A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA LATINA E AS MISSÕES JESUÍTICAS Os diferentes povos colonizadores empregaram diferentes formas de exploração econômica sobre os novos ecossistemas e sociedades aqui encontrados. Inicialmente, os grupos indígenas foram muito pressionados e forçados a servirem à Coroa. Tal procedimento gerou revolta e diminuição das populações nativas, dificultando sua submissão. Nesta fase, as nações católicas (Portugal e Espanha) apoiaram-se nos trabalhos dos padres jesuítas, que tinham como objetivo a submissão dos povos pré-colombianos pela expansão da fé cristã. O resultado deste trabalho foi a fundação das várias missões Jesuítico-Guaranis, o que garantiu um meio mais pacífico de dominação. As primeiras missões jesuíticas eram itinerantes, porém com o tempo estabeleceram-se em lugares fixos, trabalhando com os grupos indígenas de determinadas regiões. As primeiras missões religiosas estabeleceram-se no Brasil em 1556, com o padre provincial Manuel da Nóbrega. Entre 1609 e 1706, os missionários expandiram suas missões para as regiões que são atualmente o Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. São nestas regiões que ainda encontramos os remanescentes históricoculturais das reduções jesuíticas. A disputa pela posse das terras platinas entre Portugal e Espanha levou à assinatura de vários tratados e à conseqüente modificação dos territórios. Tal situação gerou a Guerra Guaranítica e assinalou o início da decadência das reduções jesuíticas e sua posterior expulsão dos territórios hispânico-americanos. O MODELO URBANISTA DAS REDUÇÕES MISSIONÁRIAS JESUÍTICAS Conforme Palácios e Zollofi, o modelo das reduções foi inspirado no sistema grecoromano. Os povoados eram constituídos por casas da mesma altura, cobertas por terra e palha, e por amplas praças e ruas. São poucos os sítios remanescentes das reduções jesuíticas no Brasil, e seu estado de conservação e preservação varia de um sítio a outro. Ao longo dos anos foram realizadas várias intervenções, incluindo estabilização das ruínas, trabalhos de conservação e restauração. Ruínas da igreja de São Miguel, de 1687. São Miguel das Missões (RJ) No século 17, as missões jesuíticas fundaram 30 povoados na América do Sul, na região onde hoje fazem fronteira o Brasil, a Argentina e o Paraguai. Sete povoados localizavam-se no atual território brasileiro, região oeste do Rio Grande do Sul. Hoje existem ruínas de apenas quatro: São Miguel, a antiga capital das missões, São Nicolau, São João Batista e São Lourenço. No século 18, Portugal e Espanha exigiram, por questões políticas, que as missões fossem abandonadas. Com a recusa dos jesuítas e dos índios guarani, teve início a Guerra Guaranítica. Os povoados foram dizimados. As ruínas de São Miguel são as mais bem preservadas. No passado, o local chegou a abrigar mais de 6 mil índios. O colégio e a igreja de São Miguel da Vila de Santos (1585-1759) A Igreja e o Colégio dos Jesuítas de Santos seguiam um padrão construtivo usado em todo o Brasil, e entre as duas edificações havia uma torre sineira, depois parcialmente demolida, motivo de não aparecer em toda a iconografia antiga do local. Este projeto, conta com uma pequena praça lateral ao colégio que é ligada ao antigo forte. É possível observar a inserção do edifício no entorno, e ao mesmo tempo apresenta a planta térrea dos compartimentos do antigo colégio agenciado à igreja em ruínas. A Igreja de Santa Rita, em Paraty (RJ) A igreja Santa Rita de Cássia, erguida pela Irmandade de Santa Rita dos Pardos Libertos, congregava "as cores pardas de Paraty" na vida e na morte. Em vida, os homens pardos participavam dos ofícios e das festas religiosas. Na morte, eram enterrados nas catacumbas do cemitério da Irmandade, ainda existente ao lado da igreja. Igreja de São Miguel Arcângelo (RS) A igreja, cujas ruínas são preservadas, foi construída somente algum tempo depois. Consta que a construção foi iniciada em 1735 e encerrada dez anos depois. A igreja, toda em estilo renascentista, possuía três naves com cinco altares dourados e cobertos de imagens de santos, em pedra e madeira, todas talhadas pelos próprios índios. Com 70 metros de comprimento e 30 de largura, tinha o seu teto, em telhas de barro, sustentado por vigas de madeira, completamente destruídas quando a igreja foi incendiada pelos próprios índios, ao fugirem, depois de 1750, com a aproximação dos exércitos português e espanhol encarregados de dar proteção às demarcações executadas durante a implementação do Tratado de Limites, assinado entre as duas coroas. Ainda restam alguns vestígios dessas vigas de madeira. Tanto essa igreja, como as de San Ignácio Mini (Argentina) e Trinidad (Paraguai), foram construídas com grandes blocos de pedras, alguns com até mil quilos, assentadas uma sobre a outra, graças a um recorte muito bem feito.