Dmitri Mendeleev
Camila Welikson
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Linha do Tempo Dmitri Mendeleev Dmitri Mendeleev
Um Sonho Genial
Sonhos podem se tornar realidade? Para o químico russo Dmitri Mendeleev, a resposta para esta
pergunta seria um sonoro sim. Foi dormindo que ele pensou numa primeira versão da tabela periódica
dos elementos químicos. Mendeleev afirmou ter visto em sonho uma tabela em que todos os
elementos se encaixavam através da ordem de suas massas atômicas. “Ao despertar”, disse, “escrevi a
tabela imediatamente numa folha de papel”. Pronto. O sonho se tornava realidade!
Tabela 1: Tabela original de Mendeleev datada de 1871.
. 1 . Linha do Tempo Dmitri Mendeleev A Origem na Sibéria
Quando Dmitri Ivanovich Mendeleev nasceu, na cidade de Tobolsk, na Sibéria, seu pai, um professor de
filosofia, política e artes, ficou cego e perdeu o emprego. Foi Marya Kornileva, mãe de Dmitri, a
responsável pelo sustento da família. Apesar dos poucos recursos, o jovem estudou no ginásio de
Tobolsk, destacando–se em matemática e física. Quando soube da inteligência excepcional do filho
nestas matérias, Marya resolveu investir na sua educação e levou–o a São Petersburgo, onde lhe
arrumou uma vaga no Instituto Pedagógico Principal. Lá, Mendeleev graduou–se como primeiro aluno
de sua classe e qualificou–se como professor, em 1855.
Figura 1: Mapa da Rússia mostrando Tobolsk e São Petersburgo.
Uma Idéia de Peso
Mendeleev ensinou por algum tempo na universidade de São Petersburgo. Com verba do governo, foi
para Paris e Alemanha dar continuidade aos estudos. Em 1860, antes de voltar para Rússia, participou
do Primeiro Congresso Internacional de Química da Alemanha, em Karlsruhe, onde presenciou o
italiano Stanislao Cannizzaro defender apaixonadamente sua redescoberta da distinção entre
moléculas e átomos, originalmente feita por Avogadro. A apresentação de Cannizzaro influenciou de
forma substancial o trabalho de Mendeleev.
. 2 . Linha do Tempo Dmitri Mendeleev Foi ali que ele percebeu que o peso atômico era uma característica fundamental do átomo e deveria ser
o padrão de abordagem dos elementos químicos. Esta ideia ficou em sua cabeça.
De volta ao seu país, Mendeleev terminou o doutorado e foi nomeado professor de química geral na
Universidade de São Petersburgo. Algum tempo depois, começou a escrever um livro de química
inorgânica porque achava que faltava na Rússia um livro–texto sobre o assunto. Enquanto se dedicava a
este trabalho, pensava na ideia do peso atômico como característica fundamental do átomo. Foi nesta
época, que o químico teve o tal sonho que mudaria sua vida.
Jogo de Cartas
A partir do sonho e buscando uma ordem para os elementos químicos, Mendeleev resolveu organizá–
los de uma maneira que poderia parecer um jogo de criança. Criou uma carta para cada um dos 63
elementos conhecidos até então e em cada uma delas escreveu o símbolo do elemento, sua massa
atômica e suas propriedades químicas e físicas. Começava ali um quebra–cabeças que resultaria na
tabela periódica.
Alguns elementos, como o oxigênio e o hidrogênio, são gases à temperatura ambiente; outros, como o
mercúrio e o bromo, são líquidos e há também os sólidos. O ferro se corrói rapidamente na atmosfera, o
sódio e o potássio são moles, enquanto a platina e o irídio são duros; o ouro nunca mancha, o urânio é
denso e o lítio flutua na água. As cores também variam, vão desde o vermelho do cobre, passando pelo
cinza do iodo até o branco do fósforo. Diante de tantas diferenças e um aparente caos, Mendeleev
conseguiu enxergar uma ordem e organizou suas cartas de forma crescente de massas atômicas,
agrupando–as em elementos de propriedades semelhantes. Com exceção do hidrogênio, tais
propriedades estavam relacionadas com os pesos atômicos de uma maneira que se repetia
periodicamente.
Advinhação ou Genialidade?
Mendeleev teve a preocupação de deixar espaços vazios, acreditando que eles seriam ocupados por
elementos ainda não descobertos, mas com características especificadas por ele de acordo com a lógica
encontrada.
Esta ideia é de uma genialidade ímpar e foi um dos grandes méritos do cientista. Ele deixou os espaços
vazios já prevendo inúmeras propriedades – entre elas, a densidade, o ponto de fusão e a formação de
óxidos e cloretos – de elementos que ele apenas supunha existir na natureza.
. 3 . Linha do Tempo Dmitri Mendeleev Esta foi sem dúvida uma ousadia científica que poderia até ter sido confundida com pura adivinhação,
mas Mendeleev estava tão seguro de seu trabalho que chegou a nomear três elementos ainda
desconhecidos com os nomes eka–boro, eka–alumínio e eka–silício. Segundo ele, eles sucederiam o
boro, o alumínio e o silício, daí o uso do prefixo “eka” que em sânscrito significa “primeiro”.
Tabela 2: Tabela mostrando as propriedades determinadas experimentalmente para o germânio e as propriedades
previstas por Mendeleev para o mesmo elemento, por ele designado de eka–silício.
A Prova dos Nove
Quando a tal tabela periódica foi apresentada, não faltaram desconfianças no meio científico. O
primeiro sinal de que Mendeleev tinha razão veio em 1874, quando o químico francês Paul Lecoq
descobriu um novo elemento, o Gálio. Com massa atômica de 69 e propriedades que o colocavam no
grupo do boro, entre o alumínio e o urânio, o Gálio era justamente um dos elementos previstos por
Mendeleev.
Cinco anos depois, foi a vez do químico alemão Clemens Winkler descobrir o elemento germânio, que
também preenchia um espaço na tabela de Mendeleev.
Uma das afirmações que ainda suscitavam suspeitas estava relacionada com o ouro e a platina. De
acordo com o químico russo, os pesos conhecidos e aceitos destes elementos estavam errados; para ele,
o ouro era mais pesado que a platina. Mais tarde, quando os pesos atômicos foram determinados com
mais precisão, ficou provado que Mendeleev tinha razão.
. 4 . Linha do Tempo Dmitri Mendeleev Química e Arte
Finalmente, as ideias ousadas e o gênio audacioso de Mendeleev lhe renderam um merecido
reconhecimento. Mas ele não se dedicou exclusivamente à tabela periódica. Já havia estudado a
temperatura crítica dos gases e prosseguiu sua vida acadêmica pesquisando a expansão de líquidos e a
origem inorgânica do petróleo.
Na vida privada, atravessou momentos conturbados. Foi infeliz no primeiro casamento e ao conhecer
sua segunda mulher, Anna Ivanova Popov, bem mais nova, teve dificuldades para casar porque não
conseguiu um divórcio imediato da Igreja Ortodoxa. Mendeleev apelou ao Czar para não ser
processado por bigamia.
Mendeleev teve quatro filhos com Anna. Sob a influência da nova esposa, voltou–se para o mundo das
artes, tornando–se colecionador e crítico. Esta nova paixão não deve ter sido considerada nenhuma
surpresa, afinal, Mendeleev fez arte com a química, desenhando e manejando cartas que
representavam os elementos. Sua visão da ciência já era um indício de que existia uma veia artística
dentro dele. Certa vez, disse: “Conceber, compreender e aprender a simetria total do edifício, incluindo
suas porções inacabadas, é equivalente a experimentar aquele prazer só transmitido pelas formas mais
elevadas de beleza e verdade”.
Mendeleev sofreu de catarata, como seu pai, e morreu em janeiro de 1907. Em 1955, o elemento de
número atômico 101 da tabela periódica recebeu o nome Mendelévio em sua homenagem.
Figura 2: Foto de Mendeleev datada de 1897. A imagem digital foi disponibilizada pelo contribuidor Serge Lachnov
através da WikiPedia Russa. A imagem está em domínio público porque o copyright expirou. A imagem é
encontrada em http://en.wikipedia.org/wiki/File:DIMendeleevCab.jpg.
. 5 . Linha do Tempo Dmitri Mendeleev Dormindo ou Acordado?
Há quem desconfie da história a respeito do seu sonho, mas o fato é que, dormindo ou acordado, ele
teve a ideia de criar a tabela periódica. A versão atual cataloga os 118 elementos conhecidos. Eles estão
distribuídos em ordem crescente dos seus números atômicos, uma vez que o que dá identidade ao
elemento é o seu NA, ou seja, número de prótons no núcleo, e não a sua massa atômica, como
acreditava Mendeleev.
A tabela nos dá informações precisas sobre o comportamento de cada elemento e com ela, basta
conhecer as propriedades de um elemento de determinado grupo para saber, de maneira geral, as
propriedades do grupo todo.
Tabela 3: Tabela atual mostrando os 118 elementos.
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