ESTA REVISTA TAMBÉM É SUA! PARTICIPE! Agradecemos a todos os associados da Anec que tem contribuído com o sucesso de cada edição, através do envio de artigos, informes, projetos e matérias que tem tornado a REVISTA INFORMATIVA um veículo de comunicação de extrema importância para o conhecimento e análise do maravilhoso trabalho desenvolvido pelas Instituições Católicas de educação do Brasil. Encaminhem mais matérias para que possamos superar as expectativas a cada edição! Todos os associados da ANEC podem enviar matérias para serem publicadas gratuitamente na REVISTA INFORMATIVA. [email protected] Você faz parte deste sucesso! Anec sumário 30. 04. expediente 60. 05. mural acontece na anec 06. 07. Encontro Macro-regional ANEC-CNBB I Reunião da Nova Diretoria e do Conselho Su- perior da ANEC 08. AEC/SC e SINEPE/SC realizam a I Jornada Pe- dagógica 50. Pureza e qualidade nas matérias-primas far- macêuticas jurídico 10. O polêmico Cineb e seus aspectos jurídicos artigo 16. Educação indígena brasileira 22. Ação evangelizadora na e da universidade discípula e missionária 26. Darwin 200 28. Cultura planetária 32. Uma celeste ajuda para o professor e a educação 38. Uma ponte para o possível 40. Campanha da Fraternidade 2009: uma chance à paz educação superior 42. Complexo de Prontos-Socorros auxilia no ensino dos alunos de medicina da PUC-Campinas 46. Do sonho de um homem à realidade da vida de milhares de pessoas 52. Foco na excelência: Unileste comemora 40 anos de tradição e qualidade no Vale do Aço 56. UniSALESIANO incorpora orientações apre- sentadas por dirigentes salesianos, em Barcelona, no final de 2008 57. Ex-aluno do UniSALESIANO recebe prêmio no Estado do Pará educação básica 58. Projeto “ Viva a diferença”, faz a diferença no Colégio João Paulo II 60. Aluno pesquisador, comunicativo e solidário: É possível? 64. O “SANTA” ADVERTE: uma alimentação equilibrada leva a uma Vida Saudável! 68. Passeio ao Criadouro Conservacionista São Braz projetos sociais 70. Rede Mercedária de Ensino: Por uma educa- ção integral e libertadora 72. Uma educação que começa onde acaba o as- falto 42. 50. considerações finais 78. A entrega incondicional produz o gênio, o poder e a magia... Informativa - Revista ANEC | sumário 3 expediente DIRETORIA NACIONAL DIRETOR PRESIDENTE Reitor Pe. José Marinoni, SDB DIRETOR 1º VICE-PRESIDENTE Reitor Pe. Marcelo Fernandes de Aquino, SJ DIRETOR 2º VICE-PRESIDENTE Reitor Ir.Clemente Ivo Juliatto, FMS Apresentação Palavra do Diretor Presidente da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil. DIRETORA 1º SECRETÁRIA Ir. Ana Maria Paes DIRETOR 2º SECRETÁRIO Reitor Pe. Christian de Paul de Barchifontaine, MI DIRETOR 1º TESOUREIRO Ir. Joaquim Juraci de Oliveira, FMS DIRETOR 2º TESOUREIRO Pe. Guido Aloys Johanes Kuhn, S.J SECRETÁRIO EXECUTIVO Prof. Dr. Dilnei Lorenzi CONSELHO SUPERIOR PRESIDENTE Reitor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães VICE-PRESIDENTE Reitor Prof. Wolmir Therezio Amado SECRETÁRIO Reitor Pedro Rubens Ferreira Oliveira CONSELHEIROS Ir. Teresinha Maria de Sousa, MC Ir. Nelso Antônio Bordignon, FSC Pe. Wilson Denadai Professor Roberto Prado Pe. Nivaldo Luiz Pessinatti, SDB Pe. Miecryslaw Smyda, SJ DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO Luciene Lopes Pereira Nelismar de Souza ASSESSORIA DA COMUNICAÇÃO Priscilla Lira COLABORADOR Robson Torriceli PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO branding & design Fone: 61 3033-6212 IMPRESSÃO Cidade Gráfica Editora LTDA Fone: 61 3552-5066 As ilustrações foram cedidas pelas instituições ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE EDUCAÇÃO CATÓLICA DO BRASIL - ANEC SRTV/Sul Quadra 701 Bloco 2 Sala 601 Ed. Centro Empresarial Assis Chateaubriand CEP: 70340-000 - Brasília-DF Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539 E-mail: [email protected] 4 A primeira reunião do Conselho Superior e da Diretoria da ANEC aconteceu nos dias 12 e 13 de fevereiro deste ano, em Brasília. Com uma pauta longa e de suma importância para os encaminhamentos das atividades deste ano. Destaco algumas questões fundamentais das nossas discussões: Manutenção do Plano Estratégico da ANEC; início do processo de abertura das filiais da ANEC, em diversos Estados; definição das Câmaras da ANEC – Mantenedoras, Educação Superior e Educação Básica; divulgação do plano de ações políticas para 2010; fortalecimento das relações institucionais; apoio em projetos de pastoral educacional. Vários outros assuntos, ainda, foram tratados ao longo dos dois dias, como o Portal Educacional Católico e o posicionamento da ANEC frente à posição do governo referente à filantropia. É fato que, temos muito trabalho pela frente, principalmente, no papel de reforçar a educação católica em nossa sociedade. Por isso que, mais uma vez, queremos contar com a ajuda de todos os envolvidos no processo de educar, nossos colaboradores, professores, alunos, gestores, dirigentes, presidentes de mantenedoras e outros. Pois os desafios que temos são imensos e só conseguiremos vencê-los com o apoio e dedicação de todos para um bem maior. No primeiro número da Revista Informativa de 2009 apresentamos uma série de artigos com temáticas que envolvem o cotidiano de nossas atividades educacionais e, também, a divulgação de ações das nossas instituições, sempre com a intenção de reforçar nossa presença em sociedade. Lembro que a Revista Informativa tem como objetivos ampliar a comunicação entre as instituições afiliadas à ANEC e facilitar a troca de experiências no meio educacional católico. Pe. José Marinoni Diretor-Presidente da ANEC Informativa - Revista ANEC | expediente mural I Seminário de Educação Básica: A escola católica e os desafios contemporâneos. A programação completa estará disponível no site da ANEC. I Seminário de Educação Básica: A escola católica e os desafios contemporâneos Local: Recife Belém Curitiba Data: 24 e 25 de abril 15 e 16 de maio 26 e 27 de Junho 1º Seminário Nacional de Comunicação das Instituições Católicas – ANEC Local: PUC Rio Data: 15 e 16 de junho 1º Seminário de Gestão de Mantenedoras da ANEC Local: Porto Alegre São Paulo Belo Horizonte Recife Data: 4 e 5 de maio 7 e 8 de maio 11 e 12 de maio 14 e 15 de maio 6º Encontro da Pastoral das Universidades – ANEC Local: Brasilia-DF Data: 10 e 12 de junho 18º Encontro de Gestores Administrativos, Acadêmicos e Assessores Jurídicos das IES da ANEC. 5º Encontro de pro-reitores de graduação Local: Brasilia-DF Data: Maio Informativa - Revista ANEC | mural 5 acontece na anec Encontro Macro-regional ANEC-CNBB N o Encontro Macro-regional, sobre a ação evangelizadora na e da universidade, realizado em Florianópolis, em outubro de 2008, contou com a participação de 60 representantes de universidades católicas, dioceses, arquidioceses e IES públicas e privadas. Foi relevante a presença do coordenador nacional de pastoral das universidades da ANEC, Itacir Piasson, do Bispo responsável pelo setor universidades da CNBB, Dom Eduardo Benes e da assessora do Setor Universidade da CNBB, Eugenia Lóris. As expectativas dos participantes referentes à evangelização no meio universitário reforçam a necessidade de que a CNBB e ANEC viabilizem um plano nacional para a ação evangelizadora na universidade, proporcionando objetivos e diretrizes gerais e que ofereçam formação e subsídios sobre a ação evangelizadora no meio universitário. 6 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec I Reunião da Nova Diretoria e do Conselho Superior da ANEC O Conselho Superior e a Diretoria Nacional da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil-ANEC, estiveram reunidos, nos dias 12 e 13 de fevereiro, em Brasília - DF. Durante a reunião foi discutida a análise de questões administrativo-financeiras, a avaliação da Assembléia Geral Nacional realizada em 2008, Plano Estratégico da ANEC, Calendário de eventos de 2009 e o processo de incorporação das Associações de Educação Católica regionais e outros assuntos. Foram criadas comissões para estudar a atualização estatutária, a definição do modelo do Prêmio ANEC para Educação Católica do Brasil em 2010, a estruturação das Câmaras Mantenedoras, Educação Superior e Educação Básica, e o Plano das Ações Políticas da ANEC para este ano. Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 7 acontece na anec AEC/SC e SINEPE/SC realizam a I Jornada Pedagógica A conteceu em Santa Catarina de 9 a 12 de fevereiro a I Jornada Pedagógica/Administrativa com a participação de aproximadamente quatro mil gestores escolares, professores e técnicos administrativos. O evento foi resultado da bem sucedida aliança entre a AEC/SC e o Sindicato das Escolas Particulares de Santa Catarina. Durante quatro dias os especialistas em educação Cloves Amorim, Lucília Panisset Travassos, Mario Sérgio Cortella, José Manoel Moran e Marcos Meier, percorreram as principais cidades pólos do Estado – Lages, Joinville, Criciúma, Itajaí e Chapecó e mais a capital Florianópolis, debatendo com os educadores sobre questões pedagógicas e gerenciais. A I Jornada foi organizada pelo Programa de Formação Continuada – PFC – do Sinepe/SC em parceria com a Associação das Escolas Católicas de Santa Catarina – AEC/SC, com o propósito de mostrar que a escola pode transformar-se em um conjunto de espaços ricos de aprendizagens significativas que motivem os alunos a aprender ativamente, a pesquisar o tempo todo, a serem pró-ativos, a saber tomar iniciativas e a saber inter-agir, a partir do pressuposto 8 Informativa - Revista ANEC | acontece na anec que o conhecimento se constrói a partir de constantes desafios e atividades significativas, que excitem a curiosidade, a imaginação e a criatividade. Na presidência da AEC/SC a professora e mestre em Educação Rosa Assunta de Cezaro destacou durante os trabalhos o forte carisma das escolas católicas e o empenho do Sinepe/SC pelo desenvolvimento da gestão de qualidade, ressaltando o interesse mútuo dos organizadores com a realização da I Jornada Pedagógica / Administrativa. O objetivo, segundo frisou professor Marcelo Batista de Sousa, presidente do Si- nepe/SC, foi conclamar os educadores às novas experiências na área do conhecimento, a partir de variáveis críticas no processo de ensino para a aprendizagem e tecnologias que facilitem aprender em qualquer lugar e a qualquer hora, flexibilizando os processos de ensinar e de aprender, abrindo as escolas para o mundo e trazendo o mundo para as escolas, em tempo real. Com esta perspectiva, a educação, além de se constituir em fator essencial para a formação do caráter dos alunos, é um meio de congraçamento entre os povos – e como tal, é um instrumento para a paz e a compreensão entre todas as comunidades. Aldo Grangeiro Jornalista e historiador Informativa - Revista ANEC | acontece na anec 9 jurídico O Polêmico Cineb e seus Aspectos C om a volta às aulas, ressurge a retórica sobre a legalidade ou ilegalidade do Cadastro de Informações dos Estudantes Brasileiros – CINEB - divulgado pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (CONFENEN). Antes, porém, de reacendermos esta discussão, façamos aqui breves esclarecimentos sobre o referido cadastro para que o leitor possa entender melhor os argumentos daqueles que o defendem, bem como daqueles que o atacam. O CINEB nasceu de um convênio entre a CONFENEN (Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino) e a empresa CHECK-CHECK, que trabalha com base de dados inerente ao crédito, em âmbito nacional. Em miúdos, é um cadastro de inadimplentes restrito às instituições de ensino, cuja base de dados é mantida e organizada pela empresa acima citada. É acessível a todas as escolas no âmbito nacional que se filiarem à CHECK-CHECK por meio do convênio firmado com a CONFENEN. O sistema funciona basicamente da seguinte forma: após 90 dias de inadimplência (período usualmente observado) uma determinada escola envia ao banco de dados do CINEB o nome e o CPF do contratante (e não do aluno menor), após prévio aviso e tentativa conciliatória para recebimento amigável do débito. A partir daí esta negativação do inadimplente fica acessível a todas as Instituições de Ensino filiadas à CHECK-CHECK, podendo ser consultada através de pesquisa do CPF, feita diretamente no site www.cineb.com.br. Assim, antes de se firmar um contrato de prestação de serviços com um pretenso cliente, poderá a escola obter informações sobre o histórico de inadimplência daquela pessoa, através da consulta ao cadastro em comento. Até aí, tudo bem! A discussão começa quando o estabelecimento 10 Informativa - Revista ANEC | jurídico Jurídicos de ensino, com base neste cadastro, recusa a matrícula deste pretenso contratante, ou a matrícula de seu(s) filho(s), ante ao histórico de inadimplência ali lançado. Com isso, veio à baila a discussão sobre a legalidade ou ilegalidade deste cadastro, como ferramenta para “barrar” a matrícula de contratantes com histórico de inadimplência ocorrida em outros estabelecimentos de ensino. Segundo a CONFENEN, tratase de uma medida protetiva às Instituições contra os chamados “inadimplentes propositais”, sendo estes aquelas pessoas que se matriculam, ou matriculam seus filhos, em determinadas instituições de ensino, nada pagam durante todo o ano e, ao final, pedem transferência para outro estabelecimento onde repetem este procedimento. Ainda sob o ponto de vista da CONFENEN, tanto as escolas como os alunos saem prejudicados em tal “manobra”, uma Daladier Rodrigues de Alcântara Júnior Técnico-Contábil e Advogado - Sócio do escritório de advocacia Almeida, Alcântara e Coelho Advogados Associados em Belo Horizonte-MG. Especialista em Direito Público e Social nas áreas do direito do Trabalho, Processual, Previdenciário e Constitucional. vez que esta diminuição de receita desqualificaria a escola bem como aumentaria o custo de seu ensino, fatores que consequentemente são suportados pelos contratantes adimplentes. As críticas dos que defendem este cadastro não se voltam apenas para os “inadimplentes propositais” mas, também, à brecha legal deixada pela Lei 9.870/99, intitulada por eles de “a lei do calote”, principalmente após a alteração implementada pela Medida Provisória n. 2.173-24/2001. Segundo o art. 5° da mencionada Lei, os alunos matriculados terão direito à renovação de sua matrícula, salvo se inadimplentes, observado o calendário escolar, o regimento da escola ou cláusula contratual. Por outro lado, a famigerada Medida Provisória acrescentou o § 1° ao artigo 5° desta Lei que proíbe o desligamento do aluno, durante o ano ou semestre, por motivos de inadimplência. Ainda segundo esta vertente, o § 2° deste artigo estabelece que as instituições de ensino fundamental, médio e superior devem expedir os documentos de transferência do aluno, mesmo que inadimplente, e independentemente de qualquer medida judicial de cobrança do débito. Assim, para os que defendem o CINEB, a própria Lei teria criado mecanismos para fomentar a inadimplência, impedindo as instituições de desligarem o aluno inadimplente no decorrer do ano ou semestre, bem como as obrigando a fornecer os documentos de transferência, facilitando, com isso, esta “manobra” do “inadimplente proposital”. Segundo dados da CONFENEN, antes das alterações da Lei 9.870/99 a inadimplência nacional girava em torno de 3%. Hoje, gira ela, em média, entre 6% e 10%, havendo momentos em que pode chegar a 20% em determinados Informativa - Revista ANEC | jurídico períodos e escolas. Com o propósito de diminuir esta inadimplência e resguardar a segurança nas contratações, criouse, então, o polêmico CINEB, para que as instituições de ensino pudessem dele se utilizar como uma ferramenta acautelatória. Já do outro lado da mesa, temos os órgãos de defesa do consumidor (em geral os PROCONS estaduais) e as Associações de Pais em ferrenha crítica ao cadastro, suscitando, inclusive, sua ilegalidade e abusividade. Também contrários ao cadastro são a Federação Nacional das Escolas Particulares (FENEP), o Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino no Estado de São Paulo (SIEESP) e o Sindicato das Entidades Mantenedoras de Estabelecimentos de Ensino Superior no Estado de São Paulo (SEMESP). Para os que hasteiam esta bandeira, o cadastro de inadimplente seria algo tão restrito às escolas 11 jurídico que o inadimplente sequer tomaria conhecimento prévio desta “negativação”, o que o impossibilitaria de negociar sua dívida antes de seu nome ser lançado no rol de devedores. Neste sentido baseiam-se nos direitos do consumidor de terem acesso a banco de dados no qual seu cadastro está inserido e na obtenção de informações objetivas, claras, verdadeiras e em linguagem de fácil compreensão. Argumentam ainda que este procedimento tente a “lançar” o aluno inadimplente ao sistema público de ensino que, por sua vez, é desprovido de um número suficiente de vagas, o que causaria relevante impacto na educação nacional. Expostos os dois lados da moeda, fica a questão: em verdade, é ou não ilegal o Cadastro de Informações dos Estudantes Brasileiros - CINEB? Antes de mais nada, há de se ressaltar que numa discussão como esta os extremismos e radicalismos devem ceder espaço à ciência jurídica e aos pilares principiológicos nos quais se alicerçam o Ordenamento Jurídico Pátrio. Se de um lado os defensores do CINEB argumentam que a Lei 9.870/99 “favoreceu o calote”, não podemos nos esquecer que o nosso direito privado é baseado no princípio da liberdade contratual e da livre iniciativa das partes. Assim, não há razão para se vincular uma contratação ao seu efetivo pagamento, obstaculizando os documentos de transferência do aluno sob o motivo de que este não cumpriu com suas obrigações contratuais. Também não haveria motivos para o desligamento imediato do aluno inadimplente no decorrer do ano letivo por dois motivos: Um, 12 Informativa - Revista ANEC | jurídico porque tal procedimento poderia prejudicar os chamados “inadimplentes involuntários ou ocasionais”, sendo aqueles que por uma circunstância alheia à sua vontade não conseguiram adimplir, ao tempo e modo, com suas obrigações contratuais, mas buscam, em determinado momento, acertar esta situação. Dois, porque nosso ordenamento constitucional determina que a educação é dever do Estado e da família e, como tal, deve ser vista sob o prisma de um munus público, um bem maior de caráter social. Em plena crise do capitalismo global não se pode dar mais valor o aspecto financeiro do ensino em detrimento do aluno que, na esmagadora maioria das vezes, nada tem a ver com a inadimplência de seus pais ou contratantes. Se o ente privado assume este “dever” Estatal- familiar, deve ele, antes do aspecto financeiro, prezar pelo caráter social de suas funções sem, é claro, esquecer dos custos que este empreendimento lhe acarreta. Para o problema inadimplência existem várias medidas extrajudiciais e judiciais que visam controlar, neutralizar ou minimizar esta “manobra”, que devem ser tomadas antes que a situação tome proporções significativas, com a utilização prudente e consciente de todas as ferramentas que estão ao alcance dos estabelecimentos de ensino, inclusive dos cadastros de proteção ao crédito. Todavia, aos que atacam o referido cadastro, há de se ressaltar que a Legislação Consumerista (Código de Defesa do Consumidor) prevê sim a possibilidade de criação de banco de dados de proteção ao crédito, como denotamos nos artigos 43 e 44 deste diploma legal. Por outro lado, querendo ou não, o inadimplente já é inscrito nos cadastros regionais de proteção ao crédito tais como SPC, SERASA, CCF, etc., sem que se gerasse tamanho impasse. Trata-se, aparentemente, de uma questão de bom senso e adequação. Se o Código de Defesa do Consumidor prevê a criação e manutenção de banco de dados de inadimplente, resta aos hostilizadores do CINEB o argumento de que este banco deve ser mais transparente e de livre acesso aos consumidores, como determina o artigo 43 do Código Consumerista. Neste sentido, parece-nos que a questão pode ser resolvida com a adequação procedimental da inserção de dados no CINEB, que se faria através dos cuidados prévios que a Instituição deve tomar quando da negativação do inadimplente. Por outro lado, uma maior Informativa - Revista ANEC | jurídico abertura e transparência deste cadastro aos consumidores, para pesquisa e informações, também lhe daria melhor convalidação jurídica nos termos do Código de Defesa do Consumidor. Sabe-se perfeitamente que o consumidor, mesmo inadimplente, possui direitos. Todavia, não podemos esquecer que este também possui deveres e, o uso desregrado e abusivo dos direitos pode causar insegurança jurídica com o descrédito da legislação vigente. Assim, parece-nos que a solução para o impasse encontra-se numa melhor adequação do procedimento de inclusão do devedor no banco de dados do CINEB, dando-lhe maior transparência e, consequentemente, maior credibilidade, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor autoriza a criação de tais cadastros, observados os requisitos legais. 13 informativo publicitário OBRIGAÇÃO DA APURAÇÃO E DO REGISTRO CONTÁBIL DA ISENÇÃO DAS CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS NA CONTABILIDADE DAS ENTIDADES BENEFICENTES A s Entidades Filantrópicas (Beneficentes de Assistência Social) se organizam através de associações e fundações sem finalidade lucrativa/econômica, que prestam serviços conforme a LOAS e a PNAS. Todas essas ações devem ser registradas e divulgadas através das informações contábeis. “... evidenciação em Notas Explicativas, das isenções de tributos e contribuições, suas receitas com e sem gratuidades de forma segregada, e os benefícios gozados.” Existe uma grande variedade de tributos (Impostos e Contribuições Sociais) aonde as Entidades Filantrópicas são imunes/isentas, tendo como base a Constituição Federal e sua regulação pelo Código Tributário Nacional (Lei Complementar nº 5.172/66) e outras leis ordinárias. Tendo que para o gozo da isenção das contribuições sociais, será exigida a posse do Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e reconhecimento da Secretaria da Receita Federal do Brasil, conforme regulamentação. Além disso, a Receita Federal entende que a falta do registro contábil das isenções usufruídas se caracteriza em omissão na contabilidade de informações obrigatórias e de fatos geradores, procedendo com autuações e cobranças. Em alguns casos até “enxergando reflexos penais”. Estas Entidades possuem obrigações específicas nas mais diversas áreas (contábil, fiscal, entre outras). O cumprimento destas exigências serve para, entre outras, manterem seu Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social (CEBAS) e por conseqüência a isenção das contribuições sociais ou previdenciárias. Nesse entendimento a RECEITA FEDERAL DO BRASIL, baseado na literalidade dos artigos 22 e 23 da Lei 8.212/91, exige a evidenciação discriminada nas Notas Explicativas das contribuições sociais: A Lei Federal nº 8.212/91, em seu artigo 55, trata das isenções destinadas às entidades Beneficentes de Assistência Social que atendam suas exigências.Este artigo remete às contribuições previstas nos artigos 22 e 23, quais sejam: 20% sobre folha de salários e serviços de autônomos e individuais; RAT/SAT(1%, 2% ou 3% ) ?15% sobre serviços prestados por cooperativas COFINS – 3% CSLL - Contribuição Social de 10% sobre o Lucro Líquido As Entidades Beneficentes, além da Legislação, deverão observar as normas contábeis a elas aplicáveis aprovadas pelo Conselho Federal de Contabilidade, em especial a Resolução CFC nº 877/2000, que aprova a NBC T 10.19, discriminando contabilmente os valores aplicados em gratuidade e o valor das isenções de contribuições previdenciárias usufruídas, bem como que estas informações devem constar em Notas Explicativas: “c) as contribuições previdenciárias relacionadas com a atividade assistencial devem ser demonstradas como se a entidade não gozasse de isenção conforme normas do INSS; ” A partir do ano de 2007 a Receita Federal e a Previdência Social se uniram criando a RECEITA FEDERAL DO BRASIL (Super Receita), e em suas fiscalizações (representações e autuações) vem exigindo o 14 cumprimento da Resolução do CFC No. 966/03, que transcrevemos em parte: INSS s/ Folha de Pagamento (Cota Patronal); S.A.T.; Terceiros; INSS s/ Folha de Autônomos; INSS s/ Prestação de Serviços de Cooperativas; COFINS s/ a receita; Contribuição Social s/ Lucro (CSLL). A partir destas considerações supracitadas e sempre visando o exercício da profissão de forma preventiva e prudente, sugerimos que as Entidades Beneficentes de Assistência Social devem escriturar em seu sistema patrimonial (livro diário) e assim evidenciado em suas demonstrações contábeis e Notas Explicativas, o montante da isenção das contribuições sociais usufruída. Quanto a Contribuição Social sobre Lucro Líquido, entendemos que é Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário inaplicável às entidades sem fins lucrativos, pois, não possuem “lucro” conforme conceituação da legislação tributária, sendo impossível aplicar sua regra de incidência. Por fim, as entidades devem ao comparar e registrar suas Gratuidades e devem fazê-lo observando esse montante de Contribuições Sociais usufruído. Levando em consideração as Normas Brasileiras de Contabilidade vigentes em consonância com as Normas Internacionais (NIC 1), que o Brasil está aderindo, onde não podemos compensar ativos com passivos e nem receitas com despesas, salvo alguma NIC (Norma Internacional de Contabilidade) específica, demonstraremos uma sugestão de contabilização das isenções usufruídas: REGISTRO DA DESPESA E OBRIGAÇÃO: DESPESAS NÃO OPERACIONAIS GRUPO ISENÇÕES DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS - PREVIDENCIÁRIAS D – Despesa c/ Contribuição Social - Cota Patronal D – Despesa c/ Contribuição Social - Autônomos D – Despesa c/ Contribuição Social – Cooperativas D – Despesa c/ Contribuição Social – Terceiros D – Despesa c/ Contribuição Social – SAT D – Despesa c/ Contribuição Social – COFINS PASSIVO CIRCULANTE C – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS – PATRONAL a Pagar REGISTRO DA ISENÇÃO USUFRUÍDA E BAIXA NA OBRIGAÇÃO: PASSIVO CIRCULANTE D – CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS PATRONAL a Pagar RECEITAS NÃO-OPERACIONAIS C – RECEITA - ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS–PATRONALUSUFRUÍDA Esta forma de contabilização faz com que a Entidade demonstre em seu sistema patrimonial a isenção usufruída, sem alterar o resultado do exercício. E ainda, cabe salientar que a rubrica “RECEITA-ISENÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS –PATRONAL-USUFRUÍDA” não faz parte da receita base para o cálculo dos 20%, conforme interpretação literal do Decreto Federal 2.536/98 e diversos precedentes em pareceres da Consultoria Jurídica do Ministério da Previdência Social. Temos, pois, que com registro e evidenciação das Gratuidades e Isenções, a Contabilidade proporcionará melhor qualidade e segurança das informações aos Gestores, ao Fisco e à Sociedade em geral. AUDISA AUDITORES ASSOCIADOS www.audisaauditores.com.br | [email protected] MATRIZ - São Paulo/SP Alameda Olga, 422 - 2º andar - Bloco B Perdizes - 01155-040 Fone: (11) 3825.9671 [email protected] NOVA FILIAL - Porto Alegre/RS Rua Visconde do Herval, 1309 - Sala 204 Menino Deus - 90130-151 Fone/Fax: (51) 3062.8922 [email protected] Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário FILIAL - Recife/PE Av. Conselheiro Aguiar, 2333 - Sala 104 Boa Viagem - 51020-020 Fone/Fax: (81) 3463.1862 [email protected] 15 artigo Educação Indígena Brasileira F alar em inclusão dos saberes indígenas, de sua cultura na educação, é falar do Brasil, ou negá-lo. É como falar de cultura grega, sem seus escultores, sem a Ilíada de Homero, a filosofia de Platão e Sócrates; ou da civilização romana antiga, do povo italiano, sem envolver os povos etruscos, pois é a base de sua origem, e assim, tantos outros povos construtores de sua pátria. A sabedoria milenar dos povos indígenas revela um carisma original, manifestado em outras formas aprendizagem, da criação de brinquedos, flechas, danças, vestes, pinturas, mitos, línguas, sons, habitação, o índio, ícone da vivência holística, uma rara folhagem, manifestação das raízes mais profundas da tradição brasileira de educar, mosaico da identidade e formação da cultura nacional, da indigedade americana e latino-americana. Por isto, o saber indígena é importante, encontrado nos mais diversos lugares: 1. Entre os índios “sem contato” – permanecem em seu habitar original, com língua própria, sem o vínculo, invisíveis à sociedade vigente e vice-versa. Há indícios da existência de mais de 43 grupos indígenas ainda não contatados na Amazônia brasileira. 2. Com índios das aldeias: a) Sem escola: Os Kocama no Alto Solimões de família lingüística tu- “A sabedoria milenar dos povos indígenas revela um carisma original, manifestado em outras formas aprendizagem” 16 Informativa- Revista - RevistaANEC ANEC| |artigo artigo Informativa Edison Hüttner Professor da Faculdade de Teologia da PUCRS Coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena (NEPCI – PUCRS) pi-guarani (7.000 índios). Somente os índios idosos falam a língua kocama, por isto a língua vigente é o português. Um professor kocama Antonio Samias da Aldeia Sapotal em Tabatinga ensina a língua kocama utilizando-se de uma gramática Cocama/espanhol1, elaborada para os Kocamas do Peru; a etnia Jamamadi na Boca do Acre da família lingüística Aruak (300 índios) não possuem gramática própria. Em janeiro deste ano estive na cidade da Boca do Acre e conversei com representantes do povo Jamamadi. Estavam de passagem. Em diálogo com eles, na beira do rio, fiquei admirado, pois a maior preocupação de um índio jovem e professor era a organização da escola na aldeia. Mesmo sem auxilio da secretaria da educação local, solicitou cadernos, livros e caneta para começar a dar aula. b) Com escola organizada bilíngüe. Entre outras etnias que já possuem tradição bilíngüe, como os Tucano do Alto Rio Negro (AM); os Kaingang da Terra Indígena Guarita, Rio Grande do Sul; os Terena no Mato Grosso do Sul. Podemos focar um olhar sobre os Ticuna do Alto Solimões (30.000 índios). Segundo estudos, os Ticuna possuem uma língua própria “independente” e “isolada”, “sem filiação com outra língua conhecida” (Montes Rodriguez, M. E. P. pp. 24-25). Esta etnia contatada desde o século XVI hoje representa uma referência para a educação indígena brasileira, pelo interesse e persistência que sempre manifestaram através da partilha de seus mitos e saberes, de abertura ao novo2. _______________________________ 1 Em 2007 envie cópia desta gramática ao professor kocama Antonio Samias da aldeia Sapotal em Tabatinga – como instrumento de referência para o estudo da língua Kocama. Seria urgente um estudo profundo para elaboração de uma gramática kocama/português. 2 Muitos estudos e trabalhos importantes de pesquisadores e índios contribuíram à educação indígena Ticuna. Cito o estudo da língua escrita dos Ticuna teve sua sistematização com a gramática de Frei Fidelis de Alviano (ALVIANO, F. Gramática, Dicionário, Verbos e Frases e Vocabulário Prático da Língua dos Índios Ticunas. Rio de Janeiro: Ed. do IHGB, 1945); o trabalho da professora Jussara Gomes Gruber junto aos professores Ticuna em vista da valorização da tradição oral e de cursos bilíngües. Fruto deste trabalho e a publicação do livro Torü Duu’ugü (nosso povo). Informativa - Revista ANEC | artigo 17 artigo Dados sobre a educação Ticuna dizem: constatamos que, em 1998, havia 7.458 alunos, com apenas 841 nas classes de 5ª a 8ª série, ao passo que em 2005 o censo escolar apresentava um total de 16.100 alunos, dos quais 4.580 encontravam-se nas classes finais do Ensino Fundamental e nos cursos de Ensino Médio... As escolas municipais são dirigidas por professores Ticuna, que também desempenham em alguns municípios atividades de supervisão e coordenação de pólos. Existem 118 escolas municipais e duas estaduais (Educação Ticuna. Povos Indígenas do Brasil - Instituto Sócio Ambiental (ISA). No Brasil: Segundo o Educacenso de 2007, o Brasil possui mais de 178 mil estudantes indígenas matriculados em 2.517 escolas indígenas em 24 estados da Federação (Conferências levam contribuição para melhorar ensino de 178 mil indígenas. Ministério da Educação). A atuação de professores autóctones em suas próprias aldeias favorece um novo modelo educacional, a escola indígena, renovando-se nas conjunturas sócio-político-educacionais, instigante, porém, crítica. Como bem expressa professor Zacarias Kapiaar Gavião (da Tribo Gavião), coordenador da Educação Escolar Indígena em 18 Informativa - Revista ANEC | artigo Ji-Paraná (RO). Ao entrevistarmos chamou-nos atenção a sua visão sobre educação indígena: Na aula de história do Brasil por exemplo. Eu não parei... vamos estudar o que esta acontecendo lá fora. Nós aqui não fazemos feriado no dia 7 de setembro. Pois como podemos comemorar com aqueles que tiraram nossas terras. Eles que fizeram independência. Mas de quê? Realmente é isto mesmo?” e continua “Eu já disse que os livros didáticos que chegam não mostram como é mesmo nossa cultura e nossa gente, não esta mostrando a história verdadeira. (NEPCI/PUCRS - 26/01/2006) Várias são as críticas sobre o conteúdo e o método aplicado na aprendizagem bilíngüe, pois coloca em jogo a credibilidade, a pureza da interpretação da tradição e cultura de uma etnia. Gonzáles Camacho nos apresenta neste sentido algumas dificuldades percebidas com os Ticuna da Colômbia: • No aspecto lingüístico: a carência de um alfabeto unificado e de estudos práticos sobre a gramática e a tecnologia; • De ordem técnica: a indústria nacional não conta com a capacidade de produzir textos de acordo com os signos tipográficos exigidos pelos idiomas nativos; • De ordem formal: o apoio aos mestres bilíngües com texto escolar; • De ordem conjuntural: se refere à desconfiança de muitos adultos de que os trabalhos dos investigadores em conjunto com os anciãos gerem publicações somente para escritores; • De ordem estrutural: não tem um grupo significativo de mestres e leitores Ticuna 3. (Camacho Gonzáles, H. A. p. 88) 3. Com os índios universitários A Universidade do Estado do Mato Grosso – UNEMAT (desde 2001) – destaca-se por ser a pioneira no Brasil com a formação de professores indígenas do nível superior. Em 2007 foi criado o Programa de Educação Superior Indígena Intercultural: Os Cursos de Licenciatura Específica para a Formação de Professores Indígenas têm por objetivo a formação e a habilitação de _______________________________ 3 Continua Hugo Camacho: “El aprendizaje de la cultura Tikuna no es posible a través de los textos escritos y menos fuera de los espacios y tiempos culturales apropiados para ello: la chagra, el río, las jornadas de cacería, las horas de compartir alimentos, las actividades comunitarias, los rituales, entre otros”. (CAMACHO, GONZÁLES, H. A. pp. 92-93). Informativa - Revista ANEC | artigo 19 artigo professores indígenas para o exercício docente no Ensino Fundamental e em disciplinas específicas do Ensino Médio, nas escolas das aldeias... São oferecidos cursos superiores de licenciatura nas áreas de Línguas, Artes e Literaturas; Ciências Matemáticas e da Natureza; e Ciências Sociais (Cursos. PROESI). O número de índios na universidade é outro fator de relevância à educação indígena. A estimativa é de mais de 5.000 índios universitários freqüentando universidades brasileiras4. Considerações A educação indígena brasileira vive nova fase. Os números confirmam isto, a presença de milhares de indígenas nas escolas, em todos os níveis. O protagonismo da presença indígena na educação veicula-se: à compreensão e superação de uma tendência social ainda latente no povo brasileiro, o preconceito, conseqüência de literaturas e livros didáticos impróprios, da política e suas leis ideológicas, dos meios de comunicação social – diria aqui um índio: “não mostram a nossa verdadeira imagem”; à pesquisa e ao ensino - através da revisão sistemática dos saberes tradicionais, das narrativas orais e sua apropriada divulgação, indispensável à necessidade de conteúdo atual para o ensino da cultura indígena5; à avaliação dos métodos de aprendizagem, do conteúdo programático e seus _______________________________ 4 A LEI No 11. 096 proporcionou o acesso dos índios na Universidade. - Institui o Programa Universidade para Todos – PROUNI, ou seja, institui a reserva de vagas para indígenas e afrodescendentes nas universidades. 5 A história e cultura indígena é conteúdo obrigatório no currículo oficial da rede de ensino, conforme Lei Nº 11.645/08. 20 Informativa - Revista ANEC | artigo conceitos, do material didático, da pedagogia desenvolvida, do espaço físico da escola, porém, avaliação inserida em seu contexto. Os povos indígenas do Brasil entendem que o caminho é a educação. Cristovam Buarque ao elogiar Darcy Ribeiro, referese ao que ele sempre defendeu: “O progresso não vem do chão de fábrica, vem dos bancos de escola. Não precisamos de uma revolução que acabe com os ricos. Precisamos de uma revolução que acabe com a falta de educação (Cristovam Buarque, p. 15).” Bibliografia CAMACHO GONZÁLES, H. A. “Escuela, Tradición oral y Educación propia entre los Tikuna de Trapecio Amazónico Colombiano”. In: Os Ticunas Hoje. n 5, jan./dez., Manaus: Ed. da Universidade do Amazonas, 1999. BUARQUE, Cristovam. Universidade e Carnaval. In: Coe, Frank Azevedo e Ramos, André Raimundo Ferreira. (Org.). Séculos Indígenas no Brasil: catálogo descritivo de imagens. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2008. Disponível em http://www.pucrs.br/edipucrs/nepci/frame.htm. Atualizado em 12/02/2009. FAUST, Norma. Gramática cocama: Lecciones para el aprendizaje del idioma cocama. Serie Lingüística Peruana, 6. Yarinacocha - Peru: Instituto Lingüístico de Verano. 1972. MONTES RODRIGUEZ, M. E. “Tonologie de la Langue Ticuna. Langue indépendante de l’Amazonie Colombienne”. (Thèse doctorale), Université, Paris VII, D.R.L. 1994. Educação Ticuna. Fonte: Povos Indígenas do Brasil - Instituto Sócio Ambiental (ISA). Disponível em http://pib.socioambiental.org/pt/povo/ticuna/1350. Atualizado em 12/02/2009. Cursos. Fonte: Programa de Educação Superior Indígena Intercultural - PROESI. Disponível em http://indigena.unemat.br/modules/xt_conteudo/index.php?id=8. Atualizado em 12/02/2009. Conferências levam contribuição para melhorar ensino de 178 mil indígenas. Fonte: Ministério da Educação. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content &task=view&id=11847. Atualizado em 12/02/2009. Entrevistas Professor Zacarias Kapiaar Gavião (da Tribo Gavião) – Entrevistado no município de Ji-Paraná (RO), na “Terra Indígena Igarapé Lourdes” onde se localiza a escola da aldeia Gavião (Entrevista concedida em 23 de janeiro de 2006 ao Núcleo de Estudos e Pesquisa em Cultura Indígena da PUCRS). Entrevista realizada na Boca do Acre no dia 11 de janeiro de 2009 com representantes da etnia Jamamadi (NEPCI/PUCRS) Leis brasileiras LEI Nº 11.645, DE 10 MARÇO DE 2008. Fonte: Presidência da República - Casa Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/ L11645.htm. Atualizado em 12/02/2009. LEI No 11.096, DE 13 DE JANEIRO DE 2005. Fonte: Presidência da República - Casa Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/lei/L11645.htm. Atualizado em 12/02/2009. Informativa - Revista ANEC | artigo 21 artigo Ação evangelizadora na e da universidade:Universidade discípula e missionária. Discípulos e missionários na realidade acadêmica Uma universidade chamada a ser discípula e missionária é desafiada a comungar em sua realidade saber e práxis. Atenta à herança de seus princípios fundantes deve inserir-se na realidade atual e nela encontrar os sinais do Reino; o Cristo que passa, educa, liberta; a presença e a pedagogia de Deus. A história da ação evangelizadora ano âmbito da universidade sempre esteve ligada a muitos fatos históricos. Os diversos contextos pelos quais passou sempre influenciaram a identidade e a estruturação da ação pastoral na e a partir da academia. No Brasil, foram notáveis grandes ideologias e ou teologias que emergiram de mobilizações estudantis. A busca de compreender a realidade e seus desafios sempre clamou por uma pastoral da inteligência, a partir da cultura. Por vezes até mesmo com conflitos, a universidade sempre foi um local pelo qual se observou a realidade e se buscou transformá-la. Na atualidade, o contexto e influência da universidade tornaramse muito evidentes e dignos de atenção, sobretudo pela organização e difusão do Ensino Superior, não ideal, mas muito maior que há poucos anos atrás, sobretudo quando pensamos no Brasil. Nossas universidades, pólos de irradiação do conhecimento aprimorado, merecem também atenção devido à sua vocação de ser locus de convergência de tudo aquilo que é essencial. Na pluralidade de 22 Informativa - Revista ANEC | artigo Ir. Adriano Brollo Articulador da PdU – ANEC/CNBB – Região Sul Diretor do Setor de Pastoral da PMBCS Assessor de Pastoral da PUCPR [email protected] expressões que perpassa a realidade, a universidade é chamada a ser o lugar da virtude, a concretização da expressão latina “in médio virtus”. Como discípula, portanto, a universidade deve descobrir na realidade os sinais do reino, os apelos do Cristo pela busca da verdade e pela promoção da vida em sua integralidade. Olhando para o evangelho, deve educar-se por ser espaço de respeito às diferentes iniciativas, dando ênfase à pluralidade de expressões, purificando os excessos e radicalismos e reconstruindo as que por ventura se acomodam no conformismo, ou num certo espiritualismo seja fundamentalista ou relativista. É dessa atenção e inserção à realidade que podem ser evi- denciados com maior clareza a identidade e missão da universidade que se propõe a ser cristã, discípula do Cristo encarnado. Numa linha marcadamente humano-cristã, ler e inserir-se no contexto dos sujeitos para conhecê-los em suas potencialidades e fraquezas se faz essencial para que a missão seja fecunda, visto que sem sintonia social não há processos de conhecer e investigar que estejam a serviço do bem comum da comunidade humana (cf. Documento de Aparecida, n. 463, d). Discípulos e missionários em novos areópagos A eclesiologia reafirmada em Aparecida reflete na universidade e a convoca a passar de uma pastoral de conservação para uma pastoral missionária, a passar de uma fé de tradição a uma fé de convicção. Sem a premissa da sintonia social a universidade se exime de denunciar as fraquezas de seu tempo e de profetizar uma Boa Nova sensível à realidade e com potencial para transformá-la. O desafio que se impõe à Pastoral no meio universitário é reconhecer os diferentes sujeitos da ação evangelizadora, reconhecendo neles seus potenciais, e inculturar o Evangelho para que fale do lugar das pessoas, acompanhando-as e, por vezes, fazendo a mudança das estruturas para responder às dores daqueles sujeitos históricos que adentram à comunidade educativa; isso requer uma nova e profunda espiritualidade. Informativa - Revista ANEC | artigo 23 artigo Uma pastoral somente sacramental é muito reducionista para ser uma pastoral da universidade. Uma universidade discípula, sempre atenta ao Evangelho e aos sinais do Reino em meio à realidade, torna-se consequentemente missionária. Dos apelos concretos vêse vocacionada a reconhecer e desencadear conexões com os novos areópagos da contemporaneidade (cf. Doc. Aparecida, n. 491), o mundo das comunicações, o mundo digital, o diálogo inter-religioso, o desenvolvimento dos povos, a ecologia, a biotecnologia, a cultura e a experimentação científica e, principalmente, na formação de pensadores e líderes cristãos. A pergunta ‘mater’ que se impõe à ação evangelizadora das IES é como disponibilizar suas estruturas para a transformação de uma pastoral conservadora, que por vezes não promove a educação e a formação na fé? A missionariedade impõe a contemplação da integralidade do processo. A visão do todo amplia o horizonte da pastoral fazendo-a deixar de ser apenas um conjunto de atividades e passar a se fazer presente nos centros de decisões acadêmicas, aprofundando a formação e o acompanhamento de professores e gestores. A resposta às urgências da pólis em suas novas configurações impõe à cátedra um posicionamento ético e estético com linguagem e discurso pastoral capaz de capilaridade na sociedade, 24 Informativa - Revista ANEC | artigo “Como discípula, portanto, a universidade deve descobrir na realidade os sinais do reino,... Olhando para o evangelho, deve educar-se por ser espaço de respeito às diferentes iniciativas” na igreja e na instituição de ensino. Os atores responsáveis pela ação evangelizadora na universidade precisam dessa compreensão holística sobre a universidade. Em última instância serão sempre eles os articuladores de processos que envolvem estratégias específicas (Doc. Aparecida, n. 338, 343), como por exemplo a discussão sobre o currículo, o dialogo permanente com pró-reitorias e o corpo docente. É necessário superar a pastoral que apenas reune minorias. Fazer pastoral na universidade implica em inculturar os valores de Jesus Cristo na cultura da organização desencadeando um agir ético e estético em todas as instâncias da universidade. Emerge assim uma pastoral concebida como evangelização das pessoas, das estruturas e dos saberes, que é mais que simples celebração de sacramentos, e passa a atuar como evangelização das ciências e da cultura, que é especificidade da ação pastoral na universidade. Conforme a Ex Corde Ecclesiae, “a pastoral universitária (...) concretiza a missão da Igreja na Universidade e faz parte integrante da sua atividade e da sua estrutura”. Ainda, paralelamente ao processo de descobertas de amplos processos de evangelização deve haver sempre em meio a universidade cristã a preocupação com a formação de uma verdadeira comu- Informativa - Revista ANEC | artigo nidade formada por discípulos e missionários. Essa universidade não é um simples lugar de produção de conhecimento, tão pouco um castelo de elucubrações. Promove o diálogo em seu meio e ao mesmo tempo com as universidades parceiras. Essas, juntas, são panópticos que servem para o bem comum da comunidade. Nesse sentido, a economia não deveria impor a veracidade dos saberes e dos encontros, não deveria colonizar a capacidade investigativa e criativa de alunos, professores e pesquisadores. A universidade, para ser discípula e missionária, necessita buscar a verdade, ser livre, autêntica e mais que uma simples produtora de títulos. 25 artigo Darwin 200 Comemoramos em 2009 o segundo centenário do nascimento de Charles Robert Darwin. Um homem admirado, estudado e até considerado polêmico por alguns. 26 A s homenagens, os congressos, as publicações e as exposições serão inúmeras. Sociedades científicas, filosóficas e teológicas, universidades e museus de história natural, têm já programadas as mais diversas atividades sobre a vida e a obra do relevante cientista, nascido em 12 de fevereiro de 1809. A Universidade de Cambridge, a título de exemplo, tem programado para o próximo mês de julho o Darwin Festival, um evento científico e cultural de extrema relevância. Do mesmo modo, o Natural History Museum de Londres já inaugurou a Darwin Exhibition, esplêndida e altamente documentada exposição sobre o autor. Não deixa de chamar a atenção a trajetória universitária do grande naturalista, observador e colecionador. Iniciou os estudos de medicina na Universidade de Edimburgo. Vale acrescentar que o pai dele era médico. Abandonou essa opção antes de ter concluído o curso. Ingressou na Universidade de Cambridge para estudar artes. Nessa época, aproximou-se das línguas clássicas, da filosofia, da teologia e, por incrível que pareça, da matemática e da física. Nem o mundo das humanidades nem o das ciências divinas configurou, contudo, sua indiscutível e preclara opção intelectual: a observação atenta e crítica da natureza. Duas experiências marcaram definitivamente o futuro do notabilíssi- Informativa - Revista ANEC | artigo Prof. Dr. Joaquim Clotet Reitor da PUCRS mo cientista: uma viagem e o jardim da sua casa. A viagem, realizada no Beagle, durou cinco anos e permitiu-lhe observar, escrever, desenhar e colecionar animais e plantas numa longa singradura. Dois terços dessa viagem passou-os em terra firme. Por sinal, de abril a junho de 1832, esteve no Brasil e alugou uma propriedade na baía de Botafogo. De volta à pátria comprou uma casa, Down House, a dezesseis milhas de Londres. O grande jardim nela existente foi o seu laboratório. A leitura dos dados obtidos na viagem, o exame dos espécimes coletados e seus experimentos com orquídeas, pombas, baratas e minhocas, entre os outros muitos por ele realizados, o inspiraram à formulação de sua teoria da seleção natural e prepararam a edição da Origem das Espécies, 1859. A vida e a obra do bicentenário autor são ainda hoje objeto de acendrado estudo, pesquisa e debate, atingindo o patamar da transdisciplinaridade. Esse reconhecimento do valor e significado da sua produção,contrasta com a discrição do avisado viajante e do erudito pesquisador, pois ele próprio afirmava que não era especialista em nenhuma disciplina. Continua ainda hoje o estudo e o debate entre criacionismo, ou doutrina bíblica da criação, e evolucionismo, proveniente da seleção natural. O papa Pio XII Informativa - Revista ANEC | artigo na sua carta encíclica Humani Generis, 1950, convida e estimula o aprofundamento de ambas as teorias. A Academia Pontifícia das Ciências, do Vaticano, dedicou sessões extraordinárias ao tema no passado mês de novembro. Afirmou-se a existência de provas que evidenciam a evolução. Destaca-se, porém, que o ser humano, o homem e a mulher, não são o resultado do caos, mas que foram pensados e amados pelo Criador. Uma conferência internacional sobre a conciliação entre a fé e a teoria da evolução está programada pela mesma entidade para o próximo mês de março. Não é em vão que Darwin também estudou teologia e era homem que amava o diálogo. 27 artigo Cultura planetária M uito já se disse sobre a crise do planeta Terra. Entretanto, é preciso recomeçar sempre, porque poucos escutam. E nunca foi tão urgente. Os sinais se manifestam em todo o cenário do Planeta: explosão demográfica; crescente aumento da miséria; analfabetismo, que impede os seres humanos de se tornarem sujeitos da história; violência, que desordena e degrada a convivência social e ambiental; corrupção de políticos e agentes públicos, que buscam o bem individual em detrimento do bem comum; contínuas guerras, em nome da ganância, do poder e muitas vezes em nome de Deus; aquecimento global, poluição, secas, degelo das calotas polares, furacões, ciclones, alagações, desmatamentos, queimadas, chuva ácida, extinção de animais e de plantas. O’ Sullivan (2004, p. 341), alerta que: “nosso mundo, o lugar onde nos encontramos e onde vivemos os acontecimentos significativos de nossa existência, manda-nos sinais de perigo. Temos de reconhecer que o planeta que habitamos está em apuros”. Por isso, a existência e a vida do Planeta devem ser vistas como conteúdos essenciais da escola, impregnando as disciplinas em projetos consistentes e contínuos. Thomas Berry, no prefácio do livro de O’Sullivan (2003, p. 20) afirma que “(...) o bem-estar da Terra e o bemestar do ser humano no seio da comunidade terrestre têm de ser o centro unificador da educação do futuro”. O ser humano precisa ser educado para a cultura planetária: atitude de olhar para o Planeta e o envolvimento em projetos sociais e ambientais. A profissão e os progressos intelectuais, além de trazerem benefícios pessoais e familiares, devem trazer benefícios sociais e planetários. 28 Informativa - Revista ANEC | artigo Lauro Daros Diretor gerall do marista de Cascavel. Pós-graduado em Língua Portuguesa e Estudos Literários. Administração e supervisão escolar. Mestrado em Educação. Nesse contexto, Thomas Berry (2004, p. 23) escreve também: “Toda profissão e toda ocupação dos seres humanos têm de estabelecer-se dentro do funcionamento integral do Planeta”. O’Sullivan (2004, p. 27) pensa que, no advento do período pós-moderno, “o quadro de referências educacional apropriado para esse movimento tem de ser visionário e transformador e deve ir além das perspectivas educacionais convencionais que cultivamos durante os últimos séculos”. E mais adiante, o autor questiona: “Como é que nós, educadores, nos encaixamos em mudança tão profunda”? A humanidade passa por uma fase de transformação, ou seja, transição paradigmática. A Era Moderna não cumpriu a dádiva da felicidade. É preciso, por isso, buscá-la na Era Pós-Moderna. Há, porém, impressão de caos: se já não se deseja o modernismo, ainda não se vê o rosto do pós-modernismo. Tem-se consciência de que os valores modernos não trazem felicidade, mas ainda são poderosos e é difícil imaginar-se sem eles. Embora exista no ar sensação de novidade, o ser humano continua predominantemente racional, insensível, individualista, consumista, depredador do meio ambiente. Seria ingenuidade, porém, pensar que a escola dá conta de resolver todos os problemas. “Mas ela, certamente, poderá ajudar na formação de uma consciência ecológica e na promoção do aprendizado da busca do sentido das coisas, do sentido da vida” (Moraes, 2004, p. 321). Pergunta Assmann (1998, p. 14): “Quem duvida que a educação é, hoje, mais que nunca, a mais avançada tarefa emancipatória?” A transição paradigmática não decorre de um ato de vontade indivi- Informativa - Revista ANEC | artigo dual ou de grupo. É um processo mais complexo que se constata no movimento de transformação da realidade, que sucede de um complexo conjunto de fatores, condições e circunstâncias científicas, econômicas, tecnológicas, epistemológicas e sociais. Entretanto, a educação deve assumir postura protagonista, envolvendo o professor na formação continuada e na práxis transformadora. O salto paradigmático acontece no processo de integrar a visão antropocêntrica à cosmovisão que olha para a existência e para a vida. O princípio antrópico induziu a uma visão antropocêntrica do cosmos, isto é, de colocar a natureza a serviço do ser humano, que a explora e a devasta. O princípio antrópico se divide em forte e fraco. O primeiro afirma que o universo comportou-se 29 artigo de forma a se adaptar ao ser humano. Para o segundo, o universo se comportou de forma a surgir o ser humano. Hawking (198, p. 180) pensa que “vemos o universo da maneira como ele é porque, se fosse diferente, não estaríamos aqui para vê-lo”. O ser humano de visão antrópica vê-se no centro da criação e da evolução, e nessa condição, dá-se o direito de dominar e explorar o Planeta. Por outro lado, a cosmovisão é o olhar integral e holístico sobre o mundo, que não exclui a visão antropocêntrica, mas a integra à existência e à vida. O ser humano acolhe a natureza e com ela mantém relação de respeito e de promoção. A cosmovisão apresenta a visão do todo e a educação, em tal contexto, de acordo com O’ Sullivan (2004, p. 33), olha para a Terra em primeiro lugar. Integrar é um verbo muito importante nesta era de dualismos. Segundo Houaiss (2004, p. 1630), significa “incluir-(se) um elemento num conjunto, formando um todo coerente; unir-se, formando um todo harmonioso; completar-se; complementar-se”. A definição de dualismo vem de Abbagnano (2003, p. 294): “(...) o fundador do dualismo seria Descartes, que reconheceu a existência de duas espécies diferentes de substâncias: a corpórea e a espiritual. Essa palavra, todavia, foi estendida para indicar outras oposições reais...” Entre as tantas, além da dicotomia visão antropocêntrica e cosmovisão, podem ser citadas: teoria e prática, ser humano e natureza, ciência e vida, ciência e fé, ciência e política, masculino e feminino, chrónos (tempo do relógio) e kairós (tempo da vida), razão e emoção, saber cotidiano e saber científico, local e global, sonho e rea- 30 Informativa - Revista ANEC | artigo lidade, quantidade e qualidade, objetividade e subjetividade, horizontalidade e verticalidade, indivíduo e sociedade, imanente e transcendente. Integrar os dualismos, para que se harmonizem e se completem, é essencial para que a educação seja protagonista da transformação. Para dar respostas aos problemas sociais e ambientais, o compromisso da escola é com o cidadão planetário. Um ser humano intelectualmente desenvolvido, capaz de refletir e de produzir conhecimento, capaz de viver os valores e as virtudes, capaz de conviver com o outro e com a natureza, é capaz, com o auxílio da ciência e da tecnologia, de progredir e de cuidar da existência e da vida. O triplo gatilho – conhecimento, caráter e convívio – para a formação completa do cida- dão, apto ao progresso apropriado, é defendido por Balestro (2008, p. 146): “A educação de triplo gatilho, a um só tempo do caráter, do convívio e do conhecimento, constitui a pedra de toque da civilização, ao passo que a sua falta é a grande pedra de escândalo de nossos dias...”. Balestro completa: “Tudo o mais viria como natural e inelutável...” (p.112). Precisa-se cuidar das pessoas e dos demais seres vivos. Cuidar da água, do solo, do ar. Cuidar das florestas. Cuidar das cidades, com ruas arborizadas, praças, bosques, parques; cuidar das casas, prédios públicos e privados, com jardins e espaços naturais. Cuidar do meio ambiente cultural e natural onde se manifesta a vida humana e dos demais seres. Enfim, cuidar da existência e da vida. Bibliografia ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de Filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2003. ASSMANN, Hugo. Reencantar a Educação. Rumo à sociedade aprendente. 7ª ed. Petrópolis: Vozes, 1998. BALESTRO, Virgílio. Samurais e Bandeirantes: contrastes e confrontos inexoráveis. Curitiba: Gráfica e Editora Kaygangue Ltda, 2008. HAWKING, Stephen W. Uma breve história do tempo. Trad. Maria Helena Torres. Rio: Rocco, 1988. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio: Objetiva, 2004. MORAES, Maria Cândida. Pensamento Ecossistêmico – educação, aprendizagem e cidadania no século XXI. Petrópolis: Vozes, 2004. O’SULLIVAN, Edmund. Aprendizagem Transformadora: uma visão educacional para o século XX. Trad. Dinah A. de Azevedo. São Paulo: Cortez, 2004. Informativa - Revista ANEC | artigo 31 artigo Uma celeste ajuda para o professor e a educação 32 Informativa - Revista ANEC | artigo Ir. Israel José Nery fisc Irmão Lassalista, é educador, catequeta, conferencista, escritor, com 53 livros publicados. Atualmente é Secretário Provincial Lassalista, membro do GRECAT/CNBB, e presidente de SCALA (Sociedade de Catequetas Latino-americanos). A realidade Assusta-nos o que revelam as pesquisas sobre a situação da educação no Brasil. O ENEM, a cada ano, revela uma parte e alguns aspectos. Várias reportagens e estudos têm mostrado um pouco mais. Ora, é sabido que, sem um alto investimento em educação, nenhum país consegue progredir. Afinal por que há tão pouca valorização dos governos e das famílias pelas crianças e jovens e pelo futuro delas e, conseqüentemente, pelo futuro do país? Não basta, porém, melhorar o “ensino” e o processo de aprendizagem. É essencial “educar”, pois afinal, somos humanos, portanto, perfectíveis, necessitados de valores e de referenciais para o sentido da vida. Neste sentido, não existe educação sem trabalhar seriamente ética, moral, Direitos Humanos, valores, cidadania, religiosidade... Mas como educar se o que hoje manda é o consumo, a lei do levar vantagem, o desprezo pela ética e pela moral, o egoísmo, a guerra contra a vida, contra o planeta e a religião, a banalização do crime, da violência e da corrupção?... Como educar se, cada vez mais, os pais – primeiros e principais educadores de seus filhos -, pouco zelam pela educação dos valores em casa e na sociedade? Como educar se a família e a sociedade cobram apenas “passar no vestibular e fazer uma faculdade”, “subir na vida”, “aproveitar a vida”... Um Padroeiro dos professores Diante do que está acontecendo é essencial não desanimarmos, Informativa - Revista ANEC | artigo antes precisamos firmar a fé em nossa vocação e missão de educadores. Para isso, relembro um importante documento do Papa Pio XII, sobre a valorização que a Igreja dá à vocação e missão do professor e o fato de termos um celeste padroeiro. Cito aqui três parágrafos do referido documento, intitulado Quod Ait, do dia 15 de maio de 1950: Estas palavras de São Boaventura “Verdadeiro mestre é tão somente quem souber iluminar e enriquecer a mente e infundir a virtude no coração do aluno” deveriam ser meditadas, mais do que nunca, nestes tempos em que vemos o ensino da juventude, muitas vezes, não somente dissociada da formação moral, porém, contribuindo, muito eficazmente, para a ruína 33 artigo das almas, especialmente quando se lhe acrescenta o desprezo de Deus e da Religião. Por isso, cerca a Igreja com solícito afeto os que se consagram à educação da juventude, porquanto é deles que dependem, em grande parte, a salvação e o progresso da comunidade cristã. Ora, existiu um homem, eminente em santidade e ciência, São João Batista de La Salle que, pessoalmente e por meio do Instituto que fundou, deu e continua a dar aos jovens uma formação sã e integral e zelou igualmente pela cuidadosa preparação dos mestres... Estimando que à educação deve ser dada a máxima importância, e para que tenham novos motivos e novo estímulo para desempenharem conscientemente função de tamanha responsabilidade os que se consagram à formação das almas juvenis, de boa vontade..., pelas presentes letras e, para sempre PROCLAMAMOS E DECLARAMOS São João Batista de La Salle ESPECIAL PADROEIRO, junto de Deus, de todos os professores que se dedicam à educação da infância e da juventude. 34 soais aos pobres e envolveu-se plenamente com aquele grupo e deu-lhe um rumo. A associação se transformou num Instituto de Religiosos Irmãos Educadores, a primeira Congregação religiosa de Irmãos. Quando La Salle morreu, em 1719, havia 100 Irmãos e 32 escolas. E ele deixava 22 livros publicados. Eis alguns de seus pensamentos: Alguns pensamentos do Padroeiro dos professores Pais: “Os professores precisam falar assiduamente com os pais para que empreguem todos os meios para assegurar aos filhos a necessária instrução, enviando-os à escola” (La Salle: Guia das Escolas, 8). La Salle (França, 1651 – 1719), era sacerdote e de família muito rica. Com poucos anos de ordenado padre, assumiu uma nascente associação de professores, que teve início com um professor chamado Adriano Nyel. Em seguida, decidiu distribuir seus bens pes- Educação Integral: “Em vossa profissão deveis unir o zelo pelo bem da Igreja como o zelo pelo Informativa - Revista ANEC | artigo bem do Estado. O bem da Igreja, o promovereis fazendo os vossos alunos verdadeiros cristãos. O bem do Estado, ensinando-lhes tudo o que vos cabe na área do conhecimento...” (La Salle, Medtação160). Professores: “Se tendes para com os vossos alunos a firmeza de pai para tirá-los e afastá-los do mal, deveis ter-lhes também a ternura de mãe para atraí-los e fazer-lhes todo o bem que depende de vós” (La Salle, Meditação 101,3); “É preciso acostumar os professores a terem semblante descarregado, fisionomia serena, exterior que manifeste espírito firme, porém cheio de bondade” (La Salle: Guia das Escolas, 6); “Vós exerceis um emprego que vos coloca na obrigação de mover os corações dos vossos alunos, o que só é possível realizar pelo Espírito Santo” (La Salle, Meditação 43,3); “Em vossa profissão de educadores vós sois ministros, embaixadores e representantes de Jesus Cristo e é assim que os alunos devem vos considerar. Comportai-vos de acordo com esta vossa dignidade” (La Salle, Meditações 133, 155, 203); “Uma das qualidades que o bom pastor deve possuir é conhecer todas as ovelhas distintamente. Esta também deve ser uma das atenções primordiais dos que se dedicam à educação dos outros: conhecê-los bem e discernir o modo de tratar com eles” (La Salle, Meditação 33,1); “Convencereis muito mais os alunos com vosso exemplo de uma vida correta, do que com muitas palavras” (La Salle, Meditação 33,2). Informativa - Revista ANEC | artigo 35 informativo publicitário 36 Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário 37 artigo Uma ponte para o possível D o latim communicatione, o termo comunicação traz a ideia de compartilhar ou tornar comum. Os dicionários a definem como “capacidade de trocar ou discutir idéias, dialogar, com vista ao bom entendimento entre pessoas”1. Aqui tratamos de um processo mais complexo, que envolve não apenas pessoas e ideias, mas organizações e instituições e a forma como estas transmitem informações, compartilham e trocam ideias e valores com os segmentos da sociedade com os quais têm de se comunicar. A explosão do processo comunicacional, que alcança no início deste século proporções inimagináveis com a popularização da internet, transferiu para os meios de comunicação debates que se desenvolviam em espaços públicos concretos. Em lugar de praças, feiras e ruas, a mídia tornou-se a instância mediadora na configuração do espaço público moderno. Transitar neste novo espaço sem tropeços é o desafio que se apresenta às organizações. Qualquer que seja a instituição e o ramo de atividade, necessita do aval da sociedade para que esta indique se o que está sendo feito pela instituição está de acordo com interesses e necessidades da sociedade na qual está inserida. Utilizar a imprensa para tornar público o trabalho de uma instituição tem por fim prestar de contas. Os serviços de assessoria de imprensa e comunicação surgem como pontes naturais e imprescindíveis, estabelecendo a ligação entre o mundo organizacional e a sociedade. Alimentar a mídia com informações precisas e seguras, em linguagem acessível, garantindo transparência, talvez seja a única forma de assegurar o desejado e necessário entrosamento. Contudo, a assessoria de imprensa e comunicação não pode ser a única responsável pela imagem pública de uma entidade, seja uma instituição de ensino ou de qualquer outro ramo. Se o produto ou serviço oferecido não estiver de acordo com as expectativas do público a que se destina, a comunicação não vai consertar os estragos na imagem provocados por má administração. _______________________________ 1 Novo dicionário da língua portuguesa, Aurélio Buarque de Olanda. 2ª edição – Rio de Janeiro, RJ: Nova Fronteira, 1986. 38 Informativa - Revista ANEC | artigo Joyce Russi Jornalista especializada em Gestão da Comunicação nas Organizações, é consultora de Comunicação da Companhia de Notícias (CDN) e mestranda na linha de Jornalismo e Sociedade da Universidade de Brasília (UnB). A melhor forma de assegurar o sucesso de uma estratégia de comunicação é atuar de forma integrada e afinada com os interesses e valores defendidos pela organização. É necessário que o projeto de comunicação seja definido em conjunto com a cúpula administrativa, com base em valores, princípios e diretrizes comuns. A comunicação deve considerar as formas de relacionamento com os diversos públicos de interesse da organização. O relacionamento direto com a mídia, ensina Wilson da Costa Bueno2, não pode ser resumido a ter o nome de jornalistas ou o título de jornais e revistas em um cadastro, que produz etiquetas. Também vai além de gerar releases via fax, cor- reio ou e-mail. Por se tratar de uma relação fundamental para assegurar a boa imagem da instituição, é importante profissionalizar o serviço de modo a não correr riscos desnecessários e aumentar a eficiência desses relacionamentos. O sucesso da estratégia de comunicação passa ainda pela empatia e confiança estabelecida entre dirigentes da organização e profissionais contratados. Confiar e saber utilizar bem as estruturas e profissionais de assessorias de imprensa e comunicação, enxergar a mídia como ombudsman da sociedade e respeitá-la como seu porta-voz é um passo decisivo para garantir melhora no relacionamento com a imprensa e com a opinião pública. _______________________________ 2 Comunicação Empresarial: teoria e pesquisa. Barueri-SP, Manole, 2003. Informativa - Revista ANEC | artigo 39 artigo Campanha da Fraternidade 2009: uma chance à A Fonte: http://www.cnbb.org.br 40 paz! Campanha da Fraternidade 2009 põe diante de cada instituição educacional católica a oportunidade de contribuir para o fortalecimento da consciência ética e responsabilidade social. Seu tema, “Fraternidade e Segurança Pública”, colocará em pauta as violências, a justiça social, a insegurança e a cultura de paz – questões que interessam não somente à Igreja, mas também a professores, pais, crianças e adolescentes. A frase do Profeta Isaías escolhida como lema da CF 2009 – “A paz é fruto da justiça” – nos convoca a refletirmos sobre as condições necessárias para o estabelecimento de uma sociedade, comunidade, escola e/ou família pacíficas. A paz, assim como a violência, é uma construção humana. Ambas são resultantes de múltiplos processos históricos, econômicos, sociais e culturais – os quais, por sua vez, fundamentam-se em determinados valores. Há valores que conduzem à paz, tais como a cooperação, o diálogo, a solidariedade, a diversidade, a generosidade e a empatia. Por outro lado, há valores que favorecem a violência: o egoísmo, a competição, a dominação, a noção de superioridade, o fundamentalismo, a exclusão, a vingança, a omissão etc. Cada um é livre para escolher os valores em que deseja acreditar e praticar, e deve ser responsável por sua escolha. Ser um cidadão de paz é muito mais do que não ser um indivíduo violento. Fazer o bem é algo infinitamente maior do que não fazer o mal. A violência não é inerente à espécie humana. Mas a paz também Informativa - Revista ANEC | artigo Prof. Dr. Feizi Milani Fundador do Instituto Nacional de Educação para a Paz e os Direitos Humanos (INPAZ). Doutor em Saúde Pública. Professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública. Médico de adolescentes. Consultor educacional e conferencista internacional. Blog: www.feizimilani.blogspot.com E-mail: [email protected] não brota por geração espontânea. A paz é uma meta ainda por ser assumida e priorizada pelas pessoas, escolas e sociedades. No caso do Brasil, os desafios para a construção de uma Cultura de Paz são múltiplos. Abordaremos três dos principais: a justiça social, a educação e a ética. Justiça social significa redução das desigualdades, em especial a econômica, a social, as que existem entre os sexos, entre as raças e, na aplicação da justiça. Essas cinco formas de opressão vem se perpetuando desde o início da história do Brasil. Para que não se chegue à guerra civil, faz-se mister a combinação de estratégias – políticas públicas visando uma efetiva redistribuição de renda, a reforma agrária e o apoio ao pequeno produtor, a erradicação da miséria, ações afirmativas para os afrodescendentes, a melhoria da qualidade de vida nas áreas mais carentes etc. A educação desempenha papel crítico na construção da justiça e da paz. É preciso garantir o acesso, a permanência e o sucesso de todas crianças e adolescentes à rede de ensino, e que a escola promova um aprendizado significativo e coerente com a cultura de paz. A escola não pode ter como objetivo supremo preparar os estudantes para atender às demandas do mercado. Quando o conhecimento técnico e as habilidades intelectuais são desenvolvidos sem a equivalente formação ética, geram-se monstros. A educação precisa ser integral, visando ao pleno desenvolvimento das Informativa - Revista ANEC | artigo potencialidades físicas, mentais, emocionais e espirituais do ser humano. A incorporação e a aplicação de valores morais em todos os níveis de decisão e atuação é outro desafio. Para isso, é preciso ressacralizar o mundo, salvandoo da unidimensionalidade materialista. Isso pode ser feito em uma abordagem transreligiosa, buscando nas tradições espirituais da humanidade os princípios éticos universais e atemporais. Essa é a preciosa oportunidade que a CF 2009 oferece ao Brasil: revermos nossa cultura, questionarmos os valores pessoais e coletivos, e escolher o caminho da justiça, o qual nos conduzirá à paz. Permita Deus que estejamos a altura dela e saibamos aproveitá-la. 41 educação superior Complexo de Prontos-Socorros auxilia no ensino dos alunos de Medicina da PUC-Campinas T razer benefícios para a sociedade, mas também acrescentar na formação do estudante de Medicina. Estes foram os principais benefícios que a inauguração do Complexo dos ProntosSocorros (Adulto, Infantil, Ortopedia e Ginecologia/Obstetrícia) do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas, no dia 6 de fevereiro, trouxe para Campinas e região. Para o diretor da Faculdade de Medicina da PUC-Campinas, José Espin Neto, com a nova infra-estrutura os alunos da Faculdade de Medicina terão melhores condições para o exercício da atividade e para um aprendizado mais qualificado. Já os pacientes ganham no aumento do conforto e da comodidade que a ampliação proporcionou. “O Pronto Socorro está mais amplo, o que permite uma maior capacidade de recepcionar o paciente e isso tem um impacto direto no ensino. Com as melhorias é fortalecido o relacionamento paciente e médico”, afirmou o diretor. Espin ainda destaca que o estudante de Medicina da PUC-Campinas tem um grande diferencial em sua formação, já que conta com um Hospital inteiro que é utilizado no processo pedagógico. “Poucas faculdades particulares confessionais têm um Hospital próprio como nós. Isso faz com que o acesso seja ilimitado para os estudantes aprenderem.”, finaliza o professor. O reitor da PUC-Campinas, padre Wilson Denadai salientou a importância do Hospital da Universidade no processo de aprendizagem, não apenas para a Faculdade de Medicina, mas para os alunos de 42 Informativa - Revista ANEC | educação superior todos os cursos da área da saúde. “Nas atividades da Universidade, é evidente que esse novo pronto-socorro estará avançando nos trabalhos correspondidos na pesquisa e na extensão”. Para o arcebispo Metropolitano de Campinas e grão-chanceler da PUC-Campinas, dom Bruno Gamberini, com a inauguração das novas instalações do Hospital é necessário agradecer a todas as pessoas, que na dimensão do trabalho na Federação exercem obras tão importantes como estas. O Pronto Socorro começou seu funcionamento, efetivamente, no último dia 16 de fevereiro, e a expectativa é de dobrar o atendimento atual, de oito mil consultas mensais, para 16 mil. “Trata-se de uma obra importante e que atende todos os critérios e parâmetros que o Ministério da Saúde estabelece de acolhimento, humanização e segurança para o profissional da saúde”, afirmou o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Ainda de acordo com o ministro, com a ampliação da infraestrutura do Pronto Socorro da PUC-Campinas, há um ganho na qualificação dos atendimentos de Campina e de toda a região. “Esperamos com essas novas estruturas atender de uma forma cada vez melhor a população, principalmente a mais carente de Campinas e região, que chega à emergência”, explica o superintendente do Hospital e Maternidade Celso Pierro da PUC-Campinas, Antônio Celso de Moraes. A expectativa do superintendente com a reforma é reduzir as filas que costumam se Informativa - Revista ANEC | educação superior 43 educação superior formar na parte externa das unidades, agilizar a triagem obrigatória de pacientes e melhorar os sistemas de sinalização que garantam fluidez no atendimento e autonomia ao usuário. A reforma dos Prontos-Socorros aumentou a área ocupada de 558,22 metros quadrados para 1.328,03, o que possibilitará um melhor fluxo de atendimento dos pacientes. O número de leitos de retaguarda para pacientes críticos do Pronto-Socorro Adulto passou de 3 para 5, que possibilitará melhorias no acolhimento dos pacientes, já do Pronto-Socorro Infantil permanecerá com 5 unidades. Segundo o diretor, outras melhorias estão no aumento do número de alunos que poderão freqüentar o Hospital, o aumento nos esquemas de plantões e divisões de áreas privativas. “Todas essas melhorias faz com que o paciente se sinta mais confortável dentro do hospital, se sinta um cidadão” disse. A obra seguiu as diretrizes do Programa QualiSUS, que preconiza criar, nos hospitais, grupo de humanização no atendimento, além de reorganizar o funcionamento com a priorização de leitos para pacientes da emergência, instituir a triagem classificatória de risco e capacitar profissionais. Participaram da inauguração do complexo hospitalar o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, o secretário da Saúde do Estado de São Paulo, Luiz Roberto Barradas Barata, o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, o secretário de Saúde de Campinas, José Francisco Kerr Saraiva, o arcebispo Metropolitano de Campinas, dom 44 Informativa - Revista ANEC | educação superior Bruno Gamberini, o vice-presidente da Sociedade Campineira de Educação e Instrução (Scei), Sebastião Carlos Biasi, o reitor da PUC-Campinas, padre Wilson Denadai e o superintendente do HMCP, Antônio Celso de Moraes. Classificação de Risco A classificação de risco, considerada um dos pontos mais importantes do Programa QualiSUS, realiza o atendimento de acordo com a necessidade. No HMCP, as cores azul, amarelo e vermelho, são as que identificam a gravidade do estado de saúde dos pacientes. Pacientes em estado grave, trazidos por resgate, SAMU e concessionárias de rodovias (cor vermelha) serão atendidos em caráter de emergência, não precisando esperar atendimento. Para a cor amarela estarão restritos pacientes considerados de urgência, que apresentam, por exemplo, queixa de dor aguda. Já na cor azul ficarão pacientes com queixas crônicas, como lombalgia, que receberão a indicação de atendimento em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Segundo o superintendente do HMCP, Antônio Celso de Moraes, muitos pacientes procuram os prontossocorros com um quadro clínico não emergencial (cor azul). “Esse perfil de paciente acaba desviando a atenção da equipe, que deveria ser destinada aos pacientes em urgência e emergência”, avalia. Segundo estimativas das Unidades de Urgência e Emergência do Hospital, a população atendida hoje no Pronto-Socorro Adulto do Hospital e Maternidade Celso Pierro é de 80% azul. Atendimento à população, nas novas instalações dos Prontos-Socorros (Adulto, Infantil, Ortopedia e Ginecologia/Obstetrícia) do Hospital e Maternidade Celso Pierro (HMCP) da PUC-Campinas. _______________________________ Assessoria de imprensa da PUC-Campinas Informativa - Revista ANEC | educação superior 45 educação educaçãosuperior superior Do sonho de um homem à realidade da vida de milhares de pessoas Passado e presente da PUC Minas, idealizada por Dom Antônio dos Santos Cabral, são marcados pelo serviço à sociedade, por meio do ensino, pesquisa e extensão de qualidade. Fachada do campus Coração Eucarístico -Crédito: Marta Carneiro 46 46 Informativa Informativa- -Revista RevistaANEC ANEC | | educação educaçãosuperior superior O ano é 1958. Marcado pela primeira conquista brasileira em uma Copa do Mundo, pela escolha do Papa João XXIII para assumir o Vaticano, e, em Minas Gerais, pelo lançamento da pedra fundamental de construção da Usiminas, o ano também marca o início da Universidade Católica de Minas Gerais. Em 12 de dezembro de 1958, nasceu a Universidade, fruto do sonho de um homem, conhecido e eternizado pelo bairro que leva o seu nome: Dom Antônio dos Santos Cabral, o Dom Cabral. O sonho desse homem hoje faz parte diretamente da vida de alunos, professores e funcionários, e, indiretamente, da vida de milhares de pessoas beneficiadas por projetos de extensão e pesquisa e pelos profissionais eticamente formados na Universidade desde a sua criação. A história da PUC Minas começa em 1884, em Propriá, Sergipe. Lá, nasceu Dom Cabral, que veio para Belo Horizonte em 1922 para ser o primeiro bispo da jovem capital mineira. Veio com a missão de dotar a cidade da assistência de uma Igreja que auxiliaria o funcionamento e o crescimento da capital. A diocese foi elevada a arquidiocese em 1924 e praticamente não tinha bens. Com seu espírito empreendedor, Dom Cabral, que também se elevou de bispo a arcebispo, pôs-se a trabalhar para formar algum patrimônio e construir as paróquias. Dentre as aquisições da nova Arquidiocese, a Fazenda Pastinho, no bairro Bela Vista, hoje bairro Dom Cabral, que abrigou, inicialmente, o Seminário Eucarístico de Jesus. Uma parte desse terreno foi comprada pelo próprio Dom Cabral, com a herança herdada do pai. O professor padre Geraldo Magela Teixeira, reitor da PUC Minas entre 1987 e 2003, conheceu Dom Cabral quando ainda era seminarista. Ele se lembra bem da visão moderna que o arcebispo trouxe para Informativa - Revista ANEC | educação superior Belo Horizonte: “Era tão ligado à educação, que, no seminário, a biblioteca era o centro das construções”, lembra. O prédio onde funciona atualmente o Centro de Registros Acadêmicos no campus Coração Eucarístico foi a inovadora biblioteca do seminário. O nascimento da Instituição A exemplo das universidades católicas que já haviam sido criadas no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Porto Alegre, Belo Horizonte também queria a sua universidade católica. Padre Magela lembra-se bem da influência que Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, cardeal de São Paulo, exerceu sobre Dom Cabral para a criação da Universidade Católica de Minas Gerais. “Preocupadíssimo com a formação católica dos universitários, o Cardeal Motta criou, em 1946, a Universidade 47 educação superior superior educação Católica de São Paulo. Dom Motta era mineiro de Bom Jesus do Amparo e sempre foi muito ligado a Minas Gerais, preocupando-se, também, com a formação dos mineiros”, lembra Padre Magela. O alvo da criação de uma universidade católica em Belo Horizonte era oferecer à juventude que emergia dos colégios, quase todos religiosos, uma opção de Universidade comprometida com a saúde física e mental das pessoas, com o resgate dos pobres e com a justiça e os direitos fundamentais dos cidadãos. Em junho de 1948, foi criada a Sociedade Mineira de Cultura, mantenedora da futura Universidade. As primeiras escolas a se incorporarem à Sociedade foram a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras Santa Maria e a Faculdade Mineira de Direito, em 1949, seguidas da Escola de Enfermagem Hugo Wer- 48 48 neck e da Faculdade de Ciências Médicas, em 1951, e da Escola de Educação Física, em 1952. Em 1954, a Escola de Serviço Social foi incorporada com todo o seu patrimônio, incluindo seu imóvel e sua vasta biblioteca, cumprindo, assim, as exigências do Ministério da Educação. Em 12 de dezembro de 1958, o então presidente da República, Juscelino Kubitschek, e o ministro da Educação, Clóvis Salgado, assinaram o decreto de criação da Universidade Católica de Minas Gerais. 50 anos depois Campus de Arcos, Guanhães, Poços de Caldas, Serro e Belo Horizonte (unidades Coração Eucarístico, São Gabriel, Barreiro, Praça da Liberdade), núcleos universitários de Betim e de Contagem. • 56 cursos de graduação, com mais de 48 mil alunos • 297 cursos de pós-graduação lato sensu, com mais de 8 mil alunos • 24 programas de pós-graduação stricto sensu, com 1.372 alunos • 69 cursos de extensão, com mais de 1.600 alunos • dois cursos seqüenciais, com quase 300 alunos; • cerca de 2 mil professores e cerca de 2 mil funcionários. Educação como força transformadora Do sonho de Dom Cabral até a concretização de uma grande Universidade, a PUC Minas passou pelo trabalho inicial fundamental do primeiro reitor, padre José Lourenço da Costa Aguiar; pela capacidade de articulação e resistência de Dom Serafim Fernandes de Araújo; pelo título de Pon- Informativa--Revista RevistaANEC ANEC | | educação educaçãosuperior superior Informativa Dom Antônio dos Santos Cabral Crédito: Centro de Memória e de Pesquisa Histórica tífícia que veio em 1983 e marcou a gestão do professor Gamaliel Herval; pelo desenvolvimento tecnológico e criação dos cursos de pós-graduação na gestão do padre Lázaro Assis Pinto; pelo grande crescimento e expansão na gestão do padre Geraldo Magela Teixeira; e pela sintonização com as demandas da sociedade contemporânea, que marcaram a gestão do professor Eustáquio Afonso Araújo. Hoje, a PUC Minas, sob a gestão do professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães desde agosto de 2006, vive o desafio de continuar a construção do sonho de Dom Cabral: uma Instituição que, afetiva e efetivamente, dê a sua contribuição para uma sociedade mais justa e mais digna, em um mundo mais humano. Nesses 50 anos, Belo Horizonte foi muito além da marca de cem mil habitantes prevista por seus idealizadores. O Brasil passou por diversas crises, por um governo militar, pelo processo de redemocratização e hoje enfrenta os desafios da globalização. “A PUC Minas sempre acreditou na educação como o melhor caminho para a transformação da sociedade. E se mantém atenta e sensível aos desafios da contemporaneidade no que tange ao progresso tecnológico e à complexificação da própria sociedade”, afirma o reitor, professor Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães. Assistência judiciária gratuita, clínicas de psicologia, de fisioterapia, de fonoaudiologia e de odontologia, convênios com organizações não-governamentais que prestam serviços comunitários, concessão de bolsas de estudos para alunos de baixa renda, parcerias para a criação e manutenção de projetos sociais, apoio à inclusão de portadores de necessidades especiais, são iniciativas que se somam a um projeto de educação integral para levar adiante o sonho de Dom Cabral. Informativa - Revista ANEC | educação superior Entre as melhores O Índice Geral de Cursos (IGC) de 2008, do Ministério da Educação, confirmou a PUC Minas entre as melhores instituições de ensino do País. O ICG avalia a qualidade dos cursos de graduação, mestrado e doutorado, distribuídos em campi e municípios onde as universidades atuam. A PUC Minas ocupou o primeiro lugar entre as particulares em Minas Gerais. Este ano, a Universidade deu início a um novo desenho estrutural para sua atuação acadêmica, capaz de colocá-la ainda mais ágil e forte para enfrentar o quadro de mudanças estabelecidas para a educação superior no Brasil. É a certeza, para seus quase 60 mil alunos, dois mil professores e dois mil funcionários, que a chama do sonho de Dom Cabral permanece acesa e não se apagará. 49 educação superior Pureza e qualidade nas matérias-primas farmacêuticas Por Eduardo Borba - Repórter da Assessoria de Comunicação da PUCRS Antes de fazer uso de um medicamento recomenda-se a leitura atenta da bula. Mas até uma substância chegar ao público, existe um longo processo, invisível aos leigos, mas fundamental à indústria farmacêutica. Para caracterizar, avaliar e monitorar os insumos utilizados na produção de medicamentos, contribuindo para o desenvolvimento tecnológico e industrial do setor farmoquímico nacional, foi criado o Laboratório Analítico de Insumos Farmacêuticos (LAIF), que começou a operar no final de 2008 na PUCRS. Dotado de uma estrutura inédita na América Latina, o LAIF está situado no Parque Científico e Tecnológico da Universidade (Tecnopuc). Reúne o que existe de mais avançado em equipamentos para verificar a qualidade de uma matéria-prima. Com eles, é possível fazer a identificação de materiais, o teor e o grau de pureza, a verificação da presença de metais pesados (como chumbo e mercúrio), a determinação do tamanho de partículas e o seu grau de toxicidade ao organismo humano, entre outros. As aquisições de R$ 4,5 milhões são de recursos do Ministério da Saúde, por intermédio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). “O ambiente e o reconhecimento do Tecnopuc, aliados ao trabalho da Agência de Gestão Tecnológica da PUCRS foram fundamentais para receber o apoio financeiro”, analisa a diretora da Faculdade de Farmácia Flávia Thiesen. 50 Informativa - Revista ANEC | educação superior Sob a liderança do professor e farmacêutico José Aparício Funck, o Laboratório tem impacto direto em quatro frentes: no ajuste regulatório às normas exigidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que criará, em breve, o Sistema de Registro de Matérias-Primas; na criação da Rede de Laboratórios Analíticos – da qual o LAIF será referência; no treinamento de profissionais para atuar nesse tipo de ambiente; e na produção de mais especificações do que as hoje constantes da Farmacopéia Brasileira – código oficial farmacêutico do País, onde se estabelecem, entre outras coisas, os requisitos mínimos de qualidade para fármacos, insumos, drogas vegetais, medicamentos e pro- dutos para a saúde. Conforme Flávia, o carrochefe do LAIF é a prestação de serviços, mas sem descuidar da área de pesquisa e desenvolvimento de metodologia. Os principais clientes são laboratórios de produtos farmoquímicos e importadores de insumos. Eles estão vinculados a entidades como a Abiquif, a Associação Brasileira das Indústrias de Química Fina, Biotecnologia e suas Especialidades, a ANVISA e a Associação dos Laboratórios Farmacêuticos Oficiais do Brasil, que auxilia instituições públicas em licitações para compras com especificações adequadas. A diretora da Faculdade informa que estão sendo elaborados cursos de extensão para capaci- tar profissionais a trabalharem no local e em outros laboratórios que atuem com insumos farmacêuticos. “A tendência é que novas estruturas, similares ao LAIF, sejam construídas no País nos próximos anos”, projeta. Atualmente, alunos da graduação, da disciplina de Controle de Qualidade de Medicamentos, bem como estagiários, usufruem do Laboratório. “O Ministério da Saúde irá aportar mais recursos para a capacitação de pessoal e contratação de técnicos, que atuarão na assessoria nacional e internacional para acreditação (certificação) do Laboratório”, diz Funck. Isso permitirá ao LAIF integrar a Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde Pública. Informativa - Revista ANEC | educação superior 51 educação educaçãosuperior superior Foco na excelência: Unileste comemora 40 anos de tradição e qualidade no Vale do Aço 52 52 Informativa Informativa- -Revista RevistaANEC ANEC | | educação educaçãosuperior superior “Uma ideologia vence, não pela força, mas pela perseverança”. D ita em 1969, essa frase ecoa, cada vez mais presente, nas mentes dos mais de 700 colaboradores que compõem o Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG). Seu autor, Padre José Maria de Man, chegou ao leste mineiro em 1963, acompanhado de sacerdotes da Congregação Padres do Trabalho, que dariam início à construção do maior complexo educacional da região. “Padre de Man idealizou uma instituição que não fosse apenas grande, mas que respondesse aos anseios da região”, ressalta doutor Genésio Zeferino, reitor do Unileste. Os mais de oito mil alunos que transitam hoje pelo Centro Universitário, distribuídos em 28 cursos de graduação e 26 de pós-graduação, demonstram o caráter visionário dessa Instituição, que em 40 anos de história, venceu crises, superou barreiras e comprometeu-se com o desenvolvimento social e profissional da população do Leste de Minas Gerais. Raízes Ditadura militar, repressão política, desenvolvimento urbano, impulso industrial. Atendendo às necessidades de educação, emergentes a partir do processo de urbanização promovido pela instalação de indústrias metalúrgicas na região, surge no Vale do Aço a Universidade do Trabalho, que implanta o curso de Licenciatura Polivalente em Letras, Estudos Sociais e Ciências. Mais tarde, nasceriam também os cursos de Engenharia de Operação, Eletrônica Industrial, Eletrotécnica, Mecânica de Manutenção e Siderurgia. Os desafios foram muitos: a contratação de professores para lecionar em uma região ainda em processo de estruturação urbana; a manutenção financeira da Instituição; e o apoio aos alunos, que se viam, muitas vezes, obrigados a se deslocar de outros municípios, per- Informativa - Revista ANEC | educação superior correndo longas distâncias. Para Iolanda Torres Magalhães, graduada pela primeira turma de alunos da Universidade do Trabalho, e atual professora do curso de Direito do Unileste, a história de 40 anos da Instituição mostra que vencer desafios é missão para aqueles que têm perseverança. “A força emanada do fundador, Padre de Man, e o apoio dos que o ajudaram, impulsionaram nosso desenvolvimento enquanto escola. E esses são os maiores diferenciais do Unileste: a raiz, a força e a tradição que o movem até hoje”, ressalta. Transformação Em 1976, o patrimônio da Universidade do Trabalho é transferido para a Universidade Católica de Minas Gerais (UCMG), posteriormente transformada em Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas). Com essa transferência, novos desafios e novas conquistas, mas a missão continua a mesma: a formação 53 educação superior técnica e humanística, e o aprimoramento contínuo de seus alunos, professores e funcionários. Quinze anos depois, a PUC-Minas deixa a Instituição sob o controle de seus dirigentes locais e da Diocese. Cria-se, então, o Instituto Católico de Minas Gerais (ICMG), que dá sequência ao projeto de formação iniciado. A Instituição passa por momentos difíceis, agravados por um contexto econômico nacional instável. Mais uma vez, fé, perseverança e trabalho fazem a diferença e possibilitam a criação do Projeto ICMG 2000. O objetivo era reestruturar a Instituição, visando sua transformação em Centro Universitário. Reconhecimento Em junho de 2001, o ICMG se transforma no Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste-MG). Nos anos seqüentes, a Instituição vive uma fase de ampliação da oferta de cursos, com crescimento significativo em relação à qualificação docente, pesquisa e iniciação científica e atuação junto à comunidade por meio de ações e projetos de extensão. Com vistas ao fortalecimento da Instituição, em 2005 o Unileste incorpora a União Brasiliense de Educação e Cultura (Ubec) como mantenedora, que o insere em uma rede de outras oito instituições de ensino superior e colégios no Distrito Federal, no Estado do Tocantins e no Leste de Minas Gerais. Atualmente, 90% dos cursos de graduação do Unileste alcançaram conceito máximo em avaliações do MEC. Cursos de graduação tecnológica foram implantados, com vistas à formação de profissionais capazes de atender a demandas cada vez mais específicas do mercado de trabalho. E estruturas de experimentação e pesquisa, como laboratórios e projetos acadêmicos foram aprimorados, se concretizando, por exemplo, em um sistema de bibliotecas que abrange mais de 97 mil títulos, um centro tecnológico com cerca de 200 computadores de livre navegação e mais de 170 laboratórios disponíveis para atividades acadêmicas. 54 Informativa - Revista ANEC | educação superior Para o reitor da Instituição, tamanho crescimento “é fruto de todo o trabalho feito pelo Centro Universitário em prol do oferecimento de melhores condições de aprendizagem, tanto em termos acadêmicos, na excelência do corpo docente e na configuração de sua proposta didático-pedagógica, quanto em termos estruturais, com uma infra-estrutura que permite experimentações condizentes com as exigências do mercado de trabalho. Não é à toa que somos comprovadamente a Instituição de ensino superior mais lembrada do Vale do Aço”, salienta Zeferino. Diferenciais de qualidade Potencializando a relação aluno-professor, os estudantes do Unileste têm acesso ao Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), espaço em que o docente disponibiliza, com antecedência, tudo aquilo que utilizará em sala de aula. Uma Central de Atendimento ao Aluno recebe e processa de maneira centralizada solicitações acadêmicas e administrativas inerentes ao dia-a-dia dos graduandos. Tudo isso sem perder o foco na vocação humanística e filantrópica da Instituição. Apenas em 2008 foram investidos cerca de R$ 7,8 milhões em Bolsa Social e Pro-Uni, facilitando o acesso de jovens do Vale do Aço ao ensino superior. “Temos contato com equipamentos e softwares de ponta. E sentimos que o Unileste tem se aprimorado em favor da melhoria de nossas atividades e do desenvolvimento de nossa formação profissional”, afirma Fernanda Sanches, aluna do 7º período do curso de Publicidade e Propaganda. “Vivenciamos hoje uma fase de pleno desenvolvimento institucional, cientes de que estamos dando continuidade ao sonho do Padre de Man. Outros desafios virão como oportunidades de reforço da qualidade e dos princípios praticados nos 40 anos de tradição do Unileste”. finaliza o reitor. Informativa - Revista ANEC | educação superior 55 educação superior UniSALESIANO incorpora orientações apresentadas por dirigentes salesianos, em Barcelona, no final de A Prof. Nelson Hitoshi Takiy, coordenador dos Cursos de Engenharia, durante reunião em que repassou informações trazidas da Espanha para professores que atuam na área. 56 2008 lém de uma reunião realizada com professores do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO de Araçatuba, que tinha por objetivo apresentar e discutir a pauta normal do planejamento para o primeiro semestre de 2009, foi aberto um tópico para transmitir o traçado da Assembléia Geral da IUS – EngG. Salesian Institution For Higher Education - Engineering Group, que aconteceu no final de 2008, em Barcelona, na Espanha Pelo UniSALESIANO de Araçatuba participaram o Pe. Luigi Favero, Diretor Geral, e o professor Nelson Hitoshi Takiy, como delegado representante. No encontro foi definido o planejamento de atividades da IUS - EngG para o triênio 2009-2011, que envolve características importantíssimas para o desenvolvimento do intercâmbio entre as instituições salesianas. Estiveram presentes ao evento o coordenador geral da IUS – EngG, Pe. Carlos Garulo, de Roma, representantes do Brasil, Espanha, Filipinas, Índia, Japão, Equador, Bolívia e El Salvador. Na oportunidade foram acordadas as responsabilidades de cada representante na formatação da rede internacional de relacionamentos entre as instituições. Além das atividades da programação da IUS-EngG, foram desenvolvidos também vários passeios a locais históricos, centenários e turísticos da cidade. Informativa - Revista ANEC | educação superior Ex-aluno do UniSALESIANO recebe prêmio no Estado do Pará O acadêmico Vinícius Alves Parrilha, ex-aluno do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO de Araçatuba recebeu o Prêmio Destaques Profissionais de 2008 do município de Santa Maria das Barreiras, no Estado do Pará. A solenidade de entrega da honraria ocorreu no dia 6 de dezembro de 2008. Vinícius foi homenageado pelo trabalho realizado com a comunidade durante o ano de 2008, realizando palestras educativas e atuando como coordenador, de segunda a sexta-feira, de uma unidade de Saúde daquela cidade. Já nos fins de semana ele trabalha como na Unidade de Urgência e Emergência do Hospital Regional de Conceição do Araguaia, que fica próxima a Santa Maria das Barreiras. “Isto é motivo de orgulho para nós, do UniSALESIANO, pois vemos que temos ex-alunos nossos se destacando pelo Brasil”, comentou a coordenadora do Curso de Enfermagem, Cláudia Cyrillo. Ela lembrou, ainda, que Vinícius está concluindo uma Pós-Graduação em Enfermagem do Trabalho e que em breve assumirá outra função em uma empresa da região. Informativa Informativa -- Revista Revista ANEC ANEC || educação educação superior superior Vinícius Alves Parrilha: talentos do UniSALESIANO de Araçatuba reconhecidos pelo país 57 57 educação básica a diferença”, faz a diferença no Colégio João Paulo II Projeto “ Viva Por Sandra Helena de Araújo Lima - Coordenadora Pedagógica Colégio João Paulo II T odo ano é assim: a escolha dos temas dos projetos a serem apresentados em nossa, já tradicional, Feira de Cultura, causa várias indagações. A primeira (e mais importante), porque sua resposta definirá como os trabalhos serão desenvolvidos é: qual o assunto que cada turma irá trabalhar? A turma do 2º ano/E.F I, do Colégio João Paulo II, encontrou rapidamente esta resposta. Um dos conteúdos propostos pelo material didático utilizado por eles, neste 4° bimestre, foi o tratamento dado aos Portadores de Necessidades Especiais. Este estudo revelou a preocupação dos alunos diante de atitudes preconceituosas em relação a essas pessoas. Ficou evidente que algo deveria ser feito a fim de modificá-las. Surgiu então o Projeto “Viva a diferença!” O projeto “Viva a Diferença!” caiu como uma luva...possibilitou discussões, propiciou a vivência de situações que os P.N.E’s enfrentam e, acima de tudo tornou mais real e humano o contato com eles. 58 Informativa - Revista ANEC | educação básica Foi emocionante ver a turminha realizando desenhos com as mãos pra trás e o pincel na boca (foto1), após observarem calendários produzidos por artistas sem mãos. Ao propor esta atividade, a Prof. Heloísa de Paiva, permitiu que os alunos valorizassem, ainda mais, o trabalho destes artistas. A visita, à nossa escola, do Prof. de Libras, Reginaldo e de sua aluna Luciana (surda, desde o nascimento) foi outro ponto alto do Projeto. A história de vida de Luciana, que mesmo diante de todas as dificuldades inerentes a sua condição, está concluindo a faculdade de Pedagogia, no município de Campos dos Goytacazes, emocionou e propiciou reflexões importantíssimas aos nossos educandos. Ler e entrar no mundo da pequena Marcela, protagonista do livro “A Felicidade das Borboletas”, de Patrícia Secco, verificar possíveis alterações a serem feitas na estrutura física de nossa escola a fim de que a mesma atenda melhor aos P.N.E”s,entre outras atividades não menos importantes, contribuíram para o sucesso da culminância do Projeto que ocorreu na já citada Feira de Cultura, em 26 de novembro (foto 2). O melhor de tudo foi percebermos que este Projeto não terminou neste dia, porque as lições que nossos alunos aprenderam levarão por toda a vida. A nós, resta a certeza de que cumprimos nosso papel de educadores: não nos limitamos a trabalhar conteúdos de Línguas, Matemática e outras disciplinas. Entendemos que a formação da sociedade justa e solidária que tanto buscamos perpassa pela formação de crianças e adolescentes mais humanos e conscientes da importância de valores essenciais à vida humana, como o amor, a amizade, o respeito às diferenças e a fé. Informativa - Revista ANEC | educação básica 59 educação básica Aluno pesquisador, comunicativo e solidário: É possível? Por Prof. José Leão da Cunha Filho - Diretor Educacional do Colégio Marista de Brasília O título deste artigo foi objeto de mesa redonda, durante as comemorações dos 45 anos de presença Marista em Brasília. Vamos pensar o tema em três perspectivas. Na primeira, negaremos a possibilidade de educar para o perfil de pesquisa, comunicação e solidariedade. A atividade do estudante, construtora da autonomia, exige o acolhimento de seu potencial e de suas fragilidades, bem como do contexto em que vive. É o que diz Bransford (2006)1 sobre como as pessoas aprendem. Quantas escolas estão conseguindo contribuir para que o aluno construa o perfil de pesquisa, comunicação e solidariedade? Na segunda perspectiva, afirmamos que é possível educar para o perfil em questão. Nenhuma escola correria o risco de rejeitar essa resposta. Trata-se de um discurso assumido nos projetos pedagógicos, mas raramente praticado. No que se refere ao perfil de pesquisa e comunicação, os atuais ingressantes no ensino superior quase sempre estão habituados a copiar e têm sérias dificuldades para a expressão escrita e oral do pensamento. Por fim, na terceira perspectiva, vamos afirmar que é possível, mas depende. Então de que dependeria? Depende do professor, da escola e da sociedade. Antes, vamos retornar à base da pergunta colocada: aluno pesquisador, comunicativo e solidário. O que se quer dizer com esses termos? Um aluno pesquisador é capaz de formular perguntas e propor respostas. Ora, a criança faz perguntas e ensaia respostas. Faz isso pelo simples fato de estar no mundo e desconhecê-lo. Se um _______________________________ 1 BRANSFORD, John D.; BROWN, A. L. & COCKING, R. R. (Org.). Como as pessoas aprendem: cérebro, mente, experiência e escola. São Paulo: Editora SENAC. 2007. 60 Informativa - Revista ANEC | educação básica tempo depois, na escola, precisa aprender, em que momento desaprendeu? Por outro lado, o adolescente e o jovem continuam a fazer perguntas, agora qualificadas com o traço político da contestação. Eles também desaprenderam? Então, o que é que realmente precisam aprender na escola? A resposta a essa pergunta é fundamental. E o aluno comunicativo, do que deve ser capaz? De dizer seus sentimentos e ideias com clareza? Não é isso que o adolescente faz quando fala? Seus familiares e amigos não o entendem quando a eles se dirige? Há como melhorar? Certamente. Sabe o aluno redigir com clareza e coerência seu pensamento? Nesse ponto a presença da escola é inquestionável. E quanto ao aluno solidário? Deve ser capaz de indignar-se com a fome, a injustiça, a violência, a intolerância. Não é o jovem capaz de tal postura? Dizem os poetas que experimentamos nossos melhores e ousados sonhos de liberdade e fraternidade justamente na juventude; um tempo bom para a utopia. Em geral, adolescentes e jovens são muito sensíveis, especialmente ante a miséria e a injustiça. Então o que precisam aprender na escola? As escolas querem ensinar o que de certo modo seus alunos já sabem, pelo simples fato de gozarem de saúde física e mental, de serem da espécie que pensa e ama e de viverem numa sociedade inundada pela informação. Certo tipo de escola é estéril, por neutralizar a curiosidade e induzir à cópia, precarizando os primeiros contatos com as ciências. Pesquisa, comunicação e solidariedade: o que há para aprender na escola? O aluno precisa aprender a deslocar-se da curiosidade espontânea à curiosidade metódica (pesquisa); da linguagem vulgar à linguagem considerada culta, com a qual deve exercer sua profissão e interagir na sociedade (comunicação); e do sentimentalismo e da pieguice à ética (solidariedade). Para esse triplo deslocamento a escola é fundamental. Por isso educar para a pesquisa, para a comunicação e para a solidariedade é possível, mas depende. Como dissemos acima, depende do professor, da escola e da sociedade. Vamos pensar um pouco sobre cada um desses fatores. Depende do professor. Demo (1996; 2004) 2 tem insistido na _______________________________ 2 DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. Campinas, SP: Autores Associados, 1996. Professor do futuro e reconstrução do conhecimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004. Informativa - Revista ANEC | educação básica 61 educação básica importância de entender a pesquisa também como princípio educativo, perspectiva apropriada ao fazer da escola. Pesquisa como princípio educativo significa aprender a questionar e a elaborar por conta própria. Negar a cópia. Mas como um aluno que passa horas ouvindo ou copiando o discurso – oral ou escrito – de um professor vai aprender a formular e elaborar por conta própria? Professor pedagogicamente mal-formado, focado na aula como repetição do discurso alheio e na prova como mecanismo de reprodução e punição, é incompatível com a proposta educativa que estamos examinando. Segundo Freire (1983; 1997)3 , comunicar não é apenas capacidade de expressar sua palavra, mas capacidade de dialogar, isto é, escutar o outro, acolher sua palavra, pensar juntos. De novo, como um aluno vai aprender a dialogar se sua palavra não é acolhida? Se o professor prescreve, e o aluno obedece e reproduz? Um professor que não dialoga não ensina a dialogar. Igualmente, quando se pensa o termo solidariedade, o aluno dependerá de um professor solidário. Um professor que adote postura arrogante, distanciando-se das dificuldades de seus alunos, não lhes ensinará a solidariedade; um professor que ensine conteúdos sem qualquer referência aos desafios do contexto social não ensinará a aprofundar o pensamento solidário. O aluno não aprenderá a fazer uso do conhecimento para sonhar com um mundo mais justo. O segundo fator é a escola. O professor de quem todos cobram _______________________________ 3 FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983. Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1997. 62 Informativa - Revista ANEC | educação básica não cai pronto do céu. A escola necessita fazer sua parte. Deve cuidar da seleção de seus professores. Deve exigir domínio da matéria a ser ensinada, pedagogia e paixão pela vida. Deve avaliálos continuamente. Deve valorizá-los. Boas escolas cuidam bem de seus professores. Mas bons professores não podem tudo. O modelo administrativo da escola, o estilo de gestão, o desenho pedagógico e os recursos disponíveis, tudo isso concorre para os objetivos propostos. Uma escola onde a pergunta é intrusa, o diálogo é ausente, e a solidariedade é apenas letra morta não colabora para a formação do aluno com o perfil em questão. O último fator é a sociedade. Vivemos na sociedade do hiperconsumo, como afirma Lipovetsky (2007)4. Trata-se de uma lógica que se baseia no individualismo, no sensacionalismo e na descartabilidade. Essa lógica neutraliza o ato de perguntar para ressaltar a adesão rápida e incondicional, base para o consumo compulsivo. O efeito é tão perverso que mesmo quando não se é nem se tem, o sistema resolve, fazendo parecer ser ou ter. A distância escandalosa entre ricos e pobres e a ostentação são como pólvora e faísca para a escalada da violência e do vazio existencial dos tempos atuais. Nesses termos, a sociedade é inquestionável obstáculo ao sucesso de professores e da escola. Aluno pesquisador, comunicativo e solidário é possível sim, mas depende do professor, da escola e da sociedade. Pode-se dizer que também depende do aluno, mas é assunto para outro momento. _______________________________ 4 LIPOVETSKY, Gilles. A sociedade da decepção. Barueri, SP: Manole, 2007. Informativa - Revista ANEC | educação básica 63 educação básica O “SANTA” ADVERTE: uma alimentação equilibrada leva a uma Vida Saudável! Por Professora: Jaqueline Scheffel, Colégio Santa TeresinhaTaquara – RS A s crianças da 1ª série do Ensino Fundamental de 9 anos , que se sentem muito felizes por estudarem no Colégio Santa Teresinha de Taquara, desenvolveram um projeto sobre o estudo dos alimentos para uma vida saudável. Este trabalho teve início a partir do estudo do corpo. O interesse surgiu por parte dos alunos e famílias, que contribuíram para enriquecer o processo, pesquisando, ensinando, dando dicas e sugestões nos passeios e visitas de estudos. A turma foi trazendo receitas culinárias, materiais bibliográficos (revistas, livros, enciclopédias, artigos da Internet, assuntos de jornais...), como também dialogando, observando, pesquisando e buscando novas informações. As crianças convidaram as mães da turma que são Nutricionistas e os pais que são médicos para visitarem a sala de aula. E eles, muito atenciosos e interessados, deram valiosas orientações sobre o tema em estudo: “Alimentação para a saúde do corpo” tendo como objetivo também a integração entre alunos, a escola e a família. A partir destes enfoques, chegou-se ao levantamento das hipóteses e curiosidade dos alunos, o desejo de aprender e de buscar respostas às duvidas, como: • Para que serve a pirâmide dos alimentos? • podemos comer doces, refri, batatinha-frita todos os dias? • só devemos comer aqueles “alimentos” dos quais gostamos? • como cuidar da saúde do corpo? • como se monta um prato saudável? A continuidade do projeto “Alimentação para a saúde do corpo”, se 64 Informativa - Revista ANEC | educação básica deu por fotos ilustrativas, montagem de painéis e da pirâmide dos alimentos, experiências; preparo de receitas culinárias trazidas pelas crianças na cozinha experimental do colégio, com direito ao uso de avental confeccionado pelas crianças, verdadeiros: “mestre – cucas”, prepararam o “espetinho de frutas”, o “sanduíche natural” e o “refrigerante natural”. O Cardápio ficou uma delícia! Planejou-se, então, um trabalho interdisciplinar, para o conhecimento mega global, envolvendo na disciplina de Educação Física, pais professores e a professora da turma, os quais prepararam as “Olimpíadas da saúde” em um Parque. Foram atividades divertidas, abrangendo disciplina, prazer, interação e o respeito aos cuidados com o corpo. Na Matemática, construiu-se um gráfico: “A comida preferida”, onde o feijão e o arroz receberam seu merecido destaque. Na Língua Portuguesa foram realizados jogos, elaboração de textos, leitura de poesias, criação de versos, declamação de parlendas, cantigas, trava – línguas, músicas... Não faltou o Livro em forma de prato que os escritores produziram. Em Artes, teve a confecção da “Pirâmide dos Alimentos”, modelar alimentos com massa de modelar comestível e não comestível, montando um prato; a construção de uma cesta de alimentos com materiais reciclados; a montagem de um vaso com garrafa PET plantando sementes de hortaliças ou chás. Integrando também com a disciplina de Ciências, os estudantes foram experimentando, vivenciando em aulas práticas as origens Informativa - Revista ANEC | educação básica dos alimentos (origem vegetal, animal e mineral) e os reinos dos alimentos (alimentos construtores, alimentos reguladores e energéticos). O resultado dos estudos teve como grande proveito muitas informações expostas pelas crianças, em um “momento especial aos pais” na Entrega da Avaliação do 2º trimestre, onde socializaram seus estudos através de um jogo interativo, demonstrando algumas CURIOSIDADES sobre os alimentos pesquisados: o morango é rico em vitamina C. A maçã é considerada a rainha das frutas. O feijão e a lentilha são uma ótima opção de fonte de ferro. As frutas, verduras e legumes são saborosos e nos dão energia. O peixe contém ÔMEGA 3 e é muito nutritivo. Os dez alimentos considerados os mais saudáveis do mundo: batata-doce, to- 65 educação básica mate, espinafre, maçã, repolho, banana, legumes, queijo, iogurte e aveia. Um dos aspectos gratificantes deste projeto foi perceber os alunos “cobrando” o lanche saudável dos colegas, por exemplo: “Salgadinho só de vez em quando!”; “O “fulano” nunca traz fruta!” “Profe. olha o meu lanche é bem saudável, trouxe sanduíche e uma maçã!”. Igualmente demonstraram a preferência por sucos, água, evitando o refrigerante; houve uma preocupação pelo combate ao desperdício de alimentos, referindo-se a alguns colegas que antes colocavam no lixo a banana inteira, ou davam uma mordida e jogavam fora o lanche. Foi ressaltado que seria possível melhorar essa situação, pois no Brasil (conforme uma pesquisa realizada) chegou-se à conclusão de que se joga fora mais alimentos do que se come. Dicas para combater o desperdício de alimentos: • A casca de laranja fresca pode ser aproveitada em pratos doces, à base de leite, como arroz-doce; • Pode-se preparar bolinhos, sopas e saladas com as folhas de cenoura que são ricos em vitamina A. • Os talos de alimentos como salsa, brócolis, couve, beterraba contêm fibras e podem ser aproveitadas em sopas, no feijão e em refogados. Este projeto gerou muito interesse em comer o que é saudável, como também proporcionou uma melhor compreensão sobre a Alimentação. 66 Informativa - Revista ANEC | educação básica Assim, quanto à alimentação, pergunta-se: O quê? Nosso corpo precisa se alimentar para funcionar bem Por quê? Os alimentos contêm nutrientes que dão energia ao corpo e favorecem o crescimento. Como? Precisamos comer de tudo, de maneira variada e equilibrada. Onde? Os alimentos são preparados na cozinha. Alguns precisam ser guardados na geladeira para não estragar. As verduras e frutas devem ser bem lavadas. É importante destacar que é possível incentivar os hábitos alimentares saudáveis dos alunos das séries iniciais, com atividades ricas em significados lúdicos e que aprendam que, mais do que saciar a fome, os alimentos são necessários para uma vida saudável, fornecendo a energia gasta; e que comer bem não é comer só as coisas gostosas. Comendo corretamente, estaremos mantendo a saúde e evitando muitas doenças! Informativa - Revista ANEC | educação básica 67 educação básica Passeio ao Criadouro Conservacionista São Braz Por Professora Janete Marion Escola Medianeira e Professor Luis Augusto - Escola Medianeira F oi com grande alegria e entusiasmo que os alunos do turno da tarde: Educação Infantil e Ensino Fundamental do 1º Ano à 4ª série da Escola Medianeira de Santa Maria-RS realizaram um passeio de estudo ao Criadouro Conservacionista São Braz. O criadouro recebe animais abandonados, apreendidos, mutilados ou que sofreram maus tratos. Tem como objetivo reabilitar esses animais e reintegrá-los ao seu habitat natural. Foi um momento de conhecer a realidade destes animais, relacionando-os ao lema da Escola Medianeira “Educação, Serviço à Vida”. É necessário cuidar e preservar todas as formas de vida, pois a preservação do planeta terra está em nossas mãos e depende de cada um de nós. A escola valoriza a iniciativa da direção do criadouro que faz a opção de escolher pela vida e para isso conta com o apoio e parceria de pessoas e empresas da comunidade. A exposição dos animais é exclusiva para as escolas, visando à conscientização dos alunos na formação de valores como este. 68 Informativa - Revista ANEC | educação básica Ainda, os alunos tiveram a oportunidade de conhecer vários animais, alguns ameaçados de extinção, seus hábitos alimentares e suas defesas. Divertiram-se no passeio de pônei e nas brincadeiras da pracinha. Criar uma consciência ecológica é um dos objetivos das atividades vivenciadas na escola Medianeira. Essa consciência começa da Educação Infantil, perpassando por todas as séries. Acreditamos que mesmo após deixarem à escola, nossos alunos serão capazes de olhar para o mundo que os cer- ca com outros olhos, procurando transmitir para seus familiares o aprendizado aqui adquirido. A utilização do amplo espaço existente na escola serve como incentivo aos alunos que através do projeto da horta, plantam, observam o crescimento dos vegetais e após realizam a colheita dos mesmos, levando para casa ou consumindo na própria escola. Os passeios também procuram levar os alunos à convivência com a diversidade de flora e fauna do nosso município fazendo com que seja vivenciado o lema da nossa escola: “Educação, Serviço à Vida”. Informativa - Revista ANEC | educação básica 69 projetos sociais Rede Mercedária de Ensino: Por uma educação integral e libertadora Por Ir. Silvana Mendes da Congregação das Irmãs Mercedárias da Caridade. O Beato Padre João Nepomuceno Zegrí, fundador da nossa Congregação, - Irmãs Mercedárias da Caridade - impulsionado pelo espírito e pela urgência do amor de Cristo Redentor, entre os objetivos da Congregação fixou perfeitamente desde o princípio, que a instrução e a educação das crianças e jovens... Eram elementos importantíssimos de sua ação apostólica. Segundo seus ensinamentos, as linhas de ação educativa dos Colégios da Congregação se fundamentam numa: 1 – Educação evangelizadora - libertadora: • Integral - que abranja a formação intelectual, moral e religiosa; • Adaptada à capacidade dos alunos, respeitando o próprio ritmo; • Enraizada na própria cultura, assumindo-a e construindo-a a partir de seus próprios elementos; • No diálogo e participação. 2 - Educação inspirada no amor, justiça e liberdade: • Atenta e aberta aos sinais dos tempos; • Dando a todos as mesmas oportunidades, com atenção especial aos setores da sociedade mais necessitados; • Orientada à aquisição de valores e atitudes: respeito, solidariedade, serviço, afabilidade, convivência e paz, disponibilidade, diálogo e participação. 70 Informativa - Revista ANEC | obras sociais “Queremos fomentar cada vez mais os valores evangélicos na formação dos alunos e na educação acadêmica.” 3 - Educação impregnada de um profundo amor a maria: • Fomentando o amor a Nossa Mãe como modelo dos crentes; • Transmitindo a simplicidade e alegria da Virgem; • Vivendo como Maria a serviço da palavra. Ao longo de todos esses anos, e desde a sua fundação, a Congregação foi assumindo, sem abandonar suas peculiaridades, as diversas reformas educativas. A Rede Mercedária de Ensino, quer fomentar cada vez mais os valores evangélicos na formação de seus alunos e na educação acadêmica. Sonhamos com um mundo melhor proporcionado a busca constante da vivência desses valores na vida de nossos alunos. Pretendemos favorecer o desenvolvimento integral e harmonioso da personalidade do aluno para que, consciente de seu papel social, seja capaz de acolher a fé e dar uma resposta livre, pessoal e comprometida. Cremos que a vida de nossos alunos, unidos ao testemunho dos educadores e pais, é a maior garantia de que nossas opções se encaminharão para desenvolver pessoas maduras que dêem razão de sua Fé e de sua Esperança em Cristo. Acreditamos que, unidos - escola e família - podemos construir essa escola que sonhamos. Informativa - Revista ANEC | obras sociais “Só o ensino cristão pode cultivar o verdadeiro bem-estar, a verdadeira felicidade da sociedade, da família e dos indivíduos. Só ele pode cicatrizar as feridas produzidas em nossa atual sociedade, por tantos erros e absurdos difundidos por aqueles que, presos a uma visão materialista, crêem que o mundo pode viver sem Deus, sem fé, sem esperança e sem caridade.” (Padre Zegrí) 71 projetos sociais Uma educação que começa onde acaba o asfalto Por Sérgio Baeta Neves - jornalista Fé e Alegria é um Movimento de Educação Popular Integral e Promoção Social que surgiu, em 1955, na Venezuela. Uma iniciativa do padre José Maria Vélaz, jesuíta imbuído de sentimento solidário para com os empobrecidos, e que trazia consigo um claro objetivo: “Não dar aos pobres uma pobre educação e sim uma Educação de Qualidade para os mais pobres. Lá, onde termina o asfalto e a cidade muda de nome, começa Fé e Alegria”. Apesar de hoje estar presente em outros continentes, trata-se de uma experiência genuinamente latino-americana cujo referencial educacional é inspirado na pedagogia de Paulo Freire. Embora de iniciativa de um jesuíta e de inspiração cristã, a proposta educativa de Fé e Alegria não apenas é ecumênica e aberta a outras religiões, mas congrega outras ordens religiosas, dioceses e leigos. A proposta associa educação à vida em seus diversos desafios e dificuldades, formando crianças, adolescentes e jovens para a participação e transformação da sociedade. Fé e Alegria surge e se organiza a partir da comunidade e em parceria com o poder público, instituições diversas, obras jesuítas associadas a outras congregações, envolvendo também outros atores sociais. Nesse tripé: comunidade, poder público e organizações da sociedade civil é que Fé e Alegria fortalece a continuidade de suas ações até nos rincões mais distantes e, pode expandi-las à medida em que esse tripé se consolida, tornando-se a base de sustentação dessa estrutura social. Presente na América Latina, Caribe, Europa e África, atualmente 72 Informativa - Revista ANEC | obras sociais “Todo mundo deveria ter uma educação de qualidade” Fé e Alegria atua em 19 países. No Brasil, desde 1981, a entidade mantém programas e desenvolve projetos em 14 estados da federação: Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Espírito Santo, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Tocantins, Amazonas, Mato Grosso, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Marco situacional Dotada de uma proposta educativa popular direcionada aos pobres e a partir deles, Fé e Alegria assume a Educação Popular de forma Integral, incluindo a Promoção Social. De acordo com padre Carlos Fritzen, diretor presidente, Fé e Alegria é um movimento que sensibiliza e agrupa pessoas e instituições, na luta pela mesma causa, em contínua atitude de crescimento e inova- ção, procurando sempre adotar uma postura de autocrítica. O foco e a estratégia do movimento é a educação, porque busca a formação de crianças, adolescentes, jovens e adultos conscientizando-os de suas potencialidades, desenvolvendo seus talentos e capacitando-os para a transformação da realidade que os rodeia. É popular não somente porque opta pelos mais desfavorecidos, mas porque utiliza uma metodologia que fomenta o desenvolvimento dos educandos, com o objetivo de formar cidadãos democráticos, agentes de mudanças e protagonistas de suas próprias histórias. Nesse sentido, trata-se de uma formação integral, porque entende a educação em seu sentido mais amplo, de forma a abarcar a pessoa em todas as suas dimensões, Informativa - Revista ANEC | obras sociais possibilidades, capacidades e necessidades. Para Fé e Alegria a educação é a estratégia fundamental para alcançar uma sociedade justa, democrática e equitativa. “Todo mundo deveria ter uma educação de qualidade”, enfatiza padre Carlos ao explicar que a pedagogia da entidade é inspirada no método desenvolvido pelo pedagogo Paulo Freire, e enriquecida pelas experiências acumuladas e por métodos desenvolvidos pela própria Fé e Alegria. A organização atua nas diversas áreas da educação formal e não formal e, a promoção humana se transforma em fato por meio de ações tais como: a) Educação escolar composta de redes com programas de educação infantil, fundamental, média e técnica; b) Rádios educativas e 73 projetos sociais comunitárias com programas de alfabetização, educação básica para jovens e adultos e programas abertos (noticiário e opinião), que têm por finalidade a formação cidadã e humano-cristã; c) Programas e atividades sócio-educativas complementares à educação formal dirigidas a crianças, adolescentes, jovens e adultos, acompanhamento da aprendizagem, capacitação de jovens para o trabalho, etc.; d) Programas de desenvolvimento comunitário: atendimento e abrigamento de crianças em situação de rua e vulnerabilidade social, formação de líderes comunitários, dentre outros; e) Atividades de sensibilização dos direitos humanos, participação em conselhos e fóruns; f) Programa internacional de formação de educadores populares, formação continuada para docentes e formação inicial e profissional de educadores. Ações permanentes Se, por um lado, a educação pressupõe ações permanentes e articuladas, por outro, é preciso investir em novas parcerias, mobilizando recursos humanos e financeiros novos. O diretor presidente da Fundação Fé e Alegria enfatiza que a necessidade de se buscar novas alternativas e o aperfeiçoamento das atuais formas de mobilização de recursos, são prioritárias para aprimorar e ampliar sua presença nas diversas regiões do Brasil. No entanto, ele reconhece que ações paralelas são necessárias para que este intento seja alcançado ressaltando: “Precisamos trabalhar no sentido de fortalecer tanto o concei- 74 Informativa - Revista ANEC | obras sociais to de responsabilidade social das empresas privadas, bem como as parcerias com as outras obras da Companhia de Jesus (Universidades, Colégios, etc.) e com outras organizações e instituições religiosas, as quais resultem num maior estreitamento de vínculos. É vital a ampliação do acesso aos recursos públicos, o fortalecimento da relação com os meios de comunicação de massa – especialmente em nível local –, e o aumento da visibilidade da instituição. Queremos criar instrumentos que despertem o interesse de potenciais parceiros públicos e privados e que sensibilizem os diversos públicos doadores.” Em 2008 Fé e Alegria beneficiou diretamente mais de 25.000 crianças, adolescentes, jovens e adultos, e indiretamente outras 100.000 pessoas das periferias das cidades e de regiões do interior do Brasil. “Entendemos que o futuro da Educação Popular em Fé e Alegria depende da sustentabilidade de seus programas e projetos, tanto do ponto de vista dos recursos financeiros, quanto dos recursos humanos. Para isso, sobretudo no Brasil atual, não apenas se faz indispensável trabalhar a participação nas políticas públicas, como também consolidar parcerias entre as congregações religiosas, dioceses e instituições da sociedade civil”. Padre Carlos reitera que: “se o problema social tem muitas facetas e é preciso uma ação bem articulada para além das iniciativas isoladas, por outro lado, não se pode trabalhar mais sem contar com a parceria de outros se quisermos que nosso trabalho contemple a esperança de um mundo melhor para todos”. Informativa - Revista ANEC | obras sociais 75 informativo publicitário Newsletter: Ferramenta essencial de comunicação no Terceiro Setor Por Marcio Zeppelini Boletim on-line é caminho seguro para aproximar entidades de stakeholders A tecnologia é uma escada que auxilia as ações das organizações do Terceiro Setor para a concretização de projetos variados. Agora, o tema é newsletter, ou boletim informativo. Usar essa ferramenta de comunicação na difusão das notícias e objetivos da instituição de forma eficiente é o maior entrave para que ela flua dentro da administração e da comunicação. O modo como deve ser desenvolvida, gerenciada, produzida e enviada, é o que trataremos a seguir. Regras para profissionalizar As quatro principais regras para obter sucesso na produção de um boletim on-line são: conceito e conteúdo; acessibilidade; envio; e pontualidade. A primeira – conceito e conteúdo – leva em consideração o como e o quê será comunicado. É necessário definir uma identidade visual que se alinhe às demais ferramentas da organização, como site e papelaria. Em questão de conteúdo, definir quantidade e espécie de notícias, ordenando-as por importância, sendo que a informação sobre os objetivos da instituição é a mais importante, deixando as notícias da própria organização como secundárias. Isso porque é necessário que se crie uma necessidade e constância em sua leitura, trazendo o interesse do leitor pelo que será informado. A segunda regra – acessibilidade – precisa ser definida de acordo com o tamanho e formato do arquivo e o modo de ser enviado. Mesmo com a expansão da banda larga, ainda faz diferença anexar arquivos com mais de 100 kb, pois muitos são enviados ao mesmo tempo. No site da organização é interessante que haja um espaço que mostre a newsletter, dando a possibilidade de ler as anteriores e permitindo o cadastramento de nome e e-mail do internauta interessado. A terceira regra – envio – requer cuidado. Se seu mailing ultrapassa mil nomes, já é fundamental pensar em profissionalizar essa questão, utilizando algum sistema ou software de disparo de newsletters, que faz a transmissão de e-mail por um sistema diferente do Outlook, contemplando o envio de centenas e milhares ao mesmo tempo. Há empresas terceirizadas especializadas em gerenciamento de mailing que também oferecem esse serviço. _______________________________ Marcio Zeppelini. Consultor em comunicação para o Terceiro Setor, editor da Revista Filantropia, produtor editorial pela Universidade Anhembi Morumbi e diretor-executivo da Zeppelini Editorial & Comunicação. Artigo publicado na edição 36 da Revista Filantropia 76 Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário Um deles é o Notícia Digital, um sistema desenvolvido e comercializado por uma empresa parceira da Revista Filantropia que cria, gerencia e dispara boletins on-line para organizações com e sem fins lucrativos. “O diferencial do sistema é que, além de ele disparar mais de 10 mil e-mails por hora, possui um controle de opt-ins e opt-outs, prevalecendo a vontade de o leitor receber ou não seu informativo”, comenta Ricardo Oliveira, criador do Notícia Digital. A quarta e última regra – pontualidade – é aquela que não pode jamais ser quebrada, pois é a partir dela que se desperta o interesse e a continuidade de recebimento por parte dos internautas. Antes de enviar a primeira edição é necessário avaliar qual a melhor periodicidade da newsletter. Uma forma razoável de definir isso é medindo o volume de notícias geradas pela instituição ou dos assuntos de interesse dos stakeholders. Notícias de sucesso Uma das organizações que está obtendo resultados positivos com o uso da newsletter é o Centro de Ação Voluntária de Curitiba (CAV), no Paraná. Desde 2004, a entidade envia semanalmente o Boletim Informativo VOluntáriOs, que chega a 5 mil pessoas. “A ação se tornou tão profissional no CAV, que a ONG editou até um Manual de Redação próprio que orienta a produção do boletim e de outros materiais de comunicação”, explica Fernanda Rocha dos Santos, coordenadora do CAV de Curitiba. Em Betim, Minas Gerais, outra organização que aproveita bem a ferramenta é a Missão Ramacrisna, que a envia para um mailing ainda pequeno, de 710 pessoas, mas bastante dirigido. “Definimos também que trabalharíamos apenas duas notícias em cada boletim, para que o público possa saber das ações da Ramacrisna de forma rápida e direta”, explica Solange Bottaro, responsável pelas ações de comunicação da organização. Informação e captação de recursos Além do rápido e eficiente canal de comunicação, a organização pode aproveitar para engatar uma forma de captar recursos para a instituição, garantindo um espaço aos doadores a fim de divulgar logotipos e banners. Portanto, a newsletter é uma excelente ferramenta para divulgar a missão e os valores da organização e deve ser cada vez mais aprimorada. Links www.acaovoluntaria.org.br www.antispam.br www.ramacrisna.org.br Informativa - Revista ANEC | informativo publicitário 77 considerações finais A entrega incondicional produz o gênio, o poder e a magia... Por Priscilla Lira D e acordo com Bulwer-Lytton, “A pessoa talentosa faz o que pode, o gênio faz o que tem que ser feito!”. Mas como tornar-se um gênio, como conseguir quebrar barreiras e fazer a coisa certa no seu trabalho e na sua vida? Normalmente, quando estamos apaixonados e amamos o que fazemos, a entrega incondicional produz o gênio, o poder e a magia e somos capazes de fazer tudo de forma esplendorosa, simplesmente por que existe vontade e dedicação no que é feito, este é o poder da genialidade. Na atual conjuntura que vivemos, aterrorizados pela crise econômica e pelo desemprego, o que pode ser sentido em diversos ambientes de trabalho é o medo e a sensação das pessoas de não saber o que será de suas carreiras e de suas vidas. Na verdade, o foco está errado, distorcido e a energia, mal aproveitada. Não só em tempos de crises, mas em qualquer momento, a entrega para tudo que é feito na vida contribui para o sucesso. E este é o grande segredo do gênio. O foco deve estar na certeza do trabalho bem feito e não no medo ou na pressão. O trabalho bem feito sempre faz eco e isto é o que realmente importa. No ambiente de trabalho, o mais importante é saber que a vitória de uma pessoa não implicará na derrota dos outros. Sempre existirá espaço para todos e o ambiente de trabalho será mais suave se houver sintonia, vontade e dedicação de todos em prol da vitória e do crescimento da entidade, empresa, organização... Construa sua trajetória de sucesso! Assessoria de Comunicação da ANEC / BR 78 Informativa - Revista ANEC | considerações finais 79 SEUS ALUNOS TÊM MUITAS ESCOLHAS IMPORTANTES PARA FAZER NA VIDA. FAÇA A PRIMEIRA DELAS. ESCOLHA FTD – SISTEMA DE ENSINO. O FTD – Sistema de Ensino é a parceria perfeita que vai fidelizar seus alunos e valorizar ainda mais a sua escola. Oferece um excelente material didático, uma sólida estrutura com equipe para assessoria pedagógica, portal exclusivo e programa de cursos. E ainda atendimento pelo 0800, central administrativa e comercial, suporte de comunicação e marketing e altíssimo padrão de qualidade. Ao adotar o FTD – Sistema de Ensino, sua escola encontra uma nova forma de ensinar e seus alunos, uma nova forma de aprender e caminhar rumo ao futuro. Ligue 0800 77 22 300 e conheça melhor o FTD – Sistema de Ensino. SRTV/Sul Quadra 701 Bloco 2 Sala 601 Ed. Centro Empresarial Assis Chateaubriand CEP: 70340-000 - Brasília-DF Fone: 61 3226-5655 - Fax: 61 3322-5539 www.anec.org.br Da Educação Infantil ao Ensino Médio. www.ftdsistemadeensino.com.br