Genótipo Fenótipo é qualquer característica mensurável. Genótipos Mendelianos são sempre discretos, mas fenótipos podem ser discretos ou contínuos. Ambiente Caixa Preta Fenótipo A grande maioria de fenótipos não tem categorias discretas e não tem um gene que seja necessário e suficiente para explicar sua variação Complexidade Fenótipos em geral não são passados de uma geração para a outra. Gametas são! Os gametas são o mecanismo de transferência de informação genética. Estes gametas sempre ocorrem em algum contexto ambiental para produzir os fenótipos. Doenças Genéticas em humanos: Categoria Incidência (% de nasc.vivos) • Mendeliana Simples • Cromossômica • Herdada irregularmente (Ð penetrância, G x E, oncogenes) • Caracteres Poligênicos com h2 > 0.3 9.00% 65.41% • 77.31% TOTAL: A grande maioria de fenótipos não tem categorias discretas e não tem um gene que seja necessário e suficiente para explicar sua variação 1.25% 1.65% Isto explica a recepção negativa do Mendelismo quando foi publicado, e quando foi redescoberto em 1900. 1 Mendelismo após 1908 • Hardy e Weinberg ajudaram a estabelecer que várias características eram Mendelianas • Mesmo assim, a maioria dos caracteres quantitativos não pode ser vista em um enfoque Mendeliano simples • A maioria dos caracteres era quantitativa • Portanto, muitos acreditavam que um mecanismo alternativo e mais importante de hereditariedade existia, além do Mendelismo. Lei da regressão para a mediocridade Francis Galton Por quê? O Mendelismo NÃO foi capaz de explicar os padrões de herança para a grande maioria da variação fenotípica • "A implicação da teoria de seleção natural, de que selecionando-se os indivíduos mais extremos da população a próxima geração mover-se-á na direção selecionada, é agora reconhecida como errada” Thomas Morgan Ronald A. Fisher • Em 1913 convenceu- se do Mendelismo • Em 1916 submeteu um manuscrito que explicava a herança de caracteres quantitativos através de fatores Mendelianos - rejeitado em várias revistas • Fisher pessoalmente pagou para que ele saisse na Royal Society of Edinburgh in 1918 O artigo de Fisher, em 1916: “The Correlation Between Relatives On The Supposition of Mendelian Inheritance” • Quando publicado, encerrou toda oposição séria ao Mendelismo, e estabeleceu a base genética para a seleção natural. • Forneceu os fundamentos para cruzamentos animais e vegetais modernos e para a epidemiologia • Apresentou novas técnicas estatísticas, tais como a ANOVA - Análise de Variância, que definiram a base da estatística moderna e seriam rapidamente usadas em todos ramos da ciência empírica. 2 Duas formas não mutuamente excludentes de genótipos discretos produzirem fenótipos contínuos: • Variação ambiental • Poligenes Normas de Reação Variação ambiental O mesmo genótipo pode responder diferentemente a alterações no ambiente. → indivíduos com o mesmo genótipo podem apresentar variação no fenótipo em função de influências ambientais. A forma como um genótipo responde ao meio ambiente é chamada de norma de reação daquele fenótipo Normas de Reação Neste experimento (Clausen et al. 1958), 7 plantas do gênero Achillea foram cortadas e plantadas em três seções separadas: Mutações em Drosophila melanogaster conferem diferentes tamanhos aos olhos destas moscas. No entanto, este tamanho também varia em função da temperatura a que as moscas estão expostas. • Uma seção de cada planta foi plantada ao nível do mar, • A segunda seção foi plantada em altitude média (1400 m), • e a última parte foi crescida em alta altitude (3000 m). • As 3 plantas em cada coluna tem genótipos idênticos. • Cada planta (#4.....#16) tem um genótipo único. Normas de Reação O que este experimento nos diz sobre o genótipo? Claramente, o fenótipo de cada clone depende do ambiente onde cresce. Além disso, é impossível se concluir claramente sobre o efeito da altitude no crescimento, uma vez que algumas das plantas cresceram melhor com a altitude, enquanto outras cresceram melhor próximas ao nível do mar Este gráfico, baseado nos dados anteriores, indicam como os 3 clones de cada indivíduo respondem às diferentes altitudes a que foram expostas. Cada linha é a norma de reação daquele genótipo em função do ambiente em que este clone está crescendo. Podemos então concluir deste experimento: • Um único genótipo pode produzir vários fenótipos diferentes, dependendo do ambiente. • Um único fenótipo pode ser produzido por vários genótipos diferentes, dependendo do ambiente. 3 • Variação ambiental • Poligenes Poligenes 1 Locus: Altura proporcional ao número de Alelos A Número de Indivíduos Duas formas não mutualmente excludentes de genótipos discretos produzirem fenótipos contínuos: 200 160 120 Aa 80 40 aa AA 0 158 173 188 Altura em cm Poligenes Poligenes Número de Indivíduos 2 Loci: Altura proporcional ao número de Alelos A 300 Loci Múltiplos aaBB Aabb AaBb 250 200 150 aaBb Aabb 100 AABb AaBB 50 0 aabb 158 AABB 165 173 180 188 Altura em cm Ronald A. Fisher Poucos Loci Muitos Loci Variação Ambiental: O locus autossômico Fosfatase Ácida tem 3 alelos comuns em humanos: A, B e C • Fisher observou que quando vários loci estão determinando um fenótipo, várias classes diferentes podem ser produzidas pela conjunção de diferentes alelos neste loci distintos. • Dessa forma, quanto mais loci estiverem controlando um caráter, maior a possibilidade de formação de fenótipos com valores distintos, o que nos aproxima de uma curva normal. 4 Dois aspectos essenciais à maioria de características genéticas • • Complexidade da relação entre genótipo e fenótipo que representa uma interação entre múltiplos fatores genéticos e ambientais A confusão entre relações de causação e de causas da variação em sistemas complexos que requer o estudo em nível populacional Complexidade Fenótipos em geral não são passados de uma geração para a outra. Como vimos, os gametas são o mecanismo de transferência de informação genética. Estes gametas sempre ocorrem em algum contexto ambiental para produzir os fenótipos. O que é a Anemia Falciforme? Anemia falciforme é uma doença genética causada por um locus único, autossômico, recessivo Anemia falciforme é uma doença genética causada por um locus único, autossômico, recessivo Mas será que é? A mutação Anemia falciforme é um alelo simples, autossômico, codominante para a mobilidade eletroforética 5 O alelo S é um alelo simples, autossômico, dominante para a falciformização em baixas tensões de oxigênio Infecção de uma hemácia pelo parasita da malária • Células falciformes são filtradas preferencialmente no baço • células infectadas com malária são freqüentemente filtradas pois o processo de “falciformização” ocorre antes do parasita completar o ciclo de vida • O alelo S é portanto, um alelo autossômico, dominante para resistência à malária. Perda de oxigênio nos capilares • Capilares permitem a passagem de apenas 1 hemácia de cada vez • falciformização é mais extrema em homozigotos SS • Hemácias muito deformadas podem entupir os capilares, provocando deficiências locais na distribuição de sangue • Hemácias muito deformadas freqüentemente se rompem A maioria de mortes devido a anemia falciforme e malária ocorrem antes da fase adulta. Lembrem-se que viabilidade é o fenótipo de viver até a fase adulta! • Em um ambiente sem malária, o alelo S é um alelo recessivo para viabilidade uma vez que apenas os homozigotos desenvolvem a anemia falciforme. • Em um ambiente com malária, o alelo S é um alelo sobredominante para viabilidade uma vez que apenas os heterozigotos são resistentes à malária e não desenvolvem anemia falciforme. O Alelo para a anemia falciforme é autossômico, recessivo para o fenótipo de anemia hemolítica Dependendo do fenótipo, e do ambiente, o alelo S pode ser: • • • • • Um alelo recessivo Um alelo codominante Um alelo dominante Um alelo sobredominante Dominância, recessividade, etc. não são propriedades dos alelos, mas referem-se à relação entre o genótipo e o fenótipo em um contexto ambiental 6 Dois aspectos essenciais à maioria de características genéticas • • Complexidade da relação entre genótipo e fenótipo que representa uma interação entre múltiplos fatores genéticos e ambientais A confusão entre relações de causação e de causas da variação em sistemas complexos que requer o estudo em nível populacional Causação e Causas da Variação • O que Fisher determinou foi que existem fatores genéticos e ambientais que estão explicando parte da variação encontrada na determinação de um fenótipo. • Existe uma diferença importante entre “relações de causa e efeito” e explicar causas da variação. Feto p/p desenvolve em ambiente uterino pobre em fenilalanina Fenilcetonúria Dieta Normal Dieta pobre em fenilalanina Mãe p+/p cria ambiente uterino pobre em fenilalanina Inteligência Normal Bebê p/p cresce com cérebro Normal Fenilcetonuria (PKU) Feto p+/p desenvolve em ambiente uterino rico em fenilalanina Dieta Normal Dieta pobre em fenilalanina Mãe p/p em dieta normal cria ambiente intrauterino rico em fenilalanina Deficiência mental Bebê p+/p cresce com cérebro anormal Deficiência mental Deficiência mental •Criança homozigota para deficiência a enzima, quando exposta a ambiente pobre em fenilalanina desenvolve normalmente •Esta mesma criança se exposta a ambiente rico em fenilalanina apresenta deficiência mental •NOTE: Deficiência mental não é herdável, e sim a resposta a dieta 7 Escorbuto e PKU Escorbuto Homozigosidade para um Alelo Não functional • Vitamina C é essencial para síntese de colágeno • Maioria de mamíferos pode sintetizar Ac. ascórbico, mas primatas são homozigotos para um alelo não funcional • Ind. em dieta deficiente em Vitamina C desenvolvem lesões de pele, vasos sangüíneos friáveis, perda de dentes e eventualmente morrem. Deficiência Enzimática Dieta Fenótipo (doença ou não) PKU e Escorbuto são doenças genéticas? Em 1916, Fisher percebeu que: PKU é considerada uma doença genética • Escorbuto não! • Porquê? Existe uma confusão entre relações de causa e efeito e causas da variação! Freqüência Relativa na População Maioria de caracteres é influenciada tanto por variação genética quanto ambiental: frequentemente isto resulta em uma distribuição normal. P.ex., Colesterol em Framingham, MA 150 220 • Poderia examinar as causas da Variação, mas não as relações de causa e efeito de fenótipos quantitativos. Portanto, o que importa a respeito de um fenótipo individual não é seu valor, mas o tanto que ele desvia da média da população; Ou seja, o foco está na variação Herança quantitativa não pode ser estudada em indivíduos, mas apenas entre indivíduos em uma população. A distribuição normal pode ser completamente descrita por apenas 2 números: A média (μ) e a Variância (σ2) 290 Colesterol Total no Soro em mg/dl 8 Façamos x o valor de uma característica • A média (μ) é o valor médio, ou esperado de x. • A média mede onde a distribuição está centrada • Se você tem uma amostra de n observações, x1, x2, …, xn, então μ pode ser estimado por: x = (x1 + x2 + … + xn)/n Distribuições Normais com médias e variâncias diferentes • A variância (σ2) é a média ou valor esperado do quadrado do desvio de x da média, ou seja (x−μ)2 • A variância mede o quanto de dispersão existe na distribuição (quão larga, ou estreita ela é) • Se temos uma amostra de n observações, x1, x2, …, xn, então σ2 dado μ pode ser estimada por: s2 = [(x1- μ)2 + (x2-μ)2 + … + (xn- μ)2]/n • Se não sabemos μ, então σ2 é estimada por: s2 = [(x1- x)2 + (x2-x)2 + … + (xn- x)2]/(n-1) Modelo de Fisher Pij = μ + gi + ej Ele está simplesmente “dizendo” que parte do fenótipo é determinado por um componente genético (gi) e parte por um componente ambiental (ej). Modelo de Fisher Modelo de Fisher Pij = μ + gi + ej Pij = μ + gi + ej O fenótipo médio para a população: μ = ΣiΣjPij/n em que n é o número de indivíduos amostrados. O desvio genotípico para o genótipo i é o fenótipo médio do genótipo i menos o fenótipo médio da população total: gi = ΣjPij/ni - μ em que ni é o número de indivíduos com o genótipo i. 9 Modelo de Fisher Modelo de Fisher Pij = μ + gi + ej Pij = μ + gi + ej O desvio ambiental é o desvio do fenótipo de um indivíduo em relação ao fenótipo médio de seu genótipo: ej =Pij - ΣjPij/ni = Pij-(gi+μ)=Pij-μ-gi Embora chamado de desvio “ambiental”, ej realmente mede todos os aspectos do indivíduo que não são explicados pelo genótipo neste modelo aditivo simples. Modelo de Fisher Modelo de Fisher Pij = μ + gi + ej Pij - μ = gi + ej σ2p = Variância Fenotípica σ2p = Média (Pij - μ)2 σ2p = Média (gi + ej)2 Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(2giej) + Média(ej2) Uma vez que o desvio “ambiental” mede na verdade todos os aspectos do fenótipo do indivíduo que não são explicados pelo genótipo, esta interação por definição tem um valor de 0. σ2p = Média(gi + ej)2 σ2p = Média(gi2 + 2giej + ej2) σ2p = Média(gi2) + Média(2giej) + Média(ej2) Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Variância Fenotípica 10 Modelo de Fisher Modelo de Fisher σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e σ2p = Média(gi2) + Média(ej2) σ2p = σ2g + σ2e Variância Genética Variância ambiental (Na verdade, toda variância não explicada pelo modelo genético) Modelo de Fisher σ2p = σ 2g + Modelo de Fisher σ 2e σ2p = σ 2g + σ 2e Variância fenotípica = Variância Genética + Variância ambiental Variância fenotípica = Variância Genética + Variância não explicada Dessa forma, Fisher particionou as causas da variação fenotípica em uma porção explicada por fatores genéticos e uma porção não explicada Esta partição das causas da variação apenas podem ser feitas no nível da população. O fenótipo de um indivíduo é uma interação inseparável entre genótipo e ambiente. ApoE e colesterol em uma população canadense 3/3 Freqüência relativa μ= 174.6 σ2p = 732.5 3/4 4/4 2/2 2/3 2/4 Colesterol total no soro (mg/dl) 11