» ARTIGO ARTIGO » AVANÇO - CHARLES JENNINGS Um Clique à Frente. » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS » Por Charles Jennings Ex-Diretor Geral de Conhecimento, Reuters Artigo editado e distribuído pela primeira vez em língua portuguesa por meio da parceria entre a Ciatech e o autor, Charles Jennings. 1 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS “Um dos aspectos mais notáveis do comportamento animal é a habilidade de modificar esse comportamento pela aprendizagem, uma habilidade que atinge sua forma mais elevada nos seres humanos.” Eric Kandel, neurofisiologista e ganhador do Prêmio Nobel Universidade de Columbia, Nova Iorque » Capacitação do funcionário em um universo que se move rapidamente A Reuters é a maior empresa no mundo em informação multimídia, publicando mais de oito milhões de palavras em 18 idiomas todos os dias e mantendo mais de 200 milhões de registros de dados utilizados em empresas financeiras mundiais. Esses dados financeiros são atualizados 8.000 vezes por segundo, aumentando para 23.000 vezes por segundo nos horários de pico. O volume e a variação desses dados são tais que a vida das informações usadas pelos economistas é medida em milissegundos. Portanto, a Reuters é uma empresa que conhece melhor que ninguém a rapidez da informação e como utilizamos essas mudanças. A informação e o conhecimento, a habilidade, a capacidade e a inovação que derivam disso dão poder às máquinas econômicas que governam o mundo e produzem os elementos fundamentais de qualquer negócio, agência governamental ou entidade econômica, seja de que natureza for. E mais, a informação não é um componente insignificante. Vivemos nossa vida em um mundo repleto dela. De fato, o problema que os trabalhadores do século XXI enfrentam todos os dias não é a falta de informação, mas a falta da informação certa na hora certa. Além disso, a maioria das informações, tão fundamentais para a atividade econômica, é cada vez mais infundada e ultrapassada. Uma informação que era válida no mês passado (ou na semana passada, uma hora ou um minuto atrás) estará cada vez mais desatualizada do ponto de vista que necessitamos. As leis da física não mudam, mas o número e tipos de materiais de que um engenheiro precisa para construir uma ponte ou uma casa estão em constante mudança e a variação tende a aumentar sempre. Isso acontece com quase todas as empresas que cresceram rapidamente nos últimos 50 anos. 2 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS » Informação e aprendizagem O volume de crescimento e a pouca duração da maioria das informações levam a questionar o modelo de treinamento que os educadores têm utilizado por mais de dois mil anos – auxiliar as pessoas a transformar informação em conhecimento, conhecimento em habilidades e habilidades em capacitação –, porque, se a matéria-prima e o que se espera conseguir mudam constantemente, o produto final dessa informação ultrapassada estará inadequado para seu objetivo. Assim como as exigências para treinar um ferreiro desapareceram quase do dia para a noite com o desenvolvimento da linha de montagem de produção automobilística de Henry Ford, as necessidades de treinar pessoal em um ambiente de aprendizagem formal simulando as situações também estão desaparecendo com o advento da era da informação. Isso não quer dizer que a formação está extinta; não está. No entanto, nós, agora, precisamos estar cuidadosamente atentos a como treinamos as pessoas e qual é a sua finalidade, adotando caminhos diferentes quando estes forem apropriados. A necessidade de capacitar os funcionários não desapareceu; apenas precisamos seguir caminhos diferentes para dirimir o problema. » Utilização do local de trabalho para dar suporte à capacitação Não só a informação conduz a máquina econômica do mundo, como também é a matéria-prima que o profissional de educação e treinamento utiliza, em todo o mundo, para auxiliar seu pessoal a construir suas habilidades e transformar informação em decisões. Desde que Platão fundou sua Academia, preceptores e educadores têm utilizado os cursos como paradigmas para transferir conhecimento aos alunos e funcionários de empresas em salas de aula. Esse caminho vem se mostrando cada vez mais ineficiente e ineficaz. Em um mundo dinâmico, em que o conhecimento explode e é perene, a chave do sucesso é buscar o conhecimento no momento em que a informação é necessária. 3 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS » Aprendizagem eficaz A pesquisa realizada por Harold Stolovitch e Erica Keeps conclui que nada é menos eficaz que orientação externa (isto é, fora do ambiente de trabalho) baseada apenas em demonstração. Stolovitch e Keeps investigaram a eficácia de transferir e reter conhecimento utilizando algumas técnicas de educação formal. Os resultados desse estudo estão resumidos na Figura 1. CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO EFETIVO Figura 1: Construção do conhecimento efetivo - pág.4 Fonte: Stolovitch e Keeps (2005). O trabalho de Stolovitch e Keeps prova muito do que já sabemos: se a aprendizagem acontecer do ambiente de trabalho e se não houver oportunidade de colocar em prática imediatamente os novos conhecimentos e habilidades, o que se aprendeu ficará quase que esquecido. Isso acontece, principalmente, quando não há suporte para o funcionário quando ele retorna ao ambiente de trabalho; ele simplesmente volta a fazer o que fazia anteriormente e a melhoria no desempenho é zero. 4 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS Os resultados frustrantes podem ser explicados pela teoria de Eric Kandel, que fala da incapacidade do aprendiz de absorver o novo comportamento na memória de longo prazo. O trabalho de Kandel sustenta o fato de que, ao adquirir novo conhecimento e utilizá-lo conhecimento para construir novas habilidades e modificar seu comportamento (permitindo ao indivíduo alcançar seu objetivo de melhorar seu desempenho), ele só será efetivo se o indivíduo tiver a oportunidade de praticar, praticar e praticar cada vez mais. Kandel também sugere que, se a aquisição de novos conhecimentos puder integrar-se ao ambiente de trabalho, o processo será mais efetivo ainda. » Aprendizagem eficiente Ao lado do problema da eficácia, para muitos profissionais da educação, há uma crescente pressão em oferecer soluções de aprendizagem eficientes. O retorno financeiro é o principal objetivo da maioria dos consultores de aprendizagem e seus colegas nos departamentos financeiros. Técnicas tradicionais de educação formal, como cursos de treinamento, raramente representam grande retorno financeiro; então, o que resta para esses profissionais da educação e quais são as alternativas? » Reuters: abordagem 70:20:10 Ao lado de grandes corporações (incluindo, entre outras, Goldman Sachs, Microsoft, Dell e Nokia), a Reuters vem adotando a abordagem 70:20:10 para capacitar seus funcionários. A abordagem 70:20:10 é baseada na pesquisa resumida por Jay Cross em seu excelente livro Informal Learning: Rediscovering the Natural Pathways that Inspire Innovation and Performance (Aprendizagem informal: redescobrindo caminhos naturais que incitam à inovação e desempenho), que mostra que a maior parte da aprendizagem (aproximadamente 70%) ocorre no ambiente de trabalho, trabalhando. Outros 20% da aprendizagem ocorre com instruções durante o trabalho, partilhando informações (fazendo a pergunta certa para a pessoa certa) e obtendo feedback dos colegas, gerentes e membros da equipe. A pesquisa mostra 5 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS que somente 10% da aprendizagem que contribui para a melhoria do desempenho ocorre participando de eventos de aprendizagem formal. Mesmo que uma pessoa retenha informação e transforme em conhecimento em um ambiente de educação formal, é impossível conseguir a melhoria no desempenho sem a prática. De fato, um estudo feito, em 1996, por Dana Robinson descobriu que, em média, menos de 30% do que as pessoas aprendem em sala de aula é colocado em prática no ambiente de trabalho. A prática repetida e o apoio no ambiente real de trabalho, antes, pareciam ser a forma mais eficiente de as pessoas adquirirem novos conhecimentos e habilidades e transformarem essas habilidades em desempenho melhorado, por meio da incorporação de novas práticas em memória de longo prazo. » Melhoria do desempenho: incorporando teoria e prática Como profissionais da educação, devemos buscar caminhos para superar as ineficiências da educação formal (sala de aula) se quisermos obter resultados de desempenho efetivo e eficiente com nossos trabalhadores. Isso significa levar bagagem teórica para o ambiente de trabalho e aproximá-la cada vez mais das tarefas a serem realizadas. Entretanto, não devemos inventar essas novas situações. Ao lado de ótimos resultados que estão vindo à tona com a segunda geração da Web (Web 6 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS 2.0), podemos recorrer a várias soluções já testadas no ambiente de trabalho e que estão sendo utilizadas há algum tempo. Um bom ponto de partida é o trabalho inovador de Gloria Gery, descrito em seu livro de 1991 Eletronic Performance Support Systems (Sistemas de apoio ao desempenho em eletrônica), sobre o uso desses sistemas (agora simplesmente chamados “teoria do desempenho”, “aprendizagem incorporada” ou “auxílio on-line ao trabalho”). Quando essa teoria do desempenho é combinada com outras soluções de aprendizagem baseadas na tecnologia, como conteúdos de e-learning (aprendizagem on-line) e ferramentas de auxílio on-line, um poderoso conjunto de ferramentas torna-se disponível aos consultores educacionais. » Suporte de desempenho na Reuters Para um exemplo dessa prática, não precisamos sair da Reuters. Além de adotar uma abordagem de aprendizagem (70:20:10), que alinha pesquisa e desenvolvimento com o foco na aprendizagem no ambiente de trabalho, a Reuters vem aprimorando um sistema de suporte de desempenho (uma imagem aparece na Figura 2) para equipes de funcionários que lidam com os pedidos dos clientes com um sucesso considerável. O trabalho de gerenciamento de pedidos é complexo. Antes, um especialista em gerenciamento de pedidos (Order Management Specialist – OMS) precisava dar uma formação inicial antes que o funcionário pudesse desempenhar sua tarefa. Levava aproximadamente 10 semanas antes que o novo OMS começasse a receber pedidos e, quando começava seu trabalho, os que eram OMSs há mais tempo dedicavam mais tempo para dar suporte a ele. Para enviar direto à seção e reduzir a demanda dos especialistas, a Reuters implantou uma ferramenta de suporte de desempenho de nova geração chamada Support Point com uma equipe de consultores com sede em St. Louis, Sydney e Genebra oferecendo aos OMSs um suporte de incorporação e sensibilização no próprio trabalho. O conteúdo apresentado pelos sistemas de suporte de desempenho ,como o Support Point, é focado exclusivamente na tarefa ou na ação que precisa ser completada no exato momento. O aspecto principal dos sistemas de suporte de desempenho é sua habilidade em oferecer a ajuda certa no momento certo do 7 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS processo. O resultado desse contexto de sensibilização – que pode ser oferecido em uma tela de computador como uma pequena informação, como um trecho de aprendizagem on-line ou como um gráfico de uma tarefa a ser concluída – é que ele aumenta a habilidade do funcionário para completar sua tarefa rápida e corretamente. Esses sistemas oferecem o suporte que Stolovitch e Keeps identificam como essencial para melhorar o desempenho. Além disso, o uso repetido da ferramenta de suporte de desempenho faz incorporar, em longo prazo, uma aprendizagem real na memória especializada (nos termos de Kandel) e leva à mudança de comportamento – algo que não se consegue, geralmente, na sala de aula. Mesmo que a avaliação e a certificação aconteçam logo após as aulas, elas fornecem muito mais o que foi retido na memória de curto prazo do que uma mudança de comportamento ou uma melhora no desempenho. TELA DO SISTEMA DE SUPORTE DE DESEMPENHO IMPLANTADO PELA REUTERS Figura 2. Uma tela do sistema de suporte de desempenho implantado pela Reuters, que oferece assistência em um contexto de sensibilização para especialistas em gerenciamento de solicitações e utiliza um terminal de aplicativo antigo da concorrência. 8 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS » Acertando Se os departamentos de treinamento funcionam como capacitadores do desempenho e produtividade de suas empresas, é imperativo que eles mudem seu foco da aprendizagem formal, como programas e cursos, para uma aprendizagem informal, especialmente, um suporte de desempenho. A maior evidência de que essa abordagem para aprender oferece um grande impacto no desempenho do trabalho mostra também que, para atingir a demanda das empresas do século XXI, consultores de treinamento e aprendizagem não só precisam explorar as oportunidades oferecidas pela aprendizagem no local de trabalho, como também convencer suas equipes e a diretoria das empresas a mudar a visão da aprendizagem apenas em teoria para uma visão de aprendizagem incorporada ao trabalho. 9 » ARTIGO AVANÇO - CHARLES JENNINGS Charles Jennings De 2001 a 2008, Charles Jennings foi diretor geral de Conhecimento na Reuters, a maior agência de notícias em multimídia e serviço de informação financeira do mundo. Ele é, atualmente, diretor de Gestão da Duntroon Associados, uma empresa de consultoria em gestão de aprendizagem e desempenho focada em auxiliar empresas a desenvolver habilidades para oferecer o máximo de benefícios de negócios a seus funcionários. Também é diretor sênior da Enterprise Strategy com a The Internet Time Alliance, uma multinacional de referência em treinamento de liderança e profissionais de desempenho de negócios, auxiliando empresas a explorar práticas emergenciais e aprendizagem informal e social para trabalhar com mais inteligência. Charles Jennings está envolvido com desenvolvimento de aprendizagem e desempenho há mais de 30 anos. Ocupou altos cargos em empresas de pesquisa e negócios, e vem desenvolvendo uma série de iniciativas bem-sucedidas em aprendizagem em universidades, empresas, no governo do Reino Unido, em comissões Duntroon Associates Ltd Registered Office: 44 Stanmore Lane. Hampshire. England SO22 4AJ t: +44 7990 565753 e: [email protected] www.duntroon.com europeias e órgãos não comerciais. Ele tem larga experiência em aprendizagem e desenvolvimento, especialmente no que se refere a conhecimento, aprendizagem e desempenho, além de especial interesse em fazer uso de novas tecnologias e ambientes para a capacitação de empresas. Charles Jennings foi diretor do CECOMM, um “centro de excelência” do Reino Unido para sistemas de aprendizagem com suporte em rede. Foi também catedrático em comunicação eletrônica na Southampton Business School, na qual, em 1994, lançou o primeiro curso de MBA no mundo totalmente pela internet. 10 » ARTIGO ARTIGO » AVANÇO - CHARLES JENNINGS Um Clique à Frente. Desenvolver, Formar, Crescer Rua Pedroso Alvarenga, 58 Itaim Bibi - CEP 04531-000 São Paulo - SP Tel / Fax 11 3469-1500 www.ciatech.com.br