“Piloti Mestre” CONCEITOS MÍNIMOS DE INDUÇÃO TETO – BRASIL Junho 2013 Conteúdo 1. QUEM SOMOS? 2. VISÃO 3. MISSÃO 4. VALORES TETO 5. HISTÓRIA 6. TETO Brasil 7. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS 8. O QUE O TETO FAZ 9. FORMAÇÃO 10. COMO TUDO COMEÇOU 11. A CASA DE EMERGÊNCIA 12. A CONSTRUÇÃO 13. HABILITAÇÃO SOCIAL 14. PERSPECTIVAS DO TETO 15. PERGUNTAS FREQUENTES 16. MUDANÇA INSTITUCIONAL 17. VOLUNTARIADO PERMANENTE 18. AS ÁREAS 19. O ESCRITÓRIO 20. CONTATO 1. QUEM SOMOS? TETO é uma organização presente na América Latina e Caribe, que procura superar a situação de pobreza em que vivem milhões de pessoas nos assentamentos precários, através da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários. Com a implementação de um modelo de intervenção focado no desenvolvimento comunitário, TETO busca, através da construção de moradias de emergência, programas de Habilitação Social e trabalho em rede, construir uma sociedade justa e sem pobreza, na qual todas as pessoas tenham a oportunidade de desenvolver suas capacidades e possam exercer plenamente seus direitos. 2. VISÃO Uma sociedade justa e sem pobreza, onde todas as pessoas tenham oportunidades para desenvolver suas capacidades e possam exercer plenamente seus direitos. 3. MISSÃO Trabalhar sem descanso nos assentamentos precários para superar a extrema pobreza, através da formação e da ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários, promovendo o desenvolvimento comunitário, denunciando a situação na qual vivem as comunidades mais excluídas e incidindo, junto a outros, em política. 4. VALORES TETO Solidariedade. É uma empatia fundamental com as causas das famílias mais excluídas, que nos move a querer estar e trabalhar junto com elas; a compartilhar suas dificuldades e anseios; a aprender com suas capacidades e perseverança; e a denunciar tudo aquilo que os coloca à margem da sociedade e não reconhece seus direitos fundamentais como seres humanos. Convicção. Superar a pobreza e injustiça em nosso continente é, sim, possível, e esta certeza nos dá a determinação para trabalhar sem descanso e junto a outros para conseguilo, traçando metas altas e desafiantes, e assumindo os riscos necessários para ir além de todas as fatalidades que nos rodeiam. Excelência. Todo o nosso trabalho deve ser de alta qualidade, pois é direcionado aos que menos têm: é rigoroso, pontual, sempre criativo e inovador, respeitoso em relação aos compromissos, perseverante ante as dificuldades, inteligente para reconhecer erros e corrigilos, e próativo para buscar sempre com agilidade propostas de solução aos problemas que se apresentam. Diversidade. Todos os jovens têm no TETO um espaço, independente de procedências étnicas ou sociais, crenças religiosas, opções políticas ou orientação sexual, pois estamos certos de que nossas diferenças são uma riqueza para somar esforços naquilo que nos une: a luta contra a extrema pobreza em nosso continente. Otimismo. Vemos o futuro com esperança, não com ingenuidade, pois acreditamos que é possível, sim, derrotar a injustiça que vemos hoje, e avançamos em direção a esse futuro trabalhando com alegria. Como jovens, reconhecemos o privilégio de entregar nossas vidas para fazer do nosso mundo um lugar mais humano e feliz para todos. 5. HISTÓRIA Em 1997 um grupo de jovens começou a trabalhar pelo sonho de superar a situação de pobreza em que viviam milhões de pessoas. O sentido de urgência dos assentamentos mobilizouos a construir casas de emergência de forma massiva em conjunto com as famílias que viviam em condições inaceitáveis; e a investir sua energia em busca de soluções concretas para os problemas que as comunidades enfrentavam todos os dias. Esta iniciativa converteuse em um desafio institucional que hoje é compartilhado em todo o continente. Desde seu início no Chile, seguido por El Salvador e Peru, a organização empreendeu sua expansão sob o nome “Um Teto para meu País”. Após 15 anos de trabalho, TETO atua em 19 países da América Latina e Caribe: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, El Salvador, Guatemala, Haiti, Honduras, México, Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela. TETO renova seu compromisso todos os dias do encontro de voluntários e famílias que vivem em assentamentos, em um trabalho conjunto para superar a pobreza e a exclusão social. 6. TETO BRASIL Em novembro de 2006, TETO Brasil iniciou suas atividades no maior país da América Latina. Em seis anos de trabalho, a organização mobilizou voluntários e recursos para a construção de 1371 moradias de emergência junto a famílias que vivem em favelas brasileiras. As construções foram realizadas em dezoito municípios do Estado de São Paulo entre eles Guarulhos, Osasco, São Paulo, Suzano, Santo André e Carapicuíba. Ao todo, foram 58 comunidades beneficiadas com moradias de emergência, construídas por mais de 17.000 voluntários recrutados nas maiores universidades de São Paulo e do país. Os recursos para a construção dessas moradias de emergência foram viabilizados mediante a doações de pessoas físicas, parcerias e apoios estabelecidos com organizações não governamentais, públicas e privadas. 7. OBJETIVOS ESTRATÉGICOS TETO tem a convicção de que a pobreza pode ser superada definitivamente se a sociedade em conjunto conseguir reconhecer que este é um problema prioritário e trabalhar ativamente para resolvêlo. Por isso, o TETO possui três objetivos estratégicos: (1) O fomento ao desenvolvimento comunitário em assentamentos precários, através de um processo de fortalecimento da comunidade, que desenvolva lideranças validadas e representativas e que estimule a organização e participação de milhares de moradores de assentamentos para a geração de soluções para seus problemas. (2) A promoção da consciência e da ação social, com ênfase especial na formação massiva do voluntariado crítico e propositivo, trabalhando em campo com os moradores dos assentamentos e envolvendo diferentes atores da sociedade. (3) A incidência em política, que promova as mudanças estruturais necessárias para que a pobreza não continue se reproduzindo e diminua rapidamente. O QUE O TETO ENTENDE POR: Fomento ao Desenvolvimento Comunitário Processo contínuo de fortalecimento comunitário focado no desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas de autogestão, na promoção da participação e da organização comunitária, na geração de identidade e na vinculação de redes. O desenvolvimento comunitário é considerado o eixo transversal da intervenção do TETO nos assentamentos precários. Promoção da consciência e da ação social Envolvimento massivo de jovens voluntários no trabalho conjunto com moradores que vivem em assentamentos precários, estimulando o voluntariado como mecanismo de participação cidadã e promovendo a reflexão crítica e propositiva frente ao problema da pobreza. TETO busca a mobilização de todos os atores da sociedade no desenvolvimento de soluções concretas para erradicar a pobreza, entendendo que sua condição de cidadãos os sujeita ao exercício e usufruto de direitos e, ao mesmo tempo, comprometendoos com o cumprimento de deveres. Incidência política TETO denuncia a exclusão e a violação de direitos que ocorrem nos assentamentos precários, a partir do trabalho constante de milhares de jovens voluntários nas comunidades e a ação de seus moradores; de maneira que estes problemas sejam reconhecidos pela sociedade e sejam prioridade na agenda pública. TETO gera e difunde informações relevantes dos assentamentos precários, articula e vincula moradores de assentamentos com instituições de governo e se insere em espaços de proposta e tomada de decisões de políticas públicas. 8. O QUE O TETO FAZ Modelo de intervenção TETO A intervenção comunitária do TETO é focada nos assentamentos precários mais excluídos, sendo seu principal motor a ação conjunta de seus moradores e jovens voluntários, os quais trabalham para gerar soluções concretas para o problema da pobreza. TETO estimula um processo contínuo de fortalecimento da comunidade, considerando o desenvolvimento comunitário como eixo transversal da intervenção. A fase inicial desse processo consiste na entrada nos assentamentos precários e no desenvolvimento de um diagnóstico, no qual são identificadas e caracterizadas as condições de vulnerabilidade dos mesmos. Os jovens voluntários têm um primeiro contato com a realidade que se vive nos assentamentos, trabalhando em campo para o desenvolvimento do diagnóstico e para incentivar a liderança de moradores, que promovam a organização, participação e corresponsabilidade da comunidade em todo o processo. Em uma segunda fase, como resposta às necessidades identificadas na comunidade, são implementadas soluções nas áreas de moradia (habitabilidade), educação, trabalho e outras que resolvam os problemas existentes. Estas soluções são desenvolvidas através de um trabalho conjunto entre voluntários e moradores, potencializam capacidades individuais e coletivas de autogestão na comunidade, e envolvem os jovens voluntários em um processo de sensibilização e conscientização em torno da pobreza e suas causas, que os levem a atuar e se mobilizar para gerar mudanças reais. Dentro desta fase, destacase a construção de casas de emergência, que responde a uma necessidade que é prioritária e urgente na maioria dos assentamentos precários e que gera vínculos de confiança entre os voluntários e a comunidade, por ser uma solução concreta, tangível e realizável em curto prazo. A casa de emergência do TETO é um módulo préfabricado de 18 metros quadrados, que se constrói em dois dias, com a participação massiva de jovens voluntários e famílias da comunidade. O processo de construção gera um encontro entre estas duas realidades, promovendo uma reflexão crítica e propositiva frente à pobreza. Este processo se realiza com um enfoque comunitário, que promove a organização e participação da comunidade. Aprofundando este processo de fortalecimento da comunidade, implementamse as chamadas Mesas de Trabalho, uma instância de reunião, diálogo e discussão entre líderes comunitários e jovens voluntários, na qual se identificam possíveis soluções para as necessidades prioritárias. O TETO se concentra na implementação de planos de educação; planos relacionados ao trabalho e ao fomento produtivo, tais como capacitação em ofícios básicos e fornecimento de microcréditos para o desenvolvimento de empreendimentos; e busca a vinculação a redes para poder desenvolver outros programas que respondam aos objetivos das comunidades e contribuam para a geração de soluções integrais. Como terceira fase da intervenção, promovese a implementação de soluções definitivas nos assentamentos precários, como a regularização da propriedade, a instalação (ou regularização) serviços básicos, moradia definitiva, infraestrutura comunitária e desenvolvimento local. O TETO articula e vincula moradores de assentamentos organizados a instituições do governo para exigir seus direitos. A partir do trabalho constante e massivo de jovens voluntários e moradores, o TETO denuncia a exclusão e a violação dos direitos que ocorrem nos assentamentos, de maneira que estes problemas sejam reconhecidos pela sociedade e sejam prioridade na agenda pública. Além disso, gera informação relevante sobre os assentamentos e procura inserirse em espaços de proposta e tomada de decisão de políticas públicas, promovendo mudanças estruturais que contribuam para a erradicação da pobreza. 9. FORMAÇÃO Além do trabalho nas favelas, em conjunto com estas famílias, TETO acredita ser de extrema importância a formação crítica dos jovens voluntários que mobiliza. Dessa forma, em todos os eventos que realizamos, temos atividades formativas que pretendem propor para cada jovem uma complementação da experiência vivida no trabalho nas comunidades. Dentro destas atividades propõese a discussão da realidade que se encontra a sociedade atualmente, formas de resolver estes problemas e reflexão sobre as condições de vulnerabilidade que estas famílias se encontram. É através da formação e do dialogo com a realidade que o voluntário cada vez mais vai sistematizando seus conhecimentos e suas habilidades, adquirindo, assim, uma força social que transforma sua vontade inicial de trabalho em um modo de viver e ver a vida, objetivando continuamente uma busca concreta em melhorar a qualidade de vida e transformação positiva da sociedade. As vivências de nossos eventos geram esta reflexão e ao compartilhar estes pensamentos entre um grupo, criase uma consciência coletiva positiva que cria um ambiente propositivo e motivador para os voluntários. Um processo de trabalho efetivo só é alcançado quando todos seus atores estão conscientes sobre o contexto em que se atua. Quando há um trabalho social, onde não há consciência e reflexão sobre o mesmo, ele se torna puro ativismo sem resultados. No entanto, quando nele está envolvida a criação de consciência, dos propósitos e dos objetivos pretendidos, podemos realizar a ação com efetividade. Acreditamos que para vencer a pobreza é preciso conhecêla, refletir sobre ela e agir, em um ciclo contínuo. Os objetivos gerais, enfim, da formação são o conhecimento (o “saber”), desenvolvimento das habilidades ( o “saber fazer”) e transformação das atitudes (o “ser”). 1 Do conhecimento. Que o voluntário social, através da formação: a. Conheça as relações que se dão na sociedade, seus problemas, desigualdades e recursos. b. Conheça a função e objetivos da ação voluntária em seu contexto. c. Conheça a visão, missão e valores da organização, que pertence. d. Conhecer a realidade de nosso país e que isso impacte nas decisões futuras do voluntário. 2 De habilidades: a. Adquira hábitos de dinâmica e trabalho em conjunto com a comunidade. b. Adquira hábitos de participação. c. Desenvolva capacidades de liderança e organização. 3 De atitudes: a. Possua consciência critica da sociedade. b. Aumentar e se aprofundar nas motivações para o trabalho junto com as famílias e comunidade. c. Reforçar atitudes que completem sua atuação profissional. 10. COMO TUDO COMEÇOU Tudo começou em Curanilahue (Povoado localizado a 35 quilômetros de Arauco (sul do Chile, VIII Região), 31.943 habitantes. A atividade econômica é principalmente de serviços, trabalhos florestais e derivados. A maior porcentagem de empregos da população é gerada pela atividade florestal.) no ano de 1997 um grupo de estudantes participava pelo terceiro ano em missões, incorporou o levantamento de uma mediágua ( Palavra usada no Chile para designar uma moradia de emergência de 18 metros quadrados, de madeira, teto de zinco, com piso e construída sobre pilares.) adaptada para servir de capela. A construção lhes deu a oportunidade de uma relação diferente com as pessoas do lugar. Ao trabalhar junto com eles, gerouse um diálogo profundo e espontâneo, um intercâmbio “de igual para igual”, diferente do conseguido durante esses dias de missão nas visitas as casas. Essa relação nova, motivada pela linguagem comum que só o trabalho físico proporciona, fez com que sentíssemos de uma maneira diferente a pobreza em que viviam os habitantes de Curanilahue. Surgiu assim a inquietação de que, se tínhamos os recursos e as possibilidades de construir uma mediágua como capela junto aos que viviam promiscuamente amontoados, também poderíamos com eles construir as suas moradias. Talvez sem saber, tínhamos realizado uma forma diferente de missão: mostrar no trabalho solidário presente os sinais do Reino de Deus. Recebemos tanto que poderíamos de alguma maneira devolverlhes a mão aos que, ao nosso lado, receberam pouco ou nada. Não sabíamos em que nos estávamos metendo nem nos interessava fazer cálculos do que isto significaria, mas alguma coisa nos queimava por dentro, algo nos dizia que íamos pelo caminho correto. Estávamos a três anos do novo milênio, a sociedade chilena se preparava para comemorar a chegada do ano 2000 com grandes festas. Era a oportunidade para darlhe um sentido diferente a essa data. Cunhouse assim a frase que inspiraria as nossas ações nos próximos três anos: "Não foi nossa a culpa que quando nascesse o Filho de Deus, não tivesse onde nascer... mas sim será nossa responsabilidade se no seu aniversário número dois mil ainda não tenha uma onde nascer". Assim começamos a envolvernos com uma nova dimensão da pobreza do Chile. Fomos descobrindo uma realidade, que cegados com o entusiasmo dos anos 90, ficava oculta à maioria do país. Chile tinha recuperado a democracia e levava quase uma década de crescimento econômico sustentado de 7%, o que nos tinha permitido reduzir a pobreza de 50% a 18%. Nesse ambiente, soberbamente, se considerava os chilenos como os “tigres da América Latina”, já não se falavam dos que ainda viviam na pobreza. Menos ainda das antigas “poblaciones callampas” (Termo que se usa no Chile para designar ao que hoje se chama campamento (acampamento). Un Techo Para Chile identifica como “campamento” àqueles assentamentos precários de mais de oito famílias, com carência de pelo menos um dos serviços básicos (água potável, luz elétrica, rede de esgoto) e que moram em possessão ilegal do terreno “populações marginais”); elas pareciam coisa do passado. Subversivamente começamos a discutir sobre as favelas e as mediáguas. Os universitários voltavam às suas casas, cheios de lama, cansados e questionados, falando não do que lhes tinham contado, senão do que seus próprios olhos tinham visto. Eles mesmos foram se transformando na voz dos que não a tinham e os pobres adquiriram rosto, nome e dignidade. Esses homens, mulheres e crianças que sobreviviam nas favelas, se transformaram, do dia para a noite, no maior incentivo que tinham os universitários para estudar, acordar cedo e tomarlhe o peso às suas responsabilidades na sociedade. Tomavam consciência de que num fimdesemana podiam gastar o que a um morador lhe custava meses para poupar e que podia significar a prestação para sua mediágua. Constatavam que o que parecia um barraco de madeira de 18 metros quadrados e que cabia na sala de estar da sua própria casa, significava um teto para uma família. Percebiam que essa humilde mediágua não só era a possibilidade para que uma família começasse a sonhar e deixasse para trás o círculo da desesperança, senão que também podia significar salvar a um idoso de morrer de pneumonia, evitar o abuso sexual de uma criança ou a possibilidade de ter mais dignamente outro filho. Os universitários que se envolviam com a pobreza nunca mais foram os mesmos: sua vida, o estudo, o namoro, tudo adquiriu um sentido diferente. Sentiamse responsáveis por seu país, agora conheciam sua cidade de outra maneira, incluindo seus bairros periféricos, e tinham novos amigos. Amigos que talvez antes tivessem olhado para eles com medo e com ar de suspeita, ou talvez nem sequer tivessem olhado. Descobriam que quem vivia nas favelas eram pessoas pobres em oportunidades, mas ricos em humanidade. Pessoas sem maior formação e, às vezes, sem nenhum estudo básico, mas pessoas que tinham claro do que precisavam e que eram capazes de sobreviver com apenas trinta mil pesos chilenos ao mês (60 dólares aproximadamente). Pessoas dignas, organizadas e que não pediam presentes, senão oportunidades. Os universitários descobriam que viver na pobreza era uma questão de não ter oportunidades, de não ter redes de contatos, de carecer dos famosos "pitutos”. Assim, começaram a perceber que construindo mediáguas, entre outras coisas, se criava um vínculo tão forte que podiam compartilhar com eles seus próprios pitutos, suas redes de contatos, seus privilégios e, dessa forma, mudar em parte, a vida de quem nunca teve uma verdadeira oportunidade. 11. A CASA DE EMERGÊNCIA História Existem antecedentes de Habitações de Emergência desde o terremoto do ano de 1939, em Chillan, Chile. Foi precisamente nos assentamentos irregulares e nas ocupações ilegais de terreno, onde surgiu a ideia da casa de emergência. Nesses lugares, os moradores construíam suas casas de maneira muito semelhante ao que hoje conhecemos como Habitação de Emergência (HE), utilizando madeira, telhas de amianto, cimento, plástico, papelão e, em geral, qualquer material descartado que servisse. Em 1958 foi enviado para trabalhar no Chile o sacerdote jesuíta Josse van der Rest1, que junto a estudantes universitários dessa época se dedicou a construir melhores casas para os moradores de assentamentos. “Começamos comprando telhas e madeira e percorríamos os assentamentos em uma caminhonete 1 P. Josse van der Rest, padre jesuíta nascido na Bélgica em 1924, foi por quase 5 décadas capelão do Hogar de Cristo. Participou na criação da Fundação de Casas Hogar de Cristo, desde onde acompanhou a quase meio milhão de famílias pobres em sua luta por um lugar e um teto próprios. Participou nos três grandes Fóruns Mundiais sobre Habitação e Desenvolvimento Urbano organizados pela ONU: Habitat (Vancouver, 1978); Habitat II (Istambul, 1996) e Fórum Urbano Mundial (Vancouver, 2006), representando as famílias pobres e sem teto. É criador e atual diretor do Servicio Latinoamericano, Africano y Asiático de Vivienda Popular (SELAVIP), atualmente presidido pela arquiteta Joan Mac Donald, que apoiou cerca de 250 projetos de Habitações para pobres de países em desenvolvimento. Há mais de trinta anos que dá seminários em diversas universidades européias para alunos de pósgraduação em Arquitetura e Urbanismo dos países em desenvolvimento. Volkswagen igual a do Padre Alberto Hurtado2. Construíamos setenta casas ao ano. Pouco a pouco começamos a industrializar a fabricação”. A experiência ensinou que a vida familiar fica seriamente prejudicada pela má qualidade da habitação e pelas condições de amontoamento em que convivem os moradores das comunidades em situação de pobreza. Por isso o padre Josse insistia em que "mais valem quatro tábuas agora que uma casa sólida em 10 anos mais” quando a família já se separou. Graças à experiência na construção, a casa começou a ganhar contornos padrões, viabilizando sua construção em série na Fábrica de Hogar de Cristo Habitação, em Santiago do Chile. Do Padre Josse nasceu a ideia dos seis painéis préfabricados que facilitariam uma construção mais simples e rápida, que asseguraria a estabilidade e que permitiria o desmonte da casa em caso de uma eventual mudança de lugar, geralmente um desalojamento. Devido a isso, é que se reconhece esse jesuíta como o inventor da mediágua, ainda que ele mesmo reconheça que “a mediágua foi inventada pela população carente, eu só fui responsável por sua industrialização, e por fazer com que tivessem que pagar o mais barato possível”. No tocante às modificações, a principal delas tem a ver com o tamanho da habitação. A princípio se construíam moradias de 3 X 3 metros, que pouco a pouco foram sendo substituídas pela atual casa de 3 X 6 metros, como a construída pelo TETO. Levase em conta que, em média, numa família vivem 5 pessoas, e as normas internacionais de habitação aceitam como mínima uma área de 3,5 m2 para que uma pessoa viva (3,5 X 5 = 17,5 m2). Outras mudanças feitas na Casa foram a substituição do piso de terra pelo piso e pilotis de madeira, além de implementar mudanças que tendem a melhorar a durabilidade e a estética da casa, como a troca de uma queda de água (“meiaágua”) por duas. Para os avanços em durabilidade – aplicáveis somente a alguns países de acordo com suas particularidades – mudouse o sentido horizontal das tábuas do forro, que agora se dispõem verticalmente (para fazer com que a água da chuva corra melhor e não se concentre umidade nas juntas e ranhuras). Além disso, a sobreposição entre elas foi aumentada, o telhado de amianto foi substituído por pranchas de 2 Alberto Hurtado Cruchaga (1901 1952), advogado e sacerdote jesuíta chileno, é considerado uma das figuras religiosas latinoamericanas mais relevantes do século XX. Realizou estudos no colégio jesuíta San Ignacio de Santiago de Chile, posteriormente estudou direito na Universidade Católica, da mesma cidade. Após obter seu título como Doutor ingressou como noviço na ordem jesuíta. Em 1933 foi ordenado sacerdote. Como doutor em pedagogia do trabalho na universidade, no ano 1944 fundou o Hogar de Cristo, centro criado com o propósito de dar apoio aos desamparados, criou um sindicato católico, a Acción Sindical Chilena (ASICH), publicou vários livros e dirigiu a importante revista Mensaje, que se publica ainda hoje. Caracterizouse por realizar um forte trabalho social constante com jovens universitários. zinco/alumínio e se incorporou à técnica de encaixe (machofêmea) ao piso, o que possibilitou maior rigidez e isolamento do mesmo. Todas as substituições mencionadas acima foram feitas mantendo o uso de materiais baratos que permitiram a massificação. Por último, se incorporaram pilotis de madeira tratada que duram muito mais; e, em alguns países, foi dada a possibilidade dos proprietários escolherem janelas de madeira com ou sem vidro para suas casas, aumentouse a altura da casa para alcançar uma estética mais similar ao conceito de “casa” e se incluíram vigas sobre os pilotis, para conseguir maior estabilidade e isolamento do chão. A maioria das mudanças foi gerada por meio da experiência da construção, e vieram de moradores e universitários voluntários. 1. Objetivos da Casa de Emergência: Dar uma solução rápida a uma situação de emergência; Gerar um trabalho horizontal onde se possam reunir, através do trabalho físico, em igualdade de condições duas realidades diferentes, como a dos moradores de assentamentos e a dos estudantes universitários; Entregar um espaço melhor para as famílias, diminuindo problemas como a violência intrafamiliar, abusos sexuais, etc.; Outorgar uma maior independência, aumentar a privacidade e permitir a intimidade de casais; Fomentar o sentimento de propriedade pelo feito da própria família custear parte da casa. Este mesmo custo fomenta o cuidado com a casa; Denunciar uma realidade, colocar na agenda pública o tema do déficit habitacional e a exclusão que se concentra em assentamentos humanos; Meio utilizado como porta de entrada a uma relação de confiança com as famílias dos assentamentos, é o “Cavalo de Tróia” mediante o qual se criam os primeiros vínculos; Primeiro passo dentro de um processo integral de Habilitação Social; Nosso interesse não é só solucionar o problema da moradia e habitação, mas também o da pobreza, exclusão social, discriminação e desigualdade de oportunidades, por isso usamos uma Habitação de Emergência, que propõe uma continuidade do projeto, e não simplesmente uma moradia definitiva. 2. Justificativa: É uma solução rápida, concreta, prática e simples; É modular, desmontável e transportável, o que assegura a possibilidade de reutilizála caso seja necessária à mudança para outro lugar; Isola do frio e da chuva, diminuindo as doenças, especialmente entre as crianças e as pessoas idosas; É uma solução de emergência, não uma moradia definitiva; Não requer mãodeobra qualificada para sua construção; É o ícone do trabalho concreto que realiza o TETO, a forma gráfica de representálo; Ao ser de baixo custo, pode ser massificada e, assim responder a alta demanda existente; Sem assistencialismo, construímos um teto junto a uma família que vive em condições de extrema pobreza; É uma habitação com características comuns, o que a faz reconhecível como realizada pelo TETO em toda a América Latina. 2. Conceitos básicos que deve cumprir uma Casa de Emergência do TETO 1. Habitação de madeira Fácil armação, baixo custo, disponível no mercado. 2. Massiva A produção de peças, partes ou sistema da casa devem ser aptos para a massificação da solução, a diminuição dos tempos de construção, implementação e dos custos por economias de escala. 3. Modular Os painéis devem ser montados e desmontados com facilidade, e dessa forma ser reutilizados. 4. Transportável Os painéis préfabricados devem ser fáceis de transportar. 5. Fácil de construir Construída por moradores e voluntários, considerados como mãodeobra não qualificada. A casa deve ser montada em dois dias. 6. Baixo custo Que permita sua massificação. 7. Uniformidade do desenho Dimensão de 6,1 x 3 metros, uma porta e três janelas. Vista pelo maior lado, deve ter duas quedas d’água. 8. Durabilidade e níveis mínimos de qualidade Mesmo não sendo definitiva, exigemse esses aspectos mínimos que garantam um prazo para se seguir trabalhando. 12. A CONSTRUÇÃO 1. A escola A escola é mais do que o espaço onde os voluntários dormem durante as construções. Ela é a forma que usamos para nos organizar. Toda escola tem um grupo de voluntários experientes responsáveis pela construção, famílias já selecionadas e voluntários divididos em equipes. A escola se torna então uma unidade de pessoas envolvidas no projeto e na construção das casas de emergências. 2. Funções na escola Cada voluntário dentro de uma escola tem uma função que está dividida da seguinte maneira: Chefe de escola – Dois por escola são os responsáveis pela construção. Eles têm acompanhado todas as famílias durante toda preparação, conhecem bem as comunidades e a logística necessária para que tudo dê certo. Além disso, são responsáveis pelos voluntários, pelo bom andamento da construção e do tempo na escola e as atividades realizadas antes e depois do período de construção. Essas atividades servem para que nosso tempo juntos não seja só de trabalho físico, mas sim que possamos, de forma comunitária, nos aprofundar em temas referentes à pobreza extrema e à vida dessas famílias. Para fazer tudo isso, os chefes de escola contam com uma equipe formada por um coordenador de logística, monitores, intendentes e líderes de equipe. Coordenador de logística – É responsável por coordenar uma equipe de voluntários que distribuirá ferramentas e materiais para a construção das casas. É uma função fundamental para que as casas terminem no prazo previsto. Além disso, é responsável pelas atividades formativas dessa equipe. Monitores – São responsáveis pelo processo construtivo das casas. Os monitores conhecem bem os terrenos onde serão construídas as casas e são muito experientes em construções. Além de realizar a capacitação técnica dos voluntários, passam pelas casas tirando dúvidas e ajudando a construir. Devem participar das atividades formativas junto à equipe de logística. Intendentes – São responsáveis pelo espaço da escola. Fazem o café da manhã e jantar, distribuem a comida para as famílias fazerem o almoço, mantém a ordem e a limpeza da escola por meio de regras de uso do espaço e da coordenação de voluntários em tarefas. São extremamente importantes para manter um bom clima na escola, criando um ambiente confortável e formativo, auxiliando também os Chefes de Escola a realizar as atividades e a medir o clima da escola. Líderes de equipe – São os responsáveis pela equipe de voluntários que construirá a casa. Os líderes tem a função de conduzir a construção delegando tarefas e ensinando seus voluntários a construir. Devem criar e manter um bom relacionamento com as famílias, envolvendoos no processo construtivo. Também realizam as atividades formativas da escola junto a seus voluntários. Devem sempre dar o exemplo, acordando rapidamente, participando de todas as atividades, passando os princípios do Teto. Voluntários – São divididos em equipes e participam ativamente das atividades de construção e de formação. Durante a construção participam de todas as atividades, são incentivados a questionaremse a respeito de sua realidade, da realidade das famílias, da comunidade, de seu país de América Latina. Estão atentos à experiência e buscam tirar o maior proveito dela. São fundamentais para a construção, para a melhoria da qualidade de vida das famílias e para o desenvolvimento de nossa sociedade. 13. HABILITAÇÃO SOCIAL Por meio de diferentes planos de trabalho procurase gerar estratégias orientadas a diminuir a situação de vulnerabilidade que impede que muitas famílias possam sair da condição de extrema pobreza. Dessa forma, graças ao trabalho permanente de voluntários, desenvolvemos diferentes planos com o objetivo de fortalecer a comunidade, para que eles, a partir da sua própria realidade, possam sair adiante: • Plano de educação: realização de programas de nivelamento escolar, para crianças e jovens, e planos de alfabetização para adultos. • Capacitação em ofício: capacita os moradores da comunidade em distintos ofícios e ferramentas que aumentam sua produtividade incrementando suas possibilidades de geração de renda. • Plano de saúde: busca uma mudança nas famílias da comunidade atendida no sentido de que eles tenham um estilo de vida mais saudável. Além disso, pretende potencializar a prevenção e vinculálos com redes de apoio. • Plano de fomento produtivo (microcrédito): procura contribuir com o desenvolvimento de empreendimentos por meio de microcrédito e capacitações na formação de novos negócios. 14. PERSPECTIVAS DO TETO Como o TETO vê a pobreza? TETO está convencido de que a pobreza é uma condição superável e, portanto, pode ser superada. A pobreza é um problema de muitas dimensões, que vão muito além da dimensão econômica. Manifestase também na violação dos direitos fundamentais e da dignidade humana, na incapacidade de satisfazer as necessidades básicas, na limitação da liberdade, na falta de oportunidades, na exclusão dentro dos espaços de participação e decisão na vida civil, social, cultural e política. A pobreza é um problema prioritário que exige soluções em relação a todos os âmbitos citados e o envolvimento de toda a sociedade para ser superada. Por que o TETO trabalha em assentamentos precários? Porque é lá, nos assentamentos precários, onde se concentra a exclusão da sociedade. TETO define assentamentos precários como espaços que abrigam oito ou mais famílias que vivem em condições precárias de moradia, com posse irregular dos terrenos e carência de ao menos um dos serviços básicos. O que é ser voluntário do TETO? Um voluntário do TETO é aquele que se compromete com a realidade de seu país e que tem a convicção de que superar a pobreza é possível. Ser voluntário do TETO é trabalhar nos assentamentos precários, lado a lado com as pessoas que vivem em condições inaceitáveis; é sensibilizarse e ter empatia com a realidade do outro; é ter consciência das causas estruturais que produzem a pobreza e das atitudes que contribuem para mantêla; é atuar e mobilizarse para gerar soluções e mudanças reais. O voluntariado é um mecanismo de participação cidadã, que busca a mobilização e o envolvimento de jovens e de todos os atores da sociedade. 15. PERGUNTAS FREQUENTES Como chegamos às favelas em que vamos trabalhar? Sempre procuramos entrar em contato com as prefeituras dos municípios em que vamos trabalhar para que eles sugiram possíveis comunidades. Embora queiramos sempre trabalhar em conjunto com a prefeitura, a nossa meta é ter o nosso próprio banco de dados e conhecer em detalhes a realidade com que trabalhamos. Além disso, muitas vezes, os próprios moradores de lugares em que trabalhamos nos indicam novos lugares. Queremos sempre trabalhar com as famílias que mais precisem. Como são escolhidas as famílias? Elas são escolhidas por meio de uma enquete, que leva em consideração aspectos socioeconômicos como a renda familiar, a estrutura das famílias e o estado da casa em que moram. As enquetes são aplicadas por voluntários. Os terrenos em que vocês constroem são ilegais? Vocês não estão incentivando a invasão? Toda favela, por definição, é uma ocupação de terreno ilegal e/ou irregular. Mas não incentivamos a invasão, pois sempre construímos no terreno onde a família já mora. Além disso, nossa casa tem duas características importantes: ela é móvel e temporária, e tem como objetivo atender a uma necessidade urgente das famílias. Esta é só a primeira fase de um trabalho que visa, em conjunto com as famílias, criar uma comunidade sustentável. De onde vem o financiamento do trabalho da organização? De doações tanto de empresas como de pessoas físicas. O objetivo do TETO é envolver todos no combate da pobreza extrema no nosso país. Queremos que distintos setores, como jovens universitários, empresários, meios de comunicação, etc., participem da transformação positiva da sociedade em que vivemos. Mas a casa é de madeira? Isso é suficiente? A casa é feita de madeira justamente porque é uma solução emergencial. As famílias para quem construímos não podem esperar o tempo que uma solução permanente demanda. A realidade em que elas vivem é uma situação de emergência constante. Essa casa é o mínimo para que eles possam readquirir sua autoestima e começar a batalhar por uma melhor qualidade de vida e um melhor lugar para morar. A casa de emergência que construímos é só o primeiro passo do nosso trabalho em conjunto com as famílias e com toda a comunidade. Porque não é feito o banheiro? Esta é uma problemática que resolvemos na segunda e terceira fase do projeto por dois motivos importantes. Colocar um banheiro por si só não resolve o problema. Eles precisam de saneamento básico, o que por sua vez requer uma solução permanente e coletiva, que não deve ser desenvolvida sem o apoio do poder público. Porque trabalhar com voluntário universitário? Porque buscamos aproximar duas realidades diferentes: aqueles que têm mais oportunidades com os que têm menos. Isso é importante por duas razões: primeiro, porque queremos que os universitários — os futuros líderes do nosso país — tenham uma consciência social e conhecimento da realidade de seu país. Segundo, porque ao se aproximar desta outra realidade, percebem que as pessoas não são pobres, mas que sim vivem em uma situação de pobreza por falta de oportunidades, oportunidades que podem ser geradas exatamente pelo trabalho desse voluntário. Como a comunidade atua na construção? As famílias e vizinhos sempre ajudam na construção das casas de emergência. A ideia não é que cheguemos e entreguemos a casa e sim que eles participem em todo o processo de construção da casa. 16. MUDANÇA INSTITUCIONAL 1. Qual foi a mudança que aconteceu em Um Teto para meu País? Um Teto para meu País passou por um período de mudanças. De uma etapa de fundação, na qual a expansão, aprendizagem e adaptação foram fundamentais em uma primeira instância, a uma etapa de consolidação, na qual a gestão, o impacto e o desenvolvimento comunitário tem um papel principal no modelo de trabalho. Desde 2010, vem se trabalhando em um processo de mudança e reenfoque centrado em três eixos: modelo de intervenção, gestão social de projetos e estrutura organizacional, o que nos levou a uma reconfiguração da identidade e cultura organizacional do TETO. Essa mudança se reflete tanto na redefinição da visão, missão e novos enfoques do trabalho em assentamentos, até na mudança da imagem institucional. 2. Porque é necessário acompanhar a mudança institucional com a mudança da imagem? A mudança na imagem é necessária para criar uma correlação entre esta e as transformações vividas a nível organizacional. Nesse sentido, os teóricos* propõem que “um redesenho de identidade deve ter uma correlação visual, que confirme, certifique e reforce esta mudança”, e isso é o que buscamos com esta mudança de imagem. * “Comunicação Estratégica: viver em um mundo de sinais” de Tironi & Cavallo 3. Em que consiste a mudança de imagem institucional? Depois de um período de estudo e de diferentes provas, se concretizou a construção de uma nova marca. A nova imagem institucional mantém uma série de elementos de continuidade como: a cor (azul cian) e o nome, “TECHO”, o qual se definiu de forma natural, já que é assim que nos identificam e reconhecem de forma generalizada. A equipe do Brasil, junto a consultoria das agências Young&Rubicam e BursonMarsteller, concluiu que era essencial que a marca fosse em português, para que fizesse sentido para nosso principal públicoalvo: as famílias com quem trabalhamos. Dessa forma, o nome para o Brasil fica em português: TETO. Essa será uma exceção, de nome e logo (TETOTECHO), acordada apenas para o Brasil. Em eventos regionais e mundiais será utilizado no país o logo TECHOTETO. A nova marca busca gerar um posicionamento no qual a superação da pobreza em assentamentos é possível mediante o trabalho de seus moradores e jovens voluntários. A marca TETO possui atributos como: integrador, jovem, inovador, denunciante e global. Além disso, atua com uma personalidade jovem, valente, profissional e carismática. A nova identidade gráfica do TETO inclui um logotipo que representa uma casa/flecha, que pode ser interpretada como uma casa, um espaço de encontro, ou mesmo representar o crescimento e avanço que se pode concretizar por meio da promoção do desenvolvimento comunitário nas comunidades. 4. Que pesquisa foi feita para se determinar a mudança de imagem? Durante um ano realizamos um processo de 5 etapas, composto por uma investigação, um período de desenho, desenvolvimento de um posicionamento, construção e implementação deste – etapa em que nos encontramos atualmente. Em todo este processo fomos acompanhados por empresas com vasta experiência neste campo, como BursonMarsteller, Young&Rubicam e The Boston Consulting Group (BCG), que trabalharam com a informação passada pelos países e pelo Escritório Central. 5. O Chile se encontra na mudança de imagem? Sim, a partir de agora Um Teto para meu País e Um Teto para Chile serão uma só instituição e o Chile passa a ser uma região a mais dentro da estrutura do TETO, assim como a região do México & Caribe, Andina e Cone Sul & Brasil. Esta decisão se baseou em uma consultoria que está sendo realizada há mais de um ano pela BCG, agência experiente neste tipo de mudança organizacional. 6. TETO está pensando em se expandir para mais países e continentes? Em curto prazo estamos pensando em avaliar a viabilidade de nos expandirmos para Porto Rico e Cuba. Os primeiros avanços para a África ainda não tem data definida, mas estão previstos para um médio prazo. 7. O modelo de intervenção continuará sendo o mesmo? O modelo de intervenção passará por uma mudança de enfoque, na qual todas as atividades e planos que executamos apontarão para o fortalecimento e desenvolvimento comunitário. A partir da inserção nos assentamentos se estimulará a organização comunitária, promovendo a participação e corresponsabilidade dos moradores da comunidade. 8. Muda o modo de financiamento do projeto? Até agora, aproximadamente 80% do financiamento provêm do setor privado e, sob este novo enfoque, buscaremos diversificar as formas de financiamento do projeto, visando outras fontes como os indivíduos, a cooperação internacional, entre outras. Da mesma forma, buscaremos potencializar nossas relações com o setor privado, tentando gerar alianças muito mais integrais, que reflitam uma forte identificação dos parceiros com a visão e missão do TETO e que respondam aos objetivos das comunidades mais vulneráveis. 9. Mudam os acordos e compromissos feitos com as comunidades? Não, não mudam. Nosso compromisso com a comunidade se mantém e queremos continuar trabalhando em conjunto para atingir os objetivos que estabelecemos. Da mesma forma, procuraremos um novo enfoque na intervenção, no qual as atividades e planos que executamos nos assentamentos apontem para o fortalecimento do desenvolvimento comunitário, promovendo a participação e corresponsabilidade comunitárias. 10. Mudam os planos que são implantados nas comunidades? Os planos de trabalho devem responder as necessidades de cada comunidade, tendo como foco o fortalecimento das capacidades comunitárias, ou seja, os planos que já são desenvolvidos não mudam, se fortalecem e se ampliam (dependendo da capacidade local) através de novos desenhos e do trabalho com redes que possam contribuir com maior qualidade e integralidade para a melhora do bem estar comunitário. 17. VOLUNTARIADO PERMANENTE Os voluntários podem fazer parte da equipe permanente do TETO envolvendose na organização e preparativo de todas as atividades e desenvolvimento do projeto para seguir com seu objetivo. Após assistir a uma reunião de apresentação promovida pela equipe de Gestão Interna (Formação e Voluntariado), o voluntário escolhe uma área em que gostaria de trabalhar e então é encaminhado para uma reunião com o diretor da área. 18. AS ÁREAS Social – Miguel Angel Maldonado [email protected] Responsável pelo crescimento e desenvolvimento do projeto no Brasil. Gestão de equipe TETO Brasil. Coordenação área social: Formação e Voluntariado, Construções e Habilitação Social. Denúncia constante da realidade de extrema pobreza. Formação e Voluntariado Bruno Dias [email protected] Ciclo do voluntariado (planejamento, captação, inserção, acompanhamento, reconhecimento e saída de voluntários) Seleção e avaliação de staff Formação dos voluntários Gestão do relacionamento com faculdades, universidades e entidades estudantis Parceria e organização de atividades com colégios de ensino médio Investigação Social Habilitação Social – Luciano Biolé [email protected] Trabalho permanente nas comunidades para o desenvolvimento de projetos permanentes através do trabalho conjunto de moradores e voluntários Construções – Júlio Lima [email protected] Identificação das famílias mais necessitadas Construção de casas Garantia do processo técnico das construções Coordenação das áreas de Detecção e Designação, Logística e Métodos Construtivos. Detecção e Designação – Gabriel Figueiredo [email protected] Contato com comunidades Detecção das famílias que mais precisam. Designação das famílias que receberão a casa de emergência Coordenação de trabalho permanente em comunidades Logística – Marcela Soares [email protected] Qualidade do processo construtivo Fabricação e construção da casa Gerente Geral – Amory Gonzalez [email protected] Coordenação da área comercial: comunicação, administração & finanças, jurídico e recursos. Garantia da sustentabilidade financeira do TETO Garantia do posicionamento adequado da marca do TETO Denúncia comercial: transmitir metodologia e fazer denúncia da realidade que vemos no TETO para parceiros Recursos – Cinthia Long [email protected] Gestão de parcerias estratégicas e sustentáveis com a finalidade de captar recursos para construções planejadas e gastos fixos mensais Captação de recursos para situações de emergência Comunicação – Pedro Oliveira [email protected] Carol Hernandes [email protected] Imagem interna e externa da organização Relação com os Meios de Comunicação Identificação e preparação dos portavozes. Registro e avaliação das aparições (clipping). Introdução de temas na mídia (denúncia positiva) Imagem de eventos. Gestão de alianças (agência de publicidade, assessoria de imprensa, etc.). Pedro Oliveira – Diretor de Comunicação Empresas: estratégias de parcerias, contatos e agradecimentos (RP externo) Planejamento estratégico: prospecção de parcerias institucionais (agências, emissoras, editoras, etc.) Imprensa Digital Envio de emails oficiais Relatório Social (planificação – projeto editorial/Gantt) Carol Hernandes – Subdiretora de Comunicação Criação Audiovisual RP para voluntários (comunicação interna) Gráfica/Camisetas Apoio à FeV e DeD Gestão direta de voluntários da área Relatório Social (execução – projeto gráfico) Administração e Finanças – Adailton Silva [email protected] Zela pela correta aplicação dos recursos arrecadados pelo TETO Garantia da transparência financeira Jurídico – (em processo) [email protected] Responsável por todo tema jurídico do TETO Convênios e parcerias com empresas e outros parceiros Não é responsável por assistência jurídica às famílias 19. O ESCRITÓRIO O escritório fica localizado na Rua Artur Riedel, 99, Alto de Pinheiros (http://goo.gl/maps/nlfM) Como Chegar Metrô: Descer na Estação Vila Madalena e pegar um ônibus (874C10, 917H10 ou 84710) em direção à Rua Cerro Corá. Descer no ponto de ônibus na altura do No 594. Ônibus: Todas as linhas abaixo passam pelo ponto na Cerro Corá mencionado acima: 748F10, 748N10, 775N10, 828P10, 846M10, 847P10, 84741, 847P42, 874C10, 917H10, 728110, 728210, 804741. O escritório está dividido em quatro andares. O andar térreo é onde está localizada a sala dos diretores e a cozinha. O primeiro andar possui duas salas de reuniões e a sala de documentos. No primeiro subsolo há uma sala de reuniões e uma sala de trabalho. No segundo subsolo encontrase a Sala de Capacitações e trabalho. No escritório, a limpeza e a organização devem sempre ser mantidas, é uma responsabilidade permanente dos voluntários e diretores. Nós somos o Teto! Para tanto, algumas regras de convivência são importantes de serem mencionadas: fumar é permitido apenas no jardim do subsolo. Por favor, jogue as bitucas apagadas no lixo; a cozinha possui geladeira e microondas. Fique à vontade para utilizálos. É permitido comer somente na cozinha. Quem utiliza elementos da cozinha deve lavar. O escritório abre às 09h30 e deve fechar no máximo às 22h, desde que haja ao menos um diretor presente. Diretores devem trabalhar de calça e camisa ou camiseta do Teto. 20. CONTATO Meios de contato oficiais do TETO Site www.teto.org.br Facebook www.facebook.com/tetobra Twitter www.twitter.com/TETObra Email [email protected] [email protected] Telefones (+55 11) 23665053 /(+55 11) 36753287