Agrupamento de Escolas de Vila
Nova de São Bento
O que dizem os macroinvertebrados da poluição
da tua zona
2009/2010
O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
Resumo
Este trabalho visou a avaliação biológica da qualidade da água do Rio Chança,
utilizando
comunidades
de
macroinvertebrados
bentónicos.
O
estudo
foi
enriquecido com a medição e cálculo de parâmetros físico-químicos e de
parâmetros de qualidade do habitat.
A investigação desenrolou-se no dia três de Fevereiro, sobre dois pontos
distintos, distribuídos pelas margens do rio.
A análise dos resultados obtidos pelo cálculo do índice de BMWP', adaptado à
fauna ibérica, de diversidade biótica coadjuvado pelos resultados físico-químicos e
pela avaliação do habitat, indica que este rio tem sofrido importantes alterações
que se traduzem numa água muito poluída.
O rio em questão deverá ser alvo de monitorização e acções de preservação
no sentido de melhorar a qualidade da água.
Abstract
This study aimed to analyze the biological quality of water of the river
Chança, using benthic macroinvertebrate communities. The study was enriched
with the measurement and calculation of physico-chemical parameters and
parameters of habitat quality.
The research took place in the third day of February, on two distinct
points, distributed along the banks of river.
The results obtained by calculating the index BMWP ', adapted to the
Iberian fauna, of biotic diversity assisted by the results of physicochemical and
habitat assessment shows that the river has undergone important changes that
result in very polluted water.
The river in question should be subject to monitoring and conservation
actions to improve water quality.
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
1. Introdução
1.1. Avaliação da qualidade da água
6
6
1.1.1. Avaliação Físico-Química
6
1.1.2. Avaliação Biológica
7
1.2. Caracterização da Bacia hidrográfica do Rio Chança
8
1.3. Características físicas do rio Chança
9
1.4. Organização e objectivos do trabalho
10
2. Metodologia
10
2.1. Amostragem
10
2.2. Tratamento das amostras de macroinvertebrados
11
2.2.1. Preservação
11
2.2.2. Extracção
11
2.2.3. Triagem e Identificação
12
2.2.4. Contagem
12
2.3. Parâmetros Físico-Químicos
13
4. Conclusões
15
5. Bibliografia
16
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
1.Introdução
1.1.
Avaliação da qualidade da água
Desde os tempos pré-históricos, as populações humanas estabeleceram-se à
volta dos rios e lagos de água doce, pois estes são um dos componentes
imprescindíveis para a vida. O desenvolvimento da agricultura e da criação de
gado também necessita de forma indispensável da presença de água nas
redondezas. No entanto, o uso da água não termina aqui, pois foram utilizados
e, infelizmente, continuam a utilizar-se os rios como esgotos para lançar as
águas com dejectos e os resíduos agrícolas e industriais.
Os ecossistemas de água doce são extremamente frágeis comparados com
os terrestres ou os marinhos. As causas básicas são:
1. A maioria das substâncias dissolve-se na água, podendo penetrar com
maior facilidade no interior do corpo dos organismos aquáticos.
2. O volume de água doce de qualquer rio ou lago é muito inferior ao
dum mar ou oceano, pelo que é fácil a alteração das características
da água das quais tanto dependem os peixes e invertebrados que a
povoam.
1.1.1. Avaliação Físico Química
Estudar um ambiente aquático implica conhecer a interacção estabelecida entre
os organismos aquáticos e factores tais como a velocidade da corrente, a
temperatura, a oxigenação da água, o clima, a geomorfologia (Lévêque, 1996).
Os indicadores de qualidade da água mais usados eram os parâmetros
físicoquímicos, por se pensar serem os mais determinantes, pelo que, toda a
estratégia de recuperação ambiental neles se fundamentava (Cortes et al., 2002).
Estes parâmetros permitem a identificação e/ou determinação de:
- oxigénio dissolvido,
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
- percentagem de saturação de oxigénio,
- carência bioquímica de oxigénio,
- nitratos,
- fosfatos,
- temperatura da água,
- bactérias coliformes.
Através destes resultados e por comparação com valores estudados e
padronizados, pode inferir-se acerca da qualidade da água.
1.1.2. Avaliação Biológica
Os sedimentos das linhas de água, apesar de poderem ser anaeróbicos estão,
em
geral,
colonizados
por
invertebrados
macroscópicos
conhecidos
por
macroinvertebrados bentónicos. Apesar de não existirem disposições legais sobre
o assunto, a sua presença ou ausência pode ser utilizada como indicadora da
qualidade do meio.
O Índice BMWP – do inglês Biological Monitoring Working Party – foi
desenvolvido para ser usado no levantamento da Qualidade das águas dos rios na
Grã-Bretanha em 1980 Passados 30 anos, o índice continua a ser actual e é
utilizado nas mais diversas partes do globo. O método baseia-se no principio que
diferentes invertebrados aquáticos têm diferentes tolerâncias a poluentes.
A presença de efémeras, por exemplo, indica rios muito limpos dando-se uma
pontuação de 10 (o máximo do índice). Com a pontuação mais baixa encontramos as
minhocas (Oligochaeta) com uma pontuação de 1. Uma água de maior qualidade
apresenta, regra geral, uma maior diversidade, pelo que o número de famílias
encontradas também é importante.
Em 1988 os espanhóis Alba-Tercedor e Sanchéz-Ortega fizeram uma adaptação
deste índice para a Península Ibérica. Para isso mexeram na tabela original
acrescentando novas famílias e trocando pontuações. Para diferenciar esta nova
tabela, adaptada à fauna ibérica, denominaram o Índice de BMWP' (acrescentando
o apóstrofo à sigla inicial).
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
1.2. Caracterização da Bacia hidrográfica do rio Chança
A bacia hidrográfica do Rio Chança localiza-se no Sudoeste da Península Ibérica,
repartindo-se a sua área por terras de Espanha e de Portugal, constituindo desta
forma uma bacia hidrográfica luso-espanhola.
O Rio Chança nasce a uma altitude aproximada de 700 m, no Reino de Espanha,
junto à localidade de Cortegana, na Serra de Aracena.
O comprimento do rio é de aproximadamente 120 km, correndo metade do seu
percurso exclusivamente no país vizinho e estrutura a paisagem política desta
região, nos últimos 60 km, onde demarca os dois países ibéricos. Esta separação
das terras de Espanha e de Portugal inicia-se a Este da localidade de Vila Verde de
Ficalho, a uns escassos 4 km.
Aqui quando o rio começa a fazer fronteira entre os dois países, os vales são em
“V” aberto, tornando-se os mesmos mais fechados à medida que o rio corre para
Sul, ao encontro do colector principal, o Rio Guadiana. A foz do Rio Chança ocorre
junto à localidade do Pomarão, no concelho de Mértola, onde se encontra localizada
a barragem do Chança, que faz subir as suas águas até 20 km a montante deste
local.
A rede hidrográfica encontra-se bem encaixada em rochas maioritariamente
xistosas conferindo aos solos um elevado grau de impermeabilidade e uma grande
ramificação da rede, que contribui para um relevo de tipo ondulado, típico destes
tipos de solos e de rochas. A sua densidade é elevada, apresentando uma drenagem
muito densa, mais uma vez típica da rocha encaixante.
O regime do rio, isto é a variação do caudal ao longo do ano, reflecte a
irregularidade climática da região onde se insere e da variação anual da
precipitação. Desta forma o regime do Rio Chança é caracterizado por caudais
reduzidos durante a longa e severa estiagem, sendo mesmo frequente a observação
da inexistência de qualquer escoamento superficial nesta época do ano, ficando o
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
rio reduzido aqui e ali a uns pequenos charcos de água. Já no período em que
ocorrem precipitações, muito em especial no Inverno, o caudal do rio chega a ser
bastante significativo, podendo ocorrer cheias ocasionalmente.
Coordenadas Geográficas – Latitude –
37º 55´43´´
Longitude – 007º 15´ 24´´
1.3. Características físicas do rio Chança
• Tipo de sedimento (granulometria);
Granuloso
• Leito do rio (natural/alterado);
Alterado
• Corrente do rio;
Fraca
• Uso do solo na proximidade (urbano/agrícola/natural);
Agricultura e Pastorícia
• Vegetação das margens;
Caniços, tábuas, juncos e loendros
• Vegetação no curso de água;
Algas e tábuas
• Presença e tipo de lixo das margens;
Garrafas de plástico e vidro, papéis,
ferros.
• Presença de tubos de descarga de esgotos
Não tem
• Presença de matéria vegetal em decomposição.
Troncos, raízes e folhas de plantas
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
Figura 1. Características físicas do rio Chança
1.4. Organização e objectivos do trabalho
O objectivo deste trabalho é estudar o impacto do rio Chança sobre o ambiente
do
mesmo,
utilizando
a
ocorrência
de macroinvertebrados
bentónicos
e
características químicas da água. Pretende-se também enriquecer o trabalho com a
medição e cálculo de parâmetros físico-químicos e de parâmetros de qualidade do
habitat.
2.Metodologia
2.1.
Amostragem
Foram efectuadas duas colheitas, em dois troços da ribeira. Primeiramente,
medimos a temperatura da água, nos locais de recolha A e B e registámo-la. De
seguida, observámos e registámos as espécies vegetais (vegetação ripícola)
existentes nas margens da ribeira: caniços (Phragmites communs), tábuas (Typha
latifolia), juncos (Juncus effusus) e loendros (Nerium oleander).
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
Em cada lugar, fizemos a recolha de cerca de três litros de água com o
respectivo sedimento e marcámos no garrafão o local onde foi colhida a amostra.
Fotografámos os locais de amostragem.
Figura 2. Local da amostra 1 e local da amostra 2
2.2.
Tratamento das amostras de macroinvertebrados
2.2.1. Preservação
Após termos efectuado as colheitas transportamos o material dentro dos
garrafões, até ao laboratório da escola, para procedermos ao tratamento das
amostras.
Figura 3. Preservação da amostra
2.2.2. Extracção
No laboratório, colocámos os sedimentos numa peneira de malha fina e
efectuámos a lavagem do material recolhido, com água corrente. Com muito cuidado
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
e utilizando pinças, retirámos os macroinvertebrados que ficaram aprisionados nas
malhas da peneira e colocámo-los nas caixas de Petri.
Figura 4. Extracção da amostra
2.2.3. Triagem e identificação
Observamos à lupa binocular os macroinvertebrados recolhidos e para
procedermos à identificação usámos a bibliografia recomendada.
Figura 5. Triagem e identificação da amostra
2.2.4. Contagem
Na contagem usámos o índice BMWP’ (Índice biótico da família adaptado à
Península Ibérica) com os passos seguintes:
•Identificação até à família
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
•Cada família indicadora tem uma pontuação de intolerância (quanto mais
tolerante menor o valor atribuído)
•Presença/ausência (mais que 1 indivíduo)
•Soma de todos os valores atribuídos
Figura 6. Contagem de macroinvertebrados
2.3.
Parâmetros Físico-Químicos
 No rio
Em cada um dos locais em que mediu-se a temperatura da água com um de
mercúrio graduado em ºC.
Figura 7. Medição da temperatura
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
 No Laboratório
No laboratório de Ciências Físico-Químicas colocou-se amostras de água em
dois copos de precipitação e procedeu-se a análise da amostra de água usando o
kit de análises de água.
3.Resultados e Discussão
3.1.
Avaliação Biológica com macroinvertebrados
Após a contagem da comunidade de macroinvertebrados foram identificadas as
famílias Helophoridae, Nepidae, Dytiscidae, Valvatidae e Oligochaeta.
Famílias identificadas
Pontuação pelo índice BMWP’
Helophoridae
5
Nepidae
3
Dytiscidae
3
Valvatidae
3
Oligochaeta
1
Pontuação 15
Figura 8. Algumas famílias de macroinvertebrados identificadas
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
3.2.
Avaliação Físico-Química
Parâmetros Físico-Químicos
Resultados
Temperatura
11ºC
pH
6-7
Concentração de Oxigénio dissolvido
4 mg/L
Concentração de Fosfatos
2 mg/L
Concentração de Nitratos
5 mg/L
Teste de Bactérias coliformes
Positivo
4.Conclusões
A análise físico-química da água revela valores que indicam poluição elevada,
nomeadamente por nitratos, fosfatos, e demonstrada através da carência
bioquímica de oxigénio. Supõe-se que tenha origem em poluição difusa por produtos
de origem agrícola e por efluentes resultantes do processamento de produtos
animais.
O cálculo do índice BMWP’ de qualidade biológica, nas zonas do rio Chança
abrangidas nesta investigação, apresentam resultados que permitem classificar a
água como sendo de extremamente poluída, uma vez que indicam poluição e
contaminação. O Índice de Diversidade apresenta valores baixos, verificando-se a
dominância de algumas espécies (Oligochaeta), situação característica de locais
alterados.
Estes resultados já eram previsíveis dado que neste rio ocorre frequentemente
as descargas tóxicas de efluentes domésticos provenientes da região espanhola de
Andaluzia e do excesso de fertilizantes utilizados na agricultura bem como o
aparecimento de fezes de animais (porcos e vacas) e outros resíduos derivados da
criação de gado.
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O que dizem os macroinvertebrados da poluição da tua zona
5.Bibliografia
"Fauna e Flora do Litoral de Portugal e da Europa", Fapas
"Fauna Submarina Atlântica", Luiz Saldanha
"Invertebrados de Água Doce. Chave de Identificação das Principais Famílias"
Serra, Coimbra e Graça
5.1. Documentos de apoio
Chave dicotómica (Maryland)
Chave dicotómica (Wisconsin)
Guia de identificação (Colorado)Guia identificação macroinvertebrados (Espanhol)
Índice BMWP´ Alba-Tercedor 1988
Protocolo de amostragem e análise para os macroinvertebrados bentónicos Famílias
por pontuação
Trabalho realizado por alunas do 7ºano, Turma A:
Ana Machado
Ana Ventura
Cristiana Coelho
Licínia Rita
Rita Mestre
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