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Anec
sumário
30.
04. expediente
60.
05. mural
acontece na anec
06.
07.
Encontro Macro-regional ANEC-CNBB
I Reunião da Nova Diretoria e do Conselho Su-
perior da ANEC
08.
AEC/SC e SINEPE/SC realizam a I Jornada Pe-
dagógica
50.
Pureza e qualidade nas matérias-primas far-
macêuticas
jurídico
10. O polêmico Cineb e seus aspectos jurídicos
artigo
16. Educação indígena brasileira
22. Ação evangelizadora na e da universidade discípula e missionária
26. Darwin 200
28. Cultura planetária
32. Uma celeste ajuda para o professor e a educação
38. Uma ponte para o possível
40. Campanha da Fraternidade 2009: uma chance
à paz
educação superior
42. Complexo de Prontos-Socorros auxilia no ensino dos alunos de medicina da PUC-Campinas
46. Do sonho de um homem à realidade da vida de
milhares de pessoas
52.
Foco na excelência: Unileste comemora 40
anos de tradição e qualidade no Vale do Aço
56.
UniSALESIANO incorpora orientações apre-
sentadas por dirigentes salesianos, em Barcelona,
no final de 2008
57. Ex-aluno do UniSALESIANO recebe prêmio no
Estado do Pará
educação básica
58. Projeto “ Viva a diferença”, faz a diferença no
Colégio João Paulo II
60.
Aluno pesquisador, comunicativo e solidário:
É possível?
64. O “SANTA” ADVERTE: uma alimentação equilibrada leva a uma Vida Saudável!
68. Passeio ao Criadouro Conservacionista São Braz
projetos sociais
70. Rede Mercedária
de Ensino: Por uma educa-
ção integral e libertadora
72. Uma
educação que começa onde acaba o as-
falto
42.
50.
considerações finais
78. A entrega incondicional produz o gênio, o poder e a magia...
Informativa - Revista ANEC | sumário
3
expediente
DIRETORIA NACIONAL
DIRETOR PRESIDENTE
Reitor Pe. José Marinoni, SDB
DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE
Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ
DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE
Reitor Ir.Clemente Ivo Juliatto, FMS
Apresentação
Palavra do Diretor Presidente da
Associação Nacional de Educação Católica do Brasil.
DIRETORA 1º SECRETÁRIA
Ir. Ana Maria Paes
DIRETOR 2º SECRETÁRIO
Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI
DIRETOR 1º TESOUREIRO
Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS
DIRETOR 2º TESOUREIRO
Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J
SECRETÁRIO EXECUTIVO
Prof. Dr. Dilnei Lorenzi
CONSELHO SUPERIOR
PRESIDENTE
Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães
VICE-PRESIDENTE
Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado
SECRETÁRIO
Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira
CONSELHEIROS
Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC
Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC
Pe. Wilson Denadai
Professor Roberto Prado
Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB
Pe. Miecryslaw Smyda, SJ
DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO
Luciene Lopes Pereira
Nelismar de Souza
ASSESSORIA DA COMUNICAÇÃO
Priscilla Lira
COLABORADOR
Robson Torriceli
PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO
branding & design
Fone: 61 3033-6212
IMPRESSÃO
Cidade Gráfica Editora LTDA
Fone: 61 3552-5066
As ilustrações foram cedidas pelas instituições
ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO
CATÓLICA DO BRASIL - ANEC
SRTV/Sul Quadra 701 Bloco 2 Sala 601
Ed. Centro Empresarial Assis Chateaubriand
CEP: 70340-000 - Brasília-DF
Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539
E-mail: [email protected]
4
A primeira reunião do Conselho Superior e da Diretoria da ANEC
aconteceu nos dias 12 e 13 de fevereiro deste ano, em Brasília.
Com uma pauta longa e de suma importância para os encaminhamentos das atividades deste ano. Destaco algumas questões fundamentais das nossas discussões: Manutenção do Plano Estratégico da ANEC; início do processo de abertura das filiais da ANEC,
em diversos Estados; definição das Câmaras da ANEC – Mantenedoras, Educação Superior e Educação Básica; divulgação do plano
de ações políticas para 2010; fortalecimento das relações institucionais; apoio em projetos de pastoral educacional. Vários outros
assuntos, ainda, foram tratados ao longo dos dois dias, como o
Portal Educacional Católico e o posicionamento da ANEC frente à
posição do governo referente à filantropia.
É fato que, temos muito trabalho pela frente, principalmente, no
papel de reforçar a educação católica em nossa sociedade. Por
isso que, mais uma vez, queremos contar com a ajuda de todos os
envolvidos no processo de educar, nossos colaboradores, professores, alunos, gestores, dirigentes, presidentes de mantenedoras
e outros. Pois os desafios que temos são imensos e só conseguiremos vencê-los com o apoio e dedicação de todos para um bem
maior.
No primeiro número da Revista Informativa de 2009 apresentamos
uma série de artigos com temáticas que envolvem o cotidiano de
nossas atividades educacionais e, também, a divulgação de ações
das nossas instituições, sempre com a intenção de reforçar nossa
presença em sociedade.
Lembro que a Revista Informativa tem como objetivos ampliar a comunicação entre as instituições afiliadas à ANEC e facilitar a troca
de experiências no meio educacional católico.
Pe. José Marinoni
Diretor-Presidente da ANEC
Informativa - Revista ANEC | expediente
mural
I Seminário de Educação Básica: A
escola católica e os desafios contemporâneos.
A programação completa estará disponível no site da ANEC.
I Seminário de Educação Básica: A escola católica e os desafios
contemporâneos
Local:
Recife
Belém
Curitiba
Data:
24 e 25 de abril
15 e 16 de maio
26 e 27 de Junho
1º Seminário Nacional de Comunicação das Instituições
Católicas – ANEC
Local:
PUC Rio
Data:
15 e 16 de junho
1º Seminário de Gestão de Mantenedoras da ANEC
Local:
Porto Alegre
São Paulo
Belo Horizonte
Recife
Data:
4 e 5 de maio
7 e 8 de maio
11 e 12 de maio
14 e 15 de maio
6º Encontro da Pastoral das Universidades – ANEC
Local:
Brasilia-DF
Data:
10 e 12 de junho
18º Encontro de Gestores Administrativos, Acadêmicos e Assessores
Jurídicos das IES da ANEC. 5º Encontro de pro-reitores de graduação
Local:
Brasilia-DF
Data:
Maio
Informativa - Revista ANEC | mural
5
acontece na anec
Encontro Macro-regional
ANEC-CNBB
N
o Encontro Macro-regional, sobre a ação evangelizadora
na e da universidade, realizado em Florianópolis, em outubro de 2008, contou com a participação de 60 representantes de universidades católicas, dioceses, arquidioceses e IES
públicas e privadas. Foi relevante a presença do coordenador nacional de pastoral das universidades da ANEC, Itacir Piasson, do
Bispo responsável pelo setor universidades da CNBB, Dom Eduardo
Benes e da assessora do Setor Universidade da CNBB, Eugenia Lóris. As expectativas dos participantes referentes à evangelização no
meio universitário reforçam a necessidade de que a CNBB e ANEC
viabilizem um plano nacional para a ação evangelizadora na universidade, proporcionando objetivos e diretrizes gerais e que ofereçam formação e subsídios sobre a ação evangelizadora no meio
universitário.
6
Informativa - Revista ANEC | acontece na anec
I Reunião da Nova Diretoria e do
Conselho Superior da
ANEC
O
Conselho Superior e a Diretoria Nacional da Associação
Nacional de Educação Católica do Brasil-ANEC, estiveram
reunidos, nos dias 12 e 13 de fevereiro, em Brasília - DF.
Durante a reunião foi discutida a análise de questões administrativo-financeiras, a avaliação da Assembléia Geral Nacional realizada
em 2008, Plano Estratégico da ANEC, Calendário de eventos de
2009 e o processo de incorporação das Associações de Educação
Católica regionais e outros assuntos.
Foram criadas comissões para estudar a atualização estatutária,
a definição do modelo do Prêmio ANEC para Educação Católica do
Brasil em 2010, a estruturação das Câmaras Mantenedoras, Educação Superior e Educação Básica, e o Plano das Ações Políticas da
ANEC para este ano.
Informativa - Revista ANEC | acontece na anec
7
acontece na anec
AEC/SC e SINEPE/SC realizam a
I Jornada
Pedagógica
A
conteceu em Santa Catarina de 9 a 12 de fevereiro a I Jornada Pedagógica/Administrativa com a participação de aproximadamente quatro mil gestores escolares, professores e
técnicos administrativos. O evento foi resultado da bem sucedida
aliança entre a AEC/SC e o Sindicato das Escolas Particulares de
Santa Catarina. Durante quatro dias os especialistas em educação
Cloves Amorim, Lucília Panisset Travassos, Mario Sérgio Cortella,
José Manoel Moran e Marcos Meier, percorreram as principais cidades pólos do Estado – Lages, Joinville, Criciúma, Itajaí e Chapecó e mais a capital Florianópolis, debatendo com os educadores sobre
questões pedagógicas e gerenciais.
A I Jornada foi organizada pelo Programa de Formação Continuada – PFC – do Sinepe/SC em parceria com a Associação das
Escolas Católicas de Santa Catarina – AEC/SC, com o propósito de
mostrar que a escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens significativas que motivem os alunos a
aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem pró-ativos,
a saber tomar iniciativas e a saber inter-agir, a partir do pressuposto
8
Informativa - Revista ANEC | acontece na anec
que o conhecimento se constrói
a partir de constantes desafios
e atividades significativas, que
excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade.
Na presidência da AEC/SC a
professora e mestre em Educação
Rosa Assunta de Cezaro destacou durante os trabalhos o forte
carisma das escolas católicas e o
empenho do Sinepe/SC pelo desenvolvimento da gestão de qualidade, ressaltando o interesse
mútuo dos organizadores com a
realização da I Jornada Pedagógica / Administrativa. O objetivo,
segundo frisou professor Marcelo
Batista de Sousa, presidente do Si-
nepe/SC, foi conclamar os educadores às novas experiências na área do
conhecimento, a partir de variáveis
críticas no processo de ensino para a
aprendizagem e tecnologias que facilitem aprender em qualquer lugar
e a qualquer hora, flexibilizando os
processos de ensinar e de aprender,
abrindo as escolas para o mundo e
trazendo o mundo para as escolas,
em tempo real. Com esta perspectiva, a educação, além de se constituir
em fator essencial para a formação
do caráter dos alunos, é um meio de
congraçamento entre os povos – e
como tal, é um instrumento para a
paz e a compreensão entre todas as
comunidades.
Aldo Grangeiro
Jornalista e historiador
Informativa - Revista ANEC | acontece na anec
9
jurídico
O Polêmico
Cineb
e seus Aspectos
C
om a volta às aulas, ressurge a retórica sobre a legalidade ou
ilegalidade do Cadastro de Informações dos Estudantes Brasileiros – CINEB - divulgado pela Confederação Nacional dos
Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN). Antes, porém, de reacendermos esta discussão, façamos aqui breves esclarecimentos sobre o referido cadastro para que o leitor possa entender melhor os argumentos
daqueles que o defendem, bem como daqueles que o atacam.
O CINEB nasceu de um convênio entre a CONFENEN (Confederação
Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) e a empresa CHECK-CHECK,
que trabalha com base de dados inerente ao crédito, em âmbito nacional. Em miúdos, é um cadastro de inadimplentes restrito às instituições
de ensino, cuja base de dados é mantida e organizada pela empresa
acima citada. É acessível a todas as escolas no âmbito nacional que se
filiarem à CHECK-CHECK por meio do convênio firmado com a CONFENEN. O sistema funciona basicamente da seguinte forma: após 90 dias
de inadimplência (período usualmente observado) uma determinada
escola envia ao banco de dados do CINEB o nome e o CPF do contratante (e não do aluno menor), após prévio aviso e tentativa conciliatória
para recebimento amigável do débito. A partir daí esta negativação do
inadimplente fica acessível a todas as Instituições de Ensino filiadas à
CHECK-CHECK, podendo ser consultada através de pesquisa do CPF,
feita diretamente no site www.cineb.com.br.
Assim, antes de se firmar um contrato de prestação de serviços com
um pretenso cliente, poderá a escola obter informações sobre o histórico de inadimplência daquela pessoa, através da consulta ao cadastro
em comento.
Até aí, tudo bem! A discussão começa quando o estabelecimento
10
Informativa - Revista ANEC | jurídico
Jurídicos
de ensino, com base neste cadastro, recusa a matrícula deste pretenso contratante, ou a matrícula
de seu(s) filho(s), ante ao histórico
de inadimplência ali lançado. Com
isso, veio à baila a discussão sobre
a legalidade ou ilegalidade deste
cadastro, como ferramenta para
“barrar” a matrícula de contratantes com histórico de inadimplência ocorrida em outros estabelecimentos de ensino.
Segundo a CONFENEN, tratase de uma medida protetiva às
Instituições contra os chamados
“inadimplentes propositais”, sendo estes aquelas pessoas que se
matriculam, ou matriculam seus filhos, em determinadas instituições
de ensino, nada pagam durante todo o ano e, ao final, pedem
transferência para outro estabelecimento onde repetem este procedimento. Ainda sob o ponto
de vista da CONFENEN, tanto as
escolas como os alunos saem prejudicados em tal “manobra”, uma
Daladier Rodrigues de Alcântara Júnior
Técnico-Contábil e Advogado - Sócio do escritório de advocacia Almeida, Alcântara e Coelho Advogados Associados em Belo Horizonte-MG.
Especialista em Direito Público e Social nas áreas do direito do Trabalho,
Processual, Previdenciário e Constitucional.
vez que esta diminuição de receita
desqualificaria a escola bem como
aumentaria o custo de seu ensino,
fatores que consequentemente
são suportados pelos contratantes
adimplentes.
As críticas dos que defendem
este cadastro não se voltam apenas para os “inadimplentes propositais” mas, também, à brecha
legal deixada pela Lei 9.870/99,
intitulada por eles de “a lei do calote”, principalmente após a alteração implementada pela Medida
Provisória n. 2.173-24/2001.
Segundo o art. 5° da mencionada Lei, os alunos matriculados
terão direito à renovação de sua
matrícula, salvo se inadimplentes,
observado o calendário escolar, o
regimento da escola ou cláusula
contratual. Por outro lado, a famigerada Medida Provisória acrescentou o § 1° ao artigo 5° desta
Lei que proíbe o desligamento do
aluno, durante o ano ou semestre, por motivos de inadimplência.
Ainda segundo esta vertente, o
§ 2° deste artigo estabelece que
as instituições de ensino fundamental, médio e superior devem
expedir os documentos de transferência do aluno, mesmo que
inadimplente, e independentemente de qualquer medida judicial de cobrança do débito.
Assim, para os que defendem
o CINEB, a própria Lei teria criado mecanismos para fomentar a
inadimplência, impedindo as instituições de desligarem o aluno
inadimplente no decorrer do ano
ou semestre, bem como as obrigando a fornecer os documentos
de transferência, facilitando, com
isso, esta “manobra” do “inadimplente proposital”.
Segundo dados da CONFENEN, antes das alterações da Lei
9.870/99 a inadimplência nacional
girava em torno de 3%. Hoje, gira
ela, em média, entre 6% e 10%,
havendo momentos em que pode
chegar a 20% em determinados
Informativa - Revista ANEC | jurídico
períodos e escolas.
Com o propósito de diminuir
esta inadimplência e resguardar a
segurança nas contratações, criouse, então, o polêmico CINEB, para
que as instituições de ensino pudessem dele se utilizar como uma
ferramenta acautelatória.
Já do outro lado da mesa, temos os órgãos de defesa do consumidor (em geral os PROCONS
estaduais) e as Associações de
Pais em ferrenha crítica ao cadastro, suscitando, inclusive, sua ilegalidade e abusividade.
Também contrários ao cadastro são a Federação Nacional das
Escolas Particulares (FENEP), o
Sindicato dos Estabelecimentos
de Ensino no Estado de São Paulo
(SIEESP) e o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP).
Para os que hasteiam esta bandeira, o cadastro de inadimplente
seria algo tão restrito às escolas
11
jurídico
que o inadimplente sequer tomaria conhecimento prévio desta “negativação”, o que o impossibilitaria de negociar sua dívida antes de seu
nome ser lançado no rol de devedores. Neste sentido baseiam-se nos
direitos do consumidor de terem acesso a banco de dados no qual seu
cadastro está inserido e na obtenção de informações objetivas, claras,
verdadeiras e em linguagem de fácil compreensão.
Argumentam ainda que este procedimento tente a “lançar” o aluno
inadimplente ao sistema público de ensino que, por sua vez, é desprovido de um número suficiente de vagas, o que causaria relevante impacto
na educação nacional.
Expostos os dois lados da moeda, fica a questão: em verdade, é ou
não ilegal o Cadastro de Informações dos Estudantes Brasileiros - CINEB?
Antes de mais nada, há de se ressaltar que numa discussão como
esta os extremismos e radicalismos devem ceder espaço à ciência jurídica e aos pilares principiológicos nos quais se alicerçam o Ordenamento
Jurídico Pátrio.
Se de um lado os defensores do CINEB argumentam que a Lei
9.870/99 “favoreceu o calote”, não podemos nos esquecer que o nosso
direito privado é baseado no princípio da liberdade contratual e da livre
iniciativa das partes.
Assim, não há razão para se vincular uma contratação ao seu efetivo
pagamento, obstaculizando os documentos de transferência do aluno
sob o motivo de que este não cumpriu com suas obrigações contratuais. Também não haveria motivos para o desligamento imediato do
aluno inadimplente no decorrer do ano letivo por dois motivos: Um,
12
Informativa - Revista ANEC | jurídico
porque tal procedimento poderia prejudicar os chamados
“inadimplentes involuntários ou
ocasionais”, sendo aqueles que
por uma circunstância alheia à
sua vontade não conseguiram
adimplir, ao tempo e modo, com
suas obrigações contratuais, mas
buscam, em determinado momento, acertar esta situação.
Dois, porque nosso ordenamento constitucional determina que
a educação é dever do Estado e
da família e, como tal, deve ser
vista sob o prisma de um munus
público, um bem maior de caráter social.
Em plena crise do capitalismo global não se pode dar mais
valor o aspecto financeiro do
ensino em detrimento do aluno que, na esmagadora maioria
das vezes, nada tem a ver com
a inadimplência de seus pais ou
contratantes. Se o ente privado
assume este “dever” Estatal-
familiar, deve ele, antes do aspecto financeiro, prezar pelo caráter
social de suas funções sem, é claro, esquecer dos custos que este
empreendimento lhe acarreta.
Para o problema inadimplência existem várias medidas extrajudiciais e judiciais que visam controlar, neutralizar ou minimizar esta
“manobra”, que devem ser tomadas antes que a situação tome proporções significativas, com a utilização prudente e consciente de todas as ferramentas que estão ao alcance dos estabelecimentos de
ensino, inclusive dos cadastros de proteção ao crédito.
Todavia, aos que atacam o referido cadastro, há de se ressaltar
que a Legislação Consumerista (Código de Defesa do Consumidor)
prevê sim a possibilidade de criação de banco de dados de proteção
ao crédito, como denotamos nos artigos 43 e 44 deste diploma legal.
Por outro lado, querendo ou não, o inadimplente já é inscrito nos
cadastros regionais de proteção ao crédito tais como SPC, SERASA,
CCF, etc., sem que se gerasse tamanho impasse.
Trata-se, aparentemente, de uma questão de bom senso e adequação. Se o Código de Defesa do Consumidor prevê a criação e
manutenção de banco de dados de inadimplente, resta aos hostilizadores do CINEB o argumento de que este banco deve ser mais
transparente e de livre acesso aos consumidores, como determina o
artigo 43 do Código Consumerista.
Neste sentido, parece-nos que a questão pode ser resolvida com
a adequação procedimental da inserção de dados no CINEB, que
se faria através dos cuidados prévios que a Instituição deve tomar
quando da negativação do inadimplente. Por outro lado, uma maior
Informativa - Revista ANEC | jurídico
abertura e transparência deste
cadastro aos consumidores, para
pesquisa e informações, também
lhe daria melhor convalidação jurídica nos termos do Código de
Defesa do Consumidor.
Sabe-se perfeitamente que
o consumidor, mesmo inadimplente, possui direitos. Todavia,
não podemos esquecer que este
também possui deveres e, o uso
desregrado e abusivo dos direitos pode causar insegurança jurídica com o descrédito da legislação vigente.
Assim, parece-nos que a solução para o impasse encontra-se
numa melhor adequação do procedimento de inclusão do devedor no banco de dados do CINEB,
dando-lhe maior transparência e,
consequentemente, maior credibilidade, uma vez que o Código
de Defesa do Consumidor autoriza a criação de tais cadastros, observados os requisitos legais.
13
informativo publicitário
OBRIGAÇÃO DA APURAÇÃO E DO REGISTRO CONTÁBIL DA ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
NA CONTABILIDADE DAS ENTIDADES BENEFICENTES
A
s Entidades Filantrópicas (Beneficentes de Assistência Social) se
organizam através de associações e fundações sem finalidade
lucrativa/econômica, que prestam serviços conforme a LOAS e a
PNAS.
Todas essas ações devem ser registradas e divulgadas através das
informações contábeis.
“... evidenciação em Notas Explicativas, das
isenções de tributos e contribuições, suas
receitas com e sem gratuidades de forma
segregada, e os benefícios gozados.”
Existe uma grande variedade de tributos (Impostos e Contribuições
Sociais) aonde as Entidades Filantrópicas são imunes/isentas, tendo como
base a Constituição Federal e sua regulação pelo Código Tributário Nacional
(Lei Complementar nº 5.172/66) e outras leis ordinárias. Tendo que para o
gozo da isenção das contribuições sociais, será exigida a posse do
Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e reconhecimento
da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme regulamentação.
Além disso, a Receita Federal entende
que a falta do registro contábil das isenções
usufruídas se caracteriza em omissão na
contabilidade de informações obrigatórias e
de fatos geradores, procedendo com
autuações e cobranças. Em alguns casos
até “enxergando reflexos penais”.
Estas Entidades possuem obrigações específicas nas mais diversas
áreas (contábil, fiscal, entre outras). O cumprimento destas exigências serve
para, entre outras, manterem seu Certificado de Entidade Beneficente de
Assistência Social (CEBAS) e por conseqüência a isenção das contribuições
sociais ou previdenciárias.
Nesse entendimento a RECEITA
FEDERAL DO BRASIL, baseado na
literalidade dos artigos 22 e 23 da Lei
8.212/91, exige a evidenciação
discriminada nas Notas Explicativas das
contribuições sociais:
A Lei Federal nº 8.212/91, em seu artigo 55, trata das isenções
destinadas às entidades Beneficentes de Assistência Social que atendam
suas exigências.Este artigo remete às contribuições previstas nos artigos 22
e 23, quais sejam:
20% sobre folha de salários e serviços de autônomos e individuais;
RAT/SAT(1%, 2% ou 3% ) ?15% sobre serviços prestados por
cooperativas
COFINS – 3%
CSLL - Contribuição Social de 10% sobre o Lucro Líquido
As Entidades Beneficentes, além da Legislação, deverão observar as
normas contábeis a elas aplicáveis aprovadas pelo Conselho Federal de
Contabilidade, em especial a Resolução CFC nº 877/2000, que aprova a
NBC T 10.19, discriminando contabilmente os valores aplicados em
gratuidade e o valor das isenções de contribuições previdenciárias
usufruídas, bem como que estas informações devem constar em Notas
Explicativas: “c) as contribuições previdenciárias relacionadas com a
atividade assistencial devem ser demonstradas como se a entidade
não gozasse de isenção conforme normas do INSS; ”
A partir do ano de 2007 a Receita Federal e a Previdência Social se
uniram criando a RECEITA FEDERAL DO BRASIL (Super Receita), e em
suas fiscalizações (representações e autuações) vem exigindo o
14
cumprimento da Resolução do CFC No.
966/03, que transcrevemos em parte:
INSS s/ Folha de Pagamento
(Cota Patronal);
S.A.T.;
Terceiros;
INSS s/ Folha de Autônomos;
INSS s/ Prestação de Serviços
de Cooperativas;
COFINS s/ a receita;
Contribuição Social s/ Lucro (CSLL).
A partir destas considerações
supracitadas e sempre visando o exercício
da profissão de forma preventiva e
prudente, sugerimos que as Entidades
Beneficentes de Assistência Social devem
escriturar em seu sistema patrimonial (livro
diário) e assim evidenciado em suas
demonstrações contábeis e Notas
Explicativas, o montante da isenção das
contribuições sociais usufruída.
Quanto a Contribuição Social sobre
Lucro Líquido, entendemos que é
Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário
inaplicável às entidades sem fins lucrativos, pois, não possuem “lucro”
conforme conceituação da legislação tributária, sendo impossível aplicar sua
regra de incidência.
Por fim, as entidades devem ao comparar e registrar suas Gratuidades e
devem fazê-lo observando esse montante de Contribuições Sociais
usufruído.
Levando em consideração as Normas Brasileiras de Contabilidade
vigentes em consonância com as Normas Internacionais (NIC 1), que o
Brasil está aderindo, onde não podemos compensar ativos com passivos
e nem receitas com despesas, salvo alguma NIC (Norma Internacional de
Contabilidade) específica, demonstraremos uma sugestão de
contabilização das isenções usufruídas:
REGISTRO DA DESPESA E OBRIGAÇÃO:
DESPESAS NÃO OPERACIONAIS
GRUPO ISENÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - PREVIDENCIÁRIAS
D – Despesa c/ Contribuição Social - Cota Patronal
D – Despesa c/ Contribuição Social - Autônomos
D – Despesa c/ Contribuição Social – Cooperativas
D – Despesa c/ Contribuição Social – Terceiros
D – Despesa c/ Contribuição Social – SAT
D – Despesa c/ Contribuição Social – COFINS
PASSIVO CIRCULANTE
C – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – PATRONAL a Pagar
REGISTRO DA ISENÇÃO USUFRUÍDA E
BAIXA NA OBRIGAÇÃO:
PASSIVO CIRCULANTE
D – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PATRONAL a Pagar
RECEITAS NÃO-OPERACIONAIS
C – RECEITA - ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS–PATRONALUSUFRUÍDA
Esta forma de contabilização faz com
que a Entidade demonstre em seu sistema
patrimonial a isenção usufruída, sem alterar o
resultado do exercício. E ainda, cabe
salientar que a rubrica “RECEITA-ISENÇÃO
DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS
–PATRONAL-USUFRUÍDA” não faz parte da
receita base para o cálculo dos 20%,
conforme interpretação literal do Decreto
Federal 2.536/98 e diversos precedentes em
pareceres da Consultoria Jurídica do
Ministério da Previdência Social.
Temos, pois, que com registro e
evidenciação das Gratuidades e Isenções, a
Contabilidade proporcionará melhor
qualidade e segurança das informações aos
Gestores, ao Fisco e à Sociedade em geral.
AUDISA AUDITORES ASSOCIADOS
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15
artigo
Educação Indígena Brasileira
F
alar em inclusão dos saberes indígenas, de sua cultura na educação, é falar do Brasil, ou negá-lo. É como falar de cultura grega,
sem seus escultores, sem a Ilíada de Homero, a filosofia de Platão
e Sócrates; ou da civilização romana antiga, do povo italiano, sem envolver os povos etruscos, pois é a base de sua origem, e assim, tantos
outros povos construtores de sua pátria.
A sabedoria milenar dos povos indígenas revela um carisma original,
manifestado em outras formas aprendizagem, da criação de brinquedos, flechas, danças, vestes, pinturas, mitos, línguas, sons, habitação,
o índio, ícone da vivência holística, uma rara folhagem, manifestação
das raízes mais profundas da tradição brasileira de educar, mosaico da
identidade e formação da cultura nacional, da indigedade americana e
latino-americana. Por isto, o saber indígena é importante, encontrado
nos mais diversos lugares:
1. Entre os índios “sem contato”
– permanecem em seu habitar original, com língua própria, sem o vínculo, invisíveis à sociedade vigente e vice-versa. Há indícios da existência de mais de 43 grupos indígenas ainda não contatados na Amazônia
brasileira.
2. Com índios das aldeias:
a) Sem escola: Os Kocama no Alto Solimões de família lingüística tu-
“A sabedoria milenar dos povos indígenas revela
um carisma original, manifestado em outras
formas aprendizagem”
16
Informativa- Revista
- RevistaANEC
ANEC| |artigo
artigo
Informativa
Edison Hüttner
Professor da Faculdade de Teologia da PUCRS
Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em
Cultura Indígena (NEPCI – PUCRS)
pi-guarani (7.000 índios). Somente
os índios idosos falam a língua kocama, por isto a língua vigente é o
português. Um professor kocama
Antonio Samias da Aldeia Sapotal
em Tabatinga ensina a língua kocama utilizando-se de uma gramática Cocama/espanhol1, elaborada
para os Kocamas do Peru; a etnia
Jamamadi na Boca do Acre da família lingüística Aruak (300 índios)
não possuem gramática própria.
Em janeiro deste ano estive na cidade da Boca do Acre e conversei
com representantes do povo Jamamadi. Estavam de passagem.
Em diálogo com eles, na beira do
rio, fiquei admirado, pois a maior
preocupação de um índio jovem e
professor era a organização da escola na aldeia. Mesmo sem auxilio
da secretaria da educação local,
solicitou cadernos, livros e caneta
para começar a dar aula.
b) Com escola organizada bilíngüe. Entre outras etnias que já
possuem tradição bilíngüe, como
os Tucano do Alto Rio Negro
(AM); os Kaingang da Terra Indígena Guarita, Rio Grande do Sul;
os Terena no Mato Grosso do Sul.
Podemos focar um olhar sobre os
Ticuna do Alto Solimões (30.000
índios). Segundo estudos, os Ticuna possuem uma língua própria “independente” e “isolada”,
“sem filiação com outra língua
conhecida” (Montes Rodriguez,
M. E. P. pp. 24-25). Esta etnia contatada desde o século XVI hoje
representa uma referência para a
educação indígena brasileira, pelo
interesse e persistência que sempre manifestaram através da partilha de seus mitos e saberes, de
abertura ao novo2.
_______________________________
1 Em 2007 envie cópia desta gramática ao professor kocama Antonio Samias da aldeia Sapotal em Tabatinga – como instrumento de
referência para o estudo da língua Kocama. Seria urgente um estudo profundo para elaboração de uma gramática kocama/português.
2 Muitos estudos e trabalhos importantes de pesquisadores e índios contribuíram à educação indígena Ticuna. Cito o estudo da língua escrita dos Ticuna
teve sua sistematização com a gramática de Frei Fidelis de Alviano (ALVIANO, F. Gramática, Dicionário, Verbos e Frases e Vocabulário Prático da Língua
dos Índios Ticunas. Rio de Janeiro: Ed. do IHGB, 1945); o trabalho da professora Jussara Gomes Gruber junto aos professores Ticuna em vista da valorização da tradição oral e de cursos bilíngües. Fruto deste trabalho e a publicação do livro Torü Duu’ugü (nosso povo).
Informativa - Revista ANEC | artigo
17
artigo
Dados sobre a educação Ticuna dizem:
constatamos que, em 1998, havia 7.458 alunos, com apenas 841
nas classes de 5ª a 8ª série, ao passo que em 2005 o censo escolar
apresentava um total de 16.100 alunos, dos quais 4.580 encontravam-se nas classes finais do Ensino Fundamental e nos cursos de
Ensino Médio... As escolas municipais são dirigidas por professores
Ticuna, que também desempenham em alguns municípios atividades de supervisão e coordenação de pólos. Existem 118 escolas
municipais e duas estaduais (Educação Ticuna. Povos Indígenas do
Brasil - Instituto Sócio Ambiental (ISA).
No Brasil:
Segundo o Educacenso de 2007, o Brasil possui mais de 178
mil estudantes indígenas matriculados em 2.517 escolas indígenas
em 24 estados da Federação (Conferências levam contribuição para
melhorar ensino de 178 mil indígenas. Ministério da Educação).
A atuação de professores autóctones em suas próprias aldeias
favorece um novo modelo educacional, a escola indígena, renovando-se nas conjunturas sócio-político-educacionais, instigante, porém, crítica. Como bem expressa professor Zacarias Kapiaar Gavião
(da Tribo Gavião), coordenador da Educação Escolar Indígena em
18
Informativa - Revista ANEC | artigo
Ji-Paraná (RO). Ao entrevistarmos chamou-nos atenção a sua
visão sobre educação indígena:
Na aula de história do Brasil por exemplo. Eu não parei...
vamos estudar o que esta acontecendo lá fora. Nós aqui não
fazemos feriado no dia 7 de
setembro. Pois como podemos
comemorar com aqueles que
tiraram nossas terras. Eles que
fizeram independência. Mas de
quê? Realmente é isto mesmo?”
e continua “Eu já disse que os
livros didáticos que chegam não
mostram como é mesmo nossa
cultura e nossa gente, não esta
mostrando a história verdadeira.
(NEPCI/PUCRS - 26/01/2006)
Várias são as críticas sobre o
conteúdo e o método aplicado
na aprendizagem bilíngüe, pois
coloca em jogo a credibilidade,
a pureza da interpretação da tradição e cultura de uma etnia. Gonzáles Camacho nos apresenta neste sentido algumas dificuldades
percebidas com os Ticuna da Colômbia:
• No aspecto lingüístico: a carência de um alfabeto unificado e
de estudos práticos sobre a gramática e a tecnologia;
• De ordem técnica: a indústria nacional não conta com a capacidade de produzir textos de acordo com os signos tipográficos
exigidos pelos idiomas nativos;
• De ordem formal: o apoio aos mestres bilíngües com texto
escolar;
• De ordem conjuntural: se refere à desconfiança de muitos adultos de que os trabalhos dos investigadores em conjunto com os
anciãos gerem publicações somente para escritores;
• De ordem estrutural: não tem um grupo significativo de mestres e leitores Ticuna 3. (Camacho Gonzáles, H. A. p. 88)
3. Com os índios universitários
A Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT (desde
2001) – destaca-se por ser a pioneira no Brasil com a formação de
professores indígenas do nível superior. Em 2007 foi criado o Programa de Educação Superior Indígena Intercultural:
Os Cursos de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas têm por objetivo a formação e a habilitação de
_______________________________
3 Continua Hugo Camacho: “El aprendizaje de la cultura Tikuna no es posible a través de los textos escritos y menos fuera de los espacios y tiempos culturales apropiados para ello: la chagra, el río, las jornadas de cacería, las horas de compartir alimentos, las actividades comunitarias, los rituales, entre otros”. (CAMACHO, GONZÁLES,
H. A. pp. 92-93).
Informativa - Revista ANEC | artigo
19
artigo
professores indígenas para o exercício docente no Ensino Fundamental e em disciplinas específicas do Ensino Médio, nas escolas
das aldeias... São oferecidos cursos superiores de licenciatura nas
áreas de Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Matemáticas e da
Natureza; e Ciências Sociais (Cursos. PROESI).
O número de índios na universidade é outro fator de relevância
à educação indígena. A estimativa é de mais de 5.000 índios universitários freqüentando universidades brasileiras4.
Considerações
A educação indígena brasileira vive nova fase. Os números confirmam isto, a presença de milhares de indígenas nas escolas, em
todos os níveis. O protagonismo da presença indígena na educação veicula-se: à compreensão e superação de uma tendência social ainda latente no povo brasileiro, o preconceito, conseqüência
de literaturas e livros didáticos impróprios, da política e suas leis
ideológicas, dos meios de comunicação social – diria aqui um índio:
“não mostram a nossa verdadeira imagem”; à pesquisa e ao ensino
- através da revisão sistemática dos saberes tradicionais, das narrativas orais e sua apropriada divulgação, indispensável à necessidade
de conteúdo atual para o ensino da cultura indígena5; à avaliação
dos métodos de aprendizagem, do conteúdo programático e seus
_______________________________
4 A LEI No 11. 096 proporcionou o acesso dos índios na Universidade. - Institui o Programa Universidade para Todos – PROUNI, ou seja, institui a reserva de
vagas para indígenas e afrodescendentes nas universidades.
5 A história e cultura indígena é conteúdo obrigatório no currículo oficial da rede de ensino, conforme Lei Nº 11.645/08.
20
Informativa - Revista ANEC | artigo
conceitos, do material didático,
da pedagogia desenvolvida, do
espaço físico da escola, porém,
avaliação inserida em seu contexto.
Os povos indígenas do Brasil entendem que o caminho é
a educação. Cristovam Buarque
ao elogiar Darcy Ribeiro, referese ao que ele sempre defendeu:
“O progresso não vem do
chão de fábrica, vem dos
bancos de escola. Não precisamos de uma revolução
que acabe com os ricos. Precisamos de uma revolução
que acabe com a falta de educação (Cristovam Buarque,
p. 15).”
Bibliografia
CAMACHO GONZÁLES, H. A. “Escuela, Tradición oral y Educación propia entre los Tikuna de Trapecio Amazónico Colombiano”. In: Os Ticunas Hoje. n 5, jan./dez., Manaus: Ed. da Universidade
do Amazonas, 1999.
BUARQUE, Cristovam. Universidade e Carnaval. In: Coe, Frank Azevedo e Ramos, André Raimundo Ferreira. (Org.). Séculos Indígenas no Brasil: catálogo descritivo de imagens. Porto Alegre:
EDIPUCRS, 2008. Disponível em http://www.pucrs.br/edipucrs/nepci/frame.htm. Atualizado em
12/02/2009.
FAUST, Norma. Gramática cocama: Lecciones para el aprendizaje del idioma cocama. Serie Lingüística Peruana, 6. Yarinacocha - Peru: Instituto Lingüístico de Verano. 1972.
MONTES RODRIGUEZ, M. E. “Tonologie de la Langue Ticuna. Langue indépendante de l’Amazonie
Colombienne”. (Thèse doctorale), Université, Paris VII, D.R.L. 1994.
Educação Ticuna. Fonte: Povos Indígenas do Brasil - Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível em
http://pib.socioambiental.org/pt/povo/ticuna/1350. Atualizado em 12/02/2009.
Cursos. Fonte: Programa de Educação Superior Indígena Intercultural - PROESI. Disponível em
http://indigena.unemat.br/modules/xt_conteudo/index.php?id=8. Atualizado em 12/02/2009.
Conferências levam contribuição para melhorar ensino de 178 mil indígenas. Fonte: Ministério da Educação. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content
&task=view&id=11847. Atualizado em 12/02/2009.
Entrevistas
Professor Zacarias Kapiaar Gavião (da Tribo Gavião) – Entrevistado no município de Ji-Paraná (RO),
na “Terra Indígena Igarapé Lourdes” onde se localiza a escola da aldeia Gavião (Entrevista concedida em 23 de janeiro de 2006 ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena da PUCRS).
Entrevista realizada na Boca do Acre no dia 11 de janeiro de 2009 com representantes da etnia
Jamamadi (NEPCI/PUCRS)
Leis brasileiras
LEI Nº 11.645, DE 10 MARÇO DE 2008. Fonte: Presidência da República - Casa Civil. Disponível
em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/ L11645.htm. Atualizado em
12/02/2009.
LEI No 11.096, DE 13 DE JANEIRO DE 2005. Fonte: Presidência da República - Casa Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11645.htm. Atualizado em
12/02/2009.
Informativa - Revista ANEC | artigo
21
artigo
Ação
evangelizadora na e da universidade:Universidade discípula e missionária.
Discípulos e missionários na realidade acadêmica
Uma universidade chamada a ser discípula e missionária é desafiada a comungar em sua realidade saber e práxis. Atenta à herança
de seus princípios fundantes deve inserir-se na realidade atual e
nela encontrar os sinais do Reino; o Cristo que passa, educa, liberta;
a presença e a pedagogia de Deus.
A história da ação evangelizadora ano âmbito da universidade
sempre esteve ligada a muitos fatos históricos. Os diversos contextos pelos quais passou sempre influenciaram a identidade e a
estruturação da ação pastoral na e a partir da academia. No Brasil,
foram notáveis grandes ideologias e ou teologias que emergiram
de mobilizações estudantis. A busca de compreender a realidade
e seus desafios sempre clamou por uma pastoral da inteligência, a
partir da cultura. Por vezes até mesmo com conflitos, a universidade
sempre foi um local pelo qual se observou a realidade e se buscou
transformá-la.
Na atualidade, o contexto e influência da universidade tornaramse muito evidentes e dignos de atenção, sobretudo pela organização e difusão do Ensino Superior, não ideal, mas muito maior que há
poucos anos atrás, sobretudo quando pensamos no Brasil. Nossas
universidades, pólos de irradiação do conhecimento aprimorado,
merecem também atenção devido à sua vocação de ser locus de
convergência de tudo aquilo que é essencial. Na pluralidade de
22
Informativa - Revista ANEC | artigo
Ir. Adriano Brollo
Articulador da PdU – ANEC/CNBB – Região Sul
Diretor do Setor de Pastoral da PMBCS
Assessor de Pastoral da PUCPR
[email protected]
expressões que perpassa a realidade, a universidade é chamada
a ser o lugar da virtude, a concretização da expressão latina
“in médio virtus”.
Como discípula, portanto,
a universidade deve descobrir
na realidade os sinais do reino,
os apelos do Cristo pela busca
da verdade e pela promoção
da vida em sua integralidade.
Olhando para o evangelho,
deve educar-se por ser espaço
de respeito às diferentes iniciativas, dando ênfase à pluralidade de expressões, purificando
os excessos e radicalismos e reconstruindo as que por ventura
se acomodam no conformismo,
ou num certo espiritualismo seja
fundamentalista ou relativista.
É dessa atenção e inserção
à realidade que podem ser evi-
denciados com maior clareza a identidade e missão da universidade
que se propõe a ser cristã, discípula do Cristo encarnado. Numa
linha marcadamente humano-cristã, ler e inserir-se no contexto dos
sujeitos para conhecê-los em suas potencialidades e fraquezas se
faz essencial para que a missão seja fecunda, visto que sem sintonia social não há processos de conhecer e investigar que estejam a
serviço do bem comum da comunidade humana (cf. Documento de
Aparecida, n. 463, d).
Discípulos e missionários em novos areópagos
A eclesiologia reafirmada em Aparecida reflete na universidade
e a convoca a passar de uma pastoral de conservação para uma pastoral missionária, a passar de uma fé de tradição a uma fé de convicção. Sem a premissa da sintonia social a universidade se exime de
denunciar as fraquezas de seu tempo e de profetizar uma Boa Nova
sensível à realidade e com potencial para transformá-la.
O desafio que se impõe à Pastoral no meio universitário é reconhecer os diferentes sujeitos da ação evangelizadora, reconhecendo neles seus potenciais, e inculturar o Evangelho para que fale
do lugar das pessoas, acompanhando-as e, por vezes, fazendo a
mudança das estruturas para responder às dores daqueles sujeitos
históricos que adentram à comunidade educativa; isso requer uma
nova e profunda espiritualidade.
Informativa - Revista ANEC | artigo
23
artigo
Uma pastoral somente sacramental é muito reducionista para ser
uma pastoral da universidade. Uma universidade discípula, sempre
atenta ao Evangelho e aos sinais do Reino em meio à realidade,
torna-se consequentemente missionária. Dos apelos concretos vêse vocacionada a reconhecer e desencadear conexões com os novos areópagos da contemporaneidade (cf. Doc. Aparecida, n. 491),
o mundo das comunicações, o mundo digital, o diálogo inter-religioso, o desenvolvimento dos povos, a ecologia, a biotecnologia, a
cultura e a experimentação científica e, principalmente, na formação de pensadores e líderes cristãos.
A pergunta ‘mater’ que se impõe à ação evangelizadora das
IES é como disponibilizar suas estruturas para a transformação de
uma pastoral conservadora, que por vezes não promove a educação
e a formação na fé? A missionariedade impõe a contemplação da
integralidade do processo. A visão do todo amplia o horizonte da
pastoral fazendo-a deixar de ser apenas um conjunto de atividades
e passar a se fazer presente nos centros de decisões acadêmicas,
aprofundando a formação e o acompanhamento de professores e
gestores. A resposta às urgências da pólis em suas novas configurações impõe à cátedra um posicionamento ético e estético com
linguagem e discurso pastoral capaz de capilaridade na sociedade,
24
Informativa - Revista ANEC | artigo
“Como discípula, portanto, a universidade deve descobrir na realidade
os sinais do reino,... Olhando para o evangelho, deve educar-se por
ser espaço de respeito às diferentes iniciativas”
na igreja e na instituição de ensino.
Os atores responsáveis pela ação evangelizadora na universidade precisam dessa compreensão holística sobre a universidade. Em
última instância serão sempre eles os articuladores de processos
que envolvem estratégias específicas (Doc. Aparecida, n. 338, 343),
como por exemplo a discussão sobre o currículo, o dialogo permanente com pró-reitorias e o corpo docente. É necessário superar a
pastoral que apenas reune minorias. Fazer pastoral na universidade implica em inculturar os valores de Jesus Cristo na cultura da
organização desencadeando um agir ético e estético em todas as
instâncias da universidade.
Emerge assim uma pastoral concebida como evangelização das
pessoas, das estruturas e dos saberes, que é mais que simples celebração de sacramentos, e passa a atuar como evangelização das
ciências e da cultura, que é especificidade da ação pastoral na universidade. Conforme a Ex Corde Ecclesiae, “a pastoral universitária
(...) concretiza a missão da Igreja na Universidade e faz parte integrante da sua atividade e da sua estrutura”.
Ainda, paralelamente ao processo de descobertas de amplos
processos de evangelização deve haver sempre em meio a universidade cristã a preocupação com a formação de uma verdadeira comu-
Informativa - Revista ANEC | artigo
nidade formada por discípulos e
missionários. Essa universidade
não é um simples lugar de produção de conhecimento, tão
pouco um castelo de elucubrações. Promove o diálogo em seu
meio e ao mesmo tempo com
as universidades parceiras. Essas, juntas, são panópticos que
servem para o bem comum da
comunidade. Nesse sentido, a
economia não deveria impor a
veracidade dos saberes e dos
encontros, não deveria colonizar a capacidade investigativa e
criativa de alunos, professores e
pesquisadores. A universidade,
para ser discípula e missionária,
necessita buscar a verdade, ser
livre, autêntica e mais que uma
simples produtora de títulos.
25
artigo
Darwin 200
Comemoramos em 2009 o
segundo centenário do nascimento de Charles Robert Darwin. Um homem admirado,
estudado e até considerado
polêmico por alguns.
26
A
s homenagens, os congressos, as publicações e as exposições
serão inúmeras. Sociedades científicas, filosóficas e teológicas,
universidades e museus de história natural, têm já programadas
as mais diversas atividades sobre a vida e a obra do relevante cientista,
nascido em 12 de fevereiro de 1809. A Universidade de Cambridge,
a título de exemplo, tem programado para o próximo mês de julho o
Darwin Festival, um evento científico e cultural de extrema relevância.
Do mesmo modo, o Natural History Museum de Londres já inaugurou a Darwin Exhibition, esplêndida e altamente documentada exposição sobre o autor.
Não deixa de chamar a atenção a trajetória universitária do grande
naturalista, observador e colecionador. Iniciou os estudos de medicina
na Universidade de Edimburgo. Vale acrescentar que o pai dele era médico. Abandonou essa opção antes de ter concluído o curso. Ingressou
na Universidade de Cambridge para estudar artes.
Nessa época, aproximou-se das línguas clássicas, da filosofia, da teologia e, por incrível que pareça, da matemática e da física.
Nem o mundo das humanidades nem o das ciências divinas configurou, contudo, sua indiscutível e preclara opção intelectual: a observação
atenta e crítica da natureza.
Duas experiências marcaram definitivamente o futuro do notabilíssi-
Informativa - Revista ANEC | artigo
Prof. Dr. Joaquim Clotet
Reitor da PUCRS
mo cientista: uma viagem e o jardim da sua casa.
A viagem, realizada no Beagle,
durou cinco anos e permitiu-lhe
observar, escrever, desenhar e colecionar animais e plantas numa
longa singradura. Dois terços dessa viagem passou-os em terra firme.
Por sinal, de abril a junho de
1832, esteve no Brasil e alugou
uma propriedade na baía de Botafogo. De volta à pátria comprou
uma casa, Down House, a dezesseis milhas de Londres. O grande jardim nela existente foi o seu
laboratório. A leitura dos dados
obtidos na viagem, o exame dos
espécimes coletados e seus experimentos com orquídeas, pombas, baratas e minhocas, entre os
outros muitos por ele realizados,
o inspiraram à formulação de sua
teoria da seleção natural e prepararam a edição da Origem das Espécies, 1859.
A vida e a obra do bicentenário autor são ainda hoje objeto
de acendrado estudo, pesquisa e
debate, atingindo o patamar da
transdisciplinaridade. Esse reconhecimento do valor e significado
da sua produção,contrasta com a
discrição do avisado viajante e do
erudito pesquisador, pois ele próprio afirmava que não era especialista em nenhuma disciplina.
Continua ainda hoje o estudo
e o debate entre criacionismo,
ou doutrina bíblica da criação, e
evolucionismo, proveniente da
seleção natural. O papa Pio XII
Informativa - Revista ANEC | artigo
na sua carta encíclica Humani Generis, 1950, convida e estimula o
aprofundamento de ambas as teorias. A Academia Pontifícia das
Ciências, do Vaticano, dedicou
sessões extraordinárias ao tema
no passado mês de novembro.
Afirmou-se a existência de provas que evidenciam a evolução.
Destaca-se, porém, que o ser humano, o homem e a mulher, não
são o resultado do caos, mas que
foram pensados e amados pelo
Criador. Uma conferência internacional sobre a conciliação entre
a fé e a teoria da evolução está
programada pela mesma entidade para o próximo mês de março.
Não é em vão que Darwin também estudou teologia e era homem que amava o diálogo.
27
artigo
Cultura planetária
M
uito já se disse sobre a crise do planeta Terra. Entretanto, é
preciso recomeçar sempre, porque poucos escutam. E nunca
foi tão urgente. Os sinais se manifestam em todo o cenário do Planeta: explosão demográfica; crescente aumento da miséria;
analfabetismo, que impede os seres humanos de se tornarem sujeitos
da história; violência, que desordena e degrada a convivência social e
ambiental; corrupção de políticos e agentes públicos, que buscam o
bem individual em detrimento do bem comum; contínuas guerras, em
nome da ganância, do poder e muitas vezes em nome de Deus; aquecimento global, poluição, secas, degelo das calotas polares, furacões,
ciclones, alagações, desmatamentos, queimadas, chuva ácida, extinção
de animais e de plantas. O’ Sullivan (2004, p. 341), alerta que: “nosso
mundo, o lugar onde nos encontramos e onde vivemos os acontecimentos significativos de nossa existência, manda-nos sinais de perigo. Temos
de reconhecer que o planeta que habitamos está em apuros”.
Por isso, a existência e a vida do Planeta devem ser vistas como
conteúdos essenciais da escola, impregnando as disciplinas em projetos consistentes e contínuos. Thomas Berry, no prefácio do livro de
O’Sullivan (2003, p. 20) afirma que “(...) o bem-estar da Terra e o bemestar do ser humano no seio da comunidade terrestre têm de ser o
centro unificador da educação do futuro”. O ser humano precisa ser
educado para a cultura planetária: atitude de olhar para o Planeta e o
envolvimento em projetos sociais e ambientais. A profissão e os progressos intelectuais, além de trazerem benefícios pessoais e familiares,
devem trazer benefícios sociais e planetários.
28
Informativa - Revista ANEC | artigo
Lauro Daros
Diretor gerall do marista de Cascavel. Pós-graduado em
Língua Portuguesa e Estudos Literários. Administração e
supervisão escolar. Mestrado em Educação.
Nesse contexto, Thomas Berry (2004, p. 23) escreve também: “Toda
profissão e toda ocupação dos seres humanos têm de estabelecer-se
dentro do funcionamento integral do Planeta”. O’Sullivan (2004, p.
27) pensa que, no advento do período pós-moderno, “o quadro de
referências educacional apropriado para esse movimento tem de ser
visionário e transformador e deve ir além das perspectivas educacionais convencionais que cultivamos durante os últimos séculos”. E mais
adiante, o autor questiona: “Como é que nós, educadores, nos encaixamos em mudança tão profunda”?
A humanidade passa por uma fase de transformação, ou seja, transição paradigmática. A Era Moderna não cumpriu a dádiva da felicidade. É preciso, por isso, buscá-la na Era Pós-Moderna. Há, porém,
impressão de caos: se já não se deseja o modernismo, ainda não se
vê o rosto do pós-modernismo. Tem-se consciência de que os valores
modernos não trazem felicidade, mas ainda são poderosos e é difícil
imaginar-se sem eles. Embora exista no ar sensação de novidade, o ser
humano continua predominantemente racional, insensível, individualista, consumista, depredador do meio ambiente.
Seria ingenuidade, porém, pensar que a escola dá conta de resolver
todos os problemas. “Mas ela, certamente, poderá ajudar na formação
de uma consciência ecológica e na promoção do aprendizado da busca do sentido das coisas, do sentido da vida” (Moraes, 2004, p. 321).
Pergunta Assmann (1998, p. 14): “Quem duvida que a educação é,
hoje, mais que nunca, a mais avançada tarefa emancipatória?”
A transição paradigmática não decorre de um ato de vontade indivi-
Informativa - Revista ANEC | artigo
dual ou de grupo. É um processo
mais complexo que se constata
no movimento de transformação
da realidade, que sucede de um
complexo conjunto de fatores,
condições e circunstâncias científicas, econômicas, tecnológicas,
epistemológicas e sociais. Entretanto, a educação deve assumir
postura protagonista, envolvendo o professor na formação continuada e na práxis transformadora.
O salto paradigmático acontece no processo de integrar a
visão antropocêntrica à cosmovisão que olha para a existência e
para a vida. O princípio antrópico
induziu a uma visão antropocêntrica do cosmos, isto é, de colocar a natureza a serviço do ser humano, que a explora e a devasta.
O princípio antrópico se divide
em forte e fraco. O primeiro afirma que o universo comportou-se
29
artigo
de forma a se adaptar ao ser humano. Para o segundo, o universo
se comportou de forma a surgir o ser humano. Hawking (198, p.
180) pensa que “vemos o universo da maneira como ele é porque,
se fosse diferente, não estaríamos aqui para vê-lo”. O ser humano
de visão antrópica vê-se no centro da criação e da evolução, e nessa
condição, dá-se o direito de dominar e explorar o Planeta. Por outro lado, a cosmovisão é o olhar integral e holístico sobre o mundo,
que não exclui a visão antropocêntrica, mas a integra à existência
e à vida. O ser humano acolhe a natureza e com ela mantém relação de respeito e de promoção. A cosmovisão apresenta a visão
do todo e a educação, em tal contexto, de acordo com O’ Sullivan
(2004, p. 33), olha para a Terra em primeiro lugar.
Integrar é um verbo muito importante nesta era de dualismos.
Segundo Houaiss (2004, p. 1630), significa “incluir-(se) um elemento
num conjunto, formando um todo coerente; unir-se, formando um
todo harmonioso; completar-se; complementar-se”. A definição de
dualismo vem de Abbagnano (2003, p. 294): “(...) o fundador do
dualismo seria Descartes, que reconheceu a existência de duas espécies diferentes de substâncias: a corpórea e a espiritual. Essa palavra, todavia, foi estendida para indicar outras oposições reais...”
Entre as tantas, além da dicotomia visão antropocêntrica e cosmovisão, podem ser citadas: teoria e prática, ser humano e natureza,
ciência e vida, ciência e fé, ciência e política, masculino e feminino,
chrónos (tempo do relógio) e kairós (tempo da vida), razão e emoção, saber cotidiano e saber científico, local e global, sonho e rea-
30
Informativa - Revista ANEC | artigo
lidade, quantidade e qualidade,
objetividade e subjetividade,
horizontalidade e verticalidade,
indivíduo e sociedade, imanente e transcendente. Integrar os
dualismos, para que se harmonizem e se completem, é essencial
para que a educação seja protagonista da transformação.
Para dar respostas aos problemas sociais e ambientais, o
compromisso da escola é com o
cidadão planetário. Um ser humano intelectualmente desenvolvido, capaz de refletir e de
produzir conhecimento, capaz
de viver os valores e as virtudes,
capaz de conviver com o outro e
com a natureza, é capaz, com o
auxílio da ciência e da tecnologia, de progredir e de cuidar da
existência e da vida.
O triplo gatilho – conhecimento, caráter e convívio – para
a formação completa do cida-
dão, apto ao progresso apropriado, é defendido por Balestro (2008, p. 146): “A educação
de triplo gatilho, a um só tempo do caráter, do convívio e do
conhecimento, constitui a pedra de toque da civilização, ao
passo que a sua falta é a grande pedra de escândalo de nossos dias...”. Balestro completa:
“Tudo o mais viria como natural
e inelutável...” (p.112).
Precisa-se cuidar das pessoas
e dos demais seres vivos. Cuidar
da água, do solo, do ar. Cuidar
das florestas. Cuidar das cidades, com ruas arborizadas, praças, bosques, parques; cuidar
das casas, prédios públicos e
privados, com jardins e espaços
naturais. Cuidar do meio ambiente cultural e natural onde se
manifesta a vida humana e dos
demais seres. Enfim, cuidar da
existência e da vida.
Bibliografia
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação.
Rumo à sociedade aprendente. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998.
BALESTRO, Virgílio. Samurais e Bandeirantes: contrastes e confrontos inexoráveis.
Curitiba: Gráfica e Editora Kaygangue Ltda,
2008.
HAWKING, Stephen W. Uma breve história
do tempo. Trad. Maria Helena Torres. Rio:
Rocco, 1988.
HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da
Língua Portuguesa. Rio: Objetiva, 2004.
MORAES, Maria Cândida. Pensamento Ecossistêmico – educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes,
2004.
O’SULLIVAN, Edmund. Aprendizagem Transformadora: uma visão educacional para o
século XX. Trad. Dinah A. de Azevedo. São
Paulo: Cortez, 2004.
Informativa - Revista ANEC | artigo
31
artigo
Uma
celeste ajuda
para o professor e a educação
32
Informativa - Revista ANEC | artigo
Ir. Israel José Nery fisc
Irmão Lassalista, é educador, catequeta, conferencista, escritor, com 53 livros publicados.
Atualmente é Secretário Provincial Lassalista, membro do GRECAT/CNBB, e presidente de
SCALA (Sociedade de Catequetas Latino-americanos).
A realidade
Assusta-nos o que revelam as pesquisas sobre a situação da educação no Brasil. O ENEM, a cada ano, revela uma parte e alguns aspectos. Várias reportagens e estudos têm mostrado um pouco mais.
Ora, é sabido que, sem um alto investimento em educação, nenhum
país consegue progredir. Afinal por que há tão pouca valorização dos
governos e das famílias pelas crianças e jovens e pelo futuro delas e,
conseqüentemente, pelo futuro do país?
Não basta, porém, melhorar o “ensino” e o processo de aprendizagem. É essencial “educar”, pois afinal, somos humanos, portanto,
perfectíveis, necessitados de valores e de referenciais para o sentido
da vida. Neste sentido, não existe educação sem trabalhar seriamente ética, moral, Direitos Humanos, valores, cidadania, religiosidade...
Mas como educar se o que hoje manda é o consumo, a lei do levar
vantagem, o desprezo pela ética e pela moral, o egoísmo, a guerra
contra a vida, contra o planeta e a religião, a banalização do crime,
da violência e da corrupção?... Como educar se, cada vez mais, os
pais – primeiros e principais educadores de seus filhos -, pouco zelam
pela educação dos valores em casa e na sociedade? Como educar se
a família e a sociedade cobram apenas “passar no vestibular e fazer
uma faculdade”, “subir na vida”, “aproveitar a vida”...
Um Padroeiro dos professores
Diante do que está acontecendo é essencial não desanimarmos,
Informativa - Revista ANEC | artigo
antes precisamos firmar a fé em
nossa vocação e missão de educadores. Para isso, relembro um
importante documento do Papa
Pio XII, sobre a valorização que
a Igreja dá à vocação e missão
do professor e o fato de termos
um celeste padroeiro. Cito aqui
três parágrafos do referido documento, intitulado Quod Ait,
do dia 15 de maio de 1950:
Estas palavras de São Boaventura “Verdadeiro mestre é
tão somente quem souber iluminar e enriquecer a mente e
infundir a virtude no coração do
aluno” deveriam ser meditadas,
mais do que nunca, nestes tempos em que vemos o ensino da
juventude, muitas vezes, não somente dissociada da formação
moral, porém, contribuindo,
muito eficazmente, para a ruína
33
artigo
das almas, especialmente quando se lhe acrescenta o desprezo de
Deus e da Religião.
Por isso, cerca a Igreja com solícito afeto os que se consagram à
educação da juventude, porquanto é deles que dependem, em grande parte, a salvação e o progresso da comunidade cristã. Ora, existiu
um homem, eminente em santidade e ciência, São João Batista de La
Salle que, pessoalmente e por meio do Instituto que fundou, deu e
continua a dar aos jovens uma formação sã e integral e zelou igualmente pela cuidadosa preparação dos mestres...
Estimando que à educação deve ser dada a máxima importância,
e para que tenham novos motivos e novo estímulo para desempenharem conscientemente função de tamanha responsabilidade os que se
consagram à formação das almas juvenis, de boa vontade..., pelas
presentes letras e, para sempre PROCLAMAMOS E DECLARAMOS
São João Batista de La Salle ESPECIAL PADROEIRO, junto de Deus,
de todos os professores que se dedicam à educação da infância e da
juventude.
34
soais aos pobres e envolveu-se
plenamente com aquele grupo e
deu-lhe um rumo. A associação
se transformou num Instituto de
Religiosos Irmãos Educadores, a
primeira Congregação religiosa
de Irmãos. Quando La Salle morreu, em 1719, havia 100 Irmãos
e 32 escolas. E ele deixava 22
livros publicados. Eis alguns de
seus pensamentos:
Alguns pensamentos do Padroeiro dos professores
Pais: “Os professores precisam falar assiduamente com
os pais para que empreguem
todos os meios para assegurar
aos filhos a necessária instrução,
enviando-os à escola” (La Salle:
Guia das Escolas, 8).
La Salle (França, 1651 – 1719), era sacerdote e de família muito
rica. Com poucos anos de ordenado padre, assumiu uma nascente
associação de professores, que teve início com um professor chamado Adriano Nyel. Em seguida, decidiu distribuir seus bens pes-
Educação Integral: “Em vossa
profissão deveis unir o zelo pelo
bem da Igreja como o zelo pelo
Informativa - Revista ANEC | artigo
bem do Estado. O bem da Igreja, o promovereis fazendo os vossos
alunos verdadeiros cristãos. O bem do Estado, ensinando-lhes tudo
o que vos cabe na área do conhecimento...” (La Salle, Medtação160).
Professores: “Se tendes para com os vossos alunos a firmeza de
pai para tirá-los e afastá-los do mal, deveis ter-lhes também a ternura de mãe para atraí-los e fazer-lhes todo o bem que depende de
vós” (La Salle, Meditação 101,3); “É preciso acostumar os professores a terem semblante descarregado, fisionomia serena, exterior
que manifeste espírito firme, porém cheio de bondade” (La Salle:
Guia das Escolas, 6); “Vós exerceis um emprego que vos coloca na
obrigação de mover os corações dos vossos alunos, o que só é possível realizar pelo Espírito Santo” (La Salle, Meditação 43,3); “Em
vossa profissão de educadores vós sois ministros, embaixadores e
representantes de Jesus Cristo e é assim que os alunos devem vos
considerar. Comportai-vos de acordo com esta vossa dignidade”
(La Salle, Meditações 133, 155, 203); “Uma das qualidades que o
bom pastor deve possuir é conhecer todas as ovelhas distintamente. Esta também deve ser uma das atenções primordiais dos que
se dedicam à educação dos outros: conhecê-los bem e discernir o
modo de tratar com eles” (La Salle, Meditação 33,1); “Convencereis
muito mais os alunos com vosso exemplo de uma vida correta, do
que com muitas palavras” (La Salle, Meditação 33,2).
Informativa - Revista ANEC | artigo
35
informativo publicitário
36
Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário
Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário
37
artigo
Uma ponte para o
possível
D
o latim communicatione, o termo comunicação traz a ideia de
compartilhar ou tornar comum. Os dicionários a definem como
“capacidade de trocar ou discutir idéias, dialogar, com vista
ao bom entendimento entre pessoas”1. Aqui tratamos de um processo
mais complexo, que envolve não apenas pessoas e ideias, mas organizações e instituições e a forma como estas transmitem informações,
compartilham e trocam ideias e valores com os segmentos da sociedade
com os quais têm de se comunicar.
A explosão do processo comunicacional, que alcança no início deste século proporções inimagináveis com a popularização da internet,
transferiu para os meios de comunicação debates que se desenvolviam
em espaços públicos concretos. Em lugar de praças, feiras e ruas, a mídia tornou-se a instância mediadora na configuração do espaço público
moderno. Transitar neste novo espaço sem tropeços é o desafio que se
apresenta às organizações.
Qualquer que seja a instituição e o ramo de atividade, necessita do
aval da sociedade para que esta indique se o que está sendo feito pela
instituição está de acordo com interesses e necessidades da sociedade
na qual está inserida. Utilizar a imprensa para tornar público o trabalho
de uma instituição tem por fim prestar de contas.
Os serviços de assessoria de imprensa e comunicação surgem como
pontes naturais e imprescindíveis,
estabelecendo a ligação entre o
mundo organizacional e a sociedade. Alimentar a mídia com informações precisas e seguras, em
linguagem acessível, garantindo
transparência, talvez seja a única
forma de assegurar o desejado e
necessário entrosamento.
Contudo, a assessoria de imprensa e comunicação não pode
ser a única responsável pela imagem pública de uma entidade,
seja uma instituição de ensino ou
de qualquer outro ramo. Se o produto ou serviço oferecido não estiver de acordo com as expectativas do público a que se destina, a
comunicação não vai consertar os
estragos na imagem provocados
por má administração.
_______________________________
1 Novo dicionário da língua portuguesa, Aurélio Buarque de Olanda. 2ª edição – Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1986.
38
Informativa - Revista ANEC | artigo
Joyce Russi
Jornalista especializada em Gestão da Comunicação nas Organizações, é consultora
de Comunicação da Companhia de Notícias (CDN) e mestranda na linha de Jornalismo
e Sociedade da Universidade de Brasília (UnB).
A melhor forma de assegurar
o sucesso de uma estratégia de
comunicação é atuar de forma
integrada e afinada com os interesses e valores defendidos pela
organização. É necessário que o
projeto de comunicação seja definido em conjunto com a cúpula
administrativa, com base em valores, princípios e diretrizes comuns.
A comunicação deve considerar
as formas de relacionamento com
os diversos públicos de interesse
da organização.
O relacionamento direto com a
mídia, ensina Wilson da Costa Bueno2, não pode ser resumido a ter o
nome de jornalistas ou o título de
jornais e revistas em um cadastro,
que produz etiquetas. Também vai
além de gerar releases via fax, cor-
reio ou e-mail. Por se tratar de uma
relação fundamental para assegurar a boa imagem da instituição, é
importante profissionalizar o serviço de modo a não correr riscos
desnecessários e aumentar a eficiência desses relacionamentos.
O sucesso da estratégia de
comunicação passa ainda pela
empatia e confiança estabelecida
entre dirigentes da organização e
profissionais contratados. Confiar
e saber utilizar bem as estruturas
e profissionais de assessorias de
imprensa e comunicação, enxergar a mídia como ombudsman da
sociedade e respeitá-la como seu
porta-voz é um passo decisivo para
garantir melhora no relacionamento com a imprensa e com a opinião
pública.
_______________________________
2 Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. Barueri-SP, Manole, 2003.
Informativa - Revista ANEC | artigo
39
artigo
Campanha da Fraternidade 2009:
uma chance à
A
Fonte: http://www.cnbb.org.br
40
paz!
Campanha da Fraternidade 2009 põe diante de cada instituição educacional católica a oportunidade de contribuir para
o fortalecimento da consciência ética e responsabilidade
social. Seu tema, “Fraternidade e Segurança Pública”, colocará em
pauta as violências, a justiça social, a insegurança e a cultura de paz
– questões que interessam não somente à Igreja, mas também a professores, pais, crianças e adolescentes.
A frase do Profeta Isaías escolhida como lema da CF 2009 – “A paz é
fruto da justiça” – nos convoca a refletirmos sobre as condições necessárias para o estabelecimento de uma sociedade, comunidade, escola
e/ou família pacíficas.
A paz, assim como a violência, é uma construção humana. Ambas são
resultantes de múltiplos processos históricos, econômicos, sociais e culturais – os quais, por sua vez, fundamentam-se em determinados valores.
Há valores que conduzem à paz, tais como a cooperação, o diálogo, a
solidariedade, a diversidade, a generosidade e a empatia. Por outro lado,
há valores que favorecem a violência: o egoísmo, a competição, a dominação, a noção de superioridade, o fundamentalismo, a exclusão, a
vingança, a omissão etc. Cada um é livre para escolher os valores em que
deseja acreditar e praticar, e deve ser responsável por sua escolha. Ser um
cidadão de paz é muito mais do que não ser um indivíduo violento. Fazer
o bem é algo infinitamente maior do que não fazer o mal.
A violência não é inerente à espécie humana. Mas a paz também
Informativa - Revista ANEC | artigo
Prof. Dr. Feizi Milani
Fundador do Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos Humanos (INPAZ). Doutor em
Saúde Pública. Professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Médico de adolescentes.
Consultor educacional e conferencista internacional. Blog: www.feizimilani.blogspot.com E-mail:
[email protected]
não brota por geração espontânea. A paz é uma meta ainda por
ser assumida e priorizada pelas
pessoas, escolas e sociedades. No
caso do Brasil, os desafios para a
construção de uma Cultura de Paz
são múltiplos. Abordaremos três
dos principais: a justiça social, a
educação e a ética.
Justiça social significa redução
das desigualdades, em especial a
econômica, a social, as que existem entre os sexos, entre as raças
e, na aplicação da justiça. Essas
cinco formas de opressão vem se
perpetuando desde o início da
história do Brasil. Para que não se
chegue à guerra civil, faz-se mister a combinação de estratégias
– políticas públicas visando uma
efetiva redistribuição de renda, a
reforma agrária e o apoio ao pequeno produtor, a erradicação da
miséria, ações afirmativas para os
afrodescendentes, a melhoria da
qualidade de vida nas áreas mais
carentes etc.
A educação desempenha
papel crítico na construção da
justiça e da paz. É preciso garantir o acesso, a permanência
e o sucesso de todas crianças e
adolescentes à rede de ensino, e
que a escola promova um aprendizado significativo e coerente
com a cultura de paz. A escola
não pode ter como objetivo supremo preparar os estudantes
para atender às demandas do
mercado. Quando o conhecimento técnico e as habilidades
intelectuais são desenvolvidos
sem a equivalente formação ética, geram-se monstros. A educação precisa ser integral, visando
ao pleno desenvolvimento das
Informativa - Revista ANEC | artigo
potencialidades físicas, mentais,
emocionais e espirituais do ser
humano.
A incorporação e a aplicação
de valores morais em todos os
níveis de decisão e atuação é outro desafio. Para isso, é preciso
ressacralizar o mundo, salvandoo da unidimensionalidade materialista. Isso pode ser feito em
uma abordagem transreligiosa,
buscando nas tradições espirituais da humanidade os princípios
éticos universais e atemporais.
Essa é a preciosa oportunidade que a CF 2009 oferece ao
Brasil: revermos nossa cultura,
questionarmos os valores pessoais e coletivos, e escolher o caminho da justiça, o qual nos conduzirá à paz. Permita Deus que
estejamos a altura dela e saibamos aproveitá-la.
41
educação superior
Complexo de Prontos-Socorros
auxilia no ensino dos alunos
de Medicina da
PUC-Campinas
T
razer benefícios para a sociedade, mas também acrescentar
na formação do estudante de Medicina. Estes foram os principais benefícios que a inauguração do Complexo dos ProntosSocorros (Adulto, Infantil, Ortopedia e Ginecologia/Obstetrícia) do
Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas, no
dia 6 de fevereiro, trouxe para Campinas e região.
Para o diretor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, José
Espin Neto, com a nova infra-estrutura os alunos da Faculdade de
Medicina terão melhores condições para o exercício da atividade e
para um aprendizado mais qualificado. Já os pacientes ganham no
aumento do conforto e da comodidade que a ampliação proporcionou. “O Pronto Socorro está mais amplo, o que permite uma maior
capacidade de recepcionar o paciente e isso tem um impacto direto
no ensino. Com as melhorias é fortalecido o relacionamento paciente
e médico”, afirmou o diretor.
Espin ainda destaca que o estudante de Medicina da PUC-Campinas tem um grande diferencial em sua formação, já que conta com
um Hospital inteiro que é utilizado no processo pedagógico. “Poucas faculdades particulares confessionais têm um Hospital próprio
como nós. Isso faz com que o acesso seja ilimitado para os estudantes aprenderem.”, finaliza o professor.
O reitor da PUC-Campinas, padre Wilson Denadai salientou a importância do Hospital da Universidade no processo de aprendizagem,
não apenas para a Faculdade de Medicina, mas para os alunos de
42
Informativa - Revista ANEC | educação superior
todos os cursos da área da saúde. “Nas atividades da Universidade, é evidente que esse novo
pronto-socorro estará avançando nos trabalhos correspondidos
na pesquisa e na extensão”.
Para o arcebispo Metropolitano de Campinas e grão-chanceler da PUC-Campinas, dom
Bruno Gamberini, com a inauguração das novas instalações do
Hospital é necessário agradecer
a todas as pessoas, que na dimensão do trabalho na Federação exercem obras tão importantes como estas.
O Pronto Socorro começou
seu funcionamento, efetivamente, no último dia 16 de fevereiro, e a expectativa é de dobrar
o atendimento atual, de oito
mil consultas mensais, para 16
mil. “Trata-se de uma obra importante e que atende todos
os critérios e parâmetros que o
Ministério da Saúde estabelece
de acolhimento, humanização e
segurança para o profissional da
saúde”, afirmou o ministro da
Saúde, José Gomes Temporão.
Ainda de acordo com o ministro, com a ampliação da infraestrutura do Pronto Socorro da
PUC-Campinas, há um ganho na
qualificação dos atendimentos
de Campina e de toda a região.
“Esperamos com essas novas estruturas atender de uma
forma cada vez melhor a população, principalmente a mais carente de Campinas e região, que
chega à emergência”, explica
o superintendente do Hospital
e Maternidade Celso Pierro da
PUC-Campinas, Antônio Celso
de Moraes. A expectativa do superintendente com a reforma é
reduzir as filas que costumam se
Informativa - Revista ANEC | educação superior
43
educação superior
formar na parte externa das unidades, agilizar a triagem obrigatória
de pacientes e melhorar os sistemas de sinalização que garantam
fluidez no atendimento e autonomia ao usuário.
A reforma dos Prontos-Socorros aumentou a área ocupada de
558,22 metros quadrados para 1.328,03, o que possibilitará um melhor fluxo de atendimento dos pacientes. O número de leitos de retaguarda para pacientes críticos do Pronto-Socorro Adulto passou de
3 para 5, que possibilitará melhorias no acolhimento dos pacientes, já
do Pronto-Socorro Infantil permanecerá com 5 unidades. Segundo o
diretor, outras melhorias estão no aumento do número de alunos que
poderão freqüentar o Hospital, o aumento nos esquemas de plantões
e divisões de áreas privativas. “Todas essas melhorias faz com que o
paciente se sinta mais confortável dentro do hospital, se sinta um cidadão” disse.
A obra seguiu as diretrizes do Programa QualiSUS, que preconiza
criar, nos hospitais, grupo de humanização no atendimento, além de
reorganizar o funcionamento com a priorização de leitos para pacientes da emergência, instituir a triagem classificatória de risco e capacitar profissionais.
Participaram da inauguração do complexo hospitalar o ministro
da Saúde, José Gomes Temporão, o secretário da Saúde do Estado
de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, o prefeito de Campinas,
Hélio de Oliveira Santos, o secretário de Saúde de Campinas, José
Francisco Kerr Saraiva, o arcebispo Metropolitano de Campinas, dom
44
Informativa - Revista ANEC | educação superior
Bruno Gamberini, o vice-presidente da Sociedade Campineira
de Educação e Instrução (Scei),
Sebastião Carlos Biasi, o reitor
da PUC-Campinas, padre Wilson
Denadai e o superintendente do
HMCP, Antônio Celso de Moraes.
Classificação de Risco
A classificação de risco, considerada um dos pontos mais
importantes do Programa QualiSUS, realiza o atendimento de
acordo com a necessidade. No
HMCP, as cores azul, amarelo e
vermelho, são as que identificam a gravidade do estado de
saúde dos pacientes. Pacientes
em estado grave, trazidos por
resgate, SAMU e concessionárias de rodovias (cor vermelha)
serão atendidos em caráter de
emergência, não precisando esperar atendimento. Para a cor
amarela estarão restritos pacientes considerados de urgência,
que apresentam, por exemplo,
queixa de dor aguda. Já na cor
azul ficarão pacientes com queixas crônicas, como lombalgia,
que receberão a indicação de
atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo o
superintendente do HMCP, Antônio Celso de Moraes, muitos
pacientes procuram os prontossocorros com um quadro clínico
não emergencial (cor azul). “Esse
perfil de paciente acaba desviando a atenção da equipe, que deveria ser destinada aos pacientes em urgência e emergência”,
avalia. Segundo estimativas das
Unidades de Urgência e Emergência do Hospital, a população
atendida hoje no Pronto-Socorro
Adulto do Hospital e Maternidade Celso Pierro é de 80% azul.
Atendimento à população, nas novas instalações
dos Prontos-Socorros (Adulto, Infantil, Ortopedia e
Ginecologia/Obstetrícia) do Hospital e Maternidade
Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas.
_______________________________
Assessoria de imprensa da PUC-Campinas
Informativa - Revista ANEC | educação superior
45
educação
educaçãosuperior
superior
Do sonho de um homem à
realidade da vida de milhares de pessoas
Passado e presente da PUC
Minas, idealizada por Dom
Antônio dos Santos Cabral,
são marcados pelo serviço
à sociedade, por meio do
ensino, pesquisa e extensão
de qualidade.
Fachada do campus Coração Eucarístico
-Crédito: Marta Carneiro
46
46
Informativa
Informativa- -Revista
RevistaANEC
ANEC | | educação
educaçãosuperior
superior
O ano é 1958. Marcado pela primeira conquista brasileira em uma
Copa do Mundo, pela escolha do Papa João XXIII para assumir o Vaticano, e, em Minas Gerais, pelo lançamento da pedra fundamental de
construção da Usiminas, o ano também marca o início da Universidade
Católica de Minas Gerais. Em 12 de dezembro de 1958, nasceu a Universidade, fruto do sonho de um homem, conhecido e eternizado pelo
bairro que leva o seu nome: Dom Antônio dos Santos Cabral, o Dom
Cabral. O sonho desse homem hoje faz parte diretamente da vida de
alunos, professores e funcionários, e, indiretamente, da vida de milhares
de pessoas beneficiadas por projetos de extensão e pesquisa e pelos
profissionais eticamente formados na Universidade desde a sua criação.
A história da PUC Minas começa em 1884, em Propriá, Sergipe. Lá,
nasceu Dom Cabral, que veio para Belo Horizonte em 1922 para ser o
primeiro bispo da jovem capital mineira. Veio com a missão de dotar a
cidade da assistência de uma Igreja que auxiliaria o funcionamento e o
crescimento da capital. A diocese foi elevada a arquidiocese em 1924
e praticamente não tinha bens. Com seu espírito empreendedor, Dom
Cabral, que também se elevou de bispo a arcebispo, pôs-se a trabalhar
para formar algum patrimônio e construir as paróquias. Dentre as aquisições da nova Arquidiocese, a Fazenda Pastinho, no bairro Bela Vista,
hoje bairro Dom Cabral, que abrigou, inicialmente, o Seminário Eucarístico de Jesus. Uma parte desse terreno foi comprada pelo próprio Dom
Cabral, com a herança herdada do pai.
O professor padre Geraldo Magela Teixeira, reitor da PUC Minas
entre 1987 e 2003, conheceu Dom Cabral quando ainda era seminarista. Ele se lembra bem da visão moderna que o arcebispo trouxe para
Informativa - Revista ANEC | educação superior
Belo Horizonte: “Era tão ligado
à educação, que, no seminário, a
biblioteca era o centro das construções”, lembra. O prédio onde
funciona atualmente o Centro de
Registros Acadêmicos no campus
Coração Eucarístico foi a inovadora biblioteca do seminário.
O nascimento da Instituição
A exemplo das universidades
católicas que já haviam sido criadas no Rio de Janeiro, em São
Paulo e em Porto Alegre, Belo Horizonte também queria a sua universidade católica. Padre Magela
lembra-se bem da influência que
Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, cardeal de São Paulo,
exerceu sobre Dom Cabral para a
criação da Universidade Católica
de Minas Gerais. “Preocupadíssimo com a formação católica dos
universitários, o Cardeal Motta
criou, em 1946, a Universidade
47
educação superior
superior
educação
Católica de São Paulo. Dom Motta era mineiro de Bom Jesus do
Amparo e sempre foi muito ligado
a Minas Gerais, preocupando-se,
também, com a formação dos mineiros”, lembra Padre Magela.
O alvo da criação de uma universidade católica em Belo Horizonte era oferecer à juventude
que emergia dos colégios, quase
todos religiosos, uma opção de
Universidade comprometida com
a saúde física e mental das pessoas, com o resgate dos pobres e
com a justiça e os direitos fundamentais dos cidadãos. Em junho
de 1948, foi criada a Sociedade
Mineira de Cultura, mantenedora
da futura Universidade. As primeiras escolas a se incorporarem à
Sociedade foram a Faculdade de
Filosofia, Ciências e Letras Santa
Maria e a Faculdade Mineira de
Direito, em 1949, seguidas da Escola de Enfermagem Hugo Wer-
48
48
neck e da Faculdade de Ciências Médicas, em 1951, e da Escola de Educação Física, em 1952. Em 1954, a Escola de Serviço Social foi incorporada
com todo o seu patrimônio, incluindo seu imóvel e sua vasta biblioteca,
cumprindo, assim, as exigências do Ministério da Educação. Em 12 de dezembro de 1958, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, e
o ministro da Educação, Clóvis Salgado, assinaram o decreto de criação da
Universidade Católica de Minas Gerais.
50 anos depois
Campus de Arcos, Guanhães, Poços de Caldas, Serro e Belo Horizonte
(unidades Coração Eucarístico, São Gabriel, Barreiro, Praça da Liberdade),
núcleos universitários de Betim e de Contagem.
• 56 cursos de graduação, com mais de 48 mil alunos
• 297 cursos de pós-graduação lato sensu, com mais de 8 mil alunos
• 24 programas de pós-graduação stricto sensu, com 1.372 alunos
• 69 cursos de extensão, com mais de 1.600 alunos
• dois cursos seqüenciais, com quase 300 alunos;
• cerca de 2 mil professores e cerca de 2 mil funcionários.
Educação como força transformadora
Do sonho de Dom Cabral até a concretização de uma grande Universidade, a PUC Minas passou pelo trabalho inicial fundamental do primeiro
reitor, padre José Lourenço da Costa Aguiar; pela capacidade de articulação e resistência de Dom Serafim Fernandes de Araújo; pelo título de Pon-
Informativa--Revista
RevistaANEC
ANEC | | educação
educaçãosuperior
superior
Informativa
Dom Antônio dos Santos Cabral
Crédito: Centro de Memória e de
Pesquisa Histórica
tífícia que veio em 1983 e marcou a gestão do professor Gamaliel Herval;
pelo desenvolvimento tecnológico e criação dos cursos de pós-graduação
na gestão do padre Lázaro Assis Pinto; pelo grande crescimento e expansão na gestão do padre Geraldo Magela Teixeira; e pela sintonização com
as demandas da sociedade contemporânea, que marcaram a gestão do
professor Eustáquio Afonso Araújo. Hoje, a PUC Minas, sob a gestão do
professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães desde agosto de 2006,
vive o desafio de continuar a construção do sonho de Dom Cabral: uma
Instituição que, afetiva e efetivamente, dê a sua contribuição para uma sociedade mais justa e mais digna, em um mundo mais humano.
Nesses 50 anos, Belo Horizonte foi muito além da marca de cem mil habitantes prevista por seus idealizadores. O Brasil passou por diversas crises,
por um governo militar, pelo processo de redemocratização e hoje enfrenta
os desafios da globalização. “A PUC Minas sempre acreditou na educação
como o melhor caminho para a transformação da sociedade. E se mantém
atenta e sensível aos desafios da contemporaneidade no que tange ao progresso tecnológico e à complexificação da própria sociedade”, afirma o
reitor, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães.
Assistência judiciária gratuita, clínicas de psicologia, de fisioterapia, de
fonoaudiologia e de odontologia, convênios com organizações não-governamentais que prestam serviços comunitários, concessão de bolsas de estudos para alunos de baixa renda, parcerias para a criação e manutenção
de projetos sociais, apoio à inclusão de portadores de necessidades especiais, são iniciativas que se somam a um projeto de educação integral para
levar adiante o sonho de Dom Cabral.
Informativa - Revista ANEC | educação superior
Entre as melhores
O Índice Geral de Cursos
(IGC) de 2008, do Ministério da
Educação, confirmou a PUC Minas entre as melhores instituições
de ensino do País. O ICG avalia a
qualidade dos cursos de graduação, mestrado e doutorado, distribuídos em campi e municípios
onde as universidades atuam. A
PUC Minas ocupou o primeiro
lugar entre as particulares em
Minas Gerais. Este ano, a Universidade deu início a um novo
desenho estrutural para sua atuação acadêmica, capaz de colocá-la ainda mais ágil e forte para
enfrentar o quadro de mudanças
estabelecidas para a educação
superior no Brasil. É a certeza,
para seus quase 60 mil alunos,
dois mil professores e dois mil
funcionários, que a chama do sonho de Dom Cabral permanece
acesa e não se apagará.
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educação superior
Pureza e qualidade nas
matérias-primas
farmacêuticas
Por Eduardo Borba - Repórter da Assessoria de Comunicação da PUCRS
Antes de fazer uso de um medicamento recomenda-se a leitura
atenta da bula. Mas até uma substância chegar ao público, existe
um longo processo, invisível aos leigos, mas fundamental à indústria
farmacêutica. Para caracterizar, avaliar e monitorar os insumos utilizados na produção de medicamentos, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e industrial do setor farmoquímico nacional, foi
criado o Laboratório Analítico de Insumos Farmacêuticos (LAIF), que
começou a operar no final de 2008 na PUCRS.
Dotado de uma estrutura inédita na América Latina, o LAIF está
situado no Parque Científico e Tecnológico da Universidade (Tecnopuc). Reúne o que existe de mais avançado em equipamentos para
verificar a qualidade de uma matéria-prima. Com eles, é possível
fazer a identificação de materiais, o teor e o grau de pureza, a verificação da presença de metais pesados (como chumbo e mercúrio),
a determinação do tamanho de partículas e o seu grau de toxicidade ao organismo humano, entre outros. As aquisições de R$ 4,5
milhões são de recursos do Ministério da Saúde, por intermédio
da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “O ambiente e o
reconhecimento do Tecnopuc, aliados ao trabalho da Agência de
Gestão Tecnológica da PUCRS foram fundamentais para receber o
apoio financeiro”, analisa a diretora da Faculdade de Farmácia Flávia Thiesen.
50
Informativa - Revista ANEC | educação superior
Sob a liderança do professor
e farmacêutico José Aparício
Funck, o Laboratório tem impacto direto em quatro frentes:
no ajuste regulatório às normas
exigidas pela Agência Nacional
de Vigilância Sanitária (Anvisa),
que criará, em breve, o Sistema
de Registro de Matérias-Primas;
na criação da Rede de Laboratórios Analíticos – da qual o LAIF
será referência; no treinamento
de profissionais para atuar nesse
tipo de ambiente; e na produção
de mais especificações do que as
hoje constantes da Farmacopéia
Brasileira – código oficial farmacêutico do País, onde se estabelecem, entre outras coisas, os
requisitos mínimos de qualidade
para fármacos, insumos, drogas
vegetais, medicamentos e pro-
dutos para a saúde.
Conforme Flávia, o carrochefe do LAIF é a prestação de
serviços, mas sem descuidar da
área de pesquisa e desenvolvimento de metodologia. Os
principais clientes são laboratórios de produtos farmoquímicos e importadores de insumos.
Eles estão vinculados a entidades como a Abiquif, a Associação Brasileira das Indústrias de
Química Fina, Biotecnologia e
suas Especialidades, a ANVISA
e a Associação dos Laboratórios
Farmacêuticos Oficiais do Brasil,
que auxilia instituições públicas
em licitações para compras com
especificações adequadas.
A diretora da Faculdade informa que estão sendo elaborados
cursos de extensão para capaci-
tar profissionais a trabalharem
no local e em outros laboratórios que atuem com insumos farmacêuticos. “A tendência é que
novas estruturas, similares ao
LAIF, sejam construídas no País
nos próximos anos”, projeta.
Atualmente, alunos da graduação, da disciplina de Controle
de Qualidade de Medicamentos,
bem como estagiários, usufruem
do Laboratório. “O Ministério da
Saúde irá aportar mais recursos
para a capacitação de pessoal
e contratação de técnicos, que
atuarão na assessoria nacional
e internacional para acreditação
(certificação) do Laboratório”,
diz Funck. Isso permitirá ao LAIF
integrar a Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde
Pública.
Informativa - Revista ANEC | educação superior
51
educação
educaçãosuperior
superior
Foco na excelência:
Unileste comemora
40 anos de
tradição e qualidade no Vale do Aço
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52
Informativa
Informativa- -Revista
RevistaANEC
ANEC | | educação
educaçãosuperior
superior
“Uma ideologia vence, não pela força, mas pela
perseverança”.
D
ita em 1969, essa frase ecoa, cada vez mais presente, nas
mentes dos mais de 700 colaboradores que compõem o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG). Seu
autor, Padre José Maria de Man, chegou ao leste mineiro em 1963,
acompanhado de sacerdotes da Congregação Padres do Trabalho,
que dariam início à construção do maior complexo educacional da região.
“Padre de Man idealizou uma instituição que não fosse apenas
grande, mas que respondesse aos anseios da região”, ressalta doutor
Genésio Zeferino, reitor do Unileste. Os mais de oito mil alunos que
transitam hoje pelo Centro Universitário, distribuídos em 28 cursos de
graduação e 26 de pós-graduação, demonstram o caráter visionário
dessa Instituição, que em 40 anos de história, venceu crises, superou
barreiras e comprometeu-se com o desenvolvimento social e profissional da população do Leste de Minas Gerais.
Raízes
Ditadura militar, repressão política, desenvolvimento urbano, impulso industrial. Atendendo às necessidades de educação, emergentes a partir do processo de urbanização promovido pela instalação de
indústrias metalúrgicas na região, surge no Vale do Aço a Universidade
do Trabalho, que implanta o curso de Licenciatura Polivalente em Letras, Estudos Sociais e Ciências. Mais tarde, nasceriam também os cursos de Engenharia de Operação, Eletrônica Industrial, Eletrotécnica,
Mecânica de Manutenção e Siderurgia.
Os desafios foram muitos: a contratação de professores para lecionar em uma região ainda em processo de estruturação urbana; a
manutenção financeira da Instituição; e o apoio aos alunos, que se
viam, muitas vezes, obrigados a se deslocar de outros municípios, per-
Informativa - Revista ANEC | educação superior
correndo longas distâncias.
Para Iolanda Torres Magalhães, graduada pela primeira
turma de alunos da Universidade
do Trabalho, e atual professora
do curso de Direito do Unileste,
a história de 40 anos da Instituição mostra que vencer desafios
é missão para aqueles que têm
perseverança. “A força emanada
do fundador, Padre de Man, e o
apoio dos que o ajudaram, impulsionaram nosso desenvolvimento
enquanto escola. E esses são os
maiores diferenciais do Unileste:
a raiz, a força e a tradição que o
movem até hoje”, ressalta.
Transformação
Em 1976, o patrimônio da Universidade do Trabalho é transferido para a Universidade Católica
de Minas Gerais (UCMG), posteriormente transformada em Pontifícia Universidade Católica de
Minas Gerais (PUC-Minas). Com
essa transferência, novos desafios
e novas conquistas, mas a missão
continua a mesma: a formação
53
educação superior
técnica e humanística, e o aprimoramento contínuo de seus alunos,
professores e funcionários.
Quinze anos depois, a PUC-Minas deixa a Instituição sob o controle de
seus dirigentes locais e da Diocese. Cria-se, então, o Instituto Católico de
Minas Gerais (ICMG), que dá sequência ao projeto de formação iniciado. A
Instituição passa por momentos difíceis, agravados por um contexto econômico nacional instável. Mais uma vez, fé, perseverança e trabalho fazem
a diferença e possibilitam a criação do Projeto ICMG 2000. O objetivo era
reestruturar a Instituição, visando sua transformação em Centro Universitário.
Reconhecimento
Em junho de 2001, o ICMG se transforma no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG). Nos anos seqüentes, a Instituição vive uma
fase de ampliação da oferta de cursos, com crescimento significativo em relação à qualificação docente, pesquisa e iniciação científica e atuação junto à
comunidade por meio de ações e projetos de extensão.
Com vistas ao fortalecimento da Instituição, em 2005 o Unileste incorpora
a União Brasiliense de Educação e Cultura (Ubec) como mantenedora, que o
insere em uma rede de outras oito instituições de ensino superior e colégios
no Distrito Federal, no Estado do Tocantins e no Leste de Minas Gerais.
Atualmente, 90% dos cursos de graduação do Unileste alcançaram conceito máximo em avaliações do MEC. Cursos de graduação tecnológica foram implantados, com vistas à formação de profissionais capazes de atender
a demandas cada vez mais específicas do mercado de trabalho. E estruturas
de experimentação e pesquisa, como laboratórios e projetos acadêmicos
foram aprimorados, se concretizando, por exemplo, em um sistema de bibliotecas que abrange mais de 97 mil títulos, um centro tecnológico com
cerca de 200 computadores de livre navegação e mais de 170 laboratórios
disponíveis para atividades acadêmicas.
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Informativa - Revista ANEC | educação superior
Para o reitor da Instituição, tamanho crescimento “é fruto de todo o trabalho feito pelo Centro Universitário em prol do oferecimento de melhores
condições de aprendizagem, tanto em termos acadêmicos, na excelência
do corpo docente e na configuração de sua proposta didático-pedagógica,
quanto em termos estruturais, com uma infra-estrutura que permite experimentações condizentes com as exigências do mercado de trabalho. Não
é à toa que somos comprovadamente a Instituição de ensino superior mais
lembrada do Vale do Aço”, salienta Zeferino.
Diferenciais de qualidade
Potencializando a relação aluno-professor, os estudantes do Unileste têm
acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), espaço em que o docente disponibiliza, com antecedência, tudo aquilo que utilizará em sala de
aula. Uma Central de Atendimento ao Aluno recebe e processa de maneira
centralizada solicitações acadêmicas e administrativas inerentes ao dia-a-dia
dos graduandos. Tudo isso sem perder o foco na vocação humanística e filantrópica da Instituição. Apenas em 2008 foram investidos cerca de R$ 7,8
milhões em Bolsa Social e Pro-Uni, facilitando o acesso de jovens do Vale do
Aço ao ensino superior.
“Temos contato com equipamentos e softwares de ponta. E sentimos
que o Unileste tem se aprimorado em favor da melhoria de nossas atividades e do desenvolvimento de nossa formação profissional”, afirma Fernanda
Sanches, aluna do 7º período do curso de Publicidade e Propaganda.
“Vivenciamos hoje uma fase de pleno desenvolvimento institucional,
cientes de que estamos dando continuidade ao sonho do Padre de Man.
Outros desafios virão como oportunidades de reforço da qualidade e dos
princípios praticados nos 40 anos de tradição do Unileste”. finaliza o reitor.
Informativa - Revista ANEC | educação superior
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educação superior
UniSALESIANO incorpora orientações
apresentadas por dirigentes salesianos, em Barcelona, no final de
A
Prof. Nelson Hitoshi Takiy, coordenador
dos Cursos de Engenharia, durante
reunião em que repassou informações
trazidas da Espanha para professores
que atuam na área.
56
2008
lém de uma reunião realizada com professores do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO de Araçatuba, que
tinha por objetivo apresentar e discutir a pauta normal do planejamento para o primeiro semestre de 2009, foi aberto um tópico para transmitir o traçado da Assembléia Geral da IUS – EngG. Salesian Institution For
Higher Education - Engineering Group, que aconteceu no final de 2008, em
Barcelona, na Espanha
Pelo UniSALESIANO de Araçatuba participaram o Pe. Luigi Favero, Diretor Geral, e o professor Nelson Hitoshi Takiy, como delegado representante.
No encontro foi definido o planejamento de atividades da IUS - EngG para
o triênio 2009-2011, que envolve características importantíssimas para o desenvolvimento do intercâmbio entre as instituições salesianas.
Estiveram presentes ao evento o coordenador geral da IUS – EngG, Pe.
Carlos Garulo, de Roma, representantes do Brasil, Espanha, Filipinas, Índia,
Japão, Equador, Bolívia e El Salvador. Na oportunidade foram acordadas as
responsabilidades de cada representante na formatação da rede internacional de relacionamentos entre as instituições.
Além das atividades da programação da IUS-EngG, foram desenvolvidos
também vários passeios a locais históricos, centenários e turísticos da cidade.
Informativa - Revista ANEC | educação superior
Ex-aluno do UniSALESIANO recebe
prêmio no Estado do Pará
O
acadêmico Vinícius Alves Parrilha, ex-aluno do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO
de Araçatuba recebeu o Prêmio Destaques Profissionais
de 2008 do município de Santa Maria das Barreiras, no Estado do
Pará. A solenidade de entrega da honraria ocorreu no dia 6 de dezembro de 2008.
Vinícius foi homenageado pelo trabalho realizado com a comunidade durante o ano de 2008, realizando palestras educativas e
atuando como coordenador, de segunda a sexta-feira, de uma unidade de Saúde daquela cidade. Já nos fins de semana ele trabalha
como na Unidade de Urgência e Emergência do Hospital Regional
de Conceição do Araguaia, que fica próxima a Santa Maria das Barreiras.
“Isto é motivo de orgulho para nós, do UniSALESIANO, pois vemos que temos ex-alunos nossos se destacando pelo Brasil”, comentou a coordenadora do Curso de Enfermagem, Cláudia Cyrillo.
Ela lembrou, ainda, que Vinícius está concluindo uma Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho e que em breve assumirá outra
função em uma empresa da região.
Informativa
Informativa -- Revista
Revista ANEC
ANEC || educação
educação superior
superior
Vinícius Alves Parrilha: talentos do UniSALESIANO de Araçatuba reconhecidos pelo país
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educação básica
a diferença”,
faz a diferença no Colégio João Paulo II
Projeto “ Viva
Por Sandra Helena de Araújo Lima - Coordenadora Pedagógica Colégio João Paulo II
T
odo ano é assim: a escolha dos temas dos projetos a serem
apresentados em nossa, já tradicional, Feira de Cultura, causa várias indagações.
A primeira (e mais importante), porque sua resposta definirá
como os trabalhos serão desenvolvidos é: qual o assunto que cada
turma irá trabalhar?
A turma do 2º ano/E.F I, do Colégio João Paulo II, encontrou
rapidamente esta resposta.
Um dos conteúdos propostos pelo material didático utilizado
por eles, neste 4° bimestre, foi o tratamento dado aos Portadores
de Necessidades Especiais. Este estudo revelou a preocupação dos
alunos diante de atitudes preconceituosas em relação a essas pessoas.
Ficou evidente que algo deveria ser feito a fim de modificá-las.
Surgiu então o Projeto “Viva a diferença!”
O projeto “Viva a Diferença!” caiu como uma luva...possibilitou
discussões, propiciou a vivência de situações que os P.N.E’s enfrentam e, acima de tudo tornou mais real e humano o contato com
eles.
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Informativa - Revista ANEC | educação básica
Foi emocionante ver a turminha realizando desenhos com as
mãos pra trás e o pincel na boca
(foto1), após observarem calendários produzidos por artistas
sem mãos.
Ao propor esta atividade, a
Prof. Heloísa de Paiva, permitiu que os alunos valorizassem,
ainda mais, o trabalho destes
artistas.
A visita, à nossa escola, do
Prof. de Libras, Reginaldo e de
sua aluna Luciana (surda, desde
o nascimento) foi outro ponto
alto do Projeto. A história de
vida de Luciana, que mesmo
diante de todas as dificuldades
inerentes a sua condição, está
concluindo a faculdade de Pedagogia, no município de Campos dos
Goytacazes, emocionou e propiciou reflexões importantíssimas aos
nossos educandos.
Ler e entrar no mundo da pequena Marcela, protagonista do livro
“A Felicidade das Borboletas”, de Patrícia Secco, verificar possíveis alterações a serem feitas na estrutura física de nossa escola a fim de que
a mesma atenda melhor aos P.N.E”s,entre outras atividades não menos
importantes, contribuíram para o sucesso da culminância do Projeto que
ocorreu na já citada Feira de Cultura, em 26 de novembro (foto 2).
O melhor de tudo foi percebermos que este Projeto não terminou
neste dia, porque as lições que nossos alunos aprenderam levarão por
toda a vida.
A nós, resta a certeza de que cumprimos nosso papel de educadores: não nos limitamos a trabalhar conteúdos de Línguas, Matemática
e outras disciplinas. Entendemos que a formação da sociedade justa
e solidária que tanto buscamos perpassa pela formação de crianças e
adolescentes mais humanos e conscientes da importância de valores
essenciais à vida humana, como o amor, a amizade, o respeito às diferenças e a fé.
Informativa - Revista ANEC | educação básica
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educação básica
Aluno pesquisador, comunicativo e
solidário:
É possível?
Por Prof. José Leão da Cunha Filho - Diretor Educacional do Colégio Marista de Brasília
O
título deste artigo foi objeto de mesa redonda, durante as
comemorações dos 45 anos de presença Marista em Brasília. Vamos pensar o tema em três perspectivas.
Na primeira, negaremos a possibilidade de educar para o perfil
de pesquisa, comunicação e solidariedade. A atividade do estudante, construtora da autonomia, exige o acolhimento de seu potencial
e de suas fragilidades, bem como do contexto em que vive. É o que
diz Bransford (2006)1 sobre como as pessoas aprendem. Quantas
escolas estão conseguindo contribuir para que o aluno construa o
perfil de pesquisa, comunicação e solidariedade? Na segunda perspectiva, afirmamos que é possível educar para o perfil em questão.
Nenhuma escola correria o risco de rejeitar essa resposta. Trata-se
de um discurso assumido nos projetos pedagógicos, mas raramente
praticado. No que se refere ao perfil de pesquisa e comunicação,
os atuais ingressantes no ensino superior quase sempre estão habituados a copiar e têm sérias dificuldades para a expressão escrita e
oral do pensamento. Por fim, na terceira perspectiva, vamos afirmar
que é possível, mas depende. Então de que dependeria? Depende
do professor, da escola e da sociedade. Antes, vamos retornar à
base da pergunta colocada: aluno pesquisador, comunicativo e solidário. O que se quer dizer com esses termos?
Um aluno pesquisador é capaz de formular perguntas e propor respostas. Ora, a criança faz perguntas e ensaia respostas. Faz
isso pelo simples fato de estar no mundo e desconhecê-lo. Se um
_______________________________
1 BRANSFORD, John D.; BROWN, A. L. & COCKING, R. R. (Org.). Como as pessoas aprendem: cérebro, mente, experiência e escola. São Paulo:
Editora SENAC. 2007.
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Informativa - Revista ANEC | educação básica
tempo depois, na escola, precisa aprender, em que momento
desaprendeu? Por outro lado,
o adolescente e o jovem continuam a fazer perguntas, agora
qualificadas com o traço político da contestação. Eles também
desaprenderam? Então, o que é
que realmente precisam aprender na escola? A resposta a essa
pergunta é fundamental.
E o aluno comunicativo, do
que deve ser capaz? De dizer
seus sentimentos e ideias com
clareza? Não é isso que o adolescente faz quando fala? Seus
familiares e amigos não o entendem quando a eles se dirige? Há
como melhorar? Certamente.
Sabe o aluno redigir com clareza e coerência seu pensamento?
Nesse ponto a presença da escola é inquestionável.
E quanto ao aluno solidário?
Deve ser capaz de indignar-se com a fome, a injustiça, a violência,
a intolerância. Não é o jovem capaz de tal postura? Dizem os poetas que experimentamos nossos melhores e ousados sonhos de
liberdade e fraternidade justamente na juventude; um tempo bom
para a utopia. Em geral, adolescentes e jovens são muito sensíveis,
especialmente ante a miséria e a injustiça. Então o que precisam
aprender na escola?
As escolas querem ensinar o que de certo modo seus alunos já
sabem, pelo simples fato de gozarem de saúde física e mental, de
serem da espécie que pensa e ama e de viverem numa sociedade
inundada pela informação. Certo tipo de escola é estéril, por neutralizar a curiosidade e induzir à cópia, precarizando os primeiros
contatos com as ciências.
Pesquisa, comunicação e solidariedade: o que há para aprender
na escola? O aluno precisa aprender a deslocar-se da curiosidade
espontânea à curiosidade metódica (pesquisa); da linguagem vulgar
à linguagem considerada culta, com a qual deve exercer sua profissão e interagir na sociedade (comunicação); e do sentimentalismo
e da pieguice à ética (solidariedade). Para esse triplo deslocamento
a escola é fundamental. Por isso educar para a pesquisa, para a comunicação e para a solidariedade é possível, mas depende. Como
dissemos acima, depende do professor, da escola e da sociedade.
Vamos pensar um pouco sobre cada um desses fatores.
Depende do professor. Demo (1996; 2004) 2 tem insistido na
_______________________________
2 DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996.
Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Informativa - Revista ANEC | educação básica
61
educação básica
importância de entender a pesquisa também como princípio educativo, perspectiva apropriada ao fazer da escola. Pesquisa como
princípio educativo significa aprender a questionar e a elaborar por
conta própria. Negar a cópia. Mas como um aluno que passa horas
ouvindo ou copiando o discurso – oral ou escrito – de um professor
vai aprender a formular e elaborar por conta própria? Professor
pedagogicamente mal-formado, focado na aula como repetição do
discurso alheio e na prova como mecanismo de reprodução e punição, é incompatível com a proposta educativa que estamos examinando.
Segundo Freire (1983; 1997)3 , comunicar não é apenas capacidade de expressar sua palavra, mas capacidade de dialogar, isto é,
escutar o outro, acolher sua palavra, pensar juntos. De novo, como
um aluno vai aprender a dialogar se sua palavra não é acolhida? Se
o professor prescreve, e o aluno obedece e reproduz? Um professor
que não dialoga não ensina a dialogar. Igualmente, quando se pensa o termo solidariedade, o aluno dependerá de um professor solidário. Um professor que adote postura arrogante, distanciando-se
das dificuldades de seus alunos, não lhes ensinará a solidariedade;
um professor que ensine conteúdos sem qualquer referência aos
desafios do contexto social não ensinará a aprofundar o pensamento solidário. O aluno não aprenderá a fazer uso do conhecimento
para sonhar com um mundo mais justo.
O segundo fator é a escola. O professor de quem todos cobram
_______________________________
3 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997.
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Informativa - Revista ANEC | educação básica
não cai pronto do céu. A escola necessita fazer sua parte. Deve
cuidar da seleção de seus professores. Deve exigir domínio da matéria a ser ensinada, pedagogia e paixão pela vida. Deve avaliálos continuamente. Deve valorizá-los. Boas escolas cuidam bem de
seus professores. Mas bons professores não podem tudo. O modelo
administrativo da escola, o estilo de gestão, o desenho pedagógico
e os recursos disponíveis, tudo isso concorre para os objetivos propostos. Uma escola onde a pergunta é intrusa, o diálogo é ausente,
e a solidariedade é apenas letra morta não colabora para a formação do aluno com o perfil em questão.
O último fator é a sociedade. Vivemos na sociedade do hiperconsumo, como afirma Lipovetsky (2007)4. Trata-se de uma lógica que se
baseia no individualismo, no sensacionalismo e na descartabilidade.
Essa lógica neutraliza o ato de perguntar para ressaltar a adesão rápida e incondicional, base para o consumo compulsivo. O efeito é tão
perverso que mesmo quando não se é nem se tem, o sistema resolve, fazendo parecer ser ou ter. A distância escandalosa entre ricos e
pobres e a ostentação são como pólvora e faísca para a escalada da
violência e do vazio existencial dos tempos atuais. Nesses termos, a
sociedade é inquestionável obstáculo ao sucesso de professores e
da escola.
Aluno pesquisador, comunicativo e solidário é possível sim, mas
depende do professor, da escola e da sociedade. Pode-se dizer que
também depende do aluno, mas é assunto para outro momento.
_______________________________
4 LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da decepção. Barueri, SP: Manole, 2007.
Informativa - Revista ANEC | educação básica
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educação básica
O “SANTA” ADVERTE:
uma alimentação
equilibrada
leva a uma Vida Saudável!
Por Professora: Jaqueline Scheffel, Colégio Santa TeresinhaTaquara – RS
A
s crianças da 1ª série do Ensino Fundamental de 9 anos , que
se sentem muito felizes por estudarem no Colégio Santa Teresinha de Taquara, desenvolveram um projeto sobre o estudo dos
alimentos para uma vida saudável.
Este trabalho teve início a partir do estudo do corpo. O interesse surgiu por parte dos alunos e famílias, que contribuíram para enriquecer o
processo, pesquisando, ensinando, dando dicas e sugestões nos passeios
e visitas de estudos. A turma foi trazendo receitas culinárias, materiais
bibliográficos (revistas, livros, enciclopédias, artigos da Internet, assuntos
de jornais...), como também dialogando, observando, pesquisando e buscando novas informações. As crianças convidaram as mães da turma que
são Nutricionistas e os pais que são médicos para visitarem a sala de aula.
E eles, muito atenciosos e interessados, deram valiosas orientações sobre
o tema em estudo: “Alimentação para a saúde do corpo” tendo como
objetivo também a integração entre alunos, a escola e a família.
A partir destes enfoques, chegou-se ao levantamento das hipóteses
e curiosidade dos alunos, o desejo de aprender e de buscar respostas às
duvidas, como:
• Para que serve a pirâmide dos alimentos?
• podemos comer doces, refri, batatinha-frita todos os dias?
• só devemos comer aqueles “alimentos” dos quais gostamos?
• como cuidar da saúde do corpo?
• como se monta um prato saudável?
A continuidade do projeto “Alimentação para a saúde do corpo”, se
64
Informativa - Revista ANEC | educação básica
deu por fotos ilustrativas, montagem de painéis e da pirâmide dos
alimentos, experiências; preparo
de receitas culinárias trazidas pelas
crianças na cozinha experimental
do colégio, com direito ao uso de
avental confeccionado pelas crianças, verdadeiros: “mestre – cucas”,
prepararam o “espetinho de frutas”, o “sanduíche natural” e o
“refrigerante natural”. O Cardápio
ficou uma delícia!
Planejou-se, então, um trabalho interdisciplinar, para o conhecimento mega global, envolvendo
na disciplina de Educação Física,
pais professores e a professora
da turma, os quais prepararam as
“Olimpíadas da saúde” em um
Parque. Foram atividades divertidas, abrangendo disciplina, prazer,
interação e o respeito aos cuidados com o corpo.
Na Matemática, construiu-se
um gráfico: “A comida preferida”,
onde o feijão e o arroz receberam
seu merecido destaque.
Na Língua Portuguesa foram realizados jogos, elaboração de textos, leitura de poesias, criação de
versos, declamação de parlendas,
cantigas, trava – línguas, músicas...
Não faltou o Livro em forma de
prato que os escritores produziram.
Em Artes, teve a confecção da
“Pirâmide dos Alimentos”, modelar alimentos com massa de modelar comestível e não comestível,
montando um prato; a construção
de uma cesta de alimentos com
materiais reciclados; a montagem
de um vaso com garrafa PET plantando sementes de hortaliças ou
chás. Integrando também com a
disciplina de Ciências, os estudantes foram experimentando, vivenciando em aulas práticas as origens
Informativa - Revista ANEC | educação básica
dos alimentos (origem vegetal,
animal e mineral) e os reinos dos
alimentos (alimentos construtores,
alimentos reguladores e energéticos).
O resultado dos estudos teve
como grande proveito muitas informações expostas pelas crianças, em um “momento especial
aos pais” na Entrega da Avaliação
do 2º trimestre, onde socializaram
seus estudos através de um jogo
interativo, demonstrando algumas
CURIOSIDADES sobre os alimentos pesquisados: o morango é rico
em vitamina C. A maçã é considerada a rainha das frutas. O feijão e
a lentilha são uma ótima opção de
fonte de ferro. As frutas, verduras e
legumes são saborosos e nos dão
energia. O peixe contém ÔMEGA
3 e é muito nutritivo. Os dez alimentos considerados os mais saudáveis do mundo: batata-doce, to-
65
educação básica
mate, espinafre, maçã, repolho, banana, legumes, queijo, iogurte e aveia.
Um dos aspectos gratificantes deste projeto foi perceber os alunos
“cobrando” o lanche saudável dos colegas, por exemplo: “Salgadinho
só de vez em quando!”; “O “fulano” nunca traz fruta!” “Profe. olha o
meu lanche é bem saudável, trouxe sanduíche e uma maçã!”. Igualmente demonstraram a preferência por sucos, água, evitando o refrigerante;
houve uma preocupação pelo combate ao desperdício de alimentos,
referindo-se a alguns colegas que antes colocavam no lixo a banana
inteira, ou davam uma mordida e jogavam fora o lanche. Foi ressaltado
que seria possível melhorar essa situação, pois no Brasil (conforme uma
pesquisa realizada) chegou-se à conclusão de que se joga fora mais
alimentos do que se come.
Dicas para combater o desperdício de alimentos:
• A casca de laranja fresca pode ser aproveitada em pratos doces, à
base de leite, como arroz-doce;
• Pode-se preparar bolinhos, sopas e saladas com as folhas de cenoura que são ricos em vitamina A.
• Os talos de alimentos como salsa, brócolis, couve, beterraba contêm fibras e podem ser aproveitadas em sopas, no feijão e em refogados.
Este projeto gerou muito interesse em comer o que é saudável, como
também proporcionou uma melhor compreensão sobre a Alimentação.
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Informativa - Revista ANEC | educação básica
Assim, quanto à alimentação, pergunta-se:
O quê?
Nosso corpo precisa se alimentar para funcionar bem
Por quê?
Os alimentos contêm nutrientes que dão energia ao corpo e favorecem o crescimento.
Como?
Precisamos comer de tudo, de maneira variada e equilibrada.
Onde?
Os alimentos são preparados na cozinha. Alguns precisam ser
guardados na geladeira para não estragar. As verduras e frutas
devem ser bem lavadas.
É importante destacar que é possível incentivar os hábitos alimentares saudáveis dos alunos das séries iniciais, com atividades ricas em
significados lúdicos e que aprendam que, mais do que saciar a fome, os
alimentos são necessários para uma vida saudável, fornecendo a energia gasta; e que comer bem não é comer só as coisas gostosas. Comendo corretamente, estaremos mantendo a saúde e evitando muitas
doenças!
Informativa - Revista ANEC | educação básica
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educação básica
Passeio ao Criadouro
Conservacionista
São Braz
Por Professora Janete Marion Escola Medianeira
e Professor Luis Augusto - Escola Medianeira
F
oi com grande alegria e entusiasmo que os alunos do turno da
tarde: Educação Infantil e Ensino Fundamental do 1º Ano à 4ª
série da Escola Medianeira de Santa Maria-RS realizaram um passeio de estudo ao Criadouro Conservacionista São Braz.
O criadouro recebe animais abandonados, apreendidos, mutilados
ou que sofreram maus tratos. Tem como objetivo reabilitar esses animais e reintegrá-los ao seu habitat natural.
Foi um momento de conhecer a realidade destes animais, relacionando-os ao lema da Escola Medianeira “Educação, Serviço à Vida”. É
necessário cuidar e preservar todas as formas de vida, pois a preservação do planeta terra está em nossas mãos e depende de cada um de
nós.
A escola valoriza a iniciativa da direção do criadouro que faz a opção
de escolher pela vida e para isso conta com o apoio e parceria de pessoas e empresas da comunidade.
A exposição dos animais é exclusiva para as escolas, visando à conscientização dos alunos na formação de valores como este.
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Informativa - Revista ANEC | educação básica
Ainda, os alunos tiveram a
oportunidade de conhecer vários
animais, alguns ameaçados de extinção, seus hábitos alimentares
e suas defesas. Divertiram-se no
passeio de pônei e nas brincadeiras da pracinha.
Criar uma consciência ecológica é um dos objetivos das atividades vivenciadas na escola Medianeira.
Essa consciência começa da
Educação Infantil, perpassando
por todas as séries. Acreditamos
que mesmo após deixarem à escola, nossos alunos serão capazes
de olhar para o mundo que os cer-
ca com outros olhos, procurando
transmitir para seus familiares o
aprendizado aqui adquirido.
A utilização do amplo espaço
existente na escola serve como incentivo aos alunos que através do
projeto da horta, plantam, observam o crescimento dos vegetais e
após realizam a colheita dos mesmos, levando para casa ou consumindo na própria escola.
Os passeios também procuram
levar os alunos à convivência com
a diversidade de flora e fauna do
nosso município fazendo com que
seja vivenciado o lema da nossa escola: “Educação, Serviço à Vida”.
Informativa - Revista ANEC | educação básica
69
projetos sociais
Rede Mercedária de Ensino: Por uma
educação
integral e libertadora
Por Ir. Silvana Mendes da Congregação das Irmãs Mercedárias da Caridade.
O
Beato Padre João Nepomuceno Zegrí, fundador da nossa Congregação, - Irmãs Mercedárias da Caridade - impulsionado pelo espírito e pela urgência do amor de Cristo Redentor, entre os objetivos
da Congregação fixou perfeitamente desde o princípio, que a instrução e a
educação das crianças e jovens... Eram elementos importantíssimos de sua
ação apostólica. Segundo seus ensinamentos, as linhas de ação educativa
dos Colégios da Congregação se fundamentam numa:
1 – Educação evangelizadora - libertadora:
• Integral - que abranja a formação intelectual, moral e religiosa;
• Adaptada à capacidade dos alunos, respeitando o próprio ritmo;
• Enraizada na própria cultura, assumindo-a e construindo-a a partir de
seus próprios elementos;
• No diálogo e participação.
2 - Educação inspirada no amor, justiça e liberdade:
• Atenta e aberta aos sinais dos tempos;
• Dando a todos as mesmas oportunidades, com atenção especial aos
setores da sociedade mais necessitados;
• Orientada à aquisição de valores e atitudes: respeito, solidariedade, serviço, afabilidade, convivência e paz, disponibilidade, diálogo e participação.
70
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
“Queremos fomentar cada vez mais os valores evangélicos
na formação dos alunos e na educação acadêmica.”
3 - Educação impregnada de um profundo amor a maria:
• Fomentando o amor a Nossa Mãe como modelo dos crentes;
• Transmitindo a simplicidade e alegria da Virgem;
• Vivendo como Maria a serviço da palavra.
Ao longo de todos esses anos, e desde a sua fundação, a Congregação foi assumindo, sem abandonar suas peculiaridades, as
diversas reformas educativas. A Rede Mercedária de Ensino, quer
fomentar cada vez mais os valores evangélicos na formação de seus
alunos e na educação acadêmica. Sonhamos com um mundo melhor
proporcionado a busca constante da vivência desses valores na vida
de nossos alunos.
Pretendemos favorecer o desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade do aluno para que, consciente de seu papel
social, seja capaz de acolher a fé e dar uma resposta livre, pessoal e
comprometida. Cremos que a vida de nossos alunos, unidos ao testemunho dos educadores e pais, é a maior garantia de que nossas
opções se encaminharão para desenvolver pessoas maduras que
dêem razão de sua Fé e de sua Esperança em Cristo. Acreditamos
que, unidos - escola e família - podemos construir essa escola que
sonhamos.
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
“Só o ensino cristão pode cultivar
o verdadeiro bem-estar, a verdadeira felicidade da sociedade, da
família e dos indivíduos. Só ele
pode cicatrizar as feridas produzidas em nossa atual sociedade,
por tantos erros e absurdos difundidos por aqueles que, presos
a uma visão materialista, crêem
que o mundo pode viver sem
Deus, sem fé, sem esperança e
sem caridade.”
(Padre Zegrí)
71
projetos sociais
Uma educação que começa
onde acaba o
asfalto
Por Sérgio Baeta Neves - jornalista
Fé e Alegria é um Movimento de Educação Popular Integral e
Promoção Social que surgiu, em 1955, na Venezuela. Uma iniciativa
do padre José Maria Vélaz, jesuíta imbuído de sentimento solidário
para com os empobrecidos, e que trazia consigo um claro objetivo:
“Não dar aos pobres uma pobre educação e sim uma Educação de
Qualidade para os mais pobres. Lá, onde termina o asfalto e a cidade
muda de nome, começa Fé e Alegria”.
Apesar de hoje estar presente em outros continentes, trata-se
de uma experiência genuinamente latino-americana cujo referencial
educacional é inspirado na pedagogia de Paulo Freire.
Embora de iniciativa de um jesuíta e de inspiração cristã, a proposta educativa de Fé e Alegria não apenas é ecumênica e aberta a
outras religiões, mas congrega outras ordens religiosas, dioceses e
leigos. A proposta associa educação à vida em seus diversos desafios e dificuldades, formando crianças, adolescentes e jovens para
a participação e transformação da sociedade. Fé e Alegria surge e
se organiza a partir da comunidade e em parceria com o poder público, instituições diversas, obras jesuítas associadas a outras congregações, envolvendo também outros atores sociais. Nesse tripé:
comunidade, poder público e organizações da sociedade civil é que
Fé e Alegria fortalece a continuidade de suas ações até nos rincões
mais distantes e, pode expandi-las à medida em que esse tripé se
consolida, tornando-se a base de sustentação dessa estrutura social.
Presente na América Latina, Caribe, Europa e África, atualmente
72
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
“Todo mundo deveria ter uma educação de qualidade”
Fé e Alegria atua em 19 países.
No Brasil, desde 1981, a entidade
mantém programas e desenvolve
projetos em 14 estados da federação: Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Espírito
Santo, Minas Gerais, São Paulo,
Rio de Janeiro, Tocantins, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Marco situacional
Dotada de uma proposta educativa popular direcionada aos
pobres e a partir deles, Fé e Alegria assume a Educação Popular
de forma Integral, incluindo a
Promoção Social. De acordo com
padre Carlos Fritzen, diretor presidente, Fé e Alegria é um movimento que sensibiliza e agrupa
pessoas e instituições, na luta
pela mesma causa, em contínua
atitude de crescimento e inova-
ção, procurando sempre adotar
uma postura de autocrítica. O
foco e a estratégia do movimento é a educação, porque busca
a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos conscientizando-os de suas potencialidades, desenvolvendo seus
talentos e capacitando-os para a
transformação da realidade que
os rodeia. É popular não somente porque opta pelos mais desfavorecidos, mas porque utiliza
uma metodologia que fomenta
o desenvolvimento dos educandos, com o objetivo de formar
cidadãos democráticos, agentes
de mudanças e protagonistas de
suas próprias histórias. Nesse
sentido, trata-se de uma formação integral, porque entende a
educação em seu sentido mais
amplo, de forma a abarcar a pessoa em todas as suas dimensões,
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
possibilidades, capacidades e
necessidades.
Para Fé e Alegria a educação é a estratégia fundamental
para alcançar uma sociedade
justa, democrática e equitativa.
“Todo mundo deveria ter uma
educação de qualidade”, enfatiza padre Carlos ao explicar que
a pedagogia da entidade é inspirada no método desenvolvido
pelo pedagogo Paulo Freire, e
enriquecida pelas experiências
acumuladas e por métodos desenvolvidos pela própria Fé e
Alegria. A organização atua nas
diversas áreas da educação formal e não formal e, a promoção
humana se transforma em fato
por meio de ações tais como: a)
Educação escolar composta de
redes com programas de educação infantil, fundamental, média
e técnica; b) Rádios educativas e
73
projetos sociais
comunitárias com programas de alfabetização, educação básica para
jovens e adultos e programas abertos (noticiário e opinião), que têm
por finalidade a formação cidadã e humano-cristã; c) Programas e
atividades sócio-educativas complementares à educação formal dirigidas a crianças, adolescentes, jovens e adultos, acompanhamento
da aprendizagem, capacitação de jovens para o trabalho, etc.; d) Programas de desenvolvimento comunitário: atendimento e abrigamento de crianças em situação de rua e vulnerabilidade social, formação
de líderes comunitários, dentre outros; e) Atividades de sensibilização dos direitos humanos, participação em conselhos e fóruns; f)
Programa internacional de formação de educadores populares, formação continuada para docentes e formação inicial e profissional de
educadores.
Ações permanentes
Se, por um lado, a educação pressupõe ações permanentes e articuladas, por outro, é preciso investir em novas parcerias, mobilizando recursos humanos e financeiros novos. O diretor presidente da
Fundação Fé e Alegria enfatiza que a necessidade de se buscar novas
alternativas e o aperfeiçoamento das atuais formas de mobilização
de recursos, são prioritárias para aprimorar e ampliar sua presença
nas diversas regiões do Brasil. No entanto, ele reconhece que ações
paralelas são necessárias para que este intento seja alcançado ressaltando: “Precisamos trabalhar no sentido de fortalecer tanto o concei-
74
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
to de responsabilidade social das
empresas privadas, bem como as
parcerias com as outras obras da
Companhia de Jesus (Universidades, Colégios, etc.) e com outras
organizações e instituições religiosas, as quais resultem num maior
estreitamento de vínculos. É vital
a ampliação do acesso aos recursos públicos, o fortalecimento da
relação com os meios de comunicação de massa – especialmente
em nível local –, e o aumento da
visibilidade da instituição. Queremos criar instrumentos que despertem o interesse de potenciais
parceiros públicos e privados e
que sensibilizem os diversos públicos doadores.”
Em 2008 Fé e Alegria beneficiou diretamente mais de 25.000
crianças, adolescentes, jovens e
adultos, e indiretamente outras
100.000 pessoas das periferias
das cidades e de regiões do interior do Brasil. “Entendemos que o
futuro da Educação Popular em Fé
e Alegria depende da sustentabilidade de seus programas e projetos, tanto do ponto de vista dos
recursos financeiros, quanto dos
recursos humanos. Para isso, sobretudo no Brasil atual, não apenas se faz indispensável trabalhar
a participação nas políticas públicas, como também consolidar
parcerias entre as congregações
religiosas, dioceses e instituições
da sociedade civil”. Padre Carlos
reitera que: “se o problema social tem muitas facetas e é preciso uma ação bem articulada para
além das iniciativas isoladas, por
outro lado, não se pode trabalhar
mais sem contar com a parceria
de outros se quisermos que nosso
trabalho contemple a esperança
de um mundo melhor para todos”.
Informativa - Revista ANEC | obras sociais
75
informativo publicitário
Newsletter: Ferramenta essencial de
comunicação no
Terceiro Setor
Por Marcio Zeppelini
Boletim on-line é caminho seguro para aproximar entidades de stakeholders
A tecnologia é uma escada que auxilia as ações das organizações
do Terceiro Setor para a concretização de projetos variados. Agora, o
tema é newsletter, ou boletim informativo. Usar essa ferramenta de comunicação na difusão das notícias e objetivos da instituição de forma
eficiente é o maior entrave para que ela flua dentro da administração
e da comunicação. O modo como deve ser desenvolvida, gerenciada,
produzida e enviada, é o que trataremos a seguir.
Regras para profissionalizar
As quatro principais regras para obter sucesso na produção de um
boletim on-line são: conceito e conteúdo; acessibilidade; envio; e pontualidade.
A primeira – conceito e conteúdo – leva em consideração o como e
o quê será comunicado. É necessário definir uma identidade visual que
se alinhe às demais ferramentas da organização, como site e papelaria. Em questão de conteúdo, definir quantidade e espécie de notícias,
ordenando-as por importância, sendo que a informação sobre os objetivos da instituição é a mais importante, deixando as notícias da própria
organização como secundárias. Isso porque é necessário que se crie
uma necessidade e constância em sua leitura, trazendo o interesse do
leitor pelo que será informado.
A segunda regra – acessibilidade – precisa ser definida de acordo
com o tamanho e formato do arquivo e o modo de ser enviado.
Mesmo com a expansão da banda
larga, ainda faz diferença anexar
arquivos com mais de 100 kb, pois
muitos são enviados ao mesmo
tempo. No site da organização é
interessante que haja um espaço
que mostre a newsletter, dando a
possibilidade de ler as anteriores
e permitindo o cadastramento de
nome e e-mail do internauta interessado.
A terceira regra – envio – requer cuidado. Se seu mailing ultrapassa mil nomes, já é fundamental pensar em profissionalizar
essa questão, utilizando algum
sistema ou software de disparo de
newsletters, que faz a transmissão
de e-mail por um sistema diferente do Outlook, contemplando
o envio de centenas e milhares ao
mesmo tempo. Há empresas terceirizadas especializadas em gerenciamento de mailing que também oferecem esse serviço.
_______________________________
Marcio Zeppelini. Consultor em comunicação para o Terceiro Setor, editor da
Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e
diretor-executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação.
Artigo publicado na edição 36 da Revista Filantropia
76
Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário
Um deles é o Notícia Digital,
um sistema desenvolvido e comercializado por uma empresa parceira da Revista Filantropia que cria,
gerencia e dispara boletins on-line
para organizações com e sem fins
lucrativos. “O diferencial do sistema é que, além de ele disparar
mais de 10 mil e-mails por hora,
possui um controle de opt-ins e
opt-outs, prevalecendo a vontade
de o leitor receber ou não seu informativo”, comenta Ricardo Oliveira, criador do Notícia Digital.
A quarta e última regra – pontualidade – é aquela que não pode
jamais ser quebrada, pois é a partir dela que se desperta o interesse e a continuidade de recebimento por parte dos internautas.
Antes de enviar a primeira edição
é necessário avaliar qual a melhor
periodicidade da newsletter.
Uma forma razoável de definir isso é medindo o volume de
notícias geradas pela instituição
ou dos assuntos de interesse dos
stakeholders.
Notícias de sucesso
Uma das organizações que
está obtendo resultados positivos
com o uso da newsletter é o Centro de Ação Voluntária de Curitiba
(CAV), no Paraná. Desde 2004, a
entidade envia semanalmente o
Boletim Informativo VOluntáriOs,
que chega a 5 mil pessoas.
“A ação se tornou tão profissional no CAV, que a ONG editou
até um Manual de Redação próprio que orienta a produção do
boletim e de outros materiais de
comunicação”, explica Fernanda
Rocha dos Santos, coordenadora
do CAV de Curitiba.
Em Betim, Minas Gerais, outra
organização que aproveita bem a
ferramenta é a Missão Ramacrisna, que a envia para um mailing
ainda pequeno, de 710 pessoas,
mas bastante dirigido. “Definimos também que trabalharíamos
apenas duas notícias em cada boletim, para que o público possa
saber das ações da Ramacrisna de
forma rápida e direta”, explica Solange Bottaro, responsável pelas
ações de comunicação da organização.
Informação e captação de
recursos
Além do rápido e eficiente
canal de comunicação, a organização pode aproveitar para
engatar uma forma de captar recursos para a instituição, garantindo um espaço aos doadores a
fim de divulgar logotipos e banners. Portanto, a newsletter é
uma excelente ferramenta para
divulgar a missão e os valores da
organização e deve ser cada vez
mais aprimorada.
Links
www.acaovoluntaria.org.br
www.antispam.br
www.ramacrisna.org.br
Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário
77
considerações finais
A entrega incondicional produz o gênio,
o poder e a magia...
Por Priscilla Lira
D
e acordo com Bulwer-Lytton, “A pessoa talentosa faz o que pode,
o gênio faz o que tem que ser feito!”. Mas como tornar-se um gênio, como conseguir quebrar barreiras e fazer a coisa certa no seu
trabalho e na sua vida?
Normalmente, quando estamos apaixonados e amamos o que fazemos, a
entrega incondicional produz o gênio, o poder e a magia e somos capazes
de fazer tudo de forma esplendorosa, simplesmente por que existe vontade
e dedicação no que é feito, este é o poder da genialidade.
Na atual conjuntura que vivemos, aterrorizados pela crise econômica e pelo
desemprego, o que pode ser sentido em diversos ambientes de trabalho é
o medo e a sensação das pessoas de não saber o que será de suas carreiras
e de suas vidas. Na verdade, o foco está errado, distorcido e a energia, mal
aproveitada. Não só em tempos de crises, mas em qualquer momento, a
entrega para tudo que é feito na vida contribui para o sucesso. E este é o
grande segredo do gênio. O foco deve estar na certeza do trabalho bem
feito e não no medo ou na pressão. O trabalho bem feito sempre faz eco e
isto é o que realmente importa.
No ambiente de trabalho, o mais importante é saber que a vitória de uma
pessoa não implicará na derrota dos outros. Sempre existirá espaço para todos e o ambiente de trabalho será mais suave se houver sintonia, vontade e
dedicação de todos em prol da vitória e do crescimento da entidade, empresa, organização...
Construa sua trajetória de sucesso!
Assessoria de Comunicação da ANEC / BR
78
Informativa - Revista ANEC | considerações finais
79
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