OCORRÊNCIAS DE MINERAIS DE URÂNIO E TÓRIO NO BRASIL Claudio Scliar*, Rosaline Cristina Silva**, Viviane Cristina Pereira** * Departamento de Geologia, IGC, UFMG ** Departamento de Geologia, IGC,UFMG, estagiárias RESUMO No Brasil são conhecidas e descritas centenas de acumulações anômalas de minerais radioativos. Além do aspecto do potencial econômico a ampla distribuição dessas substâncias minerais nos leva a duas conclusões: 1) o Urânio e o Tório são elementos presentes naturalmente na crostra terrestre e cabe aos seres humanos aprenderem a conviver com eles; 2) é necessário e urgente a implementação de políticas públicas de gestão territorial que levem em conta a presença anômala dos minerais radioativos. Palavras chaves: ocorrência, política pública I. INTRODUÇÃO Os levantamentos geológicos desenvolvidos, principalmente, pela CNEN e Nuclebrás determinaram diversos jazimentos de minerais radioativos. Porém, além desses jazimentos tecnicamente bem definidos e dimensionados são conhecidas dezenas de ocorrências de acumulações anômalas de minerais de Urânio e Tório distribuídos em todo o território brasileiro. Realizamos o levantamento das ocorrências citadas na literatura geológica e, a partir desses dados produzimos dois mapas dos depósitos e ocorrências dos minerais uraníferos e toríferos no Brasil. II. METODOLOGIA Priorizamos a coleta de informações nos estudos da CNEN, Nuclebrás, CPRM e DNPM e artigos publicados em Congressos Nacionais de Geologia. O problema metodológico mais grave foram os diferentes conceitos para ocorrência, jazida e mina contidos na literatura geológica. Como esse trabalho se trata de um estudo em andamento, definimos como jazimentos aqueles descritos e cubados pela Nuclebrás, considerando todas as outras citações como ocorrências. III. CONCLUSÃO Os mapas e tabelas dos Anexos A, B, C e D apresentam o quadro da distribuição das ocorrências dos minerais uraníferos e toríferos no Brasil. Destaca-se a densidade no oriente do país, o que expressa, principalmente, o maior detalhamento e conhecimento geológico dessa região. Diversos estudos de Percepção Ambiental demonstram que a radioatividade é vista com desconfiança por segmentos da população, que reproduzem informações e preconceitos amplamente disseminados e repetidos. A presença natural dos minerais radioativos, e de outras fontes de radioatividade, deve ser mostrada como fator constitutivo do espaço físico que habitamos e com a qual convivemos mesmo se não ocorrer seu aproveitamento industrial. Por outro lado, a visão autoritária de uma ciênciatecnologia positivista que esteja desvinculada das perspectivas atuais no campo da saúde pública dificulta a implementação de políticas públicas que levem em conta os agravos à saúde que podem ocorrer nas populações que habitam as regiões com teores anômalos de minerais radioativos. ANEXO A TABELA MINERAIS DE TÓRIO A 1 2 3 4 5 6 7 DEPÓSITOS B Paranaguá S. Gonçalo do Sapucaí S. João da Barra Aracruz Guarapari Alcobaça Prado C PR MG RJ ES ES BA BA D 2 2 3 2 2 2 2 E 14 16 16 23 23 23 23 A 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 OCORRÊNCIAS B Canguçu Piratini Encruzilhada do Sul Florianópolis Garopaba Palhoça Brusque Botuverá Castro Tremembé Pouso Alegre Heliodora Careaçu S. Sebastião da Bela Vista Silvianópolis Bocaína de Minas Paraguaçu Ubá S. João Del Rei Serra Negra Andradas Caldas Poços de Caldas Machado Cordislândia Rio Pomba Tapira Araxá Sabinópolis Serra do Salitre Parati Angra dos Reis Cabo Frio C RS RS RS SC SC SC SC SC PR SP MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG RJ RJ RJ D 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 E 2 2 2 5 5 5 4 2 2 2 16 8 15 16 16 2 15 1 1 20 23 23 2 2 2 10 20 20 1 20 1 1 1 41 Macaé RJ 1 1 42 Sapucaia RJ 1 1 A B C D E 43 Itapemirim ES 1 23 44 Cachoeiro do Itapemirim ES 1 13 45 Piúma ES 1 9 46 Iconha ES 1 23 47 Anchieta ES 1 23 48 Vila Velha ES 1 23 49 Vitória ES 1 1 50 Serra ES 1 23 51 Mucuri BA 1 1 52 Caravelas BA 1 1 53 Ilha das Flores SE 1 2 54 Pacatuba SE 1 23 55 Brejo Grande SE 1 23 56 Arapiraca AL 1 3 57 Limoeiro de Anádia AL 1 1 58 Parelhas RN 1 2 59 Florânia RN 1 2 60 São Rafael RN 1 2 61 Barreirinhas MA 1 19 62 Catalão GO 1 18 63 Santa Terezinha TO 1 21 64 Xambioá PA 1 11 65 Porto Velho RO 1 7 66 São Gabriel da Cachoeira AM 1 23 67 Mucajaí RR 1 6 Simbologia: A: Número; B: Município; C: Estado; D: Status (1: Ocorrências, 2: Jazidas, 3: Mina em atividade, 4: Mina desativada e 5: Mina em instalação); E: Referências Bibliográficas: Neste tópico indicamos somente o texto consultado mais abrangente e atualizado. Obs.: O status refere-se às duas tabelas. ANEXO B TABELA MINERAIS URANÍFEROS A 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 DEPÓSITOS B Santa Quitéria São José de Espinharas Caetité Amorinópolis Rio Preto Campos Belos Santa Bárbara Moeda Poços de Caldas Figueira C CE PB BA GO GO GO MG MG MG PR D 2 2 5 2 2 2 2 2 4 2 E 2 23 2 23 24 2 2 24 2 23 A 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 OCORRÊNCIAS C Camaquã Encruzilhada do Sul Anitápolis Brusque Botuverá Sapopema Curiúva Ibaiti Jacupiranga Registro Sorocaba Itu Serra Negra Andradas Caldas Lavras Belo Vale Rio Pomba São João Del Rei Nova Lima Brumadinho Onça de Pitangui Bambui Serra do Salitre Tapira Araxá Patrocínio Ipanema Governador Valadares Bom Jesus do Itabapoana D RS RS SC SC SC PR PR PR SP SP SP SP MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG RJ E 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 F 20 2 18 4 2 24 23 23 18 18 20 20 20 23 23 1 22 10 1 2 23 23 20 20 20 20 18 18 22 17 A B C D E 41 Vitória ES 1 1 42 Bonito MT 1 23 43 Ouvidor GO 1 2 44 Iporá GO 1 23 45 Uruaçu GO 1 22 46 Cavalcante GO 1 20 47 Teresina de Goiás GO 1 20 48 Arraias GO 1 2 49 Santa Terezinha GO 1 21 50 Mucugê BA 1 23 51 Jacobina BA 1 23 52 Euclides da Cunha BA 1 2 53 Tucano BA 1 2 54 Arapiraca AL 1 3 55 Arcoverde PE 1 2 56 Venturosa PE 1 2 57 Olinda PE 1 20 58 Catolé do Rocha PB 1 12 59 Picuí PB 1 1 60 Parelhas RN 1 2 61 Cerro Cora RN 1 2 62 Areia Branca RN 1 22 63 Patu RN 1 2 64 Acari RN 1 2 65 Currais Novos RN 1 2 66 Campinas do Piauí PI 1 2 67 Rio Grande do Piauí PI 1 2 68 Picos PI 1 23 69 Pimenteiras PI 1 2 70 São João da Serra PI 1 2 71 São Miguel do Tapuio PI 1 2 72 Castelo do Piauí PI 1 2 73 Campo Maior PI 1 23 74 União PI 1 23 75 Quixeramobim CE 1 2 76 Itatira CE 1 23 77 Santa Quitéria CE 1 2 78 Canindé CE 1 2 79 São Benedito CE 1 22 80 Viçosa do Ceará CE 1 23 81 Porto Velho RO 1 7 82 Mucajaí RR 1 6 Simbologia: A: Número; B: Município; C: Estado; D: Status; E: Referências Bibliográficas: Neste tópico indicamos somente o texto consultado mais abrangente e atualizado. ANEXO C C ANEXO D BIBLIOGRAFIA 1. ABREU, S. F. Rec. Min. do Bras. SP: Ed. BLUCHER. Vol. 2, 1973. 2. CPRM Serviço Geológico do Brasil 3. CPRM Serviço Geológico do Brasil. Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. ARAPIRACA, F. SC.24-X-D-V, Est. de AL, Esc. 1:100.000. Brasília, 1995. 4. CPRM Prog. Levant. Geol. Básico do Brasil. BRUSQUE, F. SG.22-2-D-II-1, Est. de SC, Esc.1:50.000. Brasília, 1995. 5. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. FLORIANÓPOLIS-Lagoa, F. SG-22-2-D-V,Est. de SC, Esc. 1:100.000. Brasília, 1997. 6. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. Geol. Da Região de Caburaí, Nord. de RR, Est. de RR, Esc. 1:100.000. Brasília, 1990. 7. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. Geol. da Região de Porto Velho-Abunã, F. SC-20-V-C-VI, Esc. 1:100.000. Brasília, 1990. 8. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. HELIODORA, F. SF-23-Y-B-II-2, Est. de MG, Esc. 1:50.000. Brasília, 1988. 9. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. PIUMA, F. SF-24-V-A-VI, Est. do ES, Esc. 1:100.000. Brasília, 1993. 10. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. RIO POMBA, F. SF.23-X-D-I, Est. de MG, Esc.1:100,000. Brasília, 1993. 11. CPRM Prog. Levant. Geol. Básicos do Brasil. XAMBIOÁ, F. SB-22-Z-B, Est. do PA E TO, Esc. 1:250.000. Proj. Grande Carajás. Brasília, 1995. 12. CPRM Prog. Rio Jaguaribe, Est. do CE, RN e PB. Rel. Final e Geol. Série Geol. nº 04, Seção Geol.Básica nº 01.Brasília, 1979. 13. DNPM. Anuário Min. Bras. 1979. Ano XIII. Brasília, 1979. 14. DNPM. Anuário Min. Bras. 1987. Ano XVI. Brasília, 1987. 15. DNPM. Anuário Min. Bras. 1989. Ano XVIII. Brasília, 1989. 16. DNPM. Anuário Min. Bras. 1991. Ano XX. Brasília, 1991. 17. INB - Relatório Anual, 1996. 18. LOUREIRO, F. E. de V. L. Urânio associado a rochas fosfáticas de origem ígnea. O exemplo de Catalão. In: CONG. BRAS. GEOL., 31,1980, Balneário de Camboriú. Anais do XXXI Cong. Bras. Geol. Florianópolis: SBG, 1980. 4v. V.3, p. 1635-1648. 19. MACIEL, A. C., AZUAGA, C. H. C. ,CRUZ, P. R., Reservas de Urânio e Tório no Brasil e no Mundo. In: CONG. BRAS. GEO, 27, 1973, Aracaju. Anais do XXVII Cong. Bras. Geol. Salvador: SBG, 1973. V.2, p. 353-368. 20. MACIEL, A. C., CRUZ, P. R. Perfil Analítico do Urânio. Bol. nº27, DNPM, RJ, 1973. Perfil Analítico do Tório e Terras Raras. Bol. nº 28, DNPM. RJ, 1973. 21. RADAMBRASIL. Prog. de Int. Nac., vol. 29. Levant. Rec. Naturais. F. SD-23, Brasília. MME. RJ, 1982. 22. RAMOS, J. R. de A. A situação do Urânio no Brasil. In: CONG. BRAS. GEOL., 22,1968, BH. Anais do XXII Cong. Bras. Geol. Belo Horizonte: SBG, 1968, p. 86-87. 23. SCHOBBENHAUS, C., CAMPOS, D. de A., DERZE, G. R., ASMUS, H. E. Geologia do Brasil. Brasília, 1984. 24. SCHOBBENHAUS, C., COELHO, C. E. S. Recursos Minerais Energéticos.CPRM. Vol. 1. Brasília, 1985. ABSTRACT Hundred of anomalous accumulations of radioactive minerals are known and described in Brazil. Besides the economic potencial aspect, the wide distribution of these mineral substances lead us to the following conclusions: 1- the uranium and the thorium are naturally present in the terrestrial crust and we, human beings, need to learn living together with them. 2- the implementation of public policies of territory administration that consider the anomalous presence of the radioactive mineral is urgent and extremely necessary.