CRISTALIZAÇÃO A CRISTALIZAÇÃO COMO MÉTODO DE SEPARAÇÃO - 70 % dos produtos comercializados para uso nas indústrias de processo e farmacêuticas são sólidos. - Aumenta a cada dia as exigências de perfeição estrutural, homogeneidade e controle de defeito de cristais. - Grande importância do processo de cristalização como método de purificação (cristais de pureza excepcional e sólidos uniformes facilita os passos de filtração e secagem). - A ciência da cristalização, embora seja uma tecnologia muito antiga, ainda é pouco conhecida. OBJETIVOS DA CRISTALIZAÇÃO 1. Separar uma fase sólida da solução-mãe. 2. (Ultra) purificar um composto. 3. Produzir um sólido com requisitos pré-especificados. VANTAGENS DA CRISTALIZAÇÃO • É importante como processo industrial, em virtude do número de substâncias que são, ou podem ser, comercializadas na forma de cristais; • O seu uso generalizado se deve provavelmente à forma pura e atrativa de uma substância química sólida que pode ser obtida, a partir de soluções relativamente impuras; • É um processo que requer muito menos energia para a separação que outros métodos comumente usados (como a destilação); • Pode ser efetuada em temperaturas relativamente baixas. DESVANTAGENS DA CRISTALIZAÇÃO • Normalmente não se consegue purificar mais de um componente em um único estágio; • O procedimento de cristalização de uma fase não permite que todo o soluto seja recuperado em um único estágio e, por esse motivo, é necessário que se utilize um equipamento adicional para remover completamente o soluto. PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO Surgimento e crescimento de partículas sólidas no meio, provocadas por uma instabilidade na solução. Esta instabilidade pode ser provocada por modificações nas propriedades físicas da solução tais como concentração e temperatura. CRISTAL Estrutura altamente organizada, caracterizada por uma formação tridimensional ordenada em forma de grade espacial; esta grade está formada por partículas tais como átomos, íons ou moléculas, que se separam da solução quando se alcançam certos níveis de potenciais termodinâmicos no sistema. PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO 1. Distribuição do tamanho dos cristais 2. Forma dos cristais Especificações de um produto cristalino 3. Inclusões de água-mãe nos cristais 4. Incorporação de impurezas na rede cristalina 5. Grau de aglomeração 6. Rugosidade cristais. superficial dos PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO 1. Distribuição do tamanho dos cristais É importante para a qualidade do produto e têm influencia no: 1. Desempenho do processo 2. Separação sólido/líquido 3. Secagem, armazenamento, manuseio 4. Pureza, empedramento, cor 2. Forma dos cristais - Processamento armazenamento a jusante: filtração, secagem, - Desempenho do produto: escoabilidade, densidade, cor, reatividade (Pode ser facilmente determinada por difração de raio X) PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO 3. Inclusões líquidas - Processamento (empedramento) a jusante: secagem, - Desempenho do produto: afetam a pureza armazenamento PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO Cristalização Nucleação e crescimento de uma enorme quantidade de pequenos cristais (0,1 a 50 μm para precipitação e 100 a 1000 μm para cristalização) •Solução É uma mistura homogênea de duas ou mais substâncias (o processo de cristalização ocorre numa faixa de temperatura). •Material Fundido É um líquido em temperatura próxima à temperatura de congelamento, mas em sua aplicação geral o termo inclui mistura de líquidos homogêneos de duas ou mais substâncias que normalmente poderiam solidificar sob resfriamento a partir de temperatura ambiente. O processo ocorre na temperatura de solidificação. PROCESSO DE CRISTALIZAÇÃO As condições de supersaturação e superesfriamento não são a causa suficiente para um sistema começar a cristalizar. Antes dos cristais se desenvolverem deve existir na solução um número de corpos sólidos pequenos, núcleos ou sementes que atuam como centros de cristalização. A nucleação pode ocorrer espontaneamente ou deve ser induzida artificialmente. Formas de induzir a nucleação: agitação, choque mecânico, fricção e pressões extremas dentro das soluções. COMO OCORRE A CRISTALIZAÇÃO? • Uma solução supersaturada é aquela que contém um teor de soluto acima do equilíbrio nas mesmas condições de T e C dos demais componentes. • A formação de núcleos decide o tamanho dos cristais, sua pureza e propriedades físicas Cristalização: Alta solubilidade, L partículas de tamanho e forma L bem definidos, cristais grandes. G Precipitação: Produz sólidos N amorfos de forma e tamanhos mal definidos. G Tanto a cristalização como a precipitação são um método de separação, em que a fase sólida é N criada a partir da fase líquida. M M N N C Efeito da supersaturação na cristalização NN = k’exp(-G*/kT) C: Supersaturação G: Taxa de crescimento cristalino NN: Taxa de nucleação Lm: Tamanho médio dos cristais. COMO OCORRE A CRISTALIZAÇÃO? PRIMÁRIA * Homogênea (líquido processo espontâneo) MECANISMOS isento de partículas, DA * Heterogênea (presença de partículas, induzido por partículas ) NUCLEAÇÃO SECUNDÁRIA *Induzida por cristais do soluto (30μm) Um núcleo pode resultar de uma colisão simultânea de um número requerido de moléculas, embora isto possa ser um evento extremamente raro. A + A A2 + A ⇄ A2 (minúsculos grupos de partículas: Clusters) ⇄ A3 An-1 + A ⇄ An (cluster crítico) Posteriores adições moleculares ao cluster crítico resultam em nucleação e subsequente crescimento do cristal. A ESCOLHA DO MÉTODO DE CRISTALIZAÇÃO R: Curva íngreme = C/c* menor que 0,01 cristais grandes, nucleação secundária E: Curva achatada = C/c* menor que 0,01 cristais grandes, nucleação secundária A-S: Curva íngreme ou achatada = C/c* menor que 1 cristais médios, nucleação primária ou secundária P: Curva íngreme ou achatada = C/c* muito maior que 1 cristais pequenos, nucleação primária Curvas típicas de solubilidade Onde é a supersaturação relativa C = supersaturação c* = concentração de supersaturação A ESCOLHA DO MÉTODO DE CRISTALIZAÇÃO Para se escolher preciso observar: um método de cristalização é • O material a ser cristalizado e o solvente, • O método de cristalização, • As especificações requeridas do produto, • A distribuição de tamanho do cristal, • A flexibilidade do projeto em casos onde devem ser cristalizados vários produtos em função da demanda, • De que modo o processo de cristalização ocorrerá: modo descontínuo ou contínuo. CRISTALIZAÇÃO DESCONTINUA VANTAGENS • Equipamento mais simples, menores defeitos mecânicos • Aplicável a qualquer escala de produção • Permite o processamento de um produto no mesmo equipamento em que foi produzido • Recomendado para substâncias com baixa velocidade de crescimento dos cristais DESVANTAGENS • Requer mais mão de obra • Requer mais espaço e altos custos operacionais • Modelo complexo matemático • Instabilidade da dos cristais em mentos sucessivos mais qualidade processa- PRINCIPAIS FATORES Ciclo de operação do cristalizador Perfil de supersaturação Semeadura Incrustação Distribuição do tamanho dos cristais CRISTALIZAÇÃO DESCONTINUA T Ciclo de operação: 1. Carga 2. Saturação 3. Cristalização 4. Descarga 5. Limpeza Teq 1 2 3 4 5 t CRISTALIZAÇÃO DESCONTINUA Semeadura Qual a massa de sementes? ms = (Ls3 /Lf3 – Ls3) Δm Onde ms: massa de sementes; Ls: tamanho da semente; Lf: tamanho esperado dos cristais; Δm: massa a ser cristalizada) Tamanho das sementes Faixa estreita de tamanho (0,5-1% do tamanho dos cristais que se pretende formar). Momento de introdução das sementes Após o cristalizador ter atingido a supersaturação desejada, ou seja um pouco abaixo da temperatura de saturação da solução, para evitar a dissolução das sementes tratadas. CRISTALIZAÇÃO DESCONTINUA Incrustações: Dificultam a transferência de calor e há necessidade de parar o processo. Como minimizar? - Aumentar a agitação até o nível adequado à remoção dos cristais da superfície de resfriamento. - Reduzir o gradiente de temperatura entre o meio e a superfície fria, resultando o aumento do tempo de processo. - Utilizar um sistema com raspador - Semear adequadamente Método para remoção de aquecimento da superfície. incrustações: Limpeza e CRISTALIZAÇÃO CONTÍNUA VANTAGENS DESVANTAGENS: •Custos de operação mais baixos •Risco de formação de incrustrações em superfícies de troca de calor e no nível de líquido •Melhor uso das águas-mãe •Menores demandas de operadores •Necessidade de projetar corre•Possibilidade de classificar o pro- tamente a saída da suspensão de duto cristais •Filtração e lavagem mais efetivas •Equipamentos mais complexos dos cristais com maiores possibilidades de •Menores demandas de espaço falhas construído •Maiores demandas na qualidade •Operação constante dos equipa- e experiência da mão-de-obra mentos e, portanto, parâmetros de produção constantes (tamanho •O fornecedor deve possuir larga médio e distribuição de tamanho experiência dos cristais) CRISTALIZAÇÃO CONTÍNUA TAMANHO DOS CRISTAIS - Novos cristais surgem continuamente. - Os cristais existentes crescem continuamente. - A massa a ser cristalizada é dividida entre os cristais presentes no cristalizador. - Se houver muita nucleação, a massa divide-se em muitos cristais. TEMPOS CARACTERÍSTICOS NUM CRISTALIZADOR: - nucleação (primária e secundária) 1s - Crescimento 1h - Tempo de residência 1h CRISTALIZAÇÃO CONTÍNUA CONTROLE DA SUPERSATURAÇÃO - O descontrole por um curto período de tempo pode afetar muito o processo, e o efeito só é notado depois de algum tempo após a perturbação. - A forma de nucleação predominante é a secundária, mas nucleação primária pode ocorrer ocasionalmente devido a explosão de núcleos. - Soluto no cristalizador = alimentado – consumido pelos cristais DURANTE A CRISTALIZAÇÃO CONTÍNUA - Existe uma distribuição de tamanhos. - A chance de partículas de diferentes tamanhos sair é a mesma, e o tempo para as partículas ficarem dentro do cristalizador é diferente. TIPOS DE CRISTALIZADORES INDUSTRIAIS 1. 2. 3. 4. Cristalizadores não agitados: operação simples Cristalizadores mecânicos Cristalizadores com classificação Cristalizadores agitados (mais usados) - com classificação de produto - com circulação interna - com circulação externa - Cristais maiores podem ser obtidos no primeiro tipo, decrescendo para os tipos que o seguem. - Não-agitados e mecânicos: equipamentos antigos e não muito populares, caracterizados por baixas taxas específicas de produção, e cristais com grandes inclusões de licor-mãe. MODELOS DE CRISTALIZADORES Características operacionais: A alimentação é feita a uma temperatura de saturação mais alta que é mantida no cristalizador e é resfriada em tubos para remoção do calor sensível e o calor de cristalização. As incrustações de sólidos nas superfícies de refrigeração são limitados. Cristalização com resfriamento indireto Vantagens: A operação é simples, nenhum equipamento à vácuo é necessário. A densidade do meio e a recuperação do produto são fixas pela composição de alimentação e pela manutenção da temperatura. Desvantagens: Deve-se tomar cuidado no controle da temperatura na região de resfriamento para que a operação se processe com segurança. MODELOS DE CRISTALIZADORES Características operacionais: A alimentação é feita a uma temperatura de saturação mais alta que é mantida no cristalizador. Temperatura de cristalização, recuperação de produto e densidade do meio são reguladas através de controle à vácuo. O calor de cristalização e o calor sensível de alimentação é controlado através de evaporação e condensação do solvente. Cristalização evaporativa com resfriamento Vantagens: Não há necessidade de aquecimento neste modo operacional e o condensado é utilizado para controlar a formação de incrustações. Desvantagens: Concentração do meio e rendimento do produto são fixados por balanço de massa e energia. MODELOS DE CRISTALIZADORES Características operacionais: A temperatura do cristalizador é controlada à vácuo e adição de anti-solvente na alimentação. Um condensador de refluxo é usado regularmente para remover o calor condensado do solvente. Vantagens: O sistema de operação é seguro, não há muitos problemas de incrustações nas regiões de resfriamento. Cristalização por anti-solvente Desvantagens: O componente adicional (anti-solvente) deve ser completamente separado do líquido. O anti-solvente deve ser miscível no soluto. Cristais de penicilina.