0 INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE FUNORTE / SOEBRÁS André Silva Gomes TÉCNICAS DE TRANSPOSIÇÃO DO NERVO ALVEOLAR INFERIOR PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTES DENTAIS Ipatinga - MG 2008 1 André Silva Gomes TÉCNICAS DE TRANSPOSIÇÃO DO NERVO ALVEOLAR INFERIOR PARA COLOCAÇÃO DE IMPLANTES DENTAIS Monografia apresentada ao curso de Implantodontia do Instituto de Ciência da Saúde/ Funorte núcleo Ipatinga como requisito parcial para obtenção do titulo de especialista em Implantodontia orientada pelo Prof. Enéas de Almeida Sousa Filho. Ipatinga – MG 2008 2 FOLHA DE APROVAÇÃO Apresentação da Monografia em 16 / 05 / 2008 à bancada examinadora do curso de especialização em Implantodontia – FUNORTE / SOEBRÁS Núcleo Ipatinga. Carlos Eduardo Assis Dutra Renato Costa Franco Baldan Fernando Augusto Resende Fabri 3 DEDICATÓRIA Dedico e agradeço essa conquista a Deus, que é Soberano e Sustentador da vida, aos meus pais Humberto e Laura por serem meu auxílio, e por estarem sempre presentes nesta etapa tão importante da minha vida. Obrigado, queridos pais, por tudo que fizeram por min sem pedir nada em troca. Obrigado pelo sonho realizado, sobretudo, obrigado pela lição de amor que me ensinaste durante toda a minha vida. Amo vocês!!! 4 AGRADECIMENTOS O meu agradecimento aos professores Renato Baldan, Paulo Perim, Fernando Fabri e ao meu orientador Enéas de Almeida que acompanharam meus passos durante esta trajetória e estenderam as mãos durante todo este processo de aprendizagem e acima de tudo se tornaram amigos. Meu sincero afeto e respeito e muito obrigado! 5 RESUMO Após a perda dentaria ocorre a reabsorção do rebordo alveolar, o que resulta na diminuição em espessura e altura da crista residual. A reabilitação oral com implantes osseintegráveis em pacientes desdentados na região posterior de mandíbula se torna complicada devido à atrofia óssea e a presença do feixe vásculo-nervoso alveolar inferior, especialmente quando o mesmo esta situado próximo a crista do rebordo. A técnica de lateralização do nervo alveolar inferior é uma das alternativas para solução dos casos, permitindo a colocação de implantes longos, que garante uma distribuição adequada das forças mastigatórias O propósito desse trabalho foi descrever a técnica de lateralização do nervo alveolar inferior e discutir o procedimento como opção de tratamento, analisando vantagens, desvantagens, indicações, contra-indicações e tipos de técnicas. A metodologia utilizada por esta pesquisa foi em base de material já elaborado constituído de livros e artigos científicos relacionados ao tema em questão, possuindo assim um caráter de natureza descritiva. Palavra Chave: Implantes Osseointegráveis, lateralização do Nervo Alveolar Inferior, Transposição do Nervo Alveolar Inferior. 6 ABSTRACT After the teethe loss, occurs the reabsorption of the alveolar rim, what it results in the reduction in thickness and height of the residual crest. The oral whitewashing with endosseous Implant fixtures in toothless patients in the posterior region of jaw if becomes complicated due the bone atrophy and the presence of the inferior alveolar neurovascular bundle, especially when the same is situated next the crestal alveolar rim. The technique of lateralization of the inferior alveolar nerve is the one of the alternatives for solution of the cases, allowing rank of long implantations, that guarantees an adequate distribution of the chew forces. The intention of this work was to describe the technique of lateralization of the inferior alveolar nerve and to argue the procedure as treatment option, analyzing advantages, disadvantages, indications, contraindications and types of techniques. The methodology used for this research was in base of elaborated material already consisting of books and scientific articles related to the subject in question, thus possessing a character of descriptive nature. Key-words: endosseous Implant fixtures; lateralization of the inferior alveolar nerve, Transposition of the inferior alveolar nerve. 7 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................. 8 1.1 Caracterização do Tema .............................................................................................. 8 1.2 O problema sua importância ..................................................................................... 11 1.3 Justificativa ............................................................................................................... 11 1.4 Objetivos ................................................................................................................... 12 1.4.1 Geral.................................................................................................................... 12 1.4.2 Específicos.......................................................................................................... 12 2 REVISÃO DE LITERATURA......................................................................................... 13 2.1 Anatomia................................................................................................................... 13 2.1.1 Canal Mandibular................................................................................................ 13 2.2.2 Nervo Alveolar Inferior...................................................................................... 14 2.1.3 Artéria Alveolar Inferior..................................................................................... 14 2.2. Técnicas Cirúrgicas................................................................................................... 15 2.2.1 Confecção de uma janela com remoção de um bloco ósseo............................... 15 2.2.2 Confecção da janela com remoção do forame mentoniano................................ 16 2.2.3 Indicações........................................................................................................... 17 2.2.4 Contra-Indicações............................................................................................... 18 2.2.5 Vantagens............................................................................................................ 19 2.2.6 Desvantagens ..................................................................................................... 21 3 DISCUSSÃO.................................................................................................................... 25 4 CONCLUSÃO.................................................................................................................. 27 5 REFERÊNCIAS BILIOGRÁFICAS................................................................................ 28 8 1. INTRODUÇÃO 1.1 Caracterização do Tema Reabilitação de edentualismo em região posterior mandibular com avançada reabsorção óssea para colocação de implantes tem demonstrado problemas anatômicos, cirúrgicos e biológicos que devem ser analisados. Para estabilização dos implantes é necessário uma quantidade e qualidade suficiente de osso. O segmento mandibular de moderada a avançada reabsorção requer frequentemente interferência do feixe neurovascular para seguida fixação de implantes, exigindo uma exposição cirúrgica e mobilização do feixe neurovascular (HIRSCH, 1995). A reabsorção óssea pode ocorrer após a extração dentária e resultar numa mandíbula com moderada a severa atrofia. Em tais casos, a ausência de altura adequada presente posteriores ao forame mental não permite a fixação apropriada dos implantes osseointegráveis sem que potencialmente prejudique o Nervo Alveolar Inferior (GARG, 1998). Com o advento da osseointegração, a restauração protética dentaria de pacientes que apresentam ausência de um ou mais dentes se tornou uma realidade na odontologia, principalmente em pacientes com um bom volume ósseo remanescente nos maxilares, tanto em largura como em altura. Em pacientes com reabsorção óssea muito acentuada no sentido vertical, após a perda dos elementos dentários na região posterior da mandíbula, a colocação de implantes osseointegráveis torna se uma operação complicada devido do feixe neurovascular. Nesses casos em que a altura óssea é um fator limitante para a colocação de implantes de tamanho padrão, podem ser utilizados implantes menores em maior número ou realizar manobras cirúrgicas com a utilização de enxertos ósseos para aumentar a altura do osso mandibular ou ate mesmo posicionar o implante ao lado do nervo alveolar inferior exigindo-se muita habilidade do profissional (RIGATO, 2000). A progressiva reabsorção óssea muitas vezes ocorre seguida da perda dentaria ou extração, resultando em moderada a severa atrofia mandibular. Muitas vezes, a altura óssea posterior ao forame esta inadequada para permitir a colocação de implantes osseointegráveis com comprimento adequado o que possui um potencial grande para injuria do nervo alveolar inferior (PELEG, 2002). 9 A atrofia da crista alveolar do segmento posterior da mandíbula torna-se comum após a perda da dentição permanente e é especialmente evidenciada em pacientes portadores de próteses mucossuportadas. Como conseqüência dessa atrofia, teremos um comprometimento do conforto, da estética e principalmente da função mastigatória da região em questão. Na busca de uma solução para tais problemas, muitas técnicas cirúrgicas foram realizadas para disponibilização de um suporte ósseo adequado para colocação de próteses, incluindo enxertos ósseos, cartilaginosos ou de hidroxiapatita e vários procedimentos envolvendo osteotomias. O segmento posterior da mandíbula atrófica apresenta problemas especialmente para colocação de implantes. Estes procedimentos cirúrgicos incluem, muitas vezes o uso de implantes curtos limitados ao osso acima do canal do nervo alveolar inferior pode ser satisfatório, mas o espaço destinado a eles devera ser muito bem analisado em decorrência de uma posterior reconstrução protética, pois os implantes deverão suprir a sustentação das próteses bem como sustentar as cargas oclusais (KUHN, 2003). Restaurações com implantes em mandíbula posterior pode trazer problemas relacionados à falta altura óssea e aproximação assim do canal mandibular. São muitos os relatos de casos com injuria do nervo trigêmeo após procedimentos intra-orais. Os nervos mais afetados são o nervo alveolar inferior e o nervo língua. Danos ao nervo podem ocorrer de varias formas como anestesia local, acidentes endodônticos e técnicas cirúrgicas para colocação de implantes dentais. Esses distúrbios podem variar de acordo com a complexidade da anatomia, habilidade do cirurgião e nível de dificuldade cirúrgica. Enxerto ósseo, distração óssea, lateralização ou transposição do nervo alveolar inferior, colocação de implantes em posição lingual ao feixe neurovascular e o uso de implantes curtos são algumas técnicas desenvolvidas para aumentar a necessidade do aumento ósseo (YOSHIMOTO, 2004). A perda do volume óssea em áreas desdentadas quer seja pelo processo fisiológico ou por agressões locais, como próteses mal adaptadas, exodontias por alveolectomias, presença de lesões periapicais e por fim, pelos efeitos advindos de doenças como osteomalácia osteoporose, limitam a reabilitação oral por meio de implantes Osseointegráveis. A colocação de implantes na região posterior de mandíbula, em pacientes com reabsorção óssea vertical muito acentuada, torna-se um procedimento complicado e limitado pela presença do nervo alveolar inferior. Para reabilitação nestas áreas, algumas opções de tratamento são relatadas tais como: utilização de implantes curtos em maior numero; uso de implantes inclinados; realização de enxertos ósseos para ganho em altura e lateralização do feixe vasculo-nervoso do alveolar inferior (CARDOSO, 2006). 10 Uma nova metodologia está sendo utilizada para evitar o ferimento do Nervo Alveolar Inferior quando implantes nessa região requerem o reposicionamento lateral do mesmo e o eixo móvel do implante colocado na região que abrigava o nervo. O reposicionamento do Nervo Alveolar Inferior aumenta a quantidade de osso disponível para a aplicação do implante e permite a aplicação de implantes com eixos móveis mais longos, o que resulta em maior estabilidade, uma vez que eles podem ser ancorados no córtex mandibular inferior (GARG, 1998). Algumas técnicas de reposicionamento tem sido relatadas na literatura cada qual com suas limitações. Algumas dessas técnicas envolve a transposição do nervo criando uma janela que inclui tanto o forame mentoniano quanto a área de colocação do implante, liberando o nervo do forame mentoniano e repondo o nervo distal a sua original situação. Com isso cria-se um grande segmento ósseo que deve ser manipulado com a área do nervo mentoniano, permitindo um dano ao nervo com risco significante. Outra técnica envolve a lateralização do nervo, reposicionando este através de uma janela óssea cortical posterior ao forame mentoniano sem que comprometa o mesmo. Este acesso, contudo requer um extenso estiramento do nervo (PELEG, 2002). A cirurgia de lateralização do feixe neurovascular inferior para a colocação de implantes na região posterior da mandíbula, quando há pouca quantidade óssea em altura, também tem apresentados bons resultados desde que bem indicada, planejada e executada. O cirurgião dentista tem que ter um bom conhecimento da região, principalmente da anatomia do canal mandibular, para o êxito dessa operação de alto risco, que pode causar danos temporários ou ate mesmo permanentes ao paciente (RIGATO, 2003). A abordagem cirúrgica para lateralização do feixe vásculo-nervoso do alveolar inferior pode incluir ou não o forame mentoniano. As osteotomias são realizadas ao longo do trajeto do canal mandibular seguindo sempre a localização clinica e radiográfica a partir do forame mentoniano. As osteotomias que englobam o forame permitem um movimento do feixe neurovascular mais amplo e com menor tensão. Exames complementares radiográficos periapicais e panorâmico, como tomografias computadorizadas, quando possível, são essências para o planejamento cirúrgico, que inclui a localização e mapeamento do canal mandibular e sua relação com a crista óssea alveolar e base mandibular (CARDOSO, 2006). 11 1.2 O problema e sua importância O grande numero de pacientes com edentualismo em regiões posteriores mandibulares, representa um problema original, presente na população brasileira e de grande relevância a nível social, pois a dificuldade em reabilitar um paciente que apresenta o determinado problema, se torna também maior quando se leva em consideração a existência de uma única técnica reabilitadora como solução do problema. È de grande interesse na odontologia a utilização e aperfeiçoamento de determinada técnica, mas existe a exigência de uma grande capacitação do cirurgião a operar, pois a técnica envolve uma estrutura anatômica delicada e de grande importância em relação à inervação de elementos dentais inferiores e região de lábio inferior, o nervo alveolar inferior. Um grande cuidado assim deve se ter durante o ato operatório evitando assim a agressão de determinada estrutura. Existe hoje todo recurso financeiro que possibilita a execução da técnica, o único problema que poderia impedir a evolução da técnica seria o pequeno numero de profissionais gabaritados a realizar tal procedimento, comparando-se com o grande numero de pessoas que necessitam de reabilitações orais posteriores e que a técnica apresenta-se como uma das poucas soluções para o problema. 1.3 Justificativa Esse trabalho envolve aspectos de ordem teórica que contribuirá para o avanço da odontologia, pois o estudo englobara pontos positivos e negativos, cabendo o profissional analisar as indicações e contra-indicações, vantagens e desvantagens, quando relacionados à determinada técnica. O estudo também implicara aspecto de ordem pessoal e profissional, no que diz respeito à contribuição do conhecimento e aprimoramento da técnica; aspectos de ordem social, quando relacionados à disponibilidade da existência de uma técnica cirúrgica para reabilitações mandibulares em região posterior, já que grande parte da população brasileira apresenta casos que somente serão solucionados com a técnica. 12 1.4 Objetivos 1.4.1 Geral O presente estudo descreve a técnica de lateralização e transposição do nervo alveolar inferior utilizada na odontologia como meio que favorecerá o emprego de implantes osseointegráveis em reabilitação de mandíbulas atróficas posteriores. 1.4.2 Específicos - avaliar a técnica através de variáveis como vantagens, desvantagens, indicações, contraindicações; - Verificar o emprego ou uso da técnica para cada caso; - Classificar os tipos de técnicas existentes, a fim de se optar por um procedimento viável e mais o mais simples possível; . 13 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Anatomia 2.1.1 Canal Mandibular O canal mandibular é um canal ósseo que percorre parte do corpo e ramo da mandíbula, alojando os vasos e nervos alveolares inferiores. Ele se origina no forame mandibular e termina na região dos ápices dos pré-molares. Nesta região o canal se bifurca num canal mentoniano e num canal incisivo. O canal mentoniano vai do canal mandibular ate o forame mentoniano e tem uma direção lateral, superior e posterior, a partir do canal mandibular. Ele é a principal continuação do canal mandibular. O nervo alveolar inferior quando atravessa este canal passa a denominar-se nervo mentonianol. O canal incisivo não é um canal identificável como os outros, mas sim um ligeiro aumento dos espaços trabeculares da região anterior do corpo da mandíbula. Portanto ele não se exterioriza, não apresenta paredes e é percorrido pelos ramos incisivos do nervo alveolar inferior. O canal mandibular percorre o ramo para baixo, obliquamente, alcançando o corpo da mandíbula, sempre mais próximo a face interna ate o nível de terceiro molar. Após a região do segundo molar, ele passa a se aproximar da face externa da mandíbula, contudo a maior parte do seu trajeto localiza-se no centro, entre as faces interna e externa. O canal possui paredes de osso compacto que serve de proteção ao seu conteúdo. Perto do forame mandibular, suas paredes são mais regulares e, à medida que percorrem o corpo da mandíbula tornam-se crivosas (REHER, 2001). 14 2.1.2 Nervo Alveolar Inferior O nervo alveolar inferior é o nervo intermediário da divisão posterior do nervo mandibular. Ele tem o trajeto descendente passando pelo espaço pterigomandibular (entre o músculo pterigóideo media e ramo da mandíbula). Penetra então no forame canal mandibulares. Antes, porém, de penetrar no forame mandibular, ele emite um pequeno ramo da raiz motora do trigêmeo, o nervo milo-hióideo, que percorre o sulco milo-hióideo da mandíbula e se dirige anteriormente à região submandibular, sendo assim um ramo motor para os músculos milohióideo e para o ventre anterior do digástrico (REHER, 2001). O nervo alveolar inferior após penetrar no canal mandibular emite ramos dentais, que inervam a polpa dos molares e pré-molares inferiores; ramos interdentais que inervam os ligamentos periodontais dos molares e pré-molares inferiores; ramos ósseos que se espalham no interior da mandíbula, inervando o osso esponjoso da mandíbula ate região de pré-molares; nervo mentoniano, que emerge pelo forame mentoniano e se distribui à gengiva, mucosa e pele da região, inervando a pele do lábio inferior, mucosa do lábio inferior ate o fundo do saco vestibular e gengiva inserida, de pré-molares a incisivos; e ramos incisivos, que se dirigem anteriormente por um trajeto intra-ósseo, através dos espaços trabeculares da mandíbula, inervando a polpa e ligamentos periodontais dos incisivos e caninos inferiores, a gengiva vestibular e osso esponjoso dessa região (REHER, 2001). 2.1.3 Artéria Alveolar Inferior A artéria alveolar inferior corresponde à parte mandibular da artéria maxilar de acordo com seu trajeto, dirigindo-se para baixo e lateralmente no espaço pterigomandibular, e é acompanhada pelo nervo correspondente à sua frente e ambos penetram no forame mandibular, percorrendo assim todo canal mandibular e emitindo ramos pulpares para as raízes dos dentes molares e pré-molares; ramos ósseos para os alvéolos, esponjosa mandibular e periodontos; ramos gengivais, que perfuram a tabua óssea mandibular e irrigam a gengiva. 15 Ao níveo do forame mentoniano, a artéria alveolar inferior se divide em artéria mentoniana, que emerge pelo canal e forame mentoniana, irrigando a pele e mucosa do lábio inferior, onde anastomosa-se com ramos da artéria facial e artéria incisiva, que irriga os dentes caninos e incisivos, tecido ósseo e mucosa adjacente (REHER, 2001). 2.2 Técnicas Cirúrgicas A transposição do nervo tem sido tradicionalmente usada para realizar osteotomias posterior a região de primeiro pré-molar. A técnica apresenta-se um apropriado acesso que oferece a vantagem de aumento do volume mandibular na região posterior. Duas diferentes técnicas podem ser utilizadas, sendo que uma das técnicas não envolve o forame mentoniano, enquanto a outra libera o nervo do forame mentoniano e o mesmo reposicionado distalmente a região de origem. Ambas as técnicas permitem uma ancoragem bicortical dos implantes (KAHNBERG, 2000). 2.2.1 Confecção de uma janela com remoção de um bloco ósseo Rigato (2000) descreve a técnica cirúrgica iniciando através de uma osteotomia no sentido vertical de aproximadamente 5 a 7mm de comprimento e efetuada de 3 a 4mm, posteriormente ao forame mentoniano com auxilio de uma broca redonda numero 4 ou uma fresa de fissura numero 701. Esse corte é feito somente através da cortical externa. Outro corte vertical também do mesmo tamanho, deve ser realizado sobre o canal na altura do segundo molar. São feitas osteotomias horizontais, unindo as com as verticais formando-se um retângulo. Esses cortes ósseos devem ser efetuados com muito cuidado e irrigadas com solução salina estéril. Instrumentos adequados do tipo Molt devem ser inseridos na janela óssea obtida, removendo se assim a cortical retangular, a qual será descartada. Através da janela óssea remove se cuidadosamente o osso esponjoso que recobre o canal com a extremidade pequena da cureta. Posteriormente, posicionando se a cureta dentro dos limites 16 do canal com os lados pontiagudos voltados para fora, e assim removendo pequenos pedaços da parede do canal sem causar nenhuma pressão sobre o feixe neurovascular. O feixe é exposto em toda a extensão da janela, com isso torna-se possível operá-lo sem nenhuma tensão. Com curetas ou ganchos para nervos posicionados por trás do nervo, este é tracionado para lateral, sendo removido dentro do canal mandibular. Em seguida parte para colocação dos implantes. Os implantes são assim colocados de acordo com os princípios cirúrgicos. A janela óssea é irrigada e coberta com uma membrana de colágeno reabsorvível. Reposicionase o feixe sobre a membrana sem colocar nenhum material particulado sobre o feixe ou dentro da janela. O retalho muco periostal é, então, reposicionado e suturado. 2.2.2 Confecção da janela com remoção do forame mentoniano Rigato (2000) descreve outra técnica para reposicionamento do nervo alveolar inferior, que consiste na remoção do forame mentoniano. Trata-se de uma técnica pouco utilizada, em que o feixe neurovascular e o forame mentoniano são identificados após a abertura do local cirúrgico com incisões feitas a nível do rebordo alveolar e também com incisões relaxantes. Afastando-se o feixe neurovascular do periósteo, um pequeno circulo de perfurações é feito ao redor do forame. Essas perfurações são conectadas com uma broca de fissura, tomando-se cuidado com a alça anterior do canal mandibular e com a córtex ao redor do forame. Removese, em bloco, o nervo alveolar inferior juntamente com o osso do forame mentoniano, identificando-se, assim, o trajeto do canal. São realizadas osteotomias através da cortical óssea vestibular, acima e abaixo do canal mandibular, removendo-se a cortical óssea. Com auxilio de curetas, retira-se osso esponjoso lateralmente ao canal mandibular e a fina parede óssea do mesmo. O feixe incisivo do nervo alveolar inferior é cortado de 3 a 4mm a frente do forame mentoniano e cuidadosamente removido do canal. A colocação dos implantes acompanha o procedimento padrão, reposicionando-se o feixe neurovascular passivamente sobre os implantes. O retalho mucoperiostal pode então ser suturado. 17 2.2.3 Indicações De acordo com GARG (1998), o uso de uma técnica cirúrgica avançada esta indicada para a colocação de implantes em região posterior de mandíbula com altura óssea insatisfatória e reabsorção da mesma classificada de moderada a severa e também importante notar que o procedimento deve ser utilizado por clínicos que sejam experientes em procedimentos cirúrgicos orais e manuseio de complicações dos nervos. Nos pacientes em que a estabilidade do implante na parte posterior da mandíbula não pode ser obtida por outros métodos, a lateralização do feixe neurovascular é um procedimento útil e viável (RIGATO, 2000). Esta assim recomendado para todos os casos em que ira realizar esse tipo de procedimento o uso de Tomografia Computadorizada como exame pré-operatório, pois apresenta imagens tridimensionais que definem claramente a posição medial-lateral do canal mandibular e forame mentoniano (BABBUSH, 2000). Segundo Peleg (2002) para utilização da técnica exames como Tomografia Computadorizada estão indicadas para localização do canal mandibular onde se abriga o nervo que será reposicionado para colocação de implantes e isso é importante quando somente cirurgiões bem experientes realizam este tipo de cirurgia. Os casos devem ser selecionados cuidadosamente com um cauteloso planejamento, utilizando-se tomografias computadorizadas, que oferecem imagens em três dimensões e o paciente deve estar ciente das possíveis complicações (KARLIS, 2003). Proussaefs (2005) descreve um tratamento de paciente utilizando enxertia óssea antes do procedimento de transposição do nervo alveolar inferior, sugerindo que o aumento vertical do osso do rebordo é significante para situações de mínima altura óssea existente sobre o canal mandibular. A lateralização do nevo alveolar inferior tem sido demonstrado como uma opção de tratamento reabilitador simultâneo à colocação de implantes osseointegrados em rebordos que apresentam altura óssea acima do canal mandibular menor que 9mm, pois o volume ósseo mínimo necessário para a instalação de um implante convencional é uma altura óssea de 79mm (KUHN, 2003). A indicação da lateralização deve considerar a expectativa e a busca do paciente pelo tratamento, controlar aspectos emocionais deste e observar indícios de um comportamento cooperativo, no caso de insucessos ou complicações advindas da técnica. A orientação e o 18 conhecimento dos fatores negativos são importantes para uma relação paciente-profissional adequada e sem transtornos (CARDOSO, 2006). 2.2.4 Contra-Indicações Segundo Garg, (1998) o uso da técnica esta contra-indicado em pacientes que possuem o canal mandibular posicionado lingualmente já que exige uma maior remoção óssea cortical necessária para obter acesso ao feixe vásculo-nervoso. Nesses pacientes a possibilidade de fratura mandibular é aumentada, já que uma remoção de tecido ósseo pode provocar o enfraquecimento da mandíbula, alem do que a colocação de implantes numa área comprometida pode resultar em uma concentração potencializada de stress e enfraquecimento da área. Babbush (2000) relata contra-indicações para o uso da técnica quando referido aos exames para realização do procedimento. Um melhor conceito seguido de uma clara definição anatômica relacionadas a essas áreas é essencial, contudo, radiografias regulares como panorâmicas, lateral, cefalometricas oclusal e periapical, não definem a posição medial-lateral do canal que abriga o nervo alveolar inferior ou nervo mentoniano. Esses exames de imagens irão somente definir a posição inferior-superior relacionadas a crista do rebordo e a base da mandíbula. O nervo alveolar inferior é uma ramificação do nervo mandibular que, por sua vez, é um ramo do nervo trigêmeo. Essa porção do nervo alveolar inferior que esta dentro do conduto mandibular é extremamente sensível. Uma lesão no nervo alveolar inferior pode causar apenas a perda da sensibilidade proprioceptiva da comissura labial e região mentoniana. Assim os pacientes devem ser selecionados com cuidado e entender totalmente os riscos do procedimento para aceita-los, caso contrario contra-indicado para aqueles resistentes ao procedimento (RIGATO, 2000). Uma altura óssea insuficiente acima do canal mandibular com crista residual inferior a 3 mm e associação de uma cortical vestibular espessa e um feixe vasculonervoso fino contra-indica a utilização da técnica. Há também uma contra-indicação relativa em relação a uma área operatória de difícil acesso com posição muito lingual do canal mandibular e a um paciente de 19 risco susceptível a hemorragias e infecções, alem de uma motivação insuficiente do paciente (DAVARPANAH, 2003). Especialmente quando múltiplos implantes são colocados em região posterior de mandíbula associados à transposição do nervo alveolar inferior, os implantes podem ser estabilizados na porção inferior ou base da mandíbula, mas não devem penetrar na mesma, estando assim contra-indicados em casos em que pode ocorrer tal fenestração (KARLIS, 2003), 2.2.5 Vantagens Implantes osseointegráveis de longo comprimento tem apresentado bom prognostico quando usado para reconstrução de pacientes edentulos. Contudo, a colocação de implantes de moderada para severa atrofia mandibular inclui os riscos de danos ao nervo alveolar inferior. A transposição do nervo representa um método alternativo de aumento da quantidade do osso avaliado para instalação dos implantes, observando uma estabilidade inicial desses implantes seguido de uma boa osseointegração para sustentação da magnitude e direção de forcas mastigatórias após a inserção de conexões e próteses. Os implantes são estabilizados em ambas corticais, alveolar e basal, apresentando-se assim uma estabilização bicortical que produz uma melhor cicatrização e melhor prognostico para os implantes (JENSEN, 1994). Vários métodos de transposição do nervo alveolar inferior em conjunto com a colocação de implantes osseointegráveis tem sido descrito na literatura. O sucesso em reconstruções de mandíbulas com esse tipo de método tem sido relatado, alguns casos tem expressado grande importância na rotina com o uso desse procedimento (KAN, 1997). Segundo Garg, (1998) o reposicionamento do Nervo Alveolar Inferior garante ao clínico uma quantidade maior de osso disponível para a fixação de implantes mais longos e reduz o risco de trans-secção ou compressão inesperadas do nervo com a colocação de implantes sem a utilização da técnica. Babbush (2000) relata a existência de enxertia óssea como alternativa de tratamento para atrofia de mandíbulas atroficas. Contudo, esse tipo de procedimento aumenta o tempo de tratamento e numero de procedimentos para o paciente, tendo também como desvantagem a inadequada cobertura de tecido mole sobre o enxerto, dificultado pela altura posicionada do 20 enxerto na área receptora e assim impossibilitar a realização desse procedimento nessa região de mandíbula. A técnica de lateralização do nervo aparece como alternativa, apresentando vantagens que sobressaem a esse outro tipo de técnica. As vantagens da transposição do nervo alveolar inferior inclui a capacidade de se colocar implantes de longa fixação e empenha duas corticais ósseas para estabilidade do implante. Essas características são especialmente proveitosas pois a técnica de transposição do nervo e a fixação dos implantes são realizadas em um único estagio, tornando se um padrão de acesso para esses tipos de caso na mandíbula (MORRISON, 2002). A lateralização do nervo alveolar inferior tem a vantagem de ser realizada num tempo menor quando comparada ao enxerto ósseo, em que se deve aguardar de três a seis meses para verificação do sucesso do tratamento (KUHN, 2003). Segundo Bovi (2005) mobilização do nervo alveolar inferior seguido da colocação de implantes em uma única intervenção cirúrgica, apresenta vantagens com a estabilização primaria bicortical que envolve a crista alveolar e a cortical inferior ou base mandibular, alem do curto tratamento de tempo, na qual as próteses definitivas podem ser inseridas depois de aproximadamente 5 meses. O estudo de Ferrigno (2005) apresentou vantagens em seu estudo com 19 pacientes no que se refere à ao resultado da incidência de distúrbios neurosensoriais. Dos 19 pacientes, 9 recuperaram sua experiência sensitiva imediatamente após efeito da anestesia. Dez pacientes tiveram distúrbios neurosensoriais sendo que seis casos tiveram o retorno total da sensação após um mês. Dois pacientes não completaram a sensação antes de seis meses, um paciente demorou doze meses para obter completa recuperação, e um paciente resultou em uma permanente hipoestesia, mas o distúrbio foi fraco e bem tolerado pelo paciente. Todos os pacientes sentiram que tiveram bons benefícios, pois foram confeccionadas próteses que melhoraram o conforto, a mastigação e a estética da boca do paciente. Implantes tem sido uma viável modalidade de tratamento para um paciente com total ou parcial edentualismo. Reabsorção do rebordo alveolar residual tem sido iniciado com varias técnicas de enxertia óssea para restaurar as condições da crista que permitirão a colocação de implantes em situações quando uma excessiva reabsorção tem ocorrido. A região posterior de mandíbula apresenta um desafio clinico por causa da presença do nervo alveolar inferior. A transposição do nervo tem sido sugerida como alternativa de tratamento, apresentando vantagens que permitem a colocação de implantes longos, melhor estabilização primaria e reduzido tempo de tratamento (PROUSSAEFS, 2005). 21 A cirurgia de lateralização vestibular do feixe neurovascular alveolar inferior permite muitas vezes a colocação de implantes longos e com travamento bicortical proporcionando uma boa estabilidade primária, essencial para o processo da osseointegração, com possibilidade em muitas circunstâncias, de carga protética precoce ou imediata (CARDOSO, 2006). 2.2.6 Desvantagens As possíveis desvantagens encontradas com essa técnica são relatadas durante a trepanação e a manipulação do nervo alveolar inferior. Cuidados devem ser tomados durante a trepanação da cortical e na manipulação e liberação do feixe vasculonervoso dentro do canal, prevenindo tração, compressão, ou injuria do nervo (JENSEN, 1994). Varias complicações tem sido relatada em associação com a transposicão do nervo, este inclui osteomietite, perda de implantes, hemorragias profundas, disturbios neurosensotivos e casos de fratura mandibular associado com esse procedimento. Esse tipo de complicação tem sido descrito por Kan (1997) quando relata um caso de fratura mandibular associada com a colocação de implantes osseintegráveis em conjunto com o aumento da reabsorção mandibular em áreas edentulas. O autor sugere que o aumento da vulnerabilidade de fratura mandibular depois da colocação de implantes é representado por uma área de grande concentração de stress, o que torna a causa de fratura e trauma de mandíbula. Segundo GARG, (1998) a disfunção neural prolongada como parestesia é o risco primário do reposicionamento do Nervo Alveolar Inferior, essa disfunção neurosensitória pode ser temporária ou permanente. Quando o nervo é reposicionado e implantes são colocados simultaneamente, a disfunção neural inicialmente aparenta presente em todos os pacientes. Essa sensação de alteração deve ser considerada uma seqüela natural e não uma complicação. Se a manipulação do nervo é mínima e a tração do nervo é inferior a 5%, a função normal do nervo deve retornar em torno de 4 a 6 semanas logo após a cirurgia. Mesmo depois do estiramento e manipulação dos tecidos, a maioria dos pacientes consegue reaver sensibilidade completa dentro de quatro a oito semanas, e outros num período de quatro meses. Se um trauma é mais significativo ocorrer ao nervo, contudo, pode-se levar de seis a oito meses para que a função do nervo seja restaurada. O potencial de danos ao nervo pode ser reduzido se uma longa janela óssea é estabilizada numa direção Antero-posterior, que permite o 22 deslocamento do nervo com deformidade de angulação mínima. A parestesia do nervo também pode ocorrer potencialmente do contato direto entre o NAI e as roscas afiadas do implante. Quando as técnicas de lateralização são comparadas com a transposição do nervo envolvendo o forame mentoniano, a tendência de se encontrar menos efeitos das técnicas tem sido observada. A lateralização do nervo sem interferência do forame mentoniano e sem corte do ramo correspondente ao nervo incisivo é naturalmente menos invasivo que a técnica de transposicionamento. A transposição do nervo com corte do ramo anterior do nervo alveolar inferior diminui o suprimento vascular da dentição anterior, somado a diminuição da sua sensibilidade (KAHNBERG, 2000) A ação de estiramento do nervo alveolar inferior suporta um alongamento de 20% a 30% no seu comprimento, desde que modo lento. A lesão por compressão pode provocar no paciente: parestesia com ¨formigamento¨, sensação de pontos quentes e frios, queimação de lábio e mento, em geral retorna-se à normalidade entre seis a oito semanas e, dependendo da área lesada pode voltar ao normal um ano ou permanecer uma pequena zona de parestesia, hiperestesia e hiperalgesia, aumentando a sensibilidade normal e a dor que é mal suportada pelo paciente, mas que sempre é reversível, hipoestesia e hipoalgesia com diminuição da sensibilidade normal e dolorosa que podemos comparar como um resíduo de uma parestesia (RIGATO, 2000). O inerente risco deste procedimento cirúrgico esta no dano ao nervo alveolar inferior, resultando em disturbios ao nervo mentoniano. Isto portanto é importante para estabelecer o relativo risco desta ocorrência, evitando deste modo problemas que são as reais razoes a este procedimento feito em primeira instante. Desde então esta técnica é considerada delicada e melhor realizada sob uma boa anestesia para evitar movimentos do paciente e o máximo acesso. A técnica pode também resultar na perca da sensibilidade do ramo terminal incisivo. Isso não é conseqüência para pessoas edentulas na regiao anterior de mandíbula, mas pode causar distúrbios para os dentes remanescentes e periodonto (MORRISON, 2002). A associação entre fraturas mandibulares e a técnica de transposição do nervo alveolar inferior seguido da colocação de implantes em mandíbulas atróficas posterior ao forame mentoniano tem sido relatado por Karlis (2003). Apesar da evidencia de casos de fratura mandibular associado a implantes serem limitadas, acredita-se que a perda da estrutura integral pertencente ao procedimento juntamente a outros fatores como a colocação de múltiplos implantes contribui para aumentar o potencial para fratura em mandíbulas atróficas. 23 O segmento posterior da mandíbula atrófica apresenta problemas especiais para colocação de implantes, pois o nervo alveolar inferior atravessa o corpo da mesma nessa região. Uma avaliação minuciosa do paciente através de exame anamnésico, exames séricos, radiografias e tomografias permitirão o sucesso do tratamento, mesmo assim, precisamos ser cautelosos, pois tal técnica é considerada pela literatura como de alto risco, podendo causar hipoestesia, parestesia ou perda total da sensibilidade da região pelo rompimento do nervo alveolar inferior (KUHN, 2003). De acordo com Ferrigno (2005), a mais importante complicação em seu estudo foi a fratura mandibular de um paciente tratado, que recebeu 8 implantes para suporte de varias próteses. Apenas um implante distal foi perdido por causa da mobilização e assim foi possível o planejamento para fixação de próteses com os implantes remanescentes ate nível de segundo pré-molar. Fratura mandibular pode assim representar um risco associado com a transposição do nervo, por causa do enfraquecimento da mandíbula que ocorre com a remoção óssea da técnica cirúrgica. Assim é geralmente recomendado que implantes sejam colocados na cortical inferior para obter a máxima estabilização, mas a área de atrofia mandibular pode ser enfraquecida quando a cortical inferior é penetrada. Segundo Bovi (2005) a desvantagem desse acesso terapêutico esta na possibilidade de alterações neurosensoriais pós-cirúrgico, apresentando riscos irreversíveis devido a danos ao nervo alveolar inferior, que podem ser resultados do estiramento do retalho mucoperiosteal na região de pré-molar no intuito de uma melhor visualização da área operada. Essa técnica tem se apresentado bastante viável em implantodontia, apesar das possíveis complicações como disfunção neuro-sensorial (disestesia, parestesia, anestesia), fratura de mandíbula, osteomielite, hemorragia e perda de implantes (CARDOSO, 2006). 24 3. METODOLOGIA Segundo Gil (2002), existe vários tipos de pesquisa, podendo ter em vista seus objetivos ou procedimentos técnicos. Quanto aos procedimentos metodológicos tendo em vista a seus objetivos, esta pesquisa é classificada como descritiva, pois tem como objetivo primordial a descrição das características de um determinado procedimento utilizado na odontologia. Quanto aos procedimentos técnicos, esta pesquisa é de caráter bibliográfico desenvolvida com base em material já elaborado, sendo constituído de livros e artigos científicos relacionados ao tema em questão. O método utilizado para o determinado estudo tem como procedimento o monográfico, pois estuda a técnica de lateralização do nervo alveolar inferior, investigando seus aspectos em profundidade e analisando todos os seus ângulos para o alcance dos objetivos desse trabalho. 25 4. DISCUSSÃO Implantes dentários tem sido um desafio para pacientes com moderada a severa reabsorção óssea de mandíbula posterior ao forame mentoniano. Colocação de implantes lingual ou anterior ao feixe vásculo-nervoso é complicado, pois requer extensos exames radiográficos e risco de trauma do nervo alveolar inferior é grande. Quando ocorre injuria ao nervo após a fixação de implantes, grandes conseqüências podem ser evidenciadas através de deformações do canal, compressão do nervo e vaso sanguíneo com extensa hemorragia dentro do canal e direto prejuízo mecânico (GARG, 1998). A técnica cirúrgica de lateralização ou reposicionamento do nervo alveolar inferior apresenta como uma alternativa para casos em que há necessidade de reabilitações mandibulares posterior ao forame mentoniano. Kahnberg (2000) e Rigato (2000) relatam os dois tipos de técnicas utilizadas envolvendo o deslocamento do feixe vásculo-nervoso. Ambas as técnicas existe confecção de uma janela com remoção do bloco ósseo, onde terá acesso ao feixe, que será exposto em toda a extensão da janela, e assim com curetas ou ganchos o nervo é removido de dentro do canal mandibular e tracionado para lateral. Morrison (2002) descreve o outro tipo de técnica para reposicionamento do Nervo Alveolar Inferior, no qual consiste na remoção do forame mentoniano, porém pouco utilizada. Depois de identificado o Nervo mentoniano, uma osteotomia unicortical lateral é realizada em volta do forame, e a cortical assim removida. O ramo incisivo é incisado com um bisturi e o nervo mentoniano e Alveolar Inferior próximo a região é liberado do canal. Uma osteotomia cortical é estendida posteriormente e adjacente ao canal mandibular. A cortical é assim removida e a colocação dos implantes acompanha o procedimento padrão, reposicionando-se o feixe neurovascular passivamente sobre os implantes. Vários autores como Jensen (1994) e Cardoso (2006) defendem o uso da técnica como alternativa útil e viável, apresentando vantagens como a estabilização de implantes de longo comprimento em duas corticais ósseas, além do aumento do volume ósseo como área receptora para o implante conseguida com a movimentação do feixe vásculo-nervoso, o que permite uma excelente cicatrização e osseointegração do implante. Morrison (2002) e Proussoefs (2005) relatam alem dessa vantagem a diminuição do tempo de tratamento conseguido com a técnica, pois essa permitira a colocação imediata dos implantes no mesmo tempo cirúrgico, e se comparado com enxertia óssea Babbush (2000) relata vantagens da 26 técnica, pois procedimentos de enxertia óssea aumenta uma etapa cirúrgica e consequentemente um tempo maior de tratamento. Assim o objetivo primordial é conseguido com a técnica, como relata Ferrigno (2005) quando se é obtido uma nova mastigação, estética e conforto através das próteses suportadas pelos implantes. O nervo alveolar inferior é assim uma ramificação do nervo mandibular que, por sua vez, é um ramo do trigêmio. Essa porção do nervo alveolar inferior que esta dentro do conduto mandibular é extremamente sensível. Uma lesão no nervo alveolar inferior pode causar apenas a perda da sensibilidade proprioceptiva da comissura labial e região mentoniana (RIGATO, 2000). A maioria dos autores como Garg (1998) e Kuhn (2003) consideram os distúrbios neurosensoriais como a principal complicação da técnica, apresentando maior risco e consequentemente a maior desvantagem. Bovi (2003) e Cardoso (2006) também relatam as alterações neurosensoriais como desvantagens apresentadas pela técnica. A ação de estiramento do nervo alveolar inferior suporta um alongamento de 20% a 30% no seu comprimento desde que de modo lento. Rigato (2000) classifica assim a lesão por compressão ao nervo podendo provocar no paciente: parestesia com dor, “formigamento”, sensação de pontos quentes e frios, queimação do lábio e mento. Em geral, retorna-se a normalidade entre seis e oito semanas e, dependendo da área lesada, pode voltar ao normal após um ano ou permanecer uma pequena zona de parestesia; anestesia e insensibilidade da zona mentoniana; hiperestesia e hiperalgesia sempre na região mentoniana, aumentando a sensibilidade normal e a dor que é mal suportada pelo paciente, mas que sempre é reversível e hipoestesia e hipoalgesia com diminuição da sensibilidade normal e dolorosa que podemos comparar com um resíduo de uma parestesia. Outra complicação relacionada à técnica é relatada por Kan (1997) e Ferrigno (2005) no que se diz respeito à fratura de mandíbula associada à colocação dos implantes. Karlis (2003) descreve a técnica de transposição do nervo alveolar inferior, que requer uma osteotomia da cortical lateral mandibular com exposição e lateralização do feixe neurovascular alveolar inferior. A mais comum complicação esta relacionada a distúrbios neurosensoriais devido à manipulação do feixe vásculo-nervoso. Em raras situações, iatrogenica ou patológica, pode ocorrer fratura de mandíbula. 27 5. CONCLUSÃO Existem casos em que há necessidade de reabilitação oral com implantes na porção posterior de mandíbula, mas a dificuldade de estabilização desses implantes se torna difícil devido a atrofia óssea e a presença do nervo alveolar inferior próximo a crista do rebordo. A técnica de lateralização do nervo alveolar inferior é um procedimento cirúrgico útil e viável quando não se existe mais opções para tal reabilitação. Os pacientes devem ser selecionados com cuidado e entender totalmente dos riscos do procedimento e aceitá-los, fazendo uma avaliação minuciosa do paciente através do exame anamnésico, exames séricos, radiografias e tomografias que permitiram o sucesso do tratamento. Mesmo com todo esse processo o profissional deve ser cauteloso durante o ato cirúrgico, pois a técnica é considerada de alto risco e pode causar parestesia ou perda total da sensibilidade da região inervada pelo nervo alveolar inferior, caso essa estrutura sofra injuria ou rompimento total. 28 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BABBUSH, C. A. Transpositioning and Repositioning the Inferior Alveolar and Mental Nerves in Conjunction With Endosteal Implant Reconstruction. Periodontol. V.17, p.183190, 2000. BOVI, M. 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