sejam geralmente dois, em Piper ocorre apenas um, como nas monocotiledôneas (Eames 1961 apud Bornstein 1989). Esta estrutura já foi chamada por vários autores de estípula (Burger 1971, Trelease & Yuncker, 1950, Yuncker 1974). Posteriormente Burger (1972), estudando espécies de Piper 26 da América Central, acompanhou a formação desta estrutura e concluiu que pela sua posição e função de proteção das folhas jovens e inflorescências, não poderia ser uma estrutura estipular, como ele mesmo havia dito anteriormente. O autor nomeia esta estrutura de profilo. A partir de então, os principais autores que trabalham com o gênero Borntein (1989), Callejas (1989), Tebbs (1989a, 1990, 1993b) adotaram o termo profilo.Tebbs (1989a) caracteriza os profilos como brácteas ou escamas que algumas vezes são encontradas subtendendo as gemas axilares que ocorrem em Piper para fornecer proteção ao novo crescimento. Os profilos no gênero Piper podem ser caducos, portanto nem sempre são evidentes. A estrutura pode ser glabra, mas freqüentemente é pubescente. O formato pode variar de triangular, deltóide a truncado e o tamanho pode alcançar de milímetros a poucos centímetros de comprimento (Bornstein 1989). Até 1972, os profilos nunca haviam sido utilizados como caráter taxonômico. A partir do trabalho de Burger (1972), esta estrutura tem sido mais cuidadosamente observada e em muitos casos auxilia na identificação e classificação de espécies do gênero. Tebbs (1989a) considera que os profilos, por si só podem reunir grupos de espécimes estéreis, mas raramente espécies. Burger (1972) e Tebbs (1989a) consideram que o profilo juntamente com caracteres florais e de fruto, podem auxiliar na determinação das espécies. Os profilos nas espécies do PEI são geralmente caducos variando de 0,2 a 3,5 cm de comprimento, ovado-lanceolados a lanceolados, glabros ou pubescentes com ápice geralmente agudo, inteiro, bifido ou cuspidado, presença de glândulas ou não e a margem pode se apresentar coriácea, lisa, ciliada ou tomentosa. 8.1.4- Folha As folhas das Piperaceae são simples e inteiras, geralmente pecioladas, raramente folhas sésseis ou peltadas. Nas Peperomia do PEI geralmente apresentam pecíolos cilíndricos, algumas vezes envaginando-se no caule cujo comprimento é bastante variável, podendo ser de 1-2 mm em Peperomia tenella e P. tetraphylla a 2,6 cm em P. augescens ou sésseis ou subsésseis como em P. crinicaulis, P. galioides, P. oreophila, enquanto em Piper são todas pecioladas variando de 0,4 a 11 cm comprimento, que são invaginados e às vezes alados. As alas podem iniciar-se em qualquer parte do pecíolo, mas, geralmente, se encontram em toda a 27 extensão do mesmo, podendo também ser persistentes ou caducas. As bainhas podem ser basais, canaliculadas e se constituem úteis como caracteres diagnósticos. Nas Peperomia as folhas são suculentas e planas, às vezes com leves concavidades, com formato muito variado, dispostas no caule de três formas diferentes nas espécies do Parque Estadual do Ibitipoca. A filotaxia alterna ocorre em P. augescens Miq., P. diaphanoides Dahlst. (Fig.7A), P. rotundifolia (L.) Kunth e P. tenella (Sw.) A. Dietr.; a verticilada está representada em P. galioides Kunth, P. oreophila Hensch., P tetraphylla (Forst.) Hook. & Arn. (Fig.7B) e P. crinicaulis C. DC.; enquanto em P. mandiocana Miq. as folhas são opostas no ápice, podendo ser alternas na base (Fig.7C); As Peperomia de folhas verticiladas podem se apresentar com três ou várias folhas por nó. Nas espécies estudadas P. tetraphylla e P. crinicaulis sempre dispõem de um número constante de folhas por nó, 4 e 3 respectivamente, P. oreophila e P. galioides variam em um número de 3 a 9 folhas por nó. Em Piper a filotaxia é alterna. As lâminas são variáveis, sendo encontradas ovais, obovais, lanceoladas, passando por formas intermediárias, em geral na mesma planta, dificultando a identificação de espécies estéreis o que promove o aumento dos sinônimos, visto que muitas foram descritas com base em caracteres vegetativos (Tebbs 1989a). As dimensões também são variáveis, em Peperomia podem apresentar folhas com alguns milímetros até 15 cm de comprimento (Trelease & Yuncker 1950). Esta variação pode ser observada em P. crinicaulis e P. rotundifolia, nas quais foram vistas folhas pequenas com comprimento variando de 3-7,5 mm e 0,2-1,2 cm respectivamente e em P. diaphanoides que possuem dimensões maiores, chegando a 6,5 cm de comprimento. No PEI, foram encontrados diversos formatos de folhas para as espécies de Peperomia, para as quais foi adotada a terminologia de Stearn (1998). Foram observadas, folhas obovado-lanceolada, como em P. diaphanoides e P. galioides, elípticas em P. mandiocana e P. tenella, arredondadas em P. crinicaulis, P. rotundifolia e nas folhas basais de P. augescens, lanceolados-elípticas nas folhas do ápice de P. augescens, rômbeo-elípticas em P. oreophila e P. tetraphylla. As folhas têm sempre a base simétrica, variando de obtusa a aguda ou arredondada. O ápice pode ser constricto-agudo a retuso, agudo-arredondado, obtuso. Em Piper o comprimento varia de 5 a 70 cm. A base das lâminas é geralmente assimétrica, com assimetria variando um lado em relação ao outro de um milímetro a 7 cm. A cor das folhas varia de verde clara a amarelada ou verde-escura a quase negras, folhas jovens podem ser esbranquiçadas, róseas a vináceas. 28 A B C Fig. 7: Filotaxia: A) alterna - Peperomia diaphanoides; B) verticilada - Peperomia tetraphylla; C) aposta - Peperomia mandiocana. 29 As folhas de várias espécies de Peperomia são muito atrativas, conferindo ao gênero um alto potencial ornamental, dado que possuem cores fortes e podem também ser variegadas, com listras brancas, vináceas, verdes ou simplesmente verdes e brilhantes. Em alguns casos o indumento pode mascarar a cor da lâmina, proporcionando uma nova coloração à folha. Entre as espécies estudadas, P. augescens e P. diaphanoides apresentam a face abaxial vermelha, P. tetraphylla var. valantoides tem coloração verde com máculas alvas ou verde claras, P. oreophila e P. galioides são verde discolores e quando expostas diretamente ao sol ficam amareladas. As espécies de Peperomia possuem folhas com nervuras que se apresentam conspícuas, proeminentes ou inconspícuas, neste último caso muitas vezes necessita de acurada análise para inclusão nos padrões de nervação de Hickey (1988). A maioria das espécies possui folhas com nervação do tipo palmada, poucas são do tipo pinada (Trelease & Yuncker 1950). Entre os táxons estudados foram observados três tipos de padrões de nervação de acordo com Hickey (1988): Hifódroma: todas as nervuras, exceto a nervura primária estão ausentes, rudimentares ou inconspícuas dentro de um mesófilo coriáceo ou carnoso. Campilódroma: várias nervuras primárias ou secundárias proeminentes surgem próximas ou em um mesmo ponto, fazendo uma pequena curvatura na base antes de seguir em direção ao ápice. Acródromo: Duas ou mais nervuras primárias ou nervuras secundárias bem desenvolvidas correndo em arcos não recurvados na base, convergentes em direção ao ápice da folha. Este caso é muito semelhante ao anterior, mas as nervuras não fazem curvaturas na base antes de dirigir-se ao ápice como em Peperomia augescens. Neste trabalho foram observadas espécies de Peperomia que possuíam as nervuras no padrão acródromo perfeito basal, mas nunca fortemente desenvolvidas, sendo que todas as nervuras encontravam-se inseridas e não visíveis no mesófilo das folhas carnosas do gênero. Neste caso o termo aplicado a este tipo de nervação foi inconspícuo. O padrão de nervação das espécies de Piper é bastante diferenciado, são evidenciados os tipos de nervação presentes nas Dicotiledôneas, podendo a rede ser densa ou laxa. Nas espécies do PEI foram observados os seguintes padrões de nervação, segundo a terminologia de Hickey (1988) e com adaptações de Cavalcanti (1995). 30 - Broquidódromo: geralmente constituído de 10-15 nervuras secundárias, alternas, ascendentes, dispostas até o ápice da lâmina, proeminentes na face abaxial, presença de nervuras intersecundárias como em Piper corcovadensis (Miq.) C.DC. e P. miquelianum C.DC. - Misto camptódromo-acródromo: com tendência campdódromo na base e acródromo no ápice, geralmente 3-6 nervuras secundárias, alternas, ascendentes, proeminentes, dispostas até a porção mediana da lâmina, presença de nervuras intersecundárias como em Piper lhotzkyanum Kuntn, P. mollicomum Kunth e P. solmsianum C. DC. - Misto camptódromo-broquidódromo: com tendência camptódromo na base e broquidódromo no ápice, geralmente 6-8 pares de nervuras secundárias, alternas, ascendentes, dispostas até o ápice, descendentes nos lobos, nervuras intersecundárias presentes. Ex: Piper psedopothifolium C. DC., P. tectoniifolium Kunth e P. richardiifolium Kunth. Observa-se que de um modo geral as partes vegetativas do gênero Piper têm, freqüentemente, um odor de óleo aromático, quando amassadas, e um sabor picante quando mascadas, graças a presença de óleos voláteis e oleoresinas, respectivamente (Burger 1971; Hill 1974). 8.1.5- Inflorescência As inflorescências de Piperaceae são geralmente espigas simples, mas em alguns casos podem ser compostas do tipo umbelas de espigas ou racemo. No PEI encontram-se os dois tipos. Piper corcovadensis, Piper miquelianum (Fig. 8A) e Peperomia tenella (Fig. 8B) têm sua inflorescência do tipo racemo e as demais são espigas (Fig. 8C). Quanto ao posicionamento das inflorescências, estas podem ser terminais, axilares ou opostas às folhas, variando de solitárias, a várias, caracterizando uma umbela de espigas. Tem-se P. galioides como um caso de umbela de espigas (Fig. 8D). As espigas são ainda eretas como em Peperomia tetraphylla, P. oreophila e Piper solmsianum, pendentes, como em Peperomia augescens, P. galioides e P. richardiifolium ou curvadas como P. mollicomum. As espigas de Peperomia podem alcançar de 1 a mais de 20 cm de comprimento. As dimensões das espigas de Piper são variáveis, e as espécies podem apresentar inflorescências de 1 a 70 cm de comprimento e 0,1 a 1 cm de largura. Os pedúnculos são sempre cilíndricos, com tamanhos diversos, filiformes, de poucos milímetros a vários centímetros de 31 comprimento, glabros ou com indumento. As raques são carnosas, lisas ou rugosas, glabras ou raro possuem tricomas, glândulas ou são fimbriadas. Na maioria das Peperomia as raques são cilíndricas. O ápice da raque é freqüentemente inteiro. Outra característica apresentada nas raques de Peperomia é a presença, em algumas espécies, de depressões de onde surgem às flores e os frutos. Estas estruturas foram denominadas como fóveas para as Loranthaceae (Rizzini 1978, 1995) e seguiu-se esta terminologia adaptada para as Piperaceae por CarvalhoSilva (2002). Todas as flores são subtendidas por uma bractéola diretamente posicionada sobre as mesmas, estas bractéolas são pedunculadas e, geralmente, peltadas ou subpeltadas, suculentas com pedúnculos muito delgados ou mais largos, que surgem próximo à base do ovário; são geralmente glandulosas ou possuem cílios em suas margens. São pouco variáveis em formato, apresentando-se orbiculares, ovais, triangulares, raro se constituindo um forte caráter taxonômico, entretanto, em P. oreophila foram encontradas cerdas no ápice das bractéolas, estrutura que ainda não havia sido descrita por nenhum outro estudioso. Em Piper, ao contrário, as bractéolas se apresentam como um forte caráter diagnóstico, assim o formato, as dimensões e a posição das fimbrias ou tricomas são variáveis de acordo com cada espécie, as formas principais encontradas são orbiculares, triangulares, sacado-galeadas ou em forma de conchas. Quanto ao indumento podem ser totalmente glabras ou fortemente pilosas, mas geralmente as margens são apenas ciliadas ou fimbriadas. A presença ou ausência do indumento nas bractéolas pode facilmente separar grupos de espécies. Tebbs (1989a, 1990, 1993b) utiliza os diferentes formatos das bractéolas como forte caráter para determinação de seções e muitas vezes de espécies de Piper. Apesar das bractéolas terem esta diferenciação, elas podem variar de acordo com o grau de maturação das espigas e, neste estágio, o seu valor diagnóstico diminui para ser utilizado na taxonomia do gênero. Algumas espécies de Peperomia possuem brácteas no pedúnculo com várias formas e dimensões, geralmente lineares e carenadas, com ápice agudo ou obtuso. Das espécies encontradas no PEI nenhuma apresentou bráctea. 32 A B C D F ig. 8: T i po s d e In flo res cê ncia s: R a ce m o : A ) P iper m iquelianum; B ) P eperom ia tenella ; C ) E sp ig a sol itá ria - P iper solm sianum; D) U m b ela de e sp ig a s - P eperom ia galioides 33 8.1.6- Flor As flores das Piperaceae são geralmente hermafroditas, principalmente nas espécies ocorrentes nas Américas, imperfeitas ou dióicas, nas espécies ocorrentes no Velho Mundo, aperiantadas sendo então protegidas pela bractéola e de simetria bilateral, devido à posição dos estames no androceu (Tucker 1980). Podem ser sésseis ou pediceladas. Elas não apresentam bons caracteres para a distinção de espécie, pois todas são bastante homogêneas quanto às suas características. A disposição das flores na inflorescência é variada e dentro da mesma espécie, as mesmas aparecem em disposições irregulares, podendo ser laxas ou densamente dispostas na espiga. As flores são diminutas, muito semelhantes entre as espécies. Em estudos feitos por Tucker (1982) é registrada a existência de centenas a milhares de flores por espiga, dependendo da espécie estudada. Os estames de Peperomia são sempre em número de dois, opostos entre si e presos à base do ovário, os de Piper surgem da base do gineceu, formando um ou dois verticilos (Tebbs 1989a, Tucker 1982). O número de estames do androceu pode variar muito nas flores de Piper. Autores como Lei & Liang (1998) e Jaramillo & Manos (2001) registram em seus trabalhos a existência de 1 a 10 estames para o gênero. Tebbs (1989a) menciona a existência de 2-6 estames, enquanto Tucker (1982) refere apenas espécies com 2, 3, 4, 6 ou 7 estames. Já Trelease & Yuncker (1950) e Yuncker (1972) observam a existência de espécies com apenas 2-5 estames. Essa variação no número de estames, encontrada por cada autor, dá-se devido à dificuldade da contagem nas espigas, por estas conterem as flores muito próximas tanto em material herborizado quanto em material vivo. Nas espécies do Parque foram registradas somente quatro estames, dispostos em um único verticilo, as anteras são biloculares, globosas ou alongadas, de abertura rimosa e com conectivo inconspícuo. O número de carpelos do gineceu das Peperomia é controverso. Para Tucker (1980) é monocarpelar, mas para Wettstein (1935 apud Tucker 1980) o gineceu é bicarpelar devido a presença de dois lobos no estigma. Mohandas & Shad (1982) apontam que devido ao grande número de espécies no gênero Peperomia, pode haver algumas com diferentes números de carpelos. Os autores mostram em seu trabalho a existência de flores com um ou dois estigmas em uma mesma inflorescência. O gineceu é composto por um lóculo com um óvulo em placentação basal, do tipo ortótropo (Sastrapradja 1968). 34 A maioria das espécies apresentam os estigmas sésseis. Nas espécies de Peperomia do PEI o estigma é apical ou subapical. Em Piper o gineceu é sincárpico, unilocular, uniovulado, com placentação basal. Muito se tem discutido quanto ao número de carpelos para o gênero. Lawrence (1951 apud Bornstein 1989) e Lei & Liang (1998), têm referido que o gineceu das espécies de Piper possuem de 2 a 5 carpelos. Johnson (1902) e Bornstein (1989) observam apenas 3 carpelos e Tucker (1982) observa também a presença de 3 carpelos nas espécies estudadas, mas a autora não descarta a possibilidade da existência de 4 carpelos. Tebbs (1989a) registra a presença de 3 e mais raramente 4 carpelos. Callejas (1986) considera para a seção Ottonia a presença de 4 carpelos. Geralmente é observado flores e frutos do gênero Piper com estigma séssil, mas há espécies que possuem estiletes longos. Os estigmas são papilosos com tricomas clavados ou columelares e geralmente recurvados, divididos em 3 partes, mas podem ser encontrados divididos em quatro ou cinco partes. Tebbs (1989a) afirma que pode ocorrer, muito raramente, 2 estigmas. No PEI foram observadas espécies com apenas 3-4 estigmas. Alguns caracteres florais como a presença de estilete, o número de estigma e a presença de pedicelo, tipos de brácteas, raque, são diagnósticos podendo separar grupos de espécies. 8.1.7- Fruto e semente Os frutos em Piperaceae são pequenas drupas com pericarpo muito fino e endocarpo solidificado, geralmente revestido por glândulas em Peperomia e podem ser lisos ou mais raramente papilosos, pilosos ou híspidos, principalmente no ápice do fruto (Barroso et al. 1999, Bornstein 1989, Trelease & Yuncker 1950). Geralmente, quando o ovário possui estilete, este persiste nos frutos e em alguns casos tornam-se mais evidentes do que nas flores, tornando o fruto apiculado. O ápice do fruto pode ser estiloso, dilatado formando um escudo oblíquo ou com longo rostro. Sua superfície pode ser lisa, verrucosa, estriada com a presença de glândulas ou tricomas. O estigma sempre persiste nos frutos, pode apresentar-se apical, subapical ou central. Em algumas espécies de Piper os frutos podem ser cobertos por tricomas esparsos, que podem ser glandulares, de cores entre castanho e negro, ou raro, branco perolado ou com tricomas não glandulares. 35 As formas e tamanhos dos frutos são variáveis entre globosos, ovais, obpiramidais, cilíndricos, turbinados, redondos ou angulosos e o tamanho de 1-3 mm de altura. Na área em estudo as dimensões dos frutos variaram de 1-3 mm de comprimento. O estigma é persistente no fruto, modificando a forma do fruto. A coloração pode variar entre verde e tons de castanho até negros. Os frutos geralmente são sésseis e fortemente presos à raque. Quando originados de flores pediceladas estes frutos serão sempre pedicelados (ex. Piper corcovadensis e Peperomia tenella), mas quando originados de flores sésseis podem ser sésseis ou raro pedicelados. Em trabalhos como os de Tebbs (1989a, 1990, 1993b) o formato dos frutos tem sido muito importante para a determinação de seções e até de espécies de Piper. Para as espécies estudadas este caráter não foi utilizado, pois se apresentou muito variado em forma e tamanho dentro de uma mesma espiga. As formas dos frutos são distintas nas espécies do PEI, revelando-se um caráter diagnóstico para o grupo, favorecendo a constituição de subgêneros.(Fig. 9) Trelease & Yuncker (1950) informam que as formas dos frutos podem variar de globosos, ovais, elípticos, turbinados, obovais, com tamanhos de 0,5 até 2-3 mm de comprimento. Dahlstedt (1900) mostra a enorme variação nas formas dos frutos de Peperomia e informa que existem mais de 100 formas diferentes. Na maioria dos casos, o que aparece mais evidente e diferenciado é o ápice que age como proteção do estigma. Tucker (1980) atribui a grande variação das formas de proteção dos estigmas à plasticidade genética o que, provavelmente, contribui para a especiação e efetiva dispersão dos frutos. Devido a essa diferença na forma dos frutos, este tem sido, até hoje, o principal caráter para a taxonomia de Peperomia. A coloração dos frutos varia de verde a castanho ou negra, quando maduros. A maioria dos frutos possui um exsudado viscoso que prende o fruto na espiga, mesmo quando esses se encontram fora da fóvea. Esse exsudado pode ser importante para a dispersão dor frutos. Trelease & Yuncker (1950) comentam que os frutos adesivos são adaptados para aderir às plumagens, penas e pés das aves, para serem dispersos. 36 A B C D E F G Fig. 9 H I Frutos dasPeperomia ocorrentes no Parque Estadual do Ibitipoca. A) Peperomia galioides; B) P. oreophila ; C) P. tenella ; D) P. crinicaulis ; E)P. mandiocana ; F) P. tetraphylla; G) P. diaphanoides ; H) P. rotundifolia ; I)P. augescens. Aumento de 48x. Frutos de A-H- Dahstedt (1900), I- Henschen (1873) e D- Medeiros (ined.) 37 As sementes de Peperomia são geralmente de formato oval a arredondado e possuem tegumento liso, raro verrucoso. (Carvalho-Silva 2002). As sementes possuem pouco endosperma e muito perisperma. São sementes geralmente lisas, raro em Peperomia verrucosas, com formatos que variam entre oval a arredondadas em Peperomia, e em Piper podem ser oboval e elípticos, com a base geralmente truncada, mas podem ser levemente cordadas. As cores são geralmente em tons de castanho. O tamanho varia entre 0,4 a 2 mm de comprimento. (Carvalho-Silva 2002). As sementes não provêem bons caracteres que possam ser utilizados na taxonomia. 8.1.8- Indumento, tricomas e glândulas Os gêneros Peperomia e Piper podem apresentar vários tipos de indumento e variam desde espécies totalmente glabras a densamente pilosas. Trelease & Yuncker (1950) comentam que geralmente as espécies glabras possuem algum indumento quando ainda jovens, mas que a maioria das espécies do gênero Piper são pelo menos levemente pubescentes. Muitas apresentam variações no tipo de indumento de acordo com a fase de desenvolvimento e da exposição à luz. Às vezes em uma mesma espécie, pode ser observada maior densidade de tricomas nas partes vegetativas da planta jovem e, quando na face adulta, há uma diminuição na densidade deste indumento; outras vezes quando a planta está exposta à luz apresenta indumento mais profuso em relação aquela que se encontra à sombra. Assim, deve-se considerar uma pequena amplitude de variação nas formas de indumentos para a mesma espécie. Em observações de campo P. oreophila apresentou grande profusão de tricomas nas plantas expostas ao sol. As Piperaceae possuem tricomas sempre simples, pluricelulares e unisseriados, raros são os casos em que os tricomas são unicelulares (Bornstein 1989; Mohandas & Shad 1968; Trelease & Yuncker 1950). Os tricomas podem ainda apresentar glândulas ou não (Mohandas & Shad, 1982; Bornstein 1989). Silva & Machado (1999) registram a existência de tricomas saculiformes em Piper regnellii (Miq.) C.DC., estes tricomas são unisseriados e mostram função secretora, tanto em folhas jovens como em adultas. Com o envelhecimento das folhas os tricomas diminuem em concentração. Ocorrem freqüentemente nas duas faces das folhas, sendo mais densos na face abaxial, principalmente nas regiões entre as nervuras (Tebbs 1989a). 38 No gênero Peperomia são de comprimento variados, podendo ser diminutos, perceptíveis apenas sob microscópio esteroscópico, ou até possuírem 2-3 mm de comprimento (Trelease & Yuncker, 1950). São geralmente encontrados nas partes vegetativas da planta, folhas e caule. Em alguns casos pode-se encontrar na raque, ovário ou fruto. Na maioria das bractéolas do gênero Piper são encontrados tricomas, principalmente nas bordas destas, formando longos cílios e algumas vezes no seu pedúnculo. Em muitas espécies do gênero Piper são observados glândulas em toda a extensão da planta, principalmente na lâmina foliar. Estas glândulas são chamadas glândulas peroladas devido a aparência reluzente (Solereder 1908 apud Silva & Machado 1999). Ocorrem também glândulas nas lâminas das folhas de algumas espécies. Nas espécies de Peperomia estudadas, todas apresentaram glândulas. Além das folhas as glândulas são também encontradas nos ramos, bractéolas, raque da inflorescência e frutos. Podem ser de coloração branca, tons de amarelo, vermelho, castanho e até negro. Também podem ser translúcidas, observadas apenas com a luz transmitida. Nas espécies do PEI P. galioides, P. mandiocana, P. oreophila, P. tenella e P. tetraphylla apresentam glândulas castanhas, P. augescens e P. diaphanoides dispõem de glândulas e pontuações negras enquanto as glândulas em P. crinicaules e P. rotundifolia são translúcidas. Tebbs (1989a) observa que as espécies de Piper possuem freqüentemente glândulas translúcidas nas folhas, e podem ser encontradas em ramos, pedúnculos e frutos. As glândulas podem ser de coloração rosa, vermelha, castanha e até negras (Tebbs 1989a, Trelease & Yuncker 1950). Em trabalhos como os de Yuncker (1972, 1973) muitos novos táxons foram descritos devido a variação no indumento nas folhas de Piper. As observações do material no campo e em herbários, permitem perceber, em algumas espécies, que a quantidade de indumento nas folhas e ramos, pode variar fortemente assim como da parte mais jovem para a mais velha dentro de uma mesma planta. O indumento em frutos e bractéolas tem valor diagnóstico para taxonomia do gênero. 39 8.2 - Tratamento taxonômico 8.2.1 – Descrição da família PIPERACEAE C. Agardh, Aphor. Bot. 201. 1824. Gênero tipo: Piper L. Sp. Pl. 1:28.1753. Ervas eretas terrestres, epífitas, escandentes, arbustos ou arvoretas. Caules nodosos e articulados. Folhas alternas, opostas ou verticiladas, inteiras, sésseis ou pecioladas, raramente peltadas de consistência e formatos os mais diversos, indumento muito variado, tricomas simples, geralmente dotadas de glândulas translúcidas. Flores aclamídeas, mínimas, andróginas ou unissexuadas, protegidas por bractéolas pediceladas ou sésseis, sacadogaleadas, peltadas, esparsa ou densamente dispostas em racemos ou espigas, axilares, terminais ou opostas às folhas, solitárias ou formando umbelas. Estames 2-5, livres ou aderentes às paredes do ovário; anteras rimosas bitecas. Ovário súpero, séssil, geralmente, imerso na raque ou pedicelado, unilocular, uniovular, placentação basal, estilete presente ou ausente, estigma 1-4, lobado, papiloso; óvulo basal, ortótropo. Fruto drupa séssil ou pedicelada, com fino pericarpo e endocarpo solidificado. Semente com endosperma escasso e muito perisperma. Embrião mínimo. 8.2.2 – Chave para os gêneros 1. Ervas, 1 estigma, 2 estames .................................................................................. Peperomia 1’. Arbustos, subarbustos ou arvoretas, 3-4 estigmas, 4 estames ...................................... Piper 40 8.2.3- Descrição do gênero Peperomia Ruiz & Pav., Fl. Peruv. Prodr. 8: 2, 1794. Ervas anuais ou perenes, terrestres, rupícolas ou epífitas, raramente chegando a 1 m de comprimento, eretas, escandentes ou estoloníferas. Caules prostrados com numerosos ramos laterais ou eretos, suculentos. Folhas alternas, opostas ou verticiladas, às vezes aglomeradas próximo ao ápice do caule, geralmente suculentas, membranáceas, cartáceas, carnosas, quando secas coriáceas, translúcidas ou opacas, sésseis ou longo-pecioladas, nervação conspícua ou inconspícua. Espigas axilares, terminais ou opostas às folhas, compostas ou simples, inteiras ou ramificadas. Flores numerosas; raque carnosa; bractéola arredondado-peltada; ovário geralmente disposto em depressão da raque, estilete presente ou ausente; estigma único; estames 2, filete longo ou curto, decíduo na maturação da espiga. Drupa, séssil ou pedicelada, pericarpo delgado, glanduloso-viscoso, com estigma terminal ou subterminal, escudo oblíquo ou rostrado. O gênero esta representado no Parque Estadual do Ibitipoca por 12 táxons. 8.2.4- Chave para identificação das espécies de Peperomia 1 – Folhas verticiladas da base ao ápice 2 – Raque da inflorescência glabra 3 – Espigas 1,2-1,8cm compr., fruto com pseudocúpula ................................... 2- P. crinicaulis 3’ – Espigas 4-7cm compr., fruto sem pseudocúpula .......................................... 4- P. galioides 2’ – Raque da inflorescência pubescente 4 – Planta rupícola de campo rupestre; espiga 2-7,5 x 0,2-0,3 cm ..................... 6- P. oreophila 4’ – Planta epífita de mata; espiga 0,6-2,8 x 0,1-0,2 cm ................................. 9- P. tetraphylla 1’ – Folhas alternas da base ao ápice ou às vezes opostas no ápice 5 – Fruto estipitado .................................................................................................. 8- P. tenella 5’ – Fruto séssil 6 – Folhas alternas na base, as do ápice opostas ou ternadas .......................... 5- P. mandiocana 6’- Folhas alternas da base ao ápice 7 – Folhas arredondadas da base ao ápice, espiga até 2,5cm compr. .............. 7- P. rotundifolia 7’ – Folhas lanceoladas, obovado-lanceoladas, elípticas; espiga 7,5-16,5cm compr. 8 – Lâmina com margem ciliada em direção ao ápice .................................. 3- P. diaphanoides 8’ – Lâmina com margem não ciliada, ápice cerdoso ....................................... 1- P. augescens 41 8.2.5 - Descrição dos táxons 1- Peperomia augescens Miq., Archives Arch. Neerl. Sci. Exact. Nat. 6:171.1871. (Figs. 10 e 11) Tipo: Minas Gerais, Caldas, 16.V.1864, Regnell & Henschen III – 1432 (S) Erva 20-40cm de altura, estolonífera-ascendente, rupícola ou terrestre. Caule com ramos verde-vinosos, carnosos, glabros. Folhas alternas; pecíolo 0,4-2,6 cm compr., glabro, estriado; lâmina 1-3,6 x 1,1-2 cm, carnosa, cartácea, quando seca membranácea, glabra, folhas basais arredondadas, obovadas, com base aguda ou arredondada, ápice curto-acuminado ou arredondado, as do ápice lanceolado-elípticas, lanceoladas, base agudo-cuneada, ápice agudo, constricto às vezes retuso com cerdas, face abaxial avermelhada ou com máculas vinosas, face adaxial verde escuro, com glândulas e pontuações negras, margem revoluta de cor avermelhada; nervuras 3, a central proeminente na face abaxial, impresso-canaliculada na adaxial, as duas laterais visíveis até a porção mediana da lâmina, inconspícuas em direção ao ápice na face abaxial. Espiga 7,5-16,5 x 0,15-0,2 cm, solitárias, terminais ou axilares, flexuosas; pedúnculo 1,7-2,4 cm compr., glabro, estriado; raque sulcada com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa com flores esparsas; bractéola arredondadopeltada, membranácea, margem irregularmente ondulada, glandulosa; anteras orbiculares, cremes. Drupa 1-2,5 mm compr., séssil, imatura amarelada e quando madura castanha, globosa, ovóide, glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma subapical, sem pseudocúpula. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo à caixa d’água, 13.X.1993 (fl,fr. imat.,fr), F.R. Salimena-Pires s.n. (CESJ: 27411); próximo a casa do pesquisador 1, 20.II.1996 (fl), M.R. Rosa & L.G. Rodela Q11-104 (CESJ); mata atrás da casa da Polícia Florestal, perto do Camping, 09.III.2004 (fl), R.C. Forzza et al. 2641 (RB); mata em frente a entrada do Parque, 09.III.2004 (fl,fr), R.C. Forzza et al. 3069 (RB); trilha do camping para a rampa atrás do centro de visitantes, no chão do outro lado do muro, 30.III.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 279 (RB); trilha do camping para a rampa atrás do centro de visitantes em cima do muro, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 275 (RB); mata Grande, depois do 3° córrego, 30.III.2004 (fl,fr. imat.), E. von S. Medeiros et al. 274 (RB); mata em frente ao centro de visitantes, próximo ao curso d’água 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 287 (RB); mata 42 atrás da cantina, 31.III.2004 (fl,fr. imat.,fr), E. von S. Medeiros et al. 291 (RB); em frente ao alojamento casa 3, 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 294 (RB); caminho para Lagoa Seca, próximo ao riacho a montante da ponte que corta o riacho, 28.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al. 256 (RB); no chão da Mata pequena, em frente ao alojamento dois, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 422 (RB); na Gruta do Maximiliano, no chão da mata, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 426 (RB). Distribuição geográfica e habitat Ocorre em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo. Geralmente em altitudes de 450 a 1400m s.n.m. Etimologia: do latim augesco, is = começar a crescer, multiplicar-se, aumentar. Provavelmente está relacionado ao crescimento da planta estolonífera que se desenvolve multiplicando os ramos. Espécie próxima de P. alata Ruiz & Pav., da qual difere pela ausência do caule alado e das cerdas no ápice. No PEI foi encontrada entre 1350 a 1400m s.m. Floresce de outubro a março e frutifica em março, junho e outubro. Trata-se de uma erva rupícola ou terrestre que se desenvolve em local semi-ciófilo, geralmente constituí extensa formação no chão da mata; são características desta espécie o caule avermelhado, folhas suculentas ou papiráceas, discolores, avermelhadas ou esverdeadas na face abaxial e espigas alvo-esverdeadas, longas, delicadas, eretas na base e flexuosas no ápice. Além disso seus frutos apresentam-se de coloração amarelada quando jovens e acastanhadas quando maduros. Por outro lado suas folhas basais apresentam-se distintas daquelas do ápice, tanto na forma quanto no tamanho. 43 A B Fig. 10: Peperomia augescens - A) Habitando o chão da mata; B) Detalhe da planta apresenta espiga com frutos 44 D B C A Fig. 11: Peperomia augescens - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto. (E. von S. Medeiros 275) 45 2- Peperomia crinicaulis C. DC., Annuaire Conserv. Jard. Bot. Geneve 2: 286. 1898. (Figs. 12 e 13) Nome vulgar: erva-de-vidro, erva-de-jaboti, jaboti-membeca Tipo: Província Rio de Janeiro, leg. Glaziou 8942 in Hb. Deless (G, holótipo; C, LE, isótipos). Erva 10-20 cm de altura, epífita, reptante, com tricomas, 1-1,5 mm compr., multicelulares, vilosos, flexíveis. Caule com ramos verdes, anguloso-sulcado. Folhas 3verticiladas; pecíolo 1 mm compr. ou séssil, viloso, liso; lâmina 3-7,5 x 4-8,5 mm, arredondada, carnosa, quando seca membranácea, base obtusa, ápice arredondado, raro subagudo, vilosa em ambas as faces, com glândulas, suborbiculares, margem revoluta, raro plana, ciliada, nervuras 3-5, inconspícuas na face abaxial, escuras na face adaxial, ramificadas. Espiga 1,2-1,8 x 0,2 cm, solitária, terminal, ereta; pedúnculo 0,9-1,4 cm compr., esparsopubescente, estriado; raque sulcada com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, flores aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, margem papilosa, irregularmente fimbriada e mais ou menos setosa, glandulosa. Drupa 1-1,5 mm compr., imatura verde, quando madura castanha, globosa, ovado-arredondada, glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma apical, pseudocúpula disposta até a porção mediana ou pouco acima. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, próximo a Gruta dos Marinheiros, 29.VI.1991 (fl), F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 25465); Mata Grande, após Monjolinho, caminho para o Pico do Pião, bifurcação entre Pico do Pião e Lagoa Seca, 28.VI.2004 (fl, fr.imat., fr), E. von S. Medeiros et al. 295 (RB); Distribuição geográfica e habitat Ocorre nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná. Característica da floresta Atlântica no sudeste e sul do Brasil, ocorre no interior de matas. Etimologia: do latim Crinis = cabeleira, crina, referência à pilosidade do caule. 46 Esta espécie foi coletada do PEI florescendo e frutificando em junho, em altitudes que variaram de 1540 a 1630m s.n.m. Trata-se de uma erva, epífita, pendente que se desenvolve em local semi-ciófilo ou de luz difusa, caule com tricomas alvos, folhas carnosas. Espigas eretas de coloração verde com frutos imaturos verdes e maduros castanhos. Espécie pouco freqüente na área. Fig. 12: Peperomia crinicaulis – Hábito. 47 D E F C B A Fig. 13: Peperomia crinicaulis - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga; C) Folha; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Bractéola; F) Fruto. (E. von S. Medeiros 295) 48 3- Peperomia diaphanoides Dahlst., Kongl. Svenska Vetensk. Acad. Handl. 33(2): 112, t. 10, f. 3. 1900. (Figs. 14 e 15) Tipo: Brasilia, Rio Grande do Sul ad Santo Ângelo, prope Cachoeira loco humido, aperto silvae primae uae um brosae 31.I.1893, G.O.A.: Malme, Exp. I. Regn. nº 522 in Hb. Stockholm (S!, holótipo). Erva 15-30 cm de altura, estolonífera, epífita, subereta. Caule ascendente, com ramos esverdeado, carnoso, glabro. Folhas alternas; pecíolo 5-7 mm compr., glabro, levemente estriado, sulcado; lâmina 2,7-6,5 x 1,1-2,5 cm, carnosa, quando seca membranácea ou papirácea, glabra, obovado-lanceolada, elíptica, lanceolada, base aguda, decurrente, ápice constricto agudo, acuminado, ciliada em direção ao ápice, face abaxial avermelhada e face adaxial verde escuro, com glândulas e pontuações negras em ambas as faces, margem revoluta, nervuras 3, proeminentes na face abaxial. Espiga 10-16 x 0,2 cm, solitária, terminal, flexuosa; pedúnculo 7-15 mm compr., glabro, estriado; raque com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa, flores esparsas; bractéola arredondado-peltada, membranácea, glandulosa; anteras arredondadas, cremes. Drupa séssil, globoso-ovóide (Yuncker 1974). Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca. Parque Estadual de Ibitipoca, 13.I.1988 (bt), P.M. Andrade 1118 (RB); Idem, 22.III.1988 (fr), P.M. Andrade 1122 (RB); caixa d’ água, 28.IV.1988 (fl), P.M. Andrade 1183 (RB). Distribuição geográfica e habitat: Ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. (Guimarães, inédito). Esta espécie ocorre em mata pluvial montana em altitudes que variam de 750 a 1500m. Etimologia: do latim, diaphanus, a, um = transparente; oides = semelhante. Refere-se à semelhança que tem com à consistência da folha de Peperomia diaphana Miq. 49 No PEI foi encontrada em altitudes de 1200 a 1500m s.n.m. Floresce de janeiro a abril e frutifica em março. Trata-se de uma erva, subereta, epífita que se desenvolve em local semi-heliófilo. Apresenta folhas suculentas discolores com face abaxial avermelhada e nervura principal e secundária bem evidenciada por apresentar uma coloração mais clara. Lembra P. augescens, sendo que as espigas são menores comparativamente e a lâmina foliar apresenta-se ciliada em direção ao ápice. Fig. 14: Peperomia diaphanoides – Hábito. 50 E D A B C Fig. 15: Peperomia diaphanoides - A) Hábito; B) Folha com detalhe das cerdas no ápice; C) Detalhe do ramo com espiga; D) Parte da espiga em flor e fruto; E) Fruto; F) Bra ctéola. ( P.M. Andrade 1183) 51 4- Peperomia galioides Kunth, Nov. Gen. Sp.. 1: 71, est. 17. 1815. (Figs. 16 e 17) Nome vulgar: erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca; língua-de-sapo Tipo: Crescit in montanis Regni Novogranatensis, juxta cataractam Tequendamae alt. 1300, hexap.Floret Augusto, Humboldt & Bonpland s.n. (P). Erva 15-56 cm de altura, estolonífera ascendente, epífita, rupícola ou terrestre. Caule com ramos acastanhados, avermelhados ou esverdeados, carnosos com tricomas hirtos. Folhas (3-) 4 – 5 (-9), verticiladas; pecíolo 1-1,5 mm ou séssil, canaliculado, hirto; lâmina 14-27 x 37 mm, carnosa, quando seca membranácea, obovado-lanceolada, elíptica, base aguda, ápice obtuso, ciliado, papirácea, glabra na face abaxial, hirta na base da face adaxial, discolor com glândulas acastanhadas quando secas, margem revoluta, hirta, decurrente no pecíolo; nervuras 3 partindo da base, a central proeminente na face abaxial e impressa na face adaxial, nervuras secundárias ascendentes, alternas, seguem obliquamente em direção a margem, mas não a atingem e se anastomosam por meio de laços, padrão camptódromo. Espiga 4-7 cm x 0,5-1 mm, em número de 3-6, raro solitária, axilar, terminal, flexuosa; pedúnculo 0,5-2 cm compr., hirto; raque sulcada com fóveas plano-naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa; flores levemente aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, membranácea, glandulosa; anteras orbiculares, cremes. Drupa 0,4-0,5 mm compr., quando madura castanha, globoso-ovóide, glandulosa, ápice com escudo oblíquo, estigma subapical, pseudocúpula ausente. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Peão, 15.V.1970 (fr), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6867 (RB); Idem, 13.V.1972 (fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8563); perto da portaria, 22.III.1988 (fl), P.M. Andrade & N.A. Drumond 1123 (RB); Mata dos ratos, 26.V.1988 (fr), P.M. Andrade 1207 (RB); na Gruta da Cruz, 27.II.1996 (fr), L.G. Rodela Q15-169 (CESJ); Idem, 10.II.2001 (fr), F.S. Araújo et al. 36 (CESJ); alto da Lombada, 08.V.2003 (fr), R. Marquete et al. 3231 (RB); trilha entre a gruta do fugitivo e a gruta dos 3 arcos, 11.III.2004 (fr). R.C. Forzza et al. 3177 (RB); trilha entre a Lombada e o Pico do Peão, 11.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3242 (RB); mata próxima da entrada para Janela do Céu, 09.III.2004 (fl), R.C. Forzza et al. 2661 (RB); mata próxima a lanchonete 28.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al 257 (RB); mata atrás da cantina, 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 290 (RB); mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al. 261 52 (RB); trilha do camping para a rampa que vai para o centro de visitantes, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 276 (RB); mata Grande próximo ao 2˚ córrego, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 273 (RB); trilha do camping para a rampa que vai para o centro de visitantes, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 280 (RB); trilha do Monjolinho para Lagoa Seca, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 285 (RB); mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 319 (RB); Gruta dos Viajantes, no chão da mata, 18.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 430 (RB). Distribuição geográfica e habitat: América Central e América do Sul. No Brasil ocorre nos estados de Goiás, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães, 1984). Esta espécie cresce geralmente no interior ou nas bordas de mata de floresta pluvial da encosta atlântica no sudeste e sul do Brasil. Etimologia: do latim galea= capacete, provavelmente referente ao formato do escudo do fruto e oides = semelhante. É encontrada em altitudes de 700 a 1650m s.n.m. no PEI foi encontrada entre 1200 a 1650m de altitude. Floresce em março e frutifica de fevereiro a junho. Trata-se de uma erva terrestre ou rupícola, que se desenvolve em local ciófilo ou heliófilo, apresentando caule avermelhado quando a planta é jovem, folhas suculentas com 4-5 folhas por nó. Espigas suberetas, verde-claras com frutos imaturos verdes e maduros castanhos. A planta quando exposta ao sol fica com coloração amarela tanto nas folhas quanto no caule. Constitui extensa formação no chão da mata. É usada na medicina popular do Peru (Langfiel et al. 2004), por possuir atividade antibacteriana. 53 A B Fig. 16: Peperomia galioides - A) Hábito; B) População crescendo em mata . 54 B C E A D Fi g. 1 7: Peperomia galioides - A ) H áb ito ; B ) D e tal he de u m ve rtic ilo ; C ) Fo lh a co m d eta lh e do áp ic e; D ) P art e da esp iga em fru to ; E ) F ruto . (E. vo n S. M ed ei ros 26 9) 55 5- Peperomia mandiocana Miq., Linnaea 20:125.1847. (Figs. 18 e 19) Tipo: Brazil, in arboribus ad Mandioccan, m. Oct. s.d., Martius s.n. Hb. Mart. (M!, holótipo; fotos em F, no 358). Erva 10-20 cm de altura, epífita, rupícola ou terrestre, reptante. Caule com ramos eretos ou pêndulos, verdes com a base avermelhada, carnosos, tricomas hirtelos, glandulosos. Folhas alternas, no ápice opostas ou ternadas, pecíolo 2-4 mm compr., hirtelo, estriado; lâmina 1-2,7 x 0,7-1,4 cm, carnosa ou crassa, quando seca membranácea, papirácea, sutilmente hirtela, elíptica, lanceolada, raro arredondadas; base aguda ou obtusa; ápice obtuso, agudo às vezes levemente emarginado, com máculas vinosas, glândulas castanhas em ambas as faces, margem revoluta, curto ciliada; nervuras 3, levemente proeminentes na face abaxial, inconspícuas na face adaxial, coloração mais clara que a da lâmina. Espiga 18-58 x 15-25 mm, solitária, terminal, ereta; pedúnculo 1-2,1 cm compr., hirtelo; raque sulcada papilosa com fóveas naviculares, margem papilosa, glabra com flores aglomeradas; bractéola arredondadopeltada, glandulosa, papilosa, margem irregular, anteras orbiculares. Drupa 2-2,5 mm compr., séssil, quando madura castanha, elíptica, ápice com escudo oblícuo, estigma apical, pseudocúpula basal. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Peão, 12.V.1970 (fr), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6720 (RB); Idem, 28.IX.1970 (fr), P.I.S. Braga 1884 (RB); Idem, 12.V.1970 (fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8578, RB: 197145); Idem, 12.V.1970 (fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8630); Lagoa Seca, 13.I.1988 (fr), P.M. Andrade 1106 (RB); depois da Gruta dos viajantes, 02.XI.1991 (fr), R.C. Oliveira 36 (CESJ); na Mata Grande, 10.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3161 (RB); Trilha entre a Lombada e o Pico do Peão, 11.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3240 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande, 30.III.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 269 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, entrada para a Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 264 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 266 (RB); Trilha prainha – Monjolinho, na Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 268 (RB); Mata Grande, 28.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al. 259 (RB); Mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (fr), M. Carvalho-Silva et al. 263 (RB); trilha para cachoeira das Fadas, 30.XI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 366 (RB); na Gruta da Cruz, 30.XI.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 381 56 (RB); no início da trilha da mata Grande, 16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 405 (RB); Mata Grande, 16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 418 (RB); na Mata Grande, 16. III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 419 (RB). Distribuição geográfica e Habitat Ocorre nos estados de Minas Gerais e São Paulo (Guimarães, inédito). Etimologia: Nome relacionado à localidade típica, Serra da Mandioca. Esta espécie foi coletada no PEI no interior de mata em ambiente úmido em altitudes que variam de 1377 a 1663 m s.m. Floresce de novembro a março e frutifica em janeiro, março, maio, junho, setembro e novembro Espécie próxima a P. corcovadensis Gardner, mas difere por apresentar folhas opostas e pontos glandulares mais profusos. Trata-se de uma erva, epífita, ereta ou pêndula que se desenvolve em local ciófilo, podendo apresentar na base do caule coloração avermelhada. Folhas suculentas, crassas a subcrassas, discolores verdes, levemente nítidas com a nervura principal mais clara. Espigas eretas, verdes com flores esverdeadas e frutos castanhos. Esta espécie encontra-se na lista vermelha de espécies ameaçadas de extinção no estado do Paraná na categoria de rara (Guimarães, 1984). B A Fig. 18: Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Detalhe da espiga em fruto. 57 A B C D E Fig. 19: Peperomia mandiocana - A) Hábito; B) Folha com detalhe de ápice e margem; C) Bractéola; D) Fruto; E) Parte da espiga em fruto;. (E. von S. Medeiros 269) 58 6- Peperomia oreophila Henschen, Nova Acta Regiae Soc. Sci. Upsal., ser. 3 (8): 28.1873. (Figs. 20 e 21) Tipo: Brazil, ad rupes apricas jugorium et cacuminum Caldensium, 1000-1500p. supra oppidum, quo silvae non scandient. Flor mens. Apr.-Jun. Exs. III.1657 (specim descr.) in herb. Holmiens (ex Herb. Brás. Regnelli) (S!). Erva 9,5-30 cm de altura, ereta, rupícola. Caule com ramos ascendentes, verdeamarelados, carnosos, estriados, hirsuto, tricomas 1-2 mm compr. Folhas (3)-4-(5), verticiladas; pecíolo 1-2 mm compr. ou séssil, com tricomas; lâmina 8-14 x 6-12 mm, carnosa, quando seca coriáceo-enrugada, glabra ou as vezes com tricomas esparsos, rômbeoarredondada, elíptico-ovada, base obtusa a arredondada, ápice curto-agudo, arredondado às vezes emarginado, raro com cerdas no ápice, com glândulas castanhas em ambas as faces, margem revoluta, ciliadas ou não; nervuras 3, geralmente inconspícuas ou as vezes a mediana saliente. Espiga 2-7,5 x 0,2-0,3 cm, terminal, ereta; pedúnculo 1-2,7 cm compr., esparsopubescente, tricomas recurvos ou adpressos, profundo sulcado-anguloso; raque pubescente, sulcadas, profundo fuveolada, pilosa, flores congestas; brácteola arredondado-peltadas, glabra. Drupa 1-2 cm compr., ovado-cilíndrica a cilíndrica, glandulosa, ápice atenuado, sulcadoanguloso com estigma apical, pseudo-cúpula na base abaixo do terço médio. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Serra do Ibitipoca, VI.1896 (fr), H. de Magalhães 1305 (R); Idem, VIII.1896 (fl), Schwacke 12299 (RB); Parque Estadual do Ibitipoca, Pico do Pião, 11.V.1970 (bt), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6678 (RB); Pico do Pião, 28.IX.1970 (fl, fr), P.I.S. Braga 1888 (RB); Idem, 28.IX.1970 (fr), D. Sucre & P.I.S. Braga 7162 (RB); Serra do Ibitipoca, 02.XI.1973 (fl,fr), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 13193); Idem, 12.VII.1977 (bt,fl), Pe. L. Krieger s.n (CESJ: 15264); Idem, 16.X.1986 (fl), H.C. de Souza s.n. et al. (RB: 319361); Idem, 07.X.1987 (fr), H.C. de Souza s.n. et al. (RB: 319360); trilha para Gruta dos Três Arcos, 27.VII.1991 (bt,fl), M. Eiterer s.n. et al. (CESJ: 24879); subindo para Lombada entre rochas, 20.VI.1991 (bt,fl) F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ: 25396); no interior da mata da Gruta do Martiminiano, 20.VI.1991 (bt), F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ: 25348); sobre rochas e nas fendas dos penhascos, 30.XI.1991 (fl,fr), M.C. Brüger s.n. et al. (CESJ: 26079); próximo a ponte de Pedra, 05.XII.1992 (fr), R.C. Oliveira 134 (CESJ); próximo a Lombada, 13.X.1993 (fl,fr), F.R. Salimena-Pires s.n. (CESJ: 27410); Morro da Cruz, 08.II.1996 (bt), L.G. Rodela Q2-30 (CESJ); Trilha para Ponte de Pedra, na beira do córrego, 26.IX.2001 (fr), R. Marquete et al. 59 3077 (RB); Trilha descendo da Lombada para a base do Parque, 26.IX.2001 (fr), R. Marquete et al. 3094 (RB); Janela do Céu, 27.IX.2001 (fr), R. Marquete et al. 3113 (RB); Vista para Cachoeira Janela do Céu, 30.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 320 (RB); Vista para Cachoeira Janela do Céu, 29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 260 (RB); próximo a gruta dos viajantes, 31.VIII.2004 (bt,fr), E. von S. Medeiros et al. 332 (RB); saída da mata da gruta dos 3 arcos, 01.IX.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 344 (RB); estrada após o centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 384 (RB); no cruzeiro, 30.XI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 357 (RB); Distribuição geográfica e habitat Ocorre nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo (Guimarães, inédito). Cresce em campo rupestre e campo de altitude, sobre pedra e exposta ao sol. Etimologia: do latim oreas, adis = ninfa da montanha. Nome dado por Martius às plantas que habitam os campos elevados ou planaltos; do grego, philos = amiga das montanhas. Provavelmente Henschen nomeou esta planta tendo por base seu habitat. No PEI foi encontarada entre 1350 a 1784 metros de altitude, floresce em fevereiro, maio a dezembro e frutifica de junho a dezembro. Espécie muito próxima de P. decora Dahlst. da qual difere de P. oreophila por ser glabra, não apresenta tricomas nas folhas ou no caule. Yuncker (1974) diz que P. decora se diferencia de P. oreophila por ser uma planta maior, com folhas maiores, sendo mais longas do que largas e espigas um tanto maiores. Trata-se de uma erva rupícola, ereta, carnosa que se desenvolve em local heliófilo ou semi-heliófilo, em paredões de arenito e/ou em frestas de rochas, apresenta caule próximo a base avermelhado e para o ápice verde-amarelados, podendo ser piloso ou glabro. As folhas são crassas, carnosas, opacas, setosas, às vezes glabras. Apresenta espigas eretas, terminais quando jovens de cor creme-esverdeadas, quando maduras verdes. Flores amarelas e frutos esverdeados quando jovens e castanhos quando maduros. 60 A B Fig. 2 0: Peperomia oreophila - A e B) Palnta com hábito rupícola, heliófita mostr ando espigas eretas. 61 D C E A B Fig . 2 1: Peperom ia oreophila - A ) H áb ito ; B ) De ta lhe do ve rtic ilo folia r; C ) Tip os d e fol ha e d et alh e d o á p ice ; D ) Pa rte da esp iga em fl or e fru to ; E) Fru to. (E. v on S. M e de iros 38 4) 62 7- Peperomia rotundifolia (L.) Kunth, Nov. Gen. Sp. 1: 65-66.1815. Piper rotundifolium L. Sp. Pl. 1: 30. 1753. (Figs. 22 e 23) Nome vulgar: Carrapatinho, erva-de-jaboti, jaboti-membeca, erva-de-vidro, salva-vidas. Tipo: Crescit ad arborum truncos et in fissuris rupium prope coenobium caripense, alt 420 hexap. (Nova Andalusia) Floret septembri. Iconotype: Plumier lámina 69. Erva 10-20 cm de altura, epífita, glabra ou tomentosa. Caule com ramos esverdeado, delicados. Folhas alternas; pecíolo 0,15–0,4 mm compr., glabro ou hirtelo; lâmina 2-12 x 2-10 mm, carnosa, ovado-arredondada ou oblonga, base subpeltada, arredondada; ápice arredondado, ás vezes retuso ou emarginado, com tricomas esparsos em ambas as faces, membranácea, glandulosa; nervuras 3. Espiga 0,5-2,5 x 1-1,5 cm, terminal; pedúnculo 1-2 mm compr., tomentoso; flores congestamente dispostas; raque levemente estriada, glabra, fóveas naviculares com margem lisa; bractéola arredondado-peltada, glandulosa, anteras orbiculares ou elípticas. Drupa 1-1,5 mm compr., globosa, ovóide, glandulosa, ápice oblíquo, estigma subapical (Yuncker, 1974). Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, VI.1896 (est.) H. de Magalhães s/n (R: 86560). Distribuição geográfica e habitat No Suriname e no Brasil ocorre nos estados do Amazonas, Pará, Acre, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães, inédito). Cresce na floresta pluvial da encosta atlântica, geralmente epífita nos troncos e ramos de árvores (Guimarães, 1994a; Zoghbi et al., 2005). Etmologia: do latim, rotundus, a, um = redondo, esférico; do latim, folium, i = folha. Relacionado a forma arredondadas das folhas. No PEI foi encontrada estéril na floresta, epifitando árvores em 1896 e até o momento não foi recoletada. 63 Floresce nos meses de fevereiro, abril, junho, agosto, novembro, dezembro e frutifica em novembro e dezembro. Foi encontrada uma afinidade entre esta Peperomia e briófitas. (Zoghbi et al., 2005). É vendida no mercado “ver-o-peso” em Belém como medicinal e para banhos aromáticos (Zoghbi et al., 2005) e, não raro, observada em cultivo como ornamental (Guimarães, 1994a). A planta inteira é usada em decoccção e infusão para problemas de estomago e fraqueza (www.brasilian-plants.com.br). Análises químicas identificaram em seu óleo essencial limonene (28,7%-35,0%) e decanal (22,8%-44,4%) (Zoghbi et al., 2005). A B Fig. 22: Peperomia rotundifolia – A) Detalhe do ramo; B) Hábito 64 B A C D Fig. 23: Peperomia rotundifolia - A) Hábito; B) Folha, detalhe da base; C) Parte da espiga em flor e fruto; D) Bractéola. (A,B - H. de Magalhães s.n R: 86560; C,D – E.P. Heringer 2240) 65 8- Peperomia tenella (Sw.) A. Dietr., Sp. Pl. 1: 153. 1831. Piper tenellum Sw. Prodr. 16. 1788. (Figs. 24 e 25) Nome vulgar: Erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca. Tipo: Jamaica, Marsh sn., (K) designado por Ateyermark 1981. Erva 6,5-10 cm de altura, ereta, rupícola. Caule com ramos avermelhados próximo a base, carnosos, sulcado-estriados, esparso-pilosos, glabros ou glabrescentes. Folhas alternas; pecíolo 1-2,5 mm compr., glabro, canaliculado, estriado; lâmina 6-16,5 x 3-7 mm, carnosa ou subcarnosas, quando seca membranácea ou carnosas, elíptica, ovado-lanceolada, lanceolada, base obtusa, aguda, ápice obtuso-emarginado com cerdas, esparso-pilosa na face adaxial, glabra na abaxial, glândulas e pontuações castanhas, margem plana; nervuras 3, mediana proeminente na face abaxial, impressa na adaxial, as duas laterais inconspícuas. Racemo 1933 x 1-1,5 mm, solitária, terminal, flexuosa; pedúnculo 2-5 mm compr., glabro, estriado; raque sulcada com fóveas naviculares de margem lisa, glabra, glandulosa com flores esparsas; bractéola arredondado-peltada ou elíptica, glabra, glandulosa. Drupa 1-1,5 mm compr., estipitada com estipe verde 1-1,5 mm compr., verde, obpiriforme, glandulosa, ápice com estilete curto, estigma apical, papiloso. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, caminho para Ponte de Pedra, 01.X.1970 (fr), P.I.S. Braga 1935 (RB); na cachoeira das Fadas, 30.VI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 323 (RB); na cachoeira das Fadas em cima da pedra na margem do rio, 30.XI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 365 (RB); Janela do Céu, na beira do rio, 11VIII.2005 (fr), R. Dias-Melo et al. 306 (RB). Distribuição geográfica e habitat Ocorre no norte e leste da América do Sul e Caribe. No Brasil é encontrada nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Santa Catarina (Guimarães, 1984). Esta espécie floresce em fevereiro, março, abril e setembro, frutificando em junho, outubro e novembro. É comum na floresta Pluvial da encosta atlântica, em beira de rios ou em barrancos das estradas que atravessam matinhas do alto das encostas, em altitudes de 750 a 1600m s.m. (Guimarães, 1984). 66 Etimologia: do latim, tenellus, a, um = muito tenra, tenrrinha. O epíteto está relacionado ao hábito da planta, delicadíssimo. No PEI foi encontrada entre 1450 a 1523m s.m., planta pouco freqüente na área. Trata-se de uma erva ereta a patente, delicada, rupícola, que se desenvolve em local ciófilo e muito úmido, com caule avermelhado na base, folhas subcrassas, discolores com a face adaxial verde claro brilhante e a face abaxial verde alvacenta com margem vináceas e nervuras vináceas clara. Espigas alvo-esverdeadas, delicadas, eretas com flores cremes e frutos pedicelados de coloração verde quando jovem e acastanhado quando maduros. Fig. 24: Peperomia tenella - Hábito rupícola entre musgos, na margem do rio, racemo em fruto. 67 B A E C D Fig. 25: Peperomia tenella - A) Hábito; B) Folha com detalhe do ápice mostrando as cerdas; C) Parte da espiga em fruto; D) Fruto; E) Bractéola. (E. von S. Medeiros 323) 68 9- Peperomia tetraphylla (G. Forst.) Hook. & Arn., Bot. Beechey Voy. 97. 1841 Piper tetraphyllum G. Forst. Insul. Austr. Prodr. 5. 1786. (Figs. 26 e 27) Nome vulgar: Erva-de-vidro; erva-de-jaboti; jaboti-membeca. Tipo: Anon sn., Ilhas Sociedade (Society Islands) Erva 15-25 cm de altura, reptante, cespitosa, decumbente, epífita. Caule com ramos ascendentes, prostrado, pêndulos, patentes, esverdeados e às vezes avermelhados na base, carnoso, sulcado-anguloso, glabro ou viloso, tricomas ca. 1mm de compr., tomentosos. Folhas 4 verticiladas; pecíolo 1-2 mm, glabro ou com tricomas; lâmina 6-15 x 4-9 mm, membranácea, carnosa, quando seca membranácea-enrugada, glabra ou híspida de coloração verde com máculas alvas, lanceolada-ovada, rômbeo-elíptica, ovada, oblonga; base obtusa, atenuada, ápice arredondado ou agudo-arredondado as vezes com cerdas, com glândulas castanhas em ambas as faces, margem revoluta, ciliadas ou não, nervuras 3, visíveis até o ápice, geralmente inconspícuas ou as vezes a mediana impressa na face adaxial. Espiga 6-28 x 1-2 mm, terminal, ereta ou levemente curvadas; pedúnculo 4-10 mm, hirto, estriado; raque foveolada, pilosa, flores aglomeradas; bractéola arredondado-peltada, glabra, membranácea, glandulosa. Drupa 1-2 mm, imatura verde quando madura castanha, elíptica, glandulosa, estigma apical, pseudocúpula disposta na base. Chave para variedades de Peperomia tetraphylla 1. Folhas com lâmina glabra ................................... 9d- Peperomia tetraphylla var. valantoides 1’. Folhas com lâmina provida de tricomas 2. Caule com tricomas da base ao ápice de diferentes comprimentos 3. Folhas com lâmina 2-4mm de largura, com cílios nas margens e sem cerdas rígidas no ápice .......................................................................................... 9c- Peperomia tetraphylla var. tenera 3’. Folhas com lâmina 6-7mm de largura, com cílios na margem e cerdas rígidas no ápice ................................................................................. 9b- Peperomia tetraphylla var. piedadeana 2’. Caule com tricomas de mesmo comprimento da base ao ápice .................................................................................. 9a- Peperomia tetraphylla var. tetraphylla 69 9a- Peperomia tetraphylla (Forst.) Hook. var. tetraphylla Caule pilososo com tricomas, curtos e tomentosos do mesmo comprimento da base até o ápice. Folhas com tricomas curtos e tomentosos em ambas as faces e com cílios nas margens. Material examinado: BRASIL, MINAS GERAIS, Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, V.1970 (bt), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 16637); Idem, 11.V.1970 (bt), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 8523 tenho um fragmento de valantoides e outro de tetraphylla, UEC: 123.535); Idem, 20.IX.1970 (fl), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 9332); mata em frente a entrada do parque, 09.III.2004 (fl), R.C. Forzza et al. 3058 (RB); no início da trilha na Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 406 (RB); na Gruta do Maximiliano, 17.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 425 (RB); trilha prainha-Monjolinho, na mata, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 271 (RB); . 9b- Peperomia tetraphylla var. piedadeana (C.DC.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica (São Paulo) 3: 178. 1966. Peperomia reflexa var. piedadeana C. DC. Bull. Herb. Boissier II. 1: 359.1901 Tipo: Serra da Piedade, Minas Gerais, Brasil. (R!) Caule com tricomas esparsos, longos na base, curtos e curvos no ápice, folhas com lâmina 5-11 x 6-7 mm, glabras com cílios na margem e cerdas rígidas no ápice. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata das Bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 262 (RB). 9c- Peperomia tetraphylla var. tenera (Miq.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica (São Paulo) 3: 179. 1966. Peperomia reflexa var. tenera Miq., Arch. Neerl. 174. 1871. Tipo: Caldas, Minas Gerais, Brasil (S). 70 Caule com tricomas longos e lisos na base, curtos e tomentosos no ápice. Folhas com lâmina 4-8 x 2-4 mm, tricomas curtos e tomentosos e margem com cílios. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 417 (RB); trilha do camping para a rampa que vai para o Centro de visitantes do outro lado do muro, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 278 (RB); Idem, VI.1979 (bt), Pe. L. Krieger s.n. (CESJ: 16238); Gruta do Maximiliano, 02.XII.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 400 (RB); na mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr) E. von S. Medeiros et al. 415 (RB); 9d- Peperomia tetraphylla var. valantoides (Miq.) Yunck., Boletim do Instituto de Botânica (São Paulo) 3: 178-179. 1966. Peperomia valantoides Miq., Syst. Pip. 174. 1843. Tipo: Brasil, localidade desconhecida. (LE, Holótipo). Caule com tricomas da base ao ápice de diferentes comprimentos, esparsos, longos e lisos na base, curtos e curvos no ápice. Folhas glabras, lâmina 2-4 mm larg., desprovido de cerdas rígidas no ápice. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, 07.X.1987 (bt,fl) H.C. de Souza s.n et al. (RB:319360); Pico do Pião, 11.V.1970 (bt, fl), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6660 (RB); Pico do Pião, 11.V.1970 (fl), D. Sucre & Pe. L. Krieger 6681 (RB); Mata Grande, entrada pelo caminho que segue para Monjolinho, 28.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 258 (RB); Mata das Bromélias, subida para Lagoa Seca, 29.VI.2004 (bt), M. Carvalho-Silva et al. 262 (RB); mata das bromélias, subida para Lagoa Seca, 30.VI.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 318 (RB); trilha prainha-Monjolinho, entrada para a Mata Grande, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 265 (RB); na Mata Grande, 16.III.2005 (est.) E. von S. Medeiros et al. 416 (RB); próximo a Gruta dos Viajantes, 18.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 435 (RB); Pico do Peão, 28.IX.1970 (fl,fr), P.I.S. Braga 1879 (RB); mata da gruta do Martimiano, 29.VI.1991 (bt), F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 25342); 71 Distribuição geográfica e habitat No Brasil ocorre nos estados do Ceará, Pernambuco, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 1984a). Espécie característica de ambiente de sombra, com ampla dispersão pela floresta pluvial atlântica montana em áreas remanescentes, crescendo em tronco e ramos das árvores (Guimarães 1994a). Etimologia: do grego, tetra = quatro; phyllon = folha, nome dado à espécie por apresentar folhas 4 verticiladas. No PEI foi encontrada entre 1200 a 1722 metros de altitude e está representada por quatro variedades. Floresce em março, maio, junho, setembro a dezembro e frutifica em março e setembro. Trata-se de uma erva epífita, com ramos pêndulos ou patente que se desenvolve no interior da mata em local ciófilo ou de luz difusa, ambiente ombrófilo, muito abundante, sendo uma das espécies mais comuns do gênero, particularmente frequente nos troncos e ramos das árvores da floresta atlântica, apresenta caule esverdeado com a base podendo ser avermelhada ou castanha. Folhas suculentas com nervuras de coloração alvacenta, as espigas quando jovens são creme-esverdeadas e, quando maduras, verdes, flores esverdeadas e frutos castanhos. A infusão da planta é usada no tratamento de malária e febres por indígenas em banhos (Milliken, 1997) e também é considerada de valor ornamental. (Guimarães, 1994a). 72 Fig. 26: Peperomia tetraphylla - Fotos mostrando hábito e espigas eretas. 73 G D E F C B A Fig. 27: Peperomia tetraphylla - A) Hábito com detalhe dos tricomas no caule - var. tenera; B) Fruto; C) parte da espiga em fruto D) folha com tricomas por toda a lâmina - var. tetraphylla; E) Folha com detalhe dos tricomas - var. tenera; F) folha com detalhe das cerdas rígidas no ápice - var. piedadeana; G) Folha glabra com detalhe do ápice com cílios – var. valantoides; (A,B,C,E - E. von S. Medeiros 417; G - E. von S. Medeiros 318; F – M. Carvalho-Silva 262; D - E. von S. Medeiros 406 ) 74 8.2.6 – Descrição do gênero Piper L. Linnaeus, Species Plantarum 1:28-30. 1753. Arbustos, subarbustos ou arvoretas, 1-10 m de altura. Caule com ramos nodosos, profilo geralmente caduco. Folhas alternas, simples, inteiras, sésseis ou pecioladas; pecíolo provido de bainha curta, alongada ou canaliculada; padrão de nervação predominante camptódromo-acródromo ou broquidódromo, nervuras secundárias em número variável. Espigas ou racemos opostos às folhas, eretos, ou curvos, obtusos ou apiculadas; raque sulcada, lisa, papilosa ou fimbriada; bractéolas peltadas, sacado-galeadas, de margens glabras ou fimbriadas. Flores sésseis ou pediceladas, aperiantadas; estames 2-5; ovário súpero obovóide a ovóide, estilosos ou sésseis, estigmas 3-4. Drupas com pericarpo delgado, com estigma persistente. Na área em estudo foram encontradas 9 espécies. 8.2.7 - Chave para identificação das espécies de Piper 1- Flores pediceladas 2- Lâmina foliar com tricomas na nervura mediana da face abaxial ........... 13- P. miquelianum 2’- Lâmina foliar glabra em ambas as faces .............................................. 10- P. corcovadensis 1’- Flores sésseis 3- Folhas fortemente assimétricas, profundo-lobadas na base, diferindo um lado do outro de 1,4-6,1 cm na folha adulta; inflorescência pêndula, 17-22 cm compr. 4- Pecíolo tomentoso, bainha longo-canaliculada; margem com ala ciliada; lâmina foliar 4-10 cm larg. ................................................................................................15- P. pseudopothifolium 4’- Pecíolo glabro, bainha longo-canaliculada; margem com ala não ciliada, lâmina foliar 9-18 cm larg. ......................................................................................................16- P. richardiifolium 3’- Folhas levemente assimétricas, não profundo lobadas na base, diferindo um lado do outro 0,2-0,9 cm; inflorescência ereta ou curva, até 14 cm compr. 5- Folhas ovadas 6- Plantas glabras, fruto trigonal ...................................................................17- P. somlsianum 6’- Plantas pubescentes, fruto oblongo, oblongo-ovoide, oblongo-obovoide ..................................................................................................................... 18- P. tectoniifolium 75 5’- Folhas elípticas, obovado-lanceolada ou lanceoladas 7- Plantas pubescente, vilosas ou hirto-escabras, pecíolo com bainha basal 8- Plantas com tricomas sedosos ao tato, viloso na nervura principal na face abaxial ........................................................................................................................ 14- P. mollicomum 8’- Plantas com tricomas escabros ao tato, adpressos na nervura principal na face abaxial .............................................................................................................. 11- P. gaudichaudianum 7’- Plantas glabras, pecíolo com bainha canaliculada .................................. 12- P. lhotzkyanum 76 8.2.8 - Descrição dos táxons 10- Piper corcovadensis (Miq.) C. DC., Prodr. 16(1): 255.1869. Ottonia corcovadensis Miq., Linnaea 20: 175. 1847. (Figs. 28 e 29) Nome vulgar: Murici, jaguarandi, jaborandi, chá-bravo. Tipo: “In Summitate m. Corcovado, m. Febr., Pohl 4776” (U, lectótipo apud Callejas, 1986) Arbusto 1,5-2 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados; profilos 6-7 mm compr., hirtos, ovado-lanceolados, margem translúcido-glandulosa, ápice agudo, cuspidado, caducos. Folhas com pecíolo 5-6 mm compr., glabro, estriado, bainha basal 1,5-4 mm compr., papilosa internamente, margem subalada; lâmina 11,6-18 x 2,9-6,8 cm, lanceolada, elípticolanceolada, oblongo-lanceolada, membranácea, cartácea, glabra, discolor verde, com glândulas esparsas, base simétrica ou levemente assimétrica, cordada, ápice acuminado, cuspidado, margem revoluta de coloração mais clara que a lâmina; padrão de nervação broquidódromo, nervura primária, castanha, proeminente na face abaxial, levemente impressa na adaxial, nervuras secundárias 10-15 pares, alternas, ascendentes em relação à primária, dispostas até o ápice da lâmina, às vezes de tonalidade mais clara na adaxial, presença de nervuras intersecundárias, levemente proeminentes; nervuras terciárias axiais e laterais. Racemo 4-10 x 0,5-1 cm, ereto; pedúnculo 5-7 mm compr., esparso-hirto, estriado, glanduloso; raque hirto-pilosa, decurrente, estriada; bractéola 0,7-1 mm compr., sacadogaleada, glabra, papiloso-glandulosa, margem ondulada, pedicelo floral 3-4 mm compr., glabro, glanduloso; estames 4; ovário 1-2 x 1 mm, ovado, papiloso na base até a porção mediana com cicatrizes dos estames na base, estigmas 4, ovados, agudos, reflexos. Drupa 1,53 x 2-3,5 mm, oblongo-ovóide, tetragonal-sulcada, esverdeada quando jovem, verde escura quando madura, em material seco nigrescente, ápice agudo, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 19.XI.1986 (fl,fr), H.C. de Souza s.n. (RB: 316168); Idem, 12.I.1988 (fl), P.M. Andrade et al. 1095 (RB); Mata Grande, início da trilha antes do 1º córrego, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 272 (RB); Mata Grande, 29.VI.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 298 (RB). 77 Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO, Mun. Ubatuba, Picinguaba, 03.XII.1988 (fr), F.C.P. Garcia et al. 215 (RB); Mun. Itu, 10.X.1977 (fl), C.T. Rizzini & A. Mattos 934 (RB). Distribuição geográfica No Brasil ocorre nos estados do Ceará, Paraíba, Pernambuco, Goiás, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães et al. 1978). Etimologia: Nome dado devido à localidade do Tipo, cujo material foi coletado no Corcovado, Rio de Janeiro, RJ. Esta espécie foi encontrada no PEI em altitudes que variam de 1200 a 1500m. s.n.m., em floresta ombrófila alto montana e floresta de galeria. Coletada florescendo de outubro a janeiro e frutificando de março, junho, novembro e dezembro. É caracterizada por ser um arbusto semi-ciófilo de caule e profilos verdes, folhas discolores verdes, cartáceas com nervuras impressas na face adaxial e proeminentes na abaxial, espiga com flores brancas, frutos jovens verdes e maduros negros. Ocorre no interior das matas primárias, densas e úmidas onde é bastante freqüente e ainda nas capoeiras, orlas de mata e margens dos caminhos que atravessam as matas (Guimarães et al. 1978). Habita mata atlântica de encosta, em altitudes entre 400-1500m. s.n.m. e ocorrendo em populações isoladas em Goiás (Callejas 1986). Suas folhas são usadas son forma de decocção contra febre, tosse e meteorismo http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm). 78 A B Fig. 2 8: Piper corcovadensis - A) d etalh e d o race mo; B) Hábit o. 79 B G F A C D E Fig. 2 9: Piper corcovadensis - A ) P arte do h ábi to; B) F olh a mo stran do p ad rão d e n ervação ; C) P ecío lo, detalhe da b ainh a; D ) Profi lo; E) Bractéola; F) Fru to i maturo ; G) Fru to m ad uro (E. von S . M edeiros 40 8). 80 11- Piper gaudichaudianum Kunth, Linnaea 13: 638-639. 1839. (Figs. 30 e 31) Nome vulgar: Paripaioba, murta. Tipo: “Crescit in Brasília. Prope Corcovado, 1835, Gaudichaud 1116 et Luschnat” (P, holótipo; foto F!). Arbusto, 2,5–3 m de altura. Caule com ramos pilosos, tricomas adpressos, estrigosos; profilos 2-8 mm compr., hirtos, lanceolados, margem coriácea, lanceolado, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 4-8 mm compr., tricomas curtos, adpressos; bainha basal 1-1,2 mm compr., glandulosa internamente; lâmina 10,5-16 x 3,1–5,1 cm, obovado-lanceolada, lanceolada, raro ovado-elíptica, membranácea, hirto-escabra em ambas as faces, discolor com glândulas translúcidas, base assimétrica, não profundo lobada, aguda, um lado diferindo do outro 4–6 mm, ápice agudo, acuminado, margem plana; padrão de nervação camptódromoacródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no ápice, nervura primária castanha, proeminente na face abaxial, tricomas adpressos, canaliculada na face abaxial, nervuras secundárias 4-6 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, dispostas até a porção mediana da lâmina, proeminentes, tricomas adpressos na face adaxial; presença de nervuras intersecundárias, nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga 5,3–7 x 0,3–0,35 cm, alvo-esverdeada, curvada; com flores aglomeradas; pedúnculo 0,8–1 cm compr., pubescente; raque glabra, estriada; bractéola 2–3 mm compr., peltada, suborbicular, fimbriada com tricomas mais longos na margem inferior e curtos na superior; pedicelo esparso piloso, estames 4; ovário 0,5 x 0,4 mm, glabro, estigmas 3, filiformes, agudos, sésseis. Drupa 1-4 x 1-3 mm, oblongo-ovóide, achatada lateralmente, verde quando jovem, negro quando maduro, glandulosa, ápice côncavo-arredondado glabro a papiloso, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, 05.IX.1995 (bt), Marco Aurélio L. Fontes 90 (ESAL); Mata Grande próximo ao córrego, 08.X.1987 (fl), H.C. de Souza s.n (RB: 316135). Material adicional: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Lagoa Santa, XII.1864, Warming s.n. (C, holótipo de P. obscurum C.DC; foto F!); Mun. Baependi, Toca dos Urubus, 01.XI.2003 (fl), F.M. Ferreira 478 et al. (RB); Mun. Camanducaia, Monte Verde, 19.X.2002 (fl,fr), L.D. Meireles et al. 1180 (RB). 81 Distribuição geográfica e habitat Espécie com distribuição ampla, ocorrendo com freqüência na mata atlântica, desde o nordeste até o sul do Brasil, estendendo-se até a Argentina e Paraguai. No Brasil ocorre nos estados de Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina (Guimarães 1994a; Guimarães & Valente 2001). Freqüente na floresta pluvial atlântica montana em locais sombrios, bordas de mata, suportando locais ensolarados e solos pobres. Sua ocorrência esta ainda associada às clareiras das florestas, bordas de mata, tornando-se uma pioneira antrópica muito comum em Santa Catarina. A rusticidade desta espécie permite que se desenvolva em frestas de rochas, rachaduras de paredes e sobre ruínas desde que o local apresente relativa umidade, tornando-a potencial para projetos de restauração ambiental, propiciando cobertura arbustiva em solos pobres (Guimarães & Valente 2001). É bastante freqüente no Rio de Janeiro e ocorre tanto em restingas quanto em matas de encosta úmida ou matas secundárias em altitudes que variam de 100-820m s.m. (Falcão et al. 1977). Etimologia: Nome dado em homenagem a Charles Gaudichaud-Beaupré (1789-1854) naturalista francês e circunavegador do mundo, como “pharmacien em chef de la Marine”. Esta espécie no PEI foi encontrada em floresta ombrófila alto montana e em floresta de galeria, sempre próximo a córregos em altitude de 1450m.s.n.m. Encontrada florescendo em setembro a novembro e frutificando em outubro. Trata-se de um arbusto, semi-heliófilo com caule esverdeado, folhas discolores verdes, nervuras visíveis e inflorescência esverdeada, frutos imaturos verdes e maduros negros. Caracterizada pelo pedúnculo relativamente longo, delgado, inflorescência curvada, lâmina geralmente com pilosidade adpressa nas nervuras da face abaxial. A fruto é procurado pelos morcegos que as dispersam, sobretudo em áreas abertas. (Guimarães & Valente 2001), beija-flores também são dispersores desta espécie (Dyer 2004). Tudo indica que suas sementes sejam fotoblásticas positivas necessitando de ambiente aberto para que ocorra sua germinação (Guimarães & Valente 2001). Estudos fitoquímicos demonstraram que esta espécie possui Sitosterol e Estigmasterol, produto com atividade antiinflamatória e analgésica. (Santos et al.2001). É usada para dor de 82 dente e em florais, fornece a energia da flexibilidade, da ação e da criatividade (www.florais.com.br/si/site/1107). A B Fig. 30: Piper gaudichaudianum – A) Ramo com espigas; B) Detalhe da espiga.. 83 Fig 31 B C A E F D Fig. 31: Piper gaudichaudianum - A) Parte do hábito; B) Pecíolo com bainha; C) Profilo; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. (A,B,C,D,E - H.C. de Souza RB:316135; F - G. Martinelli 3281). 84 12- Piper lhotzkyanum Kunth, Linnaea 13: 657. 1839. (Figs. 32 e 33) Nome vulgar: Aperta-mão, pimenteira, beque-cheiroso. Tipo: “Brasília crescit prope Rio de Janeiro, s.d, Lhotzky s.n.(B, holótipo, foto F!).” Arbusto 1-1,7 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados, lenticelados, glandulosos; profilos 0,4-4 cm compr., lanceolados, glandulosos, na margem ciliados ou esparso-ciliados, ápice bipartido ou bífido, caducos. Folhas com pecíolo 0,5-1,8 cm compr., glabro, estriado, bainha canaliculada até a base da lâmina, 0,8-1,5 mm compr., glandulosa internamente, margem alada quando jovem, ala membranácea com glândulas traslúcidas; quando adulta, ala caduca e margem espesso-coriácea; lâmina 9,7-17,5 x 2,9–6,7 cm, ovadolanceolada ou lanceolada, membranácea, cartácea, glabra, discolor verde, brilhante em ambas as faces, com glândulas traslúcidas, base aguda, assimétrica, não profundo lobada, diferindo um lado do outro 2–4 mm; ápice agudo, acuminado a levemente cuspidado; margem revoluta; padrão de nervação campto-acródromo, com tendência a camptódromo na base e acródromo no ápice, nervura primária castanha, proeminente na face abaxial, plana a levemente sulcada na face adaxial, nervuras secundárias 3-4 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, dispostas até a porção mediana da lâmina, proeminentes na face abaxial, planas ou levemente proeminentes na adaxial, presença de nervuras intersecundárias, levemente proeminentes, nervuras terceárias axiais e laterais. Espiga 2,5-5,3 x 0,3–0,35cm, levemente curvada; flores aglomeradas; pedúnculo 0,8–1 cm compr., glabro ou piloso, estriado; raque glabra; bractéola 2,5–3,5 mm compr., triangular-peltada ou suborbicular-peltada, na margem fimbriada, com tricomas de diferentes tamanhos, pedicelo piloso; estames 4; ovário 1,2-1,5 x 1,5-1,7 mm, glabro, estigmas 3, lineares, papilosos, reflexos, sésseis. Drupa 1-4 x 1-3 mm, oblongoovóide, achatada lateralmente, verde , ápice agudo, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, na beira do muro próximo a área de manutenção do Parque, 30.VI.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 314 (RB); na entrada da Gruta das Bromélias, 30.XI.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 351 (RB); no caminho entre o camping e a rampa para o centro de visitantes, próximo ao muro, 01.XII.2004 (bt), E. von S. Medeiros 389 et al. (RB). 85 Material adicional: BRASIL, MINAS GERAIS, Mun. Ouro Preto, morro de São Sebastião, Damazio 1711, abril s.ano (G, holótipo de P. damazioi; foto F!); Mun. Lagoa Santa, 27.VII.1864 C, holótipo de P. inversum C. DC.; foto F!). Distribuição geográfica e habitat No Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. (Guimarães 1994a; Guimarães & Valente 2001) Freqüente na floresta pluvial atlântica montana, ocorre geralmente no interior da mata ou em suas margens, ocupando terrenos argilosos e brejosos, ou ainda locais montanhosos (Guimarães et al. 1992) às vezes ocorrendo em restingas e áreas degradas (Guimarães 1994a). No estado de Santa Catarina caracteriza-se como rara, tendo sido registrada apenas por uma coleta de Glaziou em 1869, como também é rara no Rio de Janeiro (Falcão et al. 1977). Espécie com referência para locais de altitudes acima de 1000m s.m. Etimologia: O táxon foi denominado em homenagem a Johann Lhotsky, naturalista e coletor austro-húngaro, nascido em 1800 e falecido em 1860. Coletou plantas na Austrália, Inglaterra; no Brasil, esteve de 1830 a 1832 onde coletou o material Tipo. No PEI foi encontrada na orla da mata e na entrada de grutas em altitudes que variam de 1400 a 1460m.s.m. Floresce de junho a agosto. Espécie peculiar pelo brilho das folhas glabras sedosas ao tato e inflorescências eretas robustas que exalam odor quando cortadas. Trata-se de um arbusto semi-heliófilo com caule verde, glabro provido de lenticelas com profilo verde, agudo, folhas discolores verdes, brilhantes, membranáceas ou papiráceas com pecíolo caracterizado pela bainha canaliculada até a base da lâmina, que na fase jovem apresenta ala membranácea e na adulta a perde, ficando suas margens espessas e coriáceas. As espigas com flores alvo-esverdeadas quando maceradas ou mastigadas, propiciam forte aroma, sensação de ardor e analgesia. Análises farmacoquímicas revelaram grande concentração de tanino, saponinas osídios redutores e não redutores, alcalóides e bases orgânicas e menor concentração de esteróis. Os ensaios biológicos revelaram discreta ação hemolítica e antibacteriana (Guimarães et al. 1992). Análises fitoquímicas demonstram a presença de monoterpenos como os constituintes majoritários do óleo essencial desta espécie e 86 C-glucosilflavonas (http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/ resumos/0333). A folha é usada em infusão contra reumatismo (http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm ) A B Fig. 32: Piper lhotzkyanum - A) Hábito; B) Detalhe do ramo com espiga. 87 A E C F D B Fig. 33: Piper lhotzkyanum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação e detalhe do ápice com apículo; C) Pecíolo com bainha; D) Profilo; E) Bractéola; F) Gineceu. (E. von S. Medeiros 314). 88 13- Piper miquelianum C. DC., Prodr. 16(1): 254-255. 1869. (Figs. 34 e 35) Nome vulgar: Jaguarandi, jaborandi, jaborandi-do-mato, taburutá. Tipo: Brazil sem localidade específica e sem data, Martius s.n. (M). Arbusto 1-2 m de altura. Caule com ramos glabros a esparso-hirtos, estriados; profilos 4-7 mm compr., glabros, papilosos, lanceolados, margem lisa, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 4-7 mm compr., esparso-hirto a glabrescente, estriado; bainha basal, 0,5-1 mm compr., glandulosa internamente, margem subulada; lâmina 9-14,5 x 3-4,5 cm, lanceolada, elíptico-lanceolada, oblongo-lanceolada, membranácea, papirácea, glabra na face adaxial, esparso-hirta na nervura mediana abaxial, base levemente assimétrica, lobulada, parcialmente cobrindo o pecíolo, ápice agudo, acuminado, às vezes constricto, margem plana a revoluta, creme-amarelada; padrão de nervação broquidódromo, nervura primária castanho-clara, proeminente, pilosa na face abaxial, levemente impressa na adaxial, nervuras secundárias 1014 pares, alternas e ascendentes em relação à primária, dispostas até o ápice da lâmina, proeminentes na face abaxial, presença de nervuras intersecundárias, nervuras terciárias axiais e laterais. Racemo 4,8-8 x 0,5-1,2 cm, ereto; pedúnculo 5-9 mm, esparso-hirto, estriado; raque hirtela, estriada; bractéola 0,5-0,7 mm compr., sacado-galeada, levemente hirta ou glabra, decurrente na raque; pedicelo floral 2,5-3,5 mm compr., glabro, glanduloso; estames 4; ovário 1-1,5 mm compr., ovado a ovado-anguloso, com cicatrizes dos estames na base, estigmas 4, ovados, agudos, reflexos. Drupa 2-3 x 1-1,6 mm, oblongo-ovóide, tetragonal sulcada, esverdeada quando jovem, verde escura quando madura, ápice agudo, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Mata Grande, 10.III.2004 (fr), R.C. Forzza et al. 3126 (RB) Material adicional: BRASIL. SÃO PAULO, Mun. São Paulo, Parque Municipal Alfredo Volpi, 30.XII.1994 (fr), S. Aragaki 605 (RB). Distribuição geográfica Ocorre no Paraguai e no Brasil nos estados da Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 1978). Cresce em matas sombrias. 89 Etimologia: De Candolle ao nomear esta espécie faz uma homenagem a Friedrich Anton Wilhelm Miquel (1811-1871) naturalista alemão, grande estudioso da família Piperaceae. No PEI foi encontrada no interior da mata a 1400 m de altitude. Frutifica em março e dezembro. Trata-se de um arbusto de 1m de altura, semi-ciófilo com caule esverdeado, folhas discolores verdes, nervuras bem evidentes e inflorescência ereta, racemosa, com folhas de venação amplamente pinada. É muito parecida com Piper corcovadensis C.DC. da qual se diferencia porque P. miquelianum apresenta pilosidade na nervura principal da face abaxial. Habita interiores de matas sombrias, matas paludosas, matas de planície e de encosta da floresta ombrófila densa. Floresce e frutifica o ano inteiro, mas com pico de setembro a fevereiro (Callejas 1986). É citada pela primeira vez para o estado de Minas Gerais. Suas folhas são usadas em decocção contra tosse e meteorismo http://www.brasilianplants.com/br/search.cfm). Fig. 34: Piper miquelianum - Detalhe do racemo. 90 B A D C E F Fig. 35: Piper miquelianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Profilo e detalhe da bainha; D) Bractéola; E) Fruto imaturo; F) Fruto maduro (R.C. Forzza 3126). 91 14- Piper mollicomum Kunth, Linnaea 13:648, 1839. (Figs. 36 e 37) Nome vulgar: pariparoba, jaborandi-manso. Tipo: “Crescit in Brasília, prope Rio de Janeiro, interque Campos et Vitoria, 1815, legit Gaudichaud, Sellow. (B, holótipo; Foto B! nº 122, Yuncker 1972; foto F!)” Arbusto 1,5-2 m de altura. Caule com ramos tomentosos, pubescentes ou vilosos, cilídricos, sulcados; profilos 3-6 mm compr., vilosos, lanceolados, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 1-2 cm compr., viloso, tricoma 0,5 mm compr., estriado; bainha basal 22,5 mm compr., nítido-glandulosa internamente, margem ciliada, levemente reflexa; lâmina 12-15,5 x 4,5-7,3 cm, lanceolada-elíptica, ovado-elíptica, membranácea, escabra na face adaxial, vilosa ou tomentosa na face abaxial, discolor verde com glândulas translúcidas, base assimétrica, não profundo lobada, obtuso-cordada, um lado diferindo do outro 4–9 mm, ápice agudo, acuminado, margem plana, espessa, cerdosa; padrão de nervação camptódromoacródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no ápice, nervura primária castanha, proeminente na face abaxial, levemente impressa na adaxial, nervuras secundárias 56 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, translúcidas, proeminentes na face abaxial, de coloração mais claras na adaxial, nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga 8-10 x 0,4-0,5 cm, curva; flores aglomeradas; pedúnculo 0,5-1,5 cm compr., hirsuto; raque glabra estriada, glandulosa; bractéola 0,8-0,9 mm compr., peltada, subtriangular, franjadas na margem; pedicelo piloso; estames 4; ovário glabro, glanduloso, estigmas 3, sésseis. Drupa 0,9-1,1 x 1-1,1 mm, oblongo-obovóide, glandulosa, lateralmente comprimidas, ápice truncado, glabro ou puberulento, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, estrada após o centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 385 (RB). Material adicional: BRASIL. MINAS GERAIS, Mun. Rio Preto, Serra da Caveira D’Anta, Fazenda da Tiririca, 23.II.2004 (fl), K. Antunes et al. 28 (RB). 92 Distribuição geográfica e habitat Ocorre no Panamá, Cuba, Colômbia, Venezuela, Paraguai e no Brasil nos estados de Mato Grosso, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Valente et al. 1999; Guimarães & Valente 2001). Cresce na floresta ombrófila densa e vegetação com influência marinha (Valente et al. 1999). Habita a margem de trilhas, próxima a córregos e terrenos florestais inclinados de ambiente parcialmente sombreado e perturbados (Tebbs 1993b). Etimologia: do latim mollis, e = flácido, mole; coma, ae = cabeleira. Em alusão à pilosidade macia da face abaxial das folhas. Espécie encontrada no PEI na orla da mata em altitudes que variam de 1250 a 1400m. s.m. ocore tanto em locais ensolarados quanto sombrios. Foi encontrada florescendo de setembro a dezembro e frutificando de janeiro a maio. Este arbusto semi-heliófilo com caule verde, piloso, profilo verde, agudo, folhas discolores verdes, pilosas em ambas as faces e nervuras salientes na face abaxial. É facilmente identificada por apresentar suas folhas com pilosidade densa, sedosa ao tato, além disso suas espigas geralmente são curvas. A literatura informa que um dos seus dispersores é o beija-flor (Dyer, 2004). Espécie próxima a Piper aduncum L. dela diferindo por apresentar folhas macias na face abaxial, menos brilhantes, buladas quando velhas e por ter ainda porte mais arbustivo, enquanto aquele é geralmente uma arvoreta. Análises demonstraram que as folhas desta planta contém óleos essenciais onde se registrou: a-pinene, b-pinene, limonene, trans-caryophyllene, a-humulene, b-selinene, biciclogermacrene e benzyl octanoate. Estes compostos demonstraram moderada ação antibacteriana (Santos et al. 2001). Os frutos são considerados excitantes e estomáquicos e muito usados nas gonorréias; a raiz é empregada em cozimento com resolutivo e em mastigatórios, como odontálgico (Pio Correa 1984.) e também a raiz em decocção é usada contra doenças hepáticas, constipação e doenças esplênicas http://www.brasilian- plants.com/br/search.cfm). 93 A B Fig. 3: Piper m ollicom um - A ) H ábito; B) D et alhe d a espiga 94 C D A E F B F ig. 3 7: Piper mollicomum - A ) Parte do hábito ; B) Fo lh a m o stran d o p ad rão d e n ervação e d etalh e do s tri co m as; C) Pecío lo, d etalhe d a bain h a; D) Pro filo ; E) b ractéol a e estam es; F ) G in eceu e estame. (E. vo n S . M edeiro s 3 8 5) 95 15- Piper pseudopothifolium C. DC., Prodr. 16(1): 289. 1869. (Figs. 38 e 39) Nome vulgar: Jaborandi Tipo: Brazil, Riedel 513 (LE - Holótipo) Arbusto 1,8–2,5 m de altura. Caule com ramos tomentosos a glabrescentes, estriados, tricomas 0,5-1,5 mm compr., multicelulares, às vezes dispostos linearmente; profilos 1-1,2 cm compr., tomentoso na margem, membranáceos, lanceolados, agudos, caducos. Folhas com pecíolo 3-4,5 cm compr., tomentoso; bainha longo-canaliculada, 3,5-6,2cm compr., margem com ala ciliada percorrendo toda a extensão do pecíolo; lâmina 18-25 x 4–10cm, ovada, ovado-lanceolada, ovado-elíptica, cartácea a membranácea, glabra em ambas as face exceto pelos tricomas nas nervuras da face abaxial, discolor verde, glandulosa, base assimétrica, profundo cordado ou cordado-auriculada, um lado diferindo do outro 1,4-2,5 cm, ápice agudo, margem plana, levemente revoluta de coloração amarelo-castanha; padrão de nervação camptódromo-broquidódromo com tendência camptódroma na base e broquidódromo no ápice; nervura primária castanha, proeminentes em ambas as faces, nervuras 6-8 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, dispostas até o ápice, descendentes nos lobos, proeminentes na face abaxial; nervuras intersecundárias presentes, nervuras terciárias, axiais e laterais. Espiga jovem 12-13,6 x 0,2-0,25 cm, quando adulta 17–22 x 0,35–0,5 cm, esverdeada, pêndula; flores aglomeradas; pedúnculo 1,1–1,4 cm compr., esparso-viloso; raque glabra; bractéola 0,25–0,35 cm compr., subpeltada, franjada com tricomas curtos na margem e na parte interna; estames 4, anteras triangulares; ovário ca. 1mm compr., oblongo, piloso, estigmas 3, filiformes, agudos, eretos ou reflexos, sésseis. Drupa 0,1-0,4 x 0,1-0,3 cm, oblonga, lateralmente comprimida, castanho-esverdeada, ápice côncavo, truncado, denso pubescente, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Nascente do Pirapitinga a beira do riacho, 11.X.1989 (fl), L. Krieger & M. Brügger s.n. (CESJ: 24252); Parque Estadual do Ibitipoca, trilha do camping para a rampa que vai para o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do córrego, 30.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 283 (RB); Mata Grande, 16.III.2005 (fl,fr), E. von S. Medeiros et al. 413 (RB); 96 Distribuição geográfica e habitat No Brasil ocorre nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo. (Guimarães, inedito.). Cresce na floresta pluvial atlântica, sendo própria de local úmido, próxima a rios (Guimarães 1994a). Etimologia: Do grego, pseudo = falso; Pothos= gênero de Araceae; do latim folium, i, = folha. Esta espécie foi denominada por Kunth possivelmente devido à semelhança da folha com o gênero Pothos L. da família Araceae. Esta espécie foi encontrada no PEI em 1377m de altitude nas margens de riachos. Floresce em outubro e março e frutifica em março. Trata-se de um arbusto semi-ciófilo com caule esverdeado, folhas discolores verdes, cartáceas, nervação muito evidente, face abaxial com nervura pilosa e espiga pêndula. O porte arbustivo, as folhas bem desenvolvidas e as espigas pêndulas dão a esta espécie um potencial ornamental para uso no paisagismo. Fig. 38: Piper pseudopothifolium – exsicata mostrando um ramo com espiga. 97 B E A C F D Fig. 39: Piper pseudopothifolium - A) Parte do hábito, mostrando padrão de nervação; B) Profilo; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Parte da espiga em flor; E) Bractéola; F) Fruto. (C.M.B. Correia 136) 98 16- Piper richardiifolium Kunth, Linnaea 13: 668. 1839 (Figs. 40 e 41) Nome vulgar: Pau-de-junta-do-grado, pau-de-junta. Tipo: “Crescit in Brasília meridionali, Sellow” (B, holótipo; R!, isótipo; foto nº 50, K! isótipo, Yuncker 1972.) Arbusto a arvoretas 2,5–3 m de altura. Caule com ramos glabros, estriados, lenticelados; profilos 5-6 mm compr., membranáceos, ovados, agudos, planos, ciliados na margem, envolvido pela bainha. Folhas com pecíolo 5-11 x 0,45-0,8 cm, glabro; bainha longo-canaliculada, 5 x 10,5 cm, estriado-glandulosa internamente, margem com ala percorrendo quase toda a extensão do pecíolo; lâmina 21–39 x 9,1–18 cm, ovada, ovadoelíptica, papirácea, membranácea, glabra em ambas as faces ou com tricomas esparsos nas nervuras da face abaxial, discolor verde com glândulas translúcidas, base assimétrica, profundo cordado-auriculada, na folha jovem um lado diferindo do outro de 0,6–1 cm, na adulta 2–6,1 cm, reentrância aberta ou fechada; ápice agudo levemente acuminado, margem revoluta de coloração amarelo-clara; padrão de nervação camptódromo-broquidódromo, com tendência camptódromo na base e broquidódromo no ápice; nervura primária castanha proeminente na face abaxial, levemente proeminente na adaxial; nervuras secundárias 6-8 pares, alternas, ascendentes em relação à primária, dispostas até o ápice, descendentes nos lobos, proeminentes na face abaxial; nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga jovem 4,5– 5,3 x 0,15–0,25 cm, rósea, quando adulta 17,6-18,5 x 0,5-0.6 cm, castanho-esverdeada, pêndula; flores aglomeradas; pedúnculo 0,8-2,5cm compr., glabro; raque glabra, glandulosa; bractéola 0,25-0,35 mm, triangular-subpeltada, ápice inflexo, franjado; estames 4; ovário 11,1 x 1-1,1 mm, ovado, piloso, estigma 3, filiformes, agudos, reflexos, sésseis. Drupa 1,8-2 x 1,5-2 mm, oblonga, lateralmente comprimida, esverdeada, ápice truncado, denso pubescente, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, Lagoa Seca, 23.III.1988 (fl), P.M. Andrade & M.A. Drumond 1132 (RB); a beira do riacho, 20.VI.1991 (fl), F.R. Salimena-Pires s.n. et al. (CESJ: 25397); próximo a Cachoeira das Andorinhas, 05.VII.1993 (fl), R.C. Oliveira 188 (CESJ); Parque Estadual do Ibitipoca, 06.IX.1995 (est.), Marco Aurélio L. Fontes 103 (ESAL); trilha do camping para a rampa para o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do 99 córrego, 30.III.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 281 (RB); trilha do camping para a rampa para o centro de visitantes, do outro lado do muro, na margem do córrego, 30.III.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 282 (RB); na beira do córrego após o muro perto da área de manutenção do Parque, 30.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 316 (RB); na gruta dos Viajantes, 31.VIII.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 330 (RB); Gruta dos Três Arcos, 01.IX.2004 (bt,fl) E. von S. Medeiros et al. 270 (RB); Gruta dos Moreira, 01.IX.2004 (est.) E. von S. Medeiros et al. 331 (RB); dentro da Gruta dos Três Arcos, 30.XI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 369 (RB); na entrada da Gruta das Bromélias, 30.XI.2004 (est.), E. von S. Medeiros et al. 349 (RB); estrada após o centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (bt,fl), E. von S. Medeiros et al. 386 (RB); no córrego da mata pequena, próximo ao centro de visitantes, 02.XII.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 399 (RB); Mata pequena, na beira do córrego próximo ao centro de visitantes, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 424 (RB). Distribuição geográfica e habitat Ocorre no sudeste e sul do Brasil nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina (Guimarães & Valente 2001). Esta espécie habita floresta ombrófila densa, montana e submontana e também em floresta pluvial ripária (Guimarães 1994a). Etimologia: Richardiifolium, nome provavelmente dado em homenagem ao médico e botânico, inglês, Richard Richardson (1663-1741). No PEI é encontrada na entrada de grutas e na beira de córregos em altitudes que variam de 1350 a 1670m.s.m. Encontrada florescendo em março, junho a dezembro e frutificando em março. Espécie semelhante a P. cernuum Vell. da qual difere pelo tamanho das folhas, que em P. cernuum é bem maior e também pela presença de tricomas no pecíolo. Este arbusto ou arvoreta pode chegar a 7 m de altura, sendo semi-ciófilo ou ocorrendo em local totalmente sombreado, com caule verde-acastanhado com lenticelas e entrenós bem desenvolvidos. As folhas apresentam pecíolo de bainhas aladas com traços vinosos, lâmina membranácea, quando jovem simétrica com a face adaxial verde-escura brilhante e face abaxial rosada, quando adulta são assimétricas discolores, verdes, nervuras evidentes, na face adaxial, impressas e de coloração verde mais clara e na face abaxial, saliente, vinosa e espigas 100 pêndulas, quando jovens em flor de cor rósea, e desenvolvidas verde-acastanhado. Quando maceradas possuem odor agradável. Devido as suas folhas grandes, brilhantes e vistosas e ao seu porte arbustivo ou arbóreo é uma planta que se cultivada em conjunto será útil para o paisagismo, especialmente, por apresentar folhas de tonalidades variadas em determinados momentos de seu desenvolvimento, como também se torna atraente pelas espigas longas e pêndulas. B A C Fig. 40: Piper richardiifolium – A) Hábito; B) Folhas jovem rosada e mais madura verde com espiga imatura rosa; C) Detalhe da espiga jovem. 101 B C A D E Fig. 41: Piper richardiifolium - A) Parte do hábito e detalhe do padrão de nervação e tricomas; B) Pecíolo, detalhe da bainha; C) Parte da espiga em fruto; D) Bractéola e gineceu; E) Fruto. (C,D,E - E. von S. Medeiros 413; A,B - E. von S. Medeiros 386) 102 17- Piper solmsianum C. DC., Prodr. 16(1): 291-292. 1869. (Figs. 42 e 43) Nome vulgar: Caapeba, pariparoba. Tipo: Brasil, XI.1832, Riedel 1171. Arbusto 1-2,7 m altura. Caule com ramos glabros, estriados; profilos 0,9-2,5 cm compr., glabro, membranáceo, lanceolados, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 1,5-4,5 cm compr., glabro; bainha alargada na base, constituindo um canal, 1,5-2,3 cm compr., margem com ala caduca, quando presente a ala é membranéceo-hialina, percorrendo quase toda a extensão do pecíolo; lâmina 5,7-19,4 x 3,5-14,9 cm, ovada, membranácea, glabra em ambas as faces com glândulas translúcidas, base simétrica truncada, obtusa, cordada decurrente em direção ao pecíolo, ápice agudo, acuminado, margem revoluta; padrão de nervação camptódromo-acródromo, com tendência camptódromo na base e acródromo no ápice, nervuras primária castanho-amarelada, proeminente na face abaxial, subimpressa a plana na face adaxial, nervuras secundárias 5-7 pares, alternas, ascendentes em relação a primária, proeminentes na face abaxial, aplanada na face adaxial, dispostas e atenuadas em direção ao ápice; nervuras intersecundárias presentes, nervura terciárias laterais e axiais. Espiga 3,1-8,4 x 0,2-0,3 cm, na frutificação atingem 0,6 cm de diâm., alvo-esverdeada, ereta; flores aglomeradas; pedúnculo 0,7-1,2 cm compr., glabro, subestriado; raque glabra, estriada; bractéola convexo-arredondada, peltada-concrescida, glabra com pedicelo piloso; estames 4, anteras oblongas com filetes 1-1,5 mm compr., castanhos; ovário 1,8-2 mm compr., ovado, ovado-elíptico, glabro, estigmas 3, filiformes, reflexos, sésseis. Drupa obpiramidal, trigonal, glabra, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte, Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, na entrada da Gruta dos Moreiras, 30.XI.2004 (est.), E. von S. Medeiros et al. 368 (RB); caminho da trilha interditada para o Peão, 31.VIII.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 333 (RB); Gruta do Moreira, 01.IX.2004 (bt,fl), E. von S. Medeiros et al. 346 (RB); na entrada da Gruta dos Moreira, 30.XI.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 367 (RB). 103 Distribuição geográfica Ocorre no sudeste e sul do Brasil nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (Guimarães 2001). Etimologia: o epíteto foi dado provavelmente em homenagem a Hermann Maximilian Carl Ludwig Frederich zu Solms-Laubach (1842-1915), estudioso da botânica em geral. No PEI foi encontrada na mata próximo as entradas de grutas em altitude de 1670m s.m. Floresce de setembro a novembro. Trata-se de um arbusto, semi-heliófilo com caule verde ou acastanhado e nós verdevinosos tendo os profilos reduzidos e verdes. As folhas com pecíolo alado, canaliculado tem a coloração verde-vinosa e apresentam a lâmina discolor, membranácea com nervuras abaxiais verde-vinosas. As espigas quando imaturas são verdes e castanhas em fase adulta. Espécie freqüente na mata com luz difusa, em planícies alagadiças, semi-paludosas ou brejos, não raro ocorrendo em capoeiras ou matas de encostas e restingas. A infusão de suas folhas são diuréticas e contra doenças respiratórias (http://www.brasilian-plants.com/br/search.cfm). Observações de campo, permitiram avaliar este táxon como uma planta, que poderia ser introduzida como ornamental, especialmente porque dispõe de porte arbustivo com copa arredondada, folhas vistosas, ovadas, com base cordada ou truncada. A B Fig. 42: Piper solmsianum – A e B) detalhe da espiga 104 E F H A B D G C Fig. 43: Piper solmsianum - A) Parte do hábito; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) parte da espiga em flor; F) Bractéola; G) Gineceu; H) Fruto. (A,B,C,D,E,F,G - E. von S. Medeiros 333; H- w. Boone 493) 105 18- Piper tectoniifolium Kunth, Linnaea 13: 661.1839. (Figs. 44 e 45) Tipo: “Crescit in Brasília meridionali, Serra de São Rinaldo, s.d., Sellow 1193-117 (B, holótipo; foto F!). Arbusto ou arvoreta 1,8–2,5 m de altura. Caule com ramos pubescentes, estriados; profílos 1–3,5 x 0,15–0,35 cm, eretos, pubescentes, ápice agudo, caducos. Folhas com pecíolo 1,5–2,85 x 0,2 cm, pubescente; bainha basal, 6-6,5 mm, glandulosa internamente, margem espessada; lâmina 12,4–21,3 x 7,8–14,3 cm, ovada, membranáceas, cartácea, pubescente em ambas as faces, discolor verde, glândulas translúcidas, base assimétrica, não profundo lobada, um lado diferindo do outro em 0,3-0,7 cm, aguda, curto-decurrente; ápice agudo-acuminado, margem plana, ciliada; padrão de nervação acródromo-broquidódromo, acródroma na base com tendência broquidódroma acima; nervura prímaria, castanha, proeminente na face abaxial, levemente impressa na adaxial; nervuras secundárias 5–6 pares conspícuas, acima da porção mediana inconspícuas, alternas, ascendentes em relação a primária, proeminente na face abaxial; presença de nervuras intersecundárias levemente proeminentes, nervuras terciárias axiais e laterais. Espiga 8,3–14 x 0,45–0,65 cm, ereta, quando jovem cremeesverdeada, quando adulta castanha; flores aglomeradas; pedúnculo 1,7–2,8 cm compr., glabro a esparso pubescente, substriado; raque esparso pilosa, nítido-glandulosa; bractéola arredondada ou triangular-peltada, fimbriada, glandulosa; estames 4, anteras triangulares; ovário oblongo 1-1,5 x 1-1,2 mm, glanduloso, estigmas 3, arredondados, sésseis. Drupa 0,170,2 cm, oblonga, lateralmente achatada, esverdeada quando jovem e castanha quando madura, glandulosa, ápice truncado, denso castanho-pubescente, estigmas persistentes. Material examinado: BRASIL. MINAS GERAIS. Mun. Lima Duarte. Distr. Conceição do Ibitipoca, Parque Estadual do Ibitipoca, trilha do Camping para a rampa que vai para o Centro de Visitantes, do outro lado do muro, na beira do córrego, 30.III.2004 (fl), E. von S. Medeiros et al. 277 (RB); mata em frente do Centro de Visitantes, próximo ao curso d’água, 31.III.2004 (fr), E. von S. Medeiros et al. 286 (RB); na beira do córrego após o muro perto da área de manutenção do Parque, 31.VI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 315 (RB); na entrada da Gruta das Bromélias, 30.XI.2004 (bt), E. von S. Medeiros et al. 350 (RB); estrada após o centro de visitantes indo para o camping, 01.XII.2004 (bt,fl), E. von S. Medeiros et al. 387 (RB); na entrada da Gruta do Maximiliano, 17.III.2005 (fr), E. von S. Medeiros et al. 428 (RB). 106 Distribuição geográfica e habitat No Brasil ocorre nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo e Distrito Federal (Guimarães, inédito). Encontrada em floresta pluvial atlântica montana, não raro, em floresta pluvial ripária, às vezes heliófila (Guimarães, 1994a). Etimologia: do latim, tectus, a, um = coberto; folium, i = folha. Nome dado provavelmente porque a planta apresenta folhas cobertas por pilosidade. Esta espécie ocorre em altitudes que variam de 690 a 1500m s.n.m. no PEI foi encontrada a 1400m s.m. sempre próxima a curso d’água e entrada de grutas. Foram coletadas em mata de galeria. Floresce em março, junho, novembro e dezembro e frutifica em março. Trata-se de um arbusto ou arvoreta, semi-ciófilo que pode atingir 7 m de altura, com caule castanho-esverdeado, com lenticelas; profilos verdes, agudos; folhas discolores verdes, cartáceas com tricomas na face adaxial, nervuras bem evidentes e espigas longas e eretas, quando jovens de cor verde claro e maduras verde-acastanhado. Por sua bela folhagem, pode ser usada como ornamental. A B Fig. 44: Piper tectoniifolium – A) Detalhe de um ramo com espigas eretas; B) Exsicata, ramo com detalhe da espiga. 107 B A C D E F Fig. 45: Piper tectoniifolium - A) Parte do hábito, com detalhe dos tricomas; B) Folha mostrando padrão de nervação; C) Pecíolo, detalhe da bainha; D) Profilo; E) Ovário visão frontal e bractéola; F) Fruto. (E. von S. Medeiros 277) 108 9- Considerações finais A família Piperaceae no Parque Estadual do Ibitipoca está representada por 21 táxons distribuídos em dois gêneros. Destes, 13 são pertencentes ao gênero Peperomia e nove fazem parte do gênero Piper, a maioria habita ambientes de mata, em beira de córregos ou são epífitas, sendo poucas aquelas que se encontram nos campos rupestres. Os resultados obtidos, assinalaram alguns caracteres diagnósticos, tanto para o gênero Peperomia Ruiz & Pav. quanto para Piper. L. Para o primeiro foram destacados caracteres de valor diagnóstico como aqueles relacionados à filotaxia, presença, ausência, tipo e posição dos tricomas na planta. Ressalta-se ainda a raque, que pode apresentar-se ora glabra, ora pilosa, com fóveas profundas ou não. Por outro lado, os frutos em Peperomia também revelaram valor diagnóstico e apresentam detalhes que conduzem à identificação das espécies como, por exemplo, a presença de cúpulas e tipos de estigmas. Quanto ao gênero Piper, os valores diagnósticos são evidenciados especialmente no tipo de padrão foliar; cujas nervuras ora podem se dispor até o ápice (broquidódromo), ora até a porção mediana da lâmina (camptódromo-acródromo). As bainhas foliares também representam um valor diagnóstico quando elas se situam na base foliar, no prolongamento do pecíolo formando canais ou podem apresentar alas persistentes ou caducas. As inflorescências, se constituem também um caráter forte para o grupo, em Piper richardiifolium se apresentam longas e pêndulas, enquanto em Piper lhotzkyanum são curtas, eretas e em Piper mollicomum, curvas. As espécies do gênero Peperomia encontram-se, principalmente, no interior das matas úmidas ou em matas de galeria muito próximas a córregos, mas também podem ocorrer em matas secas, em afloramentos rochosos como P. oreophila. As anotações feitas nos exemplares de campo tiveram grande importância, pois facilitaram a visualização e a compreensão dos limites entre as espécies. Assim, Peperomia oreophila foi uma das espécies que apresentou maior polimorfismo no que se refere à pilosidade, variável quando a planta se encontra na sombra ou no sol; da mesma maneira com relação a cor, Peperomia galioides e Peperomia augescens apresentaram modificações de coloração, toda a planta torna-se amarelada quando no sol e verde à sombra, ou apresenta folha na face abaxial e caules avermelhados ao sol e esverdeadas a sombra. As espécies Piper richardiifolium e Piper tectoniifolium observadas no interior de mata, próximo à córregos, que dispõem de ampla área foliar e espigas mais longas, podem assim se apresentar por se encontrarem em locais mais fechados. Isto sugere uma adaptação 109 para absorção de luz e mais flores para garantir a polinização. As plantas do gênero Piper são polinizadas principalmente por insetos (abelhas, besouros e moscas) e pelo vento (Sample 1974, Figueiredo & Sazima 2000). Os frutos maduros são dispersados por aves e, principalmente, por morcegos frugívoros (Tebbs 1993a, Bizerril & Raw 1998). Em florestas tropicais, a dispersão de algumas espécies é realizada exclusivamente por um número limitado de morcegos (Fleming 1981, Bizerril & Raw 1998). Uma análise mais detalhada sobre a região, quando das visitas aos herbários e transito fora do âmbito do Parque foi verificada a existência de outras espécies como: Piper aduncum L., P. arboreum Aubl., P. caldense C. DC., P. cernuum Vell., P. dilatatum L.C. Rich., P. hayneanum C. DC., P. hoffmannseggianum Roem. et Sch., P. umbellatum L., P. vicosanum Yuncker, Peperomia alata Ruiz et Pav. e Sarcorhachis obtusa (Miq.) Trel., que não fizeram parte deste trabalho, concluindo-se então a necessidade de ampliar-se o conhecimento para o município de Lima Duarte. Pela primeira vez citadas para o estado Piper miquelianum e Peperomia crinicaulis e P. mandiocana, ambas pouco representadas no Brasil foram encontradas no Parque. Peperomia rotundifolia com distribuição ampla e, citada para o Parque, não foi recoletada. No Parque Estadual do Ibitipoca, a maioria das espécies foi encontrada na mata Grande. As Peperomia localizavam-se sobre troncos, em ambiente ombrófilo e úmido. As espécies que estavam em campo de altitude como Peperomia oreophila situavam-se sobre pedras e muitas vezes protegiam-se da incidência de luz em frestas nas rochas. Peperomia galioides também se fazia representar em campo de altitude, no solo sob arbustos, neste mesmo tipo de vegetação. Piper tectoniifolium e P. solmsianum foram observados na entrada de grutas. Com base nos estudos aqui realizados verificou-se que o conhecimento da biodiversidade dos ecossistemas, através de levantamentos florísticos, mostra-se importante para a conservação ambiental, bem como para uma potencial exploração racional dos recursos e das áreas naturais ainda existentes. 110 10- Indice de Coletores C.T. Rizzini & A. Mattos 934 (10) D. Sucre & P.I.S. Braga 7162 (6) D. Sucre & Pe. L. Krieger 6867 (4); 6720 (5); 6678 (6); 6660, 6681 (9d) E. von S. Medeiros et al. 274, 275, 279, 287, 291, 294, 422, 426 (1); 295 (2); 273, 276, 280, 285, 290, 430 (4); 264, 266, 268, 269, 319, 366, 381, 405, 418, 419 (5); 320, 332, 344, 357, 384 (6); 323, 365 (8); 271, 406, 425 (9a); 278, 417, 400, 415 (9c); 265, 318, 416, 435 (9d); 272, 298 (10); 314, 351, 389 (12); 385 (14); 283, 413 (15); 270, 281, 282, 316, 330, 331, 349, 369, 386, 399, 424 (16); 333, 346, 367, 368 (17); 277, 286, 315, 350, 387, 428 (18) E.P. Heringer (7) F.C.P. Garcia et al. 215 (10) F.M. Ferreira 478 et al. (11) F.R. Salimena-Pires s.n et al. (CESJ: 27411) (1); (CESJ: 25465) (2); . (CESJ: 27410, CESJ: 25348, CESJ: 25396) (6); (CESJ: 25342) (9d); (CESJ: 25397) (16) F.S. Araújo et al. 36 (4) H. de Magalhães s/n (R: 86560) (7), 1305 (6) H.C. de Souza s.n (RB: 319360, RB: 319361) (6); (RB:319360) (9d); (RB: 316168) (10); (RB: 316135) (11) K. Antunes et al. 28 (14) L. Krieger & M. Brügger s.n. (CESJ: 24252) (15) L.D. Meireles et al. 1180 (11) L.G. Rodela Q15-169 (4); Q2-30 (6) M. Carvalho-Silva et al. 256 (1); 257, 261 (4); 259, 263 (5); 260 (6); 262 (9b); 258, 262 (9d) M. Eiterer s.n. et al. (CESJ: 24879) (6) M.C. Brüger s.n. et al. (CESJ: 26079) (6) M.R. Rosa & L.G. Rodela Q11-104 (1) Marco Aurélio L. Fontes 90 (11); 103 (16) P.I.S. Braga 1884 (5); 1888 (6); 1935 (8); 1879 (9d) P.M. Andrade & N.A. Drumond 1123 (4); 1132 (16) P.M. Andrade 1118, 1122, 1183 (3); 1207 (4); 1106 (5); 1095 (10) Pe. L. Krieger s.n . (CESJ: 8563) (4); (CESJ: 8578, CESJ: 8630, RB: 197145) (5); (CESJ: 15264, CESJ: 13193) (6); (CESJ: 16637, CESJ: 8523, CESJ: 9332, UEC: 123.535) (9a); (CESJ: 16238) (9c) 111 R. Dias-Melo et al. 306 (8) R. Marquete et al. . 3231 (4); 3077, 3094, 3113 (6) R.C. Forzza et al. 2641, 3069 (1); 2661, 3177, 3242 (4); 3161, 3240 (5); 3058 (9a); 3126 (13) R. C. Oliveira 36 (5); 134 (6); 188 (16) S. Aragaki 605 (13) Schwacke 12299 (6) 112 11- Índice de gêneros e espécies: Acrocarpidium 15, 16 Aechmea 8 Amalago 14 Anthurium 8 Artanthe 14 Betela 14 Carpupica 14 Churumayu 15 Cubeba 14 Enckea 14 Gonistum 14 Heckeria 14 Hemipodion 15 Hymenophyllon 15 Isophyllon 15 Macropiper 21 Macrostachys 1, 15 Maxillaria 8 Methysticum 14 Micropiper 15, 16, Nhadi 15 Ottonia 1, 14, 15, 16, 21, 35 Ottonia corcovadensis 76 Ottonioides 15 Oxodium 14 Peltobryon 14 Peperomia 1, 8, 14, 15, 16, 20, 21, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 108, 109 Peperomia alata 43, 109 Peperomia augescens 27, 28, 30, 31, 39, 41, 42, 44, 45, 108 Peperomia caperata 24 Peperomia clusiaefolia 24 113 Peperomia corcovadensis 57 Peperomia crinicaulis 27, 28, 39, 41, 46, 47, 48, 109 Peperomia decora 60 Peperomia diaphanoides 28, 30, 39, 41, 49, 50, 51 Peperomia galioides 27, 28, 30, 31, 39, 41, 52, 54, 55, 108, 109 Peperomia gardneriana 21 Peperomia mandiocana 28, 39, 41, 56, 57, 58 Peperomia obtusifolia 24 Peperomia oreophila 21, 27, 28, 30, 31, 32, 38, 39, 41, 59, 60, 61, 62, 108, 109 Peperomia pereskiaefolia 21 Peperomia rotundifolia 28, 39, 41, 63, 64, 65, 109 Peperomia rubricaulis 21 Peperomia sandersii 24 Peperomia scandens 24 Peperomia tenella 27, 28, 31, 36, 39, 41, 66, 67,68 Peperomia tetraphylla 27, 28, 31, 39, 41, 69, 73 Peperomia tetraphylla var. piedadeana 69, 70 Peperomia tetraphylla var. tenera 69, 70 Peperomia tetraphylla var. tetraphylla 69, 70 Peperomia tetraphylla var. valantoides 30, 69, 71 Philodendron 8 Piper 1, 14, 15, 16, 20, 21, 23, 24, 26, 27, 28, 30, 31, 32, 34, 35, 36, 38, 39, 40, 74, 108, 109 Piper acutistigmum 24 Piper aduncum 21, 23, 92, 109 Piper amalago 24 Piper amazonicum 24 Piper arborescens 23 Piper arboreum 109 Piper arboreum subsp. arboreum 23 Piper arboreum subsp. tuberculatum 23 Piper auritu 24 Piper bartilingianum 21 Piper betle 24 114 Piper brachystachyum 24 Piper caldense 109 Piper callosum 23 Piper cernuum 99, 109 Piper chaba 24 Piper consaguineum. 24 Piper corcovadensis 25, 31, 36, 74, 76, 78, 79, 89 Piper dilatatum 109 Piper falconeri 24 Piper futokadsura 24 Piper gaudichaudianum 75, 80, 82, 83 Piper grande Piper guineense 24 Piper hayneanum 109 Piper hispidinervum 23 Piper hispidum 23, 24 Piper hoffmannseggianum 21, 109 Piper lhotzkyanum 25, 31, 75, 84, 86, 87, 108 Piper marginatum 23 Piper miquelianum 31, 74, 88, 89, 90, 109 Piper mollicomum 23, 31, 75, 91, 93, 94, 108 Piper nigrum 14, 23, 24 Piper peltatum 23 Piper pseudopothifolium 31, 74, 95, 96, 97 Piper regnellii 38 Piper richardiifolium 25, 31, 74, 98, 100, 101, 108 Piper solmsianum 25, 31, 74, 102, 103, 104, 109 Piper sylvaticum 24 Piper tectoniifolium 25, 31, 74, 105, 106, 107, 108, 109 Piper tetraphyllum 69 Piper umbellatum 109 Piper vicosanum 109 Pothomorphe 14, 15, 16 Radula 15 115 Rhipsalis 8 Rhynchophorum 15, 16 Saliuncae 15 Sarcorhachis 1, 15, 16, 20, 21 Sarcorhachis obtusa 109 Schilleria 14 Sophronithes 8 Sphaerocarpidium 16 Spuriae 15 Steffensia 14 Tildenia 15, 16 Tillandsia 8 Trianaeopiper 15 Vanillosmopsis erythropappa 8 Verae 15 Zippelia 16, 21 116 12- Referências Bibliográficas Andrade, P.M. de & Sousa, H.C de 1995. Contribuição ao conhecimento da vegetação do Parque estadual de Ibitipoca, Lima Duarte, Minas Gerais. Revista Árvore, Viçosa, v.19, n.2, p.249-261. Andreis, R.R.; Ribeiro, A.; Pacciullo, F.V.P. 1989. Caracterização preliminar dos ciclos deposicionais Proterozóicos no sudeste de Minas Gerais (folhas Barbacena e Divinópolis). In: Simpósio de geologia, 2, Rio de Janeiro. Anais ... Rio de Janeiro: 1989. P.97-98. Angiosperm Phylogeny Group -APG II (Bremer, B.; Bremer K.; Chase, M.W.; Raveal, J.L.; Soltes, D.E.; Soltes, P.S. & Stevens, P.F.) 2003 An update of the Angiosperm Phylogeny group classification for the orders and families of flowering plants. Botanical Journal of the Linnean Society 141 (4): 399-436. Araújo, F.S. 2003. Distribuição e caracterização da vegetação dos arredores do Parque estadual do Ibitipoca, Minas Gerais. Monografia de conclusão de curso. Departamento de Geocências. Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora. Arrigoni-Blank, M.F., Oliveira, R.L.B., Mendes, S.S., Silva, P.A., Antoniolli, A.R., Vilar, J.C., Cavalcanti, S.C.H. & Blank, A.F. 2002. Seed germination, phenology and antiedematogenic activity of Peperomia pellucida (L.) H.B.K. BMC Pharmacology 2: 12. Asprey, G.F. & Thornton, P. 1954. Medicinal plants of Jamaica. West Indies Medicinal Journal, Kingston, Jamaica 17p. Associação Brasileira de Normas Técnicas. 2000. Informação e documentação: referências-elaboração: 6023:2000. Rio de Janeiro. Aublet, F. 1775. Histoire dês Plantes de la Guiana Françoise. V.1, p. 21-23. Aziba, P.I., Adejeji, A., Ekor, M. & Adeyemi, O. 2001. Analgesic activity of Peperomia pellucida aerial parts in mice. Fitoterapia 72: 57-58. Barroso, G.M.; Morim, M.P.; Peixoto, A.L. & Ichaso, C.L.F. 1999. Frutos e Sementes: morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas. Viçosa, UFV. 443p. Bibliotheque Numerique de la bibliotheque Nationale de France. Disponível em: http://gallica.bnf.fr Bizerril, M.X.A. & Raw, A. 1998. Feeding behaviour of bats and the dispersal of Piper arboretum seeds in Brazil. Journal of tropical ecology 14: 109-114. 117 Blanc, P. Andraos, K. 1983. Remarques sur dynamique de croissance dans lê genre Piper L. (Piperaceae) et les genres affines. Bulletin Museum National d´Histoire Naturelle, Paris. Section B. Adansonia, v.3, p.259-282. Bornstein, A.J. 1989. Raxonomic studies in the Piperaceae –I. The pedicellate pipers of Mexico and Central America (Piper subg. Arctottonia). Journal of the Arnold Arboreutum, v. 70, n. 1, p. 1-55. Burger, W.C. 1971. Piperaceae. In: Burger, W.C. (ed). Flora Costaricensis. Fieldiana Botany 35: 5-227. ___________. 1972. Evulutionary trends in the Central American species of Piper (Piperaceae). Brittonia, v. 24, p. 356-362. ___________. 1977. The Piperales and the monocots. Alternative Hypotheses for the Origin of Monocotyledonous flowers. The Bonical Review, v. 43, n. 3, p. 346-393. Brummitt, R.K. & Powell, C.E. (org.). 1992. Authors of Plant Names. Kew, Royal Botanic Gardens. 732p. Callejas, R. 1986. Taxonomic revision of Piper subgenus Ottonia (Piperaceae) (Soutn America). 512 f. Tese de Doutorado (inédita). _____________. 1989. Studies in Neotropical Piperaceae I. A new species of Piper from Ecuador. Brittonia, v. 41, n.3, p. 325-327. _____________. 1990. Studies in Neotropical Piperaceae II. Four new species and a new combination from Colombia and Peru. Brittonia, v. 42, n.1, p. 70-82. Carvalho, L.M.T.; Fontes, M.A. & Oliveira Filho, A. 2000. Tree species distribution in canopy gaps and mature Forest in na área of cloud Forest of the Ibitipoca range, south-eastern Brazil. Plant ecology 149: 9-22. Carvalho-Silva, M. 2002. Estudo taxonômico e morfológico das Piperaceae do Distrito Federal, Brasil. Tese de mestrado - Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Biológicas, Departamento de Botânica, 237p. Cavalcanti, T.B. 1995. Revisão de Diplusodon Pohl (Lythraceae). (Tese de Doutorado – Universidade de São Paulo) 505p. CETEC. 1983. Diagnóstico Ambiental de Minas Gerais. Belo Horizonte. Corrêa Neto, A. V.; Anisia, L.C.C.; Brandão, C.P. 1993. Um endocarste quartzítico na Serra do Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais. In: Simpósio de geologia de Minas Gerais 7. Anais ... SBG/Núcleo MG: 1993. Bol 12: 83-86. 118 ______________. 1997. Cavernas em quartzite da Serra de Ibitipoca, sudeste de Minas Gerais. In: Anais do Seminário de Pesquisa do Parque Estadual do Ibitipoca, MG. Juiz de Fora: Núcleo de Pesquisa em Zoneamento Ambiental da UFJF. Cronquist, A. 1981. An integrated system of classification of flowering plants. New York, New York Botanical Garden, Columbia University Press, Guildford, Surrey, 1262p. Cronquist, A. 1988. The Evolution and Classification of Flowering Plants. The New York Botanical Garden, Bronx, New York. Allen Press, Inc., Lawrence, Kansas, 555p. Dahlgren, R.M.T.; Clifford, H.T.; Yeo, P.F. 1985. Arales – Piperales. In: The families of the monocotyledons – Struture, Evolution and Taxonomy. Ed. Springer-Verlag. P. 39-42. Dahlstedt, H. 1900. Studien über Süd- und Central-Amerikanische Peperomien. Kungl. Svenska Vetenskaps Akademiens Handlingar 33(2):1-218, tab. 1-11. De Candolle, C. 1869. Piperaceae. In: De Candolle. Prodromus, Systematis naturalis regni vegetabilis, v. 16, n. 1, p. 235-471. Dominguez, X.A. & Alcorn, J.B. 1985. Piperaceae. Journal of Ethnopharmacology 13: 139. Drummond, G.M.; Martins, C.S.; Machado, A.B.M.; Sebaio, F.A. & Antonini, Y. (orgs.) 2005. Biodiversidade em Minas Gerais, um Atlas para sua conservação, 2º ed. Belo Horizonte.: Fundação Biodiversitas. 222p. il. Dyer, L.A. & Palmer, A.D.N. 2004. Piper. A model genus for studies of phytochemistry, ecology and evolutions. 214p. Endress, P.K. 1994. Diversity and evolutionary biology of tropical flowers. Ed. Cambrige University Press. 511p. Ettre, L.S. & Billeb, C. 1967. Journal Chromatog. 30: 12. Falcão, C.L.; Guimarães, E.F. & Costa, C.G. 1977. Piperaceae do município do Rio de Janeiro I. O gênero Piper L. Arq. Jard. Bot. Rio de Janeiro 20:145-188. Ferreira, M.B. & Magalhães, G.M. 1977. Contribuição para o conhecimento da vegetação da Serra do Espinhaço em Minas Gerais (Serra do Grão Mogol e do Ibitipoca) Resumo do XXVI Congresso Nacional de Botânica, RJ. p.189-202. Figueiredo, R.A. & Sazima, M. 2000. Pollination biology of Piperaceae species in southeastern Brazil. Annals of botany 85: 455-460. 119 Fleming, T.H. 1981. Fecundity, fruiting pattern, and seed dispersal in Piper amalago (Piperaceae), a bat-dispersed tropical shrub. Oecologia 51: 42-46. ___________. 1985. Coexistence of five sympatric Piper (Piperaceae) species in a tropical dry forest. Ecology, 66(3): 688-700. Fontes, M.A.L. 1997. Análise da compisição florística das florestas nebulares do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais. (Dissertação de mestrado). Engenharia Florestal, Universidade Federal de Lavras, Minas Gerais. Forzza, R.C.; Barros, F. & Salimena-Pires, F.R. 1994. Orchidaceae do Parque Estadual do Ibitipoca, Minas Gerais (checklist) Principia 1: 125-136. Gentry, A.H. 1992. Tropical Forest biodiversity: distributional patterns and their conservational significance. Oikos 63(1): 19-28. Gentry, A.H. 1996. A field guide to the families and genera of woody plants of Northwest South America (Colombia, Ecuador, Peru) with supplementary notes on herbaceous taxa. The University of Chicago Press. 895p. Geram, R.I., Greenberg, N.H., Mac Donald, M.M., Schumacher, A.M. E Abbott, B.J. 1972. Piper arborescens, contra leukemia linfocítica. Cancer Chemotherapy Reports v.3, p.1. Giulietti, A.M.; Harley, R.M.; Queiroz, L.P.; Wanderley, M.G.L. & Pirani, J.R. 2000. Caracterização e endemismos nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço. In: Cavalcanti, T.B. & Walter, B.M.T. (eds.) Tópicos Atuais em Botânica. Brasília: SBB/Embrapa. p. 311-318. Google. Disponível em: www.google.com Görst-Van Rijn, A.R.A. 1998. Peperomia gracieana (Piperaceae), a new species from French Guiana. Brittonia, v. 50, n. 1, p. 56-58. Granados, N.H., Sáez, V.J., Robles, C., Vázquez, L.F., Moreno, M.E., Acevedo, J.M., Peláez, J.C.A. & Callejas, R. 2002. Evaluacíon de la actividad inseticida de extractos de Piper grande Vahl (Piperaceae) en el modelo biológico: Drosophila melanogaster. Revista facultad nacional de agronomía Medellín, vol. 55, n.2, p. 1601-1613. Guimarães, E.F.; Ichaso, C.L.F. & Costa, C.G. 1978. Piperaceas 1. Ottonia, 2. Sarcorhachis, 3. Pothomorphe. In: Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí: Herbário Barbosa Rodrigues. 120 Guimarães, E.F. 1984a. Notas em Piperaceae II. Considerações sobre o gênero Ottonia Sprengel no Brasil. Boletin do Museu Kuhlmann, v. 7, p. 61-85. _______________.; Ichaso, C.L.F.; Costa, C.G. 1984b. Flora ilustrada Catarinense PIPERACEAE. Itajaí Santa Catarina 112p. 35 est. E 24 mapas. _______________ . 1988. Uma nova variedade de Ottonia villosa (Notas em Piperaceae III) Napaea 5:13-15. _______________; Mautone, L.; Magalhães, H.G. & Guimarães, L.G. 1992. Estudos taxonômicos e farmacoquímico e bioensaios de Piper lhotzkyanum Kunth (Piperaceae), uma espécie ocorrente em Minas Gerais. Daphne 2(3): 10-13. _______________. 1993. Notas em Piperaceae III. Piper morissonianum C. DC. Uma espécie rara no Brasil. Atas da Sociedade Botânica do Brasil, v. 3, n. 16, p. 121123. _______________. 1994a. Piperaceae. In: Lima, M.P.M. De; Guedes-Bruni, R.R. (Org:) Reserva ecológica de Macaé de Cima Nova Friburgo – RJ. Aspectos florísiticos das espécies vasculares. Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro vol.1, p. 327-348. _______________ . 1994b. Piperaceae Orgenensis. Arquivos do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, v. 32, p. 50-106. _______________ . 1997. Piperaceae. In: Marques, M. do C.M. (Org.) Flórula da APA Cairuçu, Parati, RJ. Espécies vasculares. Ed. JBRJ/MMA. P. 396-439. _______________ . 1999. In: Flora fanerogâmica da Ilha do Cardoso. Instituto de Botânica. São Paulo vol.6, p. 15-43. _______________ ; Miguel, J.R. 2000. Notas em Piperaceae VI. Estudos Florísticos para o gênero Piper L. na região sudeste brasileira. Bradea, v. 8, n. 34, p. 207-213. _______________. & Valente, M. de C. 2001. Piperáceas – Piper.In: Reitz, P.R. (ed). Flora Ilustrada Catarinense. Itajaí. Santa Catarina. 104p. 14 estampas, 22 mapas. _______________. (inédito). Flora fanerogâmica de São Paulo. Instituto de Botânica. São Paulo. Henshen, S. 1873. Èstudes sur le Genere Peperomia, comprenant les espèces de Caldas, Brèsil. Upsal Nov. Act. Soc. Regiae Sci. Upsal. 3, 8(2): 1-53, 7 tab. Heywood, V.H. 1979. Flowering Plants of the World. Oxford University Press. London p. 38-40. 121 Hickey, L.J. 1988. A revised classification of the architecture of dicotyledonous leaves. In.: Metcalfe, C.R.; Chalk, L. Anatomy of the Dicotyledons. V. 1 Systematic anatomy of the leaf and stem. P. 25-39. Hickey, M & King, C. 2003. The Cambridge Illustraded Glossary of Botanical Terms. Cambridge University Press 208p. Hill, A.F. 1974. Economic botany; a text book of useful plants and plant products. 2 ed. MacGraw Hill, New Delhi, 500p. Holmgren, P.K.; Holmgren, N.H. & Barnett, L. (orgs.) 1990. Index Herbariorum, Part 1: The Herbaria of the world Regnum Vegetabile. New York Botanical Garden 8th ed. New York. 693p. Humboldt, F.A. von; Bonpland,A.; Kunth, C.S. 1815. Piperaceae. Nova Genera et Species Plantarum, v. 1, p. 46-74. Ichaso, C.L.F. & Guimarães, E.F. 1984. Piperaceae do município do Rio de Janeiro – II. Peperomia Ruiz et Pavon. Rodriguésia, 36(59): 47-60. Instituto Estadual de Floresta & Brant Meio Ambiente. 1994. Parque Estadual de Ibitipoca: levantamento dos aspectos históricos e culturais. Belo Horizonte. The International Plant Names Index. Disponível em: http://www.ipni.org Jaramillo, M.A. & Manos, P.S. 2001. Phylogeny and patterns of floral diversity in the genus Piper (Piperaceae). American Journal of Botany, v. 88, n. 4, p. 706-716. Joly, A.B. 1970. Conheça a vegetação brasileira. São Paulo EDUSP/Polígono, SP. 176p. ________. 1984. Botânica. Introdução à taxonomia vegetal Companhia Editorial Nacional. São Paulo-SP. p. 306-313. Johnson, D.S. 1902. On the Development of Certain Piperaceae. Botanical Gazzete, v. 34, p. 321-338. Judd, W. S.; Campbell, C. S.; Kellogg, E. A. & Stevens, P. F. 1999. Plant Systematics: A Phylogenetic Approach. Sinauer Associates, Inc. Publishers Sunderland, Massachusetts. U.S.A. 464p. Kato, M.J. et al. 2004. Evolução metabólica em espécies de Piperaceae. XXVI Reunião Anual sobre evolução, sistemática e ecologia micromolecular. Instituto de Química, Univ. Fed. Fluminense. p. 27. Kunth, K. 1839. Bemerkungeu über die Familie der Piperaceen. Linnaea, v. 13, p. 36726. 122 Langfiel, R.D., Scarano, F.J., Heitzman, M.E., Kondo, M., Hammond, G.B & Neto, C.C. 2004. Use of a modified microplate bioassay method to investigate antibacterial activity in the Peruvian medicinal plant Peperomia galioides. Journal of ethnopharmacology 94: 279-281. Lawrence, G.H.M. , Bucchhein, A.T.; Daniels, G.S. & Dolezal, H. (eds.). 1968. Botanico-Periodicum-Huntianum. Pittsburg, Hunt Botanical Library. 1063p. Lei, L.G.; Liang, H.X. 1998. Floral development of dioecious species and trends of floral evolution in Piper sensu lato. Botanical Journal of the Linnean Society, v. 127, p. 225237. Linnaeus, C. 1753. Species Plantarum. v.4, p. 28-30. Lorenzi, H. & Souza, H.M. 1999. Plantas ornamentais no Brasil. 2ª ed. Nova Odessa, São Paulo p. 887-892. Menini Neto, L. 2005. Dissertação de Mestrado. A Subtribo Pleurothallidinae Lindl. (Orchidaceae) no Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais. Museu Nacional/UFRJ 167p. Milliken, W. 1997. Plants for Malaria plants for fever. Medicinal species in Latin América – a bibliographic survey. The Royal Botanic Gardens, Kew. 116p. Miquel, F.A.W. 1839. Notes preliminaire sur lês genres de la famille dês Piperecées. Bulleten dês Sciences Physsques et Naturelles em Néerlande, p. 446-453. _____________ . 1840. Commentarie phytographici, quibis varia rei herbaria capitã illustratur. Fasc. II. Observaciones de Piperaceis et Melastomataceis. Leiden. p. 2992. _____________ . 1843. Systema Piperacearum. H.A. Kramers, Rotterdam. p. 1-571. _____________ . 1847. Mantissa Piperaceum e speciaminibus musei vindobonensis, regii monocensis et Martiani. Linnaea, v. 20, p. 117-182. _____________. 1853. Piperaceae. In: Martius, C.F.F. von; Eichler, A.G.; Urban, I. [Ed] Flora Brasiliensis. Liepzig, v.IV. p.1-76. Modesto, P. dos R. 1976. Lima Duarte ano 92 vol II. Mohandas, K.K. & Shad, G.L. 1982. Structure and ontogeny of trichomes in some Piperaceae. Acta Botanica Indica, v.10, p. 92-95. Mors, W.B. Rizzini, C.T., Pereira, N.A. 2000 Medical Plants of Brazil. Rio de Janeiro, Laemmert, 1369p. Nee, M. 2004. Piperaceae. In: Smith, N.; Mori, S.A.; Henderson, A.; Stevenson, D.W. & Heald, S. Flowering plants of the neotropic’s. Princeton University press. 296-297 123 Nummer, A. R. 1991. Análise estrutural e estratigrafia do grupo Andrelândia na região de Santa Rita do Ibitipoca – Lima Duarte, sul de Minas Gerais. Rio de Janeiro: UFRJ, 191p. (tese- Mestrado em Geologia). Parmar, V.S., Jain, S., Bisht, K.S., Taneja, R.P., Jha, A., Tyagi, O., Prasad, A.K., Wengel, J., Olsen, C.E. & Boll, P.M. 1997. Phytochemistry of the genus Piper. Phytochemistry 46(4): 597-673. Parque Estadual do Ibitipoca 2004. Adesivo Mapa do Parque. Pequeno, I. 2004. Reserva do Ibitipoca, Juiz de Fora: u & m, 148p. Pio Corrêa, M. 1984. Dicionário das plantas úteis do Brasil e das exóticas cultivadas. Imprensa Nacional. Rio de Janeiro v.1,3,5. Portal dos Florais no Brasil. Disponível em: www.florais.com.br/si/site/1107 acesso em 12.X.2004. Qiu, Y.L. 1999. The earliest angiosperms: evidence from mitochondrial, plastid and nuclear genomes. Nature 402: 404-407. Rafinesque, C.S. 1838. Sylva Telluriana Philadelphia 84-85. Reunião anual da Sociedade Brasileira de Química. Disponível em: http://www.sbq.org.br/ranteriores/23/ resumos/0333 acesso em 12.X.2004. Rizzini, C.T. 1977. Sistematização terminológica da folha. Rio de Janeiro. Rodriguesia 42: 103-126. __________.1978. Los Gêneros venezolanos y brasileros de lãs Lorabtáceas. Rodriguésia 30(46): 26-31. ___________. 1995. Flora da Serra do Cipó, Minas Gerais: Loranthaceae. Boletim de Botânica da Universidade de São Paulo 14: 207-221. ___________ 1997. Tratado de Fitogeografia do Brasil. Aspectos ecológicos, sociológicos e florísticos. 2ºed. Rio de Janeiro, Âmbito Cultural. 747p. Rodela, L.C. 1998. Cerrados de altitude e campos rupestres do Parque Estadual de Ibitipoca, sedeste de Minas Gerais: Distribuição e florística por subfisionomias da vegetação. Revista do departamento de geografia 12: 163-189. _________. & Tarifa, J.R. 2002. O clima de Serra do Ibitipoca – Sudeste de Minas Gerais. Revista Espaço e Tempo nº 11, GEOUSP: São Paulo. Ruiz, A.H. & Pavon, J. 1794. Flora peruvianae et chilensis prodromus. Madrid, imprenta de Sancha, p. 8. ________ . & _______ . 1798. Flora Peruviana et Chilensis, v. 1, p. 29-38. 124 Ruschel, D. 2004. O gênero Piper (Piperaceae) no Rio Grande do Sul. Dissertação de mestrado em botânica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre 84p., il., 30. Saint-Hilaire, A. de 1838. Segunda viagem do Rio de Janeiro a Minas Gerais e São Paulo (1822). 2. ed. São Paulo: Nacional. p. 33-50. Salimena-Pires, F.R. 1996. Aspectos fisionômicos e vegetacionais do Parque Estadual de Ibitipoca, Minas Gerais, Brasil. In: Rocha, G.C. (coord.) Anais do 1º seminário de Pesquisa sobre o Parque Estadual de Ibitipoca – Juiz de Fora: Núcleo de Pesquisa em zonezmanto Ambiental da UFJF p. 51-60. Salimena, F.R.G. 2000. Ecoturismo x Conservação dos campos rupestres. In: Cavalcanti, T.B. & Walter, B.M.T. (orgs.). Tópicos Atuais em Botânica. Palestras convidadas do 51º Congresso Nacional de Botânica. 343-347. Sample, K.S. 1974. Pollination in Piperaceae. Annals of the Missouri Botanical Garden 61: 868-871. Santos, P.R.D. dos, 1999. Tese de doutorado: Óleos essenciais: marcadores químicos de comparação para Piperaceae e Myrtaceae. UFRJ.138p. _______________; Moreira, D. De L.; Guimarães, E.F.; Kaplan, M.A.C. 2001. Essential oil analysis of 10 Piperaceae species from the Brazilian Atlantic Forest. Phytochemistry, v. 58, p. 547-551. Sastrapradja, S. 1968. On the morphology of the flower in Peperomia (Piperaceae) species. Ann. Borgor., 4(4): 235-244. Silva, E.M.J. & Machado, S.R. 1999. Estrutura e desenvolvimento dos tricomas secretores em folhas de Piper regnelli (Miq.) C.DC. var. regnelli (Piperaceae). Revista Brasileira de Botânica, São Paulo, 22(2): 117-124. Silveira, A. 1922. Memórias Chrográficas, Imprensa oficial de Belo Horizonte, MG. Vog. 1, p. 329-347. Silveira, A. da.1928. Floralia Montium vol. 2. Belo Horizonte: Impresa official. Sprengel, K. 1820. Piperaceae. In: Contribuiciones al conocimiento de la flora ecuatoriana, p.1-196, 21 tab. Stafleu, F.A. & Cowan, R.S. 1976-1988. Taxonomic literature. 2. ed. Utrecht, Bohn, Scheltema & Holkema v.1 -7. Stearn, W.T. 1998. Botanical Latin, history, grammar, syntax, terminology and vocalulary 4th. Edition Press Timber Portland, Oregon. 546p. Steyrmark, J.A. 1971. Notes of genus Sarcorhachis Trel. Pittieria, v. 3: 29-38. 125 ______________ . 1986. A new species of Peperomia (Piperaceae) from Venezuela. Brittonia, v. 38, n. 3, p. 220-221. ______________ . 1987. Flora of the Venezuelan Guyana –II. Annals of the Missouri Botanical Garden, v. 74, p. 85-116. ______________ . 1988. A new species of Peperomia (Piperaceae) from the Venezuelan Guyana Highland. Brittonia, v. 40, n. 3, p. 294-295. Takhtajan, A. 1980. Outline of the Classification of Flowering Plants (Magnoliophyta). The Botanical Review, v. 46, p. 225-359. ______________ . 1996. Diversity and Classification Flowering Plants. New York. Columbia Univ. Press. 643p. Tebbs, M.C. 1989a. Revision of Piper (Piperaceae) in the New World 1. Review of characters and taxonomy of Piper section Macrostachys. Bulletin of the Natural History (Botany) 19(1): 117-158. Tebbs, M.C. 1989b. The climbing species of New World Piper (Piperaceae). Willdenowia 19(1): 1175-189. ___________ . 1990. Revision of Piper (Piperaceae) in the New World 2. The taxonomy of Piper section Churumayu. Bulletin of the Natural History (Botany) v. 20, n.2, p.193-236. ___________ . 1993a. Piperaceae. In: Kubitzki, K., Rohwer, J.G. & Bittrich, V. (eds). The Families and genera of vascular plants. II. Flowering plants; Dycotyledons: Magnoliid, Hamamelid and Caryophyliid families. Springer Verlag, Berlin, p. 516520. ___________ . 1993b. Revision of Piper (Piperaceae) in the New World 3. The taxonomy of Piper section Lephianthes and Radula. Bulletin of the Natural History (Botany) v. 23, n.1, p.1-50. Trelease, W. 1921. North American Pipers of the section Ottonia. American Journal of Botany, v. 8, p. 212-217. ____________ . 1927. Piperacea of Panamá. Contributions from the United States National Herbarium, v. 26, n. 2, p. 1-50. ____________. 1935. The Pedicellate Peppers of South America. Proceedings American Philosophical Society, v. 75, n. 8, p. 691-716. Trelease, W. & Yuncker, T.G. 1950. Piper. In: ___, The Piperaceae of Northern South America. University of Illinois Press, Urbana, v. 1, p. 6-419, fig.1-378. 126 Tucker, S.C. 1980. Inflorescence and flower development in the Piperaceae I. Peperomia. American Journal of Botany, 67(5): 686-702. ______________. 1982. Inflorescence and flower development in the Piperaceae II. Piper. American Journal of Botany, 69(5): 743-752. ______________; Douglas, A.W.; Han-Xing, L. 1993. Utility of ontogenetic and conventional characters in determining phylogenetic ralationship of Saururaceae and Piperaceae (Piperales). Systematic Botany, v.18, n.4, p. 614-641. Urban, I. 1906. Vitae Itineraque Collectorum Botanicorum, Notae Collaboratorum Biographical, Florae Brasiliensis Ratio Edenti Chronological, Systema, Index Familiarum. In: Martius, C.F.P.; Eichler, A.G. & Urba, I (eds.) Flora brasiliensis v I, p.I, p. 1-487. Ururahy, J.C.C.; Collares, J.E.R.; Santos, M.M.; Barreto, R.A.A. 1983. Vegetação: as regiões fitoecológicas, sua natureza e seus recursos econômicos: estudo fitogeográfico. In: Brasil. Ministério das Minas e Energia. Secretaria Geral. Projeto RADAMBRASIL: levantamento de recursos naturais. Rio de Janeiro. Cap.4, v.32, p. 553-623. (Folhas SF.23/24-Rio de Janeiro/Vitória). Vahl, M. 1796. Eclogae Americanae sue Descriptions Plantarum, v. 1, p. 1-3. _______ . 1798. Eclogae Americanae sue Descriptions Plantarum, v. 2, 3 tab. Valente, M. da C.; Silva, N.M.F; Marquete, R.; Medeiros, E. von S. & Lacanna, M.F. In: Valente, M. da C. & Silva, N.M.F (org.). 1999. Plantas úteis das áreas do entorno do Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Horto Florestal e Parque Lage – I. Série Estudos e Contribuições 16: 80p. Veloso, H.P., Rangel Filho, A.L.R. & Lima, J.C.A. 1991. Classificação da Vegetação Brasileira, adaptada a um Sistema Universal. Rio de Janeiro. IBGE. 124p. Vellozo, J.M.C. 1829. Flora Fluminensis. P. 24-27. Vitta, F. 2002. Diversidade e conservação da flora nos campos rupestres da Cadeia do Espinhaço em Minas Gerais. In: Araújo, E.L.; Moura, A.N.; Sampaio, E.V.S.B.; Gestinari, L.M.S. & Carneiro, J.M.T. (eds.) Biodiversidade, Conservação e Uso Sustentável da Flora do Brasil. Pernambuco: UFRPE/SBB. p. 90-94. Yuncker, T.G. 1958. The Piperaceae – A family profile. Brittonia, v.10, p.1-7. ___________. 1966. New Species of Piperaceae from Brazil. Boletim do instituto de botânica. São Paulo 3: 370p. __________. 1972. The Piperaceae of Brazil. I. Piper-Group I, II, III, IV. Hoehnea, v. 2, p. 19-366, 167 figs. 127 __________. 1973. The Piperaceae of Brazil. II. Piper-Group V; Ottonia; Pothomorphe; Sarcorhachis. Hoehnea, v. 3, p. 29-284, figs. 168-265a. __________. 1974. The Piperaceae of Brazil. III: Peperomia; Taxa of uncertain status. Hoehnea, v. 4, p. 71-413, 166 figs. Zaidan, R.T. 2002. Zoneamento de Áreas com necessidade de proteção ambiental no parque estadual do Ibitipoca – MG. Rio de Janeiro : UFRRJ, Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de Florestas da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro. Zoghbi, M.G.B.; Andrade, E.H.A.; Lobato, R.C.L.; Tavares, A.C.C.; Souza, A.P.S.; Conceição, C.C.C. & Guimarães, E.F. 2005. Biochemil Systematics and Ecology 33: 269-274. W3TROPICOS. Disponível em: http://mobot.mobot.org/W3T/Search/vast.html. 128