A TABELA FD14: UMA NOVA FERRAMENTA PEDAGÓGICA
ADAPTADA AO ENSINO DA QUÍMICA PARA ALUNOS
PORTADORES DE DEFICIÊNCIA VISUAL, TRANSTORNOS E
HÍGIDOS, COMO MATERIAL LÚDICO DE INCLUSÃO
Rodrigo Pedroso da Silva1- UTFPR
Grupo de Trabalho – Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
Segundo o Censo do IBGE:2010, possuímos cerca de 22,5% da população com algum tipo de
deficiência, isto corresponde a cerca de 45 milhões de brasileiros, dos quais 48,1% são de
deficientes visuais. Numa corrida para assegurar seus direitos em todas as áreas o Brasil
ratificou A Convenção da ONU em 2007 sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, e
autorizou ao Secretaria Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CONADE) a criar
medidas que garantam qualidade de vida a esses. Na educação, várias ações foram tomadas
como desburocratização do acesso, atendimento educacional especializado e fornecimento de
Tecnologias Assistivas (TA), fundamentadas nos decretos 3.298/99 e o Decreto 5.296/04, e
recentemente sancionado o Estatuto da Pessoa com Deficiente, lei nº 13.146, 06/07/2015.
Dentro de uma nova Política Educacional, na Educação Inclusiva, com participação dos
cidadãos interessados e profissionais, ou seja, a primazia do Plano Federal Viver sem Limites,
“nada sobre nós, sem nós!” Acompanhamos a aplicação de uma TA de comunicação e
informação, denominada de Tabela FD14 (tabela periódica adaptada para cegos). Com
resultados positivos e o apoio das Instituições responsáveis e interessadas (ADEVIPAR, IPC,
SEED/PR), somando as recomendações da 2° Comissão Temática, do Comitê de Apoio
Técnico (CAT). Essa nova ferramenta traduz todas as principais informações necessárias para
o aprendizado da disciplina de química, indispensável a todo profissional, especificamente o
docente, mas limitados por tratar-se de uma coleta feita visualmente. Quando entre os
discentes estão alunos com deficiência visual, a disciplina de química acaba sendo excludente,
mas encontrou na Tabela FD14 o suporto ideal para a aprendizagem e avaliação dos
portadores de necessidades visuais, fortalecendo a discussão sobre a educação inclusiva.
Palavras Chaves: Educação Inclusiva. Tecnologia Assistiva. Química. Tabela FD14.
1
Professor/Pesquisador em Química pelo UTFPR; Supervisor da CAPES/PIBID/PUC/PR; Idealizador da TA
Tabela FD14. E-mail: [email protected].
ISSN 2176-1396
17245
Introdução
Segundo o IBGE-2010, possuímos cerca de 45 milhões de brasileiros com algum tipo
de deficiência, o correspondente a 22,5% da população, dos quais 48,1% são especificamente
deficientes visuais, cegos e baixa visão. Multiplicados pelos direitos já conquistados e a nova
política de Inclusão, passamos a ter um imenso desafio: Capacitar nossos profissionais e
adaptar ferramentas pedagógicas para que sua educação possa ser satisfatória e realmente
inclusiva.
As mudanças e as adaptações das práticas educativas existentes são fundamentais para
um bom desenvolvimento do trabalho, pois conhecer e tentar entender o mundo no qual o
aluno está inserido é o primeiro passo a ser desenvolvido.
E nesse percurso proporcionar ferramentas que igualem suas condições no processo de
aprendizagem, promove sua interação, investigação e a participação na sua própria formação.
Portanto, são ferramentas concretas e bem fundamentadas que poderão guiar o professor a
desenvolver as capacidades de seus alunos, e alcançar êxito em seu papel, educador de
diversidades.
Abranger todas as limitações em uma única ação é impossível, por isso focamos o
grupo com maior contingente, a deficiência visual, e adotamos a melhor proposta técnica (a
Tabela FD14-Tabela periódica adaptada para deficientes visuais) para verificarmos e
discutirmos sua eficiência.
O Direito á Educação Básica
Segundo a LDB, na lei 9.394/96, o Ensino Médio é considerado como modalidade de
Educação Básica no exercício da cidadania, portanto, obrigatória a todos, preferencialmente
da rede pública, também para o aluno de inclusão, compreendendo a acessibilidade desse
alunado bem como a existência de um material apropriado, que facilitem a coleta dessas
informações.
A formação ética e o desenvolvimento intelectual e do pensamento crítico,
desejando que os estudantes desenvolvam competências básicas que lhes permitam
desenvolver a capacidade de uma aprendizagem continuada (BRASIL, 2002).
Segundo a reforma curricular proposta pelos PCN para a área de Ciências da Natureza,
Matemática e suas tecnologias, os currículos terão por finalidade promover a investigação
científica e a assimilar princípios da ciência:
17246
O desenvolvimento de estratégias de trabalho centradas na solução de problemas de
forma a aproximar o aluno, ao trabalho de investigação científica e tecnológicas,
como atividades institucionalizadas de produção de conhecimentos, bens e serviços.
Fazer com que o aluno compreenda os princípios da ciência e saber relacioná-la as
situações reais ou simuladas.
Contribuir para a compreensão do significado da ciência e da tecnologia na vida
humana e social com um papel principal diante das questões políticas e sociais para
as quais o entendimento e solução as Ciências da Natureza são uma referências
relevante (BRASIL, 2002).
As Orientações Curriculares Nacionais (OCN) tem-se de forma resumida,
competências desejadas a todo alunado:
... a autonomia intelectual e o pensamento crítico; a capacidade de aprender e
continuar aprendendo, de saber de forma consciente às novas condições de ocupação
ou aperfeiçoamento, de contribuir significativamente sobre a realidade social e
política, de compreender o processo de transformação da sociedade e da cultura; o
domínio dos princípios e dos fundamentos científico-tecnológicos para a produção
de bens, serviços e conhecimentos (BRASIL, 2006).
Visto a responsabilidade de lecionar a Ciência, com o papel de compreensão do
mundo e suas transformações, é que ensinar seguindo esses parâmetros e orientações, torna-se
um imenso desafio, por isso, o primeiro passo é a contextualização dos conteúdos, tornando-o
mais interessante e, portanto, facilitando seu aprendizado. Paulo Freire já dizia ser necessários
à formação docente, numa perspectiva progressista, é que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”
(FREIRE, 1996).
Ao impasse que Vigotsky já salientava sobre a importância de assimilar as
informações, com algo real, no caso, a contextualização do conhecimento, dizendo:
O desenvolvimento cognitivo não pode ser entendido sem referências ao contexto
social e cultural no qual ele ocorre. Quer dizer, o desenvolvimento cognitivo não
ocorre independente do contexto social (MOREIRA, 1999, P. 109).
A Educação Inclusiva
Na verdade, sabemos que se limitando ao ensino na sua abordagem tradicional, não
contemplamos as muitas possibilidades para tornar, no caso a Química, mais “palpável” e
negligenciando a oportunidade de associá-la com avanços que afetam diretamente a sociedade
(CHASSOT, 1993).
O educador não precisa abandonar de vez as práticas tradicionais de ensino, porém,
pode sim adotar novas metodologias pedagógicas para promover junto ao educando o
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aprendizado, como de fato, o aluno de inclusão precisará, garantindo assim sua participação
ativa como cita Schatzman (apud Medeiros e Bezerra Filho, 2000,p.108):
A ciência não pode ser ensinada como um dogma inquestionável. Um ensino da
ciência que não ensine a pensar, a refletir, a criticar, que substitua a busca de
explicações convincentes pela fé na palavra do mestre, pode ser tudo menos um
verdadeiro ensino da ciência. É antes de tudo um ensino de obediência cega
incorporado numa cultura repressiva.
A LDB trata em seu capítulo V, especificamente sobre a Educação Especial, onde toda
pessoa portadora de necessidades especiais possuem o direito à educação gratuita no ensino
regular da educação básica. Sendo este compromisso firmado também na Constituição
Federal através do artigo 208, inciso III, Decreto nº 6571 de 17 de setembro de 2008 em seu
primeiro artigo, que diz:
A união prestará apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios na forma deste Decreto, com a
finalidade de ampliar a oferta do atendimento educacional especializado aos alunos
com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou
superdotação, matriculados na rede pública de ensino regular. (BRASIL, 2008).
Para apoiar os sistemas de ensino a Secretarias de Educação Especial (SEESP)
desenvolve também;
O programa de Formação Continuada de Professores na Educação Especial –
presencialmente e a distância - , Programa de Implantação e Salas de Recursos
Multifuncionais, Programa Escola Acessível (adequação de prédios escolares para a
acessibilidade), Programa BPC na Escola e Programa Educação Inclusiva: Direito à
Diversidade, que forma gestores e educadores para o desenvolvimento de sistemas
educacionais inclusivos.
A Educação é um direito de todos, portanto, as instituições escolares tem por
obrigação, respeitar a diversidade dos seus alunos. Para tanto, os professores devem ter
consciência que os currículos devem ser flexíveis, podendo sofrer alterações, respeitando as
necessidades individuais dos alunos. Amparada pela lei, como já mencionado, a matrícula do
aluno com necessidades educacionais especiais é feita, preferencialmente no ensino regular,
assim como a existência de atendimento.
Precisamos respeitar as exigências de cada um, ofertando serviços e novos métodos,
fazendo com que os mesmos antes isolados, sejam agora alcançados pela educação inclusiva.
É errado enfatizar a deficiência e colocá-la em destaque, devemos valorizar suas habilidades
naturais no seu processo de aprendizado, no caso do D.V, o seu tato. Não se esquecendo de
respeitar seu tempo de exploração do mundo. Lembrando sempre na educação especial de que
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“estímulos feitos através dos sons se dão mais lentamente que os visuais, então, o deficiente
visual precisa usar o tato ou reproduzir o que ouviu” (MASINI, 1994).
A Disciplina de Química e o Deficiente Visual
A tabela periódica, é a principal ferramenta de apoio para a disciplina de química e seu
profissional, está organizada segundo o critério de Henry Moseley, utilizando como critério a
ordem crescente de número atômico, organiza cerca de 118 elemento químicos diferentes,
esta totalmente organizada e elaborada com características puramente visuais como formato,
distribuição, cor, símbolos, informações numéricas e propriedades com seguimentos distintos.
O aluno de inclusão, especificamente o deficiente visual, não conta com a mesma
capacitação, tornando tais atributos nulos! Sua compreensão baseia-se unicamente na
veracidade das explicações, tornando está disciplina totalmente excludente.
A ferramenta pedagógica conhecida como Tabela FD14, apresenta uma excelente
proposta para suprir está deficiência, onde o aluno portador de necessidades visuais poderá
coletar sem o auxílio de nenhuma outra pessoa, todas as informações contidas em uma tabela
periódica, antes limitada apenas ao hígido.
Quando em um processo de inclusão, este portador de necessidades especiais alcança
o Ensino Médio, possui sua deficiência evidenciada na ausência de recursos que possam
eliminar estas barreiras.
Por exemplo, a tabela periódica, que contem conceitos e informações dispostas de uma
maneira visual, com posição específica, formato característico, grupos, famílias, cores,
símbolos, nomes, número de massa e número atômico; Como uma pessoa portadora de
necessidades visuais, consegue compreender e assimilar tais conceitos e informações? É fato
de que não conseguem!
A tabela periódica como conhecemos, possuem todas estas informações de uma única
maneira (visual), através de símbolos, números, localizações, cores; fator este de acaba por
excluir de uma vez o D.V que tenta participar de uma maneira atuante no seu aprendizado.
Aprender química implica em compreender esta tabela, sua organização e suas
propriedades, sendo a mesma considerada, uma grande facilitadora no aprendizado dessa
disciplina. Agora decifrar e manusear a tabela periódica, necessita de orientações prévias do
educador que alcançará êxito no seu papel, todavia a mesma precisará de adaptações para que
possa atingir todos os alunos igualmente, sem exceção, não excluindo como faz os deficientes
visuais.
17249
A tabela periódica, ilustrada visualmente na figura 01, é um recurso indispensável para
o ensino de química na qual o “seu estudo se caracterizava por um sólido caráter teórico e não
só como uma ferramenta empírica de análises de fatos” (SEIXAS, ET.AL. 2001). A
compreensão das propriedades periódicas dos elementos permite que o desvendamento da
química e da matéria sejam realmente assimilados, sendo considerada ferramenta de apoio na
“visualização” de conceitos e propriedades outrora transmitidos oralmente.
A Lei Periódica é essencial à formação de uma concepção científica do mundo, da
unidade e complexidade da “parte-todo” como expressão dialética dos fenômenos
químicos e naturais (SEIXAS ET. AL., 2001).
Figura 1: Tab. Periódica atual segundo a ordem crescente de número atômico de Henry Moseley
Fonte: http://parquedaciencia.blogspot.com.br/2013/04/obrigado-tabela-periodica.html.
Por isso, a principal ferramenta no aprendizado de química, precisa ser adaptada para
que os portadores de necessidades visuais possam aprender esta disciplina sem defasagem,
numa conquista já alcançada de inclusão.
O direito dos portadores de deficiências alcançou a educação e ao mercado de
trabalho, responsabilizando o estado por medidas que igualem suas oportunidades, agora
garantidas no recém-sancionado Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de
06/07/2015). A escola deve mudar sua abordagem pedagógica, excluindo o preconceito e
segregação, no momento em que os professores observam o cenário onde este processo ocorre
(escola) e propiciem condições para atendê-los.
A principal adaptação para D.V foi elaborada por Louis Braille, um sistema de
alfabeto “alternativo”, a partir de uma cela com seis pontos, num sistema de combinações,
gerando 63 caracteres diferentes em relevo, o que aflora a percepção tátil, integrando-o.
Conhecido como Sistema Braille e utilizado em todos os países, o Braille é considerado hoje
fundamental no ensino aprendizado do D.V (FERREIRA, 2007). O Sistema foi inaugurado
17250
no Brasil no ano de 1854, contemplando todo o nosso alfabeto alfanumérico e outros
caracteres que são interpretados normalmente da esquerda para a direita.
Agora correlacionar o sistema de alfabetização dos deficientes visuais com a
ferramenta química conhecida como Tabela Periódica é algo imensamente desafiador! Não dá
apenas para fazer uma tradução das letras e números existentes linearmente. Todo sujeito que
se dispõe a aprender química precisa entender suas periodicidades, agrupamentos,
disposições, comportamento eletrônicos, formato, etc. Realmente o que dá sentido ao estudo
dos elementos químicos.
A Tabela FD14
Constatada sua existência e necessidades, os deficientes visuais (D.V) formam um
grupo carente de ferramentas, apoio e compreensão. A falta de materiais, metodologias e
técnicas no auxílio de sua aprendizagem, torna o ambiente de sala de aula tão desafiador
quanto a qualquer outro ambiente desconhecido.
Torna-se fundamental a criação de ferramentas apropriadas para toda e qualquer
necessidade que a educação possa vir a enfrentar na adesão desse alunado especial, afim de
que o processo de inclusão seja verdadeiro (BERTALLI, 2008).
O processo de inclusão de educandos com deficiência visual requer criatividade,
conhecimento e trabalho, a inclusão de educandos deficientes visuais em classes
regulares, no que diz respeito aos conteúdos de Química, é perfeitamente possível,
desde que haja apoio para a produção de materiais adequados a essas pessoas.
(DÉBORA LÁZARA ROSA, UFES, 2012).
A Tabela conhecida como FD14 é uma tabela periódica especial, criada para
sensibilizar o tato do deficiente visual, permitindo a interpretação de “TODAS” as
informações que uma tabela periódica comum proporciona a um hígido (visual), e consegue
este êxito explorando formatos, espessuras, massa, tamanhos, encaixes, níveis, pontos
cardeais e o Braille. Considerada a principal ferramenta para o químico e o ensino de sua
disciplina, sua utilização no contexto em que estamos vivendo, ou seja, no cumprimento dos
direitos humanos e na nova política de inclusão, é de fundamental importância para uma
formação digna, principalmente para o ensino de Química.
A compreensão das propriedades periódicas dos elementos, permite que o
desvendamento da química e da matéria sejam realmente assimilados, sendo considerada
17251
ferramenta de apoio na “visualização” de conceitos e propriedades outrora transmitidos
oralmente.
Torna-se muito vago para o aluno ouvinte, a assimilação de informações sem uma
organização espacial, muito mais ao D.V, por isso a Tabela FD14 participa também como
uma ferramenta Lúdica, dinamizando a aprendizagem a partir de algo concreto e tornando sua
assimilação muito mais “divertida”, um processo que também pode ser utilizado para o visual.
E para tanto, não é exigido muito, como MOURA acrescenta:
basta que os professores estejam preparados, “ para aprender realmente um
conteúdo é preciso saber adaptar materiais de modo que este aluno participe de
alguma maneira, estando integrado no contexto da aula e não apenas em sala como
simples ouvinte”
... “ a importância é tamanha para sua adaptação, que devemos trazer todas as
informações contidas em uma tabela periódica, utilizada por um aluno vidente, a fim
de que os alunos cegos possam participar de maneira igualitária das aulas de
química” ( MOURA, BRASÍLIA, 2010).
È conhecida à má formação que nossos acadêmicos em licenciatura recebem no campo
prático, onde o período de estágio mostra-se insuficiente para um bom dinamismo
profissional. Muito mais ainda quando deparado com “obstáculos” ao ensino, mas precisamos
entender que a Educação inclusiva, está dentro de um campo em desenvolvimento, não
existindo, portanto ações prontas, cada docente precisa contribuir com suas adaptações na
construção desse processo.
A Tabela FD14 e sua proposta pedagógica
Figura 2: Logo da Tabela FD14
Fonte: O autor, 2014.
A Tabela FD14 trata-se de uma tabela periódica decodificada em sensores táteis,
criada para êxito do processo inclusivo, projetada para sensibilizar o principal sentido de um
portador de necessidades visuais (deficiente visual ou baixa visão), o seu tato. Trazendo como
17252
orientações na sua leitura e interpretação, características únicas como formato, espessura,
localização, encaixes, níveis, pontos de referências e relevos em Braille. Enquadrando-se
perfeitamente na definição proposta para Tecnologia Assistiva dentro das exigências de
Desenho Universal, sendo um material pedagógico indispensável na educação de deficientes
visuais.
A Tabela FD14 permitirá que o deficiente visual
informe-se, compreendendo a
origem e significado dos dados químicos, ganhando independência e autonomia na busca por
seus próprios resultados,
identificando sozinho conteúdos estruturantes da disciplina de
Química, como:

Formato característico (tetradecagonal);

Propriedades periódicas como raio, massa eletronegatividade, eletropositividade,
potencial de ionização e temperatura de fusão;

Símbolo e nome de cada elemento;

Seu período e família de origem;

Número atômico característico (critério de organização);

Massa atômica;

Composição atômica (isótopos, isótonos e isóbaros);

Números de elétrons livres (distribuição eletrônica);

Ligações Químicas (covalente, iônica e metálica);

Tabela periódica, formato, disposição, composição, localização de cada elemento
e sua utilização como “ferramenta”;

Ligações químicas, Iônicas e covalentes, distribuição eletrônica, número de
partículas fundamentais e composição do átomo;

Mols, concentração, peso molar e NOX.
Todos os conteúdos listados acima são fundamentais para a compreensão de
fenômenos químicos básicos para toda a disciplina de Química. O docente de posse desta
ferramenta poderá conduzir perfeitamente o aluno de inclusão em questão, a um aprendizado
realmente satisfatório, não precisando deter a este maior tempo de orientação do que a outros.
Naturalmente considerada ferramenta indispensável para um Químico, à tabela periódica
adaptada para cegos também agirá como ferramenta indispensável para o processo inclusivo,
ao passo que permitirá que o aluno enfrente problemas comuns discorridos pela disciplina e
supere-os.
17253
A Tabela FD14 proporcionará ao D.V toda independência na coleta e interpretação
desses dados, mesmo não sendo aluno e/ou estar cursando o Ensino Médio. Criada para
sensibilizar o tato, qualquer pessoas que possua esta carência, pode apoiar-se nesse material
para possuir suas condições de aprendizagem igualadas ao visual, participando socialmente
em sala de aula de uma forma prática e independente.
Após construção do cognitivo, o D.V realizará a assimilação do conteúdo e poderá
elaborar críticas e propostas, discutindo seus resultados com colegas e professores em um
mesmo nível de conclusão, tendo seus anseios satisfeitos! Seu formato e disposição serão
responsáveis por criar uma “visão” organizacional da tabela periódica, seus elemento,
propriedades e informações na mente do D.V, semelhante ao que ele cria em ambientes de sua
rotina, os quais lhe conferem segurança e domínio no enfrentamento dos desafios. O mesmo
ocorrerá na disciplina de Química, o que antes era tida como disciplina assustadora e
enigmática até mesmo por hígidos, agora se apresenta em uma disposição já desvendada!
Elaborado em formato de tabuleiro de montagem também visual, a Tabela FD14 traz a
condição de ser explorada na inclusão de crianças com transtornos e incapacidades físicas ou
cognitivas.
A contramão da inclusão, ou seja, levar o aluno “normal” ao mundo desafiador do
portador de necessidades, poderá ser explorada nessa nova TA também visual, interpretada
por crianças hígidas, assimilando o correspondente da informação em Braille. Possibilitando
aos nossos jovens a reformulação de suas opiniões de uma maneira positiva a respeito da
inclusão.
É conhecida a importância e os resultados obtidos através do lúdico no processo de
aprendizagem por nossas crianças, a Tabela FD14 soma este benefício quando oportuniza a
construção do conhecimento através do desafio de montagem, acerto e memorização das
peças móveis ao mesmo tempo em que materializa as informações com características já
dominadas no mundo concreto como massa, tamanho, cor e encaixes. Isso tudo confere uma
maior interação no processo de educação em sala, aumentando o rendimento de todos na
utilização como ferramenta lúdica, promovendo a interação e investigação dos dados.
Segundo a ISSO 9999:2007 sobre produtos assistivos para pessoas com deficiência, há
três níveis diferentes de classificação, na qual a Tabela FD14 é classificada como Produto de
Apoio para Comunicação e Informação, que são dispositivos criados para ajudar processar
informações.
17254
Avaliação do Trabalho
Após contato inicial e apresentação da nova ferramenta pedagógica de inclusão
denominada Tabela FD14, a então diretora da Escola de Educação Especial Prof. Osny
Macedo Saldanha (IPC), CEP 80250-220, localizado na Av. Visconde de Guarapuava, 4186,
Batel, Curitiba/PR, fone: (41) 3342-6690, a Professora Idamaris S. Costa, nos direcionou no
dia 10/10/2014 as 15h00min, sob supervisão da Especialista de Educação Especial a
professora Ana Paula de Oliveira Vieira, que em sua própria sala, avaliou a Tabela FD14
sendo ela mesma portadora de baixa visão e interprete de Braille. A professora de Educação
Especial avaliou a nova TA de comunicação e informação, de acordo com necessidades
básicas e primordiais, dentro de sua formação. Submeteu-se as perguntas do relatório de
avaliação, e ressaltou: Este ser um material excelente para um aluno com necessidades
visuais, mas que também cabe ao visual como uma ferramenta lúdica na promoção do
conhecimento.
Seria
interessante
buscar
uma
“marcação”
indicativa
quanto
ao
posicionamento correto para início da leitura do cubo.
Precisamos de toda ajuda que existir, não possuímos uma incapacidade cognitiva,
apenas um “probleminha” na coleta de informações, mas ficamos limitados quando
não nos oferecem as mesmas oportunidades. O material está ótimo, com
possibilidades para os totalmente cegos e conservando as mesmas chances para as
pessoas com baixa visão.
Prof. Ana Paula O. Vieira, com Baixa Visão, IPC, 2014.
Após contato inicial e apresentação da nova ferramenta de comunicação e informação
para a disciplina de Química, denominada Tabela FD 14, para então diretora da Escola de
Educação Especial Orlando A. Chaves, representando a Associação dos Deficientes Visuais
do Paraná (ADEVIPAR), CEP 81900-180, localizada na rua Eurico Zytkievitz, 110, Sítio
Cercado, Curitiba/PR, fone: (41) 3349-1101, CNPJ/MF: 75.014.324./0001-88 a Professora
Jádina Marzall Fontana, nos direcionou no dia 09/10/2014 as 14h30min., sob sua própria
supervisão, em uma sala de aula da própria instituição para aplicação e avaliação dessa
ferramenta. Para esta proposta direcionou-nos um dos professores da Escola, que apresenta
deficiência visual, o professor Leonir Barbosa Bill. Apresentamos a Tabela FD14, que foi
contemplada e traduzida conforme pergunta a pergunta do relatório de avaliação. Embora não
tivesse conhecimento prévio de química, o professor Leonir traduziu todos os dados
decodificados no formato, encaixe, relevo, nível e Braille, revelando que para utilização da
17255
ferramenta não necessidade de conhecimento prévio em química, enquadrando-se
perfeitamente na exigência Internacional sobre o Desenho Universal.
Não é difícil trabalhar com um aluno cego, basta que o professor esteja disposto a
preparar material diferenciado. No restante, todo deficiente visual compensará em
participação e aprendizado.
Prof. Leonir Barbosa Bill, ADEVIPAR, 2014.
A então vice-diretora do Colégio Estadual Eurídes Brandão, CEP 81450-480,
localizado na rua Jair Coelho, 260, CIC, Curitiba/PR, fone: (41) 3249-4443, a Professora
Ginevra Monteiro Dalberto, nos direcionou no dia 28/08/2014 as 9h30min., sob supervisão da
pedagoga, a uma sala de multimídia para aplicação e avaliação da Tabela FD14 por um aluno
do estabelecimento chamado João Victor Ferreira, com 15 anos, aluno do 1° ano do EM.
Após prévia explicação, o aluno concordou em promover a iniciativa participando, a Tabela
FD14 ficou em sua frente para que primeiramente conhecesse-a em uma investigação táctil.
Consecutivamente, uma a uma, as perguntas do relatório de avaliação, foram realizadas e
destacamos aqui algumas observações indispensáveis; Embora o aluno estivesse na segunda
metade do primeiro ano, referente a esta disciplina, nunca lhe fora apresentado nenhum
material para interpretação da tabela periódica, nem ao menos conheceu seu formato ou
composição. A oportunidade de investigação em uma nova ferramenta promoveu um estado
de euforia e êxtase no aluno, ao mesmo tempo em que não encontrou nenhuma dificuldade no
reconhecimento das informações decodificadas.
... eu gostei do modelo fabricado para utilizarmos, gostaria muito de aprender
química com um desses! Na verdade não preciso e não quero que tenham dó de
mim, sou feliz sendo cego preciso apenas de material de apoio como está tabela!
João Victor Ferreira, aluno com D.V do 1°ano do Ens. Reg., 2014.
Após realizarmos apresentação do projeto e conferir a avaliação para a professora Ana
Paula O. Vieira, representando o IPC, o então presidente do Instituto Paranaense de Cegos
(IPC), Enio Rodrigues da Rosa, desejou conhecer a ferramenta em estudo, a qual foi lhe
apresentada no dia 27/10/2014 as 15h30min., com a presença da diretora da E.E.E Prof. Osny
Macedo Saldanha Idamaris S. Costa. O presidente, e também portador de deficiência visual,
ressaltou que apoiam e promovem toda iniciativa na busca por mais qualidade de vida ao
D.V. Lembrou e destacou que quando estudante nunca entendeu nada de química, sabia
apenas que existia e que uma de suas colegas também D.V deseja cursar Química, a mesma
era hostilizada mediante a impossibilidade, mas que se tivesse um material como a Tabela
17256
FD14, o caminho seria mais fácil. Parabenizou a iniciativa assim como se colocou a
disposição para apoio geral.
Pessoalmente eu não sou o mais indicado para avaliar o material, nunca entendi
nada de Química, embora cursasse todo o Ensino Médio, e nunca reprovei na
disciplina, mas de química sabia apenas que existia. Talvez se tivéssemos um
material adaptado como esse teria aprendido! Mas não foi o caso, agora já passou,
temos que buscar mudanças para esta geração e que as futuras herdem estas
conquistas. Nós do IPC, apoiamos toda e qualquer iniciativa cujo objetivo é
contribuir para a qualidade de vida dos deficientes visuais.
Presidente do IPC, Enio Rodrigues da Rosa, 2014.
A Tabela também foi apreciada na Secretaria de Educação do Estado do Paraná
(SEED/PR), localizada na Av. Água Verde, 2140, Vila Izabel, Curitiba/PR, fone: (41) 33401500, CEP 80240-900. Representando a SEED/PR, o Coordenador Estadual dos CAP’s e
também deficiente visual Ricardo José de Lima no dia 19/12/2014 as 14h30min., Ricardo é o
responsável internamente para avaliar toda proposta de inclusão e TA em desenvolvimento,
como lhe confere, a Tabela FD14 foi examinada detalhe por detalhe num reconhecimento
táctil, assim como o relatório de avaliação também lhe fora aplicado. Com a mesma eficiência
que se esperava, Ricardo destaca algumas observações como aproveitar os espaços vagos
existentes e aproveitar a tampa para informações adicionais e importantes. Ricardo agradeceu
a iniciativa e preocupação com o público alvo, no qual ele faz parte, e relembra dos desafios
existentes quando ele estudava, dizendo que não aprendia apenas decorava! Diz que como
responsável pela avaliação interna de todas as propostas, confirma sem medo de errar, que a
Tabela FD14 é promissora e uma das melhores propostas que já presenciou, e na disciplina a
única existente! Ricardo faz uma proposta de trabalho em conjunto a partir do ano letivo de
2015, no desenvolvimento de um projeto piloto com escolas de educação especial e algumas
regulares com alunos D.V para verificarmos sua eficácia ao mesmo tempo em que estudamos
os novos passos.
Quando estudava, possuía uma tabela periódica apenas traduzida em Braille
imensa, que ocupava o espaço de duas carteiras, e eu morria de vergonha de levar
aquilo para a escola e abrir no meio da sala de aula, passei a não levar. A Tabela
FD14 é compacta e permite o aluno trabalhar em sua própria carteira com uma
rápida e fácil manipulação, de longe é uma excelente proposta para a educação
inclusiva.Ricardo José de Lima, funcionário D.V da SEED/PR.
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Foto 1: Aplicação prática da nova TA denominada Tabela FD14
Fonte: O autor, 2014.
Considerações Finais
Tornou-se claro que a utilização da Tabela FD14, que possui como objetivo
sensibilizar o tato dos deficientes visuais ou baixa visão, valendo-se de relevos, formatos,
espessuras, encaixes, pontos referências e o Braille, constituíram-se em uma excelente
ferramenta de inclusão.
Todas as competências proposta pelo material, foram alcançadas sem exceção, pelos
portadores de necessidades visuais, em diferentes estabelecimentos.
As Instituições
escolhidas para aplicação do material são locais de educação e apoio técnico, das quais duas,
a ADEVIPAR (Associação dos Deficientes Visuais do Paraná) e o IPC (Instituto Paranaense
de Cegos), constituem–se fidedignas ao reconhecerem a veracidade dos dados prestados aqui.
Sendo ambas, os principais centros de referências de apoio e ajuda ao D.V em todo estado do
Paraná.
Não existe nenhuma outra ferramenta pedagógica, acessível e de baixo custo, que se
comprometa a alcançar os mesmos objetivos. O que possuímos são materiais que se propõe a
auxiliar o ensino-aprendizado dos alunos com deficiência visual. Todavia, nenhuma delas que
aflore com tanta eficácia o sentido mais aguçado desse nosso alunado, seu TATO!
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O novo formato de alunado que incorpora alunos de inclusão traz uma grande
necessidade para o docente, a existência de ferramentas e mecanismos para suprir a carência
que cada um possui. Ao utilizar este novo formato de tabela, as pessoas escolhidas puderam
ter um mecanismo que os igualou as demais pessoas visuais. Este sim é um legítimo processo
de inclusão.
REFERÊNCIAS
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de outubro de 1989. Dispõe sobre a política nacional para a integração da pessoa portadora de
deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. Brasília, 1999.
______. Lei 5.296/04, 02 de dezembro de 2004. Estabelece normas gerais e critérios básicos
para promoção da acessibilidade para as pessoas portadoras de necessidades especiais.
Brasília, 2004.
______. Lei 9.394/96, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da
educação nacional. Secretaria de educação e cultura: Brasília,1996.
______. Lei 13.146/15, de 06 de junho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão a
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<http://www.casacivil.gov.br/> Acesso em: 10 jun 2015.
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Competências para o atendimento Às necessidades educacionais especiais de alunos
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Tabela Periódica - Um Super Trunfo para Alunos do Ensino Fundamental e Médio. Química
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Demográfico 2010. Características Gerais da População, Religião e Pessoas com
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deficientes. Disponível em: . Acesso em: 28 set. 2010.
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a tabela fd14: uma nova ferramenta pedagógica adaptada ao