Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Dourados Programa de Pós- Graduação em Recursos Naturais RESPOSTAS DE FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA a E CONDUTÂNCIA ESTOMÁTICA EM PLANTAS JOVENS DE TRÊS ESPÉCIES DO CERRADO SUBMETIDAS A CONCENTRAÇÕES CONTROLADAS DE GÁS CARBÔNICO (CO₂). Acadêmica: Jalina Carvalho Casarin Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Recursos Naturais, área de concentração em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais. Dourados – MS Março/2013 Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Unidade Universitária de Dourados Programa de Pós- Graduação em Recursos Naturais RESPOSTAS DE FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA a E CONDUTÂNCIA ESTOMÁTICA EM PLANTAS JOVENS DE TRES ESPÉCIES DO CERRADO SUBMETIDAS A CONCENTRAÇÕES CONTROLADAS DE GÁS CARBÔNICO (CO₂). Acadêmica: Jalina Carvalho Casarin Orientador: Prof°. Dr°. Etenaldo Felipe Santiago Dissertação apresentada ao programa de pós-graduação em Recursos Naturais, área de concentração em Recursos Naturais, da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Recursos Naturais. Dourados – MS Março/2013 C33r Casarin, Jalina Carvalho Respostas de fluorescência da clorofila a e condutância estomática em plantas jovens de três espécies do Cerrado submetidas a concentrações controladas de gás carbônico (CO2)/Jalina Carvalho Casarin. Dourados, MS: UEMS, 2013. 70p. ; 30cm. Dissertação (Mestrado) – Programa de pós-graduação em Recursos Naturais – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, 2013. o Orientador: Prof. Dr Etenaldo Felipe Santiago. 1.Ecofisiologia vegetal 2. Pantanal 3. Cerrado I. Título. CDD 20.ed. 581.2 Para tudo há um tempo, para cada coisa há um momento debaixo dos céus: tempo para nascer... tempo para plantar... tempo para sarar...tempo para construir... tempo para chorar e tempo para rir; tempo para dançar... tempo para dar abraços.... tempo para procurar... tempo para guardar... tempo para calar e tempo para falar; tempo para amar... tempo para a paz. Que proveito tira o trabalhador de sua obra? ...todas as coisas que Deus fez são boas, a seu tempo. Ele pôs, além disso, no seu coração a duração inteira, sem que ninguém possa compreender a obra divina de um extremo a outro. Eclesiastes, 3:1 Dedico este árduo e gratificante trabalho a Deus, pelas benditas oportunidades. Aos meus pais, Luiz e Iara e meu irmão Rodrigo, que são a base de minha vida. Ao meu amor e amigo Helder e a todos os meus amigos e amigas, que com suas palavras de apoio e carinho estiveram presente em minha vida nesses dias. AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer a todos que me auxiliaram a concluir esta dissertação, de forma especial ao meu orientador, Prof. Felipe, pela paciência e generosidade com que compartilha seus conhecimentos; Ao Vitor Alves da Silva, “Vitinho”, pela parceria e auxílio; Aos Professores do Programa de Mestrado em Recursos Naturais; Aos membros da banca de dissertação, Prof. Dra. Glaucia Almeida de Morais e Prof. Dra. Silvana de Paula Quintão Scalon, pelas contribuições na avaliação e correção desta dissertação; Aos meus “Irmãos” Dinamar, Fábio, Cristiano, Michael, Michele, Sara e Vanessa, pelo companheirismo. Aos colegas de curso; Aos colegas de trabalho; À Associação de Proprietários de Reservas Particulares do Patrimônio Natural de Mato Grosso do Sul (REPAMS) e seus colaboradores; À Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul; À CAPES, pela bolsa concedida. À minha família e amigos e a Deus, sobre todas as coisas! SUMÁRIO RESUMO........................................................................................................................ ABSTRACT.................................................................................................................... CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS.............................................................. 1. O carbono no planeta.................................................................................................. 2. Cerrado e Pantanal...................................................................................................... 3. O carbono e as florestas............................................................................................... 4. Respostas fisiológicas de plantas à elevação do CO2 atmosférico............................. 4.1. Rubisco..................................................................................................................... 4.2. Condutância estomática............................................................................................ 4.3. Metabolismo C3, C4 e CAM em resposta ao CO2................................................... 4.4. Fluorescência da clorofila a...................................................................................... 4.5. Temperatura foliar.................................................................................................... REFERÊNCIAS.............................................................................................................. CAPÍTULO 2 – FLUORESCÊNCIA DA CLOROFILA a EM PLANTAS JOVENS DE GENIPA AMERICANA L. (RUBIACEAE) SUBMETIDAS A DIFERENTES CONCENTRAÇÕES DE GÁS CARBÔNICO E ALAGAMENTO DO SUBSTRATO.................................................................................................................. RESUMO........................................................................................................................ ABSTRACT.................................................................................................................... INTRODUÇÃO............................................................................................................... MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ RESULTADOS............................................................................................................... DISCUSSÃO................................................................................................................... CONCLUSÕES............................................................................................................... REFERÊNCIAS.............................................................................................................. CAPÍTULO 3 – RESPOSTAS FISIOLÓGICAS DE PLANTAS JOVENS DE TABEBUIA AUREA (SILVA MANSO) BENTH. & HOOK.F. EX S. MOORE (BIGNONIACEAE) E MYRACRODRUON URUNDEUVA ALLEMÃO (ANACARDIACEAE) SUBMETIDAS À ELEVADA CONCENTRAÇAO DE CO2.................................................................................................................................. RESUMO........................................................................................................................ ABSTRACT.................................................................................................................... INTRODUÇÃO............................................................................................................... MATERIAIS E MÉTODOS............................................................................................ RESULTADOS............................................................................................................... DISCUSSÃO................................................................................................................... CONCLUSÕES............................................................................................................... REFERÊNCIAS.............................................................................................................. 1 2 3 3 4 7 8 8 9 10 12 15 16 25 25 26 27 28 30 35 41 42 49 49 50 51 53 54 59 64 65 RESUMO O Capítulo 1 desta dissertação faz uma revisão dos conteúdos relevantes sobre a elevação do CO2 atmosférico e seus possíveis impactos sobre sistemas florestais e na fisiologia de espécies arbóreas. O objetivo do trabalho foi investigar como plantas jovens de Genipa americana L. (Rubiaceae), Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore (Bignoniaceae), provenientes de populações da Bacia do Alto Paraguai (BAP), respondem fisiologicamente a experimentos de rápida duração em atmosfera enriquecida com CO2. As respostas fisiológicas das espécies foram avaliadas a partir de folhas apresentando bom estado fitossanitário e totalmente expandidas (maduras). Parâmetros de fluorescência da clorofila a foram verificados com Fluorímetro portátil Hansatech, e condutância estomática, temperatura foliar e radiação fotossinteticamente ativa com Porômetro portátil AP4 Delta-T. O Capítulo 2 aborda o estudo de plantas jovens de G. americana em condições de substrato drenado e alagado, que foram avaliadas em CO2 atmosférico, 700 ppm (partes por milhão) de CO2 e 1400 ppm de CO2. Em seus resultados é possível observar a manutenção da alta eficiência quântica fotoquímica, com rápidas e positivas respostas quanto à elevação do CO2, tanto na condição drenado como alagado. O Capítulo 3 foi resultado do estudo realizado com M. urundeuva e T. aurea em condições atmosféricas de CO2 e 700 ppm de CO2. Estas espécies demonstraram sensibilidade à variação na concentração de CO2, otimizando a performance fotossintética. Os resultados gerais da pesquisa sugerem que as três espécies investigadas são relevantes em estudos que envolvem sequestro de carbono em vegetações ocorrentes na BAP e em outros biomas brasileiros. Se as respostas ao CO2 das espécies estudadas forem confirmadas em uma atmosfera enriquecida com CO 2, é possível que vegetações naturais tenham um incremento em seus estoques, no futuro. PALAVRAS-CHAVE: Ecofisiologia vegetal, Pantanal, Cerrado, Mudanças climáticas. 1 ABSTRACT Chapter 1of this thesis is a review of relevant contents on the elevation of atmospheric CO2 and their possible impacts on forest systems and physiology of tree species. The main objective of this study was to investigate how young seedlings of Genipa americana L. (Rubiaceae), Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore (Bignoniaceae), from populations of Bacia do Alto Paraguai (BAP), physiologically respond to rapid duration experiments under CO2 enriched atmosphere. Physiological responses of the species were evaluated from healthy and fully expanded (mature) leaves. Chlorophyll a fluorescence parameters were verified with portable Chlorophyll Meter Hansatech, and stomatal conductance, leaf temperature and photosynthetic active radiation with portable Porometer AP4 Delta-T. Chapter 2 concerns the study of G. americana seedlings in dry and flooded conditions, that have been evaluated under three conditions of CO2 concentration: atmospheric CO2, 700 ppm (parts per million) CO2 and 1400 ppm CO2. The results allow observing the maintenance of high photochemical efficiency, with fast and positive answers to elevated CO2, in both dry and flooded condition. Chapter 3 is the result from the study with M. urundeuva and T. aurea under atmospheric CO2 and 700 ppm CO2 conditions. This species showed sensitivity to CO2 variation, optimizing photosynthetic performance. The research general results suggest that the three investigated species are relevant in studies that involve carbon sequestration in vegetation occurring in BAP and other brazilian biomes. If the responses to CO2 variation from the investigated species were confirmed in an enriched CO2 atmosphere, it’s possible that natural vegetation presents an increase in its carbon stocks in the future. KEY-WORD: Plant ecophysiology, Pantanal, Cerrado, Climate change. 2 CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇOES GERAIS 1. O carbono no planeta A quantidade de gás carbônico (CO2) na atmosfera tem aumentado em nível mundial desde o início da revolução industrial. A concentração de CO2 atual é a maior dos últimos 420 mil anos e provavelmente dos últimos 20 milhões de anos (TANS & KEELING, 2013; HOUGHTON et al., 2001). De acordo com dados do Laboratório de Pesquisa do Sistema Terra (TANS & KEELING, 2013), que monitora as concentrações de CO2 atmosférico em Mauna Loa, Havaí, no período entre os anos de 1958 a 2012 houve um incremento de aproximadamente 80 partes por milhão (ppm) no CO2 atmosférico da terra, com uma média de incremento de 1.47 ppm ao ano (Figura 1A). Se considerado somente o período de 2008 a 2012, as médias de elevação do CO2 atmosférico foi de 2.08 ppm ao ano (TANS & KEELING, 2013) (Figura 1B). Houghton et al. (2001) estimam que em 2100 a concentração do CO2 atmosférico varie entre 540 a 970 ppm, isto significa uma elevação de 90 a 250% acima da concentração de 280 ppm no ano de 1750. Contudo, o CO2 também pode variar entre os ambientes, especialmente à noite e no início da manha, quando a respiração das plantas aumenta o CO2 local (NOWAK et al. 2004). Figura 1- Médias mensais de dióxido de carbono desde março de 1958 (1A) e no período entre janeiro de 2008 a setembro de 2012 (1B), medidas no observatório de Mauna Loa, Havaí. Fonte: Tans & Keeling, 2013. 3 Aproximadamente três quartos das emissões antropogênicas de CO2 são provenientes da queima de combustível fóssil. O restante é predominantemente de mudanças no uso do solo, especialmente desmatamento. Hipoteticamente, se todo o carbono liberado pela histórica mudança no uso da terra (desmatamento) fosse restaurada, a concentração de CO2 seria reduzida de 40 a 70 ppm (HOUGHTON et al., 2001). O carbono originalmente aprisionado nas florestas é liberado para a atmosfera, tanto imediatamente, se as árvores são queimadas, quanto de forma lenta, com a decomposição da matéria orgânica. A maior parte do carbono é liberado para a atmosfera como dióxido de carbono (CO2), mas uma pequena parte de metano (CH4) e óxido nitroso (N2O) também devem ser liberadas com a decomposição ou a queima das florestas. Todos esses gases são considerados como de efeito estufa. O monóxido de carbono (CO), também emitido em função do desmatamento, não é um gás de efeito estufa, mas reage quimicamente com radicais hidroxila (OH) na atmosfera e, consequentemente, afeta a concentração de CH₄. A maior parte das emissões de CH4 e do N2O não ocorre diretamente pelo desmatamento, mas pela subsequente mudança no uso do solo (HOUGHTON, 2005). O aumento global do CO2 está ocorrendo mais rápido do que as plantas são geneticamente capazes de se ajustar às mudanças, o que irá alterar o balanço funcional das reações fotossintéticas. Isso, provavelmente, irá aumentar a influência das plantas no ciclo global do carbono (GRIFFIN & SEEMANN, 1996). 2. Cerrado e Pantanal O Brasil é um dos países mais ricos do mundo em megadiversidade, concorrendo com a Indonésia pelo título de nação biologicamente mais rica (MITTERMEIER et al., 2005), com aproximadamente 20% da biodiversidade do planeta (BRASIL, 2012). Acredita-se que o Brasil possua a mais rica flora da Terra, com pelo menos 50.000 espécies ou um sexto de todo o planeta (MYERS et al., 2000). No entanto, essa rica biodiversidade vem sendo crescentemente ameaçada por atividades antrópicas, principalmente aquelas ligadas à conversão das paisagens naturais em áreas de produção agropecuária e ocupação imobiliária (ALEIXO et al., 2010). 4 O Cerrado é a mais rica savana tropical do mundo, com uma alta diversidade de habitats e espécies (KLINK & MACHADO, 2005), devido a sua excepcional riqueza biológica é considerado um dos “hotspots” mundiais, isto é, um dos biomas mais ricos e ameaçados do planeta (MYERS et al., 2000). Por isso, devem ser direcionados esforços de pesquisas para fins conservacionistas e de uso sustentável de seus recursos naturais. O Cerrado possui extensão de cerca de dois milhões de km2 no Brasil central, com uma pequena inclusão na Bolívia. A fisionomia mais comum é uma formação aberta de árvores e arbustos baixos coexistindo com uma camada rasteira graminosa. Existem, entretanto, várias outras fisionomias, indo desde os campos limpos até as formações arbóreas (MMA, 2007). O fogo ocorre de forma natural no Cerrado, por isso a flora do Cerrado apresenta-se resistente a ele e expressa caracteres com alto valor adaptativo, conhecidos em conjunto como xeromorfismo do Cerrado, dos quais se destacam casca grossa e cortiçosa em indivíduos arbóreos ou arbustivos com crescimento secundário, folhas cartáceas ou coriáceas, xilopódios e sendo que nas gramíneas são encontradas características importantes como a proteção dos meristemas abaixo do solo ou na base de bainhas persistentes. Contudo, a queima frequente causa destruição, particularmente em árvores e arbustos e, portanto, favorece os elementos herbáceos da flora, em detrimento dos lenhosos (RATTER et al., 1997, HERINGER & JACQUES, 2001; HAYASHI & APPEZZATODA-GLÓRIA, 2007). Alterações no regime de queima resultam em fisionomias mais abertas como conseqüência das altas taxas de mortalidade, alterações nas taxas de recrutamento e favorecimento da vegetação do estrato rasteiro (MIRANDA & SATO, 2005). O Cerrado e o Pantanal são biomas de importância fundamental para a conservação da biodiversidade mundial, se integram por meio dos rios que nascem nos planaltos do Cerrado, formando o Pantanal nas planícies inundáveis da Bacia do Alto Paraguai (BAP). As nascentes do Pantanal situam-se dentro do domínio savânico e sua biota terrestre possui afinidades com a do Cerrado (MMA, 2002). A flora e a fauna do Pantanal são influenciadas também por outros biomas brasileiros: o Cerrado, notavelmente na porção leste; a Amazônia na porção nordeste; a extensão da Mata Atlântica e seus ecótonos na área sul e sudeste e o Chaco, que toca o Pantanal no limite oeste. Contudo, o Pantanal é influenciado pelo Cerrado, de tal forma 5 que alguns especialistas o consideram como uma extensão do Cerrado sazonalmente inundado (ALHO, 2005). O planalto, ou seja, a borda do Pantanal pode atingir entre 500 e 1.400 metros de altitude nas regiões norte e leste da BAP, onde se localizam as nascentes dos rios. Além da fragilidade natural proporcionada pelas condições do relevo e pela natureza dos solos, o planalto sofreu uma grande intervenção humana, o que provocou a remoção da cobertura vegetal original de forma generalizada, incluindo as matas ciliares e a vegetação das nascentes, em função da expansão da agricultura e pecuária no Cerrado (CI et al, 2012). A conservação da vegetação natural no planalto é essencial para a manutenção da maior planície tropical de água doce do mundo (CAVALCANTI & JOLY, 2002). A planície pantaneira possui 140.000 km², com baixa declividade, o que dificulta o escoamento das águas, promovendo o regime de inundações, que é o fator ecológico fundamental do Pantanal, já que determina os pulsos dos principais processos abióticos, bióticos e o tipo composição específica das comunidades integrantes das diversas unidades da paisagem (ADÁMOLI, 1982; ADÁMOLI, 1995). Sua vegetação é composta de um mosaico de diferentes comunidades, com frequentes mudanças abruptas, normalmente correlacionadas com a topografia e com ecótonos (PRANCE & SCHALLER, 1982). A dinâmica de inundação no Pantanal provoca mudanças rápidas na cobertura vegetal e promove grande diversidade de formações pioneiras, variando da herbácea a formações lenhosas. Em geral, há um continuum de florestas semidecíduas de savana seca e florestal (cerradão), visto que a savana (Cerrado) predomina em 50% do Pantanal (POTT et al., 2011). A presença do fogo no Pantanal é anterior à do gado e do homem, provavelmente menos frequente, mas muito mais severo do que atualmente devido ao acúmulo de biomassa de gramíneas não pastadas. Efeitos do fogo na flora do Pantanal são controversos, isso depende do tipo de vegetação, se campo seco ou úmido, cerrado ou floresta. Há um número elevado de espécies tolerantes ao fogo no Pantanal. Contudo, o fogo interfere na diversidade de plantas, causando cerradização, o que promoveria a redução dos campos e, consequentemente, de espécies herbáceas, as quais são a maioria (POTT, 2007). 6 3. O carbono e as florestas A biomassa vegetal é constituída principalmente por carbono, o qual é retirado da atmosfera pelas plantas na forma de CO2 pela fotossíntese e liberado quando os tecidos vegetais respiram, morrem, decompõem ou são queimados. As florestas contem 90% do carbono da vegetação terrestre, sendo a acumulação da biomassa florestal o maior regulador do CO2 atmosférico. As florestas afetam diretamente o clima em escala global, alterando o albedo terrestre, os regimes hidrológicos e o CO2 atmosférico. Também afetam o clima em escala local, alterando a temperatura, a umidade e a radiação solar (GRAHAM et al., 1990). As florestas tropicais possuem os maiores níveis de biodiversidade do mundo, são biologicamente mais produtivas e detém os maiores estoques de carbono. Por isso proteger e restaurar a biodiversidade auxilia na manutenção da sua capacidade em sequestrar e armazenar carbono. O sequestro de carbono é um serviço ecossistêmico que oferece uma contribuição vital para a mitigação das mudanças climáticas e esse serviço pode ser aumentado com a manutenção de florestas minimamente impactadas pela ação humana (THOMPSON et al., 2009). Diante das mudanças no balanço global de carbono, há um grande potencial de as florestas atuarem como sumidouros do CO2 atmosférico, por meio de reflorestamento ou do reforço na taxa de crescimento de árvores (CELEUMANS et al. 1999; GIBBS et al. 2007). O reflorestamento reverte o fluxo do carbono, visto que quando estão crescendo as florestas retiram carbono da atmosfera e o acumulam nas árvores e no solo (HOUGHTON, 2005). As florestas tropicais cobrem um pouco menos da metade da área florestal do mundo, no entanto, detém em sua vegetação e solos tanto carbono quanto as florestas temperadas e boreais juntas. Como as árvores das florestas tropicais fixam, em média, cerca de 50 % a mais de carbono por hectare do que as florestas fora dos trópicos, o desmatamento em áreas tropicais normalmente libera mais carbono (HOUGHTON, 2005). Kallarackal & Roby (2012) indicam que estudos sobre as implicações ecológicas, especialmente da estrutura, composição e funcionamento dos ecossistemas futuros são raros. Observações preliminares sobre as respostas de árvores demonstraram que esses fatores serão afetados pela elevação do CO2 e mudanças climáticas. Mais pesquisas são 7 necessárias em diferentes ecossistemas, visto que os serviços ambientais são de grande importância ao desenvolvimento sustentável. 4. Repostas fisiológicas de plantas à elevação do CO2 atmosférico A resposta florestal a mudanças atmosféricas pode ocorrer em diferentes escalas fenomenológicas. Algumas respostas fisiológicas das folhas às mudanças na concentração do CO2 ou intensidade da luz, por exemplo, podem ser quase instantâneas. Enquanto que mudanças na estrutura da comunidade florestal provocada por uma mudança climática gradual pode levar décadas a séculos. Além disso, algumas respostas podem ser transitórias e não refletirem a aclimatação do ecossistema em longo prazo (CHAMBERS & SILVER, 2004). É provável que árvores florestais sejam submetidas a vários fatores de alterações climáticas ao mesmo tempo, além da elevação na concentração de CO2 e do aquecimento global (LUKAC et al., 2010). Simulações sobre o impacto combinado das alterações climáticas e elevação do CO2 no recrutamento e crescimento florestal, tem sido realizadas utilizando modelos baseados nos efeitos sobre o crescimento de indivíduos arbóreos (GRAHAN et al., 1990). A concentração elevada de CO2 normalmente tem dois efeitos diretos e momentâneos nas plantas. Primeiro, ocorre um aumento na taxa de fotossíntese nas folhas, por causa do aumento na concentração de CO2 nos locais onde a enzima Rubisco fixa o CO2. Segundo, ocorre um fechamento estomático parcial, desta forma, reduzindo a perda de água pela transpiração. Após isso, efeitos secundários devem ocorrer quando a planta é submetida a elevadas concentrações de CO2 por um longo tempo (POORTER & PÉREZSOBA, 2002). 4.1. Rubisco A fotossíntese em plantas C3 segue uma série de processos nos quais o carbono é fixado do CO2 em produtos orgânicos estáveis; isto acontece, teoricamente, em todas as células do mesofilo. No primeiro passo, a ribulose bifosfato (RuBP) carboxilase/oxidase (Rubisco) combina a RuBP (5C) com o CO2 para formar duas moléculas de fosfoglicerato (3C). Contudo, a Rubisco é uma enzima capaz de catalisar duas reações distintas: uma que 8 leva a formação de duas moléculas de fosfoglicerato, quando o CO2 é o substrato; e a outra, em que o oxigênio é o substrato, resultando em uma molécula de fosfoglicerato e uma de fosfoglicolato (2C) (EHLERINGER & CERLING, 2002). A proporção de tempo em que a Rubisco catalisa o CO2 versus O2 é dependente da taxa de concentração CO2/O2. A reação também é dependente da temperatura, com a função oxigenase aumentando com a elevação da temperatura. Essa dependência da Rubisco com as concentrações de CO2/O2 estabelece uma ligação entre as condições atmosféricas atuais e a atividade fotossintética. Como consequência da sensibilidade da Rubisco ao O2, a eficiência das plantas C3 diminuem conforme o CO2 atmosférico diminui (EHLERINGER & CERLING, 2002). A resposta da enzima Rubisco ao CO2 inicia uma cascata de eventos moleculares que culminam em diversas respostas das plantas ao crescimento em elevado CO2, entre elas o aumento na eficiência da fotossíntese (GRIFFIN & SEEMANN, 1996; DRAKE et al., 1997). A taxa fotossintética também é aumentada em concentrações elevadas de CO2 devido a uma diminuição na fotorrespiração. A transpiração é reduzida com a diminuição da condutância estomática. Como resultado do aumento da fotossíntese e decréscimo na perda de água é esperado um maior crescimento, que ocorre na maioria dos casos (POORTER, 1993). 4.2. Condutância Estomática A condutância estomática é dependente da densidade de estômatos, as quais são pré determinadas no desenvolvimento foliar, e da abertura estomática, que é adaptável, de acordo com as condições ambientais (SEXE et al., 1998). Baseia-se em medidas de taxa de transpiração e temperatura foliar e sua distribuição nem sempre é uniforme em toda a folha (PONS et al., 2009). A maioria das angiospermas, incluindo as C4, demonstram uma diminuição progressiva na condutância estomática com a elevação do CO2, com algumas exceções (LONG et al., 2004). Os estômatos da maior parte das espécies fecham com o aumento do CO2 atmosférico, com uma média de redução da condutância estomática de 20% em espécies florestais. Contudo, estas respostas são muito variáveis e algumas espécies não respondem à elevação do CO2 (DRAKE et al. 1997). Ainsworth & Rogers (2007) encontraram uma 9 média de redução de 22% na condutância estomática em espécies C3 e C4 que cresceram sob concentração elevada de CO2 (567 ppm) no sistema FACE (Free-air CO2 enrichment). Contudo, nem todas as espécies respondem à elevação do CO2 com uma redução na condutância estomática, como Curtis (1996), que não encontrou evidências de resposta significativa em 41 espécies lenhosas. De acordo com Sexe et al. (1998) existem evidências cada vez maiores de que em muitas espécies lenhosas a condutância estomática não é capaz de responder ao elevado CO2. 4.3. Metabolismo C3, C4 e CAM em resposta ao CO2 Os sistemas fotossintéticos C3 e C4 são relevantes para os estudos de mudanças globais por responderem de forma diferente às concentrações do CO2 atmosférico e às mudanças na temperatura (ELHERINGER & CERLING, 2002). Diferenças nas respostas de espécies vegetais provavelmente afetarão a composição da regeneração natural dos biomas. Tem sido previsto que sob certas circunstâncias as plantas C4 podem perder as vantagens adquiridas durante milhares de anos de evolução, para o sistema fotossintético C3 (BUCKERIDGE & AIDAR, 2002). As vantagens da fotossíntese C4 ocorrem em ambientes com baixo CO2 e/ou alta temperatura, onde as taxas de fotorrespiração são relativamente altas em plantas C3. Contudo, em ambientes com elevado CO2 ou em temperaturas frias a eficiência da fotossíntese é maior na fotossíntese C3 por causa da redução na fotorrespiração e o custo adicional do ATP da fotossíntese C4 a torna menos eficiente (ELHERINGER & CERLING, 2002). O mecanismo de concentração de CO2 nas células da bainha das plantas C4 aumenta o CO2 disponível para a carboxilação, desta forma, diminuindo a fotorrespiração e aparentemente, assegurando a saturação da fotossíntese na atmosfera atual (WAND et al., 1999). Os resultados encontrados por Wand et al. (1999) em 84 trabalhos que tratam sobre as respostas de plantas C3 e C4 em altas concentrações atmosféricas de CO2, indicaram que os dois grupos tiveram um incremento significativo na taxa de assimilação de CO 2 (C3 - 33% e C4 - 25%) e uma redução significativa na condutância estomática, de 24% e 29% para C3 e C4, respectivamente. A biomassa total foi incrementada tanto nas espécies C3 (44%) quanto C4 (33%), sendo que as plantas C3 demonstraram um aumento de 38% na biomassa acima do solo e de 44% na biomassa abaixo do solo. 10 Embora a relação entre plantas C3 e C4 destaque importantes aspectos ecológicos do efeito do aumento da concentração do CO2 sobre a biodiversidade, é de menor importância para a questão do carbono. Visto que o potencial de sequestro de carbono é muito maior nas florestas, onde a quantidade de biomassa é comparativamente maior. Além disso, plantas C3 representam mais de 95% de todas as plantas (BUCKERIDGE & AIDAR, 2002). E as plantas CAM, por possuírem uma distribuição limitada, não são um componente de destaque no ciclo global do carbono (ELHERINGER & CERLING, 2002). Independente do tipo de metabolismo (C3, C4 e CAM), a magnitude da resposta da fotossíntese e do crescimento ao CO2 é dependente da espécie e do ambiente (ZISKA et al., 1991). Muitos trabalhos científicos foram reunidos com a finalidade de compreender melhor as respostas de plantas e florestas à atmosfera com elevado CO2, contudo, com um enfoque maior em espécies cultivadas e de regiões temperadas (POORTER, 1993; DRAKE et al., 1997; CEULEMANS et al., 1999; POORTER & NAVAS, 2003; AINSWORTH & LONG, 2005). Alguns autores discutem a ecofisiologia e respostas de florestas tropicais às mudanças atmosféricas (LOVELOCK et al., 1998; CHAMBERS & SILVER, 2004; CLARK, 2004; LLOYD & FARQUHAR, 2008). Mas ainda são muito reduzidos os trabalhos que investigaram as respostas de espécies dos biomas brasileiros em elevadas concentrações de CO₂. O enfoque dos grupos de pesquisa brasileiros está restrito a algumas espécies C3 da Mata Atlântica, da Amazônia e de formações de Cerrado. De acordo com Godoy et al. (2009), estudos pioneiros em linhas de pesquisa experimental consolidadas com respostas de plantas às mudanças climáticas foram iniciados pelos grupos de pesquisa dos Professores Marcos Buckeridge (então no Instituto de Botânica de São Paulo) e Carlos Martinez (Então na Universidade Federal de Viçosa). Estudos no programa de pesquisas em respostas de plantas nativas e cultivadas do Brasil às mudanças climáticas, liderado pelo professor Buckerige, foram iniciados com descobertas sobre o jatobá-da-mata (Hymeneaea courbaril), publicados em Aidar et al., (2002). Nesse estudo foi identificado um aumento significativo da fotossíntese do jatobáda-mata em atmosfera com elevado CO2 (720 ppm). Posteriormente vários experimentos similares foram realizados e foi observado que além de aumentar a fotossíntese, há também um grande aumento nos teores de sacarose, amido e celulose nas folhas e caules do jatobá11 da-mata (Hymeneaea courbaril), e ainda maiores em jatobá-do-cerrado (Hymeneaea stigonocarpa) (BUCKERIDGE et al., 2007). Buckerige et al. (2007) destacam que os resultados de duas teses de seu grupo de pesquisa (GODOY, 2007; MARABESI, 2007) demonstraram padrões ecofisiológicos de respostas de cinco espécies de árvores brasileiras: Senna alata, Sesbania virgata, Schyzolobium parahyba, Piptadenia gonoacantha e Dalbergia nigra, estudadas pela primeira vez sob este enfoque. O objetivo central dos trabalhos foi o de compreender como o CO2 poderá influenciar no estabelecimento das plântulas dessas espécies, escolhidas por serem de estágios distintos na sucessão ecológica. De maneira geral, o que concluíram foi que as espécies pioneiras S. alata e S. virgata, que iniciam a formação da floresta no processo de sucessão ecológica, crescem rápido e sequestram grandes quantidades de carbono rapidamente, enquanto as espécies de crescimento mais lento sequestram menos carbono no mesmo período, porém vivem mais. Como as espécies que iniciam o processo S. alata e S. virgata vivem entre 5 e 10 anos, as intermediárias S. parahyba, P. gonoacantha entre 25 a 30 anos, e as finais D. nigra e H. stigonocarpa mais de 100 anos, uma consequência das descobertas é que uma floresta tropical em regeneração sequestra carbono continuamente por um longo período (BUCKERIDGE et al., 2007). Grandis et al. (2010) sugerem que estudos correlacionando o CO2 a fatores ambientais limitantes de cada região, como o alagamento, são muito restritos. Mesmo para regiões fora da Amazônia, há poucos experimentos combinando altas concentrações de CO2 e alagamento de plantas. Desta forma, tendo com base os poucos dados existentes para outras espécies, os autores especulam que como o alagamento tem um efeito negativo sobre o crescimento, limitando o fluxo de energia do metabolismo vegetal e o CO2 tem efeito contrário, fertilizando a planta e fazendo com que ela cresça mais, é bastante provável que na maioria dos casos, os efeitos se compensem mutuamente e não sejam observadas grandes alterações fisiológicas quando (e se) somente estes dois fatores atuarem. 4.4. Fluorescência da clorofila a Na fotossíntese a energia luminosa é absorvida pelas clorofilas, ficobilinas e outros pigmentos acoplados às proteínas dos sistemas de coleta de luz, que transferem a energia 12 luminosa absorvida para os centros de reação do fotossistema I (PSI) e fotossistema II (PSII), na membrana fotossintética. O principal pigmento capaz de absorver a luz em plantas e em muitas algas é a clorofila, um pigmento verde que absorve a luz nos comprimentos de onda do azul e vermelho. As plantas e muitos tipos de algas possuem dois tipos de clorofila, a e b (GOVINDJEE et al., 2010). O PSII é um complexo supramolecular no qual se destaca a presença do sistema antena, que captura luz, e um núcleo de centro de reação, que usa a energia da luz para as reações de transferência de prótons e elétrons. Os sistemas antena evoluíram para ser altamente eficientes no direcionamento dessa energia com a finalidade de promover os processos fotoquímicos da fotossíntese (GOVINDJEE et al., 2010). No entanto, se um centro de reação está fechado, há uma maior probabilidade de a energia ser dissipada na forma de fluorescência ou calor (dissipação não-fotoquímica). Medidas de fotossíntese em condições ideais mostram que mais de 90% dos fótons absorvidos podem ser aprisionados por um centro de reação. Contudo, condições ambientais podem impor limitações à fotossíntese, o que limita significativamente a taxa de transporte de elétrons, com um incremento significativo na dissipação não-fotoquímica (GOVINDJEE et al., 2010). Como o primeiro estado de excitação da clorofila a é energeticamente menor do que da clorofila b ou dos carotenóides, a energia de excitação é rapidamente localizada nas moléculas de clorofila a. Como consequência, a energia de excitação que é dissipada a partir do sistema antena como fluorescência vem quase que inteiramente da clorofila a (GOVINDJEE et al., 2010). Na temperatura fisiológica, praticamente toda a fluorescência é proveniente das moléculas de clorofilas associadas ao PSII (CAMPOSTRINI, 2001). A fluorescência da clorofila a, embora corresponda a uma pequena fração da energia dissipada do aparelho fotossintético, é amplamente aceita por fornecer a compreensão de sua estrutura e função (STRASSER et al., 2004). Alterações na fluorescência podem indicar a ausência ou presença de comprometimentos no processo fotossintético (CAMPOSTRINI, 2001). A fluorescência da clorofila a pode ser quantificada pela exposição de uma folha a luz de um determinado comprimento de onda e medida a quantidade de luz re-emitida em comprimentos de ondas mais longos (MAXWELL & JOHNSON, 2000). Se uma folha é adaptada ao escuro os centros de reação estão abertos, ou seja, aptos para receberem energia proveniente da luz. 13 Quando uma folha é transferida do escuro para a luz, os centros de reação do PSII são progressivamente fechados. Isto dá origem a um aumento na emissão de fluorescência (durante ou em menos de um segundo de iluminação), que pode ser explicado como uma redução dos aceptores de elétron para utilização na fotossíntese, no sentido do PSII, notadamente para a plastoquinona e em particular a quinona a (QA) (MAXWELL & JOHNSON, 2000). Desta forma, supõe-se que em condições normais a QA está totalmente oxidada no escuro, ou seja, todos os centros de reação estão abertos, e o sinal de emissão de fluorescência no início da iluminação é mínimo, ou seja, Fo. A intensidade de fluorescência máxima depende do equilíbrio alcançado entre a oxidação e a redução e adquire seu valor máximo (Fm) se a iluminação é suficientemente eficiente para fechar todos os centros de reação (STRASSER et al., 2004). A diferença entre Fm e Fo é definida como fluorescência variável, Fv. A relação de Fv/Fm pode ser usada para estimar o rendimento quântico fotoquímico do PSII (BAKER, 2008). Quando se avalia a resposta do PSII para condições estressantes mais consistência para a interpretação dos resultados tem sido obtida usando o índice de performance (IP) do que apenas a razão Fv/Fm (GONÇALVES et al., 2010). O IP permite uma análise mais ampla não somente da relação entre a eficiência de absorção da luz e da captura da energia excitada no PSII, mas também da densidade dos centros de reação e da probabilidade da energia excitada mover um elétron além da QA (GONÇALVES & SANTOS, 2005). O Índice de Performance (IP) é uma variável que caracteriza o estado de vigor das plantas (STRASSER et al. 2000), serve como parâmetro útil para que sejam realizadas inferências sobre o estádio fisiológico uma vez que é dada pela razão entre a cinética de fluorescência em diferentes steps, por meio da equação: 1 – (Fo/Fm) (Fm – Fo) (1 – Vj) PI = ------------------ x ----------------- x ------------Mo/Vj Fo Vj Na qual: Fo = fluorescência inicial (em 50 μs); Vj = variável relative de fluorescência em 2 ms, calculada como Vj = (Fj− Fo)/(Fm − Fo), Fj = intensidade de fluorescência no step J (em 2 ms); 14 Mo = representa a curva inicial de cinética de fluorescência, que pode ser derivada da equação: Mo = 4* (F300 μs − Fo)/(Fm − Fo) A absorção de fótons pelas moléculas de clorofila do complexo antena é indicada como ABS; o fluxo de energia de excitação que alcança o centro de reação e leva à redução da QA é indicado como TR e ET indica o fluxo de energia correspondente ao transporte de elétrons além da QA; DI refere-se à energia não-fotoquímica dissipada, que inclui a emissão de calor e fluorescência (STRASSER et al. 2000). Tem se tornado cada vez mais claro que o futuro comportamento das plantas diante do aumento do CO2 atmosférico pode ser avaliado pela performance de seu aparato fotossintético (AIDAR et al. 2002). O transiente de fluorescência é um sinal extremamente rico em termos de qualidade e quantidade de diferentes informações (STRASSER et al., 2004). Como a fotossíntese é limitada pela quantidade de Rubisco ativa, a elevação do CO₂ irá aumentar o uso da energia fotoquímica e, consequentemente, o fluxo de elétrons no PSII (HYMUS et al., 1999). O que deverá aumentar a eficiência nas taxas de produção de NADPH e ATP, que são dependentes da taxa fotossintética de transporte de elétrons (FARQUHAR et al., 1980) e consequentemente o aumento na taxa de fixação de carbono (HABASH et al., 1995). Trabalhos que tratam sobre as respostas da elevação na concentração do CO2 atmosférico evidenciam efeitos sobre algumas das variáveis de clorofila a sobre o PSII. Por exemplo, a eficiência quântica (Fv/Fm), que em algumas espécies é capaz responder ao CO2 com um incremento em seu valor, como demonstrado por Li et al. (2008) em Cucumis sativus e Huxman et al. (1998) em Larrea tridentata. No entanto, de acordo com as descrições de Gielen & Ceulemans (2000), nem todas as espécies respondem ao aumento do CO2 com um incremento da eficiência quântica. 4.5. Temperatura foliar O fechamento estomático pode levar ao aumento da temperatura foliar como resultado da diminuição do resfriamento, o que pode alterar a afinidade da Rubisco pelo CO2 e O2, visto que ambos são diferentemente afetados pela temperatura (GRIFFIN & SEEMANN, 1996). 15 De acordo com Drake et al. (1997) com a elevação da concentração do CO2 esperase o aumento da temperatura foliar, tanto diretamente, diminuindo a perda de calor latente e indiretamente, por meio da energia radiante da atmosfera. REFERÊNCIAS ADÁMOLI, J. 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RESUMO A composição de gases na atmosfera, da qual se destaca o CO2, tem sofrido mudanças desde o início da Revolução Industrial. Para prever o impacto destas alterações em plantas tropicais é necessário o estudo de respostas de espécies dessas comunidades, associadas a características locais, como o alagamento. Este trabalho teve como objetivo analisar parâmetros de fluorescência da clorofila a e condutância estomática em plantas jovens de Genipa americana L. (Rubiaceae) de populações do Pantanal de Miranda, submetidas ao alagamento e ao enriquecimento da atmosfera com CO2. Os resultados indicam uma otimização do fotossistema II (PSII), com significativo aumento na eficiência quântica (Fv/Fm) e incremento na abertura estomática em plantas submetidas à elevada concentração de CO2 e à baixa irradiância, não tendo sido encontradas diferenças entre as condições drenado e alagado na maior parte dos parâmetros analisados. Os resultados indicam G. americana como uma espécie potencial para futuros estudos e projetos que envolvam o papel de espécies tolerantes ao alagamento e de áreas alagáveis no sequestro de carbono atmosférico. PALAVRAS-CHAVE: Ambiente controlado, Estresse, Pantanal, Plantas nativas. 25 ABSTRACT The composition of gases in the atmosphere, which CO2 stands as highlight, has changed since the beginning of the Industrial Revolution. To predict the impact of this change on tropical plants it is necessary to study the responses of species of these communities, associated with local characteristics, such as flooding. This study aimed to analyze the chlorophyll a fluorescence parameters and stomatal conductance in Genipa americana L. (Rubiaceae) seedlings, from Pantanal of Miranda populations, submitted to flooding and CO₂ enrichment. The results indicate a photosystem II (PSII) optimization, with significant increase in photochemical efficiency (Fv/Fm) and in stomatal aperture in seedlings exposed to elevated CO2 and low irradiance. No differences were found between dry and flooded conditions for the majority of analyzed parameters. The results indicate G. americana as a potential species for future studies and projects involving the role of species that are tolerant to flooding and flooded areas in atmospheric carbon dioxide sequestration. KEY-WORDS: Controled chamber, Native trees, Pantanal, Stress. 26 INTRODUÇÃO Evidências demonstram que a composição atmosférica está mudando desde o início da Revolução Industrial, com um aumento nas concentrações de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2) e o metano (CH4) (GITAY, 2002). Mudanças na temperatura, precipitação e regimes de perturbação podem resultar em alteração na estrutura da comunidade de plantas e mudanças na alocação e armazenamento do carbono, que consequentemente podem refletir nas concentrações atmosféricas de CO2 (CHAMBERS & SILVER, 2003). Para prever o impacto da elevação do CO2 em plantas tropicais é necessário o estudo da resposta das espécies dessas comunidades (ZISKA et al., 1991). O conhecimento sobre aspectos da fisiologia e bioquímica de árvores de regiões tropicais sob alagamento nas condições esperadas de mudanças climáticas globais é ainda insuficiente. Mesmo para regiões fora da Amazônia, há poucos experimentos combinando altas concentrações de CO2 e alagamento de plantas (GRANDIS et al., 2010). O Pantanal é considerado uma das maiores planícies inundáveis do mundo. Com 140.000 km², sua baixa declividade dificulta o escoamento das águas, promovendo o regime de inundações, que é o fator ecológico fundamental do Pantanal, já que determina os pulsos dos principais processos abióticos e bióticos (ADÁMOLI, 1982; ADÁMOLI, 1995). A dinâmica de inundação no Pantanal provoca mudanças rápidas na cobertura vegetal e promove grande diversidade de formações pioneiras, variando da herbácea a formações lenhosas. Em geral, há um continuum de florestas semidecíduas de savana seca e florestal (cerradão), visto que a savana (Cerrado) predomina em 50% do Pantanal (POTT et al., 2011). Grande parte da vegetação na planície pantaneira sofre inundação sazonal. Neste contexto, o estudo de espécies arbóreas como Genipa americana L. (Rubiaceae) torna-se relevante como forma de se compreender aspectos fisiológicos importantes no seu estabelecimento em condições restritivas, como o alagamento, num futuro cenário de elevação das concentrações atmosféricas de CO2. G. americana é uma espécie rústica, pouco exigente quanto às propriedades físicas dos solos, apresenta alta plasticidade ecológica, ocorrendo em várias formações florestais de toda a América Tropical (CARVALHO, 1994). Planta semidecídua, característica de florestas pluvial e semidecidual, situada em várzeas úmidas e brejosas (LORENZI, 1998), 27 sendo altamente tolerante ao alagamento (PIEDADE et al., 2010). No Pantanal é encontrada em todas as sub-regiões pantaneiras, mata ciliar alagável, caapões e bordas de matas e cerradões, solos argilosos ou arenosos (POTT & POTT, 1994). Para Lavinky et al., (2007) em matas ciliares a inundação do solo e a baixa disponibilidade de luz estão entre os principais fatores ambientais que afetam o crescimento de plantas jovens. Contudo, Reekie e Bazzaz (1989) sugerem que em algumas espécies tropicais o elevado CO2 pode aumentar sua capacidade competitiva ao aumentar as taxas fotossintéticas em baixas irradiâncias. Os efeitos diretos do aumento no CO2 atmosférico, especialmente em plantas C3, estão relacionados a um aumento na fotossíntese e diminuição na condutância estomática e na fotorrespiração (DRAKE et al., 1997). Tem se tornado cada vez mais claro que o futuro comportamento das plantas diante do aumento do CO2 atmosférico pode ser avaliado pela performance de seu aparato fotossintético (AIDAR et al., 2002). O transiente de fluorescência é um sinal extremamente rico em termos de qualidade e quantidade de diferentes informações (STRASSER et al., 2004). O uso de medidas de fluorescência da clorofila a para investigar o desempenho fotossintético e o estresse em plantas tem sido freqüente em estudos fisiológicos e ecofisiológicos (BAKER, 2008). Visando compreender melhor como plantas jovens de G. americana poderão se comportar em condição de atmosfera enriquecida com carbono, associado ao alagamento do substrato, uma vez que o alagamento ocorre sazonalmente no Pantanal, objetivou-se analisar respostas fisiológicas de plantas jovens de Genipa americana L. (Rubiaceae), de população do Pantanal Sul-Mato-Grossense, sub-região de Miranda, submetidas à condição de alagamento e a elevadas concentrações de carbono. MATERIAIS E MÉTODOS Frutos de Genipa americana L. (Rubiaceae) foram coletados a partir de matrizes localizadas no interior e no entorno da Reserva Particular do Patrimônio Natural Dona Aracy, município de Aquidauana e Miranda/MS (Lat. 19° 55' S / Long. 56° 21' O). Os experimentos foram realizados na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, campus de Dourados/MS. Os frutos maduros tiveram suas sementes beneficiadas para retirada de mucilagem e permaneceram em bandeja para secagem natural sobre bancada. Após cinco dias foram 28 semeadas em tubetes de polietileno com substrato agrícola. Decorridos cinco meses após a emergência, as plantas jovens foram submetidas a duas adubações, com o emprego de solução nutritiva administrada via sub-irrigação, por três dias em dois meses consecutivos. A solução nutritiva foi balanceada seguindo as seguintes concentrações: nitrato de cálcio, 1 g L-1; sulfato de magnésio, 0,5 g L-1; MAP purificado, 0,14 g L-1; ácido bórico, 3 mg L-1; sulfato de cobre, 0,8 mg L-1; sulfato de manganês, 2,5 mg L-1; sulfato de zinco, 1,5 mg L-1; quelado de Fé a 6%, 25 mg L-1; molibdato de sódio, 0,25 mg L-1 (Eng. Florestal Dr. Ronaldo Luiz Vaz de Arruda Silveira - RR Agroflorestal - comunicação pessoal). Após a última adubação, nos meses de julho e agosto de 2012, as plantas jovens com 8 meses de desenvolvimento foram submetidas ao delineamento experimental em bloco, com duas repetições, constituído de quatro concentrações de CO2 (aproximadamente 390, 460, 700 e 1400 ppm de CO2), duas condições de substrato (drenado e alagado) e duas condições de luz (baixa irradiância em viveiro e muito baixa irradiância em câmara). No experimento, 12 plantas para cada condição de substrato (drenado e alagado) foram mantidas em viveiro com cobertura sombrite 50% e radiação fotossinteticamente ativa (PAR) entre 230-380 μmol m-2 s-1 durante as leituras, com fotoperíodo de 12 horas e CO2 atmosférico de aproximadamente 390 ppm. E outras 12 plantas para cada condição de substrato (drenado e alagado), foram levadas para o ambiente câmara (sistema controlado) com PAR entre 36-40 μmol m-2 s-1 e fotoperíodo de 14h (SANTIAGO et al., 2013), a partir do qual as plantas foram submetidas por três dias a cada uma das concentrações: aproximadamente 460, 700 e 1400 ppm de CO2, estas duas últimas como condição inicial do experimento. Os lotes experimentais, constituídos por 12 plantas cada, foram mantidos em bandejas suspensas conforme Santiago & Paoli (2003). No tratamento alagado a linha d’água foi mantida um centímetro acima da borda do tubete. A concentração de CO2 dentro da câmara foi aumentada para aproximadamente 700 ppm e 1400 ppm, com a injeção de CO2 puro a partir de sistema centralizado para gases, conectado à câmara. As concentrações foram monitoradas diuturnamente com o analisador de gases por infra-vermelho (IRGA), modelo PP System Ciras RC conectado à câmara e a um PC ao longo dos nove dias de experimento. Nos ambientes câmara e viveiro foram realizadas medidas de fluorescência da clorofila a e condutância estomática dos lotes drenado e alagado, a partir de folhas apresentando bom estado fitossanitário e totalmente expandidas (maduras). 29 A emissão de fluorescência foi verificada com Fluorímetro portátil Hansatech, em folhas mantidas por 30 minutos no escuro com o auxílio de Leaf clips, e submetidas a um flash de 1.500 μmol m-² s-¹ durante um segundo. As leituras foram realizadas diariamente no período entre 08:00 e 11:00 horas. O funcionamento do Fotossistema II (PSII) foi avaliado pelo estudo da clorofila a, por meio dos parâmetros instantâneos: fluorescência inicial (Fo), fluorescência máxima (Fm), eficiência quântica fotoquímica do PSII (Fv/Fm) e índice de performance (IP). E dos parâmetros por seção cruzada: absorção de elétrons (ABS/CS), captura de elétrons (TRo/CS), transferência de elétrons (Eto/CS), dissipação não-fotoquímica (DIo/CS) e densidade final do centro de reação (RC/CSm). Medidas de condutância estomática (gs, mmol. m-2. s-1), temperatura foliar (T 0C obtida conforme fórmula (∆T = Tcup – Tleaf) descrita por Verhoef, 1997) e radiação PAR foram realizadas com Porômetro portátil AP4 Delta-T. A análise estatística dos dados foi efetuada com auxílio do programa Bioestat 5.3, utilizando-se o teste ANOVA um critério. Quando os dados não apresentaram normalidade foi utilizado do teste Kruskal-Wallis e as medianas comparadas entre si pelo teste de Dunn, considerando-se 5% de significância. As análises de correlação foram realizadas por meio do teste de Sperman, considerando-se 5% de significância. RESULTADOS Para os parâmetros instantâneos e por seção cruzada de fluorescência da clorofila a foram encontradas diferenças estatísticas entre os tratamentos realizados, com exceção do índice de performance (IP). De maneira geral, a elevação das concentrações de CO2 otimizou funcionalmente o complexo do PSII. Não foram constatadas diferenças estatísticas entre as condições drenado e alagado dentro de um mesmo tratamento (Tabela 1 e Figuras 1 e 2) para os parâmetros de fluorescência avaliados, com exceção do tratamento viveiro no parâmetro de densidade de centros de reação inicial (RC/CSo), que diferiram entre si. O tratamento viveiro apresentou os menores desvios interquartílicos quando comparado aos tratamentos realizados em câmara (Figuras 1 e 2). Para fluorescência inicial (Fo) (Tabela 1) somente o tratamento câmara drenado com 1400 ppm de CO2 (CD-1400) diferenciou-se dos demais, apresentando a menor mediana (265) entre os tratamentos. A maior mediana foi encontrada em câmara alagado 30 com 460 ppm de CO₂ (CA-460) (347). O parâmetro de fluorescência máxima (Fm) evidenciou a menor mediana no tratamento viveiro alagado com 390 ppm de CO2 (VA390) (1449,5) e a maior em câmara drenado com 460 ppm de CO₂ (CD-460) (1684), já a fluorescência variável (Fv) apresentou menor mediana em (VA-390) (1127,5) e maior mediana no tratamento câmara drenado com 700 ppm de CO₂ (CD-700) (1310). Para eficiência quântica (Fv/Fm), um parâmetro de grande relevância para o entendimento do estado fisiológico do PSII, a menor mediana ocorreu no tratamento VA-390 (0,77) e a maior em câmara alagado com 700 ppm de CO₂ (CA-700) (0,82) (Tabela 1). Tabela 1: Medianas de parâmetros instantâneos de fluorescência da clorofila a encontradas nos tratamentos realizados com Genipa americana. (V) viveiro; (C) câmara; (D) drenado; (A) alagado; (390) 390 ppm de CO2; (460) 460 ppm de CO2; (700) 700 ppm de CO2 e (1400) 1400 ppm de CO2. Tratamentos VD-390 VA-390 CD-460 CA-460 CD-700 CA-700 CD-1400 CA-1400 F0 Fm Fv Fv/Fm IP 322 a 325 a 349 a 347 a 320 a 297 ab 265 b 288.5 ab 1461 a 1449,5 a 1684 b 1680 b 1697 b 1601,5 ab 1476,5 a 1579 ab 1187 ac 1127,5 a 1353 bc 1311 bc 1394 bc 1310 c 1188 abc 1209,5 abc 0,78 ab 0,77 b 0.81 ac 0.79 abc 0.81 ac 0.82 c 0.81 c 0.80 ac 2.93 a 2.80 a 2.09 a 3.17 a 2.82 a 3.09 a 2.37 a 3.95 a Medianas seguidas de mesma letra em coluna não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. Figura 1: Medianas e desvios interquartílicos de valores de eficiência quântica (Fv/Fm) encontrados nos tratamentos com G. americana. (V) viveiro; (C) câmara; (D) drenado; (A) alagado; (390) 390 ppm de CO 2; (460) 460 ppm de CO2; (700) 700 ppm de CO2 e (1400) 1400 ppm de CO2. Medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. 31 Figura 2: Medianas e desvios interquartílicos de valores de parâmetros de fluorescência da clorofila a por seção cruzada encontrados nos tratamentos com G. americana. (V) viveiro; (C) câmara; (D) drenado; (A) alagado; (390) 390 ppm de CO2; (460) 460 ppm de CO 2; (700) 700 ppm de CO2 e (1400) 1400 ppm de CO2. Medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. 32 Para o parâmetro absorção de elétrons por seção cruzada (ABS/CS) houve diferença significativa somente para a condição CD-1400. A menor mediana foi encontrada no tratamento CD-1400 (288,5). A maior mediana foi encontrada na condição câmara alagado com 460 de CO2 (CA-460) (347). No parâmetro captura de elétrons (TRo/CS) somente o tratamento CD-1400 diferenciou-se dos demais tratamentos, tendo a menor mediana (216,6) e a maior mediana encontrada em CA-460 (272,9). Já a taxa de transferência de elétrons (Eto/CS), o único tratamento a diferenciar-se foi CD-1400, que apresentou a menor mediana (130). A maior mediana foi encontrada no tratamento CA1400 (168,3). O parâmetro de dissipação não-fotoquímica (DIo/CS) teve a menor mediana no tratamento CD-1400 (50,6) e a maior mediana em viveiro drenado (71,1). Para o parâmetro de densidade inicial do centro de reação (RC/CSo) a menor mediana foi encontrada em CA-1400 (69,34) e a maior em VD (210,4). A densidade final do centro de reação (RC/CSm), teve a menor mediana no tratamento CA-1400 (333,9) e a maior em VD-390 (980,7) (Figura 2). A condutância estomática diferiu entre os tratamentos, com incremento progressivo nos valores das medianas e dos desvios interquartílicos quando da elevação da concentração de CO2 no ambiente câmara. Não ocorreram diferenças entre as condições drenado e alagado dentro de um mesmo tratamento (Figura 3). Figura 3: Medianas e desvios interquartílicos de valores de condutância estomática encontrados nos tratamentos com G. americana. (V) viveiro; (C) câmara; (D) drenado; (A) alagado; (390) 390 ppm de CO 2; (460) 460 ppm de CO2; (700) 700 ppm de CO2 e (1400) 1400 ppm de CO2. Medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. 33 A temperatura foliar diferiu entre os tratamentos, sendo que somente houve diferenças entre as condições drenado e alagado num mesmo tratamento no ambiente viveiro. Houve uma tendência à homogeneização dos valores dentro do mesmo tratamento com a elevação da concentração de CO2 no ambiente câmara (Figura 4). Figura 4: Medianas e desvios interquartílicos de valores de temperatura foliar encontrados nos tratamentos com G. americana. (V) viveiro; (C) câmara; (D) drenado; (A) alagado; (390) 390 ppm de CO 2; (460) 460 ppm de CO2; (700) 700 ppm de CO2 e (1400) 1400 ppm de CO2. Medianas seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. De acordo com o teste de Sperman, a Fv/Fm apresentou correlação significativa com a gs somente na condição viveiro drenado. Nas condições viveiro alagado e ambiente câmara alagado e drenado com o CO2 elevado não houve correlação significativa entre Fv/Fm e gs (Figura 5). 34 Figura 5: Correlação de Sperman entre valores de Eficiência Quântica do PSII (Fv/Fm) e Condutância Estomática (gs) encontrados nos tratamentos com G. americana. Condições viveiro drenado e alagado, em 390 ppm de CO2; condições câmara drenado e alagado, em atmosfera enriquecida com CO2 (700 ppm e 1400 ppm de CO2). DISCUSSÃO As concentrações de gás carbônico foram diferenciadas nos 4 tratamentos realizados com G. americana e o primeiro tratamento realizado em ambiente câmara (460 ppm de CO2) esteve com uma média de CO2 mais elevada do que em viveiro, devido a câmara estar em ambiente fechado, contudo permitindo a circulação de gases. A concentração dos tratamentos seguintes (700 e 1400 ppm de CO2) aumentaram ao longo dos dias devido à liberação de CO2 pela respiração promovida pelas plantas, que provavelmente, superaram o consumo do mesmo por vias fotossintéticas. O fato de a elevação das concentrações de CO2 ter otimizado funcionalmente o complexo do PSII em G. americana, está associado à redução de Fo, elevação de Fm e consequentemente, de uma maior eficiência quântica (Fv/Fm) do PSII. A relação de Fv/Fm 35 pode ser usada para estimar o rendimento quântico fotoquímico do PSII (BAKER, 2008). De acordo com estudo realizado por Björkman & Demmig (1987) o valor médio de Fv/Fm em folhas saudáveis é de 0,832 ± 0,004 sendo que os tratamentos com elevado CO2 tiveram medianas mais próximas a esta quando comparados às medianas em CO2 atmosférico. Gonçalves et al. (2012), em um trabalho com plantas jovens de Genipa spruceana submetidas ao alagamento parcial e total, descreveram uma diminuição no Índice de performance (IP) e de Fv/Fm quando comparado ao tratamento não alagado. Em nosso estudo, a não ocorrência de diferenças significativas entre as condições drenado e alagado, e os altos valores de Eficiência quântica sugerem a tolerância de G. americana à hipóxia, comum nas condições de alagamento. Estes dados corroboram com Santiago & Paoli (2007) que descreveram o ganho em biomassa da parte aérea e sistema radicial, em G. americana submetida ao alagamento. Para estes autores, estas características contribuem para a larga ocorrência de populações dessa espécie em áreas sujeitas a alagamentos periódicos como, por exemplo, no Pantanal Sul-Mato-Grossense. A significativa elevação da eficiência quântica sob altas concentrações de CO2 mesmo em substrato alagado evidencia a plasticidade de resposta de G. americana aos condicionantes ambientais. Costa (2004) investigando plântulas de Hymenaea courbaril var stilbocarpa com e sem reserva coliledonar, crescidas em ambientes de 360 ppm e 720 ppm de CO2, por meio da comparação de Fv/Fm entre os tratamentos, observou que a alta concentração de CO2 induziu uma maturação precoce do aparato fotossintético nos eófilos e folíolos das plantas sem contilédone. Para Mayorga (2010) a elevação da temperatura parece ter aumentado a eficiência dos sistemas fotossintéticos em H. courbaril, visto que Fv/Fm aumentou de forma significativa nos tratamentos com CO2 ambiente e elevado, associados ao aumento da temperatura. Li et al. (2008) observaram um incremento significativo de Fv/Fm em plantas jovens de Cucumis sativus em elevado CO2. Contudo, não foram encontradas diferenças significativas na eficiência quântica sob altas concentrações de CO2 em Glycine max (KRETZSCHMAR et al., 2007) Helianthus annus (BRAGA et al., 2006; TEZARA et al., 2002), Betula pendula e para as coníferas Pinus sylvestris (GIELEN et al., 2000; JUUROLA, 2003) e Pinus taeda (HYMUS et al., 1999; WERTIN, 2010). Desta forma, nem todas as espécies respondem ao aumento do CO2 com um incremento da eficiência 36 quântica, o que para Gielen & Ceulemans (2000) é concordante com a maioria dos estudos realizados por grupos de pesquisa europeus. Segundo Hymus et al., (1999), como a Rubisco não está saturada no CO2 atmosférico atual, um aumento no CO2 resulta em incremento na velocidade da carboxilação, que é maior do que a redução da velocidade da oxigenação. Assim, haverá um aumento da utilização de ATP e NADPH, e por sua vez, um aumento na eficiência do PSII. Os parâmetros de fluorescência da clorofila a por seção cruzada demonstraram o aumento na eficiência do PSII em G. americana, como citado por Hymus et al, (1999). A absorção de elétrons (ABS/CS), que se refere ao fluxo de fótons absorvidos pelo complexo antena (STRASSER, et al., 2000), teve um aumento inicial na condição câmara em CO2 atmosférico (C-ATM), o que pode estar ligado a uma resposta à baixa irradiância do ambiente. Com o aumento na concentração CO2 a absorção teve um decréscimo e os valores de transferência (TRo/CS) e transporte de elétrons (Eto/CS) se elevaram. Contudo, somente com a saturação da concentração de CO2 é que a amostra em condição alagada apresentou diferenças significativas em todos os parâmetros. O aumento no transporte de elétrons em plantas cultivadas em elevado CO2 demonstra ajuste no complexo fotossintético do PSII e, presumivelmente, o aumento linear no ATP, NAPH e na demanda pela Rubisco, para permitir aumentos na taxa de fixação de carbono (HABASH et al., 1995). Se considerado de forma isolada do metabolismo, o transporte de elétrons é geralmente limitado pela disponibilidade de luz ou pela capacidade intrínseca da cadeia de transporte de elétrons em executar esta tarefa, enquanto o metabolismo, que gera a demanda por ATP e redutores, é limitado pela ativação de enzimas (FOYER et al., 2012). A energia não-fotoquímica dissipada (Dio/CS), que inclui a emissão de calor e fluorescência (STRASSER et al. 2000), diminuiu de forma significativa em G. americana, nas duas concentrações de elevado CO2, indicando uma menor dissipação de energia na forma de fluorescência ou calor e mais energia sendo empregada na fixação do CO2. Mielke et al. (2003) observaram um significativo incremento na Dio/CS em plantas jovens de G. americana entre 14 e 63 dias de alagamento. A mesma elevação foi diagnosticada por Gonçalves et al. (2012) em plantas jovens de G. spruceana submetidas ao alagamento parcial e total quando comparado ao tratamento não alagado. Em curto prazo, as plantas terrestres C3 parecem perceber e responder diretamente ao aumento na concentração de CO2 exclusivamente pelos efeitos diretos do aumento da 37 carboxilação na Rubisco, e pela diminuição na abertura estomática (LONG et al. 2004). No presente experimento, o significativo aumento na condutância estomática (gs) em G. americana submetida à elevação do CO2 sugere a plasticidade de respostas fisiológicas a este fator. Pons et al. (2009) sugere que a distribuição da condutância estomática nem sempre é uniforme em toda a folha, o que pode explicar o aumento dos desvios nos tratamentos com G. americana em elevado CO2. De maneira contraria ao observado em nosso estudo, Mielke et al. (2003) identificaram uma significativa redução na gs em plantas jovens de G. americana em condição de alagamento, e Lavinsky et al. (2007) uma diminuição significativa de 46% na gs de G. americana submetida a alagamento por 100 dias. As diferentes respostas observadas numa mesma espécie para o mesmo parâmetro sugerem a influência das distintas condições experimentais, também não são descartadas as respostas comuns às populações de plantas. A gs é baseada em medidas de taxa de transpiração e temperatura foliar (PONS et al., 2009). Em G. americana o aumento significativo da temperatura foliar entre os tratamentos drenado e alagado na condição viveiro, consistiu no único parâmetro entre os testados, que demonstrou diferenças relacionadas ao alagamento, é possível que esta resposta esteja associada à menor condutância naquela condição. Segundo Griffin & Seemann (1996) o fechamento estomático pode levar ao aumento da temperatura foliar como resultado da diminuição do resfriamento; o aumento da temperatura foliar pode alterar a afinidade da Rubisco pelo CO2 e O2, visto que ambos são diferentemente afetados pela temperatura. Contudo, os resultados encontrados por meio dos parâmetros de fluorescência da clorofila a não sugerem alterações na concentração da Rubisco nos dois tratamentos realizados em condição viveiro. De acordo com Drake et al. (1997) com a elevação da concentração do CO2 esperase o aumento da temperatura foliar, tanto diretamente, diminuindo a perda de calor latente e indiretamente, por meio da energia radiante da atmosfera. Para G. americana os tratamentos em elevado CO2 uniformizaram as respostas da temperatura foliar entre as condições drenado e alagado, e a condições drenado em elevado CO2 teve um aumento significativo em relação ao viveiro. Mulkey et al. (1991) analisando a resposta ao estresse hídrico de Psychotria limonensis, uma Rubiácea encontrada em florestas secas e alagadas do sul do México ao norte da Colômbia, encontraram um valor de temperatura foliar um pouco maior sob estresse hídrico (28 ± 0.1) do que irrigado (27.2 ± 0.1). 38 Com uma maior abertura estomática nos tratamentos câmara, associada ao enriquecimento da atmosfera com CO2, espera-se uma maior disponibilidade do substrato para a fotossíntese. Contudo, a abertura estomática não esteve correlacionada com uma elevação na eficiência fotoquímica do PSII nas duas condições câmara em que G. americana foi submetida. Esta correlação somente foi observada de forma significativa na condição viveiro drenado. Em atmosfera enriquecida as concentrações intracelulares de CO2 tendem a elevar-se, reduzindo, dessa forma, a influência da condutância sobre a variável de eficiência quântica. Na maior parte das plantas investigadas por Morison (2001), o grau de abertura estomática diminui com o aumento da concentração do CO2, tanto no entorno como dentro da folha. A condição viveiro alagado não apresentou correlação entre Fv/Fm e gs, mesmo as duas variáveis apresentando uma diminuição, ainda que não significativa, em relação ao viveiro drenado. Ou seja, é provável que a redução na Fv/Fm não esteja, neste caso, associada ao menor aporte de CO2 intercelular em função do fechamento estomático, e sim a outras variáveis influenciadas pelo alagamento, como por exemplo, a menor irradiância. Mielke em G. americana sob irradiância entre 1.000 e 1.200 μmol m-2.s-1 e Gonçalves em G. spruceana parcialmente alagada e em alta irradiância, somente descreveram uma diminuição da eficiência quântica após 60 dias de alagamento. Desta forma, a baixa irradiância em que G. americana encontrava-se em nossos experimentos em viveiro em relação às condições citadas acima pelos autores pode ter influenciado a eficiência quântica em condição de alagamento. Em nosso estudo, a diferença na irradiância nas condições experimentais câmara e viveiro também deve ser considerada para o entendimento das respostas observadas. No ambiente viveiro a média de irradiância esteve sempre superior àquela verificada na condição câmara (média de 313 e 37 PAR, respectivamente). Mesmo nestas condições, G americana apresentou elevada taxa de transferência de elétrons e baixa dissipação não fotoquímica, com a elevação do CO2, a redução da energia absorvida associada aos demais fatores resulta numa alta eficiência fotoquímica. Lavinsky et al. (2007) encontrou as maiores médias de Fv/Fm em G. americana em sombra (média de 69 μmol m-2 s-1) quando comparado com indivíduos submetidos ao sol pleno (média de 762 μmol m-2 s-1) e substrato drenado e alagado. Estudo realizado por Moraes Neto et al. (2000) sobre os efeitos da luz em G. americana indicou um crescimento inicial maior em sombra moderada. 39 O elevado CO2 pode mudar o ponto de compensação da luz para intensidades mais baixas, permitindo que as plantas cresçam em um ambiente com maior sombra (KORNER, 2006). A vegetação rasteira de florestas normalmente sobrevive próxima ao ponto de compensação da luz da fotossíntese. Qualquer aumento na eficiência do uso da luz pode resultar em grandes aumentos na fotossíntese líquida (DRAKE et al, 1997). Long & Drake (1991) submeteram Scirpus olneyi, uma planta C2, a uma concentração de 680 ppm de CO2, em baixa irradiância, por três anos e concluiram que a elevação no nível de CO2 promoveu aumento na eficiência fotossintética em folhas sob baixa irradiância. Já Hymus et al. (1999), analisando a resposta de árvores maduras de Pinus taeda, observou que em elevada temperatura e sob baixo fluxo de fótons, a taxa de fluxo de elétrons do PSII não foi afetada pelo aumento do CO2. Mas que P. taeda sob luz saturante e CO2 acima de 700 ppm, aprimorou significativamente o fluxo total de elétrons para o PSII e a proporção de luz absorvida usada na dissipação fotoquímica. Gonçalves et al. (2012) sugerem que o fluxo de energia luminosa em plântulas de G. spruceana sob alagamento total, pode ser mais fortemente restringido pelo decréscimo na estrutura de captura de luz, devido a diminuição das concentrações das clorofilas (a e b) e dos carotenóides, do que pelas alterações sofridas no funcionamento do aparato fotossintético, sendo a eficiência fotoquímica do fotossistema II menos afetada comparativamente. Segundo Andrade (1999) plantas jovens de G. americana submetidas ao alagamento não demonstraram sinais de clorose foliar ou senescência, o que parece demonstrar a capacidade de suportar longos períodos de alagamento antes do aparecimento de dano, por outro lado, Lavinski et al., (2007), apontaram que plantas de G. americana submetidas ao alagamento do solo por 100 dias apresentaram mudanças na raiz, tronco, folhas e na biomassa total, assim como na altura, área foliar e no número de folhas por plântulas, com taxas de sobrevivência próximas a 100%. Em nosso estudo, ficou evidente que as plantas jovens de G. americana respondem fisiologicamente de maneira rápida e positiva ao alagamento, o que não caracterizaria esta condição a priori como estresse. Por outro lado, Andrade et al., (1999) em experimento realizado com G. americana em condição de alagamento por 90 dias, concluíram que sob estas condições plantas jovens demonstraram uma significativa diminuição na biomassa seca da raiz e folha em favor de um incremento no tronco. 40 Grandis et al. (2010) especularam que o alagamento tem um efeito negativo sobre o crescimento em plantas não adaptadas, limitando o fluxo de energia no metabolismo vegetal e que o CO2 tem o efeito contrário, fertilizando a planta e fazendo com que ela cresça mais, é bastante provável que na maioria dos caos, os efeitos se compensem mutuamente e não sejam observadas grandes alterações fisiológicas quando (e se) somente estes dois fatores atuarem. De qualquer modo, as respostas fisiológicas de manutenção de alta eficiência quântica fotoquímica observadas em plantas jovens de G. americana, tanto sob alagamento quanto baixa irradiância, bem como as rápidas respostas à elevação das concentrações de CO2 corroboram com a ampla ocorrência natural desta espécie em sub-bosques alagados no Pantanal e demais áreas de preservação permanente no bioma Cerrado. Caracterizando a espécie como tolerante ao alagamento, e potencialmente importante em projetos que envolvam o papel de áreas alagáveis no sequestro de carbono atmosférico. CONCLUSÕES Neste trabalho a espécie Genipa americana, tanto nas condições drenado quanto alagado, respondeu à elevação do CO2, como observado nos incrementos da Eficiência Quântica e da maior abertura estomática nos tratamentos realizados no ambiente câmara. O aumento na Eficiência Quântica indica uma melhor performance do aparato fotossintético em uma condição restritiva de luz à qual G. americana foi submetida, em ambos os ambientes (viveiro e câmara), mas de forma mais acentuada na condição câmara. Essas condições de substrato e de luz também são encontradas nos ambientes naturais onde a espécie está distribuída, como no pantanal, evidenciando sua plasticidade adaptativa, ao tolerar condições de alagamento e baixa irradiância. Os resultados encontrados indicam a espécie como potencial em estudos que envolvam o papel de espécies tolerantes ao alagamento, bem como aqueles relacionados ao sequestro de carbono atmosférico. 41 REFERÊNCIAS ADÁMOLI, J. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados: discussão sobre o conceito de complexo do Pantanal. In: 32° Congresso Nacional da Sociedade Botânica do Brasil. Anais. Teresina, Universidade Federal do Piauí, 1982. p.109-119. ADÁMOLI, J. 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Ainda são insuficientes os trabalhos que investigam as respostas de espécies dos biomas brasileiros nas condições previstas para o final deste século. O objetivo deste trabalho foi avaliar a influência da atmosfera enriquecida com CO2 sobre os parâmetros de fluorescência da clorofila a e condutância estomática em plantas jovens de Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore (Bignoniaceae) provenientes de populações da Bacia do Alto Paraguai. As espécies responderam positivamente ao CO2, com um aumento significativo no índice de performance (IP), de 39.3% em M. urundeuva e 38% em T. aurea, reduções significativas na dissipação não-fotoquímica (Dio/CS) e uma otimização da performance fotossintética em ambas as espécies. Os resultados deste e de outros trabalhos com espécies ocorrentes no bioma Cerrado confirmaram maior capacidade de sequestro de carbono em atmosfera enriquecida com CO2, demonstrando que o comportamento fisiológico das espécies vegetais testadas é compatível com o conceito de incrementos nos estoques de carbono de vegetações naturais num cenário futuro de elevações nas concentrações de CO2 atmosférico. PALAVRAS-CHAVE: Atmosfera, Carbono. Fluorescência, Pantanal, Plantas nativas. 49 ABSTRACT The atmospheric concentration of carbon dioxide (CO2) has been increasing due to human activities, with forecasts between 540 and 970 ppm of CO2 in the year 2100. Until now just a few researches that investigate the responses of species from Brazilian biomes under the conditions predicted for the end of this century. The aim of this study was to evaluate the influence of CO2 enriched atmosphere on chlorophyll a fluorescence and stomatal conductance parameters, in Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) and Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore (Bignoniaceae) seedlings, from Bacia do Alto Paraguai populations. The species responded positively to CO2, with a significant increase on performance index (IP), of 39.3% in M. urundeuva and 38% in T. aurea, significant reductions in non-photochemical quenching (Dio/CS) and an optimization of photosynthetic performance, in both species. The results from this work and from other studies with species that occur in Brazilian’s savanna confirmed greater capacity of carbon sequestration in a CO2 enriched atmosphere. The results also demonstrate that physiological behavior of the tested species is compatible with the concept of carbon stocks increment of natural vegetation in scenery of future increases of atmospheric CO2. KEY WORDS: Atmosphere, Carbon, Fluorescence, Pantanal, Native trees. 50 INTRODUÇAO A quantidade de gás carbônico (CO2) na atmosfera tem aumentado em nível mundial, a concentração atual é a maior dos últimos 420 mil anos e provavelmente dos últimos 20 milhões de anos. A maior parte das emissões de CO2 ocorre pela queima de combustíveis fósseis e o restante (10 a 30%) é predominantemente devido a mudanças no uso do solo, especialmente desmatamento (HOUGHTON et al., 2001; TANS & KEELING, 2013). Houghton et al. (2001) estimam que em 2100 a concentração do CO2 atmosférico varie entre 540 a 970 ppm (partes por milhão), isto significa uma elevação de 90 a 250% acima da concentração de 280 ppm no ano de 1750. A criação e gestão de florestas, especialmente em áreas legalmente protegidas, aumenta a remoção e o armazenamento do CO2 atmosférico e são reconhecidas como grandes oportunidades para compensar o aumento das emissões antrópicas de gases de efeito estufa e reduzir a taxa de aquecimento global (WHITEHEAD, 2011). As florestas sequestram e estocam mais carbono do que qualquer outro ecossistema terrestre, o aumento do nível do CO2 atmosférico pode causar alterações profundas na estrutura e função destes ecossistemas. Diante das mudanças no balanço global de carbono, há um grande potencial de as florestas atuarem como sumidouros do CO2 atmosférico, por meio de reflorestamento ou do reforço na taxa de crescimento de árvores (CELEUMANS et al., 1999; GIBBS et al., 2007). A resposta florestal às mudanças atmosféricas pode ocorrer em diferentes escalas fenomenológicas. Algumas respostas fisiológicas das folhas a variações na concentração do CO2 ou intensidade da luz, por exemplo, podem ser quase instantâneas, enquanto que mudanças na estrutura da comunidade florestal provocadas por uma mudança climática gradual pode levar décadas a séculos (CHAMBERS & SILVER, 2004). Na fotossíntese, o CO2 abaixo de 600 ppm é tipicamente insuficiente para saturar a carboxilação. Assim, em curto prazo, a maior oferta de CO2 tende a aumentar a assimilação do CO2 pelas folhas, porque a carboxilação pela Rubisco aumenta devido ao incremento na disponibilidade do substrato e da supressão competitiva da oxigenação (NOWAK et al., 2004). Muitos trabalhos científicos foram reunidos com a finalidade de compreender melhor as respostas de plantas ao elevado CO2, contudo, com um enfoque maior em espécies cultivadas e de regiões temperadas (POORTER, 1993; DRAKE et al., 1997; 51 CEULEMANS et al., 1999; POORTER & NAVAS, 2003; AINSWORTH & LONG, 2005). Alguns autores discutem a ecofisiologia e respostas de florestas tropicais às mudanças atmosféricas (LOVELOCK et al., 1998; CLARK, 2004; CHAMBERS & SILVER, 2004; LLOYD & FARQUHAR, 2008;). Mas ainda são muito reduzidos os trabalhos que investigaram as respostas de espécies dos biomas brasileiros em elevadas concentrações de CO2. O enfoque dos grupos de pesquisa brasileiros estão restritos à algumas espécies C3 da Mata Atlântica, Amazônia e de formações do Cerrado. A exposição de plantas do Cerrado a maiores concentrações de CO2 pode elevar ainda mais a capacidade fotossintética das espécies lenhosas alterando o balanço de carbono (PRADO et al., 2005). No entanto, fatores abióticos podem limitar a ação fertilizante do CO2, como a disponibilidade de nutrientes, água e luz. Lemos-Filho et al. (2010) indica que no Cerrado existe uma variabilidade na luz disponível em áreas de subbosque, condicionando estas espécies a fatores ambientais que limitam o seu crescimento, como a redução na densidade de fluxo de fótons fotossintéticos disponível para o subbosque, por meio do sombreamento da copa. O Cerrado e o Pantanal se integram por meio dos rios que nascem nos planaltos do Cerrado, formando o Pantanal nas planícies inundáveis da Bacia do Alto Paraguai (BAP). As nascentes do Pantanal situam-se dentro do domínio savânico e sua biota terrestre possui afinidades com a do Cerrado (MMA, 2002). Entender o comportamento fisiológico de espécies arbóreas ocorrentes no Cerrado e Pantanal, como Myracrodruon urundeuva Allemão (Anacardiaceae) e Tabebuia aurea (Silva Manso) Benth. & Hook.f. ex S.Moore (Bignoniaceae), em atmosfera com elevado CO2, como previsto para o fim deste século, é de suma importância para entender e prever possíveis alterações nas formações vegetais encontradas nestes biomas. T. aurea possui ampla distribuição no Brasil, ocorrendo na região Amazônica, no Cerrado e na Caatinga. No Pantanal é regionalmente conhecida como Paratudo, ocorrendo em agrupamentos quase homogêneos em solos muito úmidos ou até pantanosos, formando adensamentos monodominantes denominados de Paratudal (LORENZI, 1998). A Aroeira, M. urundeuva é uma espécie que ocorre desde o Ceará (caatinga) até o estado do Paraná e Mato Grosso do Sul. Planta decídua, característica de terrenos secos e rochosos. Ocorre em agrupamentos densos, tanto em formações abertas e muito secas (caatinga) como em formações muito úmidas e fechadas (floresta pluvial com 2.000 mm de precipitação anual) (LORENZI, 1998). 52 Desta forma, o objetivo deste estudo foi avaliar a influência da atmosfera enriquecida com CO2 sobre os parâmetros de fluorescência da clorofila a e condutância estomática em T. aurea e M. urundeuva, tendo em vista associar o comportamento fisiológico de plantas jovens dessas espécies ao conceito de sequestro de carbono em futuros cenários de mudanças climáticas, entre elas a elevação do CO2 atmosférico. MATERIAL E MÉTODOS Sementes de T. aurea foram coletadas de matrizes localizadas na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Rio Negro, localizada no município de Aquidauana/MS (Lat. 19° 34' S / Long. 56° 13' O). Sementes de M. urundeuva foram obtidas a partir de matrizes localizadas na RPPN Gavião de Penacho, município de Corguinho/MS (Lat. 19° 56' S / Long. 55° 04' O). Os experimentos ocorreram na Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, campus de Dourados/MS, no período de 27 de novembro a 11 de dezembro de 2012. A semeadura ocorreu em tubetes de polietileno com substrato agrícola, dessa forma foram obtidas plantas jovens que respectivamente com 12 e 5 meses de emergência foram submetidas ao experimento. Os lotes experimentais foram constituídos por 12 plantas de cada espécie mantidas em viveiro com cobertura sombrite 50% e fotoperíodo de 12 horas, e 12 plantas de cada espécie mantidas em ambiente câmara (sistema controlado) e fotoperíodo de 14h (SANTIAGO et al., 2013). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado do tipo 2 x 2, constituído por duas concentrações de CO2 (em ambiente viveiro com aproximadamente 390 partes por milhão (ppm) e em ambiente câmara com aproximadamente 700 ppm de CO2) e duas radiações fotossinteticamente ativa (PAR) (em ambiente viveiro entre 230-380 μmol m-2 s-1 e em ambiente câmara entre 36-40 μmol m-2 s-1), com duas repetições. As plantas foram mantidas nas duas condições experimentais por um período de seis dias. A obtenção da concentração 700 ppm de CO2 dentro na câmara foi possível pela injeção de CO2 puro a partir de sistema centralizado para gases conectado à câmara. Essa concentração foi monitorada diuturnamente com o Analisador de gases por infra-vermelho (IRGA), modelo PP System Ciras RC conectado a um PC ao longo dos seis dias de experimento. 53 Leituras de fluorescência da clorofila a foram executadas com o auxílio de Fluorímetro portátil Hansatech a partir de folhas em bom estado fitossanitário e totalmente expandidas (maduras), mantidas por 30 minutos no escuro com o auxílio de Leaf clips, e submetidas a um flash de 1.500 μmol m-² s-¹ durante um segundo. As leituras foram realizadas diariamente no período entre 08:00 e 11:00 horas. O funcionamento do Fotossistema II (PSII) foi avaliado pelo estudo da clorofila a, por meio dos parâmetros instantâneos: fluorescência inicial (Fo), fluorescência máxima (Fm), eficiência quântica fotoquímica do PSII (Fv/Fm) e índice de performance (IP). E dos parâmetros por seção cruzada: absorção de elétrons (ABS/CS), captura de elétrons (TRo/CS), transferência de elétrons (Eto/CS), dissipação não-fotoquímica (DIo/CS) e densidade final do centro de reação (RC/CSm). Medidas de condutância estomática (gs, mmol. m-2. s-1), temperatura foliar (T 0C obtida conforme fórmula (∆T = Tcup – Tleaf) descrita por Verhoef, 1997) e radiação fotossinteticamente ativa (PAR) foram realizadas com Porômetro portátil AP4 Delta-T, a partir de folhas com as mesmas condições das leituras de fluorescência. A análise estatística dos dados foi efetuada com auxílio do programa Bioestat 5.3, utilizando-se o teste ANOVA um critério. Quando os dados não apresentaram normalidade foi utilizado do teste Kruskal-Wallis e as medianas comparadas entre si pelo teste de Dunn, considerando-se 5% de significância. RESULTADOS Foram verificadas diferenças estatísticas para os parâmetros instantâneos de fluorescência da clorofila a entre os tratamentos viveiro em CO2 atmosférico e câmara com 700 ppm de CO2, para as espécies do Cerrado M. urundeuva e T. aurea, com exceção da fluorescência máxima em T. aurea, na qual não houve diferenças entre os tratamentos, apesar da elevação no valor no tratamento câmara. Houve uma otimização do PSII no tratamento câmara 700 ppm de CO2, em ambas as espécies (Tabela 1), com diminuição da fluorescência inicial (F0), elevação da fluorescência máxima (Fm) e da fluorescência variável (Fv). Além do incremento nos valores da eficiência quântica (Fv/Fm), (em M. urundeuva de 0.77 para 0.81 e em T. aurea de 0.79 para 0.81), e do índice de performance (IP), (1.57 para 2.59 e 3.51 para 5.65, respectivamente para M. urundeuva e T. aurea) (Figuras 1 e 2). 54 Tabela 1: Medianas de parâmetros instantâneos de fluorescência da clorofila a encontradas nos tratamentos realizados com M. urundeuva e T. aurea, em diferentes concentrações de CO2 atmosférico e 700 ppm de CO2. Tratamentos F0 Fm Fv Fv/Fm PI 247 a 1091 a 834.5 a 0.77 a 1.57 a M. urundeuva 700 ppm CO2 206.5 b 1137.5 b 917 b 0.81 b 2.59 b T. aurea CO2 Atm 266 A 1285.5 A 1023 A 0.79 A 3.51 A 239.5 B 1353.5 A 1112 B 0.81 B 5.65 B M. urundeuva CO2 Atm T. aurea 700 ppm CO2 Medianas seguidas de mesma letra em coluna, minúscula (M. urundeuva) ou maiúscula (T. aurea), não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. Figura 1: Medianas e desvios interquartílicos do parâmetro de eficiência quântica (Fv/Fm) nos tratamentos realizados com M. urundeuva e T. aurea em diferentes concentrações de CO2. Medianas seguidas de mesma letra, minúscula (M. urundeuva) ou maiúscula (T. aurea), não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. Figura 2: Medianas e desvios interquartílicos do parâmetro de Índice de performance (PI) nos tratamentos realizados com M. urundeuva e T. aurea em diferentes concentrações de CO2. Medianas seguidas de mesma letra, minúscula (M. urundeuva) ou maiúscula (T. aurea), não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. 55 Os parâmetros de fluorescência da clorofila a por seção cruzada também demonstraram a otimização do PSII em M. urundeuva e T. aurea submetidas à elevação de CO2, com diminuição significativa nos valores dos parâmetros de absorção (ABS/CS) e captura de elétrons (TRo/CS) nos tratamentos câmara 700 ppm de CO2, nas duas espécies (Figura 3A e B). Na taxa de transferência de elétrons (Eto/CS) não foram identificadas diferenças estatísticas entre os dois tratamentos nas espécies, apesar de ter havido uma diminuição nos valores em CO2 elevado (Figura 3C). A dissipação não-fotoquímica (Dio/CS) teve uma diminuição significativa entre os tratamentos nas duas espécies (Figura 3D). O valor da densidade final do centro de reação (RC/CSm), apesar de ter sido menor no tratamento com 700 ppm de CO2, não foi significativo em ambas as espécies (Figura 3E). Não houve diferenças significativas na condutância estomática (gs) entre os dois tratamentos aos quais M. urundeuva e T. aurea foram submetidas (Figura 3 F). 56 Figura 3: Parâmetro de fluorescência da clorofila a por seção cruzada (A, B, C, D e E) e de condutância estomática (F) nos tratamentos realizados com M. urundeuva e T. aurea em diferentes concentrações de CO2. Medianas seguidas de mesma letra, minúscula (M. urundeuva) ou maiúscula (T. aurea), não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. 57 A condutância estomática (Figura 4A) e a temperatura foliar (Figura 4B) apresentaram diferenças estatísticas em ambas as espécies ao longo dos seis dias de experimento. De forma destacada, a condutância estomática em T. aurea demonstrou aumentos significativos nos três últimos dias quando comparado aos três primeiros dias. Figura 4: Medianas e desvios interquartílicos de condutância estomática (gs) e temperatura foliar de M. urundeuva e T. aurea em atmosfera enriquecida (700 ppm CO2), ao longo dos seis dias de experimento. Medianas seguidas de mesma letra, minúscula (M. urundeuva) ou maiúscula (T. aurea), não diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% pelo teste de Dunn. O Índice de performance apresentou uma forte correlação com o transporte de elétrons na condição viveiro em ambas as espécies estudadas e para M. urundeuva em ambiente câmara. Em T. aurea na condição câmara esta correlação não pode ser observada (Figura 5). 58 Figura 5: Correlação linear entre o índice de performance - IP (Log) e o transporte de elétrons (Eto/CS) por secção cruzada de folhas de M. urundeuva e T. aurea em concentrações atmosféricas de CO2, e em atmosfera enriquecida (700 ppm CO 2). DISCUSSÃO A elevação do CO2 atmosférico para níveis previstos para o final do século (700 ppm) aumentou a eficiência do PSII das plantas jovens do Cerrado M. urundeuva e T. aurea. A eficiência e a estabilidade do PSII tem sido largamente monitoradas por meio de variáveis de fluorescência do PSII (Fv/Fm) (HYMUS et al., 1999). A espécie M. urundeuva demonstrou maior resposta do que T. aurea nos parâmetros Fv/Fm (4.9% e 2,5%, respecitivamente) e índice de performance (IP) (39,4% e 38%, respectivamente). Algumas correlações entre o estádio sucessional e a eficiência quântica são descritas em literatura. As espécies pioneiras Sesbania virgata, Schizolobium parahyba quando crescidas em ambiente enriquecido com CO2, apresentam maiores valores de Fv/Fm e acúmulo de biomassa do que as espécies secundárias Piptadenia gonoacantha, Dalbergia nigra e Hymenaea courbaril (GODOY, 2007; GODOY et al., 2009; ). Carvalho 59 (1994) caracteriza M. urundeuva como uma espécie secundária tardia e Pott & Pott (1994) caracteriza T. aurea, no Pantanal, como pioneira. Desta forma as observações de Godoy et al., (2009) também podem ser aplicadas às espécies analisadas neste trabalho, ainda que as respostas de M. urundeuva nos parâmetros Fv/Fm e IP terem sido maiores na comparação dentro da espécies, quando comparamos os valores entre as espécies T. aurea apresentou valores superiores. Cabe destacar que as considerações sobre os valores de Fv/Fm em relação ao estádio sucessional devem ser efetuadas com reservas dado a grande variabilidade de respostas observadas em plantas nativas. Nem todas as espécies são capazes de responder a elevação do CO2 com mudanças na eficiência quântica, como observaram Long & Drake (1991) em Scirpus olney ao longo de três anos de estudos em atmosfera enriquecida com CO2. Quando a resposta do PSII é analisada, a relação Fv/Fm nem sempre é suficientemente sensível para demonstrar as diferenças entre as amostras. O IP é calculado a partir da densidade dos centros de reação, eficiência na captura e no transporte de elétrons, consequentemente, se um estresse afeta um destes componentes o efeito influencia significativamente esta variável, que passa a apresentar uma maior sensibilidade do que os valores de qualquer um desses componentes isolados (STIRBET & GOVINDJEE, 2011). Em nosso estudo, a elevação em 39.3% e 38% no IP para ambas as espécies confirmou a maior sensibilidade da mesma na identificação dos efeitos do CO2. De qualquer modo, os incrementos nos valores de Fv/Fm e IP em virtude da elevação no CO2 estão relacionados ao efeito deste sobre a dissipação fotoquímica. Incrementos na concentração do CO2 reduzem a atividade oxigenase da Rubisco, promovendo o aumento da demanda por agentes redutores, especialmente NADP (FOYER et al., 2012). A função básica dos sistemas de absorção e transporte de elétrons é converter a energia livre da luz absorvida de forma mais eficiente possível em ATP e NADPH, que podem ser usados nos processos metabólicos no cloroplasto e no citossol (FOYER et al., 2012). Em M. urundeuva e T. aurea reduções na absorção de fótons (ABS/CS), a manutenção nas taxas de transferência de elétrons (Eto/CS) e aumentos na eficiência geral do PSII observados em Fv/Fm e IP, sugerem que a elevação do CO2 pode estimular a função carboxilase da enzima Rubisco, aumentar o uso da energia fotoquímica e, consequentemente, o fluxo de elétrons no PSII (HYMUS et al., 1999). Isto deverá 60 aumentar a eficiência nas taxas de produção de NADPH e ATP, que são dependentes da taxa fotossintética de transporte de elétrons (FARQUHAR et al., 1980). De maneira contrária, por exemplo, em situações de estresse, Contreras-Porcia et al. (2011) descreveram significativos aumentos na ABS/CS e dissipação não-fotoquímica (Dio/CS) e diminuição na Fv/Fm, captura de elétrons TRo/CS e Eto/CS em indivíduos de Porphyra columbina (Bangiales, Rhodophyta) em condição de dessecação, indicando que estas respostas são reversíveis com a reidratação dos indivíduos. Gonçalves et al. (2007) descreveram significativas reduções no IP, TRo/CS e Eto/CS e elevação na Dio/CS em plantas jovens de Copaifera multijuga e Swietenia macrophylla em condição de alta irradiância. A captura de elétrons (TRo/CS) em M. urundeuva e T. aurea foi reduzida com a elevação do CO2, de forma muito similar ao comportamento da ABS/CS. As reduções observadas na captura, além do efeito do CO2, podem ter sido influenciadas pela baixa irradiância do ambiente câmara (média de 35 μmol m-2 s-1 de PAR) do que viveiro (média de 294 μmol m-2 s-1 de PAR). Numa condição de baixa irradiância Gonçalves et al. (2010) e Gonçalves et al. (2007) observaram uma maior eficiência nos sistemas fotossintéticos de Carapa guianensis e Dipteryx odorata, e Copaifera multijuga e Swietenia macrophylla, respectivamente. A diminuição da Dio/CS em M. urundeuva e T. aurea consequentemente levou a uma maior utilização da energia capturada para a fixação de CO2. Kitao et al. (2005) somente observaram valores significativamente menores na Dio/CS em Betula platyphylla var. japonica em CO2 atmosférico e elevado (700 ppm) associados a um enriquecimento em nitrogênio. Desta forma, os autores sugerem um diminuição na Dio/CS em plantas crescidas em elevado CO2 e alto nitrogênio. A densidade de centros de reação (RC/CSm) não teve variações nas duas espécies estudadas, sugerindo que o CO2 não influenciou o número de centros de reação ativos no PSII, no período avaliado. Para Hermans et al. (2003) pode-se considerar a correlação entre o índice de performance e o transporte de elétrons como uma propriedade típica na transformação da energia absorvida da luz em energia química que é conduzida utilizada nas reações metabólicas. A influência da Eto/CS no IP pode ser observada com a correlação positiva entre ambos os parâmetros em M. urundeuva, em CO2 atmosférico e elevado e em T. aurea no ambiente vivieiro. Como a correlação entre Eto/CS e IP não foi verificada em T. aurea 61 no ambiente câmara, espera-se que outro parâmetro tenha influenciando positivamente a elevação do IP da espécie nesta condição, possivelmente a redução da Dio/CS. Segundo Drake et al. (1997) os estômatos da maior parte das espécies fecham com o aumento do CO2 atmosférico, com uma média de redução da condutância estomática (gs) de 20%, em 28 espécies observadas pelos autores. De forma contrária, Curtis (1996) não encontrou evidências de resposta significativa na gs em 41 espécies lenhosas. Woodward et al. (2002), estudando Arabidopsis thaliana, verificaram que em plantas crescidas em atmosfera enriquecida com CO2 ocorre redução na densidade dos estômatos devido a um estímulo direto sobre a expansão das células epidérmicas durante o desenvolvimento das folhas. Nas espécies analisadas em nosso estudo, no entanto, o aumento do CO2 não promoveu variações significativas na gs (Figura 3 F), salvo na comparação desta variável em atmosfera enriquecida, ao longo do tempo do (Figura 5). Isso pode estar associado ao fato das folhas não terem sido diferenciadas em condição de elevado CO2, e dessa forma, provavelmente não terem expressado as diferenças esperadas para estas condições. Por outro lado, não se descarta a possibilidade destas espécies serem menos plásticas quanto à elevação do CO2 para a redução na gs, sugerindo a necessidade de novos estudos que investiguem a resposta de espécies do Cerrado crescidas nessas condições. De acordo com Saxe et al. (1998) a gs é dependente da densidade de estômatos, pré determinados no desenvolvimento foliar, e da abertura estomática, que é adaptável, de acordo com as condições ambientais. Foi observado um aumento significativo na gs ao longo dos dias de experimento, sobretudo para T. aurea (Figura 5). As espécies demonstraram que menores valores de gs estiveram associados a uma maior temperatura foliar das plantas e com a elevação da gs houveram menores temperaturas. Poorter & Navas (2003) explicam que o fechamento estomático pode reduzir a transpiração, o que geraria um aumento da temperatura foliar como resultado da diminuição do resfriamento. M. urundeuva e T. aurea demonstraram sensibilidade à variação na concentração de CO2, otimizando a performance fotossintética e sugerindo que sejam espécies relevantes em estudos que envolvem sequestro de carbono em vegetações maduras e em recuperação. Assim faz-se necessário uma maior compreensão de como T. aurea, M. urundeuva e outras espécies de relevância no Cerrado e Pantantal responderão ao elevado CO2 em médio e longo prazo. Contudo, um enriquecimento do substrato CO2 não deve ser considerado 62 sozinho, mas em conjunto com outras variáveis como temperatura, disponibilidade hídrica e de nutrientes (AINSWORTH & ROGERS, 2007). Os resultados encontrados em condições controladas nesse trabalho para M. urundeuva e T. aurea e para outras espécies ocorrentes no Cerrado, como Cybistax antisyphilica e Tabebuia chrysotricha (Prado et al., 2005), Hymenaea courbaril (Aidar et al. 2002), Tabebuia rosea e Ficus obtusifolia (Ziska et al., 1991), confirmaram uma maior capacidade de sequestro de carbono de plantas jovens destas espécies em ambiente enriquecido com CO2. O que reforça a importância de estudos que envolvam os diferentes estados do desenvolvimento sob concentrações elevadas de CO2, bem como o papel das diferentes fitofisionomias no sequestro de CO2 atmosférico. Hoffmann et al. (2000) observaram que o efeito positivo do CO2 em Kielmeyera coriaceae, uma espécie do Cerrado, somente ocorreu com uma alta concentração de nutrientes disponível. Contudo, destacam que a disponibilidade de nutrientes no solo do Cerrado é criticamente baixa. Mas que após o fogo ocorre um grande pulso de nutrientes, o que pode compensar o baixo teor de nutriente dos solos, permitindo uma resposta ao elevado CO2. Philips et al. (2008) destacaram variações significativas na biomassa acima do solo em apenas 12 anos em uma floresta na Amazônia, indicando a biomassa como um continuo depósito de CO2 até o fim do século. Porém, a baixa disponibilidade de nutrientes, como na maioria dos solos que sustentam florestas tropicais, em conjunto com a respiração e a falta de água, são indicados por Philips et al. (2008) como um dos fatores limitantes ao aumento da biomassa nas próximas décadas. Áreas protegidas representam um componente essencial de um conjunto de estratégias para conter o desmatamento e a liberação consequente de carbono, garantindo a manutenção dos estoques de carbono acima e abaixo do solo (FEARNSIDE, 2008). As espécies aqui analisadas ocorrem em cinco Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) do Mato Grosso do Sul, localizadas na Bacia do Alto Paraguai (BAP), em domínio dos biomas Cerrado e Pantanal. Camargo et al. (2012) estimaram o estoque de carbono na biomassa acima do solo nessas cinco reservas e encontraram diferenças na quantidade de carbono em reservas do mesmo bioma, justificando-as pelas variações fitofisionômicas encontradas e pelo estado de conservação de cada reserva. Considerando que mais de 70% do carbono estocado no Cerrado está na biomassa abaixo do solo (KAUFFMAN et al., 1994; CASTRO & KAUFFMAN, 1998; LAL, 2008), de forma 63 conservativa, pode-se estimar que pelo menos a mesma quantidade de carbono encontrada acima do solo deve ocorrer abaixo do solo nas reservas estudas por Camargo et al. (2012). A representatividade das áreas protegidas ocorrentes BAP associada ao potencial de resposta de espécies do Cerrado à elevação das concentrações de CO2 podem implicar num incremento nos estoques de carbono em vegetações na Bacia do Alto Paraguai. No caso das RPPNs estudas por Camargo et al. (2012), deve ocorrer uma incorporação de carbono nas reservas com vegetação madura e bem conservada (Fazenda São Geraldo, Fazenda Rio Negro e Dona Aracy) e um sequestro maior por hectare em reservas onde a vegetação está em regeneração (Gavião de Penacho e Buraco das Araras), caso sejam mantidas as estratégias e manejo que garantam a sua conservação. CONCLUSÕES Plantas jovens de Tabebuia aurea e Myracrodruon urundeuva, espécies ocorrentes nos biomas Cerrado e Pantanal, mostraram-se sensíveis ao enriquecimento atmosférico com CO2, com respostas demonstradas principalmente por meio de parâmetros de fluorescência da clorofila a. Entre esses parâmetros destacaram-se a Eficiência Quântica e o Índice de Performance como os mais eficientes na identificação de respostas rápidas das espécies analisadas, com aumento significativo destas variáveis em ambiente enriquecido com CO2. Os resultados encontrados no presente estudo sugerem que T. aurea e M. urundeuva podem ser espécies alvo em novas pesquisas que busquem entender o comportamento fisiológico de espécies nativas do Cerrado frente ao cenário de mudanças climáticas globais, especialmente aqueles relacionados ao seqüestro de carbono. 64 REFERÊNCIAS AIDAR, M. P. M.; MARTINEZ, C. A; COSTA, A. C; COSTA, P. M. F; DIETRICH, S. M. C; BUCKERIDGE, M. S. Effect of atmospheric CO2 enrichment on the establishment of seedlings of jatobá, Hymenaea courbaril L. (Leguminosae, Caesalpinoideae). Biota Neotrópica, v. 2, n.1, 2002. AINSWORTH, E. A.; LONG, S. P. What have we learned from 15 years of free-air CO2 enrichment (FACE)? 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