A experiência do usuário no tablet educacional Paulo Henrique Bezerra Matias1, Francisco Kelsen de Oliveira2 1 Bolsista PIBIC Jr.- IF Sertão, estudante do curso médio integrado de informática – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SERTÃO) – Campus Salgueiro 2 Doutorando em Ciências da Computação, Orientador PIBIC, Docente do Curso Subsequente de Informática – Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF SERTÃO) – Campus Salgueiro {[email protected], [email protected]} Abstract. This research has conducted an analysis of the users' experience in educational tablets distributed to teachers and students of public education institutions. Such research contemplated students of the Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE). The data obtained were analyzed in order to identify the difficulties of users, in order to propose improvements to the problems detected or even simplify the use of such devices. Resumo. Esta investigação realizou a análise da experiência dos usuários nos tablets educacionais distribuídos aos professores e alunos de instituições de ensino públicas. Tal pesquisa contemplou alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE). Os dados obtidos foram analisados com o intuito de identificar as dificuldades dos usuários, tendo em vista propor melhorias aos problemas detectados ou mesmo tornar mais simples o uso de tais dispositivos. 1. Introdução O poder computacional dos dispositivos móveis tem aumentado bastante nos últimos anos, sendo comparado ao processamento existentes antigamente apenas em computadores pessoais (PC), enquanto o tamanho de tais componentes tem reduzido, tornando-se cada vez mais acessíveis e presentes em nosso cotidiano, principalmente, por causa da possibilidade de incluir funções de software por meio das instalações de aplicativos e da facilidade de transportá-los. O Ministério da Educação (MEC) em parceria com governos estaduais e municipais investiu na compra e na distribuição de tablets para professores e alunos de das redes públicas de ensino. O objetivo é fornecer instrumentos e formação a professores e gestores de escolas públicas, a fim de intensificar o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino aprendizagem. Os dispositivos distribuídos pelo Fundo Nacional de desenvolvimento da Educação (FNDE) e MEC tem versões de tela multitoque de 7 ou 10 polegadas, câmera e microfone, saída de vídeo, conteúdos pré-instalados e o Sistema Operacional (SO) Android OS (BRASIL, 20. O SO, portanto, torna-se necessário em tais equipamentos, pois é o responsável por gerenciar os recursos do dispositivo e realizar a comunicação com hardware, oferecendo ao usuário uma interface simples para o rápido acesso aos serviços que tal máquina possui (TANENBAUM, WOODHULL, 2000). Contudo, não basta apenas desenvolver o SO e os aplicativos para instalá-los no hardware. É importante que tais aplicações possuam uma boa usabilidade, ou seja, a facilidade com que as pessoas usam um objeto para realização de uma tarefa específica (CYBIS, BETIOL, FAUST, 2007). Dessa forma, é possível analisar as várias formas de entradas de dados, por diferentes maneiras e por usuários diversos com o intuito de se chegar a um determinado objetivo, sendo fonte de estudo para os pesquisadores da área de usabilidade. Conforme a norma NBR 9241 (2002), a usabilidade é a medida na qual um produto pode ser usado por usuários para alcançar objetivos específicos com eficácia, eficiência e satisfação em um contexto de uso. Dessa forma, esta pesquisa analisou a experiência dos usuários com o Android OS utilizado nos tablets educacionais baseado nos critérios de Alves e Oliveira (2013), que apresentam um estudo com critérios para análise de usabilidade das interfaces de S.O nos smartphones. Então, identificou-se as principais tarefas possíveis de serem realizadas pelos usuários em tablets com o objetivo de analisá-las à luz dos critérios mencionados. As seções seguintes apresentarão os referenciais teóricos, os materiais e métodos envolvidos na pesquisa, as atividades realizadas no período, os resultados e discussões gerados, as conclusões e as referências bibliográficas utilizadas. 2. Referenciais Teóricos Um computador com software pode armazenar, processar, recuperar informações, bem como realizar as mais diversas funções. O software pode ser dividido em dois tipos: aplicativos, (executa uma função específica ao usuário) e programas de sistemas ou básicos (gerencia toda a atividade do computador). O SO é o principal exemplo de software básico, tendo as funções de gerenciar os recursos da máquina e de fornecer uma camada de abstração do hardware para que os aplicativos possam ser instalados (TANENBAUM, WOODHULL, 2000). Mais de 90% das Unidades de Processamento Central (CPU) não estão em computadores Desktops e Notebooks, mas em sistemas embarcados como telefones celulares, PDAs, câmeras digitais, roteadores sem fio, tablets e muitos outros produtos, que utilizam chips de 32 e 64 bits e executam um SO (TANENBAUM, 2009). Pode se entender que os SO’s realizam basicamente duas funções: fornecer aos programadores e usuários uma camada de abstração entre as aplicações e o hardware. E gerenciar tais recursos de forma eficiente (TANENBAUM, 2009). Acessar as tarefas do hardware de uma máquina pode ser uma tarefa complexa. Por isso, tais máquinas possuem um dispositivo de software denominado SO. Este que fornece aos programas de usuários uma interface para que o dispositivo possa ser utilizado. Os tablets educacionais dispõem do Android OS e diversos aplicativos préinstalados, como: navegador web, e-mail, mapas, controle de voz, conteúdos dos portais do Professor, Domínio Público, Khan Academy, Banco Internacional de Objetos Educacionais e Coleção Educadores. Comprado pela Google em 2005, Android é SO desenvolvido pela Android Inc para plataformas móveis e tem código aberto baseado em Linux. Além disso, possui um repositório de aplicativos com grande diversidade de aplicativos e dispõe de conectividades sem fio, Wi-Fi e bluetooth. O SO oferece ainda suporte a câmera e pode ser instalado em diferentes máquinas dos mais diversos fabricantes. Há ainda suporte de várias Integrated Development Environment (IDE) de desenvolvimento de aplicações para o Android OS, porém, é necessário o download do Android Software Development Kit (SDK) conforme o SO da máquina destinada para desenvolvimento. Contudo, não basta apenas ter o hardware e o software instalado, pois Nielsen (1993) ressalta a importância da usabilidade, sendo considerada um dos aspectos influentes na aceitação de um produto e se aplica a todos os aspectos do sistema com os quais a pessoa pode interagir, incluindo os procedimentos de instalação e manutenção e deve ser sempre medida relativamente a determinados usuários executando determinadas tarefas. O autor afirma ainda que a usabilidade está relacionada ao aprendizado, eficiência, na realização da tarefa de memorização, minimização de erros e satisfação subjetiva do usuário. A usabilidade é parte da Interação Humano-Computador (IHC) que, por sua vez, é uma das áreas da Engenharia de Software, por isso Benyon (2011) menciona que a usabilidade é considerada como a principal busca da IHC. De acordo com Cybis, Betiol e Faust (2007), o escopo da usabilidade ocorre a partir dos seguintes aspectos, conforme a Figura 1: utilidade, usabilidade, design de interação e experiência do usuário. Figura 1: Escopo de usabilidade baseado em Cybis, Betiol e Faust (2007). A utilidade se refere à funcionalidade do aplicativo, software ou sistema propriamente dito, ou seja, o sistema é útil e atende às necessidades do usuário (CYBIS, BETIOL, FAUST, 2007). Conforme a NBR 9241 (2002), a usabilidade é quando o software é usado para medidas específicas por usuários para alcançar um objetivo com eficácia. Já Cybis, Betiol e Faust (2007) afirmam que o design de interação está relacionado com as estratégias desenvolvidas na interação o usuário diante de uma tela desconhecida e os modelos de uso com outras telas de um mesmo software. Os autores ainda relatam que o critério de experiência do usuário se aplica quando a variabilidade do público alvo, se refere especificamente aos diferentes níveis de experiência do usuário. 3. Materiais e Métodos De acordo com a International Data Corporation Worldwide (IDC, 2013), o Android OS possui uma participação no mercado de tablets correspondente a 60,8% até dezembro de 2013 (Tabela 1). Tabela 1: Participação de mercado de SO para tablets de 2012 a 2017. Tablet OS Android IOS Windows Other Total 2012 Market Share 52,0% 45,6% 0,9% 1,4% 100% 2013 Market Share* 60,8% 35,0% 3,4% 0,8% 100% 2014 Market Share* 58,8% 30,6% 10,2% 0,4% 100% Fonte: (IDC, 2013) A pesquisa teve como base a análise da experiência do usuário na utilização do Android OS nos tablets educacionais, por isso foram relacionadas e analisadas as principais tarefas (Tabela 2), a fim de explicitar a experiência do usuário com o uso do SO e buscar apresentar soluções de melhorias aos problemas identificados. Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 Tabela 2: Tarefas executadas no experimento. Descrição Disponibiliza a visualização de arquivos de formatos de imagens, e se este, disponibiliza um aplicativo vindo com o SO, que realiza tal tarefa. Utilizar player de áudio Suporta à execução de arquivos de áudio através de aplicativos padronizados já instalados juntamente com o SO. Utilizar player de vídeo Suporta à execução de arquivos de vídeo através de aplicativos padronizados já instalados juntamente com o SO. Visualizar documentos de texto, Dispõe de um aplicativo pré-instalado para exibição de planilhas eletrônicas, slides e e- arquivos de textos, planilhas eletrônicas, slides, pdf e epub books (formatos de livros digitais ou e-books). Conectar-se com outros Capacidade de se conectar a outras máquinas (PC, roteadores dispositivos por Wi-Fi Wi-Fi) através de conexões Wi-Fi. Buscar aplicativos ou arquivos Capacidade do SO de buscar dados presentes no aparelho por meio de palavras-chave digitadas. Utilizar Calendário/Agenda Possibilidade de adicionar eventos no calendário por data. Alterar brilho da tela Permite a alteração do brilho da tela. Configurar som e volume Permite a alteração a alteração do som ou volume do dispositivo. Conectar-se com outros Capacidade de se conectar a outras máquinas através de dispositivos por bluetooth conexões bluetooth. Configurar data e hora Possibilidade de alterar data e hora no dispositivo. Buscar aplicativos ou arquivos por Proporciona uma filtragem de dados através do comando de comando de voz voz. Compartilhar conexão Wi-fi Permite o compartilhamento da conexão de Internet. Desinstalar aplicativo Possui um software para desinstalar aplicativos de acordo com o usuário. Alterar idioma Alterar o idioma de exibição do dispositivo. Editar arquivos multimídia Há aplicativos que permitem alterações arquivos de mídia. Alterar contas de usuários Suporte a alternância de contas conectadas em um mesmo dispositivo. Tarefas Visualizar imagens 18 19 20 Editar planilhas eletrônicas, slides ou documentos de texto Possibilita a edição de arquivos de textos, planilhas eletrônicas, slides, pdf e epub (formatos de livros digitais ou ebooks). Desbloquear tela com Dispõe da função de desbloqueio do aparelho por reconhecimento facial reconhecimento facial. Alterar serviços de localização Oferece a escolha ao usuário de permiti que seja identificado geográfica seu local em sites e aplicativos. Fonte: Adaptado de Alves e Oliveira (2013). Foram elencadas algumas tarefas relacionadas à configuração, instalação e utilização do dispositivo a fim de que os usuários a partir da realizassem mediante a gravação do vídeo das ações executadas, de tal modo a resguardar as identidades dos participantes, pois foram captadas imagens das telas dos dispositivos testados. As tarefas realizadas pelos participantes tiveram seus vídeos analisados e descritos para identificar as dificuldades e as facilidades existentes na realização de cada tarefa, a fim de realizar as interpretações à luz dos conceitos de Nielsen (1993), de Cybis, Betiol e Fauts (2007), de NBR 9241 (2002) e de Alves e Oliveira (2013). Após a coleta dos dados, esses foram tabulados para facilitar a interpretação que foi realizada mediante os vídeos, questionários e observações feitas pelos pesquisadores durante a aplicação do experimento. Antes da realização do experimento propriamente dito, os participantes foram orientados sobre a experiência, as etapas da coleta, assinaram o termo de aceitação de participação na pesquisa e responderam ao questionário semiestruturado 1 de sondagem, que versava sobre os conhecimentos prévios e experiências de cada usuário acerca do uso de tecnologia, natureza dos dispositivos eletrônicos, tempo de uso, funções utilizadas e finalidades de uso. Segundo Marconi e Lakatos (2003), os questionários para coleta de dados foram utilizados porque possuem diversas vantagens como: economia de tempo, abrangência de grande número de pessoas de forma simultânea, abrangência de área geográfica mais ampla, obtenção de resposta mais precisas, maior liberdade nas respostas, maior segurança, menor risco de distorção, mais tempo para responder as questões, maior uniformidade na avaliação e obtenção de respostas que materialmente seriam inacessíveis. Antes da realização da experiência do usuário com o dispositivo, os participantes recebiam um roteiro das tarefas a serem realizadas. Para isso, o laboratório de Informática do IF Sertão-PE com cadeira, mesa, condicionador de ar e luz adequada foi reservado para proporcionar um ambiente propício ao experimento e conforto dos participantes, sendo um participante por vez e o tablet utilizado tinha software para captura das telas com as ações realizadas durante o experimento. Logo após a realização da experiência, cada participante respondeu ao questionário semiestruturado 2 que solicitava o seu ponto de vista acerca da dificuldade e facilidade para realização das tarefas solicitadas, bem como a apresentação de sugestões de melhorias, sendo sugerida a apresentação de justificativas para as respostas apresentadas. Além disso, foi solicitada a aplicação de notas referentes aos níveis de dificuldade para realizar cada atividade. O grupo amostral da pesquisa foi definido a partir da escolha aleatória dos alunos dos cursos superiores de Tecnologia em Alimentos e Licenciatura em Física, além dos alunos dos cursos de Ensino Médio Integrado (EMI) de Agropecuária, Edificações e Informática do campus Salgueiro do IF Sertão-PE, de tal forma a garantir 5% de participantes de cada um dos cursos mencionados. Já a pesquisa utilizou o modelo de tablet educacional com versão Android OS 4.0, tela sensível ao toque de 9,7 polegadas, com conexões Wi-fi, bluetooth, mini-USB e mini-HDMI. Esse modelo contempla 25% dos hardwares disponibilizados aos docentes e discentes das instituições públicas, pois apenas 2 fabricantes venceram a licitação e cada um forneceu dois modelos. Todos os modelos apresentavam Android OS em sua versão 4.0, cujo foco da pesquisa se concentra na análise das tarefas com o referido SO. Quanto a natureza das variáveis, pode se afirmar que é do tipo qualitativo, pois avaliou as experiências dos usuários no Android OS no tablet educacional, buscando-se a eficácia na realização das tarefas. Quanto ao objetivo da pesquisa, teve características exploratórias, pois buscou-se conhecer a experiência do usuário na realização das tarefas no Android OS. Além disso, é considerada descritiva, pois detalhou os procedimentos dos usuários para realização das tarefas. Quanto ao procedimento foi feita uma pesquisa bibliográfica que deu embasamento ao referencial teórico, sendo utilizados materiais já disponibilizados em livros e repositórios de textos acadêmicos científicos. A partir dos dados tabulados, foi realizado uma análise da utilização das funcionalidades disponíveis no SO pelos usuários, tomando como base a pesquisa realizada por Alves e Oliveira (2013). 4. Resultados e discussões De acordo com a análise dos questionários aplicados para identificação do perfil do usuário, os alunos dos cursos de Informática, Tecnologia em Alimentos, Edificações e Agropecuária dispõem e utilizam diariamente pelo menos um dispositivo móvel. Os participantes da turma de Licenciatura em Física, nunca utilizaram algum dos dispositivos, isso pode ocasionar em uma maior dificuldade para acesso a materiais e informações, sendo um dos aspectos evidenciados na pesquisa ou terem dificuldades em realizar tarefas básicas para um usuário com prática frequente, já que os demais utilizam tais dispositivos, principalmente, com Android OS há dois anos em média ou mesmo tiveram algum contato antes da realização do experimento. Notou-se ainda que participantes da pesquisa e alunos de cursos de Informática desconhecem termos técnicos ou classificações dos dispositivos móveis, embora sejam modelos que possuam ou tenham informado interesse em comprar pelo modelo e fabricante durante a realização da sondagem. Além disso, percebeu-se uma divergência entre os participantes sobre os conceitos de dispositivos móveis, pois no primeiro questionário, pergunta-se se já utilizou algum dispositivo móvel, enquanto alguns responderam negativamente, porém afirmam utilizar um dispositivo para realização de atividades pessoais em seu “celular com Android”. De acordo com os dados fornecidos pelos participantes, 55% utilizam o dispositivo para educação, 80% para entretenimento, 45% para gerenciamento de tarefas cotidianas, e 20% para atividade pessoal. De forma geral, 60% relatou que não houve dificuldade para utilizar os dispositivos que já tiveram contato. Através do questionário semiestruturado 1, foi notado que as tarefas que os usuários mais utilizam são visualizar imagens, utilizar player de áudio, utilizar player de vídeo, visualizar documentos de textos, planilhas eletrônicas, slides e e-books. Nas tarefas Visualizar Imagens, Utilizar Player de áudio e Utilizar player de vídeo viu-se que os usuários em sua maioria tiveram pouca ou nenhuma dificuldade. Infere-se então que o motivo são ícones de mídia evidentes e já conhecidos pelos usuários, considerando que em média 80% realizou tais tarefas, e 80% dos alunos utilizam os dispositivos para a finalidade de entretenimento. Possivelmente essas tarefas são executadas frequentemente pelos usuários seja em tablets ou smartphones, conforme a tabela 3. Nº 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Tabela 2: Resultados do questionário semiestruturado 2. Sem Pouca Muita dificuldade dificuldade dificuldade Visualizar imagens 80% 15% 5% Utilizar player de áudio 50% 40% 0% Utilizar player de vídeo 50% 30% 0% Visualizar documentos de texto, 40% 45% 5% planilhas eletrônicas, slides e e-books Conectar-se com outros dispositivos 75% 15% 5% por Wi-Fi Buscar aplicativos ou arquivos 30% 15% 15% Utilizar Calendário/Agenda 75% 20% 5% Alterar brilho da tela 65% 15% 20% Configurar som e volume 50% 20% 15% Conectar-se com outros dispositivos 40% 30% 10% por bluetooth Configurar data e hora 65% 25% 0% Buscar aplicativos ou arquivos por 40% 35% 5% comando de voz Compartilhar conexão Wi-fi 5% 5% 0% Desinstalar aplicativo 35% 35% 0% Alterar idioma 60% 30% 0% Editar arquivos multimídia 25% 30% 5% Alterar contas de usuários 25% 20% 5% Editar planilhas eletrônicas, slides ou 20% 10% 10% documentos de texto Desbloquear tela com 5% 0% 5% reconhecimento facial Alterar serviços de localização 30% 15% 15% geográfica Tarefas Não conseguiu realizar 0% 10% 20% 10% 5% 40% 0% 0% 15% 20% 10% 20% 90% 30% 10% 40% 50% 60% 90% 40% Fonte: Pesquisa direta. Na tarefa Visualizar documentos de texto, planilhas eletrônicas, slides e e-books, viu-se que, em sua maioria, fora realizada pelos alunos, enquanto 50% tiveram alguma dificuldade e 10% não realizaram. Infere-se, então, que os alunos podem não ter utilizado com frequência os dispositivos para realizar tal tarefa, porém, utilizem para entretenimento, o que pode facilitar na realização da tarefa. Todavia na tarefa Editar planilhas eletrônicas, slides ou documentos de texto os participantes, em sua maioria, não conseguiram realizar, devido não saberem da existência dessa função, embora os mesmos tenham conseguido realizar a tarefa Visualizar documentos de texto, planilhas eletrônicas, slides e e-books. Isso se deve ao fato de alguns dispositivos não disponibilizarem tais aplicativos pré-instalados para executarem arquivos em tais formatos e os usuários não buscarem aplicativos com tais funções para smartphones, devido aos tamanhos pequenos das telas ou mesmo por apenas consumirem conteúdos em tablets e não escreverem devido a inexistência de teclado físico. Para a tarefa Conectar-se com outros dispositivos por WiFi, nota-se grande percentual de realização, nos quais diversos estabelecimentos comerciais, residências e locais públicos dispõem de redes sem fios acessíveis aos usuários apenas com inclusão da senha e escolha da rede, cuja configuração ocorre de forma rápida devido às experiências anteriores. Além disso, deve-se considerar a mesma posição da função Wifi no padrão do Android OS em tablets e smartphones. Ao buscar aplicativos ou arquivos e buscar aplicativos ou arquivos por comando de voz, alguns participantes confundiram com a pesquisa do Google. Isso se dá ao fato da questão não estar clara suficiente e ter causado uma interpretação errada ou mesmo ao costume de alguns usuário de buscar qualquer informação no site de busca citado. Já na tarefa Utilizar calendário/agenda, os participantes encontraram o calendário devido ao ícone intuitivo e semelhante ao existente em smartphones, embora não tenham nem tentando utilizar a função da agenda. Nas tarefas Alterar brilho de tela, Configurar som e volume, Configurar data e hora, Desinstalar aplicativos e Alterar idioma os participantes, em sua maioria, conseguiram realizar com facilidade, que pode se justificar pelo fato de haver uma semelhança com a função no smartphone e do ícone encontrar-se no menu de configuração com ícone evidente, pois os usuários já utilizaram a função WiFi, o que facilitou para posteriormente realizar tais tarefas. Ainda na configuração de som de volume, os botões físicos existentes no hardware para facilitar a execução de tal tarefa, pois os usuários usavam diretamente os botões ao invés da função disponível no menu de configurações. A tarefa Conectar-se com outros dispositivos por bluetooth, fora realizada pela maioria dos usuários, entretanto, viu-se que alguns já usaram a função de forma esporádica, e que não lembravam como realizar novamente, o que resultou no método tentativa e erro. Já na tarefa Compartilhar conexão Wi-fi, os muitos usuários não realizaram, enquanto alguns se mostraram surpresos em saber da possibilidade. Além disso, alguns participantes confundiram tal tarefa com a outra de conectar-se ao WiFi. Viu-se que nas tarefas Editar arquivos multimídia, Alterar contas de usuários, Alterar serviços de localização geográfica e Desbloquear tela com reconhecimento facial os participantes tiveram muita dificuldade devido não utilizarem o dispositivo com frequência para tal aplicação, e ainda podem ter utilizado tais funções de forma esporádica e não lembrarem mais como realizar novamente. Alguns deles também desconheciam a possibilidade de realizar essas tarefas no tablet. Entretanto alguns participantes utilizaram a função desbloqueio de tela com reconhecimento fácil, embora fosse considerada menos utilizada, pode-se inferir que a semelhança com a função existente no smartphone e a disposição da função no mesmo menu já utilizado para outras funções tenha favorecido a sua realização. Notou-se ainda que ao ser entregue os tablets aos alunos, 50% deles, tiveram dificuldades para desbloquearem o dispositivo e procurarem os ícones diretamente na tela inicial, sem a utilização do menu, pois esses não conseguiam localizar o ícone. O questionário semiestruturado 2 solicitava aos participantes que atribuíssem notas de 0 a 10 para representar o nível de dificuldade que tiveram nas realizações das determinadas tarefas, sendo 0 nenhuma dificuldade e 10 não conseguiu realizar ou de extrema dificuldade. Assim, percebeu-se que participantes atribuíam nota mínima para tarefas não executadas ou realizadas de modo equivocado. Os participantes já experientes no uso Android OS em smartphone tiveram maior facilidade na maioria das tarefas, pois seguiram o mesmo padrão para realizar as tarefas nos tablets, porém relataram que as execuções de algumas tarefas no dispositivo utilizado no experimento estavam em locais ou com ícones diferentes dos equipamentos de experiências anteriores ou mesmo não existiam tais funções, pois os equipamentos traziam configurações semelhantes aos dispositivos de um mesmo fabricante ou sem grandes alterações no Android OS considerado puro, enquanto vários usuários relatavam que a facilidade estaria em simplesmente apresentar todas as funções logo em ícones da tela inicial. Os participantes experientes no uso dos smartphones tiveram maiores facilidades na execução da maioria das tarefas solicitadas, porém, percebeu-se também que tarefas de configurações não tiveram as mesmas facilidades se comparadas com aquelas apenas para abertura de um arquivo de mídia, texto ou planilha eletrônica. Segundo 85% dos participantes que realizaram os testes, a maior dificuldade para realizar as tarefas foi encontrar os seus respectivos ícones, ou seja, as imagens correspondentes a determinadas funções não traziam um significado direto ao que se pretendia realizar, inclusive alguns afirmaram que as alterações das imagens dos ícones provocaram tais dificuldades em encontrar tais funções. 5. Conclusão Conclui-se que as tarefas de configurações são poucas vezes realizadas pelos usuários que não buscam conhecer os dispositivos e restringem-se em simplesmente utilizarem as principais funções, ou seja, consumir o serviço ou produto sem demandar tempo para desbravar novas funcionalidades ou recursos do dispositivo. Os participantes apresentaram sugestões de melhorias na realização das atividades, como: ícones mais descritivos, para fácil identificação das tarefas; melhorias na organização das funções no menu principal do dispositivo do respectivo SO, sendo perceptível a analogia direta feita com os principais SO para desktops que trabalham de modo análogo, pois afirmavam que usuários iniciantes irão utilizar e teriam maior facilidade; melhorar a identificação das funções de tal modo a apresentar o caminho até a referida função; linguagem mais simples, para usuários que não entendem bem termos técnicos ou totalmente traduzidos para o idioma escolhido pelo usuário; melhorar a visibilidade dos ícones; ícones específicos para as principais funções; agregação dos menus mais simples e intuitiva. De acordo com os dados analisados, pretende-se oferecer melhorias para que seja implementada uma versão do SO para os tablets educacionais a fim de facilitar o uso para alunos e professores, conforme os aspectos identificados na pesquisa. Almejase ainda que tais dados possam servir de base para o desenvolvimento de aplicações móveis educativas, com o objetivo de tornar as interfaces das softwares mais intuitivas. Devido os tablets educacionais que foram utilizados para o testes utilizarem Android OS, há a possibilidade de se utilizar os resultados obtidos para que se tenham melhorias nas próximas versões do Android OS e até mesmo em outros SOs, a partir das necessidades identificadas na pesquisa. 6. Referências ALVES, W. S.; OLIVEIRA, F. K. Análise da usabilidade de sistemas operacionais para dispositivos móveis usando Android e Windows Phone. In: VIII Congresso Norte e Nordeste de Pesquisa e Inovação (VIII CONNEPI), VIII, 2013, Salvador. 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