III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 LITERATURA DIGITALIZADA: O NOVO PROCESSO DE LEITURA, A PARTIR DA OBRA THE SCARLET LETTER EM SUA VERSÃO DIGITAL1 Crislene Pereira NUNES (UFSC)2 Cláudio Augusto Carvalho MOURA (UFPI)3 Resumo Esta pesquisa propõe examinar como se dá a análise de obras literárias imersas no digital e como explorar a potencialidade de suas ferramentas. A pesquisa procederá tendo como objetos The Scarlet Letter (2005), de Nathaniel Hawthorne, em sua versão digital disponível no site do Núcleo de pesquisa em Literatura Digitalizada-NUPLID da Universidade Federal do Piauí, na página Biblioteca de Babel (http://www.ufpi.br/nuplid) e em sua versão impressa de 1989, da editora Batam Books. A partir da análise das interpretações sobre a obra em suas duas versões, proporemos novos subsídios de trabalho para compreensão do processo de leitura no meio digital, somando-os aos modelos formulados somente para a compreensão do processo dado pelo texto impresso. Palavras-chave: Literatura digitalizada; Hipertexto; Leitura. Introdução Com os adventos da tecnologia, a disponibilização de textos de obras literárias em meio eletrônico é imprescindível devido à evolução no espaço em que as pessoas estão inseridas. A digitalização leva a um novo tipo de relação entre o leitor e o texto. Os papéis no processo de leitura são redefinidos. Ao digitalizar uma obra literária é necessário que essa obra agora proporcione todos os prazeres que a imediação virtual proporciona, como a possibilidade de movimentar-se com rapidez entre diferentes ambientes. A interação do leitor com o texto sofre uma grande modificação quando se envolvem nesse processo ferramentas telemáticas. Entre elas temos: dicionário eletrônico, links de explicação de trechos, dentre outras ferramentas que possibilitam ao leitor o acesso fácil e rápido a outras opiniões sobre a obra, imagens e áudios, o que poderá influenciar na formação da sua opinião crítica em relação ao texto. O processo de leitura se torna uma atividade mais dinâmica. 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Discussão Hipertexto e Literatura: por um modelo reticular de leitura, no III Encontro Nacional sobre Hipertexto, Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2009. 2 Mestranda em Teoria da Literatura, [email protected]. 3 Professor mestre da Universidade Federal do Piauí, [email protected]. 1 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 Através do uso dessas ferramentas no processo de leitura abrem-se novas portas para discussão sobre novos tipos de interpretação de textos literários. Com a possibilidade do acesso a informações audiovisuais, por exemplo, o leitor desenvolve todo um trabalho neurológico diferente daquele realizado na leitura convencional de textos impressos. Essas ferramentas levam o leitor a fazer infinitas ligações extratextuais, podendo ampliar sua visão em relação à obra ou desvinculá-lo completamente dela, podendo também acessar esses links como uma forma de confirmação, ou não, de suas predições em relação ao texto. Muitos teóricos da atualidade têm se preocupado com o trabalho cognitivo realizado pelo leitor quando esse está diante de um texto implantado no ciberespaço, texto esse que está à mercê de todas as possibilidades que o mundo virtual oferece. Uma das preocupações dos estudiosos dessa área é o desempenho das funções do leitor, do autor e do próprio texto quando tratamos de textos em meio eletrônico, hipertextos eletrônicos. O leitor assume uma função dupla diante de um texto na tela de um computador, com inúmeras ferramentas que indubitavelmente interferirão no processo de leitura. Esse processo de leitura se torna cada vez menos linear e tendendo a uma fragmentação. A leitura de textos literários no ciberespaço poderá levar o leitor mais inexperiente a se descobrir, ao final do tempo que direcionou à sua leitura, a uma grande distância do seu objetivo primeiro, que era a leitura do texto primário. Até o leitor mais sistematizado, experiente, poderá se observar a alguns graus de distância do seu eixo principal de leitura. A questão mais inquietante é: até que ponto esse afastamento do eixo principal possibilita um aprendizado ou leva à perda do controle no processo de leitura? Cabe a esta pesquisa analisar o papel do leitor no processo de leitura de hipertextos eletrônicos, na busca de visualizar antecipadamente o horizonte ao qual o avanço tecnológico, inevitavelmente, está levando a relação leitor-obra. Deve-se reconhecer que com esses novos caminhos que estão sendo trilhados, novos paradigmas surgem e consequentemente novas teorias, novas abordagens, novos métodos são necessários para compreender e explicar tudo que acontece nesse novo ambiente de interação entre o leitor e o texto. É dentro desse panorama atual de trabalho com o texto literário, que esta pesquisa propõe examinar como se dá a interpretação de obras literárias imersas no digital e como explorar a potencialidade de suas ferramentas. A pesquisa procederá tendo como objetos The Scarlet 2 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 Letter (2005), de Nathaniel Hawthorne, em sua versão digital disponível no site http://www.ufpi.br/nuplid, do Núcleo de Pesquisa em Literatura Digitalizada-NUPLID da Universidade Federal do Piauí, na página Biblioteca de Babel, e sua versão impressa de 1989, da editora Batam Books. E, a partir da análise das interpretações sobre a obra em suas duas versões, proporemos novos subsídios de trabalho para compreensão do processo de leitura no meio digital, somando-os aos modelos formulados somente para a compreensão do processo dado pelo texto impresso. A importância da análise do novo processo de leitura que se estabelece Os avanços tecnológicos têm levado teóricos a se preocuparem com a forma com que as possibilidades infinitas da realidade não-orgânica afetam tudo o que nela acontece. O processo de leitura em meio eletrônico está à mercê de todas essas possibilidades do ciberespaço. Pode-se dizer que ele está à mercê de todas as interferências desse meio. Agora, no processo de leitura, onde outrora tínhamos como elementos principais o autor, o leitor e o texto, temos sub-elementos, tais quais dicionários eletrônicos, links de imagens e áudio, links para informações sobre a obra e sobre o autor, links para críticas sobre o texto, etc. Esses elementos interferem direta ou indiretamente na interpretação dos textos, servindo também como portas que podem tanto levar o leitor a obter mais informações sobre o texto ou fazê-lo enfrentar uma viagem longa em seus devaneios virtuais, se desvinculando completamente da força centrípeta do texto. Esse novo processo de leitura que está se instaurando, leva a um novo trabalho cognitivo de interpretação desses textos. É preciso analisar até que ponto a utilização de ferramentas telemáticas influencia na interpretação de textos literários que sofreram o processo de digitalização. A interpretação feita a partir da leitura dessas obras em meio digital possibilita ao pesquisador que trabalha nessa fronteira entre Literatura e Informática obter instrumental para lidar com os caminhos traçados por esse novo trabalho de interpretação, modificando assim as feições da crítica de obras canônicas. A observação mais profunda desse novo trabalho de interpretação desenvolvido nesse meio mais amplo que é o ciberespaço nos levará a investigar como esses leitores de hipertextos eletrônicos, ao utilizarem-se de todas as possibilidades do meio virtual, podem gerar uma “comunidade de intérpretes” ou como essas ferramentas podem afastar esses leitores do eixo 3 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 central do texto e do seu objetivo primeiro de leitura, causando ruídos na comunicação entre o texto e o leitor. Trabalhando com duas possibilidades – a de que os leitores do texto em sua versão eletrônica, a partir do uso das ferramentas telemáticas disponíveis, tenham maior desempenho no entendimento do texto e a de que eles sequer completem sua leitura – poderemos observar a influência desse meio virtual e de tudo que o compõe no processo de leitura de hipertextos eletrônicos. Deve-se analisar se há coincidência entre as interpretações resultantes das leituras da versão impressa e da eletrônica e o que a crítica especializada diz a respeito da obra. Se as interpretações resultantes da leitura do hipertexto eletrônico diferirem do proposto pela crítica, mas apresentarem semelhanças entre si, precisar-se-á reavaliar o que se tem como interpretação válida. E ao mesmo tempo se deverá analisar se essas semelhanças não são resultantes de um cerceamento intencionado, ou não, por quem elaborou o hipertexto eletrônico que está sendo usado. O maior impacto desta pesquisa está em fornecer dados empiricamente comprovados, que ajudarão na capacitação de pessoal para atuar em instituições de ensino e de pesquisa, dentro dessa perspectiva de relação entre Literatura e Informática, relação que pode ser muito promissora. Além disso, trabalhar-se-á com mais de uma hipótese de resultado. A possibilidade de que não se alcance os mesmos é bem pequena. Mas mesmo isso acontecendo, todo e qualquer resultado que esta pesquisa alcançar será de grande importância teórica e prática para os estudos posteriores. Tem-se como desafio estudar o novo paradigma que se impõe e servir de suporte para preparar novos pensadores para desvelar o fenômeno que é o mundo virtual, pois não há como ignorar a importância da utilização da informática como instrumento de trabalho acadêmico. A partir do que foi exposto, observa-se a necessidade de estudos direcionados a essa nova vertente que está surgindo com a digitalização de textos impressos. Esta pesquisa busca ilustrar as seguintes questões: a) de que forma o processo de leitura de textos literários é realizado no ambiente virtual? b) como as ferramentas telemáticas atuam nesse processo? c) até que ponto o afastamento do eixo principal do texto leva a um novo aprendizado ou à perda do controle no processo de leitura? 4 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 Fundamentação teórica O transporte do processo de leitura para o meio virtual, também conhecido como ciberespaço, condiciona o leitor a todas as influências deste meio. Um dos primeiros conceitos de ciberespaço foi dado pelo ficcionista norte-americano William Gibson, em seu livro Neuromancer (1984). Ele define ciberespaço como: A consensual hallucination experienced daily by billions of legitimate operators, in every nation, by children being taught mathematical concepts... A graphic representation of data abstracted from banks of every computer in the human system. Unthinkable complexity. Lines of light ranged in the nonspace of the mind, clusters and constellations of data. Like city lights, receding (GIBSON, 1984, p.69). A partir dessa descrição de ciberespaço, desse novo meio em que o leitor está inserido, observa-se que no ato de leitura no meio digital a possibilidade do leitor interagir com elementos que não sejam somente o texto e seus componentes, como alguma figura ou nota de rodapé, se amplia significativamente. O comportamento desse leitor também é modificado e o papel dele e dos demais elementos do processo de leitura se redefinem. Alckmar Luiz dos Santos, em seu livro Leitura de nós: ciberespaço e literatura (2003), assim descreve um dos possíveis comportamentos do leitor diante do mundo virtual: Tornamo-nos trama e drama de encenação que pretensamente interessa a outros por interessar apenas a nós mesmos. Paradoxo dessa sena fechada que é o dia-a-dia fingindo ser aberto. Apenas fingindo, pois nos chats, nos canais de discussão pela internete, nos imeios trocados e mal tocados, ... na busca de arquivos e programas sem nome, mas talvez com marca registrada, nessas fimbrias de sentido, nesses restos de significados, ..., apenas catamos nossos pedaços espalhados pelo mundo virtual. Pedaços largados aqui e ali, mas recolhidos ao final de cada dia, sem que tragam resquícios ou interferências relevantes dos outros. (SANTOS, 2003, p. 19) Nesse ambiente virtual, ao se deparar com um hipertexto eletrônico, o leitor se vê diante de um novo suporte para aquele texto antes impresso. Esse suporte modifica desde a forma de como se manuseia o texto até a forma de como se lê esse texto, podendo aumentar a possibilidade de uma leitura cada vez menos linear. Esse é um texto ligado a outros textos e outros elementos como áudio, imagens de filmes, etc. George Landow, no seu livro Hypertext 2.0, define Hipertexto como “text composed of blocks of texts – what Barthes terms a lexia – and the eletronic links that enjoin them... Hypertext denotes an information medium that links verbal and nonverbal information” (LANDOW,1992, p.3). 5 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 Ao utilizar as ferramentas disponíveis no hipertexto eletrônico, estabelece-se no leitor um trabalho cognitivo muito diferente do que ele teria ao ler o mesmo texto no seu formato impresso. O leitor, ao fazer uso de todo esse aparato que o ciberespaço possibilita, exerce o seu papel no processo de leitura de forma muito mais dinâmica, gerando em sua mente novos textos partir da leitura do primeiro. Analisando esta modificação no que diz respeito ao papel do leitor e do texto, observa-se que o hipertexto diminui, quase que por completo, as fronteiras entre autor e leitor. Roland Barthes, em seu livro S/Z, acrescenta que o hipertexto atende ao objetivo do trabalho literário que é fazer do leitor não somente um consumidor, mas um produtor de textos, demonstrando a essencial distinção entre o texto impresso e o texto eletrônico: the goal of literary work (of literature as work) [which] is to make the reader no longer a consumer, but a producer of the text. Our literature is characterized by the pitiless divorce which the literary institution maintains between the producer of the text and its user, between its owner and its consumer, between its author and its reader. This reader is thereby plunged into a kind of idleness -- he is intransitive; he is, in short, serious: instead of functioning himself, instead of gaining access to the magic of the signifier, to the pleasure of writing, he is left with no more than the poor freedom either to accept or reject the text: reading is nothing more than a referendum. Opposite the writerly text, then, is its countervalue, its negative, reactive value: what can be read, but not written: the readerly. We call any readerly text a classic text. (BARTHES, 1992, p.4) Landow faz referência ao conceito de Barthes sobre o texto ideal que se enquadra ao conceito do que, nos termos da computação, seria chamado de hipertexto eletrônico: "In this ideal text," says Barthes, "the networks are many and interact, without any one of them being able to surpass the rest; this text is a galaxy of signifiers, not a structure of signifieds; it has no beginning; it is reversible; we gain access to it by several entrances, none of which can be authoritatively declared to be the main one; the codes it mobilizes extend as far as the eye can reach, they are indeterminable...; the systems of meaning can take over this absolutely plural text, but their number is never closed, based as it is on the infinity of language." (LANDOW, 1992, p.3) A leitura de textos literários em formato eletrônico gera bastantes controvérsias no que diz respeito ao conceito de interpretação válida, pois algumas vezes essa interpretação pode diferir das que a crítica vigente tem sobre esses textos. No entanto, a partir de interpretações em comum provenientes desse grupo de leitores virtuais podemos estar diante de um modo novo de ver o texto, uma nova forma de interpretá-lo. 6 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 A possível discrepância entre a interpretação de leitores de textos eletrônicos e a interpretação da crítica vigente pode configurar uma nova “comunidade de intérpretes”, caso haja similaridades entre as interpretações feitas por leitores de textos eletrônicos. Stanley Fish, em seu livro Is there a test in this class?(1980), define o que é uma “comunidade de intérpretes” e que papel ela desempenha: rather than either the text or the reader, that produce meanings and are responsible for the emergence of formal features. Interpretive communities are made up of those who share interpretive strategies not for reading but for writing texts, for constituting their properties. (FISH, 1980, p.14) O trabalho interpretativo de textos eletrônicos, comparado ao trabalho interpretativo de textos impressos, e até mesmo o desenvolvimento do processo de leitura no meio digital, precisam ser avaliados cuidadosamente nos seus aspectos positivos e negativos. Independente dos resultados serem positivos ou negativos em relação ao tipo de interpretação que foi alcançado, à forma como se desenvolveu o processo de leitura no ciberespaço, às consequências que a redefinição dos elementos desse processo traz, o que é indiscutível é a importância do estudo direcionado à fronteira entre Literatura e Informática. O trabalho com esse novo paradigma que o avanço tecnológico nos traz é de suma importância para que o estudo da literatura se insira, cada vez mais, nas transformações do mundo pós-moderno. Landow afirma que, a partir de suas experiências com hipertexto, são indiscutíveis os benefícios que o uso da informática pode trazer ao ensino e ao aprendizado da literatura. Nas palavras do próprio autor: My experience of teaching with hypertext since 1987 convinces me that even the comparatively limited systems and bodies of literary materials thus far available demonstrate that hypertext and hypermedia have enormous potential to improve teaching and learning. (...) I do not expect to see dramatic changes in educational practice for some time to come, in large part because of the combination of technological conservatism and general lack of concern with pedagogy that characterizes the faculty at most institutions of higher learning, particularly at those that have pretensions to prestige. (LANDOW, 1992, p.265-266) Ao passo que esses benefícios são claramente observados, conclui-se, de acordo com o pensamento de Landow, que a fronteira entre Literatura e Informática tem ainda muito a ser discutida. Visa-se sempre uma melhor interação entre as mesmas, já que com o avanço da tecnologia a relação entre esses dois elementos torna-se, claramente, cada vez mais fecunda. 7 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 Metodologia A pesquisa se dará a partir da execução dos dois procedimentos assinalados abaixo: a) Pesquisa Bibliográfica: através da leitura de livros impressos e textos eletrônicos que tratem do tema Leitura de hipertextos e correlacionados aos temas literatura digitalizada, interpretação, processo de leitura e ferramentas telemáticas, relacionando as teorias existentes aos resultados da coleta e análise de dados; b) Coleta e Análise de dados: baseia-se na comparação das leituras que serão feitas por um grupo de alunos do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Língua Inglesa e Literatura de Língua Inglesa da UFPI, previamente selecionados. Os alunos farão a leitura do texto The Scarlet Letter em formato de hipertexto eletrônico, e do mesmo em formato impresso. A autora desta pesquisa fará comparações dos resultados provenientes das leituras desses alunos com as teorias estudadas, para a formação de um quadro comparativo. Far-se-á uma seleção prévia de 12 alunos do Curso de Licenciatura e Bacharelado em Língua Inglesa e Literatura de Língua Inglesa da UFPI que tenham cursado até o segundo período. A metade deles (6 alunos) será submetida à leitura do texto em sua versão impressa e a outra metade à leitura do texto em forma eletrônica. Será dado um prazo para que os alunos façam a leitura da obra. Os alunos que farão a leitura do texto impresso realizarão a atividade da forma convencional, como realizariam de acordo com a necessidade da disciplina Literatura Norte-americana I. A essa metade de alunos que fará a leitura do texto impresso, será dado um prazo para que complete a leitura, semelhante ao que os professores da disciplina estipulariam. Procura-se, assim, favorecer a esses alunos uma situação semelhante à que eles teriam se estivessem cursando a disciplina, para que os resultados a serem obtidos sejam os mesmo que eles obteriam ao cursar a disciplina de Literatura Norte-americana I. Os alunos que serão submetidos à leitura do hipertexto eletrônico terão sua leitura acompanhada pela autora da pesquisa. Esses alunos terão o mesmo prazo que a primeira metade para fazer a leitura dos textos. Serão observadas quais ferramentas esses alunos utilizarão antes, durante e após a leitura e o tempo que gastarão em cada janela acessada até retornarem ao texto. Após o prazo pré-determinado de leitura, todos os alunos serão 8 III ENCONTRO NACIONAL SOBRE HIPERTEXTO Belo Horizonte, MG – 29 a 31 de outubro de 2009 submetidos a testes de interpretação da obra (os mesmo testes que os professores de Literatura Norte-americana I aplicam na graduação). Com isso, teremos dados para checar que nível de desempenho cada grupo alcançou, observar o posicionamento e o papel do leitor em cada formato de texto e em que as ferramentas telemáticas ajudarão ou atrapalharão os leitores de hipertexto eletrônico. Com esses procedimentos visa-se analisar como o leitor de textos eletrônicos atende às necessidades reais de um curso de graduação. Com esta pesquisa poder-se-á visualizar o comportamento deste novo leitor, que é cada vez mais levado a usar o meio digital como fonte e recurso de aprendizagem devido à evolução do espaço em que está inserido. Configura-se, assim, uma nova era no estudo e no ensino da literatura, a era da literatura digitalizada. Conclusão A pesquisa está na fase de aprofundamento teórico. Busca-se, no atual momento, um entendimento maior e variado do conceito de interpretação para que se possam analisar melhor os resultados da fase experimental. Desde já, visualiza-se a possibilidade de se trabalhar com mais de uma obra literária, aumentar o número de leitores e utilizar outros sítios que contenham obras literárias digitalizadas. Trabalha-se também com a ideia de fazer uma avaliação dos instrumentos eletrônicos a serem utilizados na pesquisa. Referências bibliográficas BARTHES, Roland. S/Z. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992. FISH, Stanley. Is there a text in this class? Cambridge: Harvard U. P., 1980. SANTOS, Alckmar Luiz dos Santos. Leitura de nós: ciberespaço e literatura. São Paulo: Itaú Cultural, 2003. LANDOW, George P. Hypertext 2.0: the convergence of contemporary critical theory and technology. Baltimore: The Johns Hopkins University Press, 1992. GIBSON, William. Neuromancer. London: Voyager, 1995. HAWTHORNE, Nathaniel. The Scarlet Letter. New York: Batam Books,1989. HAWTHORNE, Nathaniel. The Scarlet <http://www.ufpi.br/nuplid/The%20Scarlet%20Letter.htm>. Letter. Disponível em: 9