UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS VICTOR DIOGENES AMARAL DA SILVA CARACTERIZAÇÃO, ATRAVÉS DE MÉTODOS BIOQUÍMICOS E BIOFÍSICOS, DE DANOS MITOCONDRIAIS E VACUOLIZAÇÃO AUTOFÁGICA INDUZIDOS POR ALCALOIDES DA PROSOPIS JULIFLORA EM CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL SALVADOR 2012 ii VICTOR DIOGENES AMARAL DA SILVA CARACTERIZAÇÃO, ATRAVÉS DE MÉTODOS BIOQUÍMICOS E BIOFÍSICOS, DE DANOS MITOCONDRIAIS E VACUOLIZAÇÃO AUTOFÁGICA INDUZIDOS POR ALCALOIDES DA PROSOPIS JULIFLORA EM CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL Tese apresentada à Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia, como requisito para a obtenção do título de Doutor em Ciência Animal nos Trópicos. Orientadora: Profª. Dra. Silvia Lima Costa Co-orientador: Profº. Dr. Juan Segura-Aguilar SALVADOR 2012 iii FICHA CATALOGRÁFICA SILVA, Victor Diogenes Amaral da Caracterização, através de métodos bioquímicos e biofísicos, de danos mitocondriais e vacuolização autofágica induzidos por alcaloides da Prosopis juliflora em células do sistema nervoso central/ Victor Diogenes Amaral da Silva Salvador. 2012. (91)p. Orientador: Profa. Dra. Silvia Lima Costa. Tese (doutorado) – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, 2012. 1. Prosopis juliflora. 2. Alcaloides piperidínicos. 3. Neurônios. 4. Células gliais. 5. Mitocôndria. 6. Vacúolos Autofágicos I. Costa, Silvia Lima. II. Universidade Federal da Bahia. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. III. Título iv CARACTERIZAÇÃO, ATRAVÉS DE MÉTODOS BIOQUÍMICOS E BIOFÍSICOS, DE DANOS MITOCONDRIAIS E VACUOLIZAÇÃO AUTOFÁGICA INDUZIDOS POR ALCALOIDES DA PROSOPIS JULIFLORA EM CÉLULAS DO SISTEMA NERVOSO CENTRAL VICTOR DIOGENES AMARAL DA SILVA Tese defendida e aprovada para obtenção do grau de Doutor em Ciência Animal nos Trópicos Salvador, 01 de novembro de 2012. Comissão examinadora: Prof. Dr. José Antonio Menezes Filho Profa. Dra. Maria José Moreira Batatinha Profa. Dra. Camila Alexandrina Viana de Figueredo Prof. Dr. Juan Segura-Aguilar Profa. Dra. Silvia Lima Costa v A Fidelina Maria da Silva, minha avó falecida em 12 de outubro de 1992, analfabeta, como milhões de brasileiros ainda são, que com seis filhos e ainda dificuldades financeiras, não hesitava em acolher familiares e amigos do interior da Bahia, objetivando o crescimento educacional da família. vi AGRADECIMENTOS A Deus por ter me munido de assessores para que este trabalho fosse concluído. A Silvia Lima Costa, pelo estímulo incessante para que eu me tronasse um pesquisador. A nove anos atrás foi a responsável por minha inserção na pesquisa, e ainda é um modelo exemplar de pesquisadora a ser seguido. As maiores lições que aprendi com a minha orientadora foram a lealdade, coragem e perseverança, que sem dúvidas fazem muita diferença para aqueles que são pesquisadores. Não poderia deixar também de agradecê-la pelo fato dela ser uma excelente amiga, irmã e mãe, com características marcantes de leonina, o que a torna muito especial na forma de educar e proteger suas ¨crias¨. Coincidência ou não, sou filho de uma leonina, Dalva de Jesus do Amaral da Silva, que devo agradecer a bravura com que dedicou sua vida com muito amor e ainda hoje, junto a Nilo da Silva, meu querido pai contribui muito para cada conquista minha. A minha querida irmã, Daniela Amaral da Silva e seu noivo Jailton Andrade, que me auxiliaram em muitos momentos a solucionar problemas que surgiram durante o período de desenvolvimento deste trabalho. Ainda, ao suporte para equilíbrio emocional que Daniela me dá, diante de qualquer dificuldade. A terceira Leonina de grande importância para minha vida e esta tese, Cátia Suze Ribeiro, pelo amor e confiança, que geram sempre palavras de muito incentivo que me encorajaram nas tomadas de decisões durante o desenvolvimento deste trabalho. A Aroldo José Borges Carneiro, pelo auxilio na coleta de folhas da Prosopis juliflora, nos períodos iniciais dos estudos apresentados nesta Tese. Aos amigos, Bruno Pitanga e Gustavo Rodrigues, pelo apoio nos primeiros anos de construção desta tese. Ao Professor Eudes da Silva Velozo e a querida equipe do LAPEM, em especial a Railda, que me deu suporte técnico para extração dos alcaloides de folhas da Prosopis juliflora. Aos Professores Fátima Dias Costa e Ramon dos Santos El-Bachá, pela disposição a auxilio e incentivo a pesquisa no Laboratório de Neuroquímica e Biologia Celular. Aos queridos colegas e membros do Laboratório de Neuroquímica e Biologia Celular, em especial a Ravena Pereira do nascimento e Luã Tainã Costa Reis, aos quais eu confiei à posse das alícotas de alcaloides e continuaram as atividades no Brasil enquanto estive no Chile. E aos demais pelo companheirismo e amizade. Ao Professor Juan Segura-Aguilar, pelo convite, orientação e suporte em Doutorado Sanduíche no Laboratório de Neurofarmacologia Celular y Molecular, da Universidade do Chile. vii Aos colegas do Laboratório de Neurofarmacologia Celular y Molecular, da Universidade do Chile, em especial a Carlos Cuevas, Patricia Munoz, Monica Villa, Ulises Ahumada e Veronica Toro que me auxiliaram diretamente nos experimentos realizados durante estadia neste laboratório. E aos demais pelo companheirismo e amizade. Por fim aos familiares e amigos que me deram apoio durante todo o período de doutoramente, em especial aqueles que contribuíram para a minha estabilidade emocional durante estadia no exterior: Dulcinea Augusta de Jesus, Patrícia Silva Santos, Moises Vasconcelos Costa, Luciano Pereira, Ilana Coutinho de Alencar, Jean Cardozo, Till Hauswald, May-Lin Tay Morán, Pablo Seura, Lisis Hansen e toda a equipe do Centro de Estudios Espírita Buena Nueva. viii “"Deus nos concede, a cada dia, uma página de vida nova no livro do tempo. Aquilo que colocarmos nela, corre por nossa conta”. (Chico Xavier) ix SUMÁRIO LISTA DE ABREVIATÚRAS LISTA DE FIGURAS RESUMO SUMMARY 1. INTRODUÇÃO 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1. As plantas do gênero Prosopis 2.1.1. Prosopis juliflora x xii xiv xv 1 2 2 3 2.1.1.1 Introdução no Brasil 3 2.1.1.2. Uso da espécie e compostos bioativos 3 2.1.1.3. Intoxicações pelo consumo da Prosopis juliflora 6 2.2. Aspectos estruturais e funcionais dos principais componentes celulares do SNC 2.3. A ação de alcaloides da Prosopis juliflora no SNC 3. ARTIGO CIENTÍFICO I: Alcaloides piperidínicos da Prosopis juliflora induzem dano mitocondrial e vacuolização citoplasmática. 3.1. Introdução 3.2. Materiais e Métodos 3.3. Resultados 3.4. Discussão 3.5 Agradecimentos 3.6 Referencias 4. ARTIGO CIENTÍFICO II: Autofagia protege contra a morte celular induzida por alcaloides da Prosopis juliflora em co-cultura de neurônios/células da gliais. 4.1. Introdução 4.2. Materiais e Métodos 4.3. Resultados 4.4. Discussão 4.5 Agradecimentos 4.6 Referencias 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS 7. PRODUÇÃO BIBLIOGRÁFICA 8. ANEXOS 8 12 14 16 17 23 26 31 32 48 50 51 55 57 59 60 72 73 92 94 x LISTA DE ABREVIATURAS ATP – Adenosina Trifosfato DL50- Dose letal cinquenta (mata 50% dos indivíduos em teste de toxicidade). DMEM – Meio de Eagle modificado por Dulbecco. DMSO – Dimetilsulfóxido EC50– Efeito citotóxico cinquenta (mata 50% das células contidas na amostra). EDTA - Ácido etileno diamino tetracético ETA - Extrato alcaloidal de folhas da P. juliflora F29/30 - União da vigésima nona e trigésima fração alcaloidal, oriundas do ETA F31/33 - União da trigésima primeira e trigésima terceira fração alcaloidal, oriunda do ETA F32 - Trigésima segunda fração alcaloidal, oriunda do ETA F34/35 - União da trigésima quarta e trigésima quinta fração alcaloidal, oriunda do ETA GFAP – Proteína ácida fibrilar glial GL-15 – Linhagem de células originada de glioblastoma multifoeme humano. IFN - Interferon LDH – Lactato desidrogenase. MHC – Complexo maior de histocompatibilidade MTT - Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio xi NO - Óxido Nitrico PBS – Tampão fosfato salino RMN – Resonância magnética nuclear SFB – Soro fetal Bovino SNC – Sistema nervoso central TGF – Fator de crescimento tumoral xii LISTA DE FIGURAS ARTIGO CIENTÍFICO I Figura 1 – Estrutura química dos alcaloides piperidínicos juliprosina e juliprosopina, presentes na fração F32. 40 Figura 2 – Análise do efeito dos alcaloides de P. julifora sobre viabilidade dos neurônios e células gliais através do teste do MTT. 41 Figura 3 - Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia celular e indução de vacuolização de astrócitos em co-culturas de neurônios/células gliais através da coloração com o agente pancrônico de Rosenfeld. 42 Figura 4 - Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia de astrócitos e expressão GFAP em co-culturas de neurônios/células gliais. 43 Figura 5 – Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia de neurônios e expressão β-III-tubulina em co-culturas de neurônios/células gliais. 44 Figura 6 – Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na ativação da microglia em co-culturas de neurônios/células gliais após marcação imunocitoquímica da proteína OX-42 e coloração com Rosenfeld. 45 Figura 7 – Medida da produção de nitrito (NaNO2) no meio de cultura em condições de controle e após 24 h de tratamento com 1,5 - 3 µg/ml de ETA ou F32. 46 Figura 8 – Análise por microscopia eletrônica de transmissão de modificações ultraestruturais induzidas por alcaloides de P. juliflora em co-culturas de neurônios/células gliais. 47 ARTIGO CIENTÍFICO II Figura 1 - – Níveis de ATP por luminescência em condições controle (0.1% DMSO) ou na presença de 30 µg/mL ETA ou 7,5 µg/mL F32, for 12 h. *p<0.001. 66 xiii Figura 2 – Análise de alterações no potencial de membrana mitocondrial por coloração com JC-1 em co-cultura de neurônio/células gliais visualizada por microscopia confocal. 67 Figura 3 - Ativação de caspase-3 em co-culturas de neurônios/células gliais em condições controle (0.1% DMSO) ou tratadas durante 16 h com 30 µg/mL de ETA ou 7,5µg/mL de F32 foi determinada por análises de western blotting (A). 68 Figura 4 - Determinação de vesículas de autofagossomos em coculturas de neurônios/células gliais transfectadas com GFP-LC3. 69 Figura 5 – O efeito da inibição ou indução de autofagia em células expostas a 30 µg/mL de ETA (A) ou 7,5 µg/mL de F32 (B) por 24 h. 70 Figura 6 – Efeitos da inibição ou indução de autofagia na morfologia de neurônios e células gliais co-cultivados expostos a 30 µg/mL de ETA, 7,5 µg/mL de F32 ou condições controle durante 24h. 71 xiv SILVA, Victor Diogenes Amaral da. Caracterização, através de métodos bioquímicos e biofísicos, de danos mitocondriais e vacuolização autofágica induzidos por alcaloides da Prosopis juliflora em células do sistema nervoso central.. 2012. (91)p.Tese (Doutorado em Ciência Animal nos trópicos) - Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2012. RESUMO As vagens da Prosopis juliflora são muito utilizadas para consumo animal e humano. No entanto, a sua ingestão como base alimentar induz intoxicação em animais, que se caracteriza por alterações neuromusculares cujos mecanismos ainda não são bem esclarecidos. Nesta Tese são apresentados os resultados obtidos em estudos sobre a caracterização in vitro de lesões celulares e ultraestruturais antes vistas em animais intoxicados pelo consumo da P. juliflora e a investigação dos mecanismos de neurotoxicidade de alcaloides piperidínicos desta planta em modelo de co-culturas de neurônios/células gliais derivadas do córtex de ratos. Nos dois capítulos apresentados, as células gliais e neurônios foram expostos a alcaloides extraídos de folhas da P. juliflora testados na forma de extrato alcaloidal (ETA) e uma fração de alcaloide (F32). No primeiro estudo a F32 foi caracterizada por RMN como uma mistura dos alcaloides juliprosopina e juliprosina. ETA e F32 apresentaram atividade citotóxica e os valores de EC50 foram 31,07 µg/ml e 7,36 µg/ml, respectivamente. A exposição das células à concentrações subtóxicas induziu vacuolização, alterações fenotípicas e mudanças ultraestruturais, caracterizadas pela formação de vacúolos com dupla ou múltipla membranas e danos mitocondriais. Ainda, nas culturas expostas a doses subtóxicas foi observada microgliose. No segundo estudo foram utilizadas concentrações próximas à EC50 e foi demonstrado que ETA e F32 induziram redução nos níveis de ATP, perturbação do potencial de membrana mitocondrial e aumento significativo no número de células LC3-positivas após 12 h de exposição, aumento na ativação da caspase-3, após 16 h de exposição, e alteração drástica na morfologia de neurônios e de células gliais e um aumento significativo na morte celular após 24 horas de exposição. Curiosamente, pré-incubação com bafilomicina aumentou a morte celular e alterações morfológicas induzidas pelo ETA, e privação de soro fetal bovino reduziu a morte celular e alterações morfológicas induzidas por F32. Estes resultados sugerem que os alcaloides juliprosopina e juliprosina são os responsáveis primários pelos danos neurotóxicos observados em animais intoxicados pela P. juliflora e que o mecanismo de morte neuronal e glial induzida por estes envolve apoptose em resposta ao dano mitocondrial e inibição do fluxo da autofagia. Além disso, a autofagia parece ser um mecanismo importante de proteção contra a morte celular induzida por alcaloides da P. juliflora em co-cultura de neurônios/células gliais. Palavras-chave: Prosopis juliflora; alcaloides piperidínicos; neurônios; células gliais; mitocôndria; vacúolos autofágicos. xv SILVA, Victor Diogenes Amaral da. Characterization of mitochondrial damages and autophagic vacuolation induced by alkaloids of Prosopis juliflora in the central nervous system cells using biochemical and biophysical methods. 2012. (91)p. Thesis (Ph.D., Animal Science in the Tropics) - School of Veterinary Medicine and Zootechny, Federal University of Bahia, Salvador, 2012. SUMMARY Prosopis juliflora pods is largely used for animal and human consumption. However, ingestion as sole substance has been shown to induce intoxication in animals, which is characterized by neuromuscular alterations induced by mechanisms that are not yet well understood. In this thesis we present the results obtained in two in vitro studies conducted for characterization of cellular and ultrastructural damages observed in intoxicated animals after P. juliflora consumption, and mechanisms of neurotoxicity induced by alkaloids from this plant, using as a model cortical neurons/glial cells co-cultures derived from rats. Cells were exposed to a total alkaloidal (TAE) extract from leaves of P. juliflora and an alkaloidal fraction (F32). In the first study F32 was characterized by NMR as a mixture of two piperidine alkaloids juliprosopine and juliprosine. TAE and F32 were cytotoxic and the EC50 values were 31.07 µg/mL and 7.36 µg/mL, respectively. Exposure to sub-toxic concentration induced vacuolation and phenotypic and ultra-structural changes, characterized by formation of double or multi membrane vacuoles and mitochondrial damage. Even in cultures exposed to sub-toxic doses microgliosis was also observed. In the second study, conducted with TAE and F32 doses near the EC50 concentrations, we found that both TAE and F32 induced reduction in ATP levels, disruption of mitochondrial membrane potential and a significant increase in the number of autophagosome LC3 positives cells after 12 h exposure, and caspase-3 activation, a marker of apoptosis after 16 h exposure, dramatic change on neuron and glial cells morphology and significant cell death after 24 h. Interestingly pre-incubation with bafilomycin, an inhibitor of autophagy, increased the cell death and morphologic changes induced by TAE, and serum deprivation reduced the cell death and morphologic changes induced by F32. These results suggest that juliprosopina and juliprosina alkaloids are primarily responsible for the neurotoxic damage observed in animals intoxicated by P. juliflora and that the mechanism of neuronal and glial cell death induced by these involves apoptosis in response to mitochondrial damage and inhibition of the autophagic flux. Furthermore, autophagy appears to be an important mechanism of protection against cell death induced by alkaloids of P. juliflora in co-culture of neuronal/glial cells. Palavras-chave: Prosopis juliflora; piperidine alkaloids; neurons; glial cells; mitochondria; autophagic vacuoles. 1. INTRODUCAO GERAL Prosopis juliflora Sw. DC (algaroba) é um arbusto que foi introduzido no nordeste do Brasil em 1940 (SPA, 1989). As vagens desta planta são ricas em carboidratos e proteínas e têm sido uma fonte importante de alimento para humanos e animais (CHOGE et al., 2007; SILVA et al., 2002a; SILVA et al., 2002b; STEIN et al., 2005; PINHEIRO et al., 1986; ROSSI et al., 2009). No entanto, o consumo destas vagens provoca uma enfermidade quando é a única fonte de alimento para o animal (BACA et al, 1967; DOLLAHITE & ANTHONY, 1957). A enfermidade induzida por esta planta em animais é denominada ''Cara torta" e caracteriza-se por emagrecimento, alterações neuromusculares (incluindo atrofia muscular dos masseteres), e lesões histológicas tais como espongiose, gliose, a perda da substância de Nissl e vacuolização do pericário de neurônios do núcleo motor do nervo trigêmeo (FIGUEIREDO et al., 1995, TABOSA et al., 2000a). Extratos de vagens e folhas de algaroba têm demonstrado possuir várias propriedades farmacológicas, atribuídas especialmente aos alcaloides piperidínicos presentes em diversas partes desta planta (KANTHASAMY et al, 1989; CÁ-CERES et al, 1995;. AL-SHAKH-HAMED & AL-JAMMAS, 1999; SATISH et al, 1999; KANTHASAMY et al, 1989; KAUSHIK et al, 2002; CHOUDHARY et al. 2005; BATATINHA et al., 2011). Estudos in vitro demonstraram que os alcaloides presentes nas vagens e folhas da P. juliflora têm ação direta sobre células gliais gerando efeitos tóxicos e inflamatórios e ainda sugerem que alcaloides que compõem uma fração (F32) obtida por cromatografia do extrato total de alcaloides – ETA são os que apresentam maior potencial biológico (HUGHES et al, 2006; SILVA et al, 2007). No entanto ainda não se sabe quais os alcaloides presentes na fração F32 e ainda se estes são capazes de induzir in vitro aquelas lesões neurohistológicas e ultraestruturais visualizadas em animais intoxicados pelo consumo da P. juliflora (TABOSA et al, 2000a; TABOSA et al, 2006;. CÂMARA et al, 2009). Assim, nesta Tese são apresentados os resultados obtidos em estudos sobre a caracterização in vitro de lesões celulares e ultraestruturais antes vistas em animais intoxicados pelo consumo da P. juliflora e na investigação dos mecanismos 1 de neurotoxicidade de alcaloides piperidínicos desta planta visando contribuir para elucidar os impactos neurológicos observados em animais intoxicados e definir aspectos da toxicologia dos alcaloides piperidínicos. 2. REVISAO DE LITERATURA 2.1. As plantas do gênero Prosopis Plantas do gênero Prosopis, família Fabaceae (Leguminosae) e subfamília Mimosoideae, conhecidas por diversos nomes vulgares dentre eles a Algaroba e Mesquita são árvores ou arbustos com variados tamanhos, raramente sub-arbustos e predominantemente xerófilos, aculeados, espinhosos ou raramente armados (Anexo 2) . As folhas são bipinadas, comumente com poucos pares de pinas opostas; folíolos pequenos, numerosos, geralmente opostos, lineares, oblongos, fusiformes, raramente grandes, da mesma cor em ambos os lados. Os frutos são lomentos drupáceos, lineares, retos, falcados, anulares para espiralados; mesocarpo carnudo, acurado ou fibroso; endocarpo dividido em compartimentos para uma semente, segmentos coriáceos para lenhosos, fechados ou às vezes de fácil abertura, longitudinais ou raramente seriados e transversos, com sementes ovóides, achatadas com linha fissural nas faces, duras, amarronzadas, com endosperma mucilaginoso circundando o embrião; cotilédones achatados, arredondados, epígenos na germinação. As flores são pequenas, actinomorfas, hermafroditas, de coloração branco-esverdeada, amarelada com a idade, polinizada por insetos (BURKART, 1976; GARIBALDI, 2001). Este gênero possivelmente originou-se na África Tropical, onde a P. africana é a última espécie natural que ainda existe. Seguindo a teoria de que os continentes eram ligados, os ancestrais das espécies americanas migraram da África para a América e originaram dois polos de evolução: um na região México-Texana e outro na região Argentina-Paraguai-Chile. Muitos fatores indicam que, na América, o centro principal de dispersão de Prosopis é a Argentina (BURKART, 1976). Atualmente este gênero compreende 44 espécies distribuídas por toda a Ásia 2 Ocidental, África e regiões áridas e semi-áridas das Américas, desde o sudoeste dos Estados Unidos a região central do Chile e Argentina (SILVA et al., 1986a). Burkart (1976) classificou o gênero Prosopis em cinco seções com base em diferenças morfológicas observadas em distintos lugares, duas delas da África e da Ásia: Prosopis e Anonychium; e três delas ocupando as Américas: Monilicarpa, Strombocarpa e Algarobia, sendo esta última subdividida em cinco séries: Pallidae, Humildes, Denundantes, Sericanthae e Chilenses, a qual faz parte a espécie Prosopis juliflora. No entanto, estudos recentes de caracterização taxonômica usando técnicas de biologia molecular, sugerem a necessidade de reclassificação das espécies dentro das diferentes séries da seção Algarobia, por existirem espécies nesta seção que não são geneticamente relacionadas (SHERRY et al., 2011). 2.1.1. Prosopis juliflora 2.1.1.1 Introdução no Brasil Esta espécie, atualmente, pode ser encontrada em todo o Nordeste e em outras regiões do Brasil, com as maiores concentrações nos Estados de Pernambuco (PE), Rio Grande do Norte, Minas Gerais e Paraíba (SILVA et al., 1986a). Estudos de Lima & Silva (1991) demonstram que também há a presença da P. affinis em Serra Talhada - PE e sugerem que o lote de sementes de P. juliflora introduzida em 1942, continha mistura de sementes de P. affinis, ou sementes de material híbrido das duas espécies. A primeira introdução da P. juliflora no Nordeste Brasileiro ocorreu com sementes procedentes do Peru (AZEVEDO, 1961; GOMES, 2007). Duas introduções adicionais foram feitas em Angicos, Rio Grande do Norte: em 1947, com sementes do Peru e, em 1948, com sementes oriundas do Sudão (AZEVEDO, 1955). A partir daí, sua expansão para os demais estados da federação ocorreu através da regeneração natural e plantios. 2.1.1.2. Uso da espécie e compostos bioativos O Brasil apresenta uma região caracterizada como semi árido que possui precipitação pluviométrica média anual inferior a 800 milímetros, índice de aridez de até 0,5 calculado pelo balanço hídrico que relaciona as precipitações e a 3 evapotranspiração potencial no período entre 1961 e 1990, e risco de seca maior que 60%, tomando-se por base o período entre 1970 e 1990. Esta região engloba os Estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, abrangendo um total de 1.133 municípios (PEREIRA JR., 2007). No entanto, em 2012 os índices pluviométricos nesta região foram tão baixos que, de acordo com o Ministério da Integração Nacional, 8,3 milhões de brasileiros de 1.187 municípios foram afetados pela seca durante este ano (MIN, 2012). Em geral esta região apresenta uma vegetação denominada Caatinga, que se caracteriza por uma baixa produtividade e pequena diversidade de espécies em relação à floresta tropical úmida. A Caatinga se desenvolve em condições adversas, como solos rasos, pedregosos ou arenosos, com pH neutro ou próximo de 7, pobre em material orgânico e rico em sais minerais solúveis, especialmente cálcio e potássio (MENDES, 1986a). Apesar destas condições adversas a algaroba é capaz de se desenvolver plenamente, passando então a servir como recurso alternativo para esta região pela sua alta resistência e adaptabilidade (MENDES, 1986b; SANTOS & TERTULIANO, 1998; PEGADO et al., 2006). Outro fator que tornou a algaroba extremamente importante para o nordeste brasileiro foi o seu potencial em produzir vagens com alta palatabilidade e valor nutricional, e que fizeram da planta uma fonte geradora de alimentos para o homem e para os animais desta região (SILVA et al., 2008; MENDES, 1986b). Além das vagens, as folhas também são usadas na alimentação animal. Juntas geram uma capacidade produtiva de ração de 20 a 40 toneladas por hectare por ano (SILVA, 1986b; GARIBALDI, 2001). Sabe-se que 100g da farinha de vagens possui 10 g de água, 25 g de proteínas, 5,2 g de gorduras, 36,5 g de carboidratos, 20 g de fibra bruta e 3,3 g de sais minerais. Os altos níveis de carboidratos fazem com que as vagens apresentem sabor adocicado, e também torna possível a produção de álcool etílico a partir delas (SILVA et al., 2003). Os níveis de macronutrientes em folhas novas e em folhas velhas são respectivamente: N 2,59-1,90%; P 0,23-0,14%; K 1,93-2,04%; Ca 0,450,64%; Mg 0,49-0,63%; S 0,20-0,21% (HAAG et al., 1986). 4 Desta forma têm-se sugerido a utilização das vagens da P. juliflora como suplemento ou parte integrante de rações na alimentação animal, objetivando-se a substituição do milho ou de outra fonte de energia e proteínas nas dietas de codornas (SILVA et al., 2002a), galinhas poedeiras (SILVA et al., 2002b) eqüinos (STEIN et al., 2005), suínos (PINHEIRO et al., 1986), ruminantes (BARROS e QUEIROZ FILHO, 1982; RAVIKALA et al., 1995; MAHGOUB et al., 2005) e peixes (BASTOS & FAÇANHA, 1985). As espécies do gênero Prosopis têm sido uma fonte histórica de alimentos para as populações humanas na América do Norte e América do Sul, pelos povos indígenas, e ainda hoje as vagens e farinhas oriundas destas têm sido usadas para o consumo humano como pães, biscoitos, geléias, doces e ainda para a produção de água ardente e bebida substituta do café (SILVA, 1986b; VIEIRA et al, 1995; SILVA et al., 2003; CHOGE et al, 2007). Moléculas com potencial bioativo isoladas da P. juliflora incluem esteróides, alcaloides, cumarinas, flavonóides, sesquiterpenos, ácido esteárico, proteínas do pólen de ação alergênica e das sementes com ação inibidora de proteinases (OLIVEIRA et al., 2002; KILLIAN & MCMICHAEL, 2004; ALMARAZ-ABARCA et al., 2007). Os principais alcaloides piperidínicos já caracterizados em diferentes partes da P. juliflora são a juliprosopina (juliflorina); juliprosina, juliprosineno, julifloridina, julifloricina, juliflorinina. A comparação da estrutura proposta para a juliprosopina, com base nos dados espectrométricos da juliflorina, revelou que os dois alcaloides são idênticos, por isso passaram a ser considerados sinônimos (AHMAD et al., 1986). Ahmad & Mohammad (1979) buscaram elucidar a estrutura da juliprosopina (C40H75N3O2) encontrando este composto também na P. glandulosa. Este mesmo alcaloide (OTT-LONGONI et al., 1980) e a juliprosina (C40H72N3O2) (DAETWYLER et al., 1981) foram isoladas das folhas da P. juliflora, obtidas como uma resina incolor e um óleo, respectivamente. Ahmad et al. (1985) e Aqeel Ahmad et al. (1989) concluíram, através de dados espectrométricos, que a juliprosopina e a julifloricina são alcaloides isômeros. A estruturas dos alcaloides juliprosinina (C40H70N3O2) e juliflorinina (C40H75N3O2), que possui a mesma configuração da juliflorina 5 (juliprosopina) foram determinadas por Ahmad e colaboradores, em 1989 e os compostos caracterizados como um sal clorado, obtidos como uma resina. Os alcaloides piperidinicos da P. juliflora têm a sua estrutura composta por dois anéis de piperidínicos, que são ligados a um anel indolizidínico através de duas cadeias alifáticas (AHMAD & MOHAMMAD et al, 1979;. AHMAD et al, 1985;. AHMAD et al, 1986b,. AHMAD et al., 1989). Os alcaloides biologicamente ativos juliprosina e juliprosopina apresentam grupos funcionais químicos (carbonilas e hidroxilas) em carbonos 3 e 3' dos anéis de piperidínicos ou no carbono 3''' do anel indolizidínico, respectivamente (NAKANO et al, 2004.; CHOUDHARY et al, 2005). Diversas propriedades farmacológicas têm sido demonstradas para compostos obtidos de folhas e frutos da P. juliflora tais como ação anti-bacteriana (AQEEL AHMAD et al, 1989a; AQEEL AHMAD et al, 1986; AQEEL AHMAD et al, 1995, KANTHASAMY et al, 1989; CÁ-CERES et al, 1995; SATISH et al, 1999; LAKSHMI et al., 2010), antifúngica (AQEEL AHMAD et al, 1989b; KANTHASAMY et al, 1989, KAUSHIK et al, 2002), estimulante do sistema imunitário (AQEEL AHMAD et al. 1992), e os inibidores da acetilcolinesterase, inibidora da butirilcolinesterase com atividade de bloqueio de canais de Ca2+ (CHOUDHARY et al. 2005), e antihelmíntica (BATATINHA et al., 2011). Estas propriedades têm sido atribuídas aos alcaloides piperidinicos existentes nas diversas partes desta planta (AQEEL AHMAD et al., 1989; TABOSA et al., 2000a). 2.1.1.3. Intoxicações pelo consumo da Prosopis juliflora Desde a década de 50, esta planta tem sido descrita como causadora de intoxicação em animais nos EUA (DOLLAHITE & ANTHONY, 1957), Peru (BACA et. al., 1967). Mais tarde, no Brasil a doença em bovinos, provocada pela sua ingestão, veio a ser chamada de doença da cara torta, caracterizada por edema, alterações neuromusculares, incluindo atrofia do masseter e lesões histológicas como espongiose, gliose, perda de substância de Nills e vacuolização de neurônio de núcleo de nervo cranial (FIGUEIREDO et al, 1995). Em caprinos, TABOSA et al. (2000a) demonstraram toxicidade para animais após ingestão crônica de uma dieta composta de 60 a 90% de matéria seca de 6 vagens de P. juliflora. Os animais apresentaram sinais clínicos semelhantes àqueles que foram previamente observados na intoxicação de bovinos pelo consumo de vagens (FIGUEIREDO et al., 1995) e na microscopia, foram observadas lesões histológicas caracterizadas por vacuolização dos neurônios do núcleo oculomotor do nervo trigeminal, degeneração walleriana dos nervos mandibulares e trigeminais e atrofia muscular por degeneração de nervos periféricos. A intoxicação experimental em bovinos com dieta crônica de alta porção de vagens (> 50%) evidenciou além dos sinais clínicos e alterações histológicas previamente evidenciadas, que estes animais apresentavam em neurônios do núcleo trigeminal, mitocôndrias com cristas dispersas perifericamente e desintegradas. Casos de intoxicações espontâneas são atualmente relatados em região do semi-árido brasileiro, em bovinos que pastejaram áreas invadidas pela Prosopis juliflora ou que ingeriram as vagens como alimento concentrado (CÂMARA et al., 2009). Até então, pouco se sabe sobre os principios ativos presentes nas vagens desta planta, mas alguns estudos foram pioneiros em apontar os alcaloides piperidínicos como potencialmente tóxicos (AQUEEL AHMAD et al., 1991; BATATINHA, 1997). Estudos de toxicidade em camundongos realizados por Tabosa e colaboradores (2000b) sugerem que o efeito tóxico das vagens da algaroba esta relacionado a uma ação sinérgica em uma fração da vagem (FAT) contendo os alcaloides juliprosopina, juliprosina e juliprosineno. Estes pesquisadores chegaram a tal reflexão ao compararem a DL50 da FAT (10,3 mg/Kg) com a DL50 do alcaloide juliprosopina isolado (20,8 mg/Kg). A ação sinérgica de alcaloides piperidínicos de vagens da P. juliflora, também foi demonstrada em culturas celulares por Batatinha (1997). O extrato metanólico de vagens, a fração alcaloidal, bem como dois alcaloides isolados (juliprosopina e juliprosina) foram testados quanto a sua citotoxicidade em culturas de tumor epitelial humano (HeLa), tumor hepático (HepG2) e em dois modelos de fibroblastos: cultura primária de fibroblasto epitelial humano (F26) e linhagem de tumor sinovial (F57). Neste estudo foi verificado que todas as culturas sofreram lesão em membrana células, como efeito citotóxico. Evidenciando que houve lesão de membrana em mais de 90% das células tratadas com 3mg/mL do um extrato 7 metanólico, 3 a 300 µg/mL da uma fração alcaloidal ou 30 µg/mL dos alcaloides juliprosina e juliprosopina, isolados. 2.2. Aspectos estruturais e funcionais dos principais componentes celulares do SNC O sistema nervoso central (SNC) é constituído de neurônio, unidade sinalizadora; e de um conjunto polivalente de células chamado de neuroglia ou glia (LENT, 2005). As células da glia dispõem-se circundando o corpo celular, axônio e dendritos dos neurônios para interagir extensivamente, influenciando suas atividades. Também estão envolvidas na detoxificação e manutenção da homeostasia (FIELD & STEVENS-GRAHAM, 2002; LENT, 2005). Como unidade fundamental do SNC, o neurônio é capaz de receber, processar e enviar informações, e para tanto apresenta a particularidade de apresentar processos polarizados especializados denominados de neuritos (axônios e dendritos) capazes de propagar potenciais de ação, fazer junções sinápticas com outros neurônios e células, formando locais de liberação para neurotransmissores estocados em vesículas membranosas (MOREST & SILVER, 2003; LENT, 2005). O citoesqueleto dos neurônios é constituído por duas estruturas principais: os microtúbulos, presentes no corpo celular, alongado para os axônios e dendritos; e os neurofilamentos, que são componentes constantes dos axônios, apresentando-se raramente em dendritos (MACHADO & FIGUEREDO, 1996; SIEGEL et al., 1999). Dentre os fatores que podem influenciar a composição proteica dos prolongamentos neuronais, destaca-se o ambiente em que o mesmo está situado. Isso foi comprovado por Sonderegger et al. (1985), que revelaram diferença em doze proteínas componentes dos axônios, comparando neurônios cultivados na presença de outras células do sistema nervoso central e periférico. Assim como os constituintes proteicos do citoesqueleto são influenciados pelo meio em que o neurônio se encontra, a quantidade e tamanho dos neuritos também podem sofrer alterações. Isso foi demonstrado in vitro por WANG & CYNADER (1999), que comparando culturas de neurônios cultivadas sobre diferentes matrizes, evidenciaram a importância das células gliais para constituição de um ambiente que melhor proporciona o desenvolvimento e a sobrevida de neurônios. 8 As células gliais podem ser divididas em duas grandes classes: a macroglia e a microglia. A macroglia, de origem embrionária neuroepitelial, inclui os oligodendrócitos e os astrócitos. Os oligodendrócitos são responsáveis pela mielinização dos axônios neuronais, com o intuito de promover a condução saltatória do potencial de ação, impedindo que o impulso elétrico alastre-se para outras células que não sejam o alvo, possibilitando assim maior eficiência e rapidez na condução do impulso nervoso (KRIEGSTEIN & GÖTZ, 2003; LENT, 2005). Outras propriedades biológicas têm sido atribuídas aos oligodendrócitos tais como a atividade imunoefetora, pelo fato destas células expressarem moléculas de MHC classe I e II em suas membranas plasmáticas (SIEGEL et al., 1999), e mais recentemente a participação da nutrição de neurônios juntamente com os astrócitos foi demonstrada (FÜNFSCHILLING et al., 2012). Os astrócitos, assim denominados pela morfologia estrelada, constituem a população mais numerosa do sistema nervoso central (COMBES et al., 2012). São fundamentais para a captação de nutrientes e de oxigênio do sangue para os neurônios, para a manutenção da homeostasia do SNC, compõem o arcabouço tecidual que fornece sustentação ao SNC e participam ainda dos mecanismos de defesa imunitária do tecido nervoso e dos fenômenos de detoxificação cerebral (TARDY, 1991; LENT, 2005; TARDY, 2002). Estas células participam do processo de eliminação de espécies reativas de oxigênio, predominantemente pela ação das enzimas catalase e glutationa peroxidase (DRINGEN et al., 2005) e através de moléculas receptoras nos pedículos das extremidades dos prolongamentos astrocitários, rodeiam as sinapses centrais, para detoxificar o excedente de neurotransmissores acumulados nas fendas sinápticas, tais como o ácido gamaaminobutírico (GABA) e o glutamato, que são metabolizados em glutamina. Este aminoácido, por sua vez, pode ser disponibilizado para os neurônios e utilizado para reformulação de neurotransmissores (CAJAL, 1995; KIRCHHOFF et al., 2001; NAKASE & NAUS, 2004). Anteriormente achava-se que esta seria a única participação dos astrócitos nas sinapses, atualmente têm sido propostas comunicações diretas entre astrócitos e neurônios com o desenvolvimento do conceito de gliotransmissores, que se refere à capacidade de os astrócitos para libertar vários transmissores, tais como adenosina trifosfato (ATP), glutamato, Dserina, e GABA na vizinhança das sinapses (ACHOUR & PASCUAL, 2012). Os 9 astrócitos também representam o componente principal da Barreira Hematoencefálica gerando através dos chamados pés astrocitários (processos citoplasmáticos) contato direto com as células endoteliais, importante para a defesa contra agentes infecciosos (COMBES et al., 2012). Sendo também células apresentadoras de antígeno, os astrócitos são capazes de exteriorizar em suas membranas, antígenos e provocar uma resposta imunológica contra agentes patogênicos (SIEGEL et al., 1999). Estudos têm revelado que os astrócitos representam uma população celular capaz de reagir a insultos químicos, constituindo um bom modelo de estudo para neurotoxicidade de diversos agentes (COOKSON et al., 1994), dentre eles o ácido caínico, cloreto de mercúrio, cloreto de alumínio, tolueno, etanol, dibutiril-cAMP, trimetilestanho e aos próprios alcaloides de piperidinicos (RATABOUL et al., 1989; COOKSON E PENTREATH, 1994; MEAD PENTREATH, 1998; HARRY et al.; 2002; HUGHES et al, 2006; SILVA et al, 2007). Ainda, estudos têm revelado que os astrócitos são a primeira linha de defesa contra xenobióticos e expressam níveis elevados tanto de enzimas do metabolismo de fase I de drogas, o sistema citocromo P450 (MEYER et al., 2007), que pode estar relacionado com a metabolização de alcaloides no SNC (Para revisão ver PITANGA et al., 2012), quanto enzimas de fase II do metabolismo de drogas, como as isoformas µ e π da glutationa-S-transferase que podem estar associadas a mecanismos de resistência à fármacos que atuam no SNC (SHANG et al., 2008). A microglia, de origem embrionária hematopoiética, é composta por células consideradas imuno-efetoras, as quais apresentam atividade fagocítica semelhante à dos macrófagos (KANDEL, 2000) e que, portanto, realizam no SNC funções similares àquelas desempenhadas pelos macrófagos em outros órgãos, incluindo fagocitose, indução à inflamação e apresentação de antígenos, constituindo, dessa maneira a primeira linha de defesa contra patógenos invasores (ALOISI, 2001; CHANG et al., 2009). Estas células tanto podem facilitar a sobrevivência dos neurônios, pela secreção de substâncias neurotróficas e ativação de astrócitos, até mesmo pela modulação de enzimas astrogliais envolvidas no estresse oxidativo para aumentar a resistência destas células à tais condições (GIULIAN et al., 1994; ROOHL et al., 2008). 10 Por outro lado as células microgliais também podem estar associadas a doenças neurodegenerativas como mal de Alzheimer, doença de Parkinson, esclerose múltipla e demência associada a AIDS (DICKSON et al., 1993). Quando ativada a microglia libera moléculas inflamatórias que podem por sua vez ativar astrócitos dentro de minutos e que pode resultar em aumento da liberação de gliotransmissores, representando assim um passo importante na sequência inicial de acontecimentos que contribuem para a hiperexcitabilidade, excitotoxicidade, neurodegeneração e danos cerebrais (AGULHON et al., 2012). As células microgliais assumem várias aparências morfológicas que podem ser correlacionadas a estágios funcionais distintos de repouso e ativação. A ativação da microglia tem sido caracterizada pela modificação da morfologia, passando de uma forma ramificada (em repouso) para uma forma amebóide (ativada). Esta ativação também é caracterizada pelo aumento da expressão de moléculas do sistema principal de histocompatibilidade (MHC classe I e classe II), e de outras moléculas de membrana como CD11B (receptor do fator 3 do sistema complemento – OX-42), de forma que a imunomarcação destes receptores nos permite detectar a ativação de microglia (GEHRMANN et al., 1995; BUTOVSKY et al., 2007). Além da mudança morfológica, a ativação microglial altera seu comportamento proliferativo e migratório, como também a produção de citocinas, tais como IL-1, IL-6, TNF-α, IFN-3 e TGF-β (GEHRMANN et al., 1995) e produção de fatores neurotóxicos, como óxido nítrico (NO), que representa uma espécie reativa de oxigênio que medeia uma variedade de funções biológicas, incluindo homeostasia vascular e neurotransmissão, mas que pode se combinar com o superóxido, produzindo peroxinitrito altamente reativo (ABBAS et al., 2003; MANNING et al., 2001; DAWSON & SNYDER 1994; SILVA et al., 2007; SILVA et al., 2008). 2.3. A ação de alcaloides da Prosopis juliflora no SNC Testes com administração via oral de 62,5 mg/kg da fração de alcaloides totais de vagens em camundongos demonstraram que os alcaloides da P. juliflora apresentam atividade no SNC por indução de alterações comportamentais sugestivas de um possível efeito ansiogênico (QUINTANS-JÚNIOR et al., 2004). 11 Por outro lado, estudos in vitro têm demonstrado que alcaloides, presentes nas vagens e folhas da P. juliflora apresentam ação direta em células do SNC. Dentre eles destaca-se o estudo de Hughes et al. (2005), que revelou a ação citotóxica dos mesmos, em células tumorais de origem glial humanas, da linhagem GL-15, a partir de 24 horas de exposição a um extrato de alcaloides obtido de vagens de P. juliflora, desde a concentração de 0,03 µg/mL. Este efeito foi evidenciado pela redução dose-dependente da atividade mitocondrial e lesão de membrana celular, com aumento da atividade da enzima lactato desidrogenase (LDH), que é essencialmente citossólica, no meio de cultura das células, assim como pela redução da quantidade de células capazes de excluir o corante azul de tripan, por não apresentarem a membrana plasmática integra. Outros testes in vitro, também desenvolvidos por Hughes et. al. (2006) em cultura primária de astrócitos murinos revelaram que estas células são mais resistentes aos efeitos tóxicos do extrato bruto contendo alcaloides obtidos de vagens da P. juliflora. Este estudo demonstrou que os alcaloides presentes no extrato total são capazes de induzir redução da atividade mitocondrial de astrócitos e lesão em membrana celular, apenas em concentrações iguais ou superiores a 30 µg/mL. Ainda, em um estudo desenvolvido por Silva et al. (2007), foi avaliado o efeito citotóxico do extrato alcaloidal e de sete frações de alcaloides isolados de folhas de P. juliflora em cultura de células gliais. Observou-se que, após 24 horas de tratamento com o extrato alcaloidal (ETA), as células apresentaram redução de atividade mitocondrial desde e lesão em membrana celular desde exposição à concentração de 3 µg/mL. Por outro lado, observou-se a ativação da microglia presente nas culturas tratadas com concentrações de 30 µg/mL. Contudo, nem todas as frações de alcaloides obtidas a partir do ETA apresentaram o efeito citotóxico, similar àquele observado em células expostas ao extrato bruto. No entanto, outras frações, como as frações F29/30, F31/33, F32 e F34/35, revelaram importante ação citotóxica. A fração 32 (F32) se destacou por ser a mais citotóxica, e ainda induzir a produção de óxido nítrico (NO) em altos níveis pelas células gliais (SILVA et al., 2007). 12 Considerando os aspectos toxicológicos da P. juliflora e efeitos neurotóxicos em células gliais, em especial atribuídos aos alcaloides presentes nesta planta, torna importante investigar os efeitos e mecanismos de ação de componentes alcaloidais em sistemas mais complexos de interação de células SNC e determinação de alvos celulares. Nesse contexto, um estudo in vitro foi desenvolvido com o objetivo geral de determinar os mecanismos de citotoxicidade de extrato e fração de alcaloides extraídos de Prosopis juliflora sobre células gliais e neurais em sistema de co-cultivo. Neste estudo foram objetivos específicos: 1) estudar as propriedades citotóxicas através de modificações estruturais e ultraestruturais nas células do SNC induzidas in vitro em um sistema de co-cultura primária de neurônios/células gliais; 2) elucidar a resposta glial à neurotoxicidade induzida pelos alcaloides de P. juliflora determinando ativação de astrócitos e microglia; 3) caracterizar alvos celulares de alcaloides da P. juliflora através da análise de alterações funcionais e metabólicas. O desenvolvimento deste estudo e os resultados obtidos serão apresentados nos capítulos que se seguem. 13 3. ARTIGO CIENTÍFICO I Alcaloides piperidínicos da Prosopis juliflora induzem dano mitocondrial e vacuolização citoplasmática em co-cultura de células gliais e neurônios. Artigo Submetido à Revista Toxicologic Pathology (SCHOLARONE) (Vide anexo) RESUMO Prosopis juliflora é um arbusto muito utilizado para consumo animal e humano. No entanto, a ingestão de suas vagens por animais induz intoxicação, que se caracteriza por alterações neuromusculares induzidas por mecanismos que ainda não são bem compreendidos. Neste estudo, foi investigada a neurotoxicidade de um extrato alcaloidal (ETA) e uma fração de alcaloides (F32) obtidas de folhas da P. juliflora em neurônios corticais de ratos e células gliais. Por RMN, a F32 foi caracterizada como uma mistura dos alcaloides piperidínicos juliprosopina, como constituintes majoritários, e em menor quantidade o alcaloide juliprosina. ETA e F32, em concentrações entre 0,3 e 45 µg/ml foram testados por 24 h em co-culturas de neurônios/células gliais. O teste de MTT revelou que ETA e F32 foram citotóxicos e os valores de EC50 foram 31,07 µg/ml e 7,36 µg/ml, respectivamente. A exposição das células à concentrações subtóxicas (0,3-3µg/ml) induziu vacuolização, alterações fenotípicas e mudanças ultraestruturais, caracterizadas pela formação de vacúolos com dupla ou múltipla membranas e danos mitocondriais. Ainda nas culturas expostas a doses subtóxicas foi observada microgliose. Considerando que F32 foi mais citotóxica do que ETA e que esta reproduz in vitro as alterações morfológicas e ultraestruturais observadas após o consumo da planta por bovinos e caprinos, podemos sugerir que os alcaloides juliprosopina e juliprosina são os responsáveis primários pelos danos neurotóxicos observados em animais intoxicados pela P. juliflora. Palavras-chave: Prosopis juliflora; alcaloides piperidínicos; neurônios; células gliais; neurotoxicidade, mitocôndria. 14 Piperidine alkaloids from Prosopis juliflora induce mitochondrial damage and cytoplasmic vacuolation on co-cultured glial cells and neurons. SUMMARY Prosopis juliflora is a shrub largely used for animal and human consumption. However, ingestion has been shown to induce intoxication in animals, which is characterized by neuromuscular alterations induced by mechanisms that are not yet well understood. In this study, we investigated the neurotoxicity of total alkaloid extract (TAE) and alkaloid fraction (F32) obtained from P. juliflora leaves on rat cortical neurons and glial cells. NMR characterization of F32 showed that it is composed by piperidine alkaloids juliprosopine, as the major constituent, and in smaller amount juliprosine. TAE and F32 at concentrations between 0.3 and 45 µg/mL were tested for 24 h on neuron/glial cell primary co-cultures. MTT test revealed that TAE and F32 were cytotoxic and the EC50 values were 31.07 µg/mL and 7.36 µg/mL, respectively. Exposure to sub-toxic concentration (0.3-3 µg/mL) induced vacuolation, phenotypic changes, and ultra-structural changes, characterized by double or multi membrane vacuoles and mitochondrial damage. Microglial proliferation was also observed. Considering that F32 was more cytotoxic than TAE and that it reproduced in vitro the main morphologic and ultrastructural changes observed after P. juliflora consumption, we can suggest that alkaloids juliprosopine and juliprosine are the primarily responsible for the neurotoxic damage observed in intoxicated animals. Keywords: Prosopis juliflora; piperidine alkaloids; neuron; glial cells; neurotoxicity, mitochondria. 15 3.1. Introdução Espécies do gênero Prosopis originadas da América Central, África do Sul e na Ásia foram distribuídos em torno das regiões secas de diversas partes do mundo (BURKART, 1976). Prosopis juliflora Sw. DC (algaroba) é um arbusto que foi introduzido no nordeste do Brasil em 1940 (SPA, 1989). As vagens desta planta são ricas em carboidratos e proteínas e historicamente têm sido uma fonte importante de alimentos para as populações humanas na América do Norte e América do Sul, como farinha e outros produtos comestíveis. Atualmente a sua utilização para a produção de alimentos tem sido discutida em outras regiões do mundo (CHOGE et al., 2007). Devido à sua resistência a condições áridas, boa palatabilidade e valor nutricional, as vagens de P. juliflora ou o seu farelo são habitualmente utilizados para a alimentação de gado de leite e carne (SILVA, 1981). No entanto, o consumo desta planta provoca uma enfermidade quando é a única fonte de alimento para o animal (BACA et al, 1967; DOLLAHITE & ANTHONY, 1957). A enfermidade induzida por esta planta em animais é denominada ''Cara torta" e caracteriza-se por emagrecimento, alterações neuromusculares (incluindo atrofia muscular dos masseteres), e lesões histológicas tais como espongiose, gliose, a perda da substância de Nissl e vacuolização do pericário de neurônios do núcleo motor do nervo trigêmeo (FIGUEIREDO et al., 1995; TABOSA et al., 2000a). Alterações neuromusculares foram observadas em caprinos e bovinos alimentados com rações contendo altas concentrações de vagens da P. juliflora (> 50%), especialmente após exposição crônica (> 200 dias). As lesões histológicas também foram caracterizadas por vacuolização fina do pericário de neurônios, astrócitos reativos e perda de neurônios no núcleo motor do trigêmeo (TABOSA et al., 2006). Ocasionalmente, danos em neurônios do núcleo oculomotor e degeneração walleriana nos nervos mandibulares e trigêmeos foram observados (TABOSA et al, 2000a; TABOSA et al, 2006). Estudos in vitro demonstraram que os alcaloides de vagens e folhas da P. juliflora têm uma ação direta sobre células gliais gerando efeitos tóxicos e inflamatórios e ainda sugerem que os alcaloides que compõem uma fração (F32) obtida por cromatografia em sílica gel do um extrato rico em alcaloides (extrato alcaloidal – ETA) são os que apresentam maior potencial biológico (HUGHES et al, 16 2006; SILVA et al, 2007). No entanto ainda não se sabia quais os alcaloides estão presentes na fração F32 e ainda se estes são capazes de induzir in vitro aquelas lesões neuro-histológicas e ultraestruturais visualizadas em animais intoxicados pelo consumo da P. juliflora (TABOSA et al, 2000a; TABOSA et al, 2006; CÂMARA et al, 2009). Vacuolização neuronal não é um achado específico de intoxicação por P. juliflora e ocorre em outras doenças de herbívoros provocadas pela ingestão plantas do gênero Solanum (PIENAAR et al., 1976, MENZIES et al. 1979, BOURKE 1997, PORTER et al. 2003), Swainsona, Oxytropis, Astragalus (SUMMERS et al., 1995) e Ipomoea (VAN DER LUGT., 2002). Muitas dessas plantas, a exemplo de Solanum fastigiatum, induzem vacúolos no citoplasma de neurônios como resultado do acúmulo de substratos não metabolizados em lisossomos, que caracteriza a doença de depósito lisossomal (DSL). Outras, como a P. juliflora, ainda que induzam a formação de vacúolos, estes últimos ainda não foram caracterizados, o que poderia constituir uma informação importante para a compreensão do mecanismo de ação dos compostos tóxicos destas plantas. Este estudo complementa os estudos in vitro anteriores do nosso grupo, que sugerem os alcaloides como os agentes tóxicos da intoxicação animal por P. juliflora. Nós caracterizamos os alcaloides presentes na fração mais bioativa (F32) obtida de folhas da P. juliflora, e estudamos in vitro as alterações morfológicas e ultraestruturais induzidas por esta fração e o extrato alcaloidal (ETA) em modelo de co-cultura primária de neurônios/células gliais. 3.2. Materiais e métodos Extração e caracterização de alcaloides Folhas de P. juliflora foram colhidas em Salvador (BA) na Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal da Bahia (UFBA). O extrato alcaloidal foi obtido através do método ácido/base de extração, tal como descrito por OTT-LONGONI et al. (1980), com pequenas modificações (SILVA et al, 2007). As folhas foram secas em estufa a 50° C. Para eliminar componentes não-polares o material seco e triturado (874 g) sofreu três extrações com hexano (2,0 L/kg) durante 48 h à temperatura ambiente, cada extração, com agitação ocasional. O extrato foi, 17 em seguida, filtrado, e o resíduo foi submetido a nova extração com metanol (1,5 L/kg), utilizando o mesmo processo descrito acima. O extrato metanólico foi concentrado num sistema de evaporação rotativa a 40° C, e a este resíduo foi adicionado solução de HCl 0,2N, mantido sob agitação durante 16 h e seguido por filtração. A solução foi agitada com clorofórmio para remover o material não-básico. Para obtenção dos constituintes nitrogenados, a camada aquosa foi basificada com hidróxido de amônio até atingir pH 11 e foi então extraída com clorofórmio. A fase de clorofórmio foi evaporada, levando à produção do extrato alcaloidal (ETA). Este extrato foi fracionado por cromatografia em coluna de sílica gel utilizando clorofórmio/ metanol (99:1 a 1:1) como fase móvel, com uma eluição subsequente em metanol a 100%. As trinta e seis frações obtidas a partir do ETA foram testada para a presença de alcaloides utilizando o teste de Dragendorf (WAGNER et al., 1983). Considerando que nossos experimentos anteriores apontaram a F32 como a fração mais tóxica para as células da glia (SILVA et al., 2007), neste estudo investigamos o efeito citotóxico do ETA e F32 em neurônios e células gliais. Ainda, caracterizamos a composição da F32 por ressonância magnética nuclear de H1 (500 MHz, CD3OD) e C13 RMN (125 MHz, CD3OD). Tratamentos Para os tratamentos, o ETA e a F32 foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO, Sigma, St. Louis, MO), para gerar soluções de estoque em concentrações de 30 mg/mL, que foram armazenadas a -20° C. As células foram tratadas com concentrações variando entre 0,3 - 45 µg/mL, durante 24 h. O grupo de controlo negativo foi tratado com DMSO diluído em meio de cultura, considerando o maior volume equivalente usado nos grupos tratados (0,1%) e não mostrou nenhum efeito significativo nos parâmetros analisados em comparação com células que não receberam o diluente. Culturas de células As culturas celulares foram preparadas a partir de hemisférios cerebrais de ratos Wistar, obtidos junto ao Departamento de Biorregulação do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Federal da Bahia (Salvador, BA, Brasil) e realizada de acordo com o Comitê Local de Ética em Experimentação Animal. 18 Co-culturas primárias de neurônios/células gliais Culturas primárias das células da glia foram preparadas de acordo com método descrito por COOKSON & PENTREATH (1994). Resumidamente, os hemisférios cerebrais de crias de ratos Wistar de um dia de idade pós-natal foram isolados assepticamente e as meninges foram removidas com auxilio de lupa para posterior dissecção do tecido cortical. Em seguidas, as células foram suspensas em meio DMEM/HAM-F12 (Cultilab, SP, Brasil), suplementado com 100 UI/mL de penicilina G, estreptomicina 100 µg/mL, 2 mM de L-glutamina, 0,011 g/L de piruvato, 10% de SFB, 3,6 mg/L Hepes e 33 mM de glicose (Cultilab, SP, Brasil) e cultivadas em placas de 100 milímetros Ø em uma atmosfera úmida com 5% de CO 2 a 37° C. O meio de cultura foi mudado a cada dois dias, e as células foram cultivadas durante 15 dias, para serem então tripsinizadas (tripsina-EDTA) e plaqueadas a uma densidade de 670 células/mm2 e mantidos por 48 h em uma atmosfera úmida com 5% de CO2 a 37° C para estabilização da cultura. Neste momento, neurônios de hemisférios cerebrais de embriões de ratos Wistar com 15-18 dias de idade gestacional, foram obtidos através do mesmo método descrito acima para a cultura da glia. As células neuronais em suspensão no meio DMEM/HAM-F12 suplementado foram semeadas sobre a monocamada astroglial numa proporção de 1:2 células gliais (335 células/mm2). As células gliais e neuronais juntas foram incubadas em atmosfera úmida com 5% de CO2 a 37° C durante 8 dias, quando os tratamentos foram realizados. Viabilidade celular - Curvas de dose-resposta Curvas de dose-resposta foram alcançadas pelo teste do brometo de 3-(4,5dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio (MTT, Sigma, St. Louis, MO). O experimento foi realizado em placas de 96 poços (TPP Suíça) com co-culturas de neurônios/células gliais. As células foram incubadas com 1,5 - 45 µg/mL de ETA, F32 ou 0,1% de DMSO (controle) durante 24 h. A viabilidade celular foi quantificada pelo índice de conversão do MTT (cor amarela) por desidrogenases mitocondriais de células vivas a formazan (cor púrpura) (HANSEN et al., 1989). As células em condições controle e tratadas foram incubadas com MTT a uma concentração final de 1 mg/mL, durante 2 h. Em seguida, as células foram lisadas com 20% (peso/volume) de dodecil sulfato de sódio (SDS) e 50% (v/v) de dimetilformamida (DMF) (pH 4,7). As placas foram incubadas durante a noite a 37º C para dissolver os cristais de formazan. A 19 densidade óptica de cada amostra foi medida a 492 nm utilizando um espectrofotómetro (Thermo-Plate Reader). Três experimentos independentes foram realizados com oito poços duplicados para cada análise. Os resultados do teste de MTT foram expressos como percentuais de viabilidade dos grupos tratados em comparação com os grupos controle. A regressão não linear foi realizada usando o software Graphpad Prism 3.0, para realização de análises estatísticas e para calcular a EC50 do ETA e F32, que representam as concentrações eficazes para matar 50% das células. Analise de alterações morfológicas Coloração de Rosenfeld Alterações morfológicas e vacuolização foram primeiramente avaliadas por coloração de Rosenfeld. O experimento foi realizado em placas de 3,5 Ø (TPP Suíça). As células foram lavadas três vezes com PBS e fixadas durante 10 min com metanol a -20° C. As células fixas foram então coradas. Para tanto, o reagente de Rosenfeld (1 mL) foi adicionado e incubado durante 20 min à temperatura ambiente. Em seguida, as placas foram lavadas com água, secas ao ar, analisadas num microscópio óptico (Olympus BX70) e fotografadas utilizando uma câmara digital (CE Roper Scientific). A vacuolização foi quantificada em dez campos fotografados, conforme predeterminação que os astrócitos com mais de 10 vacúolos no citoplasma eram considerados em processo de vacuolização (ISOBE et al., 2003). Imunocitoquímica Alterações morfológicas em astrócitos e neurónios foram também estudadas por imunocitoquímica para as proteínas do citoesqueleto, GFAP e βIII-tubulina, respectivamente. Células em condições controle e tratadas foram semeadas em placas de 3,5 Ø (TPP Suíça) e após tratamento de 24h foram lavadas três vezes com PBS e fixadas com metanol frio a -20 º C durante 10 minutos. A ligação não específica do anticorpo foi bloqueada por pré-incubação das placas com 3% de albumina de soro bovino (BSA) em PBS. Para marcação de neurônios, as células foram incubadas com anticorpo monoclonal de camundongo anti-βIII-tubulina conjugado com CY3, por 2h (1:500 em PBS, Sigma, EUA). E para marcação de astrócitos, as células foram incubadas com anticorpo policlonal de coelho anti-GFAP (1:100 em PBS, DAKO, EUA) overnight e, em seguida, incubadas com anticorpo de 20 cabra anti-IgG de coelho conjugado com isotiocianato de tetrametilrodamina (1:250 em PBS, Sigma) durante 30 min à temperatura ambiente. A cromatina nuclear das células fixadas foram coradas com o corante fluorescente DAPI, a uma concentração final de 5 µg/mL em PBS, durante 10 min à temperatura ambiente em câmara escura. Em seguida, as células foram analisadas por microscopia de fluorescência (Olympus BX70) e fotografadas utilizando uma câmara digital (CE Roper Scientific). Para identificar microglia ativada em células fixadas foi realizada imunocitoquímica para OX-42 (CD11b) antes da coloração de Rosenfeld. Primeiro, a atividade da peroxidase endógena foi bloqueada durante 10 minutos com peróxido de hidrogênio a 3%. A co-cultura foi incubada durante 1 h com o anticorpo monoclonal de camundongo anti OX-42 (CD11b/c (1:200), Caltag, Burlingame, CA). As células foram então incubadas com anticorpo de cabra anti-IgG de camundongo conjugado com peroxidase (1:1000, Sigma) durante 1 h. As células microgliais foram identificadas pela cor castanho após a incubação com o substrato, 0,3% de 4-Clalfanaftol/solução de metanol diluído em tampão PBS (1:5) mais H 2O2 (0,33 mL/mL), à temperatura ambiente durante 30 min. E após coloração de Rosenfeld as mesmas foram identificadas com uma cor preta. Estas células foram analisadas (Olympus BX70) e fotografadas (CE Roper Scientific) num microscópio de fase óptica de luz utilizando uma câmara digital. O número de células imunorreactivas foram contadas sob o microscópio usando 20X de ampliação num campo 0,29 mm2. Dez campos representativos aleatorizados foram analisados, e a proporção de células OX-42positivas foi apresentada como a percentagem de células marcadas entre o número total de células contadas. Ensaio de proteína e western blot A expressão de GFAP foi investigada por Western blot e imunodetecção. Após o tratamento, as células foram lavadas duas vezes com PBS, lisadas e coletadas em 2% (peso/volume) de SDS, 2 mmol/L de EGTA, 4 mol/L de ureia, 0,5% (v/v) de Triton X-100, e 62,5 mmol/L Tris-HCl (pH 6,8) suplementado com 0,1% (v/v) de um coquetel de inibidores de protease (Sigma). O teor de proteína total foi determinado através de um método de LOWRY et al. (1951) adaptado em kit de reagente de proteína (Bio-Rad, Hercules, CA, EUA). Para este ensaio, 50 µg de 21 proteínas totais, preparada conforme descrito acima, foi depositada em gel de empilhamento a 4% de poliacrilamida e corrido em gel a 8% de poliacrilamida. A eletroforese foi realizada a 200 V durante 45 min. As proteínas foram então transferidas para uma membrana de fluoreto de polivinilideno (PVDF, Immobilon-P, Millipore), a 100 V durante 1 h. A padronização na quantidade de proteína depositada foi confirmada por coloração das membranas com vermelho Ponceau (Sigma). Em seguida, as membranas foram bloqueadas durante 1 h à temperatura ambiente, em 20 mmol/l Tris-solução salina tamponada (pH 7,5), contendo 0,05% de Tween 20 (TBS-T) e 5% de leite desnatado em pó. Subsequentemente, as membranas foram incubadas com anticorpo de coelho anti-GFAP (1:5000, DAKO, EUA), diluído em TBS-T contendo 1% de leite desnatado em pó, durante a noite. Em sequencia foram lavadas com TBS-T e incubadas anticorpo secundário de cabra anti-IgG de coelho conjugado com fosfatase alcalina (1:5000 em TBS-T, Bio-Rad). Bandas imunorreativas foram visualizadas utilizando o kit de substrato de APconjugado (Bio-Rad), de acordo com as instruções do fabricante. Dosagem de nitrito A produção de óxido nítrico (NO) foi avaliada como o acúmulo de nitrito no meio de cultura por meio de teste colorimétrico, que envolve o uso do reagente de Griess (WANG et al., 2002). Amostras (50 µL) foram recolhidas após 24 horas de tratamento. Volumes iguais de sobrenadante de cultura e de reagente de Griess (sulfanilamida 1%, 0,1% de N-(1-naftil)-etileno diamina, ácido fosfórico a 2%) foram misturados. A mistura foi incubada durante 10 min à temperatura ambiente, e a absorvância a 560 nm foi medida num leitor de microplacas (Thermo Placa TPReader). As concentrações de nitrito nas amostras foram determinadas com base numa curva padrão de nitrito de sódio (NaNO2, 1,26-100 pg/mL). Análise ultraestrutural do citoplasma Alterações ultraestruturais foram avaliadas por microscopia eletrônica de transmissão. O experimento foi realizado em placas de 3,5 Ø (TPP Switzerland) com co-culturas de neurônios/ células gliais incubadas com 3 µg/mL de ETA, F32 ou 0,1% de DMSO. As células foram fixadas com glutaraldeído a 2,5% (Sigma.) em 0,1 M de tampão de cacodilato (pH 7,2) durante duas horas à temperatura ambiente, e lavadas em tampão de cacodilato 0,1 M e pós-fixadas com tetróxido de ósmio a 1% 22 e ferrocianeto de potássio a 0,8% e 5 mM de CaCl2 no mesmo tampão durante 1 h à temperatura ambiente. As células foram então raspadas, desidratadas numa série de soluções de acetona e embebidas em resina Polybed. Cortes finos foram corados com acetato de uranila e citrato de chumbo e observadas em um microscópio eletrônico de transmissão Zeiss EM109. Análise estatística Os resultados são expressos em média ± desvio-padrão. One-way ANOVA seguido pelo pós-teste de Student-Newmann-Keuls para determinar as diferenças estatísticas entre os grupos que diferem em apenas um parâmetro. Teste t de Student foi utilizado para as comparações entre dois grupos. Valores de p <0,05 foram considerados significativos. 3.3. Resultados Caracterização dos alcaloides na F32 A F32 foi obtida do extrato alcaloidal de folhas de P. juliflora como uma goma escura. Os espectros 1H (500 MHz, CD3OD), 13 C de RMN (125 MHz, CD3OD) e DEPT 135 apresentaram uma mistura de 1, 2, 3, 5, 8, 8a-hexahidroindolizina e 2, 3dihidro-1H-indolizina heterocíclica. A porção hexahidroindolizina pôde ser observada através dos hidrogênios δH-1’’’’ 1.56 (m); δH-2’’’’ 2.44 (m); δH-3 ’’’’’ 3.10 – 2.40 (m)δH-5’’’’’ 3.10 (m); δH-6’’’’’ 2.50 (m); δH-7”” 5.59 (s) δH-8’’’’ 1.71 (m); δH-8a’’’’ 1.82 (m) e os carbonos δc-1”” 33.8 (CH2); δc-2’’’’ 22,2 (CH2); δc-3’’’’ 52,7; δc-5’’’’ 52,7 (CH2); δc-6’’’’ 134.0 (C); δc-7’’’’ 125,7 (CH); δc-8’’’’ 52,7 and δc-8a’’’’ 66.1 (CH). Os hidrogênios dos núcleos indolizidínicos aparecem em δH-1’’’’ 2.80 (m); δH-2’’’’ 2.51(m); δH-5’’’’ 8.62(s) e δH-7”” 8.16(s), e os carbonos em δc-1’’’’ 34.5 (CH2); δc-2’’’’ 20.0 (CH2); δc-3’’’’ 52.8 (CH2); δc-5’’’’ 138.9 (CH); δc-6’’’’ 140.8 (C); δc-7’’’’ 145.9 (CH) e δc-8”” 143,0 (C). Sinais como δc-7, 7’ 14.5 (CH3); δc-3,3’ 65.9 (CH); e δc-6,6’’ 47.7 (CH) foram distintos no anel piperidínico. Os metilenos da porção alifática estão em δ 29.6 – 28.8. A presença de um único grupo metal substituinte em δ 14.5 denota o mesmo esterioquímico em C7, 7’ para ambas estruturas. Análise desses dados em comparação com a literatura permitiu deduzir-se que esta fração é composta por uma mistura dos alcaloides juliprosopina, como constituinte majoritário, e em menor quantidade juliprosina (Fig. 1) (TABOSA et al., 2000b; SAMOYLENKO et al., 2009). 23 Curvas de dose-resposta Os efeitos tóxicos de ETA e F32 obtidos a partir de folhas de P. juliflora sobre a viabilidade das células foram avaliados por teste MTT, que mede a redução do sal de tetrazólio (MTT) a formazan de cor púrpura pelas enzimas desidrogenases de células vivas. Depois de vinte e quatro horas de exposição a 1,5 - 45 µg/ml de ETA ou F32 em co-culturas de neurónios/ células gliais foi visualizada uma diminuição dose-dependente da atividade das desidrogenases (Figura 2). As concentrações inibitórias médias (valores de EC50) foram 31,07 µg/mL (ETA) e 7,36 µg /mL (F32). Para tornar possível a análise de alterações morfológicas e ultraestruturais, utilizaram-se doses subtóxica (1,5 µg/mL e 3 µg/mL) para a realização dos demais testes. Efeito dos alcaloides sobre morfologia das células da glia e neuronal. Para investigar os efeitos dos alcaloides da P. juliflora sobre a morfologia celular, coloração de Rosenfeld e imunocitoquímicas para GFAP, βIII-tubulina e OX42 foram realizadas em co-culturas de neurônios/células gliais. A coloração de Rosenfeld nas células em condições controle revelou neurônios homogeneamente distribuídos ao longo da monocamada densa de astrócitos, com estes apresentando um fenótipo plano/poligonal (Fig. 3 A). Em culturas expostas a 1,5 µg/mL de ETA, a rede de neuritos foi mantida, mas alguns astrócitos apresentaram vacuolização citoplasmática (Fig. 3 B). No entanto, em culturas expostas a 3 µg/ml de ETA, a proporção de astrócitos com vacuolização citoplasmática aumentou significativamente (Fig. 3 C e G), com a redução da integridade da rede de neuritos, alguns astrócitos gigantes também foram observados. A exposição de células a 1,5 µg/mL de F32 foi suficiente para perturbar a monocamada de astrócitos e a rede de neuritos. Vacuolização citoplasmática intensa nos astrócitos e vacúolos em neurites também foram observadas (Fig. 3 D, E e H). Estes efeitos foram amplificados em culturas tratadas com 3 µg/mL de F32 (Fig. 3 F e H), no entanto, nesta concentração adotada não foi possível quantificar os astrócitos em processo de vacuolização, devido a pouca quantidade de células aderentes nesta condição de tratamento. Culturas analisadas por imunocitoquímica para a GFAP, proteína do citoesqueleto de astrócitos, mostraram uma monocamada de células grandes com 24 morfologia plana/poligonal, com estas proteínas distribuídas ao longo dos corpos celulares (Fig. 4). No entanto, mudanças na morfologia dos astrócitos foram apenas observados em culturas tratadas com 3 µg/mL de F32. Nestas condições, os astrócitos remanescentes apresentaram finos e multipolares filamentos positivos para GFAP (Fig. 4 C), sugerindo a ativação de astrócitos. Análises por western blot revelaram que os níveis de GFAP em condições controle e culturas tratadas com 1,5 - 3 µg/mL de ETA e 1,5 µg/mL de F32 permaneceram semelhantes, como determinado por uma banda imunorreativa de 49kDa. No entanto, em culturas expostas a 3 µg/mL de F32, uma mudança no padrão de migração da GFAP foi observada. A GFAP apareceu como uma banda de proteína prolongada de pesos moleculares muito semelhantes, sugerindo uma degradação desta proteína (Fig. 4 C). As análises realizadas por imunocitoquímica para βIII-tubulina revelaram que os neurônios exibiram polimerização disfuncional desta proteína em culturas tratadas com 3 µg/mL de F32, quando comparadas com células em condições controle que apresentaram a expressão desta proteína por todo o corpo celular e neuritos (Fig. 5). Poucas células microgliais ativadas marcadas para OX-42 (1,3%) apareceram como pequenas células redondas, de cor preta em condições de controle (Fig. 6 A). No entanto, a exposição a 1,5 - 3 µg/mL de ETA ou F32 aumentou a proporção de células microgliais OX-42-positivas em até cinco vezes (Fig. 6 BE). Em condições controle, o sobrenadante do meio de culturas tratadas com veículo DMSO (0,1%) mostraram níveis baixos de nitrito: 35,5 ± 4,5 pg/mL. O sobrenadante do meio de culturas tratadas com 1,5 µg/mL de ETA, 3 µg/mL de ETA ou 1,5 µg/mL de F32 apresentaram níveis semelhantes de nitrito, com valores de 31,3 ± 6,3; 34,7 ± 4,3 e 36,1 ± 3,6, respectivamente (Fig. 7). No entanto, a exposição das células a 3 µg/mL de F32 induziu um aumento significativo no nível de nitrito em meio de cultura, para 44,9 ± 4,8 pg/mL (Fig. 7 B). Análise ultraestrutural do citoplasma A análise ultraestrutural revelou que as células em condições controle (DMSO a 0,1%) (Fig. 8 A) apresentaram uma morfologia normal do citoplasma, mitocôndrias 25 e núcleos. No entanto, as células tratadas durante 24 h com 3 µg/mL de ETA apresentaram alterações na morfologia e tamanho mitocondrial. Estas alterações na morfologia mitocondrial foram sugestivas de uma fusão mitocondrial. Além disso, as células tratadas durante 24 h com 3 µg/mL de F32, apresentaram mitocôndrias com cristas desintegradas, e vacúolos citoplasmáticos caracterizados por dupla ou multimembranas. Estas morfologias dos vacúolos citoplasmáticos foram sugestivas de um processo autofágico (Fig. 8B e C). 3.4. Discussão Em nossos estudos anteriores, demonstramos que o extrato alcaloidal (ETA) e algumas frações de alcaloides das folhas de Prosopis juliflora foram citotóxicas e induziram ativação de células gliais em culturas primárias (SILVA et al., 2007). As células da glia têm funções importantes que impactam na saúde e integridade de células neuronais (COYLE & SCHWARCZ, 2000). Considerando-se cada vez mais evidências de que os astrócitos e microglia desempenham papéis importantes na fisiologia do sistema nervoso central e nos mecanismos da patogênese de várias doenças neurológicas (CHANG et al., 2000, GEBICKE-HAERTER, 2001 e CHANG et al., 2009), é importante investigar as reações de células gliais que interagem com os neurônios a vários estímulos, incluindo agentes químicos. Neste estudo, investigamos os efeitos do ETA e da fração de alcaloides mais citotóxica para as células da glia (fração F32, para revisão ver SILVA et al., 2007) em um sistema de neurônio/células gliais em um sistema de co-cultivo para induzir e caracterizar alterações morfológicas e ultra-estruturais visualizadas em células do sistema nervoso central na ¨Doença da cara torta¨. A caracterização da F32 por RMN mostrou que esta fração é composta por uma mistura de dois alcaloides juliprosopina, como constituinte majoritário, e em menor quantidade juliprosina. Em uma investigação fitoquímica das vagens de Prosopis juliflora cultivadas na região semiárida do Estado da Paraíba do Brasil, TABOSA et al. (2000b) observaram que a atividade tóxica, observada em animais de laboratório, é quimicamente relacionada com os alcaloides piperidínicos juliprosopina e juliprosina. Em nosso estudo, as concentrações citotóxicas de ETA e F32 em co-culturas de neurônios/células gliais foram determinadas pelo teste de MTT. O brometo de 3(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazólio é um sal de tetrazólio solúvel em água, o 26 qual é convertido para formazan insolúvel de cor púrpura pela clivagem do anel de tetrazólio pela enzima succinato desidrogenase no interior da mitocôndria de células saudáveis (MOSMAN, 1983, SHEARMAN et al., 1995). Evidências mais recentes sugerem que a redução de MTT pode também ser mediada por succinato, NADH ou NADPH como substrato no interior das células e fora da mitocôndria (Berridge e Tan, 1993). Observou-se pelo teste de MTT, que após 24 h de exposição a baixas concentrações de alcaloides da F32 e ETA (3 µg/mL), estas não foram suficientes para reduzir a atividade de desidrogenases no sistema de cultura adotado. No entanto, esta concentração subtóxica induziu distúrbios mitocondriais visualizados por microscopia eletrônica. Pelo teste MTT, apenas concentrações mais elevadas de F32 (7,5 µg/ml) e ETA (30 µg/ml) demonstraram induzir redução da atividade da succinato desidrogenase. Vacuolização citoplasmática após a exposição a uma variedade de produtos químicos e substâncias bioativas tem sido extensivamente relatada (para revisão ver AKI et al., 2012). Observou-se também, após coloração com Rosenfeld, que a exposição de neurônios e células gliais aos alcaloides induziu em astrócitos mudanças estruturais e vacuolização dose-dependente do citoplasma. Além disso, uma perturbação na rede de neuritos e vacuolização intensa em neuritos foram observadas. No campo da patologia celular, deteriorações celulares caracterizadas por vacuolização citoplasmática são chamadas degenerações vacuolares (COTRAN et al., 1999), e a vacuolização induzida por alcaloides de P. juliflora em co-cultura de neurônios/células gliais podem ser um tipo de degeneração vacuolar. Semelhantes alterações morfológicas em células do sistema nervoso central foram relatadas em ingestão experimental e espontânea de P. juliflora por bovinos. Tabosa et al. (2006) e Câmara et al. (2009) observaram gliose, vacuolização e perda neuronal em núcleos motor do nervo trigêmeo e outros núcleos de nervos cranianos como as principais lesões histológicas após intoxicação P. juliflora. Autolisossomos não são vacúolos verdadeiros, que às vezes se expandem para encher o citoplasma e, portanto, muitas vezes são referidos como vacúolos autofágicos, que podem ser observados sob microscopia de fase (AKI et al., 2012). A análise ultraestrutural sugere a formação de vacúolos autofágico nas células tratadas durante 24 h com 3 µg/mL de F32. A autofagia é um processo pelo qual há 27 a degradação intracelular de proteínas, e em que organelas citoplasmáticas são degradadas e recicladas através de lisossomos. Ela desempenha um papel importante na eliminação das organelas danificadas, tais como mitocôndrias e pode constituir um mecanismo de proteção contra a morte celular programada induzida por disfunção mitocondrial em células neuronais (PARIS et al, 2011). Além disso, as células tratadas durante 24 h com 3 µg/ml de F32 apresentaram mitocôndrias com cristas desintegradas. No entanto, as células tratadas durante 24 h com 3 µg/ml de ETA apresentaram alterações na morfologia mitocondrial que sugeriam uma fusão mitocondrial, que caracteriza a combinação de duas mitocôndrias em uma única organela (ARDUINO et al., 2011). Estudos indicam que a fusão está relacionada a mudanças na função mitocondrial, e protege a mitocôndria da degradação autofagossomal (ARDUINO et al, 2011; RAMBOLD et al, 2011). Filamentos intermediários (FI) são estruturas que, em conjunto com os microtúbulos e microfilamentos, formam o citoesqueleto, que está presente em quase todas as células eucarióticas. A principal proteína FI dos astrócitos é proteína acída fibrilar glial (GFAP). Estudos recentes revelaram a presença de múltiplas isoformas de GFAP, que podem ser diferencialmente expressas em astrócitos reativos e astrócitos em repouso (para revisão ver LIEM & MESSING, 2009). Alterações na expressão de GFAP indicam a reatividade astroglial (astrogliose). Os astrócitos reagiram à dose mais elevada testada do F32 (3 µg/mL) para a análise da expressão desta proteína, com uma forte retração do corpo celular e emissão de processos de fina espessura e ramificados. Este fenômeno foi associado com o aparecimento de duas bandas imunorreativas-GFAP (como revelado por western blot), sugerindo instabilidade proteica. Em nossos estudos anteriores, em culturas de células da glia, observou-se que os astrócitos expostos a 3 µg/mL de ETA desenvolveram corpos celulares compactos, com muitos processos superexpressando GFAP, mas a exposição a 3 µg/mL de F32 induziu ruptura na expressão da GFAP (SILVA et al., 2007) . Embora um aumento na produção de GFAP possa ser um sinal de astrogliose reativa a lesão, e até mesmo a neurodegeneração (COSTA et al 2002; COYLE & SCHWARCZ, 2000, TARDY, 1991), uma redução nos seus níveis podem significar sinaptogénese ou neurotransmissão anormal (O ' CALLAGHAN, 1991; RAJKOWSKA et al., 2002). 28 Exposição de co-culturas de neurônios/células gliais a alcaloides da P. juliflora induziu perturbação da monocamada de astrócitos e da rede de neuritos, e ainda intensa vacuolização em ambos os tipos de células. Estes fenômenos também foram associados com alterações na expressão de βIII-tubulina, o principal componente do citoesqueleto neuronal. Interrupções na marcação da βIII-tubulina foram tipicamente observadas em culturas expostas a 3 µg/mL de F32, sugerindo uma falha na polimerização desta proteína dos neurônios, um fenômeno que pode estar associado com a vacuolização. Estudos publicados referem que os astrócitos são capazes de produzir moléculas que afetam o crescimento axonal, tal como o componente de matriz extracelular laminina. Além disso, intervenções na integridade de astrócitos e astrogliose afetam neuritos (COSTA et al, 2002; NONES et al, 2010; TARDY, 2002). A resposta dos astrócitos a alcaloides de P. juliflora, caracterizada por alterações na morfologia e na expressão de GFAP, pode estar associada a alterações na expressão de βIII-tubulina e na integridade da rede de neurites. A microglia representa o conjunto de células imunes residentes no cérebro, que funcionam de forma semelhante aos macrófagos de tecidos de outros órgãos, servindo como fagócitos (quando requisitados) e que constituem a primeira linha de defesa contra os agentes patogênicos invasores e outros insultos (STREIT et al., 1999). Estas células são muito sensíveis a até pequenas perturbações na homeostasia do SNC, e tornam-se facilmente ativadas durante a maior parte das condições neuropatológicas, incluindo lesão do nervo periférico, trauma e enfarto, doenças inflamatórias, e neurotóxicas induzidas por lesão neuronal (STREIT et al., 2000). No entanto, a sua ativação pode interferir com a saúde e integridade de células neuronais (COYLE & SCHWARCZ, 2000; MOISES et al., 2002). A ativação da microglia gera alterações morfológicas que transformam estas em células pequenas e redondas, sem processos e que expressam OX-42 (HUMPEL & SALIMI, 2002; SILVA et al., 2008). Um número maior de células OX-42-positivas foram observadas em co-culturas de neurônios/células gliais expostas a ambos, ETA e F32. Este efeito apresentou-se aumentado na presença da concentração mais elevadas de ETA e F32 (3 µg/mL). Esta observação indica que os alcaloides da P. juliflora também podem induzir a microgliose. Entre vários fatores liberados pelas células gliais ativadas, o NO parece desempenhar um papel crítico por lesão 29 cerebral induzido por estresse (DIMAYUGA et al., 2007;. GEBICKE-HAERTER, 2001; MANNING et al., 2001; NICHOLSON et al., 2004). Em repouso as células gliais não produzem NO. A produção de NO pode ser induzida pela conversão de L-arginina em L-citrulina, que é catalisada pela óxido nítrico sintase induzível (iNOS). Nesse estudo, não houve mudanças significativas nos níveis de nitrito observadas no meio de cultura de células tratadas com 1,5 - 3 µg/mL de ETA ou no meio de culturas tratadas com 1,5 µg/mL de F32. No entanto, o tratamento de 24 h das culturas com 3 µg/mL de F32 induziu um aumento significativo na produção de nitrito, possivelmente devido à ativação glial. Estudos realizados em culturas primárias de células gliais verificaram que alguns agentes químicos induzem ativação glial e indução da produção de NO (RÖHL & SIEVERS, 2005; SAMANTARAY et al., 2007; RYU et al., 2007). Num estudo, utilizando culturas primárias de células gliais, observou-se que 24 h de tratamento das culturas mistas de astrócitos/microglia com flavonóide rutina (100 µmol/L) induziu um aumento significativo na produção de nitrito. Este tratamento não teve o mesmo efeito em culturas primárias de astrócitos, possivelmente indicando a ativação da microglia (SILVA et al., 2008). Um aumento dos níveis de nitrito no meio de culturas primárias de células da glia foi também observada após a exposição a 3 µg/mL da fração F32 (SILVA et al., 2007). Em ambos os casos, a ativação e proliferação de microglia foram também observadas após a exposição aos compostos e relacionadas com o óxido nítrico (NO), que indica a microglia, como fonte principal de NO em resposta a desafios químicos. Considerando-se que a F32 foi mais citotóxica do que ETA e que a F32 induziu in vitro as alterações morfológicas e ultraestruturais características da “Doença da cara torta”, podemos sugerir que os alcaloides piperidinicos juliprosopina e juliprosina são os responsáveis primários pelos danos neurotóxicos observados em animais após o consumo da planta. Mais estudos devem ser realizados para caracterizar o mecanismo de formação de vacúolos e se eles têm uma ação protetora contra a morte celular programada induzida pelo dano mitocondrial observado neste estudo. 30 3.5 Agradecimentos Este trabalho foi fomentado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB). Nós agradecemos o apoio de pesquisas prestado pela Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), e pelo Programa de Pós-graduação em Ciência Animal nos Trópicos - Universidade Federal da Bahia. A microscopia eletrônica foi apoiada pela Plataforma de Microscopia Eletrônica - Centro de Pesquisa Gonçalo Muniz, da Fundação Oswaldo Cruz, Salvador, Brasil. 31 3.6 Referências AHMAD, A.; ALI KHAN K.; AHMAD V.U. QAZI S. Antibacterial activity of juliflorine isolated from Prosopis juliflora. Planta Medica, v.1, p. 285-288, 1986. AHMAD, A.; KHURSHEEDM, A.K.; SABIHA, Q.; VIQARUDDIN, A. Antifungial activity of some hydrosoluble Prosopis juliflora alkaloids. Fitoterapia, v. 60, p. 86-89, 1989. AL-SHAKH-HAMED, W. M. A.; AL-JAMMAS, M. A. The antimicrobial activity of alkaloidal fraction of Prosopis juliflora. Iraqi Journal Veterinary Science, v. 12, p. 281-287, 1999. APERIA, A., BERTORELLO, A., SERI, I. 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As células foram incubadas em condições controle (0,1% de DMSO) ou na presença de ETA (A) ou F32 (B) e viabilidade determinada após 24 horas do tratamento. Resultados expressos em percentagem da absorbância em relação ao controle considerado como 100%. *p<0,05. 41 H Vacuolização em Astrócitos (%) Vacuolização em Astrócitos (%) G 0 0,3 1,5 ETA (µg/mL) 3 0 0,3 1,5 F32 (µg/mL) Figura 3 - Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia celular e indução de vacuolização de astrócitos em co-culturas de neurônios/células gliais através da coloração com o agente pancrônico de Rosenfeld. (A) Culturas em condições de controle ou após 24 h de tratamento com 1,5 µg/ mL de ETA (B), 3 µg/mL ETA (C), 1,5 µg/mL F32 (D e E), ou 3 µg/mL F32 (F). A seta indica o corpo celular de um neurônio; a ponta de seta Indica um neurônios com interrupções nos neuritos; o asterisco indica astrócito com vacuolização citoplasmática em neurites e vacúolos; objetiva 20x0,70, barra de escala = 10 µm. (G e H) Quantificação dos astrócitos em vacuolização nas co-culturas em condições de controle (0,1% de DMSO) e 24 h após tratamento com ETA (0,3-3 µg/mL) ou F32 (0,3-1,5 µg/ml), os resultados estão expressos como uma percentagem da média razão de astrócitos possuindo vacúolo/astrócitos totais desvio padrão (SD); * p <0,05. 42 Figura 4 – Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia de astrócitos e expressão GFAP em co-culturas de neurônios/células gliais. Fotomicrografias de marcação imunocitoquímica de astrócitos expressando GFAP em condições de controle (A) e após 24 h de tratamento com 1,5 µg/mL F32 (B), 3 µg/ mL F32 (C), 1,5 µg / ml de ETA (D) ou 3 µg/ml de ETA (E). A cromatina nuclear de neurônios e células gliais foi corada com Hoechst 33258. Objetiva 20x0,70; barra de escala = 10 µm. (F) bandas imunorreativas da proteína GFAP foram identificadas através de westernimunoblot em extratos protéicos das co-culturas 24 h após o tratamento com alcaloides; os resultados são representativos de três experiências independentes. 43 Figura 5 – Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na morfologia de neurônios e expressão β-III-tubulina em co-culturas de neurônios/células gliais. Foto micrografias de marcação imunocitoquímica de neurônios expressando β-III-tubulina em condições de controle (A) e após 24 h de tratamento com 3 µg/ml de ETA (B) ou 3 µg/mL F32 (C). A cromatina nuclear de neurônios e células gliais foi corada com Hoechst 33258. Objetiva 20x0,70; barra de escala = 10 µm. 44 0 1,5 ETA (µg/mL) 3 0 1,5 3 F32 (µg/mL) Figura 6 – Análise do efeito dos alcaloides de P. juliflora na ativação da microglia em coculturas de neurônios/células gliais após marcação imunocitoquímica da proteína OX-42 e coloração com Rosenfeld. Fotomicrografias de marcação imunocitoquímica de astrócitos expressando GFAP em condições de controle (A) e após 24 h de tratamento com 1,5 µg/ml de ETA (B) ou 1,5 µg/ mL F32 (C). Objetiva 20x0,70; barra de escala = 10 µm. Quantificação de células da microglia OX42 positvas em condições controle ou tratadas com 1,5 - 3 µg/ml de ETA (D) ou 1,5 - 3 µg/ mL F32 (E); *p<0,05. 45 0 1,5 ETA (µg/mL) 3 0 1,5 3 F32 (µg/mL) Figura 7 – Medida da produção de nitrito (NaNO2) no meio de cultura em condições de controle e após 24 h de tratamento com 1,5 - 3 µg/ml de ETA (A) ou F32 (B). Resultados expresso como media desvio-padrão; *p<0.05. 46 Figura 8 – Análise por microscopia eletrônica de transmissão de modificações ultraestruturais induzidas por alcaloides de P. juliflora em co-culturas de neurônios/células gliais. Fotomicrografias das culturas em condições de controle (A) e após 24 h de tratamento com ou 3 µg/ml de ETA (B), 3 µg/ mL F32 (C e D). O asterisco branco (em B) indica mudanças na morfologia mitocondrial. A seta (em C e D) indica desintegração ou encurtamento das cristas mitocondriais. O asterisco negro (em D), indica vacúolos citoplasmáticos. 47 4. ARTIGO CIENTÍFICO II Autofagia protege contra a morte celular induzida por alcaloides da Prosopis juliflora em co-cultura de neurônios/células da gliais. RESUMO Prosopis juliflora (Swartz) DC é um arbusto nativo da América Central, norte da América do Sul e das ilhas do Caribe, que se tornaram frequentes invasoras em regiões de todo o mundo. Esta planta tem sido usada para alimentar animais e seres humanos, no entanto, uma ação sinérgica dos alcaloides piperidínicos tem sido sugerida como responsável por danos neurotóxicos observados em bovinos e caprinos após intensa ingestão deste alimento. Neste estudo investigou-se o envolvimento de dano mitocondrial e autofagia no mecanismo de morte celular induzida por alcaloides piperidínicos de folhas da P. juliflora utilizando 30 µg/mL de um extrato alcaloidal (ETA) e 7,5 µg/mL de uma fração de alcaloides (F32) em modelos de co-cultura de neurônio/células gliais. Foi demonstrado que ETA e F32 induziram redução nos níveis de ATP, perturbação do potencial de membrana mitocondrial e aumento significativo no número de células LC3-positivas após 12h de exposição, aumento na ativação da caspase-3, após 16h de exposição, mudança drástica na morfologia de neurônios e células gliais e morte celular significativa após 24 horas de exposição. Curiosamente, pré-incubação com bafilomicina aumentou a morte celular e alterações morfológicas induzidas por ETA, e privação de soro fetal bovino reduziu a morte celular e alterações morfológicas induzidas por F32. Em conclusão, estes resultados sugerem que o mecanismo de morte neuronal e glial induzida por alcaloides de P. juliflora envolve apoptose em resposta ao dano mitocondrial e inibição do fluxo da autofagia. Além disso, a autofagia parece ser um mecanismo importante de proteção contra a morte celular induzida por alcaloides da P. juliflora em co-cultura de neurônio/células da gliais. Palavras-chave: Prosopis juliflora; alcaloides piperidínicos; autofagia; apoptose; neurônios; células gliais. 48 Autophagy protects against cell death induced by alkaloids from Prosopis juliflora in neuron/glia cells co-culture SUMMARY Prosopis juliflora (Swartz) DC is a shrub native to Central America, northern South America and the Caribbean islands, that have become frequent in other regions throughout the world. This plant has been used to feed animals and humans, however a synergic action of piperidine alkaloids have been suggested to be responsible for the neurotoxic damage observed in cattle and goats after intensive ingestion of this feed. In this study we investigated the involvement of mitochondrial damage and autophagy on mechanism of cell death induced by piperidine alkaloids from P. juliflora using 30 µg/mL of a total alkaloid extract (TAE) and 7.5 µg/mL of an alkaloid fraction (F32) in models of neuron/glial cell primary co-culture. We found that TAE and F32 induce reduction in ATP levels, disruption of mitochondrial membrane potential and significant increase in number of LC3 positives cells after 12h of exposure, increase in caspase-3 activation after 16h, dramatic morphological changes on neuron and glial cells and a significant cell death after 24h of exposure. Interestingly, preincubation with bafilomycin increased the cell death and morphologic changes by TAE, and serum deprivation reduced the cell death induced and morphologic changes induced by F32. In conclusion, these results suggest that mechanism of neuron and glial cells death induced by alkaloids from P. juliflora involve apoptosis in response to mitochondrial damage and autophagic flux inhibition. Moreover, autophagy seems to be an important protective mechanism against the cell death induced by alkaloids from Prosopis juliflora in neuron/glia cells co-culture Key Words: Prosopis juliflora; Piperidine alkaloids; autophagy; apoptosis; neurons; glial cells. 49 4.1. Introdução Prosopis juliflora (Swartz) DC é um arbusto nativo da América Central, norte da América do Sul e das Ilhas do Caribe (BURKART, 1976), que se tornaram invasoras em outras regiões em todo o mundo como a Índia, sul da África, Oriente Médio, Paquistão e Havaí (EUA) (PASIECZNIK et al., 2001). No Brasil, esta planta foi introduzida na década de 1940 e suas vagens têm sido usadas para a alimentação de gado leiteiro e de corte, ovinos, caprinos, suínos, galinhas e eqüinos (MORENO et al., 2005; SILVA et al. 2002a,b; STEIN et al. 2005; ROSSI et al., 2009; MORENO et al., 2005; SILVA et al. 2002a,b; STEIN et al. 2005; ROSSI et al., 2009). Também têm sido usadas para o consumo humano, na elaboração de pães, biscoitos, geléias, doces, e bebida substituta do café (VIEIRA et al, 1995; CHOGE et al, 2007). Esta planta contém esteroides, alcaloides, cumarinas, flavonoides, sesquiterpenos e ácido esteárico (ALMARAZ-ABARCA et al., 2007). Extratos das vagens e folhas de algaroba têm demonstrados vários efeitos farmacológicos, tais como anti-bacteriano (AQEEL AHMAD et al., 1989; AQEEL AHMAD et al., 1986; AQEEL AHMAD et al., 1995 ; KANTHASAMY et al., 1989; CA-CERES et al., 1995; AL-SHAKH-HAMED & AL-JAMMAS, 1999; SATISH et al., 1999), antifúngica (AQEEL AHMAD et al., 1989a; KANTHASAMY et al., 1989; KAUSHIK et al., 2002), estimulantes do sistema imunitário (AQEEL AHMAD et al., 1992), inibidores da acetilcolinesterase, inibidores da butirilcolinesterase com atividade de bloqueio de canais de Ca2+ (CHOUDHARY et al., 2005) e efeito anti-helmintico (BATATINHA et al., 2011). Estas propriedades têm sido atribuídas aos alcaloides piperidínicos que têm a sua estrutura compostas por dois anéis piperidínicos, que são ligados a uma porção indolizidínica através de duas cadeias alifáticas (AHMAD & MOHAMMAD et al, 1979; AHMAD et al, 1985, AHMAD et al, 1986; AHMAD et al, 1989). Os principais alcaloides biologicamente ativos juliprosina e juliprosopina apresentam os grupos químicos funcionais (carbonila e os radicais hidroxila) em carbonos 3 e 3' dos anéis piperidínicos ou no carbono 3''' do anel indolizidínico, respectivamente (NAKANO et al, 2004; CHOUDHARY et al. , 2005). A ação sinérgica dos alcaloides piperidínicos têm sido sugerida como responsável pelo dano neurotóxico observado em bovinos e caprinos, após a ingestão intensiva de Prosopis juliflora (TABOSA et al, 2000a; 50 TABOSA et al, 2000b; SILVA et al 2007; CÂMARA et al., 2009; SILVA et al., 2012). Tabosa et al., (2000b) observaram que a atividade tóxica em animais de laboratório está quimicamente relacionado com os alcaloides piperidínicos, dentre eles a juliprosopina e a juliprosina, presentes nas vagens desta leguminosa. No primeiro capítulo desta tese, demonstramos que uma fração (F32) composta pelos alcaloides piperidínicos juliprosopina, como constituinte majoritário, e em menor quantidade juliprosina, amplificou efeitos neurotóxicos induzidos por um extrato alcaloidal (ETA) em neurônios e células gliais in vitro. Estes efeitos são caracterizados por astrogliose, microgliose, interrupção na expressão de proteínas do citoesqueleto, danos mitocondriais e indução de autofagia (SILVA et al, 2012). No entanto, o envolvimento destas alterações celulares e no mecanismo de morte induzida por estes alcaloides ainda não foi caracterizado. Neste sentido, este estudo vem investigar o envolvimento do dano mitocondrial e autofagia no mecanismo de morte celular induzida por alcaloides piperidínicos da P. juliflora usando um extrato alcaloide total (ETA) e a fração F32 em modelos de co-cultura de neurônios/células gliais. 4.2 Material e métodos Co-culturas primárias de neurônios/células gliais Culturas primárias das células da glia foram preparadas de acordo com método descrito por Cookson & Pentreath (1994). Resumidamente, os hemisférios cerebrais de ratos Sprague-Dawley de um dia de idade pós-natal foram isolados assepticamente e as meninges foram removidas com auxilio de lupa para posterior dissecção do tecido cortical. Em seguidas, as células foram suspensas em meio DMEM/HAM-F12 (Cultilab, SP, Brasil), suplementado com 100 UI/mL de penicilina G, estreptomicina 100 µg/mL, 2 mM de L-glutamina, 0,011 g/L de piruvato, 10% de SFB, 3,6 mg/L Hepes e 33 mM de glicose (Cultilab, SP, Brasil) e cultivadas em placas de 100 milímetros Ø em uma atmosfera úmida com 5% de CO2 a 37° C. O meio de cultura foi mudado a cada dois dias, e as células foram cultivadas durante 15 dias, para serem então tripsinizadas (tripsina-EDTA) e plaqueadas a uma densidade de 670 células/mm2 e mantidos por 48 h em uma atmosfera úmida com 5% de CO2 a 37° C para estabilização da cultura. Neste momento, neurônios de hemisférios cerebrais de embriões de ratos Sprague-Dawley com 15-18 dias de idade gestacional, foram obtidos através do mesmo método descrito acima para a 51 cultura da glia. As células neuronais em suspensão no meio DMEM/HAM-F12 suplementado foram semeadas sobre a monocamada astroglial numa proporção de 1:2 células gliais (335 células/mm2). As células gliais e neuronais juntas foram incubadas em atmosfera úmida com 5% de CO2 a 37° C durante 8 dias, quando os tratamentos foram realizados. Alcaloides e tratamentos O extrato de alcaloide foi obtido através do método ácido/base de extração modificado, tal como descrito por Ott-Longoni et al. (1980), com algumas modificações (SILVA et al, 2007). A fração F32 composta por dois alcaloides piperidínicos juliprosopina e juliprosina foi obtida por cromatografia em coluna de sílica gel utilizando clorofórmio/metanol (99:1 a 1:1) como fase móvel (SILVA et al, 2007). Para os tratamentos, o ETA e a F32 foram dissolvidos em dimetilsulfóxido (DMSO, Sigma, St. Louis, MO), para gerar soluções de estoque em concentrações de 30 mg/mL, que foram armazenadas a -20° C. As células foram tratadas com concentrações próximas aos valores de EC50 determinados no primeiro capítulo testa tese, 30μg/mL de ETA ou F32 de 7,5μg/mL, por um período de 12 - 24 h. O grupo do controlo negativo foi tratado com DMSO diluídos em meio de cultura, o maior volume equivalente usado nos grupos tratados (0,1%) e não mostrou nenhum efeito significativo nos parâmetros analisados em comparação com células que não receberam diluentes. Medição de ATP Após 12h de exposição aos alcaloides, os níveis de ATP em co-cultura foram mensurados usando o Kit Cell-Titer-Glo® Luminescent Cell Viability Assay (Promega, Madison, WI, USA). Para tanto, as células após tratamentos foram tripsinizadas e transferidas para placas de 96 poços, adotando-se oito replicatas por condição experimental. Um volume de 100 μl do reagente Kit Cell-Titer-Glo foi adicionado em cada poço, e após 10 min, o sinal de luminescência foi mensurado usando um leitor de ELISA a 562 nm. Possíveis diferenças entre o número de células presentes em cada poço foi normalizada por dosagem de proteínas pelo Kit BSA. Os resultados foram expressos na razão de µg de ATP por µg de proteína. 52 Determinação do potencial de membrana mitocondrial O JC-1 (iodeto de 5, 5´, 6, 6´-tetracloro-1, 1´, 3, 3´-tetraetilbenzimidazolilcarbocianina) é um corante catiônico, que ao corar células com potencial de membrana mitocondrial normal, se apresenta na forma monomérica no citoplasma e na forma de agregados nas mitocondriais. Entretanto na visualização de células que tiveram alteração no potencial de membrana mitocondrial é percebida apenas a sua marcação na forma monomérica. Após tratamentos de 12 h, as células foram incubadas com solução de 1,5 µg/mL do corante JC-1 em PBS em ambiente escuro, por 40 min e posteriormente lavadas com PBS e observadas em microscopia confocal, pela qual foram avaliadas as intensidades de fluorescência monomérica verde a 488 nm (excitação) e 510–525 nm (emissão) e da fluorescência de agregados vermelho a 543 nm (excitação) e 570 nm (emissão). Tranfecção com plasmídio GFP-LC3 Para detecção de autofagossomos, as co-culturas de neurônios/células gliais foram transfectadas com o plasmídeo GFP-LC3 (gentilmente cedido por Zsolt Tallocky PhD, Columbia University Medical Center). Para formar o complexo de transfecção, foram utilizados 2 µL de reagente de transfecção HD Fugene (Roche Diagnóstico) e 0,5 µg de DNA plasmídial GFP-LC3 em 25 µL de volume total do meio de cada placa, mantidas no escuro durante 15 min. Em seguida, o complexo de transfecção em 150 µL de meio de cultura foi adicionado a cada placa e incubouse durante 24 h. Em seguida, o meio de cultura foi mudado e as células foram cultivadas durante mais 24 horas antes do tratamento com ETA e F32. Microscopia confocal Lamínulas foram montadas em lâminas com líquido de montagem (Dako, Carpinteria, CA) e mantidas no escuro a 4° C. O modelo de microscópio Confocal LSM-410 (Axiovert-100; Zeiss, Gottingen, Alemanha) foi utilizado para analisar as células. A iluminação da amostra foi realizada por meio de um laser de He-Ne com excitação a 543 nm e um filtro de emissão a 560 nm. Ativação de Caspase 3 Após 16h de tratamento, as células foram soltas com tripsina e centrifugadas a 3000 rpm durante 5 min. O sedimento foi ressuspenso em tampão RIPA (Tris-HCl 53 50 mM, pH: 7,4; NaCl 150 mM, 1% NP40, com coquetel de inibidores de protease 1μL/mL), e nova centrifugação após 30 min de incubação a 14000 rpm, durante 30 min. Em seguida o sobrenadante contendo a proteína total foi recuperado. A proteína total foi quantificada por reagente BSA. Para a análise, 100 µg de proteína foi depositada em gel de empilhamento (4% de poliacrilamida) e corridas em gel a 10% de poliacrilamida. A eletroforese foi realizada a 110 V durante 90 min. As proteínas foram transferidas para uma membrana de fluoreto de polivinilideno (PVDF, Immobilon-P, Millipore), a 100 V durante 1 h. O depósito igualitário da quantidade de proteína foi confirmado por coloração das membranas com vermelho Ponceau (Sigma). Em seguida, as membranas foram bloqueadas durante 1 h à temperatura ambiente, em 20 mmol/L Tris-solução salina tamponada (pH 7,5), contendo 0,05% de Tween 20 (TBS-T) e 5% de leite desnatado em pó. Subsequentemente, as membranas foram incubadas com anticorpo de coelho anticaspase 3 (1:1000, Santacruz, sc-7148), diluído em TBS-T contendo 1% de leite desnatado em pó, durante toda a noite. Anticorpo de cabra conjugado com fosfatase alcalina anti-IgG de coelho (1:5000 em TBS-T, Bio-Rad) foi usado como um anticorpo secundário. Bandas imunorreativas foram visualizadas utilizando o kit de substrato de AP-conjugada (Bio-Rad), de acordo com as instruções do fabricante. A quantificação foi obtida por densitometria de varredura (ScanJet 4C, Hewlett Packard) e analisados com o software ImageJ 1.33u (Wayne Rasband, National Institutes of Health, EUA). Viabilidade celular A viabilidade celular foi avaliada através da integridade da membrana plasmática utilizando o método da exclusão ao Azul de Tripan. Tanto as células aderentes quanto as flutuantes, em placas de 35 mm de Ø (TPP Suíça), foram colhidas após tripsinização (0,025% de tripsina, EDTA 0,50%) e centrifugadas durante 5 minutos a 3000 rpm. As células foram suspensas em 200 µL de PBS e coradas com Azul de Tripan, a uma concentração final de 0,1% (v / v). Oito placas replicatas foram usadas para cada análise. As células viáveis e não-viáveis (azuis) foram determinadas após 24 h de exposição a 30 μg/mL de ETA ou 7,5 μg/mL de F32 através da contagem do número de células em 10 µL de suspensão para cada experimento. Os resultados obtidos foram expressos como a média ± desvio padrão (DP). Os efeitos de inibição ou indução de autofagia na 54 viabilidade celular em co-culturas expostas a 30 µg/mL de TAE ou 7,5 µg/mL de F32, durante 24 horas foram analisados por meio de pré-incubação com 1 µM bafilomicina (inibidor de autofagia) durante 2 h, ou pré-incubação com meio de cultura sem soro fetal bovino durante 1 h (indução de autofagia). Determinação de alterações morfológicas As alterações morfológicas foram analisadas e fotografadas em um microscópio óptico de contraste de fase e usando uma câmera digital. O experimento foi realizado em placas de 3,5 Ø (TPP Suíça). Os efeitos de inibição ou indução de autofagia na morfologia das células expostas a 30 µg/mL de ETA ou 7,5 µg/mL de F32 durante 24 horas, foram analisados por uso de pré-incubação com um bafilomicina 1 µM durante 2 horas, para inibir a autofagia ou a pré-incubação com meio sem soro fetal bovino durante 1 h para induzir autofagia. Análises estatísticas Os resultados foram expressos em média ± desvio-padrão. One-way ANOVA seguido pelo teste de Student-Newmann-Keuls foram utilizados para determinar as diferenças estatísticas entre os grupos que diferem em apenas um parâmetro. Teste t de Student foi utilizado para as comparações entre dois grupos. Valores de p <0,05 foram considerados significativos. 4.3. Resultados A medição do ATP revelou que 12 h de exposição ao ETA (30 µg/mL) e F32 (7,5 µg/mL) inibiu o metabolismo mitocondrial (Fig. 1). Alterações no potencial de membrana mitocondrial medida por coloração de JC-1 demonstraram que as coculturas de neurônios/células gliais em condições controle (DMSO a 0,1%) apresentaram o JC-1 como um monômero no citossol como marcação verde (Fig. 2B) e também acúmulo na forma de agregados em que as mitocôndrias são marcadas na coloração vermelha (Fig. 2A), que indica que as células apresentaram potencial de membrana mitocondrial normal. Por outro lado, as células expostas durante 12 h a 30 µg/mL de ETA (Fig. 2C, 2D) ou 7,5 µg/mL de F32 (Fig. 2E, 2F), não mostraram acúmulo de JC-1 na forma de agregados, o que é indicativo de perda de potencial de membrana mitocondrial. 55 Verificou-se que a exposição à 30 µg/mL de ETA ou 7,5μg/mL de F32, por 16 h, induzidiu apoptose por aumento da expressão da caspase-3 ativa em co-culturas de neurônios/células gliais em comparação com a expressão de caspase-3 ativa de células em condições controle (DMSO a 0,1%) (Fig. 3). A formação autofagossomos foi analisada em co-culturas de neurônios/células gliais transfectadas com plasmídeos codificado para LC3-GFP, que produz fluorescência verde. A incubação de células transfectadas com 30 µg/mL de ETA (7,948 ± 3,981%) ou 7,5 µg/mL de F32 (29,51 ± 10,55%), durante 12h, induziu a formação de vacúolos autofágicos (Fig. 4). Nenhum número significativo de células positivas com vacúolos autofágicos foi visualizado em células expostas ao veículo DMSO a 0,1%. Para estudar a relação entre vacúolos autofágicos na morte celular induzida pelos alcaloides, co-culturas de neurônios/células gliais foram pré-incubadas com 1 µM de bafilomicina (um inibidor da V-ATPase), durante 2 h, ou pré-incubadas durante 1 h na ausência de soro fetal bovino, para induzir autofagia. As células vivas e mortas foram contadas em microscópio de contraste de fase após coloração com azul tripan (Fig. 5). Uma redução significativa na viabilidade das células foi observada em células incubadas durante 24 h com 30 µg/mL de ETA ou 7,5 µg/mL de F32. Este teste de viabilidade celular, também revelou que a pré-incubação com 1 µM de bafilomicina aumentou a morte celular induzida por ETA, devido à inibição autofagia (A-). Enquanto que a privação de soro reduziu a morte celular por F32, devido à indução da autofagia (A+). Para esclarecer um possível efeito protetor da autofagia induzida, também investigamos a morfologia de neurônios e células gliais em co-culturas pré-incubadas com 1 µM de bafilomicina, durante 2 h, ou préincubados na ausência de soro fetal bovino, durante 1 h. A morfologia foi analisada e fotografadas em um microscópio óptico de contraste de fase e imagens registradas em câmara digital (Fig. 6). Observou-se em co-culturas nas condições controle (0,1% de DMSO, 0,1% de DMSO + 1 uM bafilomycin ou 0,1% de DMSO + privação de soro), neurônios possuindo dois ou mais neuritos sobre uma monocamada de astrócitos (Fig. 6 A, B, C ). No entanto co-culturas de neurônios/células gliais expostas a alcaloides (30μg/mL de ETA ou 7,5 μg/mL de F32) durante 24 h mostrou 56 alterações estruturais nos astrócitos e perturbações na rede de neuritos (Fig. 6 D; G: seta indica uma célula neuronal corpo; asterisco indica astrócitos com alterações morfológicas). As mudanças morfológicas de astrócitos foram mais intensas em coculturas previamente incubadas com bafilomicina e apresentou uma grande quantidade de astrócitos com características morfológicas de células mortas (Fig. 6 E, H: ponta de seta indica um astrócito morto; asterisco indica astrócitos com alterações morfológicas). Por outro lado, as alterações morfológicas em astrócitos e perturbações na rede de neuritos em co-culturas pré-incubadas na ausência de soro fetal bovino foi menos intensa. Tal forma que nesta condição, ainda havia alguns neurônios apresentando um único neurito (Fig. 6 F; I). 4.4. Discussão Lesões neurohistológicas e ultraestruturais de bovinos experimentalmente intoxicados com Prosopis juliflora foram caracterizadas por vacuolização e inchado em mitocôndrias, com cristas mitocondriais desorientadas, desintegradas e deslocadas perifericamente em neurônios do núcleo motor de nervos cranianos (TABOSA et al., 2006). Em nossos estudos anteriores, foi demonstrado que doses subtóxicas de extrato de alcaloides (ETA) induziram alteração na forma e tamanho mitocondrial e F32 induziu desintegração de cristas mitocôndrias em co-culturas de neurônios/células gliais (Primeiro capítulo desta Tese). Neste estudo, foi demonstrado que o tratamento de co-culturas de neurônios/células gliais com 30 µg/mL de ETA ou 7,5 µg/mL de F32, por 12 h, inibe o metabolismo mitocondrial e induz uma perda no potencial de membrana mitocondrial. Ainda, mostramos que ETA e F32 induziu ativação de caspase-3 após 16 h de incubação e morte celular em 24 h de incubação, sugerindo que os alcaloides de P. juliflora induzem uma morte celular com características iniciais de apoptose. Esta deve estar relacionada com o dano mitocondrial mostrado nas células após 12 h de exposição, uma vez que estudos têm demonstrado que as caspases 3 e 7 são mediadores críticos de de apoptose por acometimentos mitocondriais (LAKHANI et al., 2006). Além disso, as mitocôndrias desempenham um papel fundamental em desencadear a morte celular por apoptose, uma vez que a sobrecarga de cálcio mitocondrial (Ca2+) é uma das formas pró-apoptóticas para induzir o inchaço das mitocôndrias, com perturbação ou ruptura da membrana exterior, e por sua vez a liberação de fatores mitocondriais apoptóticos para o citossol (GIORGI et al., 2012). 57 É sabido que intoxicação de animais por P. juliflora induz vacuolização citoplasmática em neurônios (TABOSA et al, 2000a; TABOSA et al, 2006; CÂMARA et al., 2009). Nossos estudos anteriores caracterizaram in vitro os vacúolos citoplasmáticos induzidos por alcaloides piperidínicos da P. juliflora, como vacúolos autofágicos (Primeiro capítulo desta Tese). No presente estudo, mostramos que ETA e F32 induziram em co-culturas transfectadas com GFP-LC3 um aumento significativo no número de células com vacúolos autofágicos. A proteína LC3 tem sido usada como um marcador específico para a quantificação de autofagossomos e a sobre-expressão de GFP-LC3 é um método de avaliação bem aceito, simples e específico que não perturba o número de autofagossomos pela metodologia (TANIDA & WAGURI, 2010). Sabe-se que a autofagia desempenha um papel importante na eliminação das organelas danificadas, tais como a mitocôndria e constituem proteção contra a morte celular programada induzida por disfunção mitocondrial em células neuronais (PARIS et al., 2011). Esta ocorre em vários passos como se segue: a formação de fagóforos, formação de autofagossomos maduros, alvo e tráfico de autofagossomos para lisossomos, formação de autolisossomos por fusão entre autofagossomos e lisossomos, e, finalmente, a degradação dos corpos autofágicos dentro dos lisossomos (YAMAMOTO et al. , 2010). Além disso, sabe-se que os vários passos da autofagia podem ser monitorados por movimento do GFP-LC3 por microscopia de fluorescência, uma vez que o sinal fluorescente de GFP é mais sensível a pH ácido, que, implica que GFPLC3 é consumido dentro de autolisossomos recém-formados (Para revisão ver KLIONSKY et al., 2012). Deste modo, o aumento do número de células expostas aos alcaloides de ETA e F32 acumulando GFP-LC3 é sugestivo de defeito na fusão de autofagossomos com lisossomos que podem por sua vez inibir a eliminação de organelas danificadas, tais como mitocôndrias, e subsequente proteção contra a morte celular programada. Nós ainda demonstramos que a pré-incubação com bafilomicina aumentou a morte celular por ETA, e a privação de soro reduziu a morte celular induzida por F32. No entanto, para ambos os tratamentos (ETA e F32) neurônios e células gliais apresentaram alterações morfológicas mais intensas quando as células foram pré-incubadas com bafilomicina, ou menos intensa quando pré-incubadas com a privação de soro. Bafilomicina A1 é um inibidor de H +-ATPase vacuolar, que suprime macroautofagia, impedindo a acidificação dos lisossomos e 58 perturbação na sequência da fusão entre autofagossomos e lisossomos (DEGTYAREV et al, 2008; WU et al, 2009). Por outro lado, o estresse nutricional induzido por privação de soro, ativa autofagia (TRONCOSO et al, 2012; YANG el al, 2008). Além disso, foi demonstrado que autofagia pode ser ativada em células neuronais em resposta a lesões e sugerida ter um papel na proteção de células contra as doenças neurodegenerativas (SARKAR et al, 2007; PARIS et al., 2011). Autofagia e apoptose não são vias exclusivas, elas poderiam ocorrer em sinergia, onde ambas as vias são interligadas. É possível que tanto a parte de apoptose e quanto autofagia se forme de um mesmo mecanismo, onde a autofagia atua como um antagonista para bloquear a apoptose e promover a sobrevivência da célula (EISENBERG-LERNER et al., 2009). Em conclusão, nossos resultados sugerem que o mecanismo de morte induzida em neurônios e células gliais por alcaloides da P. juliflora envolve apoptose em resposta ao dano mitocondrial e inibição do fluxo da autofagia. Além disso, a autofagia induzida protege estas células contra a morte celular programada. 4.5 Agradecimentos Este trabalho foi financiado pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e FONDECYT 1100165. 59 4.6 Referencias AHMAD, V.U. Natural Product Chemistry. In: Atta-Ur-Rahman Springer-Verlag Berlin editors. Chemical constituents of some medicinal plants of Pakistan. p.8-11, 1986 AHMAD, V.U.; MOHAMMAD, Z.G. Studies on the structure of Juliflorine. Journal Chemistry Soc. Pakistan, v.1, n.2, p.137-138, 1979. 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ETA F32 Pró-caspase 3 29 KDa 17 KDa Caspase-3 clivada Figura 3 - Ativação de caspase-3 em co-culturas de neurônios/células gliais em condições controle (0.1% DMSO) ou tratadas durante 16 h com 30 µg/mL de ETA ou 7,5µg/mL de F32 foi determinada por análises de western blotting (A). A quantificação foi obtida por escaneamento e análise de densitometria usando o programa ImageJ 1.33u. O gráfico de barras representa a expressão relativa de caspase-3 clivada (B). 68 % de células LC3 (+) / DAPI (+) D C o n t . E T A F 3 2 Figura 4 - Determinação de vesículas de autofagossomos em co-culturas de neurônios/células gliais transfectadas com GFP-LC3. Células transfectadas foram tratadas com 0.1% DMSO (A), 30µg/mL de ETA (B), 7,5µg/mL de F32 (C), por 12h. A, B e C são amostras com luz incidindo com filtro de 543-nm de excitação e filtro de 560 nm de emissão para visualizar fluorescência verde. Em D, a quantificação do número de células DAPI (+) com vacúolos autofágicos (LC3+) (*p < 0.05; ***p < 0.001). 69 % de cálulas viáveis A 100 ** 50 % de células viáveis B A ut .( +) + ET A ET A + (A ut .-) ET A (+ ) A ut . ut .-) (A C on t 0 100 *** 50 F3 2 + A ut F3 .( -) 2 + A ut .( +) F3 2 ) A ut . (+ (-) ut . A C on t 0 Figura 5 – O efeito da inibição ou indução de autofagia em células expostas a 30 µg/mL de ETA (A) ou 7,5 µg/mL de F32 (B) por 24 h foi analisado por pré-incubação por 2h com bafilomicina, que é um inibidor de V-ATPase “Aut.(-)” ou pré- incubação por 1h na ausência de soro fertal bovino no meio de cultura, como indutor de autofagia “Aut.(+)”. A viabilidade celular foi mensurada por contagem de células viáveis e mortas após coloração com Azul de Tripan. Em (A), um aumento significativo na quantidade de células mortas foi observado quando as células foram pré-incubadas com bafilomicina. Em (B) uma redução significante na morte celular observada em células pré-incubadas com meio sem soro, em comparação com células apenas incubadas com ETA e F32. A significância estatística foi avaliada usando ANOVA para múltiplas comparações e Newman-Keuls. Valores das amostras controle foram fixados em 100 %; **p<0.01; ***p<0.001. 70 A B C D E F * * * G H I * * * * Figura 6 – Efeitos da inibição ou indução de autofagia na morfologia de neurônios e células gliais co-cultivados expostos a 30 µg/mL de ETA (D; E; F); 7,5 µg/mL de F32 (G; H; I) ou condições controle (A; B; C) durante 24h, foi analisado e fotografado em um microscópio de contraste de fase e câmara digital. Para a inibição de autofagia, as células foram pré-incubadas com 1µM de bafilomicina, durante 2h (B; E’ H). Para induzir autofagia , células foram pré-incubadas com meio de cultura sem soro fetal bovino por 1 h (C; F; I). Setas indicam corpos de neurônios; pontas de seta indicam astrócitos mortos; asteriscos indicam astrócitos com alterações morfológicas. Objetiva 40x0,70; barra de escala = 1 µm. 71 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos apresentados nesta tese vêm contribuir para elucidar os impactos neurológicos observados em animais intoxicados pelo consumo da Prosopis juliflora, uma planta de grande importância para a alimentação de animais e humanos na região Nordeste do Brasil, no sentido em que caracterizamos os alcaloides juliprosopina e juliprosina como os componentes ativos da fração de maior toxicidade para células do sistema nervoso central e correlacionamos efeitos in vitro, tais como ativação de células gliais, morte de neurônios, danos mitocondriais e vacuolização citoplasmática induzidos por estes alcaloides, com as lesões histológicas e ultraestruturais visualizadas em bovinos e caprinos intoxicados pela P. juliflora, conforme descrito na literatura. Ainda sugerimos a mitocôndria como a organela alvo destes alcaloides na célula, o que desencadeia um processo autofágico, de caráter protetor, que, no entanto apresenta-se interrompido pela própria ação destes alcaloides, conduzindo à célula à morte celular por apoptose. A elucidação dos impactos neurológicos gerados pelos alcaloides da P. juliflora e ainda, o esclarecimento dos mecanismos de ação destes princípios ativos, assim como os mecanismos de inibição dos efeitos deletérios gerados pelos mesmos, servirão como norteadores para pesquisas aplicadas que visem contribuir para a prevenção e tratamento de intoxicações animais por consumo de vagens da P. juliflora. Com isso o fornecimento deste vegetal de alta qualidade nutricional como alimento para bovinos e caprinos, poderá ser amplificado, o que solucionará problemas econômicos do setor agropecuário, decorrentes de períodos de escassez de água que ocorre em algumas regiões do Brasil. 72 6. 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S.; SILVA, ANA RITA ; SILVA, AMM; MENEZES FILHO, N.J. ; COSTA, M. F. D.; VELOZO, E. S.; ELBACHÁ, R. S.; COSTA, S. L. Effects of alkaloids extracted from leaves of Prosopis juliflora Swartz. D.C. on glial activation and on neurons viability. In: X Reunião Regional Nordeste Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e I Simpósio Latino Americano de NeuroquímicI Simpósio Latino Americano de Neuroquímica, 2010, Salvador. Anais do X Reunião Regional Nordeste Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular e I Simpósio Latino Americano de NeuroquímicI Simpósio Latino Americano de Neuroquímica, 2010. SILVA, V. D. A.; MENDES, A.M.; PITANGA, B. P. S.; Souza, CS; MENEZES FILHO, N.J.; COSTA, M. F. D.; ELBACHÁ, R. S.; VELOZO, E. S.; COSTA, S. L. Cytotoxics alkaloids extrecteds from Prosopis juliflora leaves induce astroglial vacuolation and microglial activation on neuron/glia co-culture. In: XV Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, XV Meeting Brazilian Society for Cell Biology, 2010, São Paulo. Anais do XV Congresso da Sociedade Brasileira de Biologia Celular, XV Meeting Brazilian Society for Cell Biology, 2010. SILVA, V. D. A.; PITANGA, B. P. S.; Souza, CS; Silva, Ana Rita; Silva, AMM; COSTA, M. F. D.; ELBACHÁ, R. S.; VELOZO, E. S.; Figueira, C.P.; COSTA, S. L.. Alkaloids extracted from leaves of Prosopis Juliflora Swart. D.C. induce glial activation and autophagic cell death on neuron/glial cell primary co-cultures. In: XL Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Bioquimica e Biologia Molecular, 2011, Foz do Iguaçu. Anais da XL Reunião Anual da SBBq, 2011. SILVA, V. D. A. ; CUEVAS, C. ; MUNOZ, P. A. ; VELOZO, E. S. ; Segura-Aguilar, J. ; COSTA, S. L. . Autophagy protects against cell death induced by alkaloids from Prosopis juliflora in neuron/glia cells co-culture.. In: XLI Annual Meeting of The 92 Brazilian Biochemistry and Molecular Biology Society, 2012, Foz do Iguaçú, PR. Anais da XLI Annual Meeting of The Brazilian Biochemistry and Molecular Biology Society, 2012. 7.2. Artigos publicados diretamente relacionados à tese SILVA, V.D.A; PITANGA, B.P.S; NASCIMENTO, R.P ; SOUZA, C.S:; PAULO LUCAS C. COELHO, P.L.C; MENEZES-FILHO, N; SILVA, A.M.M; COSTA, M.F.D; EL-BACHA, R.S.; EUDES S.; VELOZO, E.S.;COSTA, S.L. Submetido para a revista Toxicologic Pathology. 7.3. Demais produção bibliográfica no período da Tese PITANGA, B. P. S.; NASCIMENTO, R.P.; SILVA, V. D. A. ; COSTA, S. L. . The Role of Astrocytes in Metabolism and Neurotoxicity of the Pyrrolizidine Alkaloid Monocrotaline, the Main Toxin of Crotalaria retusa. Front Pharmacol., v. 3, p. 1-7, 2012. PITANGA, B. P. S. ; SILVA, V. D. A. ; Souza, CS ; JUNQUEIRA, H. ; FRAGOMENI, B.O.; NASCIMENTO, R.P.; Silva, Ana Rita; COSTA, M. F. D. ; ELBACHÁ, R. S.; COSTA, S. L. . Assessment of neurotoxicity of monocrotaline, an alkaloid extracted from Crotalaria retusa in astrocyte/neuron co-culture system. Neurotoxicology (Park Forest South), v. 32, p. 776-784, 2011. SILVA NETO, J. P.; BARRETO, R. A.; PITANGA, B. P. S. ; Souza, CS ; SILVA, V. D. A. ; Silva, Ana Rita ; VELOZO, E. S.; BATATINHA, M. J. M.; TARDY, M. ; RIBEIRO, C. S.; DIAS, M.F.; ELBACHÁ, R. S.; COSTA, S. L. . Genotoxicity and morphological changes induced by the alkaloid monocrotaline, extracted from Crotalaria retusa, in a model of glial cells. Toxicon (Oxford), v. 55, p. 105-117, 2010. 93 8. ANEXOS A B C D Anexo 1: Em (A): algarobeiras em região semi-árida da África; em (B): vagens de algaroba; em (C): farelo de algaroba para alimentação animal (fotos de Pasiecznik); em (D): bovino intoxicado por consumo da algaroba (Câmara et al., 2009). 94